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Direito do Consumidor

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Direito do Consumidor – 1º Bimestre
Aula 01 – 30.07.18
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Professor: Hector Valverde Santanna
Provas: objetivas, com 10 questões cada. – ver resolução 39/ONU; P1 até artigo 28
Bibliografia:ar
· João Batista de Almeida – A proteção jurídica do consumidor. Saraiva
· Antonio Herman Benjamin, Claudia Lima Marques, Leonardo Bessa – Manual de direito do consumidor. RT
· Bruno Miragem – Curso de direito do consumidor. RT
· Revista brasileira de direito do consumidor – RT
Sumário
INTRODUÇÃO	3
Surgimento do Direito do Consumidor	4
Direito do Consumidor no Brasil	6
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR	6
Direito do Consumidor como direito fundamental	6
Legislação sobre Direito do Consumidor	7
Informação sobre a tributação	8
Princípios da Proteção do Consumidor e do Desenvolvimento Econômico	8
Comunicação social e Direito do Consumidor	8
DIREITO DO CONSUMIDOR NA LEI Nº 8.07/90 – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR	9
Estrutura do CDC	9
Classificação das normas	11
Relação Jurídica de Consumo	11
Disposições principiológicas do CDC	11
Consumidor	12
Conceito padrão de consumidor (ou standard)	12
Teorias sobre consumidor e “destinatário final”	13
Conceito de consumidor por equiparação	14
Fornecedor	14
Produtos e Serviços - Objetos da relação de consumo	15
NÃO INCIDÊNCIA DO CDC	16
POLÍTICA PÚBLICA DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR – ARTIGOS 4º E 5º	17
Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo – Artigo 4º	18
Vulnerabilidade – inciso I	18
Proteção efetiva do consumidor – inciso II	19
Harmonização dos interesses dos participantes da relação de consumo e boa-fé objetiva – inciso III	19
Educação e Informação – inciso IV	20
Incentivo a meios eficientes de controle de qualidade e segurança – inciso V	20
Coibição e repressão dos abusos praticados no mercado de consumo – inciso VI	20
Racionalização e melhoria dos serviços públicos – Inciso VII	20
Estudo das modificações do mercado de consumo – Inciso VIII	20
Instrumentos para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo – Artigo 5º	20
DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR	21
Fontes do Direito do Consumidor	24
Capítulo IV – Da qualidade de produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos	24
Da proteção à saúde e segurança	25
Da responsabilidade civil no CC e no CDC	26
Introdução	26
Fato do produto ou serviço	27
Vício do produto ou serviço	27
Inexecução contratual	27
Dano moral	27
Da responsabilidade civil pelo FATO do produto (art. 12 e 13) e serviço (art. 14)	28
Responsabilidade pelo fato do produto	29
Responsabilidade pelo fato do serviço	30
Da responsabilidade civil pelo VÍCIO do produto (art. 18 e 19) e do serviço (art. 20)	31
Conceito de vício	31
Vício de qualidade	32
Vício de quantidade – art. 19	33
Demais artigos relativos ao vício do serviço	34
Causas de exclusão da responsabilidade do fornecedor	35
DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO	35
Decadência	36
Espécies de vícios	36
Produto durável e não durável	36
Início da contagem do prazo da decadência	37
Interrupção do prazo decadencial	37
Prescrição	37
Da desconsideração da personalidade jurídica	38
2º Bimestre	38
DA OFERTA	38
Recusa da oferta	39
DA PUBLICIDADE	39
Publicidade lícita	40
Publicidade ilícita	40
Publicidade enganosa	40
Publicidade abusiva	40
Ônus da prova da comunicação publicitária	41
DAS PRÁTICAS ABUSIVAS	41
DA COBRANÇA DE DÍVIDAS	43
Da repetição do indébito	43
Informações constantes dos documentos de cobrança	44
DOS BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES	44
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL	46
Disposições gerais	46
Das cláusulas abusivas	47
Desvantagem exagerada	50
Extinção do contrato com cláusulas abusivas	50
Ação de declaração de nulidade de cláusula abusiva	50
Concessão de crédito e financiamento ao consumidor	50
Valor máximo das multas de mora	51
Direito a liquidação antecipada do débito	51
Alienação fiduciária	51
Consórcios	51
Contratos expressos em reais	51
Dos contratos de adesão	52
DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR	52
Composição do SNDC	53
Atribuições do SNDC	53
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS	53
Das espécies de sanções administrativas	54
Multa	55
Apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de fabricação de produtos, de suspensão do fornecimento de produto ou serviço, de cassação do registro do produto e revogação da concessão ou permissão de uso	55
Cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão temporária da atividade, intervenção administrativa	55
Imposição de contrapropaganda (contrapublicidade)	55
DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO – art. 81 a 104	57
Direito Material Metaindividual	58
Disposições Gerais	59
O processo coletivo	60
Substituição processual	61
Legitimação autônoma concorrente e disjuntiva para a condução do processo coletivo	61
Espécies de ações para a tutela do direito do consumidor	61
Desnecessidade de adiantamento de custas pelas associações	61
Ação de Regresso	61
Das Ações Coletivas Para a Defesa de Interesses Individuais Homogêneos	62
Legitimados para a ação de defesa de interesses e direitos individuais homogêneos	62
Competência	62
Publicação de edital após propositura da ação	63
Concurso de créditos	63
Das Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Serviços	64
DA COISA JULGADA	65
Aula 02 – 31.07.18
INTRODUÇÃO
O Direito do Consumidor engloba um microssistema jurídico, abrangendo normas de direito civil, direito penal, direito administrativo e processual. Possui doutrina própria, princípios próprios, legislação própria e, então, é possível compreender o Direito do Consumidor como disciplina autônoma.
Além do aspecto jurídico, é possível estudar o consumo como sob seu aspecto psicológico, econômico, sociológico, antropológico, etc. Portanto, pode-se analisar o consumo sob diversos pontos. No aspecto jurídico, necessário entender que o consumo torna-se jurídico com a positivação de suas normas no direito brasileiro. No curso, será analisado o consumo sob o ponto de vista jurídico. 
O Direito do Consumidor é fruto de uma sociedade de consumo. Esta ocorre a partir da Revolução Industrial, na metade do século XIX, que altera o sistema de produção – antes medieval – por meio das corporações de ofício. A produção era feita sob demanda e não massificada, como passou a ser depois da revolução industrial.
A circulação de bens e serviços sempre esteve presente nas relações humanas. Em Roma já se praticava o comércio e a regulação da atividade de consumo. A relação de consumo após a Revolução Industrial acentuou os aspectos entre os sujeitos fornecedor e consumidor. Aquele detém os meios de produção e o os produtos, enquanto aquele é o destinatário da atividade econômica (art. 2º do CDC).
CDC. Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
O Direito do Consumidor como microssistema surge diante da necessidade de estabelecer uma paridade, um equilíbrio nas relações entre fornecedor e consumidor. Surge como um meio de proteger o consumidor, entendido como a parte hipossuficiente, mais fraca da relação (favor debilis). Em geral, o consumidor não possui as mesmas informações que o fornecedor possui. Diante da maior força, do maior conhecimento do fornecedor, bem como a sua atuação de forma hegemônica no mercado, este poderia facilmente enganar o consumidor.
