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Criminologia Unidade III

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Unidade 3
UNIDADE 3
2
SUMÁRIO
1. A PENA: CARACTERIZAÇÃO CONCEITUAL 3
 1.1. A evolução histórica da pena 4
 1.2. Vingança privada 4
 1.3. Vingança divina 4
 1.4. Ordálias 5
 1.5. Vingança pública 5
 1.6. Período humanitário 5
 1.7. Século das luzes 6
 1.8. Correntes doutrinárias 6
2. AS METAS E A PENA: RETRIBUTIVA 7 
 E RESSOCIALIZADORA 
 2.1. Pena de prisão 9
 2.2. A abolição da pena de prisão 11
 de curta duração
 2.3. A redução da pena de prisão 11
 de excessiva duração
 2.4. A prisão perpétua e o cumprimento 11
 integral da pena de prisão 
 2.5. Alternativas à pena de prisão 13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 15
CRÉDITOS 16
3
Olá! Neste material, falaremos sobre 
a evolução histórica da pena. Bons 
estudos!
APRESENTAÇAO˜
1. A PENA: CARACTERIZAÇÃO CONCEITUAL 
De acordo com Penteado Filho (2019), a pena representa a retribuição imposta ao indivíduo, normalmente 
aplicada em caráter de privação, com natureza retributiva ao ilícito praticado. A discussão sobre a pena 
demanda também uma análise do conceito inerente à prevenção delitiva, ou seja, o conjunto de ações que 
visam evitar a materialização do delito.
Este conjunto de ações tanto pode apresentar uma natureza indireta como direta. As ações de cunho 
indireto visam as causas do crime, apresentando uma natureza eminentemente profilática; neste sentido, 
elas enfocam o indivíduo e o meio em que ele vive. A partir desse panorama, “a conjugação de medidas 
sociais, políticas, econômicas etc. pode proporcionar uma sensível melhoria de vida ao ser humano” 
(PENTEADO FILHO, 2019, p. 119).
As medidas diretas de prevenção criminal, por sua vez, já são direcionadas para a infração penal 
propriamente dita, finalizada ou em formação. Neste sentido, retomamos a caracterização da pena e os 
desdobramentos inerentes à sua finalidade, quais sejam:
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4
a) o enfoque geral negativo: representa o poder intimidatório da pena diante da sociedade, 
destinatária da norma penal; 
b) o enfoque geral positivo: relata e reafirma a existência da norma jurídica penal; 
c) o enfoque especial negativo: significa a intimidação ao autor do delito para que não torne a 
delinquir, recolhendo-o ao cárcere, quando necessário e evitando a prática de ilícitos; 
d) o enfoque especial positivo: traz a proposta de ressocialização do condenado, para que 
volte ao convívio social com a finalização da pena ou a progressão de regime. 
1.1. A evolução histórica da pena
Como prelecionou E. Magalhães Noronha (1987, p. 28), “a história do Direito Penal é a história 
da humanidade”, por isso é de se dizer que o Direito Penal é o ramo mais antigo do Direito. 
Ele surge com o homem e o acompanha através dos tempos. Os historiadores consideram 
quatro fases históricas de evolução da pena: a vingança privada, a vingança divina, a vingança 
pública e o período humanitário, podendo uma fase penetrar na outra. 
1.2. Vingança Privada
É caracterizada pela punição imposta e executada exclusivamente pelo próprio ofendido. 
Assim, a reação à agressão devia ser a regra. Foi a fase primeira da história do Direito Penal, pois 
quando uma pessoa sofria uma agressão, ela própria exercia o direito de vingança. O revide à 
agressão sofrida devia ser fatal, não havendo qualquer preocupação com a proporcionalidade, 
nem mesmo com a verdadeira justiça. Daí notou-se aspectos de flagrante injustiça, como o 
direito de vingança que era exercido pelo próprio ofendido, não participando a sociedade da 
medida retributiva e, às vezes, por maioria, a vingança ultrapassava a pessoa do agressor, 
atingindo sua prole, satisfazendo o ego do agredido. A Lei de Talião surgiu neste período 
como uma ferramenta importante no que concerne à proporcionalidade entre a pena e o crime. 
