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PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 1 Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 01 a 90 e a Proposta de Redação, dispostas da seguinte maneira: a. as questões de número 01 a 45 são relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; b. Proposta de Redação; c. as questões de número 46 a 90 são relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. 2 Confira se o seu CADERNO DE QUESTÕES contém a quantidade de questões e se essas questões estão na ordem mencionada na instrução anterior. Caso o caderno esteja incompleto, tenha qualquer defeito ou apresente divergência, comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis. 3 Escreva e assine seu nome nos espaços próprios do CARTÃO-RESPOSTA com caneta esferográfica de tinta preta. 4 Não dobre, não amasse nem rasure o CARTÃO-RESPOSTA, pois ele não poderá ser substituído. 5 Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções identificadas com as letras , , , e . Apenas uma responde corretamente à questão. 6 Marque no CARTÃO-RESPOSTA a opção de língua estrangeira. 7 Use o código presente nesta capa para preencher o campo correspondente no CARTÃO-RESPOSTA. 8 Com seu RA (Registro Acadêmico), preencha o campo correspondente ao código do aluno. Se o seu RA não apresentar 7 dígitos, preencha os primeiros espaços e deixe os demais em branco. 9 No CARTÃO-RESPOSTA, preencha todo o espaço destinado à opção escolhida para a resposta. A marcação em mais de uma opção anula a questão, mesmo que uma das respostas esteja correta. 10 O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos. 11 Reserve os 30 minutos finais para marcar seu CARTÃO-RESPOSTA. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 12 Somente serão corrigidas as redações transcritas na FOLHA DE REDAÇÃO. 13 Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES e o CARTÃO-RESPOSTA / FOLHA DE REDAÇÃO. 14 Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá levar seu CADERNO DE QUESTÕES ao deixar em definitivo a sala de provas nos últimos 30 minutos que antecedem o término das provas. 15 Você será excluído do Exame, a qualquer tempo, no caso de: a. prestar, em qualquer documento, declaração falsa ou inexata; b. agir com incorreção ou descortesia para com qualquer participante ou pessoa envolvida no processo de aplicação das provas; c. perturbar, de qualquer modo, a ordem no local de aplicação das provas, incorrendo em comportamento indevido durante a realização do Exame; d. se comunicar, durante as provas, com outro participante verbalmente, por escrito ou por qualquer outra forma; e. portar qualquer tipo de equipamento eletrônico e de comunicação durante a realização do Exame; f. utilizar ou tentar utilizar meio fraudulento, em benefício próprio ou de terceiros, em qualquer etapa do Exame; g. utilizar livros, notas ou impressos durante a realização do Exame; h. se ausentar da sala de provas levando consigo o CADERNO DE QUESTÕES antes do prazo estabelecido e / ou o CARTÃO-RESPOSTA a qualquer tempo. LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO *de acordo com o horário de Brasília 2020 Código da Prova: 32 Simulado 2 – Prova I LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 As tirinhas da série Itchy Feet retratam, de forma cômica, situações vivenciadas por viajantes. Na tirinha anterior, o autor busca satirizar o(a) A. comportamento de turistas provenientes de nações desenvolvidas, os quais tendem a considerar exóticos os hábitos culturais de outros países. B. desinteresse de alguns viajantes pelas práticas religiosas dos países que visitam, optando por ignorar seus templos e outros locais de adoração. C. displicência típica de alguns turistas com seus objetos de valor, os quais são deixados sem supervisão, mesmo em países onde roubos são comuns. D. substituição paulatina das câmeras digitais, antes muito comuns entre viajantes, por celulares com câmera, que são menores e mais fáceis de carregar. E. diminuição gradual do entusiasmo de turistas que começam suas viagens registrando todos os detalhes, mas, eventualmente, perdem o interesse. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 02 Disponível em: <http://moviefone.tumblr.com/>. Acesso em: 16 abr. 2015. A publicidade tem como objetivo não só divulgar empresas, produtos ou serviços, mas também persuadir o público a aderir a uma ideia ou comportamento. Nessa campanha, o leitor é incentivado a A. dirigir conforme os limites de velocidade permitidos. B. telefonar para os parentes em caso de defeitos no veículo. C. respeitar a proibição do uso de telefone celular ao volante. D. utilizar o serviço de motorista do estabelecimento. E. evitar a combinação de bebida alcoólica e direção. QUESTÃO 03 Success is counted sweetest Success is counted sweetest By those who never succeed. To comprehend a nectar Requires sorest need. Not one of all the purple Host Who took the Flag today Can tell the definition So clear of Victory As he defeated – dying – On whose forbidden ear The distant strains of triumph Burst agonized and clear! DICKINSON, E. Disponível em: <http://www.poetryfoundation.org>. Acesso em: 18 mar. 2016. Emily Elizabeth Dickinson foi uma poetisa americana cujos poemas aparentam simplicidade, mas, na verdade, descrevem complicadas verdades psicológicas. No poema “Success is counted sweetest”, a autora afirma que as pessoas tendem a A. comemorar o sucesso alheio com mais entusiasmo. B. buscar o sentido da vida nos momentos de dificuldade. C. reclamar dos percalços que encontram em seu caminho. D. desejar de forma mais aguda aquilo que nunca possuíram. E. vangloriar-se de seus triunfos e envergonhar-se de seus fracassos. QUESTÃO 04 We teach girls to shrink themselves, to make themselves smaller. We say to girls: You can have ambition, but not too much. You should aim to be successful but not too successful, otherwise you will threaten the man. If you are the breadwinner in your relationship with a man, pretend that you are not, especially in public, otherwise you will emasculate him. […] Because I am female, I’m expected to aspire to marriage. I am expected to make my life choices always keeping in mind that marriage is the most important. Marriage can be a good thing, a source of joy, love, and mutual support. But why do we teach girls to aspire to marriage, but we don’t teach boys to do the same? […] Our society teaches a woman at a certain age who is unmarried to see it as a deep personal failure. While a man at a certain age who is unmarried has not quite come around to making his pick. […] We raise girls to see each other as competitors – not for jobs or accomplishments, which in my opinion can be a good thing – but for the attention of men. ADICHIE, C. N. We should all be feminists. Nova Iorque: Vintage Books, 2014. [Fragmento] Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana que explora, em suas obras, temas como feminismo, racismo, intolerância, religião e política, entre vários outros. Nesse excerto de seu discurso, a autora A. condena alguns hábitos culturais de seu país de origem com os quais não concorda. B. denuncia o modo díspar com que são tratados homens e mulheres na sociedade. C. declara sua oposição à imposição do casamento a meninas menores de idade. D. critica o espírito competitivo que as mulheres nutrem umas contra as outras. E. defende o direito da mulher de trabalhar fora e de ser a provedora do lar. QUESTÃO 05 Formation My daddy Alabama My mama Louisiana You mix that negro with that Creole, make a Texas-bama I like my baby hair with baby hairand afros I like my negro nose with Jackson 5 nostrils I earned all this money but they never take the country out me I got hot sauce in my bag… swag Disponível em: <http://www.beyonce.com/track/>. Acesso em: 20 out. 2016. [Fragmento] A música “Formation” foi lançada pela cantora Beyoncé no ano de 2016. Por meio do uso de termos e expressões como Creole, afros, negro nose e hot sauce, além da referência aos estados do Alabama e da Luisiana, a artista busca, nessa canção, A. refrear o ódio racial nos Estados Unidos. B. enaltecer as suas raízes afro-americanas. C. revisitar a história dos negros em seu país. D. mostrar a diversidade étnica estadunidense. E. reproduzir o discurso racista do qual foi vítima. LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 LINIERS, R. Disponível em: <http://www.porliniers.com>. Acesso em: 27 out. 2016. A tirinha do argentino Liniers faz uma crítica ao(à) A. ausência de tempo das pessoas que trabalham muito. B. uso das redes sociais para reencontrar os amigos distantes. C. falta de interesse das pessoas em buscar informação nas redes sociais. D. excesso de tempo que possuem as pessoas que não utilizam as redes sociais. E. sociedade contemporânea, que prioriza as relações virtuais em detrimento das pessoais. QUESTÃO 02 Julieta Película: Julieta Dirección y guion: Pedro Almodóvar País: España Año: 2015 Duración: 95 min Género: Drama […] Calificación por edades: No recomendada para menores de 12 años Julieta vive en Madrid con su hija Antía. Las dos sufren en silencio la pérdida de Xoan, padre de Antía y marido de Julieta. Pero el dolor a veces no une a las personas sino que las separa. Cuando Antía cumple dieciocho años abandona a su madre, sin una palabra de explicación. Julieta la busca por todos los medios, pero lo único que descubre es lo poco que sabe de su hija. La película habla de la lucha de la madre para sobrevivir a la incertidumbre. Habla también del destino, del complejo de culpa y de ese misterio insondable que nos hace abandonar a las personas que amamos, borrándolas de nuestra vida como si nunca hubieran significado nada, como si no hubieran existido. Disponível em: <http://www.labutaca.net>. Acesso em: 27 out. 2016 (Adaptação). De acordo com a sinopse, o filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar A. aborda a questão das relações afetivas entre marido e mulher. B. procura mostrar a luta de mães que tiveram seus filhos desaparecidos. C. classifica-se como uma comédia, gênero bastante explorado pelo diretor. D. é recomendada para crianças e adolescentes por possuir classificação livre. E. trata do complexo de culpa e da obscuridade em torno do abandono de entes queridos. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 Riñon, el órgano que más esperan los mexicanos para trasplante En el marco del Día Mundial del Donador de Órganos y Tejidos, la Secretaría de Salud dio a conocer que en México hay más de 20 mil personas en espera de recibir un trasplante y el riñon es el más solicitado. Esta conmemoración fue establecida por la Organización Mundial de la Salud (OMS) en Ginebra, Suiza, y tiene como objetivo difundir y promover la donación de órganos y tejidos para trasplantes, y sumar los esfuerzos de quienes trabajan en el mundo a favor de esta causa. Detalla que el Centro Nacional de Trasplantes y la Ley General de Salud ofrecen como alternativa para donar la firma de un documento oficial de la donación donde se manifiesta el consentimiento de las personas cuya voluntad, después de la vida, es ceder sus órganos o tejidos para que sean utilizados con fines terapéuticos. [...] Agrega que los órganos que pueden ser trasplantados son el corazón, riñones, hígado, páncreas y pulmón, mientras que entre los tejidos están la médula ósea, córneas, piel, hueso, válvulas cardíacas, cartílago, tendones, arterias y venas. Disponível em: <http://www.eluniversal.com.mx>. Acesso em: 27 out. 2016. [Fragmento] A respeito da doação de órgãos no México, a notícia informa que A. há mais de 20 mil pessoas na fila por um transplante de rim nesse país. B. há uma data exclusiva, estabelecida pela OMS, para realizar as doações de órgãos. C. promover a doação de órgãos diminui os esforços dos que trabalham em favor da causa. D. assinar um documento oficial garante o consentimento de doação de órgãos após a morte. E. existe um estoque de órgãos como coração, rins, fígado e pulmão disponíveis para doação. QUESTÃO 04 Novelas al dictado Álvaro Pombo ni escribe a mano ni aporrea un teclado. Él dicta. “Dicto todo lo que se me va ocurriendo y eso forma un bloque. Lo leo, lo corrijo, lo vuelvo a leer, me lo leen. Es un mundo de la viva voz. Yo cuento las cosas. Para una novela habitualmente dicto 300 páginas y después de esas se quitan 50 o las que sean. La gracia es quitar. Y el ordenador es más cómodo para quitar y poner. Los calcos ya son historia”. Siempre trabaja por las tardes. El autor de Contra natura o Donde las mujeres se levanta temprano. Emplea las mañanas en leer. “Leo los periódicos con gran atención y preparo un poco lo que voy a hacer por la tarde”. A mediodía se da un paseo. “La artrosis me ha martirizado y me ha inmovilizado mucho. Yo antes podía andar y andar. Ahora, que soy más lento y cojitranco, me siento más”. Está escribiendo un libro de poemas al que llama El barrio. “Yo soy muy de barrio, de este barrio (Argüelles). Se ha vuelto totalmente mestizo, se ha llenado de tailandeses y negros. Es estupendo”. Disponível em: <http://www.elmundo.es/>. Acesso em: 18 nov. 2015. Para o espanhol Álvaro Pombo, em seu ofício de escritor, o que mais lhe agrada é A. andar à tarde pelas ruas do bairro onde mora. B. retirar trechos dos romances ditados por ele. C. conviver com os mestiços do bairro onde vive. D. ler atenciosamente os jornais pelas manhãs. E. ditar as histórias para escrever um romance. QUESTÃO 05 Qué es Ni Una Menos Ni Una Menos es un grito colectivo contra la violencia machista. Surgió de la necesidad de decir “basta de femicidios”, porque en Argentina cada 30 horas asesinan a una mujer solo por ser mujer. La convocatoria nació de un grupo de periodistas, activistas, artistas, pero creció cuando la sociedad la hizo suya y la convirtió en una campaña colectiva. A Ni Una Menos se sumaron a miles de personas, cientos de organizaciones en todo el país, escuelas, militantes de todos los partidos políticos. Porque el pedido es urgente y el cambio es posible, Ni Una Menos se instaló en la agenda pública y política. El 03 de junio de 2015, en la Plaza del Congreso, en Buenos Aires y en cientos de plazas de toda Argentina una multitud de voces, identidades y banderas demostraron que Ni Una Menos no es el fin de nada sino el comienzo de un camino nuevo. Sumate. Disponível em: <http://niunamenos.com.ar>. Acesso em: 27 out. 2016. O texto informativo apresenta o movimento feminista Ni Una Menos. De acordo com o texto, A. o coletivo foi um reflexo de manifestações ocorridas na América Latina. B. a campanha representa um grito coletivo contra a violência de gênero. C. a convocatória nasceu da iniciativa de políticos do congresso argentino. D. as mulheres possuem direitos semelhantes aos dos homens na Argentina. E. os crimes contra a mulher ocorrem com pouca frequência no país rio-platense. LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Disponível em: <http://creativelife.cz/>. Acesso em: 16 dez. 2016 (Adaptação). É comum, em publicidades ou propagandas, o uso de recursos verbo-visuais para gerar reflexão ou humor. A figura de linguagem identificada no anúncio anterior também é vista em: A. Disponível em : <http://adsoftheworld.com/>. Acesso em: 14 nov. 2016. B. Disponível em: <http://image.slidesharecdn.com/>.Acesso em: 31 out. 2016. C. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/>. Acesso em: 31 out. 2016. D. Disponível em: <https://revistavelha.wordpress.com/>. Acesso em: 06 dez. 2016. E. Disponível em: <http://antesqueanaturezamorra.blogspot.com.br/>. Acesso em: 31 out. 2016. QUESTÃO 07 Roteiros e patrimônios tão incríveis que sua viagem também será histórica. Disponível em: <https://www.mg.gov.br/>. Acesso em: 07 dez. 2016. A palavra “que”, presente no texto publicitário do governo de Minas Gerais, está a serviço da coesão do texto. As ideias que essa conjunção traz combinadas são A. adição e comparação. B. conclusão e explicação. C. causa e adição. D. consequência e causa. E. explicação e adição. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 08 A pátria de trompetes Nova Orleans, no estado americano da Louisiana, era no século XIX o que Paris só viria a ser mais de 100 anos depois: uma festa. [...] Dos antigos colonizadores, Nova Orleans herdara a tolerância católica a manifestações dos escravos – bem diferente do resto do país, protestante. Aos domingos, os escravos podiam exibir suas danças e cantos em Congo Square. Desde o século XVIII, ainda sob o domínio dos franceses, o carnaval, chamado de Mardi Gras, era tradicionalíssimo. Um jornal de 1838 revelava a nova mania de trompetes e cornetas que tomava conta da cidade. Nova Orleans tinha tanta fama de licenciosidade que um bairro foi criado em 1897, Storyville, para abrigar a zona de meretrício. [...] A musicalidade da cidade não se restringia aos trompetes e atingia as camadas mais miseráveis da população. Os escravos se esqueciam da expectativa de 36 anos entoando as chamadas canções de trabalho, as canções religiosas de fé ou de lamentação e um tipo de interação aprendido nas igrejas, o “chamado e resposta”, em que o pastor conclamava, e os fiéis respondiam. De uma fusão dos elementos musicais africanos com o som de bandas militares e a tradição erudita europeia, ensinada a colonos e créoles (os filhos livres dos antigos colonos europeus com suas amantes negras), nasciam os embriões de um gênero musical que tornaria a vida dos negros de lá mais feliz. SEBBA, J. Aventuras na História. São Paulo, ano 6, n. 62, p. 37-38, set. 2008. [Fragmento] De acordo com o texto, o que tornou possível o surgimento do jazz na cidade de Nova Orleans foi o A. comportamento tolerante dos ex-colonizadores, que permitiam aos escravos expressar sua cultura e credo. B. pioneirismo cultural dos habitantes, que influenciavam os hábitos até mesmo dos colonizadores vindos de Paris. C. medo de uma morte prematura por parte dos escravos, que almejavam ser lembrados por meio da arte. D. número elevado de zonas boêmias, que funcionavam como antro da prostituição, mas também da criação artística. E. Mardi Gras, que oferecia grandes oportunidades aos artistas locais de mostrar seus trabalhos. QUESTÃO 09 Como se não bastasse não entendermos as letras das receitas médicas, é possível ouvir palavras que nem sabemos de onde vieram durante uma consulta. E você