Não se busca dificultar a vida do fornecedor, pois é reconhecida a sua importância para o desenvolvimento do país. A proteção do consumidor não é incompatível com o desenvolvimento econômico, uma vez que a própria Constituição Federal, dentre outros, no seu artigo 170. O que se busca evitar é a exploração do fornecedor em face do consumidor.
CF/88 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - defesa do consumidor;
O Direito do Consumidor é a roupagem jurídica de uma situaçãosocial, qual seja a relação de consumo envolvendo fornecedor e consumidor.
Surgimento do Direito do Consumidor
O fato social que justificou a regulação específica da relação de consumo foi a exploração do agente econômico em face do destinatário final, especialmente nos EUA, no final do século XIX (1981). A criação de uma associação tinha como objetivo boicotar empresas que exploravam mulheres e crianças na atividade produtiva. É aqui que surge o primeiro movimento consumerista. Trata-se da National Consumers League - NCL. Ela se organiza a partir da necessidade de opor resistência aos maus fornecedores.
Os trabalhadores, vistos como parte hipossuficiente da relação de trabalho, tiveram a proteção do Estado com o surgimento de normas protetivas e que visavam o equilíbrio da relação trabalhista. Isso ocorre com o movimento operário. É com base nesse movimento que surge o movimento consumerista. A lógica é a mesma: a resistência do explorado contra o explorador. Por isso que se considera o trabalhador e o consumidor como hipossuficientes em face do empregador e do fornecedor, respectivamente.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, o mundo se divide em Capitalista (EUA, baseado na economia de mercado) e Socialista (URSS). Nesse período, há a associação – jurídica – de trabalhadores, de empregados, mas não há uma vinculação das pessoas na relação de consumidor. Não se enxergava o consumidor como um agente do mercado. Por essa razão, esse agente não era considerado, não possuía força nas decisões a serem tomadas. Portanto, as decisões eram sempre desfavoráveis ao consumidor. Sendo os EUA uuma economia de consumo, John F. Kennedy, na década de 60, em mensagem ao Congresso Americano (consumidores somos todos nós), incentivou a proteção do consumidor em face do consumidor, não preocupado com o consumidor, mas de forma a manter a economia de mercado forte e garantir o desenvolvimento dos EUA. Nesse discurso, Kennedy enumera direitos dos consumidores, inclusive o direito de ser ouvido. A lógica por trás do discurso e da proteção é a manutenção da economia de mercado, do sistema capitalista de modo a evitar perder a Guerra Fria.
Com o discurso de Kennedy, a ONU inicia os estudos buscando uma maneira de sistematizar a proteção ao consumidor. Como resultado, tem-se a Resolução nº 39/248 de 1985. É o primeiro documento formal de proteção do consumidor. Essa resolução estabelece os princípios e normas da política de regulação do direito do consumidor, que devem ser adotados pelos países em suas legislações.
São os fatos sociais que motivam a proteção do consumidor. Deste modo, é da sociedade civil que surgem os órgãos dedicados à proteção do consumidor e das relações de consumo. Na década de 60 surge – como uma Confederação – a Consumers International, que viria a tornar-se órgão consultivo da ONU. Com relação ao Brasil, integram 3 entidades nacionais a CI, dentre elas a IBDEC.
	OBS: A ONU regula o direito internacional público. A Conferência da Haia regula o direito internacional privado.
	
Na Europa, há a Diretiva 85/374/CEE, relativa à responsabilidade decorrente de produtos defeituosos. Grande parte da legislação consumerista brasileira foi importada deste e outros documentos internacionais. Por exemplo, no Brasil, os artigos 12 a 17 do CDC tratam do fato do produto e do serviço.
 Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
§2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
§3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I- o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II- o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III- não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§4°A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante averificação de culpa.
Art. 15. (Vetado).
Art. 16. (Vetado).
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
A publicidade no mercado consumidor não visa apenas informar, mas também promover a venda de determinado produto ou serviço. Quanto à publicidade, está regulamentada nos artigos, 36, 37 e 38 do CDC.
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
§ 4° (Vetado).
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
Direito do Consumidor no Brasil
No Brasil, o Direito do Consumidor surge a partir de estudos nas universidades, com medidas do Poder Executivo e também com base nas discussões nos EUA e na Europa, locais em que o tema já estava bastante avançado. Em São Paulo surge a Promotoria do Consumidor (por isso hoje temos os Procons).
Em 1985 é editada a Lei da Ação Civil Pública que, embora não preveja proteção do consumidor, previa a proteção de direitosmetaindividuais.
É a CF/88 que eleva o Direito do Consumidor ao status de norma constitucional. O tema está previsto na CF/88, no seu artigo 5º, XXXII, artigo 170, V e no ADCT, no artigo 48.
CF/88, art. 5º (...) XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - defesa do consumidor;
ADCT. Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
Aula 03 – 06.08.18
Foi visto que o desenvolvimento de uma sociedade capitalista, aliada ao desenvolvimento tecnológico e cientifico, surge uma sempre crescente lacuna entre fornecedor e consumidor, de modo que os fornecedores detêm as informações quanto aos produtos que produzem, de modo a ser os consumidores mais suscetíveis a abusos por parte dos consumidores. Juntamente com a mensagem de John F. Kennedy, surgem associações que visam proteger o consumidor, bem como a Resolução nº 39/248 de 1985 da ONU disciplinando direitos básicos do consumidor e indicando que os países devem editar leis regulando as relações de consumo. Os países desenvolvidos que já tivessem leis protetivas deveriam mantê-las, já os países em desenvolvimento deveriam editar tais leis.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR
Direito do Consumidor como direito fundamental 
No Brasil, com a Assembleia Constituinte de 1988, diversos temas para reestruturar a sociedade brasileira foram discutidos. Dentre os assuntos, se encontra o Direito do Consumidor, que recebeu tratamento constitucional com a CF/88. Logo, o Direito do Consumidor foi elevado a status constitucional, sendo o tema tratado no artigo 5º, XXXII, artigo 170, V e no ADCT, no artigo 48. Destaca-se que a nível constitucional o tema é tratado superficialmente, cabendo à legislação infraconstitucional detalhar o Direito do Consumidor. A Lei nº 8.078 ocupa-se do Código de Defesa do Consumidor. 
CF/88, art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Pela redação do artigo 5º, XXXII, percebe-se que a defesa do consumidor é um direito fundamental e, aliado ao artigo 60, §4º trata-se de cláusula pétrea, de modo que posteriores emendas à constituição que visem a suprimir a defesa do consumidor.
Ainda pela redação do inciso XXXII, é de se notar que o Estado é agente passivo na relação da defesa do consumidor, de modo que cabe a ele agir de modo a promover a defesa do consumidor. E por promover, deve o Estado agir de modo que a defesa do consumidor efetivamente ocorra.
Como a Constituição reconhece a necessidade de defender o consumidor, entende-se que o consumidor é parte hipossuficiente, parte mais fraca da relação de consumidor, em observância do princípio da vulnerabilidade do consumidor. Assim, a CF/88 não faz mais do que trazer para o plano interno as determinações da Resolução nº 39/248 de 1985 da ONU.
Enquanto a CF/88 trata de linhas gerais, A Lei nº 8.078 ocupa-se do Código de Defesa do Consumidor. Trata-se de lei principiológica, pois traz os princípios e normas para que o Estado realize o dever constitucional de promover a defesa do consumidor.
