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EXITUS 8 TEMA: LEI AMBIENTAL (LEI 9605/98) 1 – ESTRUTURA DA NOVA LEI AMBIENTAL A legislação ambiental brasileira é esparsa, espalhada por inúmeros diplomas legais. Desde muito tempo tem-se proposto uma compilação dessas leis num corpo único, visando uma melhor sistematização e aplicação da matéria. Com a Lei 9605/98, o legislador procurou cumprir esse objetivo ao menos no que se refere ao tratamento criminal do tema, agrupando num único diploma as diversas infrações ambientais. O legislador adotou um conceito amplo de meio ambiente em consonância com o tratamento da matéria na Constituição Federal, abrangendo em sua proteção o meio ambiente natural, cultural e artificial. Obs1 – Definições das diversas espécies de meio ambiente: a)Meio Ambiente Natural – constituído pelos diversos recursos naturais (solo, ar, água, flora, fauna etc.). b)Meio Ambiente Cultural – integrado pelo patrimônio arqueológico, artístico, histórico, paisagístico e turístico. c)Meio Ambiente artificial – formado pelas edificações, equipamentos urbanos, comunitários, enfim, todos os assentamentos de reflexos urbanísticos. Dentro desse conceito amplo de meio ambiente, elaborou um sistema protetivo penal, prevendo como crimes diversas condutas, algumas das quais anteriormente eram previstas como simples contravenções penais (v.g. no antigo Código Florestal). Dessa forma a Lei Ambiental assim se divide em sua parte criminal: a)Dos crimes contra a fauna b)Dos crimes contra a flora c)Da poluição e outros crimes ambientais d)Dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural e)Dos crimes contra a administração ambiental 2 – AÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL Estabelece o art. 26 que a ação penal nos crimes ambientais é pública incondicionada. Note-se que a maior parte das infrações penais ambientais são infrações penais de menor potencial ofensivo, aplicando-se-lhes as normas da Lei 9099/95, com algumas peculiaridades: a)Art. 27 – para a transação penal nos crimes ambientais é imprescindível que haja a prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade. b)Art. 28 – para a suspensão condicional do processo também há tratamento diferenciado para os crimes ambientais – vide art. 28, I a V, da Lei 9605/98. Obs1 – O Sursis nos crimes ambientais é admitido para condenações não superiores a 03 (três) anos (vide art. 16 da Lei 9605/98). Obs. 2 – Cabe aplicação de penas alternativas (vide arts. 7º. a 13 da Lei 9605/98). 3 – RESPONSABILIDADE PENAL DAS PESSOAS JURÍDICAS 3.1 – PREVISÃO CONSTITUCIONAL A Constituição Federal prevê a possibilidade de responsabilidade penal de pessoas jurídicas em dois dispositivos: a)artigo 225, parágrafo 3º., CF - no caso dos crimes ambientais b)artigo 173, parágrafo 5º., CF – no caso de crimes contra a ordem econômica e financeira e crimes contra a economia popular. Ocorre que a legislação ordinária deve regular a matéria criminal e somente o fez com relação ao primeiro caso, ou seja, os crimes ambientais. Na Lei 9605/98, prevê o artigo 3º., a responsabilidade penal das Pessoas Jurídicas, tratando-se, portanto, do único e excepcional caso dessa espécie de responsabilidade criminal na legislação brasileira. A questão da responsabilidade penal das pessoas jurídicas é uma das mais polêmicas da atualidade, cabendo sua análise em seus principais pontos: 3.2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA A responsabilidade penal da pessoa jurídica, ao contrário do que aparenta, não é novidade no Direito. Na realidade, nos primórdios era a grande regra e foi cedendo com o tempo em face do crescimento do individualismo e da perda de força das entidades coletivas no que se refere à sua representatividade social. Hoje, com o agigantamento das forças sociais e econômicas das pessoas jurídicas e sua ampla significação social, retoma-se a discussão da possibilidade de sua responsabilização criminal. 3.3 – A RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NO CENÁRIO INTERNACIONAL ATUAL Há muitos países que adotam e outros que não adotam a responsabilização penal dos entes coletivos. a)Adotam – Inglaterra, Estados Unidos, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Portugal, França, Áustria, Japão, China, Canadá, Luxemburgo, Venezuela , México, Brasil. b)Não adotam – Alemanha, Suíça, Itália, Bélgica, Espanha, Suécia, Bolívia, Colômbia, Peru, Nicarágua, Costa Rica. 3.4 – ARGUMENTOS PRÓ E CONTRA A RESPONSABILIDADE PENAL DAS PESSOAS JURÍDICAS a)Responsabilidade sem culpa b)Princípio da Personalidade das Penas c)Inaplicabilidade das Penas Privativas de liberdade às Pessoas Jurídicas (ver penas aplicáveis nos arts. 21 a 24 da Lei 9605/98). d)Impossibilidade de arrependimento, intimidação e reeducação das Pessoas Jurídicas e)A responsabilidade penal das pessoas jurídicas geraria a impunidade de autores (pessoas físicas) de crimes f)O problema das causas de isenção das pessoas físicas e seus efeitos com relação às pessoas jurídicas; g)A questão da constitucionalidade h)O problema do vácuo legal no âmbito processual penal i)O problema das pessoas jurídicas de Direito Público j)Winfried Hassemer – A “Terceira Via” – O Direito de Intervenção.
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