não está sozinho nessa situação. Dependendo do médico, fica bem difícil entender tudo o que ele diz. Mas, em qualquer circunstância, na dúvida, pergunte! Nada de ficar com vergonha. É da sua saúde que estamos falando. [...] Por mais que essa ferramenta possa ser útil, nem sempre os dados encontrados se aplicam a seu caso específico. A ideia inicial das idas tanto ao pronto-socorro quanto em uma visita a um especialista é que você saia de lá com todas as questões sanadas. Afinal, todos os médicos são treinados para isso! Cláudia Vasconcellos, professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), conta que “esse processo se inicia com o estudante de Medicina entendendo o novo termo e, a partir daí, ele deve fazer uma tradução para que qualquer paciente possa compreendê-lo”. Cláudia lembra que essas traduções são também exploradas durante as aulas de semiologia – que é a parte da Medicina relacionada ao estudo de sinais e sintomas de patologias –, em que o futuro médico aprende a fazer a história com o paciente e examiná-lo. Disponível em: <http://revistavivasaude.uol.com.br>. Acesso em: 29 jul. 2016. [Fragmento] Baseando-se no texto, pode haver, na comunicação entre médico e paciente, um problema de compreensão relacionado à A. informatividade, pois o uso da linguagem médica faz com que o paciente não receba ideias inéditas durante a comunicação. B. aceitabilidade, visto que o paciente que não tem conhecimento de termos da área da saúde pode ter dificuldade de entender as informações. C. coerência, haja vista que é inadequado que os pacientes busquem uma consulta médica sem o conhecimento de determinadas palavras. D. intencionalidade, porque o médico que utiliza o “mediquês” tem o objetivo de poupar o paciente de notícias desagradáveis sobre a sua saúde. E. situacionalidade, já que, em uma consulta, é coerente utilizar o “mediquês” quando faltam palavras que substituam termos médicos. LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 10 Consoada Quando a indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável), Talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: – Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar. BANDEIRA, M. Consoada. In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2009. No texto de Manuel Bandeira, a iminência da morte é encarada de forma debochada pelo eu lírico, no entanto eufemismos são empregados para se referir a ela. O uso dessa figura de linguagem no poema se justifica pelo(a) A. apelo estético do autor, que preferiu uma expressão mais longa para caracterizar a morte. B. convocatória por parte do autor para que os leitores reflitam sobre a efemeridade da vida. C. necessidade do autor de sensibilizar seu leitor ao tratar de tema tão controverso na literatura. D. desconforto do eu lírico pela morte, ainda que demonstre alguma proximidade dela em sua abordagem. E. comparação que o eu lírico faz entre a morte e a passagem do tempo, vista na dicotomia dia / noite. QUESTÃO 11 Disponível em: <http://www.soportugues.com.br>. Acesso em: 01 nov. 2016. A placa apresenta erro de acentuação na palavra “proibido”. De acordo com a norma-padrão da língua, a inadequação justifica-se porque o(a) A. vocábulo classifica-se como proparoxítono. B. hiato nas vogais “o” e “i” não é tônico. C. vogal tônica no ditongo “proi” é o “o”. D. sílaba tônica dessa palavra é “-do”. E. acento diferencial não é necessário. QUESTÃO 12 Todo azul do mar Daria pra beber todo azul do mar Foi quando mergulhei no azul do mar Onda que vem do azul, todo azul do mar VENTURINI, F.; BASTOS, R. Todo azul do mar. In: Flávio Venturini. Ao vivo. LP. Som Livre, 1991. [Fragmento] Uma mesma palavra pode pertencer a classes gramaticais distintas, dependendo do contexto da frase em que está inserida. O trecho de música que apresenta o uso da palavra “azul” equivalente a seu uso na canção anterior é: A. Você pega o trem azul O sol na cabeça O sol pega o trem azul Você na cabeça O sol na cabeça Disponível em: <http://www.letras.com.br>. Acesso em: 12 dez. 2016. B. Mas quem sofre sempre tem que procurar Pelo menos vir a achar Razão para viver Ver na vida algum motivo pra sonhar Ter um sonho todo azul Azul da cor do mar Disponível em: <http://www.timmaia.com.br>. Acesso em: 12 dez. 2016. C. Se acaso anoitecer E o céu perder o azul Entre o mar e o entardecer Alga marinha, vá na maresia Buscar ali um cheiro de azul Disponível em: <http://www.djavan.com.br>. Acesso em: 12 dez. 2016. D. E esse amor é azul Como o mar azul Como no coraçãoUma doce ilusão Disponível em: <http://www.letras.com.br>. Acesso em: 12 dez. 2016. E. Eu não sei Se vem de Deus Do céu ficar azul Ou virá Dos olhos teus Essa cor Que azuleja o dia... Disponível em: <https://www.vagalume.com.br>. Acesso em: 12 dez. 2016. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 13 Meu povo preste atenção O que agora vou contar De um homem muito valente Que morava num lugar – Até o próprio governo Tinha medo de o cercar O seu nome era Vilela Do Sertão pernambucano, E ele desde pequenino Que tinha o gênio tirano: Só com dez anos de idade Vilela mata o seu mano Os dois estavam brincando Na véspera de São João. Vilela mais o seu mano Tiveram uma discussão – Só por causa de um cachimbo Vilela mata o seu irmão. ATHAYDE, J. M. História do Valente Vilela. Ceará: José Bernardo da Silva, 1975. [Fragmento] O texto de João Martins Athayde é um exemplar da literatura de cordel, tipicamente nordestina. Uma característica desse gênero identificada no texto é a A. banalização da violência para retratar a difícil realidade dos sertanejos. B. incorporação da literatura como meio para alertar os leitores sobre um criminoso. C. caracterização de Vilela num texto que tem como fim biografar figuras importantes. D. reação de protesto do cordelista contra o governo, que nada faz para prender Vilela. E. apresentação da personagem Vilela como um temido herói do Sertão pernambucano. QUESTÃO 14 O projeto Viva Rugby, que visa divulgar o esporte e apresentar os valores da modalidade, esteve nessa sexta-feira, 14, na Satc. O atleta Daniel Xavier, da Seleção Brasileira, conversou com os estudantes sobre a prática que vem crescendo no Brasil. O jogador falou com os estudantes durante palestra onde apresentou o esporte e a trajetória do rúgbi como esporte olímpico. “Nossa intenção com o projeto é tornar a modalidade conhecida, já que está se popularizando país afora. Além disso, queremos propagar valores importantes como respeito, amor ao próximo e disciplina”, destacou o atleta. Além de visitar a Satc, o projeto desenvolvido pelo Criciúma Rugby Clube esteve no bairro da Juventude. Os treinos da equipe criciumense ocorrem nos campos da Satc. Disponível em: <http://www.portalsatc.com>. Acesso em: 28 out. 2016. Embora sua história no Brasil date do século XIX, somente nas últimas décadas o rúgbi tem se disseminado pelo país, conquistando adeptos de todas as idades. O projeto desenvolvido na cidade catarinense de Criciúma busca difundir a prática do rúgbi, mas também tem a finalidade de A. incorporar esse esporte como uma prática de prestígio perante a sociedade. B. aperfeiçoar as táticas empregadas pela equipe local durante os treinamentos. C. associar esse esporte a uma manifestação corporal necessária a um grupo social. D. levar às pessoas que praticam atividades físicas uma nova opção de lazer. E. conquistar a mesma estima associada ao futebol como esporte olímpico. QUESTÃO 15 Capítulo III Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja, – primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços. ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993. [Fragmento] Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside A. no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência. B. no sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes. C. na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião. D. na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho. E. na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de xenofobia. LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 16 Cidadezinha qualquer Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. ANDRADE, C. D. Antologia poética. 