Legislação sobre Direito do Consumidor
Se a lei vai regular a defesa do consumidor, quem então irá legislar sobre o assunto? A União. Estados, DF possuem competência residual para legislar sobre a defesa do consumidor. Por ser uma competência privativa, caso necessário pode a União delegar a edição de normas aos estados, DF municípios.
CF/88 Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XXIX – propaganda (publicidade) comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Há também competência concorrente entre a União e os estados e DF:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...)
V - produção e consumo;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
§1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Assim, a União edita lei geral sobre produção e consumo e estados e DF podem editar leis específicas.
Informação sobre a tributação
Quanto à tributação, o artigo 150, §5º dispõe que “A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços”. A Lei nº 12.741/2012 visa regulamentar o artigo 150 §5º e cumprir um dos princípios do Direito do Consumidor, qual seja o princípio da informação.
Lei nº 12.741/2012 Art. 1º Emitidos por ocasião da venda ao consumidor de mercadorias e serviços, em todo território nacional, deverá constar, dos documentos fiscais ou equivalentes, a informação do valor aproximado correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja incidência influi na formação dos respectivos preços de venda.
A própria legislação reconhece a complexidade do sistema tributário nacional, vez determina que conste o valor aproximado dos tributos nos documentos fiscais.
Princípios da Proteção do Consumidor e do Desenvolvimento Econômico
Por sua vez, no artigo 170 da CF/88 há o registro entre a compatibilidade da proteção do consumidor e o desenvolvimento econômico.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
Não corresponde, então, à opção do legislador originário a afirmação de que a proteção do consumidor inviabiliza a atividade econômica, pois a própria CF reconhece a compatibilidade entre os dois institutos.
Comunicação social e Direito do Consumidor
Quanto à comunicação social, o artigo 220 dispõe que: 
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§4º A propaganda (publicidade) comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
A CF/88 considera a publicidade lícita; contudo, a publicidade de produtos que interferem no nosso comportamento de consumo não pode ser feita da mesma maneira que outros produtos. Por isso hoje não há mais a publicidade de cigarro em televisão ou revistas, por exemplo. Esta fica restrita apenas ao locais de venda. 
A Lei nº 9.294/96 dispõe sobre restrições ao uso e a publicidade de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do art. 220, §4º da CF.
Há ainda outros direitos implícitos na Constituição Federal voltados à proteção do consumidor. O tema também é tratado no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, dispondo o artigo 48 que “o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgaçãoda Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”.
DIREITO DO CONSUMIDOR NA LEI Nº 8.07/90 – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
 A lei nº 8.087/90 dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Trata-se do Código de Defesa do Consumidor que deveria ter sido elaborado em 120 dias após a promulgação da Constituição de 1988. Em 1989, o Brasil sediou dois grandes congressos sobre direito do consumidor. Nesses congressos, diversas contribuições de juristas e estudiosos foram feitas. O CDC é resultado de consolidação do entendimento estrangeiro sobre o assunto.
Curiosamente, o CDC foi o único projeto de lei que foi aprovado por unanimidade no Congresso Nacional. Contudo, diversos vetos foram apostos pelo Presidente da República, fato que acabou por comprometer em parte o sistema estruturado do Direito do Consumidor no Congresso Nacional.
Aula 04 – 07.08.18
Parte “Geral” – parte principiológica – art. 1 a 8º
Parte “Específica” – art. 9º e seguintes.
Vistos os fundamentos constitucionais para a defesa do consumidor, importa analisar a Lei nº 8.087/90 – Código de Defesa do Consumidor. O fundamento para essa lei é o inciso XXXII do artigo 5º da CF/88, que preconiza que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” bem como o artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, determinando que “o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”.
Na estrutura piramidal – proposta por Hans Kelsen – a norma de hierarquia superior dá validade às normas infraconstitucionais. Por isso a determinação constitucional de criação de uma lei para a proteção do consumidor.
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
Na prática, os termos “proteção” e “defesa” não possuem diferença, sendo sinônimos. Contudo no campo teórico, “proteção” está mais ligado a princípios e “defesa” está relacionado aos meios de efetivação desses princípios.
O CDC é plúrimo, abarcando em seu texto disposições de cunho civil, administrativo, penal, processual (individual e coletivo). O CDC é disposto em seis títulos, que não correspondem exatamente a essas tutelas civil, administrativo, penal e processual.
Estrutura do CDC
O CDC é estruturado da seguinte forma:
· O Título I trata dos Direitos do Consumidor. Art. 1º a 60
· O Título II trata das Infrações Penais. Art. 61 a 80
· O Título III trata da Defesa do Consumidor em Juízo. Art. 81 a 104
· O Título IV trata do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. Art. 105 e 106
· O Título V trata da Convenção Coletiva de Consumo. Art. 107
· O Título VI trata das disposições finais. Art. 110 a 119.
	Observação
O Título V (da Convenção Coletiva de Consumo) hoje é letra morta, praticamente não possuindo mais aplicabilidade.
O Código de Defesa do Consumidor trata das relações de consumo. O Brasil, como sétima economia de consumo, possui uma economia de consumo de aproximadamente 180 milhões de pessoas. Entretanto, o país carece de estabilidade interna que permita a evolução do consumo. Uma economia equilibrada fornece um consumidor apto para o consumo.
Ainda assim, apesar dos problemas políticos, culturais brasileiros, por exemplo, ainda há no Brasil um mercado significativo de consumo. Ao analisar o direito do consumidor, necessário analisar o contexto global. Hoje, o fenômeno do consumo se encontra globalizado e, internamente, o consumo é feito em todo o país, com o auxílio direto da Internet. Ou seja, os mesmo problemas enfrentados pelos consumidores de São Paulo são enfrentados pelos consumidores de Pau dos Ferros/RN.
O CDC não possui uma parte geral e uma parte especial. Mas possui uma parte principiológica. Qual a diferença entre princípio e regra? O princípio estabelece uma norma basilar, possui aplicabilidade mais ampla do que a regra, além de servir para superar eventuais colunas do ordenamento jurídico.
O CDC é composto prioritariamente de normas abertas (sistema aberto), devendo ser aplicadas no caso concreto pelo operador do direto (pelo intérprete), que deve dizer a norma, dar sentido a norma. Envolve fortemente a interpretação jurídica.
Conceito de boa-fé objetiva: padrão de conduta baseada na honestidade, probidade, lealdade.
CDC. Art. 4º (...) III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
Por ser considerado o CDC uma lei principiológica, decorrente do comando constitucional do inciso XXXII do artigo 5º da CF/88, denomina-se os três primeiros capítulos como a “parte principiológica” do CDC.
O Capítulo I do Título I trata das disposições gerais, contendo as normas gerais da proteção do consumidor. O artigo 2º conceitua o consumidor. Já o artigo 3º conceitua o fornecedor. Os §§1º e 2º do artigo 3º definem produto e serviço, respectivamente.
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
O CDC não coincide com o Direito Civil quanto à sua ordem de regência. O Direito do Consumidor está no campo do direito privado, pois regula a relação entre consumidor e fornecedor (particulares) embora possua normas de direito público.