Trata-se de um novo cenário, no qual o autor de um delito deveria sofrer castigo igual ao dano 
por ele causado, materializado pela máxima “olho por olho, dente por dente”. 
1.3. Vingança Divina
Enquanto o desenvolvimento dos grupos sociais consolidou as práticas ligadas à vingança 
privada e a Lei de Talião, o apego à religião iniciou o período da vingança divina. Trata-se 
de um Direito Penal teocrático, sacerdotal, religioso, pertencendo a interpretação das leis e o 
castigo dos criminosos aos sacerdotes; “as normas possuíam natureza religiosa e, portanto, o 
agressor deve ser castigado para aplacar a ira dos deuses e reconquistar a sua benevolência” 
(CALDEIRA, 2009, p. 261). 
Se o período da vingança privada era cruel, o da vingança divina era o inferno na Terra. O 
principal objetivo da pena era acalmar a ira dos Deuses ofendidos pelo crime, o que se daria 
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através da purificação da alma do infrator. Na verdade, os Deuses nunca se manifestaram, a não 
ser pela boca dos sacerdotes e profetas, que eram os responsáveis pela imposição das penas.
As principais Leis que veicularam penas divinas foram: Código de Manu (Índia), Cinco Livro 
(Egito), Livro das Cinco Penas (China), Avesta (Pérsia), Pentateuca (Hebreus), Código de 
Hamurábi e Leis de Moisés.
1.4. Ordálias
O apego à religiosidade e à aplicação de penas da mesma natureza trouxeram, na Idade Média, 
uma nova forma de vingança divina, manifestada através das Ordálias (“Juízo de Deus”). 
Tem-se aqui a caracterização de um cenário primitivo, no qual o direito é fundido à religião, 
o juízo por excelência, em que a mesma divindade, invocada diretamente pelo imputado ou 
através do sacerdote, emite a sua sentença através de uma prova que, se é favorável ao acusado, 
manifesta a sua inocência, se é desfavorável, afirma inapelavelmente a sua culpabilidade. 
1.5. Vingança Pública
Nessa fase, a pena tinha por objetivo resguardar a segurança do imperador, tendo por principal 
finalidade ser intimidativa, ou seja, prevenir pelo medo e pelo exemplo. Aqui predominada o 
arbítrio do julgador, sendo irrelevante o animus do agente. 
Uma vez identificado, as condições pessoais do réu pesavam na determinação do grau da sua 
punição; em outros termos, os indivíduos de classes sociais inferiores sofriam punições mais 
severas, e a nobreza tinha em seu favor a garantia de privilégios.
Assim como na vingança privada, na vingança divina e nas ordálias, a vingança pública 
também apresentou um caráter de desproporcionalidade entre o delito e a pena aplicada. Não 
obstante a vergonha inerente ao caráter de apenado que deveria ser suportada pelas gerações 
seguintes, as penas aplicadas tanto apresentavam caráter cruel e infamante, como vexatório.
1.6. Período Humanitário
Como se depreende do estudo das fases anteriores, todas elas possuíam penas cruéis, que não 
tinham qualquer finalidade educativa, e apresentavam a prisão apenas como uma forma de reter 
o acusado até o cumprimento da pena, a qual normalmente culminava em uma morte cruel. Os 
estudiosos discutem se o que se pretendia com tais penas era excluir o infrator do convício social 
pela morte ou apenas aproveitar o homem a oportunidade para exercitar a sua maldade e com ela 
se saciar. Não é demais lembrar que a maioria destas penas era executada em praças públicas, 
onde a população se deleitava ao ver o infrator sofrer até a morte. Não é muito diferente do que 
acontece hoje nos grandes centros urbanos com os linchamentos de criminosos.
UNIDADE 3
6
Iniciou-se o período humanitário com a 
obra Dos Delitos e das Penas, publicada 
em 1764 (de C. Beccaria), combatendo 
o uso da tortura e da pena de morte, 
mostrando que a pena seja aplicada 
apenas para que o delinquente não volte a 
delinquir, com a exigência da prevalência 
do princípio da legalidade. A partir 
daí surgiram adesões ao seu pensamento: 
na Rússia (1767), Catarina II promove 
profundareforma administrativa; na 
Toscana (1786) são abolidas a tortura e 
a pena de morte; na Áustria e na Rússia 
as ideias iluministas se concretizam em 
Leis humanitárias; em 1789, a Revolução 
Francesa vai culminar com a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão 
(consagra os fundamentais direitos 
humanos, ainda hoje atuais).