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. Para retratar a paisagem de uma cidade, o autor utiliza elementos que reforçam as características interioranas encontradas nesse lugar. Entre esses recursos, destaca-se a A. repetição do advérbio “devagar”, que dá a ideia de mesmice, rotina comum de quem vive no interior. B. representação da paisagem natural, única imagem presente nos ambientes desse tipo de cidade. C. enumeração de substantivos, que representam os pacatos habitantes de uma cidade do interior. D. reiteração do uso do artigo, que indica a quantidade reduzida de habitantes de pequenas cidades. E. reprodução da fala de um morador da cidade do interior, indicada pela marca de regionalismo. QUESTÃO 17 “Se a minha vida não vale, que produzam sem mim.” A frase no cartaz de uma manifestante nas ruas de Buenos Aires, em 19 de outubro [2016], expressa um ponto de inflexão nos protestos contra a violência sofrida pelas mulheres. Não são apenas mulheres no lado de dentro das ruas, mas mulheres fora da produção. Ao relacionar corpos violados com corpos que se recusam a produzir, pela declaração de greve geral, o potencial de questionamento e de rebelião amplia-se. Não é uma fagulha, mas um incêndio. Este não é um outubro qualquer no campo dos feminismos. BRUM, E. Disponível em: <http://brasil.elpais.com>. Acesso em: 08 nov. 2016. [Fragmento] O texto debate as manifestações de mulheres ao redor do mundo, em especial na Argentina. Sobre o excerto, depreende-se que explicita, principalmente, A. a crítica à precária situação das mulheres empregadas. B. o menosprezo governamental às mulheres que reivindicam. C. o incentivo à greve pelo aumento da violência contra mulheres. D. a ampliação dos motes e das reivindicações de protestos feministas. E. o aprofundamento da crise social das mulheres que não produzem. QUESTÃO 18 TEXTO I Books de cachorros resgatados fazem o número de adoções aumentar Uma iniciativa simples impulsionou a adoção de cachorros resgatados pela Prefeitura de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. O setor de comunicação da administração municipal se mobilizou para fazer uma campanha diferente: alguns dos cães ganharam um ensaio fotográfico. Os dois books foram postados na página da prefeitura no Facebook e repercutiram rapidamente. O primeiro, divulgado em fevereiro, teve quase dez mil compartilhamentos e quatro mil curtidas, além de centenas de comentários, mais de 500. O interesse pela adoção foi tão grande que a administração municipal decidiu fazer uma campanha de adoção logo depois do lançamento do ensaio fotográfico na rede social. KANIAK, T. Disponível em: <http://g1.globo.com/>. Acesso em: 31 out. 2016. [Fragmento adaptado] TEXTO II Campanharealizada pelo shopping Golden Square, em São Bernardo do Campo. Disponível em: <http://www.abcdoabc.com.br/>. Acesso em: 31 out. 2016. A notícia e o cartaz tratam da adoção de cachorros. Quanto à abordagem, o texto II apresenta um posicionamento que A. invalida o texto I, pois, se aumentam as adoções, as campanhas tornam-se desnecessárias. B. desvirtua o texto I, pois é uma campanha de iniciativa privada, visando, portanto, ao lucro. C. reforça o texto I, pois, bem como a notícia, o cartaz tem o objetivo de promover mais adoções. D. completa o texto I, pois o fato noticiado somente se legitima pela exposição do cartaz. E. apoia o texto I, pois a adoção de animais tende a aumentar por meio de campanhas. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 19 Fora da ordem Em 1588, o engenheiro militar italiano Agostinho Romelli publicou Le Diverse er Artficiose Machine, no qual descrevia uma máquina de ler livros. Montada para girar verticalmente, como uma roda de hamster, a invenção permitia que o leitor fosse de um texto ao outro sem se levantar de sua cadeira. Hoje podemos alternar entre documentos com muito mais facilidade – um clique no mouse é suficiente para acessarmos imagens, textos, vídeos e sons instantaneamente. Para isso, usamos o computador, e principalmente a Internet – tecnologias que não estavam disponíveis no Renascimento, época em que Romelli viveu. BERCITTO, D. Revista Língua Portuguesa, ano II, n. 14. O inventor italiano antecipou, no século XVI, um dos princípios definidores do hipertexto: a quebra de linearidade na leitura e a possibilidade de acesso ao texto conforme o interesse do leitor. Além de ser característica essencial da Internet, do ponto de vista da produção do texto, a hipertextualidade se manifesta também em textos impressos, como A. dicionários, pois a forma do texto dá liberdade de acesso à informação. B. documentários, pois o autor faz uma seleção dos fatos e das imagens. C. relatos pessoais, pois o narrador apresenta sua percepção dos fatos. D. editoriais, pois o editorialista faz uma abordagem detalhada dos fatos. E. romances românticos, pois os eventos ocorrem em diversos cenários. QUESTÃO 20 Vambora Entre por essa porta agora e diga que me adora Você tem meia hora pra mudar a minha vida Vem vambora que o que você demora é o que o tempo leva Ainda tem o seu perfume pela casa ainda tem você na sala porque meu coração dispara quando tem o seu cheiro dentro de um livro Dentro da noite veloz CALCANHOTO, A. Vambora. In: Adriana Calcanhoto. Maritmo. CD. Sony Music, 1998. [Fragmento] Em textos literários, é recorrente o uso de figuras de linguagem para a expressão de ideias. Na letra da canção, a autora emprega a figura de linguagem A. metonímia, em “você tem meia hora”. B. antítese, em “Vem vambora”. C. sinestesia, em “Ainda tem o seu perfume pela casa”. D. metáfora, em “porque meu coração dispara”. E. prosopopeia, em “Dentro da noite veloz”. QUESTÃO 21 Alguns episódios que reforçam a sina de agosto, o mês do cachorro louco A história brasileira deu sua contribuição para reforçar a crendice em torno do “mês do desgosto”, mas sua origem vem, como boa parte das coisas boas e ruins da pátria, de Portugal. Segundo o folclorista Mário Souto Maior, as mulheres portuguesas não casavam em agosto porque este era o mês preferido para os navios deixarem o país em busca de novos territórios para o reino. Como casar neste mês significava ficar sem lua de mel ou mesmo viúva logo após o matrimônio, cunhou-se a expressão: “Casar em agosto traz desgosto”. A superstição veio para a colônia e persiste em várias regiões do país (os destemidos que ousam contrariá-la podem, inclusive, conseguir bons descontos). Em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, Câmara Cascudo define agosto como “o mês das desgraças e das infelicidades” nos países latinos. VISEU, R. Disponível em: <http://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol. com.br>. Acesso em: 27 out. 2016. [Fragmento] Ao longo do texto, que trata do misticismo que cerca o mês de agosto, muitos substantivos que carregam conotações negativas são usados para traçar a origem da crença de que esse período do ano é cercado de maus agouros. No entanto, outros vocábulos são empregados com acepção positiva no texto, como é o caso de A. “sina”. B. “cachorro”. C. “contribuição”. D. “pátria”. E. “territórios”. QUESTÃO 22 A curiosidade de um ouvinte belo-horizontino foi despertada após escutar o slogan de uma estação de rádio de sua cidade natal. Ele pensou, então, que haveria duas possibilidades de escrita, grafadas a seguir: I. Alvorada, 94,9 FM. Você sabe por que ouve. II. Alvorada, 94,9 FM. Você sabe, porque ouve. A diferença na escrita das palavras em destaque implica à interpretação dos slogans A. duplicidade de sentidos, pois o texto I exprime a ideia de “razão”, e o II a de explicação. B. ideia de consequência de um fato no texto I, e noção de causa no texto II. C. incoerência, posto que os pronomes relativos nos textos I e II estão mal-empregados. D. redundância, já que existe certeza do informado nos dois textos. E. semelhança de sentido, mas classificações morfológicas diferentes. LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 23 Múmia de 3 mil anos passa por tomografia Como estudar uma múmia de quase 3 mil anos dentro de um sarcófago, quando só o fato de abrir o invólucro, colocando-a em contato com o ar, pode transformar em pó os restos conservados por milênios? Aliando a tecnologia médica com estudos arqueológicos, o Museu Oriental da Universidade de Chicago conseguiu obter uma imagem tridimensional da múmia Meresamun sem violar seu sarcófago. Pesquisadores supõem que Meresamun foi sacerdotisa de um templo de Tebas em 800 a.C. Sua urna funerária é decorada com elaboradas pinturas e está em ótimo estado de conservação. Por isso, depois de descoberta, passou 80 anos lacrada. Segundo os cientistas da universidade, com as informações obtidas no exame será possível estudar como Meresamun vivia, e continuar deixando-a descansar em paz dentro de seu sarcófago. BETING, G. História viva. São Paulo, ano 6, n. 66, p. 13, abril. 2009. O texto anterior é informativo, por isso sua abordagem é objetiva, estruturada em relatos hierarquizados pelo nível de importância dentro do contexto. Com base nisso, a autora privilegia a informação de que o A. estudo das múmias deve ser feito por especialistas para que elas não se deteriorem. B. museu usou recursos tecnológicos atuais para estudar uma múmia sem degradá-la. C. sarcófago encontrado pertenceu a uma personagem de relativo destaque na sociedade egípcia. D. contato do ar com achados arqueológicos pode desgastar ou até destruir relíquias milenares. E. tempo por que ficou lacrada a urna funerária depois de descoberta denota sua conservação. QUESTÃO 24 Guardar Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela. Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro Do que um pássaro sem voos. Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: Para guardá-lo: Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: Guarde o que quer que guarda um poema: Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar. MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. A memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma nação. Ela está presente nas lembranças do passado e no acervo culturalde um povo. Ao tratar o fazer poético como uma das maneiras de se guardar o que se quer, o texto A. ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da memória social de um povo. B. valoriza as lembranças individuais em detrimento das narrativas populares ou coletivas. C. reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores humanos. D. destaca a importância de reservar o texto literário àqueles que possuem maior repertório cultural. E. revela a superioridade da escrita poética como forma ideal de preservação da memória cultural. QUESTÃO 25 Pacutiguibê Iaô Pacutiguibê macumba Iaê! Pacutiguibê macumba Iaô! Hoje tem festa no terreiro De Maria Cotia Pois hoje é dois de fevereiro Para felicidade minha Hoje eu vou me mandar É pra lá Já levo atabaque Afinado enfeitado inteiro Já levo zamba minha nêga Um batuque pro sinhô Já levo a fita rubro-negra Pra ofertar pra Iaô Iaô chegou pra comemorar Iaô entrou na roda de zambar bonito Iaô chegou do mar RIBAS, M. Pacutiguibê Iaô. In: Marku Ribas. Underground. LP. Copacabana, 1973. [Fragmento] Uma nação é formada por aspectos sociais, econômicos e políticos, que estão diretamente relacionados às formas de expressão e à língua. A canção de Marku Ribas trata da cultura afrodescendente, empregando versos que destacam a A. dificuldade do negro de se inserir social e culturalmente hoje no Brasil. B. oposição da crença e fé europeias em relação à religiosidade africana. C. festividade de origem negra, envolvendo dança e instrumentos musicais. D. diversidade dos idiomas africanos em relação àqueles falados na Europa. E. participação de negros em rituais conhecidos como de origem portuguesa. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 26 DAHMER, André. Disponível em: <http://www.malvados.com.br/>. Acesso em: 10 dez. 2014. A tirinha aborda uma prática recorrente na contemporaneidade: a utilização das redes sociais virtuais. A fala do terceiro quadrinho contém uma crítica à(ao) A. democratização dos aparatos virtuais na contemporaneidade. B. existência da escravidão em tempos remotos. C. possibilidade de escravos terem acesso às redes sociais. D. tempo disponibilizado na utilização das redes virtuais. E. tempo gasto pelos escravos na construção das pirâmides. QUESTÃO 27 GALHARDO. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 14 nov. 2016. Com frequência, as tirinhas servem-se de poucos elementos composicionais para despertar reflexões sobre a vida humana. Nesse sentido, os recursos verbo-visuais no texto anterior apontam, simbolicamente, a A. condição das pessoas com deficiência. B. dúvida existencial de muitas pessoas. C. complexidade de questionamentos abstratos. D. hipocrisia nos julgamentos dos indivíduos. E. ignorância do sujeito sobre sua condição. QUESTÃO 28 BROWNE, D. Disponível em: <http://planetatirinhas.wordpress.com>. Acesso em: 22 dez. 2016. Na tirinha, as personagens dialogam, até que, no último quadrinho, algo inesperado acontece. A atitude da personagem principal revela, supostamente, sua intenção de demonstrar a A. sabedoria dos anciãos. B. esperteza dos adultos. C. negligência dos jovens. D. humildade das crianças. E. determinação dos pais. LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 29 O mundo se tornava fascista. Num mundo assim, que futuro nos reservariam? Provavelmente não havia lugar para nós, éramos fantasmas, rolaríamos de cárcere em cárcere, findaríamos num campo de concentração. Nenhuma utilidade representávamos na ordem nova. Se nos largassem, vagaríamos tristes, inofensivos e desocupados, farrapos vivos, velhos prematuros; desejaríamos enlouquecer, recolher-nos ao hospício ou ter coragem de amarrar uma corda ao pescoço e dar o mergulho decisivo. Essas ideias, repetidas, vexavam-me; tanto me embrenhara nelas que me sentia inteiramente perdido. Afligia-me especialmente supor que não me seria possível nunca mais trabalhar; arrastando-me em ociosidade obrigatória, dependeria dos outros, indigno e servil. RAMOS, G. Memórias do cárcere. São Paulo: José Olympio, 1953. Graciliano Ramos apresenta um relato sobre sua prisão durante o Estado Novo, no qual narra as situações com que se deparou naquele período. No fragmento apresentado, o autor A. denuncia o modo como o Brasil que surgia tratava os cidadãos com ideologias contrárias à Ditadura. B. expõe, com a menção a assassinatos ou suicídios, uma constante sensação de que a morte se aproxima. C. afirma que os presos eram inúteis e loucos, sem condições dignas de trabalhar e sustentar a si mesmos. D. faz uma equiparação das pessoas que se encontram em cárcere, seja em cadeias, seja em hospícios. E. reflete sobre os sentimentos de perdição e ócio causados por sua incapacidade de trabalhar na cadeia. QUESTÃO 30 Fechado após ser destruído durante um incêndio no fim do ano passado [2015], o Museu da Língua Portuguesa fará exposições itinerantes do seu acervo no estado de São Paulo em 2016. A mostra de “Estação da Língua” será aberta no dia 4 de março, em Araraquara, interior paulista, e depois passará por outras cidades durante o ano, como Pirassununga. O fogo destruiu parte do prédio da Estação da Luz, onde funciona o Museu da Língua Portuguesa, região central da capital paulista, em 21 de dezembro. Segundo a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, a exposição itinerante em 2016 seguirá o conceito central do Museu da Língua Portuguesa, propondo interatividade e tecnologia como veículos para apresentar o idioma ao público, nos seus mais variados sotaques e evoluções. Como o acervo do museu é digital, ele pode ser aplicado e adaptado para outros espaços. Disponível em: <http://g1.globo.com/>. Acesso em: 14 nov. 2016. [Fragmento] Segundo a notícia, o Museu da Língua Portuguesa destaca-se ao preservar o patrimônio linguístico nacional sobretudo por A. oferecer interatividade efetiva ao público que o visita. B. possibilitar a flexibilidade e a segurança de seu acervo. C. promover o acesso à investigação dos variados sotaques. D. retratar cronologicamente a evolução do português brasileiro. E. simbolizar a identidade brasileira por meio da língua padrão. QUESTÃO 31 “Ler para uma criança é uma atitude transformadora. Por meio da leitura, a criança desenvolve a criatividade e adquire cultura, conhecimento e valores”, afirma a educadora Ana Teberoski, professora da Universidade de Barcelona e uma das pesquisadoras mais respeitadas quando o tema é alfabetização. FLEURY, Y. Disponível em: <http://www.curtamais.com.br>. Acesso em: 07 dez. 2016. Quanto mais cedo a leitura começar, melhor será para a criança, de acordo com a pesquisadora entrevistada na reportagem. Nessa reflexão, sua fala apoia-se em A. permitir o contato com um mundo completamente desconhecido. B. apontar para os pais quais são os interesses futuros de seu filho. C. ampliar o potencial de descobertas e a compreensão da ética pela criança. D. buscar o contato com o multiculturalismo para o futuro leitor. E. aumentar logo cedo as chances de uma alfabetização eficiente. QUESTÃO 32 O quereres Ah! Bruta flor do querer Ah! Bruta flor, bruta flor Onde queres comício, flíper-vídeo E onde queres romance, rock ‘n’ roll Onde queres a Lua, eu sou o Sol Onde a pura natura, o inseticídio Onde queres mistério, eu sou a luz E onde queres um canto, o mundo inteiro Onde queres quaresma, fevereiro E onde queres coqueiro, eu sou obus VELOSO, C. O quereres. In: Caetano Veloso. Totalmente demais. LP. Phillips Records, 1986. [Fragmento] Caetano Veloso utiliza na canção figuras de linguagem para falar da expectativa que pessoas afetivamente envolvidas têm uma da outra. Para construir o sentido do texto, a principal figura de linguagem presente no trecho é o(a) A. antítese, porqueexiste uma relação de sentidos opostos entre as palavras para reforçar a ideia das diferenças enfrentadas pelo par. B. eufemismo, pois são utilizados termos que amenizam a situação problemática que envolve a expectativa de um em relação ao outro. C. metáfora, porque as palavras permitem inúmeras possibilidades de leitura, construindo uma comparação implícita entre as pessoas. D. metonímia, porque há termos empregados no lugar de outros, com proximidade de ideias, representando as diferenças do par. E. paradoxo, pois as combinações de ideias expressas pelas palavras são inconcebíveis, sugerindo a incompatibilidade entre as pessoas. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 33 Arrumação Josefina sai cá fora e vem vê olha os fôrro ramiado vai chovê vai trimina riduzi toda a criação das banda da lá do ri Gavião chiquêra prá cá já ronca a truvão Futuca a tuia, pega o catadô Vamo plantá feijão no pó Mãe Purdença inda num culheu o ai o ai rôxo essa lavora tardâ diligença pega panicum balai vai cum tua irmã, vai num pulo só vai colhê o ai, ai da tua avó [...] MELO, E. F. Arrumação. In: Elomar. Na quadrada das águas perdidas. LP. Seminário Música de Agora na Bahia, 1978. A letra da canção manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. Para expressar melhor esse repertório o compositor faz uso de vários recursos, como a(o) A. adoção de uma ordem cronológica na narrativa, impedindo, assim, a construção de sentido da letra da canção. B. citação de vários elementos típicos da paisagem urbana para expressar a cultura regional brasileira. C. emprego da norma-padrão da Língua Portuguesa para garantir a expressão cultural do tema retratado pela canção. D. omissão de alguns elementos da narrativa, como o uso de personagens para retratar vários aspectos da cultura brasileira. E. utilização de expressões regionais que, embora possam inicialmente dificultar o entendimento, não impedem a construção de sentido da canção. QUESTÃO 34 Tá faltando eu Preciso me curtir bem mais É pena que só olho pros lados Se a alma quer um banho de sais O corpo quer me ver apaixonado O medo aguça a atração A solidão na pele arde Espero que quando eu me ver E acordar não seja tarde LEÃO, F. Tá faltando eu. In: Gusttavo Lima. Buteco do Gusttavo. CD. Som Livre, 2015. [Fragmento] Em letras de músicas, a linguagem informal é usada para aproximar a canção dos ouvintes. No entanto, ao se analisar o texto pelo viés da norma-padrão, inadequações podem ser identificadas, como visto no(a) A. colocação do pronome “me” no primeiro verso. B. ausência de um artigo indefinido antes de “pena”. C. uso da preposição que antecede “atração”. D. conjugação do verbo “ver” na segunda estrofe. E. emprego do advérbio de negação após o verbo. QUESTÃO 35 Como as novas gerações vão expandir a energia solar O Greenpeace Brasil e a NESsT Brasil lançaram um desafio: convocar universitários de todo o país para trazerem suas ideias de como democratizar a energia solar. O concurso Desafio Solar para Negócios Sociais teve mais de 250 inscrições e mostrou que há muitos jovens com boas ideias por aí. Ao longo de cinco meses, grupos selecionados participaram de seminários, palestras e mentorias com profissionais do mercado. Assim, eles receberam informações valiosas para conseguir tirar suas ideias do papel. Segundo Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (ABSOLAR), é muito importante ouvir esses jovens e incentivá-los, ainda mais quando o interesse é por uma fonte limpa e renovável de energia. Disponível em: <http://www.greenpeace.org>. Acesso em: 26 out. 2016. [Fragmento] Quando lançou o concurso em busca de soluções de expansão do uso de energia solar, a organização do desafio visou A. divulgar as boas ideias sustentáveis das instituições. B. chamar a atenção das universidades para o problema. C. avaliar o desempenho dos futuros profissionais da área. D. buscar investimentos em diversos eventos acadêmicos. E. convidar os jovens a contribuir com propostas atualizadas. QUESTÃO 36 Disponível em: <http://www.alwaysbrasil.com.br>. Acesso em: 27 out. 2016. Textos publicitários exploram diferentes recursos para o convencimento do público-alvo. A mensagem transmitida pelo anúncio anterior estrutura-se pela confluência do texto verbal com o texto não verbal, uma vez que o(a) A. corte na frase e o chute na caixa refutam papéis sociais atribuídos à mulher. B. produto anunciado cessa os limites sociais historicamente impostos ao gênero feminino. C. radicalismo de movimentos feministas do século XXI é enaltecido pelo anunciante. D. estampa da camiseta denota que o produto anunciado tem respaldo científico. E. igualdade de gêneros torna-se tangível com a existência e a venda do produto. LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 37 Crônica da abolição [...] Toda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha. [...] Disse-lhe com rara franqueza: – Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida, e tens mais um ordenado, um ordenado que... – Oh! meu senhô! Fico. – Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo: tu cresceste imensamente. Quando nasceste eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos... – Artura não qué dizê nada, não, senhô... – Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis: mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha. – Eu vaio um galo, sim, senhô. – Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete. Pancrácio aceitou tudo: aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos. Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio: daí para cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés. MACHADO DE ASSIS. Crônica da abolição. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 07 ago. de 2014. Com um objetivo marcadamente irônico, Machado de Assis publicou essa crônica poucos dias depois da abolição da escravatura no Brasil. O discurso e a atitude do “dono” de Pancrácio, que o alforria para contratá-lo como assalariado, são os elementos que sustentam a ironia do texto. A fala que melhor revela a hipocrisia desse personagem é: A. “Toda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha.” B. “Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida, e tens mais um ordenado.” C. “Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo: tu cresceste imensamente. Quando nasceste eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu.” D. “Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis: mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha.” E. “Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.” QUESTÃO 38 – Aí, beleza? Você joga bola? – Jogo. – A gente tá precisando de um lateral direito pra completar o time da turma, tá afim? – Tô dentro. – Aí, gente, fechamos o time! Qual é seu nome? – É Léo. – Vem pra cá, Léo! Chega mais! – chamou um outro garoto. REBOUÇAS, T. Ela disse, ele disse. Rio de Janeiro: Rocco, 2011. Por causa de influências históricas, sociais, regionais, entre outras, a variação linguística do Brasil é rica e retrata a diversidade de seu povo. No trechoapresentado, à procura de mais um jogador de futebol, um garoto convida Léo para completar o time. A linguagem utilizada A. pertence à variedade culta da língua e está adequada ao contexto, pois os garotos acabaram de se conhecer. B. representa o modo de falar dos garotos daquela idade, pois a informalidade é comum nesse grupo de falantes. C. está em desacordo com o contexto, pois a informalidade do ambiente pede que a linguagem seja coloquial. D. reforça a ideia de como os jovens se expressam mal, pois esse modo de falar não condiz com a norma-padrão. E. dificulta a compreensão dos garotos, pois as abreviações das palavras e o uso de gírias são inadequados. QUESTÃO 39 O Brasil figura entre os países de maior diversidade linguística. Estima-se que, atualmente, são faladas mais de 200 línguas. A partir dos dados levantados pelo Censo IBGE de 2010, especialistas calculam a existência de pelo menos 170 línguas ainda faladas por populações indígenas. Embora não contabilizadas pelo Censo, pesquisas na área de linguística também apontam para outras línguas historicamente “situadas” e amplamente utilizadas no Brasil, além das indígenas: línguas de imigração, de sinais, de comunidades afro-brasileiras e línguas crioulas. Esse patrimônio cultural é desconhecido ou mesmo ignorado por grande parte da população brasileira. A historiografia do país demonstra que foi necessário considerável esforço do colonizador português em impor sua língua pátria em um território tão extenso. Trata-se de um fenômeno político e cultural relevante o fato de, na atualidade, a Língua Portuguesa ser a língua oficial e plenamente inteligível de norte a sul do país, apesar das especificidades e da grande diversidade dos chamados “sotaques” regionais. Esse empreendimento relacionado à imposição da Língua Portuguesa foi adotado enquanto uma das estratégias de dominação, ocupação e demarcação das fronteiras do território nacional, sucessivamente, em praticamente todos os períodos e regimes políticos. Da Colônia ao Império, da República ao Estado Novo e daí em diante. GARCIA, M. V. C. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br>. Acesso em: 21 out. 2016. [Fragmento] Em um país territorialmente tão grande como o Brasil, é impossível não haver variedade linguística. Sobre essa diversidade exposta no texto, conclui-se que A. as influências de outras culturas no país contribuíram para que a Língua Portuguesa alcançasse todos os falantes do território brasileiro. B. os sotaques interferem na compreensão e na qualidade da Língua Portuguesa, apesar de esta ser falada de norte a sul do país. C. as outras línguas, embora plenamente usadas, são irrelevantes, visto que a maioria da população usa a Língua Portuguesa. D. as línguas faladas pela minoria são desvalorizadas pela população geral, que sabe muito pouco ou nada sobre a existência e a importância delas. E. os portugueses esforçaram-se para que a Língua Portuguesa dominasse o Brasil por considerarem inferiores as outras línguas. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 40 TE XT O AS SI NA TU RA = CONFIRMO MINHA PRESENÇA JANTAR DIA TRES VG QUANDO TEREI SEMPRE RENOVADO PRAZER ABRACAR VELHOS ET PREZADOS AMIGOS PRESTIGIOSO PT CORDIALMENTE = HABITUE-SE A INDICAR NO RECIBO DO SEU TELEGRAMA A HORA EM QUE O RECEBER. COM ESSA PROVIDÊNCIA, AUXILIARÁ O DEPARTAMENTO NA FISCALIZAÇÃO DA ENTREGA DOS TELEGRAMAS Disponível em: <http://www.anosdourados.blog.br>. Acesso em: 27 out. 2016 (Adaptação). O telégrafo foi um meio de comunicação popular no Brasil ao longo dos séculos XIX e XX. Um dos gêneros textuais decorrentes dele era o telegrama, correspondência social caracterizada pela pronta-entrega e por seu texto curto, já que a cobrança era feita por palavra. A necessidade de compor um texto simples inovou a língua, como comprovado, no texto anterior, pela A. dispensa de todos os sinais diacríticos. B. supressão de preposições e conjunções. C. omissão do sujeito em todas as orações. D. utilização de abreviações em termos longos. E. ausência de marcadores de pausa na escrita. QUESTÃO 41 Oceano Vem me fazer feliz Porque eu te amo Você deságua em mim E eu oceano Esqueço que amar É quase uma dor Só sei Viver Se for Por você DJAVAN. Oceano. In: Djavan. Djavan. LP. Luanda Edições Musicais, 1989. [Fragmento] No texto da canção, como recurso estrutural, o autor muda a classe gramatical de um dos vocábulos. Essa estratégia implica subjetividade temática, demonstrando que o compositor A. identifica semelhança sonora entre o substantivo “oceano” e a desinência número-pessoal de “amo”. B. associa uma ideia de ação ao substantivo concreto “água”, inserindo-o entre dois pronomes pessoais. C. percebe a semelhança de som nos vocábulos terminados em “r”, empregando-os todos como verbos. D. impõe noção de experiência no lugar de ação ao utilizar o verbo “viver” como um substantivo. E. trabalha a ambiguidade apresentada pelo vocábulo “por”, sendo tanto um verbo como uma preposição. QUESTÃO 42 Linha de frente O nó da tua orelha ainda dói em mim E Cebolinha mandou avisar Quando a “fleguesa” chegar Muitos pãezinhos há de degustar Magali faz a cadência da situação É que essa padaria nunca vendeu pão E tudo que é de ruim sempre cai pra cá Tem pouca gente na fronteira, então é só chegar O dinheiro vem pra confundir o amor O santo pesado que tá sem andor Na turma da Mônica do asfalto Cascão é rei do morro e a chapa esquenta fácil Quem tá na linha de frente Não pode amarelar O sorriso inocente Das crianças de lá Disponível em: <http://www.letras.com.br>. Acesso em: 20 out. 2016. O rapper Criolo evidencia, em seu discurso, a preocupação com o povo brasileiro, levando para suas canções a realidade das periferias. Em “Linha de frente”, o cantor refere-se à Turma da Mônica, conhecida história em quadrinhos de Mauricio de Sousa, para A. denunciar o trabalho infantil presente nas favelas brasileiras, em que crianças se sujeitam a empregos no comércio local em troca de um salário ínfimo, pois estão na linha de frente do sustento da família. B. refletir sobre o abandono das crianças de periferia, que vivem ociosas, observando o movimento da rua e do comércio sem fregueses, e conscientes de sua condição, sem dinheiro e assistência. C. falar da realidade das crianças envolvidas com o tráfico no Brasil, que utilizam os comércios de fachada para a venda de drogas, as quais entram facilmente no país porque as fronteiras são pouco vigiadas. D. homenagear as personagens, fazendo uma menção ao seu papel de representantes das crianças, tanto do morro quanto dos grandes centros, mesmo sendo essas realidades tão diferentes. E. mostrar como a realidade das crianças da periferia é difícil, pois, como há policiamento na fronteira, o que há de pior na sociedade vai para lá, afastando-as das pessoas que evitam frequentar esses locais. LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 43 O meu nirvana No alheamento da obscura forma humana, De que, pensando, me desencarcero, Foi que eu, num grito de emoção, sincero Encontrei, afinal, o meu nirvana! Nessa manumissão schopenhauereana, Onde a vida do humano aspecto fero Se desarraiga, eu, feito força, impero Na imanência da ideia soberana! Destruída a sensação que oriunda fora Do tato – ínfima antena aferidora Destas tegumentárias mãos plebeias – Gozo o prazer, que os anos não carcomem, De haver trocado a minha forma de homem Pela imortalidade das ideias ANJOS, A. O meu nirvana. In: Eu e outras poesias. 3. ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora, 2011. No soneto de Augusto dos Anjos, o eu lírico reflete acerca de sua imortalidade como poeta. O gênero literário em que esse poema se enquadra é o lírico, pois a voz poética A. usa da confluência de tempos, espaços, ações e vozesna construção do texto. B. busca homenagear o autor Schopenhauer por meio de linguagem grandiloquente. C. dá vazão à sua subjetividade num texto em que prevalecem rima e musicalidade. D. trabalha uma temática cotidiana numa ordem sequencial e progressiva de tempo. E. narra seus grandes feitos, citando o autor Schopenhauer, aqui visto como o herói. QUESTÃO 44 Disponível em: <www.ivancabral.com>. Acesso em: 27 fev. 2012. O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à A. polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para transmitir a ideia que pretende veicular. B. ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”. C. homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o espaço da população rica. D. personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico. E. antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da família. QUESTÃO 45 Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2016. A linguagem publicitária visa atrair vendas para o produto que anuncia usufruindo de recursos linguísticos e expressivos variados. A forma e o vocabulário apresentados no texto, que divulga um jornal impresso, têm como objetivo A. alertar os leitores sobre o problema da comunicação no país, apresentando como solução o uso de termos coloquiais na publicação. B. esclarecer que os jornalistas preferem a linguagem informal por não causar polêmicas ou distorções na intenção discursiva. C. convidar o leitor a ler o periódico, já que neste é empregada uma linguagem acessível e popular para relatar os fatos acontecidos. D. demonstrar que a informalidade, juntamente com os regionalismos, também é tema de notícias, mesmo aparentando não ser. E. divulgar que a “língua da gente” é a informal, embora haja normas e convenções em textos de outros jornais em circulação. ENEM – VOL. 2 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TEXTO I O atual conceito de família valoriza a dignidade da pessoa humana, no momento em que tutela o afeto como o ponto central, o próprio coração de uma legítima família. A família é um vínculo de afeto e é protegida constitucionalmente, considerada como a base da sociedade. A diversidade sexual com a sua pluralidade afetiva deve ser compreendida como um elemento de integração social. SENA, M. T. C. Novas formas de família. Disponível em: <http://ambito-juridico.com.br>. Acesso em: 14 nov. 2016. TEXTO II O projeto de lei 6 583 / 13 [Estatuto da Família], de autoria do deputado Anderson Ferreira (PR-PE), [...] apresenta, logo no artigo 2º, a definição de família: “define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.” A proposta está de acordo com o que diz a Constituição Federal de 1988, mas vai de encontro a uma decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro de 2011. [...] Neste ano, ministros do STF reconheceram por unanimidade a união entre pessoas do mesmo sexo como família, igualando direitos e deveres de casais heterossexuais e homossexuais. E, em 2013, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) regulamentou a união homoafetiva por meio de resolução que obriga os cartórios a realizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br>. Acesso em: 14 nov. 2016. [Fragmento] TEXTO III Composição das famílias brasileiras Casal sem filhos Casal sem filhos e com parentes Casal com filhos Casal com filhos e com parentes Mulher sem cônjuge com filhos Mulher sem cônjuge com filhos e com parentes Homem sem cônjuge com filhos Homem sem cônjuge com filhos e com parentes Outros 4,2% 6,3% 2000 2010 13% 1,9% 56,4% 7,2% 11,6% 3,7% 1,5% 0,4% 0,6% 1,8% 4% 12,2% 5,5% 49,4% 2,5% 17,7% Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 06 dez. 2016. TEXTO IV [...] De acordo com o IBGE, que elaborou o estudo Estatísticas de Gênero, em 2000, as mulheres chefiavam 24,9% dos 44,8 milhões de domicílios particulares. Em 2010, 38,7% dos 57,3 milhões de domicílios registrados já eram comandados por mulheres. Segundo a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), em mais de 42% destes lares, a mulher vive com os filhos, sem marido ou companheiro. Neste cenário de dificuldades e desafios, elas conquistaram muito, mas é preciso avançar mais. [...] Disponível em: <http://www.brasil.gov.br>. Acesso em: 14 nov. 2016. [Fragmento] R ep ro du çã o / F on te : I BG E INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”. 4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto. 