Quanto ao direito privado, prevalece a autonomia da vontade, sendo válido o que for pactuado (e possível dispor de determinados direitos disponíveis) entre as partes desde que não firam as normas de interesse público. Por outro lado, não há a possibilidade de dispor de um direito indisponível.
Classificação das normas
· Norma de ordem pública (indisponível), de imperatividade obrigatória.
· Norma de ordem privada (disponível) de imperatividade relativa.
O CDC, em seu artigo 1º, estabelece normas de ordem pública, ou seja, normas indisponíveis e de imperatividade obrigatória. Assim, as partes não podem pactuar de modo diferente do estabelecido no CDC. Por normas de interesse social compreende-se que o MP, por força da Constituição Federal, atuará nas ações públicas e/ou coletivas. Nas ações individuais – em que não há interesse social – o MP não será chamado a atuar.
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
Relação Jurídica de Consumo
Relação jurídica é tema da Teoria Geral do Processo. É por meio dessa relação jurídica que o direito se manifesta. Ou seja, é tema comum a todos os ramos do direito. A relação jurídica é intersubjetiva entre dois sujeitos. Coisas e animais não podem ser sujeitos de direito (e nem de relação jurídica). Admite-se excepcionalmente, a pessoa jurídica como sujeito de direitos e obrigações.
A relação jurídica de consumo se dá entre os sujeitos “consumidor” e “fornecedor” em face de um objeto (um bem, com valor econômicoaferível), que pode ser material, imaterial, móvel, imóvel, etc. A relação jurídica é identificada pela seguinte estrutura estática:
	Relação de consumo = consumidor bem fornecedor
Os elementos subjetivos da relação de consumo são o “consumidor” e o “fornecedor”. Entre eles há o objeto “bem”, que pode ser produto ou serviço.
É por meio da identificação dos elementos da relação de consumo que se pode determinar se é caso de aplicação do CDC ou não. Sendo relação de consumo, aplica-se o CDC. Não há uma facultatividade na aplicação do CDC. Há casos em que a própria lei determina a aplicação ou não do CDC
Aula 05 – 13.08.18
Disposições principiológicas do CDC
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
As normas do CDC são, por disposição expressa do seu artigo 1º, de ordem pública. Dessa forma, o acordo de vontade entre as partes “consumidor” e “fornecedor” é mais restrita, devendo tal acordo obedecer à lei, mora e bons costumes. Apesar de o Direito do Consumidor ser direito privado, suas normas, de ordem publica, autorizam o Estado interferir de maneira mais intensa na relação consumerista. É o que se chama de garantismo. Além disso, outra característica da ordem pública das normas do CDC, é a autorização para que o juiz conheça de ofício sobre as normas materiais de ordem pública (e só essas apenas), como por exemplo, a concessão de inversão do ônus da prova. Além disso, pelo artigo 10 do CDC, para evitar a surpresa nas decisões, deve o juiz ouvir as partes, ainda que seja sobre matéria que poderia decidir de oficio.
CPC. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Há o Enunciado de súmula nº 381 do STJ que dispõe que “nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”. Contudo, a vedação, hoje, não se restringe aos contratos bancário, mas a todos os contratos, pois se trata de matéria de direito privado.
Já nos artigos 2º e 3º do CDC estão os conceitos de consumidor, fornecer e bem (produto ou serviço).
Consumidor
Excepcionalmente, a lei não traz em seu corpo conceitos. Contudo, em decorrência do da complexidade e importância do tema, o CDC trouxe expressamente o conceito de consumidor, de fornecedor e de produto e serviço, além de outros espalhados pelo CDC. Ainda que o CDC traga os conceitos de consumidor, fornecedor, bens e serviços, é necessário que se faça a sua interpretação, ou seja, apreender qual o real sentido e alcance.
O conceito de consumidor não se restringe ao disposto no artigo 2º. Por exemplo, para ser consumidor é necessário ser a parte vulnerável na relação, conforme artigo 4º, inciso I, que exige o atendimento do princípio “reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo”.
Por exemplo, o Estado, ao adquirir computadores para o Palácio do Planalto, por exemplo, não pode ser considerado consumidor. Não há como considerar o Estado como parte vulnerável na relação com o fornecedor. O Estado, então, nunca será consumidor.
	Observação
Lembrar que o Estado NUNCA será parte vulnerável; logo, o Estado NUNCA será consumidor.
Conceito padrão de consumidor (ou standard)
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
A aquisição pelo consumidor pode tanto ser onerosa quanto gratuita. Pode então o consumidor ter comprado ou ganhado o bem/serviço. 
A utilização do bem independe ser o consumidor é o dono ou não do bem/serviço. Pode ser, por exemplo, uma pessoa que pegou o carro empresado de um amigo e o carro teve uma falha no freio, ocasionando acidente.
Há, contudo, dificuldade em determinar o que seria destinatário final. Há quem entenda ser destinatário final quando o consumidor é aquele que compra/retira o bem da loja. Há quem entenda ser destinatário final quem adquira o produto/serviço e que não utilize na sua cadeia produtiva. Para buscar determinar o sentido da locução “destinatário final”, foram desenvolvidas três teorias, que serão analisadas abaixo. 
Teorias sobre consumidor e “destinatário final”
Há três teorias que estudam o conceito de consumidor e que divergem quanto à locução “destinatário final”. São elas as teorias maximalista, finalista e finalista mitigada.
TEORIA MAXIMALISTA
Para a teoria maximalista, destinatário final é aquele alguém que compra o produto da loja, não importando a destinação do bem (destinação final fática), podendo ser para outra atividade produtiva ou não. Para essa teoria, basta a retirada do bem do mercado.
TEORIA FINALISTA (PURA)
Já para teoria finalista, consumidor é aquele que retira o bem do mercado mas não o utiliza na sua cadeia produtiva (destinação final fática e econômica pessoal/familiar). É alguém que não dê uma destinação profissional para o bem.
Por exemplo, o consumidor que compra uma cola de madeira e utiliza em sua casa para reparar seus próprios móveis. Por outro lado, um marceneiro que utilize essa mesma cola para fabricação dos bens que irá vender, nesse caso ele não será consumidor/destinatário final, pois estará usando o produto para sua atividade produtiva.
Outro exemplo: a relação entre uma montadora, uma revendedora, uma pessoa que compra o carro e posterior revende a um terceiro particular.
	Volkswagen Saga S.A Consumidor A Consumidor B
No exemplo acima, a relação entre a Volkswagen e a Saga S.A. é de direito empresarial. Já a relação entre a Saga S.A. e o consumidor A é de direito do consumidor. E a relação entre os consumidores A e B é de direito civil, privado (sem incidência do CDC)
Essa é a teoria predominante, pois a proteção do consumidor é relativa ao fornecedor. Ao utilizar o produto adquirido com outra finalidade comercial, desaparece a relação de consumo entre a pessoa que adquiriu produto e o fornecedor originário.
TEORIA FINALISTA MITIGADA (OU APROFUNDADA)
Por fim, a teoria finalista mitigada (ou aprofundada) é um meio termo entre as duas teorias anteriores, englobando a pessoa jurídica. Quando então, se pode considerar uma pessoa jurídica como consumidora final? Se:
· O produto não for parte da sua linha de atividade profissional; E
· A pessoa jurídica for considerada vulnerável em relação ao fornecedor, aí sim será ela considerada consumidora.
