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MATERIAL 4 - SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO

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1 
 
DIREITO DO TRABALHO I – material 04 
(Lázaro Luiz Mendonça Borges) 
 
 
4. RELAÇÃO DE EMPREGO 
 
 
4.1. Relação de trabalho e relação de emprego: 
 
 
Existem alguns tipos de relações de trabalho lato sensu que não se confundem com a 
relação de emprego, esta considerada strictu sensu. As primeiras dizem respeito a todos os 
tipos de trabalho (lícito, é claro) e as segundas são específicas dos contratos de emprego. 
 
A relação de emprego é caracterizada pela necessária cumulação de alguns elementos. São, 
portanto, os seguintes elementos que caracterizam a relação de emprego: 
 
4.1.1. Elementos caracterizadores da relação de emprego: 
 
a) pessoalidade, ou seja, um dos sujeitos, denominado empregado tem 
o dever jurídico de prestar serviços em favor de outrem pessoalmente; 
b) o trabalho é prestado de forma não-eventual, razão pela qual ele 
deverá ser essencial à atividade do empregador; 
c) onerosidade, ou seja, o trabalho implica a contraprestação 
(pagamento de salário); 
d) risco do negócio do empregador: quem corre o risco do negócio é 
sempre o empregador, nunca o empregado. Se o trabalhador exerce habitualmente o seu 
ofício ou profissão por conta e risco e, normalmente, com clientela variada, é trabalhador 
autônomo. O emprego é prestado (pelo trabalhador empregado) por conta alheia (do 
empregador); 
e) os serviços são prestados de forma subordinada. Subordinar significa 
ordenar, comandar, dirigir a parte de um ponto superior àquele onde se encontra outro 
sujeito. A subordinação é, então, evidenciada na medida em que o tomador dos serviços 
(e não o prestador, como acontece no trabalho autônomo) define o tempo (jornadas e 
intervalos) e o modo de execução (forma como o trabalho deve ser desenvolvido) daquilo 
 
 
2 
 
que foi contratado. No plano jurídico, a subordinação é uma situação que limita a ampla 
autonomia de vontade do prestador dos serviços. 
 
4.2. Sujeitos da relação de emprego - EMPREGADO: 
 
4.2.1. Empregado: 
 
 O artigo 3º da CLT diz o seguinte: 
 
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de 
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. 
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à 
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. (grifei) 
 
Pelo exposto no artigo acima, empregado é a pessoa física que presta serviços de 
natureza não eventual a empregador mediante salário e subordinação. Os serviços 
podem ser de natureza técnica, intelectual ou manual. O empregado é o sujeito prestador 
do trabalho, aquele que pessoalmente, sem auxílio de terceiros, despende, em caráter não 
eventual e sob direção alheia, sua energia laboral em troca de salário. Do conceito se 
extraem os pressupostos do conceito de empregado: pessoalidade, não eventualidade, 
onerosidade e subordinação jurídica. 
 
4.2.1.1. Pessoalidade: exige que o empregado execute suas atividades 
pessoalmente, sem se fazer substituir, a não ser em caráter esporádico e com a 
aquiescência do empregador (Alice Monteiro de Barros). O fato de a atividade humana ser 
inseparável da pessoa do empregado é que provoca a intervenção do Estado na edição de 
normas imperativas destinadas a proteger a liberdade e a personalidade. 
 
4.2.1.2. Não eventualidade: observe que o legislador não utilizou o 
termo “continuidade”. Os serviços são necessários à atividade normal do empregador. 
Assim, mesmo que o serviço seja descontínuo, intermitente, poderá ser de natureza não 
eventual, configurando, assim, relação de emprego típica. 
 
 
 
3 
 
4.2.1.3. Onerosidade (salário): é a contraprestação devida e paga 
diretamente pelo empregador ao empregado em virtude do contrato de trabalho. Poderá 
ser pago em dinheiro ou in natura (alimentação, habitação etc.). 
 
4.2.1.4. Subordinação jurídica (ou hierárquica): é a dependência real 
criada pelo direito de o empregador comandar, dar ordens, dirigir, fiscalizar, ou seja, 
intervir na atividade do empregado, donde nasce a obrigação correspondente de o 
empregado se submeter a essas ordens. Portanto, a subordinação nada mais é do que o 
estado de dependência na conduta profissional. 
 