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “Pluralidade familiar no Brasil: desafios e perspectivas”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTOS MOTIVADORES LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 Assim formou-se a Liga de Delos, com Atenas encarregando-se de garantir a proteção das cidades que dela faziam parte mediante um tributo destinado a financiar a constituição e o funcionamento da frota. MARITAIN, J. A filosofia da natureza. São Paulo: Edições Loyola. p. 27. A Liga de Delos, importante instrumento na luta contra os persas, assumiu dimensão distinta da destacada no texto, na medida em que os(as) A. cidades gregas propunham um papel agressivo na busca da formação de um império. B. pitonisas de Delfos profetizaram a ameaça proveniente da Guerra do Peloponeso. C. espartanos compreenderam o papel militar decisivo dos povos de origem dória. D. gregos foram invadidos pelas tropas militares macedônicas de Alexandre, o Grande. E. recursos arrecadados foram desviados para os interesses exclusivos da pólis ateniense. QUESTÃO 47 Disponível em: <http://www.italiamedievale.org>. Acesso em: 19 out. 2016. A imagem retrata figuras femininas do século XIV na defesa de um castelo. Essa representação questiona a A. versão de que as mulheres eram consideradas inferiores pelos homens medievais. B. definição tradicional de sociedade estamental justificada ideologicamente pela Igreja. C. concepção de que as mulheres tinham papéis sociais ligados ao trabalho doméstico. D. interpretação historiográfica que limita aos homens a participação nos combates. E. visão que restringe os papéis sociais exercidos pelas mulheres no Período Medieval. QUESTÃO 48 Talvez não haja melhor lugar para se observar o impacto inicial da queda das taxas de fertilidade da Europa nas últimas décadas que a zona rural alemã, um problema com implicações assustadoras para a economia e a psique do continente. [...] Em seu censomais recente [2013], a Alemanha descobriu que havia perdido 1,5 milhão de habitantes. Segundo especialistas, em 2060, a população do país poderá ter encolhido outros 19%, chegando a cerca de 66 milhões. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br>. Acesso em: 01 dez. 2015 (Adaptação). Entre as medidas adotadas por alguns países europeus para evitar a grande escassez de mão de obra, destacam-se o(a) A. redução do tempo de permanência dos trabalhadores em atividade. B. contenção do fluxo migratório proveniente de países mais pobres. C. limitação do número de mulheres no mercado de trabalho. D. estímulo à natalidade por meio de subsídios financeiros aos pais. E. geração de emprego para a população ativa em idade adulta. QUESTÃO 49 As três viagens de que Américo [Vespúcio] participou, realizadas entre 1499 e 1503, tiveram o mérito de invalidar Colombo. Depois delas, ficou claro que as novas terras [compunham] um continente desconhecido. Mesmo sem ter sido responsável direto por essa descoberta, Américo foi recebido na Corte como autoridade na matéria. GOMES, P. F. Américo antes da América. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br>. Acesso em: 23 out. 2015. No contexto da Expansão Marítima, o continente que os europeus encontraram recebeu o nome de América, em homenagem ao florentino Américo Vespúcio, mesmo Colombo tendo sido o primeiro europeu a desembarcar oficialmente na região. Essa homenagem está relacionada com o fato de que Américo Vespúcio A. invalidou a “descoberta” de Colombo, uma vez que o florentino realizou mais viagens que o navegante genovês. B. possuía mais conhecimentos geográficos do que Colombo, pois aquele se apoiava na cartografia do geógrafo grego Ptolomeu. C. refutou, por meio de relatos detalhados, a tese de Colombo, o qual acreditava ter chegado ao Extremo Oriente. D. estudou em Florença, fato que lhe conferiu legitimidade, pois a cidade era considerada uma referência em assuntos náuticos. E. promoveu uma conquista bem-sucedida da América do Sul, ao contrário de Colombo, que fracassou nesse intento. ENEM – VOL. 2 – 2020 CH – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 50 Eternos moradores do luzente Estelífero polo, e claro assento, Se do grande valor da forte gente De luso não perdeis o pensamento, Deveis de ter sabido claramente, Como é dos fados grandes certo intento, Que por ela se esqueçam os humanos De assírios, persas, gregos e romanos. CAMÕES, L. Os Lusíadas. Disponível em: <http://www.dominiopublico. gov.br>. Acesso em: 23 nov. 2016. [Fragmento] Um argumento baseado no trecho do poema épico de Camões e outro fundamentado pela atual Historiografia, que buscam justificar o pioneirismo português nas viagens ultramarinas, são, respectivamente: A. Capacidade técnica dos cosmógrafos / Financiamento dos grupos mercantis. B. Heroísmo de figuras públicas / Domínio português da navegação de cabotagem. C. Vocação marítima do povo português / Vasta experiência dos navegadores. D. Posição geográfica de Portugal / Desenvolvimento das ciências da navegação. E. Surgimento de novos instrumentos náuticos / Fundação da Escola de Sagres. QUESTÃO 51 [...] Os europeus pensaram que a América lhes estava destinada. De início, o Novo Mundo constituiu um país de sonho, o Eldorado, e de aventuras. O sonho se desfez depressa, a aventura permaneceu durante muito tempo a regra. A rápida derrocada dos impérios indígenas deu aos europeus a impressão de que se encontravam diante de uma natureza virgem que poderiam modelar. Como a América oferecia menos obstáculos e mais interesses que a África, projetaram transplantar para essa região sua civilização e engrandecer sua pátria. A América foi o continente das novas províncias: Novas Castela, Galiza, Granada, Espanha, [...]. Realmente [...], as sociedades constituídas pelos europeus diferenciavam-se sensivelmente das de seus países. CORVISIER, A. História Moderna. São Paulo: Difel, 1980. p. 256. [Fragmento] A expectativa inicial dos europeus, de que a América era um território virgem onde poderiam reproduzir fielmente sua própria civilização, não se concretizou. Um aspecto que corrobora essa originalidade da sociedade colonial que se constituiu na América Espanhola foi a A. adoção de aspectos da cultura nativa pelos colonos. B. adesão do catolicismo por parte da população ameríndia. C. rejeição dos valores europeus pelos povos nativos. D. miscigenação entre colonos e nativos incentivada pela Coroa. E. imposição de critérios elitistas de organização social. QUESTÃO 52 O conceito de lugar sempre esteve presente na análise geográfica, sofrendo amplas considerações em diferentes épocas. Por muito tempo, a Geografia tratou o lugar como uma expressão do espaço geográfico sob uma dimensão pontual (localização espacial absoluta). Para ultrapassar esta ideia, a discussão de lugar tem sido realizada sob duas acepções: lugar e experiência e lugar e singularidade. GIOMETTI, S.; PITTON, S. E.; ORTIGOZA, S. A. G. Leitura do espaço geográfico através das categorias: lugar, paisagem e território. Disponível em: <http://www.acervodigital.unesp.br>. Acesso em: 05 dez. 2016 (Adaptação). A Geografia, como ciência social, utiliza, em sua análise, um conjunto de categorias que expressam sua identidade, ao discutir a ação humana no ato de ocupar, modificar e modelar a superfície terrestre. Dessa forma, a análise do lugar como experiência pessoal caracteriza-se principalmente pela A. valorização da afetividade em relação ao ambiente. B. definição do espaço como realidade socialmente construída. C. interpretação da noção coletiva da análise espacial. D. inserção da noção de território como algo particular. E. redução dos limites entre tudo que é público e individual. QUESTÃO 53 Uma das revoltas de escravos mais conhecida é a de Espártaco, ocorrida no ano 70, a partir da fuga de um grupo de gladiadores na Campânia [...]. Outras revoltas igualmente famosas foram as da Sicília de 136 a 133 [...]. Estes dois movimentos, não obstante terem provocado, pelas suas dimensões, o pânico entre os romanos, não foram capazes de ameaçar verdadeiramente a ordem estabelecida (escravista) [...]. É deste ângulo que também deve ser abordada a participação dos escravos urbanos nas lutas políticas entre os cidadãos durante o último século da República; lutas que, como se sabe, degeneraram em verdadeiras guerras civis. Os escravos que se envolveram nestes conflitos na verdade serviam de massa de manobra aos políticos ambiciosos e não apresentavam um programa político próprio. FLORENZANO, M. B. O mundo antigo: economia e sociedade. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 75-77. Os exemplos mencionados no texto evidenciam que as lutas escravistas ocorridas em Roma, na Antiguidade, foram A. incapazes de desestabilizar a ordem política dos governos romanos. B. fragilizadas pelo distanciamento dos demais grupos sociais subalternos. C. ineficientes em relação às conquistas de alforrias de pessoas escravizadas. D. limitadas pela falta de uma proposta alternativa à estrutura social vigente. E. irrelevantes historicamente pela incapacidade de combater o escravismo. CH – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 2 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 54 [Tom] Standage, editor de conteúdo do site da revista britânica The Economist, afirma que redes sociais como Facebook, Twitter e Tumblr podem ser as últimas encarnações de uma prática que começou por volta do ano 51 a.C., na Roma Antiga. O autor relata como Cícero usava um escravo, que posteriormente tornou-se seu escriba, para redigir mensagens em rolos de papiro que eram enviados a uma espécie de rede de contatos. Essas pessoas, por sua vez, copiavam seu texto, acrescentavam seus próprios comentários e repassavam adiante. Disponível em: <https://noticias.terra.com.br>. Acesso em: 18 out. 2016. [Fragmento