Exemplo: uma empresa de tecnologia que compra computadores não é considerada consumidora. Contudo, se ela compra geladeiras para serem utilizadas pelos seus funcionários, ai sim será consumidora.
A teoria finalista aprofundada surge para resolver casos difíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam insumos para a sua produção, mas não em sua área de expertise ou com uma utilização mista, especialmente na área de serviços. O conceito chave é a vulnerabilidade[footnoteRef:1]. A vulnerabilidade do consumidor não profissional é presumida, enquanto a do consumidor profissional deve ser provada – vulnerabilidade excepcional; atividade de consumo intermediária (ex: pequena empresa que contrata seguro contra roubo e furto; nesse caso, é considerada destinatária final e consumidora). [1: MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR. 7ª Ed., Ed. Revista dos Tribunais, p. 107-108. 2016] 
Conceito de consumidor por equiparação
O conceito básico, padrão, de consumidor é fornecido pelo artigo 2º do CDC. Entretanto, há momentos em que o CDC equipara o consumidor a outras categorias, ampliando o conceito de consumidor.
Art. 2º (...) Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção (fato do produto e do serviço), equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte (das práticas comerciaise da proteção contratual), equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
Coletividade de pessoas: não há organização interna, podem ser determinadas ou não.
Vítimas do evento: em um acidente de avião, por exemplo, tanto as vítimas que estavam dentro do avião (consumidores diretos) quanto as pessoas que estavam perto do aeroporto e foram atingidas pelo avião (consumidores por equiparação) serão consideradas consumidores.
Pessoas expostas às práticas comerciais e proteção contratual: todas as pessoas que estejam expostas às práticas comerciais (publicidade, por exemplo) ou às regras de proteção contratual (cláusulas abusivas, contrato de adesão) também são consideradas consumidores por equiparação. Vítimas de publicidade enganosa, sejam ou não compradoras ou consumidoras finais, também são protegidas. São os consumidores potenciais ou difusos.
Aula 06 – 14.08.18
Revisão da aula passada
Os elementos subjetivos da relação de consumo são o “consumidor” e o “fornecedor”. Entre eles há o objeto “bem”, que pode ser produto ou serviço.
Definição de consumidor: tratada, no CPC em 3 artigos. O artigo 2º trata do conceito padrão, standard de consumidor. O parágrafo único do artigo 2º, o artigo 17 e 29 tratam do conceito de consumidor por equiparação (coletividade de pessoas, vítimas do evento e pessoas expostas às praticas comerciais ou a proteção contratual – é o consumidor potencial ou difuso). Consumidor é aquele que adquire – gratuita ou onerosamente – ou utilizar bem ou serviço, como destinatário final. Há três teorias para explicar o conceito de destinatário final, são elas a teoria maximalista, a teoria finalista e a teoria finalista mitigada (ou ampliada). A proteção jurídica do consumidor vai muito além daquele que compra um bem em uma loja.
Fornecedor
A relação de consumo não existe apenas com a presença de consumidores. Seria o caso de uma relação de direito civil. Para a relação de consumo é necessário a existência dos elementos subjetivos da relação de consumo, ou seja, consumidor e fornecedor ligados pelo objeto bem, que pode ser produto ou serviço.
Fornecedor é um agente econômico. É, em regra, um particular. A atividade econômica, hoje, é de livre iniciativa, na forma do artigo 1º, IV da CF/88 restrita para os particulares. O Estado não pode intervir no mercado salvo em assuntos de interesse nacional e para regular o mercado. Fora dessas situações, somente o particular.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
O Estado pode, contudo, atuar de modo a fornecer serviços públicos, sejam eles uti universi ou uti singuli. Quanto aos serviços uti universi, esses não se enquadram no conceito de relação de consumo, uma vez que a remuneração dele é feita por todos, mediante tributo, independentemente do uso ou não. Por outro lado, os serviços uti singuli integram o conceito de relação de consumo, uma vez que sua cobrança só ocorre mediante a utilização do serviço. Ou seja, se uma pessoa nunca utilizar um hospital público (serviço uti universi), ele ainda assim pagará por ele. Contudo, se nunca utilizar um ônibus (serviço uti singuli), nunca pagará por ele. É possível concluir, então, que o Estado PODE ser fornecedor.
Observação: mesmo um camelô que trabalhe vendendo seus produtos em espaço público pode ser considerado fornecedor. Não é a informalidade e ausência de registro da atividade que afastará a qualidade de fornecedor. Esse é um problema de outra área do Direito.
A proteção do Direito do Consumidor engloba uma parte hipossuficiente. Enquanto o conceito de consumidor é restritivo – abrange apenas aqueles que necessitam de proteção por conta da hipossuficiência – o conceito de fornecedor é ampliativo, abrangendo todos aqueles que desenvolvem ou produzem bem de consumo/serviço (= as atividades previstas no artigo 3º do CDC).
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados (universalidades. Ex: ), que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
O rol de atividades no artigo 3º é meramente exemplificativa (numerus apertus), abrangendo outras ai não mencionadas, como, por exemplo, a atividade imobiliária.
	IMPORTANTE
Note-se que o Estado, embora nunca seja consumidor, pode ser fornecedor.
Se o serviço for individualizado (uti singuli), haverá relação de consumo e o Estado será considerado fornecedor; se o serviço for universal (uti universi) não haverá relação de consumo e o estado não será fornecedor
Produtos e Serviços - Objetos da relação de consumo
Art. 3º (...)
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Diferença entre coisa e bem:
· Coisa é qualquer elemento existente na natureza em abundância.
· Bem possui expressão econômica e caracterizado pela escassez.
Bem móvel é aquele que pode ser deslocado sem destruição da sua estrutura (um notebook). Bem imóvel é aquele que não pode ser deslocado sem destruição da sua estrutura (uma casa).
Bem material é aquele que pode ser concretizado fisicamente (carro). Já o bem imaterial é aquele cuja existência não se materializa (software de computador).
Serviço é uma atividade prestada no mercado de consumo. O serviço pode ser remunerado direta ou indiretamente. Por exemplo: um supermercado que oferece um estacionamento. Ainda que o estacionamento seja pago (remuneração direta) ou gratuito (remuneração indireta), um dano ocorrido em um veículo dentro do estacionamento é possível a aplicação do CDC para que o supermercado seja obrigado a indenizar o prejuízo.
Serviço de caráter trabalhista não é relação de consumo, que está sujeito à justiça especializada (Justiça do Trabalho).
	Observação
Quanto à parte “inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária”, houve divergência acerca da constitucionalidade do trecho do §2º do artigo 3º. Em 2006, o STF, por 9 a 2, julgou improcedente o pedido da Confederação Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) na ADI 2591 (ver voto Celso de Mello) para declarar a inconstitucionalidade formal e material da expressão o trecho supracitado, reafirmando a constitucionalidade de todo o microssistema de proteção do consumidor.
Enunciado de Súmula nº 297 do STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras. (enunciado editado em 2004).
Aula 07 – 20.08.18
NÃO INCIDÊNCIA DO CDC
A relação jurídica de consumo (sempre intersubjetiva) é configurada pelos seguintes sujeitos:
	A
Consumidor
	B
Fornecedor
	Standard- art. 2º caput
Coletividade – art. 2º, § único
Vítima – art. 17
Art. 29 – potencial ou difuso
	Art. 3º, caput
Além dos sujeitos da relação, integra a relação de consumo o objeto produto ou serviço, previstos, respectivamente, no artigo 3º, §§1º e 2º do CDC.