Segue abaixo decisão recentemente publicada: 
 
PROCESSO TRT - RO-0011562-15.2016.5.18.0003 
RELATORA: DESEMBARGADORA IARA TEIXEIRA RIOS 
RECORRENTE(S): OPUS INCORPORADORA LTDA 
ADVOGADO(S): MANOEL MESSIAS LEITE DE ALENCAR 
RECORRENTE(S): UNIQUE SELLER COORDENACAO IMOBILIARIA LTDA 
ADVOGADO(S): MANOEL MESSIAS LEITE DE ALENCAR 
RECORRIDO(S): BRUNNA GRACYELLE LEMOS DE LIMA 
ADVOGADO(S): OSVANDI RAIONI SOARES ASSOLARI 
ORIGEM: 18ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA 
JUIZ(ÍZA): GLENDA MARIA COELHO RIBEIRO 
EMENTA 
"CORRETOR DE IMÓVEIS. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO. 
INEXISTÊNCIA DOS REQUISITOS DE EMPREGO. Nos termos da 
legislação o corretor de imóveis é caracterizado como trabalhador autônomo e, por 
conseguinte, quando age nesta qualidade, não pode ser considerado empregado. Tal 
circunstância, contudo, não representa óbice ao reconhecimento da relação 
empregatícia, quando nos deparamos com situações concretas em que há a 
presença dos requisitos de emprego. In casu, verifica-se a falta de subordinação e 
pessoalidade do corretor, porquanto podia faltar aos serviços quando lhe conviesse 
bem como ser substituído por outro corretor cadastrado. Mantenho a ". (TRT18, 
RO - 0001198-57.2011.5.18.0003, Rel. BRENO MEDEIROS, sentença 2ª 
TURMA, 22/03/2012) 
 
 
 
4 
 
4.2.2. Outros tipos de empregado: 
 
Além da figura do empregado ‘típico’, temos ainda outros diversos tipos de empregado 
previstos na CLT, o empregado em domicílio/teletrabalhador, trabalhador contratado 
para prestação de trabalho intermitente (nova modalidade introduzida pela Lei n. 
13.467/2017), empregado que exerce cargo de confiança e o diretor de sociedade 
anônima; e os empregados especiais previstos na legislação trabalhista esparsa: empregado 
doméstico (Lei Complementar n. 150, de 1º de junho de 2015) e empregado rural (Lei n. 
5.889/1973). 
 
4.2.2.1. Empregado em domicílio/teletrabalhador: 
 
O artigo 6º da Consolidação das Leis do Trabalho (alterado pela Lei n. 12.551/2011) tem 
a seguinte redação: 
 
Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do 
empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, 
desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Redação 
dada pela Lei nº 12.551, de 2011) 
Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e 
supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e 
diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. (Incluído pela Lei nº 
12.551, de 2011) 
 
Entende-se por empregado em domicílio aquele que realiza as atividades laborais em 
sua própria residência ou em qualquer outro lugar, segundo lhe aprouver, sem, entretanto, 
deixar de estar submetido pessoalmente ao regulamento, à direção, à fiscalização e às 
sanções patronais. Ele tem, portanto, todos os direitos trabalhistas. Se não houver 
subordinação, não haverá vínculo de emprego. 
 
Algumas decisões a respeito desse tema: 
 
 
 
5 
 
Trabalho a domicílio. Costureira. A costureira que presta serviços no seu domicílio 
por mais de 3 anos, utilizando máquina industrial fornecida pela empresa, tem 
vínculo empregatício reconhecido, caracterizado pela pessoalidade, continuidade, 
onerosidade e dependência econômica. (TRT 12ª R., Ac. Da 2ª T., por maioria de 
votos, no mérito, RO 3.966/92, rel. Juiz C. Godoy Ilha, j. em 31.1.1994, DJSC 
10.2.1994, pl 91) 
 
TRT–01564-2011-041-03-00-0-RO 
Recorrentes: Andreia Aparecida de Sene Manheis e Euza Belisaria de Sene. 
Recorrido: Leandro & Adriano restaurantes Ltda. 
EMENTA: VÍNCULO DE EMPREGO NÃO CONFIGURADO. 
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA RESIDÊNCIA DAS TRABALHADORAS. 
AUSÊNCIA DESUBORDINAÇÃO E PESSOALIDADE. Mesmo nas relações 
de trabalho autônomo, não é incomum encontrar-se a presença da onerosidade e 
não-eventualidade da prestação de serviços, afastando-se, contudo, o elo 
empregatício pela constatação da inexistência de subordinação jurídica e 
pessoalidade. In casu, a prestação do serviço em atividade-meio (lavagem de tolhas 
de mesa de restaurante), ainda que regular, não gera vínculo de emprego, 
porquanto o serviço foi executado no domicílio das próprias reclamantes, sem os 
requisitos da subordinação jurídica e da pessoalidade, previstos no art. 3.º da CLT. 
 
No teletrabalho o prestador dos serviços encontra-se fisicamente ausente da sede do 
empregador, mas virtualmente presente, por meios telemáticos, na construção dos 
objetivos contratuais do empreendimento. Teletrabalho significa trabalho a distância, com 
a utilização dos recursos tecnológicos das comunicações e informações, para substituir o 
deslocamento diário à sede da empresa. 
 
O teletrabalho apresenta as seguintes características: a) trabalho executado a distância; b) 
o empregador não pode fisicamente fiscalizar a execução da prestação de serviços; c) 
flexibilização de horário; d) a fiscalização do trabalho se faz por meio de equipamentos 
telemáticos. 
 
