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1www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Conceito Analítico de Crime DIREITO PENAL CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME Anteriormente, já foram estudados os princípios fundamentais básicos para a interpre- tação e aplicação do Direito Penal; os doze primeiros artigos do Código Penal, que tratam também dos princípios e regras importantíssimos para a correta aplicação da Lei Penal. Na aula de hoje, falaremos sobre o Conceito Analítico de Crime, da teoria penal, da for- mulação desses conceitos básicos que nos permitirão compreender a estrutura do crime e, numa hipótese, num caso prático, conseguiremos entender se naquela ação, conduta humana, há uma figura delituosa. Para fins didáticos, dissecaremos o crime em três substra- tos ou elementos (como a doutrina costuma dizer). São estes: tipicidade, ilicitude e culpa- bilidade. Esses elementos devem ser analisados na ordem citada pela professora anterior- mente; esse conceito é chamado de tripartido ou tripartite de crime, pois é dividido em três substratos/elementos. Esse é um conceito que pode sofrer alterações de acordo com a doutrina que o aluno estiver estudando: alguns autores apregoarão um conceito bipartido de crime; outros, quadri- partido (fato típico, ilícito, culpável e punível). Entretanto, para fins de prova, especificamente para o Exame da OAB, a banca examinadora adota, assim como a doutrina majoritária, o Conceito Analítico Tripartido de Crime, sob o viés da Teoria Finalista de Hans Welzel. Feita essa introdução, vamos ao material da aula de hoje: PARTE GERAL DO CÓDIGO PENAL Conceito analítico de crime A teoria do delito trabalha com três conceitos fundamentais: tipicidade, ilicitude e culpabi- lidade. O crime é um todo indivisível, porém a aferição é dissecada em elementos. Sistema tripartido de fato punível: segundo a doutrina majoritária, a punibilidade não constitui elemento do crime, mas sim sua consequência. O crime existe independentemente da punibilidade. Há entre as três categorias uma relação de sucessão e prejudicialidade. Assim, a culpa- bilidade pressupõe a ilicitude e esta, a tipicidade. 5m www.grancursosonline.com.br 2www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Conceito Analítico de Crime DIREITO PENAL Obs.: � na relação de sucessão e prejudicialidade, primeiramente, analisaremos a tipicidade (se conferimos, constatamos a tipicidade, do ponto de vista formal, avançamos para a análise da ilicitude); se não houver tipicidade, a análise é encerrada ali mesmo. Em seguida, havendo o motivo, analisaremos cada um dos elementos. A conduta não é ilícita: o agente praticou aquela conduta sob o abrigo de uma excludente de ilicitude, estava em legítima defesa. É necessário analisar a culpabilidade desse agente? Não. A análise é encerrada naquele momento e constatamos que não há crime, pois a con- duta é lícita. Adotamos o conceito tripartido. Alguns autores dirão que crime é fato típico, ilícito ou antijurídico (são palavras sinônimas) praticado por agente culpado. Quanto à punibilidade, dizemos que ela não integra o conceito de crime. Ela é a possibilidade de aplicar a pena, que pode ou não acontecer, independentemente de o crime ter de fato acontecido. Por exemplo: imaginemos um indivíduo que praticou um fato típico, ilícito e, ao tempo do crime, era culpá- vel. Tínhamos a estrutura perfeita do crime. Só que as investigações se arrastaram por muito tempo, o processo judicial não anda, há uma série de intercorrências, esse indivíduo não é encontrado para ser citado; o Estado não é totalmente eficiente para a apuração de determi- nados crimes. Tratava-se de um crime com uma pena relativamente baixa e se caracteriza a prescrição da pretensão punitiva – quando o Estado não consegue apurar/processar aquele indivíduo num tempo razoável, operando-se, assim, a prescrição. O Estado não poderá mais aplicar a pena, porém o crime aconteceu e não será mais possível a execução de pena. Crimes imprescritíveis são exceções que a Constituição traz, mas a regra é que os crimes devem ser julgados, processados; e as penas, executadas num prazo razoável. Fica claro compreendermos que a estrutura do crime não se afeta pela punibilidade, pois ela é uma consequência da prática do crime e a pena pode ou não vir a ser aplicada. Outro exemplo para ilustrar a conduta: um indivíduo praticou um fato típico, ilícito, à época do crime ele era culpável. Ao longo do processo, o indivíduo o está respondendo, quando é condenado. Nesse meio tempo, enquanto a sua defesa está apelando, esse indi- víduo se envolve num acidente automobilístico e morre. O fato aconteceu, mas o agente não será punido, porque a morte extingue a punibilidade. Essa pena não passa da pessoa que cometeu para seus herdeiros, como uma herança, logo a punibilidade “morre” com o sujeito. Caso haja consequências cíveis, aí os herdeiros poderão responder no limite da herança. Pena corporal, pena privativa de liberdade não mais se aplica (punibilidade extinta). 