IMPORTANTE
1.7. Século das luzes
O período da reação humanitária veio apenas por volta do século XVIII, aparecendo, 
sobretudo, em obras como O Espírito das Leis (Montesquieu), O Contrato Social (Rousseau) 
e de protestos encabeçados por Diderot, Emmanuel Kant, John Howard e Cesare Beccaria 
(Dos Delitos e das Penas, 1764). (BITENCOURT, 2010, v.1. p. 43)
De qualquer sorte, já a partir dos anos de 1.500 (um pouco antes ou um pouco depois) se tem notícia 
das primeiras prisões coletivas onde se aplicava o encarceramento como pena. É bem verdade que 
eram prisões cruéis, mas pelo menos a ideia de extermínio foi começando a ser repensada.
1.8. Correntes Doutrinárias
As Correntes Doutrinárias buscam realizar a investigação do direito de punir e dos fins da 
pena, correntes essas que se distribuem em: Absolutas, Relativas ou Utilitárias e Mistas.
As Teorias Absolutas baseiam-se numa exigência de justiça: pune-se porque se cometeu 
crime. Para Kant, a pena é um imperativo categórico: exigem-na a razão e a justiça, é simples 
consequência do delito, ou seja, ao mal do crime, o mal da pena. Seus adeptos separam a 
natureza da retribuição como de caráter divino para uns, de caráter moral para outros e de 
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caráter jurídico para terceiros. Seus principais representantes são: Binding, Sthal, Kohler, 
Kitz e Hegel.
Com efeito, a pena é a retribuição justa do mal injusto cometido pelo criminoso. Assim, a 
pena não tem nenhuma utilidade prática, não visando a recuperação do criminoso, que é 
punido simplesmente porque cometeu o crime.
As Teorias Relativas (ou utilitárias) assinalam à pena um fim prático: a prevenção geral ou 
especial. O crime não é causa da pena, mas ocasião para que seja aplicada, não sendo explicada 
por uma ideia de justiça, mas de necessidade social. Feurbach, pai do Direito Penal Moderno, 
funda-se na finalidade do Estado: a convivência humana. O crime, como é a violação do direito 
do Estado, cabe a este puni-lo. A pena seria, pois, a intimidação de todos para que não cometam 
crimes. É a ameaça legal de intimidação da sociedade. Benthan considera a pena um mal para 
o indivíduo que a sofre e para a coletividade, que suporta o ônus. Justifica-se pela sua utilidade, 
o fim principal é a dupla prevenção: geral (porque a intimidação que se supõe alcançar através 
da ameaça da pena surte efeitos em todos os membros da coletividade, atemorizando os virtuais 
infratores) e especial (porque atua sobre a consciência do infrator da lei penal, fazendo-o medir o 
mal que praticou, inibindo-o, através do sofrimento que lhe é inerente, a cometer novos delitos), 
não se esquecendo a prevenção particular dirigida a três fins: impedir o réu de praticar danos, 
intimidá-lo e corrigi-lo. (BITENCOURT, 2010, v.1. p. 43)
As Teorias Mistas (ou unitárias) nascem da fusão das teorias absolutas e relativas, surgindo as 
correntes mistas, participando da natureza de ambas. Sustentam a índole retributiva da pena, 
mas agregam os fins de reeducação do delinquente e de intimidação segundo M. Noronha. 
Seu principal expoente, Pelegrino Rossi, afirma o caráter de retribuição da pena, mas aceita 
sua função utilitária. Assim, há de se entender também que a pena tem caráter retributivo-
preventivo. Para Monteiro de Barros:
Retributivo porque consiste numa expiação do crime, imposta 
até mesmo aos delinquentes que não necessitam de nenhuma 
ressocialização. Preventivo porque vem acompanhada de uma 
finalidade prática, qual seja, a recuperação ou reeducação do 
criminoso, funcionando ainda como fator de intimidação geral. 
(BARROS, 2003, p. 434).