A Lei n. 13.467/2017 tratou de forma mais aprofundada o teletrabalho, com capítulo 
específico (novo Capítulo II-A da Consolidação das Leis do Trabalho), nos artigos 75-A a 
75-E, abaixo transcritos: 
 
 
6 
 
CAPÍTULO II-A 
 
DO TELETRABALHO 
 
 
Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de teletrabalho 
observará o disposto neste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente 
fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de 
informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como 
trabalho externo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a 
realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no 
estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. (Incluído pela Lei nº 
13.467, de 2017) 
Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar 
expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades 
que serão realizadas pelo empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
§ 1o Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho 
desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual. 
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
§ 2o Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial 
por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze 
dias, com correspondente registro em aditivo contratual. (Incluído pela Lei nº 
13.467, de 2017) 
Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção 
ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e 
adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas 
arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. (Incluído pela Lei nº 
13.467, de 2017) 
Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a 
remuneração do empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e 
ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de 
trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade 
comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador. (Incluído 
pela Lei nº 13.467, de 2017) 
 
Também foi acrescentado mais um inciso ao artigo 62 da Consolidação das Leis do 
Trabalho, que fala dos empregados não abrangidos pelo regime da jornada de trabalho. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
 
 
7 
 
O novo inciso III do artigo 62 diz expressamente que os empregados em teletrabalho 
também não estão abrangidos pelo regime da jornada de trabalho. 
 
4.2.2.2. Empregado exercente de cargo de confiança: 
 
A doutrina faz distinção entre empregados ordinários (aqueles que, dentro da estrutura 
hierárquica funcional da empresa, não têm qualquer ascendência sobre seus 
companheiros, notadamente porque não dispõem de poderes gerenciais, tampouco 
possuem dimensão salarial de destaque) dos altos empregados (aqueles que realizam 
atribuições elevadas e que dispõem de amplos poderes gerenciais; são os empregados 
ocupantes de cargo de confiança, investidos de mandato com poderes de administração 
para agir em nome do empregador). 
 
Exemplos: diretores gerais, administradores, superintendentes, gerentes com amplos 
poderes. 
 
4.2.2.3. Empregado-sócio: 
 
É possível que um sócio cotista seja contratado como empregado da empresa por ele 
constituída, desde que ele tenha a condição de mero cotista, não influindo, por sua 
participação acionária ou por sua situação no sistema de gestão, no poder diretivo de 
outros sócios, exercentes da condição de administradores. 
 
4.2.2.4. Diretor de S/A: 
 
Corrente doutrinária entende que o diretor ou administrador de S/A, investido de 
mandato eletivo, como pessoa física e representante legal da pessoa jurídica, não pode ser, 
simultaneamente, empregado, pois integra órgãos indispensáveis à existência dessa 
sociedade. Nesse caso, o contrato de emprego seria extinto (Mozart Vitor Russomano). 
 
Entretanto, outra corrente doutrinária entende que o diretor de S/A tanto pode ser 
diretor-órgão, sem vínculo de emprego, como diretor-empregado. Operar-se-ia a 
 
 
8 
 
suspensão do contrato de trabalho durante o período em que ele exercer o cargo de 
diretor, integrando seus órgãos, passando a ser representante legal da pessoa jurídica, 
ficando paralisadas as cláusulas do contrato de Trabalho, posição adotada pelo Tribunal 
Superior do Trabalho, através da Súmula 269: 
 
SUM-269 DIRETOR ELEITO. CÔMPUTO DO PERÍODO COMO TEMPO 
DE SERVIÇO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 
O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de 
trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço desse período, salvo se 
permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. 
 
Observação importante: deve constar na ata de assembleia de eleição a suspensão do 
contrato de trabalho e tal condição deve ser anotada na CTPS. Nesse caso, o efeito 
jurídico que se admite é a faculdade concedida ao credor do trabalho (“empregador”) 
computar esse tempo para cálculo do FGTS (artigo 16 da Lei 8.036/90, abaixo transcrito). 
Os recolhimentos para o FGTS devem ser efetuados com a ressalva de que se trata de 
diretor não empregado: 
 
Art. 16 (Lei n. 8.036/90). Para efeitodesta lei, as empresas sujeitas ao regime da 
legislação trabalhista poderão equiparar seus diretores não empregados aos demais 
trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS. Considera-se diretor aquele que exerça 
cargo de administração previsto em lei, estatuto ou contrato social, independente da 
denominação do cargo. 
 
4.2.3. Identificação profissional do empregado: 
 
Trata-se do assentamento de dados prévios à prestação do trabalho, relacionados à 
qualificação profissional do executante, e relativos ao emprego. Essas anotações são 
realizadas na CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social) do obreiro, e também no 
Livro de Registro que fica na posse do empregador. Os documentos de registro histórico-
laboral não apenas visam a identificação do trabalhador e das particularidades relacionadas 
ao serviço por ele prestado, mas também servem de instrumento de prova dos 
acontecimentos relacionados ao trabalho. 
 