Então, presentes os elementos subjetivos consumidor e fornecedor, bem como o objeto produto/serviço, haverá uma relação jurídica de consumo, sendo aplicado o CDC.
Contudo, há casos em que a jurisprudência e a doutrinam afastam a incidência do CDC por entenderem que não há relação de consumo. Por exemplo:
· Mútuo para empresa.
· Previdência privada fechada: diferente de previdência social. A previdência privada fechada abrange apenas os funcionários de determinada empresa, não sendo possível o ingresso de qualquer pessoa. Nesse tipo de previdência não incide o CDC. Por outro lado, a previdência privada aberta, da qual qualquer um pode participar, essa sim é caracterizada com relação de consumo.
· Planode saúde de autogestão (PlanAssiste-MPF, por exemplo): a lógica é a basicamente a mesma da previdência privada fechada. Se o serviço não está disponível no mercado, não há que se falar em relação de consumo.
· Relação advogado-cliente.
· Locação de imóveis urbanos: aplica-se a lei 8.245/91
· Relação entre condomínio x condômino
Destaca-se que o rol é exemplificativo, havendo outras situações em que não se aplica o CDC. Nos casos supracitados, não se identifica a relação jurídica de consumo, restando afastada a aplicação do CDC.
POLÍTICA PÚBLICA DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR – ARTIGOS 4º E 5º
A formulação de políticas públicas é meio utilizado pelo Estado para concretização de direitos conferidos pela legislação. Em todos os campos de atuação estatais há a elaboração de políticas públicas, por exemplo, saúde, moradia, educação, meio ambiente, etc. Não é diferente com o Direito do Consumidor. As políticas públicas não derivam dos chefes do Executivo, mas dos legítimos representantes do povo, ou seja, o Poder Legislativo. Isso quer dizer que as políticas públicas decorrem de lei, não de mero ato administrativo. O Poder Executivo irá apenas executar essa política.
A ordem para implantação da política pública de defesa do consumidor encontra assento na própria CF, no seu artigo 5º, XXXII, como já visto, que determina que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.
O artigo 4º, caput do CDC traça os objetivos para alcançar a proteção do consumidor e das relações de consumo. As normas do artigo 4º não são normas de conduta ou normas de organização (conforme classificação clássica), mas norma-objetivo ou norma-narrativa, ou seja, são normas que estabelecem um objetivo a ser alcançado pelo Estado. Os incisos do artigo 4º estabelecem princípios (diretrizes) a serem seguidos na política pública de defesa do consumidor.
O artigo 4º do CDC é o artigo de maior densidade principiológica do microssistema do Direito do Consumidor. É a partir da sua compreensão que se pode entender as demais regras do CDC.
São objetivos da Política Nacional das Relações de Consumo:
	Objetivos da Política Nacional das Relações de Consumo
	atendimento das necessidades dos consumidores
	
	o respeito à sua dignidade, saúde e segurança
	(especialmente produtos nocivos ou perigosos, relacionado ao fato do produto/serviço)
	a proteção de seus interesses econômicos
	(evitar que o consumidor seja explorado economicamente, relacionado ao vício do produto/serviço)
	a melhoria da sua qualidade de vida
	(relacionado aos direitos fundamentais de terceira geração)
	a transparência e harmonia das relações de consumo.
	O que se pretende é colocar o consumidor em posição de igualdade frente ao fornecedor, pois este possui naturalmente uma posição de superioridade em relação ao consumidor. O que o Direito do Consumidor pretende não é colocar o consumidor em posição de supremacia perante o fornecedor, mas harmonizar as relações de consumo.
Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo – Artigo 4º 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios (melhor seria ‘diretrizes’):
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
Vulnerabilidade – inciso I
Embora o artigo 2º do CDC não traga explicitamente o conceito de vulnerabilidade, sua ideia está prevista na associação entre o artigo 2º com o inciso I do artigo 4º. Trata-se de uma interpretação sistemática-teleológica que fornece a ideia de que a vulnerabilidade é ínsita ao conceito de consumidor.
Art. 4º (...):
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
Vulnerabilidade significa fragilidade, a diferença de forças entre dois sujeitos. Em decorrência dessa fragilidade, necessário uma preferência de atendimento de modo a mitigar essa vulnerabilidade. 
“Vulnerabilidade é uma situação permanente ou provisória, individual ou coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos, desequilibrando a relação de consumo. Vulnerabilidade é uma característica, um estado do sujeito mais fraco, um sinal de necessidade de proteção”.[footnoteRef:2] [2: MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR. 7ª Ed., Ed. Revista dos Tribunais, p. 108. 2016] 
Na relação de consumo, o consumidor é vulnerável em relação ao fornecedor em virtude da:
· Vulnerabilidade (socio)econômica/fática – via de regra, os fornecedores possuem mais recursos que o consumidor. Ocorre em situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor;
· vulnerabilidade jurídica – os consumidores são litigantes eventuais, enquanto que os fornecedores são litigantes frequentes. Se inclui aqui a falta de informação que o consumidor geralmente possui acerca dos seus direitos. É a falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo[footnoteRef:3]; [3: __________. p. 109
] 
· Vulnerabilidade técnica/informacional – o consumidor não possui informações técnicas e especializadas acerca de como o produto foi produzido, de sua segurança. O consumidor está “nas mãos” do fornecedor, pois este é quem detém as informações técnicas dos produtos que coloca no mercado, sendo mais fácil enganar o consumidor quanto às características do bem.
Essas são as vulnerabilidades básicas conferidas ao consumidor. Há autores que identificam outras formas de vulnerabilidade, por exemplo, a vulnerabilidade da criança. Há ainda outras situações que a doutrina e a jurisprudência reconhecem a hipervulnerabilidade do consumidor. É o caso, por exemplo, da própria criança, do idoso, do analfabeto, etc, ou seja, pode decorrer da idade (idosos, crianças, bebês), de condições de saúde (doentes, soropositivos) e necessidades especiais.
A vulnerabilidade, portanto, depende do caso. Um milionário pode ser vulnerável na relação do consumo ao não possuir as informações necessárias envolvidas na cadeia de produção do produto/serviço adquirido. Entretanto, a vulnerabilidade para o consumidor pessoa física é sempre presumida. A vulnerabilidade de pessoa jurídica deve ser provada.
Aula 08 – 21.08.18
Proteção efetiva do consumidor – inciso II
A ação governamental para proteger o consumidor abrange não só a ação estatal, mas também a participação da própria sociedade civil no sentidode buscar a proteção do consumidor e das relações de consumo. Deve também o Estado atuar no mercado de consumo e na garantia dos produtos e serviços com padrões de qualidade, segurança, etc.
Art. 4º(...): II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
Harmonização dos interesses dos participantes da relação de consumo e boa-fé objetiva – inciso III
Não se trata de considerar o consumidor como superior ao fornecedor, mas igualar a relação entre ambos e harmonizar seus interesses, de modo a compatibilizar a proteção do consumidor com o desenvolvimento econômico.