2. AS METAS E A PENA: RETRIBUTIVA E RESSOCIALIZADORA
Conforme estudamos nos tópicos anteriores, os primeiros períodos da Evolução Histórica das 
Penas apontam para a meta retributiva da pena em toda a sua excelência.
Assim, podemos citar o Período da Vingança Privada Ilimitada, 
quando não havia nenhuma proporção entre o crime cometido e 
a pena que seria aplicada; e o Período da Vingança Privada 
Limitada que, apesar de ser o responsável pelo início de uma 
certa proporcionalidade entre o crime e a pena, tanto que é daí 
a famosa Lei de Talião (“olho por olho, dente por dente, pé 
por pé, vida por vida”), não conhecia ainda a diferença entre 
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um crime praticado na forma dolosa ou na forma culposa, dando 
ensejo a uma retribuição desprovida de justiça. Deslocando a 
meta retributiva para os dias atuais, vemos que a prisão, antes 
de tudo, é um castigo. (LEAL, 1998, p. 36 e 37).
Enquanto as teorias preventivas miram o futuro, a retributiva volta os olhos para o passado. 
Objetivamente, a meta retributiva da pena só pretende que o ato injusto cometido por um 
sujeito, culpável do mesmo, seja retribuído por meio de outro mal, que constitui a pena.
Apesar de a teoria retributiva aparentemente pertencer ao passado, soando como uma antiguidade 
jurídica, o certo é que ela não só teve uma boa receptividade em alguns Estados autoritários da 
primeira metade do século XX, como também retornou ao panorama criminológico dos últimos 
anos, até o ponto de se poder considerar, hoje, pelo menos entre os que não creditam muito valor 
à eficácia preventiva da pena, como uma teoria de certo modo dominante.
Desde logo, vale ressaltar que não lhe faltam partidários de peso, que defendem uma concepção 
puramente retribucionista da pena e, com ela, do Direito Penal em seu conjunto. Assim, por exemplo, 
grandes filósofos como Kant e Hegel defendiam uma teoria retributiva da pena e criticaram com 
vigor concepções preventivas dela, isso porque, segundo eles, estas violavam a dignidade do ser 
humano e o convertiam em um meio para conseguir certos fins, e não um fim em si mesmo.
Ante a dificuldade de combinar ambos os posicionamentos teóricos, surgiram, já na primeira 
metade do século XX, as chamadas “Teorias da União”, as quais defendem, por um lado, que 
a pena deve servir para retribuir à culpabilidade, sem deixar por isso de ter, por outro lado, um 
saudável efeito preventivo, tanto na generalidade das pessoas como no próprio condenado.
Assim, por exemplo, no âmbito da execução penal, significa que, quando o legislador tipifica 
nas leis penais um fato como delito e ameaça sua realização com um determinado tipo de 
pena, pode-se pretender desencadear, antes de tudo, o efeito preventivo geral, esperando com 
ele que, à vista da ameaça penal, os cidadãos destinatários desta punição se abstenham de 
realizar a conduta proibida.
A prática da expiação pode ser vista, principalmente, em duas das fases da Evolução Histórica 
das Penas: num primeiro momento, encontramos tal objetivo no Período da Vingança Divina, 
em que o crime se confundia com o pecado e a pena com o castigo. Desse período remonta a pena 
conhecida como Ordálias ou Juízo de Deus. Num segundo momento histórico, encontramos a 
pena também como instrumento de expiação na fase do Período da Vingança Pública, em pleno 
Santo Ofício da Inquisição com os suplícios, os quais aconteciam em praça pública. 
O mesmo efeito cabe esperar quando, na fase de investigação e instrução do processo 
penal propriamente dito, inicia-se a investigação de um delito e dirige-se a acusação contra 
determinada pessoa, adotam-se as medidas cautelares, como a prisão preventiva, e se põe 
em marcha um mecanismo que não só incide na pessoa ou pessoas diretamente implicadas 
UNIDADE 3
9
no caso, senão também na generalidade dos cidadãos que veem como se põe em movimento 
a pesada e, muitas vezes implacável, máquina da Justiça. Por conseguinte, quando uma vez 
findado o processo e o acusado é declarado culpado e a ele a pena é imposta, a magnitude desta 
deve ser, antes de tudo, a retribuiçãoda culpabilidade e da gravidade do crime que restaram 
provados durante o processo. Finalmente, durante a execução da pena, principalmente se esta 
é privativa de liberdade, aparecem, num primeiro plano, as tarefas ressocializadoras do tipo 
preventivo especial, isto é, a configuração da pena de modo que esta possa também servir para 
reinserir socialmente o condenado e evitar que volte a delinquir no futuro.