 
9 
 
 
4.2.3.1. CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social: 
 
O artigo 13 da Consolidação das Leis do Trabalho prevê o seguinte: 
 
Art. 13 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o 
exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em 
caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional 
remunerada. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969) (grifei) 
 
Entretanto, excepcionalmente, é possível a admissão de trabalhadores que não possuam 
CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social), de acordo com o previsto nos §§ 3º e 
4º do artigo 13 da CLT: 
 
Art. 13 – (...) 
§ 3º - Nas localidades onde não for emitida a Carteira de Trabalho e Previdência 
Social poderá ser admitido, até 30 (trinta) dias, o exercício de emprego ou 
atividade remunerada por quem não a possua, ficando a empresa obrigada a 
permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo. 
(Redação dada pela Lei nº 5.686, de 3.8.1971) 
§ 4º - Na hipótese do § 3º: (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969) 
I - o empregador fornecerá ao empregado, no ato da admissão, documento do qual 
constem a data da admissão, a natureza do trabalho, o salário e a forma de seu 
pagamento; (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969) 
II - se o empregado ainda não possuir a carteira na data em que for dispensado, o 
empregador lhe fornecerá atestado de que conste o histórico da relação 
empregatícia. (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969) 
 
A emissão e entrega da CTPS obedecerão ao que dispõem os artigos 14 a 26 da 
Consolidação das Leis do Trabalho (saliente-se que os artigos 18, 19, 22 a 24, 27 e 28 
foram revogados). 
 
A respeito das anotações na CTPS, observar o que preceitua o artigo 29 da CLT: 
 
 
 
10 
 
Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente 
apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual 
terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data 
de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a 
adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem 
expedidas pelo Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 
24.10.1989) 
§ 1º - As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, 
qualquer que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, 
bem como a estimativa da gorjeta. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 
28.2.1967) 
§ 2º - As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas: 
(Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) 
a) na data-base; (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) 
b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador; (Redação dada pela Lei nº 
7.855, de 24.10.1989) 
c) no caso de rescisão contratual; ou (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 
24.10.1989) 
d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social. (Redação dada pela 
Lei nº 7.855, de 24.10.1989) 
§ 3º - A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo acarretará 
a lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que deverá, de ofício, 
comunicar a falta de anotação ao órgão competente, para o fim de instaurar o 
processo de anotação. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) 
§ 4º - É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do 
empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social. (Incluído pela 
Lei nº 10.270, de 29.8.2001) 
§ 5º - O descumprimento do disposto no § 4o deste artigo submeterá o empregador 
ao pagamento de multa prevista no art. 52 deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 
10.270, de 29.8.2001) (grifamos) 
 
A Lei n. 9.983/2000 promoveu algumas alterações no artigo 297 do Código Penal, a 
saber: 
 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar 
documento público verdadeiro: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 
 
11 
 
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do 
cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de 
entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de 
sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a 
fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de 
segurado obrigatório; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em 
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração 
falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as 
obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da 
que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no 
§ 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do 
contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) (nossos grifos) 
 
Importante destacar ainda que a Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) atualizou (e 
acrescentou novos parágrafos) a redação do artigo 47 da Consolidação das Leis do 
Trabalho e ainda acrescentou o artigo 47-A, ambos tratando de multa aplicada ao 
empregador em caso de manter empregado sem o devido registro na CTPS: 
 
Art. 47. O empregador que mantiver empregado não registrado nos termos 
do art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a multa no valor de R$ 
3.000,00 (três mil reais) por empregado não registrado, acrescido de igual 
valor em cada reincidência. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 
§ 1o Especificamente quanto à infração a que se refere o caput deste 
artigo, o valor final da multa aplicada será de R$ 800,00 (oitocentos reais) 
por empregado não registrado, quando se tratar de microempresa ou 
empresa de pequeno porte. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
 
 
12 
 
§ 2o A infração de quetrata o caput deste artigo constitui exceção ao 
critério da dupla visita. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
Art. 47-A. Na hipótese de não serem informados os dados a que se refere 
o parágrafo único do art. 41 desta Consolidação, o empregador ficará 
sujeito à multa de R$ 600,00 (seiscentos reais) por empregado 
prejudicado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
 
Segue abaixo decisão sobre o tema proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª 
Região: 
 
PODER JUDICIÁRIO 
JUSTIÇA DO TRABALHO 
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 
PROCESSO PJE Nº 1001522-66.2017.5.02.0261 - 16ª. TURMA 
RECURSO ORDINÁRIO 
RECORRENTE: CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA 
RECORRIDO: SHEILA NOEMI DE DEUS SILVA 
ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE DIADEMA 
RELATOR: NELSON BUENO DO PRADO 
EMENTA 
Os elementos de convicção evidenciam que a omissão patronal em cumprir o prazo 
de lei para a baixa da CTPS da reclamante, significou para esta a perda de uma 
chance de conseguir nova colocação no mercado de trabalho em condições mais 
favoráveis, uma vez que pediu demissão para ingressar em novo emprego. A crise 
econômica porque passa o País é sentida por toda a população, inclusive pelo setor 
empresarial, haja vista a nítida dificuldade, sobretudo do segundo e terceiro setor 
em subsistir a um nível produtivo adequado, gerando, assim, a retração da 
economia e a consequente perda de postos de trabalho. Há que se presumir o 
sofrimento psicológico da reclamante ao ser privada de seu emprego pela 
negligência do apelante. A incerteza quanto à própria condição de subsistência 
afronta o instinto mais básico do ser humano e, sem dúvida, se afigura como fator 
de estresse a ser considerado. Em relação ao valor arbitrado a título de danos 
morais - R$ 7.000,00 (sete mil reais), entendo que o importe condenatório foi 
fixado com parcimônia em se considerando o gravame da conduta patronal. Apelo 
a que se nega provimento. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
 
