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Conceito Analítico de Crime
DIREITO PENAL
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME
Anteriormente, já foram estudados os princípios fundamentais básicos para a interpre-
tação e aplicação do Direito Penal; os doze primeiros artigos do Código Penal, que tratam 
também dos princípios e regras importantíssimos para a correta aplicação da Lei Penal.
Na aula de hoje, falaremos sobre o Conceito Analítico de Crime, da teoria penal, da for-
mulação desses conceitos básicos que nos permitirão compreender a estrutura do crime 
e, numa hipótese, num caso prático, conseguiremos entender se naquela ação, conduta 
humana, há uma figura delituosa. Para fins didáticos, dissecaremos o crime em três substra-
tos ou elementos (como a doutrina costuma dizer). São estes: tipicidade, ilicitude e culpa-
bilidade. Esses elementos devem ser analisados na ordem citada pela professora anterior-
mente; esse conceito é chamado de tripartido ou tripartite de crime, pois é dividido em três 
substratos/elementos.
Esse é um conceito que pode sofrer alterações de acordo com a doutrina que o aluno 
estiver estudando: alguns autores apregoarão um conceito bipartido de crime; outros, quadri-
partido (fato típico, ilícito, culpável e punível). Entretanto, para fins de prova, especificamente 
para o Exame da OAB, a banca examinadora adota, assim como a doutrina majoritária, o 
Conceito Analítico Tripartido de Crime, sob o viés da Teoria Finalista de Hans Welzel.
Feita essa introdução, vamos ao material da aula de hoje:
PARTE GERAL DO CÓDIGO PENAL
Conceito analítico de crime 
A teoria do delito trabalha com três conceitos fundamentais: tipicidade, ilicitude e culpabi-
lidade. O crime é um todo indivisível, porém a aferição é dissecada em elementos.
Sistema tripartido de fato punível: segundo a doutrina majoritária, a punibilidade não 
constitui elemento do crime, mas sim sua consequência. O crime existe independentemente 
da punibilidade.
Há entre as três categorias uma relação de sucessão e prejudicialidade. Assim, a culpa-
bilidade pressupõe a ilicitude e esta, a tipicidade.
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DIREITO PENAL
Obs.: � na relação de sucessão e prejudicialidade, primeiramente, analisaremos a tipicidade 
(se conferimos, constatamos a tipicidade, do ponto de vista formal, avançamos para 
a análise da ilicitude); se não houver tipicidade, a análise é encerrada ali mesmo. Em 
seguida, havendo o motivo, analisaremos cada um dos elementos.
A conduta não é ilícita: o agente praticou aquela conduta sob o abrigo de uma excludente 
de ilicitude, estava em legítima defesa. É necessário analisar a culpabilidade desse agente? 
Não. A análise é encerrada naquele momento e constatamos que não há crime, pois a con-
duta é lícita.
Adotamos o conceito tripartido. Alguns autores dirão que crime é fato típico, ilícito ou 
antijurídico (são palavras sinônimas) praticado por agente culpado. Quanto à punibilidade, 
dizemos que ela não integra o conceito de crime. Ela é a possibilidade de aplicar a pena, que 
pode ou não acontecer, independentemente de o crime ter de fato acontecido. Por exemplo: 
imaginemos um indivíduo que praticou um fato típico, ilícito e, ao tempo do crime, era culpá-
vel. Tínhamos a estrutura perfeita do crime. Só que as investigações se arrastaram por muito 
tempo, o processo judicial não anda, há uma série de intercorrências, esse indivíduo não é 
encontrado para ser citado; o Estado não é totalmente eficiente para a apuração de determi-
nados crimes. Tratava-se de um crime com uma pena relativamente baixa e se caracteriza a 
prescrição da pretensão punitiva – quando o Estado não consegue apurar/processar aquele 
indivíduo num tempo razoável, operando-se, assim, a prescrição. O Estado não poderá mais 
aplicar a pena, porém o crime aconteceu e não será mais possível a execução de pena. 
Crimes imprescritíveis são exceções que a Constituição traz, mas a regra é que os crimes 
devem ser julgados, processados; e as penas, executadas num prazo razoável.
Fica claro compreendermos que a estrutura do crime não se afeta pela punibilidade, pois 
ela é uma consequência da prática do crime e a pena pode ou não vir a ser aplicada.
Outro exemplo para ilustrar a conduta: um indivíduo praticou um fato típico, ilícito, à 
época do crime ele era culpável. Ao longo do processo, o indivíduo o está respondendo, 
quando é condenado. Nesse meio tempo, enquanto a sua defesa está apelando, esse indi-
víduo se envolve num acidente automobilístico e morre. O fato aconteceu, mas o agente não 
será punido, porque a morte extingue a punibilidade. Essa pena não passa da pessoa que 
cometeu para seus herdeiros, como uma herança, logo a punibilidade “morre” com o sujeito. 
Caso haja consequências cíveis, aí os herdeiros poderão responder no limite da herança. 
Pena corporal, pena privativa de liberdade não mais se aplica (punibilidade extinta).
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Vamos retornar a análise de cada um dos substratos seguintes:
Tipicidade: perfeita adequação do fato da vida à norma jurídica.
Obs.: � quando observamos na legislação os crimes formulados como tipos penais, exem-
plo, o art. 121: “Matar alguém” – Maria desferiu três facadas e matou José. A conduta 
de Maria se adequa ao artigo penal 121? Sim. Perfeita adequação do fato ao modelo 
abstrato previsto em lei. 