Essa compreensão gradual das distintas teorias da pena (retributiva, preventiva e 
ressocializadora) pode ser utilizada para explicar as distintas teorias da reação punitiva segundo 
a gravidade e classe do delito cometido. Assim, por exemplo, no castigo dos delitos dolosos 
violentos (estupro, atentado violento ao pudor, homicídio, tortura, genocídio) a pena deve ser, 
sobretudo, a justa retribuição do delito cometido e da culpabilidade do seu autor, devendo ser 
imposta ainda que tenha se passado muito tempo desde a prática do delito e, inclusive, os mais 
graves, como a tortura e o genocídio, nem sequer devem prescrever, podendo seus autores ser 
perseguidos enquanto não houverem morrido. Ao contrário, no castigo dos crimes dolosos 
não violentos contra o patrimônio (furtos, fraudes) ou de caráter econômico (grandes fraudes 
financeiras e empresariais, lavagem de dinheiro, evasão de divisas), a prevenção geral deve ter 
a principal finalidade de evitar que a sociedade civil creia que seu cometimento é uma forma 
fácil de enriquecer à custa dos demais. Obviamente, isso não exclui, na fase da execução, a 
pena (fundamentalmente a pena privativa de liberdade cumulada com a de perda de bens), 
mas tenha também uma finalidade ressocializadora e de reinserção social do criminoso. 
A título de conclusão, vale observar que, apesar das teorias da união mostrarem que, entre as 
distintas teorias da pena existe um abismo e contradições às vezes insanáveis, pode-se, apesar 
de tudo, construir pontes que permitam um diálogo entre as diversas formas de entender 
como a sociedade deve reagir frente a criminalidade, procurando controlá-la e reduzi-la a 
um patamar suportável para uma convivência pacífica e organizada, e que, apesar de existir 
uma diferença fundamental entre as teorias retributivas e preventivas, somente estas últimas 
admitem a ideia de que cabe ao Direito Penal se ocupar sistemática e conscientemente de dar 
uma solução eficaz ao problema da criminalidade.
2.1 Pena de prisão
Segundo Mirabete, perde-se no tempo a origem das penas, tendo em vista que os antigos 
grupos humanos foram forçados a adotar algumas normas disciplinares para possibilitar a 
convivência social. Tivemos as Escolas Penais com as Correntes Doutrinárias (Teorias 
Absoluta, Relativa e Mista). A pena sempre teve e tem até hoje o caráter retributivo, de 
castigo, acrescido de finalidade preventiva e ressocializadora do apenado.
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Dentro da evolução da sanção penal, a prisão somente surgiu como pena em meados do 
século XVIII, pois embora se encontrem registros desde a Antiguidade da existência do 
encarceramento, esse sempre foi adotado com um sentido custodial. Até fins do século XVIII, 
a prisão serviu somente aos objetivos de contenção e guarda dos réus, para preservá-los 
fisicamente até o momento de serem julgados ou executados.
Portanto, na origem, a prisão cautelar é anterior à existência da prisão como pena, a qual só 
veio configurar na história muito depois que a humanidade já conhecia a privação da liberdade. 
Assim, antes da prisão passar a ser estritamente cumprimento de pena, ela se destinava a reter 
o condenado até a efetiva execução de sua punição, a qual era sempre corporal ou infamante.
No século XVI, começaram a aparecer na Europa prisões leigas, destinadas a recolher mendigos, 
vagabundos, prostitutas e jovens delinquentes, os quais se multiplicaram principalmente nas 
cidades, a mercê de uma série de problemas na agricultura e de uma acentuada crise na vida 
feudal” (LEAL, 1998, p.33). Por estas razões, várias prisões foram construídas com o escopo 
de reduzir os índices de criminalidade, isolando-os por um determinado tempo, pelo qual 
ficavam submetidos a uma severa disciplina.