 
13 
 
Quanto ao valor probatório, as anotações feitas na CTPS geram presunção juris tantum 
(relativa) de veracidade, ou seja, são entendidas como meio de prova até que exista outra 
prova contundente em sentido contrário, caso em que será prestigiado o Princípio da 
Primazia da Realidade: 
 
Art. 456 (CLT). A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas 
anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento escrito e suprida 
por todos os meios permitidos em direito. 
 
Súmula 225 (STF) 
NÃO É ABSOLUTO O VALOR PROBATÓRIO DAS ANOTAÇÕES DA 
CARTEIRA PROFISSIONAL. 
 
SUM-12 (TST) CARTEIRA PROFISSIONAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 
19, 20 e 21.11.2003 
As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não 
geram presunção "juris et de jure", mas apenas "juris tantum". 
 
 
4.3. Sujeitos da relação de emprego - EMPREGADOR: 
 
O artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho define o que é empregador. A Reforma 
Trabalhista alterou o § 2º e acrescentou o § 3º: 
 
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, 
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a 
prestação pessoal de serviço. 
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação 
de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as 
associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que 
admitirem trabalhadores como empregados. 
§ 2o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, 
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou 
administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma 
sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis 
 
 
14 
 
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. 
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 
§ 3o Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo 
necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse 
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das 
empresas dele integrantes. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
 
A doutrina faz crítica ao legislador sustentando que se cometeu equívoco ao introduzir a 
expressão “empresa” no dispositivo, porquanto esta significa a atividade econômica 
produtiva organizada, não tendo personalidade jurídica, não podendo ser sujeito de 
direito nem de obrigação; empresa é algo abstrato, não podendo contratar e ser 
empregador. 
 
Abaixo, decisão do TST publicada em 30/11/2018, no qual restou decidido não haver 
grupo econômico entre as empresas Creme Mel e Transbrasiliana: 
 
PROCESSO Nº TST-RR-728-70.2016.5.10.0812 
A C Ó R D Ã O 
(4ª Turma) 
GMCB/rrs 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO 
ECONÔMICO. CONFIGURAÇÃO. PROVIMENTO. 
Há que se processar o recurso de revista em que a agravante demonstra efetiva 
divergência jurisprudencial, uma vez que o aresto transcrito da Subseção I 
Especializada em Dissídios Individuais - SBDI I, com decisão no sentido de que a 
mera situação de coordenação entre as empresas ou a existência de sócios comuns 
entre duas ou mais empresas não configura, por si só, grupo econômico, revela a 
existência de tese contrária à adotada na decisão recorrida. Agravo de instrumento 
a que se dá provimento. 
RECURSO DE REVISTA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO 
ECONÔMICO. NÃO CONFIGURAÇÃO. PROVIMENTO. 
A jurisprudência desta Corte, inclusive em precedente da SBDI-1 (E-ED-RR-
214940-39.2006.5.02.0472), julgado em 22.05.2014, ao interpretar o teor do artigo 
2º, § 2º, da CLT, pacificou o entendimento de que a mera existência de sócios 
em comum e de relação de coordenação entre as empresas não constitui 
elemento suficiente para a caracterização do grupo econômico. No caso, o 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
 
 
15 
 
egrégio Tribunal Regional considerou que a reclamada integra o grupo Odilon 
Santos, porque faz parte de um complexo de empresas dirigidas, controladas e 
administradas pelos integrantes da família, o que caracteriza o grupo econômico, 
apto a autorizar a responsabilização solidária pelas parcelas deferidas na presente 
ação. Tal decisão contraria o entendimento desta Corte Superior sobre a matéria, 
que exige a existência de controle e fiscalização de uma empresa líder para a 
configuração do grupo econômico, circunstância não noticiada no acórdão 
recorrido. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. 
 
Sustenta-se, ainda, que o próprio legislador corrigiu o erro ao definir empregador no 
artigo 3º da Lei n. 5.889/1973 (Trabalho rural) e no § 1º do artigo 15 da Lei n. 
8.036/1990 (FGTS). 
 
Art. 3º (Lei n. 5.889/73) - Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta 
Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade 
agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de 
prepostos e com auxílio de empregados. 
§ 1º Inclui-se na atividade econômica, referida no "caput" deste artigo, a 
exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na 
Consolidação das Leis do Trabalho. 
 