O inciso III também trata do conceito jurídico da boa-fé. Sãos exemplos de cláusulas abusivas aquelas que violem a boa-fé (objetiva). Nesse casso, tais cláusulas serão nulas de pleno direito, não produzindo qualquer efeito na relação contratual. Reputam-se tais cláusulas como não escritas.
Importante determinar o alcance dos princípios (lembrando que princípios também são regras). Os princípios visam suprir lacunas do direito bem como promover a integração das normas. Quanto à boa-fé, como princípio da relação de consumo, esta é a boa-fé objetiva, uma vez que a boa-fé subjetiva, por sua dificuldade de comprovação, restou afastada do Direito brasileiro.
A boa-fé objetiva se trata da conduta praticada que está, em determinado momento, de acordo com o padrão da sociedade. É a conduta padrão que se espera das pessoas. Se a conduta praticada for diferente da conduta padrão esperada, em tese estará violada a boa-fé objetiva.
Por exemplo: cláusula em contrato de plano de saúde que limita o atendimento em UTI por no máximo 10 dias. Essa cláusula viola a boa-fé objetiva.
Enunciado de Súmula nº 302/STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.
	“Tem-se por abusiva a cláusula, no caso, notadamente em face da impossibilidade de previsão do tempo da cura, da irrazoabilidade da suspensão do tratamento indispensável, da vedação de restringir-se em contrato direitos fundamentais e da regra de sobredireito, contida no art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo a qual, na aplicação da lei, o juiz deve atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Como referências legislativas, foram citados os artigos 5º, do Código Civil de 1916, e 51, inc. IV, da Lei n. 8.078/90, esta última conhecida como Código de Defesa do Consumidor.”
REsp 251.024 , Relator Min. Sálvio de Figueiredo, DJ de 04.02.2004
Art. 4º (...): III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
Educação e Informação – inciso IV
Muitas vezes as violações dos deveres dos fornecedores e direitos dos consumidores ocorrem não de forma deliberada, mas por falta de conhecimento acerca das regras do Direito do Consumidor. Não se trata, então, de dolo na violação do CDC, mas mera ignorância quanto as suas normas. A política pública de proteção ao consumidor visa então a educação não apenas do consumidor, mas também do fornecedor quanto às regras, direitos e deveres de cada um dos elementos subjetivos da relação de consumo.
Art. 4º (...) IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
Incentivo a meios eficientes de controle de qualidade e segurança – inciso V
Trata-se dos Serviços de Atendimento ao Consumidor – SAC, por exemplo.
Art. 4º (...) V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
Coibição e repressão dos abusos praticados no mercado de consumo – inciso VI
Art. 4º (...) VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
Racionalização e melhoria dos serviços públicos – Inciso VII
Art. 4º (...) VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
Estudo das modificações do mercado de consumo – Inciso VIII
Art. 4º (...) VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
O artigo 4º então, trata, no seu caput, dos objetivos da política pública de proteção ao consumidor e os seus incisos tratam das diretrizes para que os objetivos sejam alcançados.
Instrumentos para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo – Artigo 5º 
De modo a alcançar os objetivos expostos no artigo 4º do CDC, o artigo 5º expõe alguns dos instrumentos a serem utilizados para sua consecução. O rol é meramente exemplificativo, podendo ser adotados outros além dos expressos no artigo 5º do CDC.
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo;
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.
DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
Ultimo capítulo do CDC que trata da parte principiológica do CDC. O Artigo 6º trata da maior incidência do Estado na relação de consumo. Uma vez que o CDC traz normas de ordem pública, não pode ser matéria de acordo entre as partes de modo a contrariar o disposto no artigo 6º. Trata-se de dirigismo estatal.
O Estado estabelece direitos básicos do consumidor e, dentro do microssistema do direito do consumidor, atua positivamente o Estado de modo a efetivar os direitos previstos.
Na relação de direito privado, é possível pactuar diferentemente do disposto na norma, desde que não viole normas de direito público (princípio da autonomia da vontade do direito privado). Por sua vez, no Direito do Consumidor, isso não é possível pois, repita-se, trata-se de normas de direito público.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; (a educação e o conhecimento permitem a igualdade, minimizando a vulnerabilidade do consumidor perante o fornecedor)
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012)
IV - a proteção contra a publicidade (e não propaganda) enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas (peculiaridade em relação ao direito contratual geral - técnica de contrataçãopor adesão; contrato estipulado por um sujeito e a outra parte simplesmente adere, em oposição ao contrato paritário, onde as condições contratuais realmente são frutos de uma negociação);
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
IX - (Vetado);
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) 
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
Aula 09 – 27.08.18
(continuação – dos direitos básicos do consumidor)
Quanto ao inciso V “a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”, há uma peculiaridade quanto à teoria contratual. No direito do consumidor adota-se a técnica de contratação por adesão, em que o contrato é estipulado por uma das partes e a outra simplesmente adere ou não, não havendo espaço para a discussão das cláusulas contratuais, como ocorre no direito contratual, em que as cláusulas são realmente fruto de negociação entre as partes. O contrato de consumo é celebrado entre consumidor e fornecedor e seu objeto tem expressão econômica (produto ou serviço remunerado). 
Em relação aos princípios contratuais, vigora o princípio da autonomia da vontade, que pressupõe que as partes, ao celebrarem o contrato, o fazem por livre vontade manifestada. No direito do consumidor, esse princípio é relativo. Há contratações que são, de fato, obrigatórias, necessárias (por exemplo, energia elétrica). Uma vez pactuado o contrato, é imperativo que seja cumprido o que foi estipulado, trata-se do princípio do pacta sunt servanda, ora, pois o contrato faz lei entre as partes. O contrato foi feito para ser cumprido e não para ser descumprido. A obrigação é um processo tendente ao adimplemento.
Esses dois princípios também são observados no direito do consumidor. Contudo, o princípio da autonomia da vontade e do pacta sunt servanda são relativizados no direito do consumidor. O inciso V do artigo 6º do CDC é uma relativização quanto ao pacta sunt servanda. Não quer dizer que o contrato não deva ser cumprido, mas uma vez que os contratos são de adesão, as cláusulas desproporcionais ou excessivamente onerosas em decorrência de fatos supervenientes podem ser modificadas ou revistas. Noutras palavras, mesmo que esteja o contrato perfectibilizado, é possível a modificação ou a revisão das suas cláusulas, desde que presente a situação prevista no artigo V do artigo 6º do CDC.
Modificação e revisão não se confundem. Diz o inciso V do artigo 6º:
· a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais; ou
· sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas
No primeiro caso (modificação), o contrato já nasce desproporcional, desequilibrado. A base teórica para a modificação do contrato está no artigo 157 do CC, que trata da teoria da lesão. Deve-se estabelecer uma equivalência das obrigações, de forma que o contrato seja bom para as duas partes, que haja prestações equivalentes. O direito não pode validar uma situação de exploração. É exemplo o contrato que contém uma taxa que, embora o fornecedor deva pagar, possui uma cláusula que obriga o consumidor a pagar. 
CC/02. Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Já no segundo caso (revisão), o contrato é proporcional, equilibrado. Em regra, aplica-se ao caso de contratos de longa duração, relacional. Exemplo: contratos de previdência privada, de abertura de conta corrente, de assistência médica, de financiamento de imóvel, etc. No curso do contrato um fato superveniente (ao momento da contratação) pode desequilibrar a relação; como, por exemplo, um reajuste abusivo da prestação. Um fato externo também pode desequilibrar o contrato, como o aumento da inflação, por exemplo. Se as condições de fato se alterarem, pode o contrato também ser alterado.