10m www.grancursosonline.com.br 3www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Conceito Analítico de Crime DIREITO PENAL Vamos retornar a análise de cada um dos substratos seguintes: Tipicidade: perfeita adequação do fato da vida à norma jurídica. Obs.: � quando observamos na legislação os crimes formulados como tipos penais, exem- plo, o art. 121: “Matar alguém” – Maria desferiu três facadas e matou José. A conduta de Maria se adequa ao artigo penal 121? Sim. Perfeita adequação do fato ao modelo abstrato previsto em lei. Ilicitude: ação contrária ao direito, realizada sem o amparo de uma causa justificante (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito). A ação típica e antijurídica constitui o chamado injusto típico. Exemplo: duas pessoas estão num prédio em chamas. O incêndio tomou conta do prédio por conta de uma pane elétrica e, no momento do incêndio, as pessoas tentam sair com vida do prédio em chamas. Duas pessoas estão “disputando” a saída por uma porta de emergência e uma delas acaba por desferir um soco na outra, com o objetivo de se salvar primeiro. Esse indivíduo que desfere o soco no outro para salvar a própria vida, comete um crime de lesão corporal? Vamos analisar e observar se ele deferiu o soco e ofendeu a integridade física de outrem, se sim, artigo 129 do CP (Crime de Lesão Corporal). Porém, pensemos: dois direitos à vida em jogo, uma situação de ponderação, o direito dirá “agem em estado de necessidade aquele que repelirá aquele comportamento, buscando salvar a própria vida”. Então não era exigível que esta pessoa sacrificasse a própria vida, agindo no estado de necessidade. O estado de necessidade, assim como a legítima defesa e o estrito cumpri- mento de um dever legal são excludentes de ilicitude (circunstâncias de causas justificantes). Culpabilidade: juízo de reprovação sobre o autor de um fato típico e ilícito, por lhe ser possível e exigível um comportamento diverso, isto é, conforme o direito. Obs.: � na análise da culpabilidade, voltamos o nosso olhar para o indivíduo. Fato típico e seus elementos • É o fato humano (ou praticado por pessoa jurídica, nas hipóteses de crimes ambien- tais) que se amolda perfeitamente aos elementos descritos pelo tipo penal. 15m 20m www.grancursosonline.com.br 4www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br A N O TA ÇÕ E S Conceito Analítico de Crime DIREITO PENAL Obs.: � no Brasil, as pessoas jurídicas que são criações do direito só cometem um tipo de crime: crimes ambientais. A única responsabilização penal de pessoas jurídicas admitida no Brasil é por crimes ambientais (crimes previstos na Lei n. 9.605/1998).As pessoas jurídicas são abstrações, não se corporificam. Por certo, não há a possibilidade de aplicar pena de privação de liberdade a uma pessoa jurídica, mas podemos aplicar penas restritivas de direitos, de caráter pecuniário; compelir a indústria/empresa a restaurar a área degradada; e a empresa poderá ficar proibida/interdi- tada por um determinado tempo. • Quatro elementos (crimes materiais e consumados): Obs.: � relembremos sobre crime material → é aquele que possui um resultado naturalístico que altera o mundo dos fatos. Exemplo: o crime de homicídio. A consequência natu- ral desse crime vem com o resultado “morte”. Se a vítima sofre os golpes/disparos e não vem a falecer, embora essa fosse a intenção do agente, temos um crime tenta- do, em que o resulto naturalístico “morte” não é alcançado por circunstâncias alheias externas à vontade do agente. Se se tratar de um crime consumado, em que o agente conseguiu consumar o seu obje- tivo e a vítima faleceu, nesse crime de homicídio consumado, teremos: – CONDUTA (dolosa ou culposa; comissiva ou omissiva) Obs.: � para que o resultado “morte” seja atingido, podemos matar alguém intencionalmente, dolosamente, como também podemos agir por culpa: não quero produzir o resulta- do naturalístico morte, mas adotamos um meio absolutamente perigoso, equivoca- do; atuo de forma negligente, imperita e acabamos por provocar a morte (condu- ta culposa). A conduta humana pode ser uma ação, um agir, um fazer, desferir disparos de arma de fogo (atuação comissiva), assim como podemos ter homicídios pior omissão: uma médica responsável por tratar de um paciente que está em estado gravíssimo, entre a vida e a morte. Porém, por coincidências da vida, aquele paciente é um antigo desafeto daquela médica, 25m www.grancursosonline.com.br 5www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Conceito Analítico de Crime DIREITO PENAL e ela deixa de aplicar os medicamentos necessário para que aquele paciente sobreviva. A médica cometeu um homicídio, pois, conscientemente, deixou de ministrar os medicamentos e o tratamento adequado para que o paciente não morresse. Ela deixou de adotar o procedi- mento que deveria realizar para salvar a vida da pessoa, ou seja, cometeu um homicídio por omissão (conduta comissiva). – RESULTADO NATURALÍSTICO – NEXO CAUSAL (material ou normativo – imputação objetiva) Obs.: � entre a conduta e o resultado há um elo, nexo de causalidade. Se o paciente do caso anterior falece durante o transporte da ambulância, antes de chegar ao hospital e ser “atendido” pela médica com quem tinha um desafeto, podemos considerá-la res- ponsável pela morte do paciente? Não, pois ele ocorreu anteriormente, não havendo nexo causal entre o agir e a morte. Relembramos que é necessário que haja um elo entre a conduta omissiva ou comis- siva e o resultado produzido. – TIPICIDADE (formal, material, conglobante) Obs.: � a tipicidade pode ser analisada pelos aspectos formal/material, e a doutrina de Eugê- nio Raúl Zaffaroni constrói o conceito da tipicidade conglobante. ATENÇÃO Para a Prova da OAB, estudamos toda a dogmática penal para a compreensão da Lei Penal, mas as provas da OAB não possuem um enfoque teórico, em termos de doutrina. Vamos aplicar alguns desses conceitos para resolver as situações hipotéticas apresenta- das no exame. 30m ��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pela professora Michelle Tonon. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu- siva deste material. www.grancursosonline.com.br
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