Art. 15 (Lei n. 8.036/90). (...) 
 § 1º Entende-se por empregador a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito 
privado ou de direito público, da administração pública direta, indireta ou 
fundacional de qualquer dos Poderes, da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, que admitir trabalhadores a seu serviço, bem assim aquele que, 
regido por legislação especial, encontrar-se nessa condição ou figurar como 
fornecedor ou tomador de mão-de-obra, independente da responsabilidade solidária 
e/ou subsidiária a queeventualmente venha obrigar-se. 
 
Para outros autores, incluindo Arnaldo Süssekind, um dos membros da Comissão que 
elaborou a Consolidação das Leis do Trabalho, o reconhecimento expresso da Empresa 
como sujeito de direito da relação de emprego teve a nítida intenção de firmar um 
conceito capaz de refletir a despersonalização do empregador, de forma a proteger seus 
empregados, ou seja, vinculando o empregado à Empresa, independentemente dos seus 
 
 
16 
 
titulares. Desta forma, tem-se a teoria da despersonalização do empregador, justificando, 
inclusive, a sucessão trabalhista. 
 
4.3.1. Empregador por equiparação: 
 
Conforme previsto no artigo 2º, § 1º da CLT, “equiparam-se ao empregador, para os 
efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de 
beneficência, as associações recreativas ou outras sem fins lucrativos, que admitirem 
trabalhadores como empregados”. Ressalte-se que esse § 1º foi mantido como está na 
Reforma Trabalhista. 
 
A despeito de não se enquadrarem no conceito técnico de empresa ou de empresário, têm 
os mesmos direitos e obrigações mencionadas no caput do artigo 2º da CLT. 
 
Alguns doutrinadores entendem que os profissionais liberais, as instituições de 
beneficência, as associações recreativas ou outras sem fins lucrativos são empregadores 
por equiparação, sob o argumento de que eles não têm personalidade jurídica. A título de 
exemplo, exercem profissão regulamentada o advogado, o médico, o psicólogo, o 
dentista, o fisioterapeuta, o corretor, o engenheiro, o arquiteto etc., ou seja, atuam por 
conta própria, como empresários de si mesmos. 
 
4.3.2. Outros tipos de empregadores por equiparação: 
 
4.3.2.1. Partido político: nos termos do artigo 17, § 2º, da Constituição 
Federal aos partidos políticos é atribuída personalidade jurídica. Assim, nos termos do 
artigo 2º, § 1º da Consolidação das Leis do Trabalho, são empregadores por equiparação 
quando contratarem, assalariarem e dirigirem a prestação pessoal de serviços 
desenvolvidos de forma não-eventual. 
 
Observação importante: nos termos do artigo 100, da Lei n. 9.504/1997, cabos eleitorais 
não são empregados, pois a vinculação destes com o partido político é de cunho 
ideológico: 
 
 
17 
 
 
Art. 100. A contratação de pessoal para prestação de serviços nas campanhas 
eleitorais não gera vínculo empregatício com o candidato ou partido contratantes, 
aplicando-se à pessoa física contratada o disposto na alínea h do inciso V do art. 12 
da Lei n
o
 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 
2015) 
 
4.3.2.2. Edifício de apartamentos (condomínio): não possuem 
personalidade jurídica própria, projetando-se como unidade equiparada à pessoa jurídica, 
podendo, portanto, ser empregador. O condomínio é representado em juízo, ou fora dele, 
pelo síndico (artigo 22 da Lei n. 4.591/1964, que dispõe sobre o condomínio em 
edificações): 
 
Art. 22. Será eleito, na forma prevista pela Convenção, um síndico do condomínio, 
cujo mandato não poderá exceder de 2 anos, permitida a reeleição. 
§ 1º Compete ao síndico: 
a) representar ativa e passivamente, o condomínio, em juízo ou fora dele, e praticar 
os atos de defesa dos interesses comuns, nos limites das atribuições conferidas por 
esta Lei ou pela Convenção; 
 
4.3.2.3. Falência e empresas em liquidação: a falência provoca a 
extinção da sociedade. Todavia, a empresa falida pode ser empregadora e os contratos 
podem ser cumpridos pelo administrador judicial (artigo 117 da Lei n. 11.101/2005). A 
massa falida é representada em juízo pelo administrador judicial, pois os administradores 
perdem a posse e administração da sociedade. A personalidade jurídica do devedor 
mantém-se até a liquidação final. A empresa passa a ser qualificada com o aditivo 
“MASSA FALIDA”. 
 
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser 
cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o 
aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação 
de seus ativos, mediante autorização do Comitê. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8212cons.htm#art12vh
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8212cons.htm#art12vh
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13165.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13165.htm#art2
 
 
18 
 
4.3.2.4. Cartório não oficializado: o titular do cartório não oficializado, 
no exercício de delegação estatal contrata, assalaria e dirige a prestação de serviços dos 
seus auxiliares, equiparando-se ao empregador. 
 
Art. 236 (Constituição Federal). Os serviços notariais e de registro são exercidos 
em caráter privado, por delegação do Poder Público. 
 