Na revisão do contrato, adota-se a teoria da imprevisão (art. 478 a 480 do CC) e a teoria rebus sic stantibus para autorizar a revisão. A teoria da imprevisão é utilizada para fatos imprevisíveis, para acontecimento extraordinários, fora do espectro de previsibilidade. É causa de extinção do contrato. Essa teoria não é adotada no direito do consumidor.
Na relação consumerista, adota-se a teoria rebus sic stantibus (“desde que a situação não se altere”). Para essa teoria não importa se a... . Uma outra característica é que se o intérprete puder fazer a revisão do contrato, manter o contrato, esse é o ideal, ao contrário do direito civil, em que se extingue o contrato. Noutras palavras, no direito do consumidor, a alteração é feita para a manutenção do contrato. A extinção só ocorrerá se, apesar dos esforços de integração, o contrato continuar desproporcional, excessivamente oneroso.
	Modificação e revisão das cláusulas contratuais – inciso V, art. 6º do CDC
	Modificação
	Contato já nasce desequilibrado
Teoria da lesão
	Revisão
	Contrato se torna desequilibrado em decorrência de fatos imprevisíveis
Teoria da imprevisão – art. 478 a 480 do CC – não aplicada no D. do Consumidor
Teoria Rebus sic Stantibus – não importa se...; visa manter o contrato, e não extingui-lo, como ocorre no direito civil.
Já o inciso VI, “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”, trata da responsabilidade civil, cujo princípio é o da reparação integral do dano (restitutio in integrum). Objetiva-se prevenir a ocorrência do dano (acepção moderna da responsabilidade civil) bem como reparar o dano causado (acepção clássica da responsabilidade civil).
O inciso VIII trata da facilitação dos direitos do consumidor e da inversão do ônus da prova. No CDC, a inversão do ônus da prova divide-se em:
· Judicial – inciso VIII do artigo 6º (inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências)
· Legal – artigo...
São requisitos para a inversão do ônus da prova judicial a verossimilhança da alegação ou quando for o consumidor hipossuficiente (quando o consumidor não tiver condições econômicas ou técnicas de produzir a prova alegada). A decisão do juiz será com base nas regras ordinárias de experiência.
	OBSERVAÇÃO
Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
A hipossuficiência relaciona-se com a capacidade de produzir a prova.
Importante destacar que a inversãodo ônus da prova, prevista no CDC, não se confunde com a distribuição dinâmica do ônus da prova, prevista no CPC.
	CDC
	CPC
	Inversão do ônus da prova
	Distribuição dinâmica do ônus da prova
	CDC, art. 6º VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
	CPC. Art. 373 (...) § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
	Só pode ser deferida antes do momento da fase instrutória
	
Fontes do Direito do Consumidor
A fonte principal do direito do consumidor é o CDC; contudo, aplica-se também tratados e convenções internacionais, legislação interna ordinária, regulamentos administrativos, princípios gerais de direito (não causar dano a outrem, viver honestamente, dar a cada um o que é seu), analogia, costumes e equidade. 
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
De acordo com a teoria do diálogo das fontes, utiliza-se, por exemplo, as regras do CC com as regras do CDC para a solução do caso concreto. Não se utiliza o critério clássico de hierarquia das normas, mas a teoria do diálogo das fontes.
O parágrafo único do artigo 7º trata da solidariedade na cadeia de consumo. Ou seja, adquirido um produto defeituoso em uma loja, respondem tanto o fabricante quanto o vendedor.
Aula 10 – 28.08.18
Exercício - Seminário
Aula 11 – 03.09.18
Fim da parte principiológica e início do regramento do CDC
Capítulo IV – Da qualidade de produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos
· Da proteção à saúde e segurança
· Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
· Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço
· Da Decadência e da Prescrição
· Da Desconsideração da Personalidade Jurídica
Da proteção à saúde e segurança
O direito do consumidor entende que a inserção de produtos no mercado pode gerar comprometimento de um valor, qual seja a saúde e a segurança do consumidor, em decorrência da possibilidade da existência de produtos que apresentem riscos à saúde e à segurança do consumidor. Trata-se da teoria da segurança.
O CDC exige que os produtos e serviços colocados no mercado não podem acarretar riscos à saúde e à segurança do consumidor, ressalvados os riscos considerados normais e previsíveis por conta de sua própria natureza (ex: facas, agrotóxicos, veneno para insetos, produtos corrosivos). Para tanto, entende o legislador que quanto maior o nível de informação menor o nível de perigo e risco ao consumidor. O legislador busca também regular a prevenção quanto a esses produtos.
Assim, para concretizar o direito de proteção à saúde e segurança do consumidor o legislador busca regular a prevenção e intensificar o nível de informação ao consumidor.
Três são os níveis de riscos previstos no CDC:
· Riscos previsíveis – art. 8º 
· Riscos potenciais – art. 9º 
· Alto grau de periculosidade – art. 10
Riscos previsíveis
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. (Redação dada pela Lei nº 13.486, de 2017)
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação. (Incluído pela Lei nº 13.486, de 2017)
Vício é diferente de defeito. Haverá vício no produto ou serviço quando ocorrer dele não se apresentar com a qualidade ou quantidade que se espera. O defeito ocorre quando produto não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, acarretando danos ao consumidor, em decorrência do vício do produto ou serviço, de ordem material e/ou moral.
	Vício
	Defeito
	relacionado à qualidade ou quantidade
	Anomalia relacionada à segurança, acarretando danos ao consumidor em decorrência do vício.
Por mais que a informação seja óbvia (ex: não ingerir produto de limpeza), ela deve estar lá, pois é obrigação do fornecer informar, mesmo o óbvio, pois exige o CDC que o fornecedor dê as informações necessárias e adequadas ao consumidor. Além disso, TODO produto/serviço pode ser perigoso. Mesmo uma caneta esferográfica ou uma bala (a antiga bala soft, por exemplo) podem ser perigosos.
Quando se tratar de produto industrial, cabe ao fabricante prestar as informações a que se refere o artigo 8º. E em 2017 foi inserido o §2º do artigo 8º, prevendo ser obrigação do fornecedor higienizar equipamentos e utensílios usados no fornecimento de serviços.
Riscos potenciais
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
Produtos como o cigarro, álcool e agrotóxicos possuem maior potencial de risco, que vai além do risco previsível, determinando o CDC que o fornecedor informe de modo ostensivo a sua nocividade e periculosidade. Não basta a mera informação prevista no artigo 8º, deve haver um plus. Além disso, podem ser necessárias outras medidas a depender do caso concreto, devendo o fornecedor também adotá-las.
Alto grau de periculosidade
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. (recall)
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.
Quanto aos produtos que forneçam alto grau de risco, o CDC impõe uma obrigação negativa, qual seja a proibição de inserção desses produtos no mercado.
Os parágrafos do artigo 10 são exemplos claros de prevenção de danos ao consumidor. O §1º do artigo 10 prevê os casos de recall de produtos. Trata-se dos casos em que o produto/serviço foi inserido no mercado e posteriormente foi constatado defeito (anomalia relacionada à segurança), devendo os fornecedores informarem as autoridades competentes e

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