Mas ainda não se podia falar em sistema penitenciário. As mudanças efetivas no sistema 
de reclusão começaram somente no século XVIII, a partir da contribuição de um grupo de 
estudiosos. Surge, então, o expoente maior, o italiano Cesare Bonesaria, marquês de Beccaria, 
com a obra Dos delitos e das penas, que despertou a discussão quanto à eficácia daquelas 
punições. Em 1797, impressionado com as deficiências apresentadas pelas prisões da época, 
John Howard, xerife do condado de Belfast, denunciou as condições de misérias no livro 
The state of prision in England and Walles. Em 1818, veio a influência também poderosa na 
mudança de concepção dos sistemas penitenciários, com a obra de Jeremias Bentham: Teoria 
das penas e das recompensas. Esses três trabalhos tiveram decisiva influência na revolução do 
tratamento penal nas prisões.
Assim, mesmo reconhecendo que a pena de prisão, em sua origem, conteve um sentido 
progressista e humanitário ao substituir o brutal sistema de penas corporais existentes no 
momento de sua aparição e, em todo caso, sempre preferível como alternativa à pena de morte, 
possui inconvenientes que fazem com que muitos defendam, senão sua completa abolição – 
coisa que no momento atual não parece possível –, ou ao menos a sua limitação aos delitos 
mais graves e sua eliminação para os de média e pequena gravidade, oferecendo alternativas 
sancionatórias menos dessocializadoras, que permitam ao condenado regressar algum dia à 
vida em liberdade, minimizando os efeitos negativos que a vida na prisão possui.
A progressão destas ideias, as quais têm sido acolhidas em boa parte das legislações penais 
e penitenciárias da maioria dos países civilizados, suscitam algumas questões que, a seguir, 
serão discutidas.
UNIDADE 3
11
2.2. A abolição da pena de prisão de curta duração
De todos os argumentos contra a pena de prisão talvez o mais convincente e geralmente aceito seja 
o efeito dessocializador e, portanto, criminógeno – ou seja, produtor de delinquência – das penas 
privativas de liberdade de curta duração.
As penas de prisão de até seis meses de duração não são, em geral, suficientemente duradouras 
para permitir um tratamento com êxito, mas sim, contrariamente, para introduzir o recluso na 
subcultura da prisão, ou seja, em um sistema diferenciado de controle social, hierarquia, valores e 
práticas totalmente diferenciados da sociedade livre.
Apesar destes argumentos, alguns criminólogos e penitenciaristas têm defendido a manutenção desta 
modalidade de pena para alguns tipos de delinquentes e alguns delitos, como os crimes de trânsito em 
geral, os crimes contra a vida ou contra a saúde cometidos por imprudência, negligência ou imperícia, 
pelo choque que pode causar nos autores destes tipos de delitos, geralmente pessoas de boa condição 
econômica e social, que agem com precipitação e pouca consideração para com os demais. Mas vale 
salientar que, ao final das contas, o temido efeito dessocializador que possui a vida no cárcere, ainda 
que por um curto tempo, têm pesado mais que os argumentos a seu favor.
2.3. A redução da pena de prisão de excessiva duração
Apesar das inúmeras críticas recebidas, a pena de prisão segue ocupando, no começo do 
século XXI, um lugar de destaque no catálogo de penas de qualquer país civilizado. Mas a 
pena de prisão de longa duração pode provocar tal estado de dessocialização e deterioração na 
personalidade do encarcerado que são os próprios penitenciaristas os que defendem a redução 
de sua duração, fornecendo a possibilidade de que, por bom comportamento na prisão e pela 
vontade de reinserção, prosseguimento em programas de tratamento etc., possa conseguir uma 
liberação antecipada ou algum tipo de atenuação no rigor penitenciário, obtendo permissões e 
saída de fim de semana, a transferência a um centro de regime aberto etc.2.4. A prisão perpétua e o cumprimento integral da pena de 
prisão
Com a abolição da pena de morte na maioria dos países, e mesmo naqueles que ainda a 
mantêm, a prisão perpétua constitui, hoje, em muitos Ordenamentos Jurídicos, a reação social 
punitiva mais grave que legalmente se pode impor ao autor de um delito. De fato constitui, 
efetivamente, uma morte em vida e pode produzir o mesmo ou maior grau de aflição que a 
própria pena de morte.