4.3.2.5. Subempreiteiro: a subempreitada é a modalidade de contrato 
pelo qual o empreiteiro principal não considerando conveniente executar todas as obras 
ou serviços, os transfere a outrem (pessoa física ou jurídica), chamada de subempreiteiro. 
 
A inadimplência trabalhista por parte do subempreiteiro assegura aos empregados o 
direito de reclamar contra o empreiteiro principal (solidariedade), conforme previsão no 
artigo 455 e parágrafo único da Consolidação das Leis do Trabalho: 
 
Art. 455 - Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas 
obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos 
empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo 
inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro. 
Parágrafo único - Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil, 
ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este 
devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo. 
 
Contudo, nos termos da Orientação Jurisprudencial 191 do TST, o dono da obra não é 
responsável solidário ou subsidiário pelas obrigações trabalhistas contraídas pelo 
empreiteiro, salvo se for uma construtora ou incorporadora. 
 
OJ-SDI1-191 CONTRATO DE EMPREITADA. DONO DA OBRA DE 
CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE (nova redação) - Res. 175/2011, 
DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 
Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de 
construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade 
solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo 
sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora. 
 
 
 
19 
 
4.3.3. Empresa e estabelecimento: 
 
Empresa – Empresa é a unidade econômica produtiva organizada. O artigo 966 do 
Código Civil a define como sendo “a atividade econômica organizada para a produção ou 
circulação de bens ou serviços”: 
 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
A empresa não possui personalidade jurídica e não pode ser entendida como sujeito de 
direito, salvo sob o âmbito trabalhista, pois, nesse caso a empresa é uma organização que 
tem empregados e que, portanto, deve cumprir não apenas fins econômicos, mas também 
sociais, em que se incluem, por exemplo, as relações entre o empregado e os superiores 
hierárquicos, a estrutura da empresa para atender essas relações etc. 
 
Estabelecimento – é o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos que instrumentalizam 
e realizam a empresa – artigo 1.142 do Código Civil: 
 
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para 
exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 
 
4.3.4. Grupo Econômico: 
 
É o conglobamento de empresas que, embora tenham personalidade jurídica própria, 
estão sob o controle administrativo ou acionário de outra, constituindo grupo industrial, 
comercial ou de outra atividade econômica, sendo solidariamente responsáveispara os 
efeitos da relação de emprego (artigo 2º, § 2º da CLT), já acima transcrito (página 13). 
 
No grupo econômico, cada um dos estabelecimentos da empresa aparece formalmente 
como pessoa jurídica distinta, com CNPJ, inscrição estadual e personalidade jurídica 
própria. Formalmente são várias as pessoas jurídicas que exploram a mesma atividade 
 
 
20 
 
econômica, sob a mesma marca e controle de alguns sócios que se repetem em todas as 
sociedades, para quem o controle é confiado. 
 
Essas pessoas jurídicas admitem empregados e os “transferem” de uma para outra 
empresa. Importante registrar que o Tribunal Superior do Trabalho reconhece a 
solidariedade ativa (ou seja, o grupo econômico potencialmente pode exigir do 
empregado o cumprimento da prestação dos serviços em favor de qualquer de seus 
integrantes, desde que, é claro, exista ajuste contratual nesse sentido) por meio da Súmula 
129, a seguir: 
 
SUM-129 CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO (mantida) 
- Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 
A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, 
durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um 
contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. 
 
Não resta dúvida, então, da existência de solidariedade passiva, ou seja, em que cada 
empresa do mesmo grupo econômico, embora cada qual com personalidade jurídica 
própria, é solidariamente responsável pelos débitos trabalhistas umas das outras. Todavia, 
em face da nova redação do § 2º do artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho 
(trazido pela Reforma Trabalhista), restará superada a dicotomia entre relação de 
coordenação ou de subordinação e integração horizontal ou vertical. 
 
Em consórcio de empresas, sendo este uma forma associativa, não geradora de nova 
personalidade jurídica, que, independentemente da existência de um controle central, 
obriga os consorciados nas condições previstas no contrato, respondendo cada um deles 
por suas obrigações, sem presunção de solidariedade (artigos 278 e 279 da Lei n. 
6.404/1976). 
 
Na esfera trabalhista, entretanto, há alguma controvérsia em relação à responsabilidade 
solidária entre as empresas que compõem o consórcio. Há entendimento de que há aí, do 
mesmo modo que no grupo econômico, uma união de débitos, podendo o empregado, 
 
 
21 
 
indistintamente, demandar contra qualquer dos consorciados. Em sentido contrário, veja 
decisão abaixo: 
 