Ilicitude: ação contrária ao direito, realizada sem o amparo de uma causa justificante 
(legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício 
regular do direito).
A ação típica e antijurídica constitui o chamado injusto típico. Exemplo: duas pessoas 
estão num prédio em chamas. O incêndio tomou conta do prédio por conta de uma pane 
elétrica e, no momento do incêndio, as pessoas tentam sair com vida do prédio em chamas. 
Duas pessoas estão “disputando” a saída por uma porta de emergência e uma delas acaba 
por desferir um soco na outra, com o objetivo de se salvar primeiro.
Esse indivíduo que desfere o soco no outro para salvar a própria vida, comete um crime 
de lesão corporal? Vamos analisar e observar se ele deferiu o soco e ofendeu a integridade 
física de outrem, se sim, artigo 129 do CP (Crime de Lesão Corporal). Porém, pensemos: 
dois direitos à vida em jogo, uma situação de ponderação, o direito dirá “agem em estado de 
necessidade aquele que repelirá aquele comportamento, buscando salvar a própria vida”. 
Então não era exigível que esta pessoa sacrificasse a própria vida, agindo no estado de 
necessidade. O estado de necessidade, assim como a legítima defesa e o estrito cumpri-
mento de um dever legal são excludentes de ilicitude (circunstâncias de causas justificantes). 
Culpabilidade: juízo de reprovação sobre o autor de um fato típico e ilícito, por lhe ser 
possível e exigível um comportamento diverso, isto é, conforme o direito.
Obs.: � na análise da culpabilidade, voltamos o nosso olhar para o indivíduo.
Fato típico e seus elementos
• É o fato humano (ou praticado por pessoa jurídica, nas hipóteses de crimes ambien-
tais) que se amolda perfeitamente aos elementos descritos pelo tipo penal.
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Obs.: � no Brasil, as pessoas jurídicas que são criações do direito só cometem um tipo de 
crime: crimes ambientais. A única responsabilização penal de pessoas jurídicas 
admitida no Brasil é por crimes ambientais (crimes previstos na Lei n. 9.605/1998).As pessoas jurídicas são abstrações, não se corporificam.
Por certo, não há a possibilidade de aplicar pena de privação de liberdade a uma pessoa 
jurídica, mas podemos aplicar penas restritivas de direitos, de caráter pecuniário; compelir a 
indústria/empresa a restaurar a área degradada; e a empresa poderá ficar proibida/interdi-
tada por um determinado tempo. 
• Quatro elementos (crimes materiais e consumados):
Obs.: � relembremos sobre crime material → é aquele que possui um resultado naturalístico 
que altera o mundo dos fatos. Exemplo: o crime de homicídio. A consequência natu-
ral desse crime vem com o resultado “morte”. Se a vítima sofre os golpes/disparos e 
não vem a falecer, embora essa fosse a intenção do agente, temos um crime tenta-
do, em que o resulto naturalístico “morte” não é alcançado por circunstâncias alheias 
externas à vontade do agente.
Se se tratar de um crime consumado, em que o agente conseguiu consumar o seu obje-
tivo e a vítima faleceu, nesse crime de homicídio consumado, teremos:
 – CONDUTA (dolosa ou culposa; comissiva ou omissiva)
Obs.: � para que o resultado “morte” seja atingido, podemos matar alguém intencionalmente, 
dolosamente, como também podemos agir por culpa: não quero produzir o resulta-
do naturalístico morte, mas adotamos um meio absolutamente perigoso, equivoca-
do; atuo de forma negligente, imperita e acabamos por provocar a morte (condu-
ta culposa).
A conduta humana pode ser uma ação, um agir, um fazer, desferir disparos de arma de 
fogo (atuação comissiva), assim como podemos ter homicídios pior omissão: uma médica 
responsável por tratar de um paciente que está em estado gravíssimo, entre a vida e a morte. 
Porém, por coincidências da vida, aquele paciente é um antigo desafeto daquela médica, 
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e ela deixa de aplicar os medicamentos necessário para que aquele paciente sobreviva. A 
médica cometeu um homicídio, pois, conscientemente, deixou de ministrar os medicamentos 
e o tratamento adequado para que o paciente não morresse. Ela deixou de adotar o procedi-
mento que deveria realizar para salvar a vida da pessoa, ou seja, cometeu um homicídio por 
omissão (conduta comissiva).
 – RESULTADO NATURALÍSTICO 
 – NEXO CAUSAL (material ou normativo – imputação objetiva)
Obs.: � entre a conduta e o resultado há um elo, nexo de causalidade. Se o paciente do caso 
anterior falece durante o transporte da ambulância, antes de chegar ao hospital e 
ser “atendido” pela médica com quem tinha um desafeto, podemos considerá-la res-
ponsável pela morte do paciente? Não, pois ele ocorreu anteriormente, não havendo 
nexo causal entre o agir e a morte.
Relembramos que é necessário que haja um elo entre a conduta omissiva ou comis-
siva e o resultado produzido.
 – TIPICIDADE (formal, material, conglobante)
Obs.: � a tipicidade pode ser analisada pelos aspectos formal/material, e a doutrina de Eugê-
nio Raúl Zaffaroni constrói o conceito da tipicidade conglobante.
ATENÇÃO
Para a Prova da OAB, estudamos toda a dogmática penal para a compreensão da Lei 
Penal, mas as provas da OAB não possuem um enfoque teórico, em termos de doutrina. 
Vamos aplicar alguns desses conceitos para resolver as situações hipotéticas apresenta-
das no exame.
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��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pela professora Michelle Tonon. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo 
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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