Normalmente, está reservada somente para os crimes mais graves. Seu principal inconveniente 
para o sistema penitenciário é o de ser incompatível com a ressocialização e, portanto, faz-se 
desnecessária qualquer intervenção positiva no condenado, pois, em princípio, faça este o que 
UNIDADE 3
12
fizer, mostre ou não sinais de arrependimento em relação ao delito pelo qual foi condenado, 
modifique ou não sua conduta e seu sistema de valores, seguirá preso até sua morte.
Do ponto de vista jurídico, a prisão perpétua não permite, em princípio, nenhuma gradação ou 
possibilidade de adaptação à gravidade do delito e às circunstâncias pessoais do delinquente 
no momento da determinação judicial da pena, sobretudo quando, como ocorre na Alemanha, 
se prevê como pena única, indivisível, para o delito de homicídio.
A única diferença, com relação à pena de morte, é a de que se permite corrigir o erro judicial; 
contudo, no restante, é tão negativa quanto ela ou mais. Daí que, na Alemanha, pleiteou-se sua 
possível inconstitucionalidade, posição rechaçada pelo Tribunal Constitucional, permitindo, 
não obstante, que se possa conceder a liberdade condicional a partir dos quinze anos de 
cumprimento da pena e, que para preparar a liberdade condicional, se traslade o condenado a 
um estabelecimento aberto, concedendo a ele permissões de saída etc.
Em outros países que mantêm a prisão perpétua, como a França, por exemplo, regula-se 
expressamente que esta não pode durar mais que trinta anos e, em geral, mediante indultos e 
diversas medidas, convertendo-a, efetivamente, em prisão temporal, ainda que muitas vezes o 
detento morra antes de ser libertado.
Existe, atualmente, uma tendência a classificar a prisão como uma instituição que, pelo menos 
com relação aos condenados por delitos mais graves, tem funções puramente de custódia e 
não ressocializadoras. Todavia, não se conseguiu, ainda, levantar provas de que com a prisão 
se tenha conseguido reduzir as estatísticas de criminalidade violenta, e sim, pelo contrário, 
conseguiu-se nos últimos anos um aumento no índice da população carcerária e um aumento 
dos conflitos nos centros penitenciários.
Equivalem à prisão perpétua condenações à pena de prisão muito extensas (trinta, quarenta 
anos) que, efetivamente, transformam-se em perpétua. Também produzem o mesmo efeito a 
acumulação de diversas penas, ainda que não sejam de tanta duração, no caso de concurso de 
vários crimes (fraude com múltiplos prejudicados, roubos, crimes sexuais etc.).
Em outros Ordenamentos Jurídicos, impõem-se todas as penas de forma cumulativa, mas o 
juiz, na determinação da pena (Sentencing), estabelece um limite mínimo de duração e logo 
deixa nas mãos de uma comissão mista do Centro Penitenciário (Parole Board) a decisão 
sobre quando será cabível a liberdade condicional (Sistema Norte-Americano).
Todavia, ultimamente vem se entendendo, sobretudo nos Estados Unidos, a Teoria da True 
in Sentencing, isto é, o cumprimento íntegro da pena de prisão imposta nominalmente 
pelo juiz, sem nenhum tipo de redução de sua duração por boa conduta, boas perspectivas 
ressocializadoras etc. A ideia é a mesma que regula a manutenção da prisão perpétua e, 
naturalmente, exclui qualquer possibilidade de reinserção social na execução das penas.
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2.5. Alternativas à pena de prisão
Ainda que a ressocialização do delinquente fosse possível, até os mais firmes 
defensores das possibilidades ressocializadoras da pena de prisão estão de acordo 
que há de se seguir buscando alternativas que, sem a diminuição da necessária 
eficácia preventivo-geral que devem ter as sanções penais, evitem os efeitos negativos, 
dessocializadores e criminógenos que todos reconhecem ter a prisão.
Mas fica claro que somente são cabíveis as alternativas à pena de prisão quando esta não seja 
excessivamente longa, ou seja, que ultrapassando um limite mínimo previsto em determinado 
Ordenamento Jurídico, não seja superior a um ou dois anos, conforme dispõe o artigo 44 do 
Código Penal Brasileiro. Isto porque, para além deste tempo, é difícil que uma pena que não 
seja privativa de liberdade tenha o mesmo efeito preventivo-geral que a prisão.
Há, todavia, vozes destoantes da posição mantida pelo STF como, por exemplo, Silva Franco 
assevera que:
se a lei penal obriga a unificação das penas privativas de 
liberdade, fixando em 30 anos o tempo máximo de cumprimento, 
especificamente para evitar a possibilidade de existência de 
prisão perpétua, se prescreve, também, que a sua execução se 
dará de forma progressiva, evidentemente a única conclusão 
lógica que se pode retirar da leitura do art. 75 e parágrafos 
do CP. Aquele quantum punitivo máximo deve servir também como 
parâmetro cronológico e à conquista de eventuais benefícios 
prisionais que reduzam o tempo de duração da pena de prisão. 
(FRANCO, 2001, p. 1380 e ss.)
 Nesse sentido, admite-se que as alternativas à pena de prisão só podem ser 
consideradas para os delitos de pouca ou mediana gravidade, cometidos por 
delinquentes primários, com prognóstico favorável a respeito de uma vida futura sem 
delitos. Para todos os demais delitos de maior gravidade ou de mesma gravidade, 
mas com autores reincidentes ou habituais, ou com prognóstico ressocializador 
desfavorável, a pena de prisão ocupa o lugar principal, sem maiores possibilidades 
alternativas que a de reduzir sua duração nos casos em que se proceda à aplicação da 
liberdade condicional.
De acordo com esta ideia, o Direito Penal moderno prevê diversas alternativas à 
pena privativa de liberdade que, desde muito, foram introduzidas tanto na legislação 
como na práxis judicial, desempenhando um importante papel dentro do sistema 
das consequências jurídicas previstas para o delito. Entre as penas utilizadas no 
Direito Penal vigente na maioria dos países como alternativas à pena de prisão está, 
sobretudo, a multa, já diretamente prevista como pena principal em um bom número 
de delitos e substitutiva em determinadas situações para os quais o legislador, num 
primeiro momento, deixou de impor uma pena de prisão.
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Assim também a suspensão condicional da pena, adotada pelo Brasil desde 1924, 
a limitação de fim de semana, a prestação de serviços à comunidade, a interdição 
temporária de direitos, reparação do dano, pagamento de cestas básicas às vítimas 
ou a instituições filantrópicas, caução de não ofender, exílio local, mudança de 
residência ou bairro, monitoramento eletrônico, expulsão do território, admoestação 
ou repreensão (privada ou pública), cumprimento de instruções, confisco de 
propriedade pessoal, retratação (pedido de desculpas à vítima), inabilitação para 
dirigir veículo, tratamento de desintoxicação, submissão a programa de reabilitação 
social etc.
Chegamos ao final da Unidade 3! Aqui, 
você estudou a evolução histórica da 
pena, seu conceito e efeitos. 
Até a próxima!
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte especial. São Paulo: 
Saraiva, 2010.
CALDEIRA, Felipe Machado. A evolução histórica, teórica e filosófica da pena. Revista 
da EMERJ, v. 12, nº 45, 2009, pp. 255-272.
FRANCO, Alberto Silva et alli. Código Penal e sua Interpretação Jurisprudencial. São 
Paulo: RT, 2001. LEAL, César Barros. Prisão: Crepúsculo de uma Era. Belo Horizonte: Del 
Rey, 1998.
MIRABETE, Júlio F e Renato N. Fabrini. Manual de Direito Penal. Vol. 1. 29. ed. rev. e 
atual. São Paulo: Ed. Atlas, 2012.
PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia.9. Ed. São 
Paulo: Saraiva Jur, 2019.
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Coordenação do Núcleo de Educação a Distância
Andrea Chagas Alves de Almeida
Produção de Conteúdo Didático
Paulo Timbó
Fernanda de Castro Cunha
Jessie Coutinho de Souza Tavares
Projeto Instrucional
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