PROCESSO TRT/ SP Nº 0001531-52.2015.5.02.0055 12ª Turma 
ORIGEM: 55ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO 
RECURSO ORDI NÁRIO 
1. RECORRENTE: JOSÉ JACI NTO DOS SANTOS 
2. RECORRENTE: VI AÇÃO GATO PRETO LTDA 
1. RECORRIDO: OAK TREE TRANSPORTES URBANOS LTDA 
EMENTA: CONSÓRCIO DE EMPRESAS. RESPONSABILIDADE 
SOLIDÁRIA. INEXISTÊNCIA. Quando em consórcio, cada empresa mantém a 
sua personalidade jurídica e independência, respondendo cada uma dessas 
empresas consorciadas por suas obrigações (artigo 278, § 1º , da LSA), embora em 
face da Administração Pública e em decorrência de processo licitatório, a 
responsabilidade seja solidária em relação aos atos praticados em consórcio (objeto 
do contrato administrativo firmado). As empresas consorciadas são vistas 
isoladamente inclusive para questões tributárias, diga-se de passagem. Assim, uma 
empresa do consórcio, em princípio, não pode ser responsabilizada pelas 
obrigações de qualquer ordem, inclusive trabalhistas, contraídas por outra empresa 
consorciada em atos não praticados em consórcio. Valendo lembrar que, no caso 
dos autos, embora o próprio Consórcio pudesse ser empregador, não o era em 
relação ao reclamante. Em geral, as empresas formam consórcio para melhor 
otimizar sua atuação no mercado, como no caso da licitação, em que a conjugação 
do capital e dos demais recursos de que dispõem podem ensejar a qualificação 
econômico-financeira, que, por certo, não alcançariam sozinhas. Em consórcio, as 
empresas juntam-se para um fim específico e por prazo certo e agem em conjunto 
somente para o fim do negócio que pretendem empreender. Permanecem não só 
autônomas, mas independentes, para todos os demais assuntos que não se 
relacionam diretamente ao pacto. Para os assuntos comuns e diretamente ligados 
aos atos praticados em consórcio, portanto, não há dúvidas quanto à solidariedade 
das empresas consorciadas, nos termos do artigo 33, inciso V, da Lei de Licitações, 
inclusive para fins trabalhistas, pois agem em típico grupo econômico de que trata 
o artigo 2º, § 2º , da CLT, ainda que na modalidade de coordenação (horizontal) e 
não de subordinação (vertical). Todavia, em relação aos empregados de cada 
uma das empresas (que é o caso do reclamante), ainda que em desempenho de 
atividades ligadas ao consórcio como um todo (transporte coletivo), e tendo em 
vista o que estabelece o artigo 278, § 1º, da Lei nº 6.404/1976, tem-se que não há 
 
 
22 
 
ingerência de uma empresa na outra, pois cada empresa é responsável pelo 
cumprimento de suas obrigações na proporção de sua participação no 
empreendimento. Cada empresa deve gerir a sua parte do empreendimento e 
isso inclui as ordens aos seus empregados. Recurso provido. (meus grifos) 
 
4.3.5. Sucessão de empregadores: 
 
Essa figura está regulamentada nos artigos 10 e 448 da CLT. O fato gerador da sucessão 
é a transferência da titularidade de toda ou de parte da empresa, de uma pessoa jurídica ou 
física para outra, seja a que título for. 
 
Para os empregados, qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afeta os 
direitos já adquiridos nem os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Todavia, 
o legislador (na Reforma Trabalhista) pretendeu ser específico em relação à 
responsabilização dos sócios atuais e retirantes, ao acrescentar os artigos 10-A e 448-A à 
Consolidação das Leis do Trabalho: 
 
Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos 
adquiridos por seus empregados. 
 
“Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações 
trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, 
somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a 
modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: 
I - a empresa devedora; 
II - os sócios atuais; e 
III - os sócios retirantes. 
Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os 
demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente 
da modificação do contrato. 
 
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não 
afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. 
 
 
 
23 
 
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores 
prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, 
inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para 
a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. 
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a 
sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. 
 
A sucessão trabalhista pressupõe os seguintes requisitos: 
 
a) mudança na estrutura jurídica ou na propriedade, como ocorre na 
compra e venda, na sucessão hereditária, no arrendamento, na incorporação, na fusão, na 
cisão etc.; 
 
b) continuidade do ramo do negócio (a jurisprudência é majoritária nesse 
sentido); 
 
c) continuidade dos contratos de trabalho com a unidade econômica de 
produção (embora tal requisito não seja imprescindível), pois pode ocorrer de o 
empregador dispensar todos os seus empregados, sem pagamento antes da transferência 
da empresa ou do estabelecimento. 
Observação: o fato gerador da sucessão é a transferência da titularidade de toda ou de 
parte da empresa, de uma pessoa jurídica ou física para outra. 
 
Pode-se ter sucessão em caráter provisório (arrendamento, usufruto, locação, cessão 
provisória, concessionáriode serviço público etc.) ou definitivo (transferência ou 
alienação definitiva: compra e venda, doação, cessão definitiva, fusão, incorporação, cisão, 
arrematação em hasta pública ou leilão público). 
 
Abaixo, decisão publicada no dia 26/06/2018: 
 
AGRAVO DE PETIÇÃO 
Processo TRT/SP Nº 1000007-96.2015.5.02.0315 
ORIGEM: 5ª VARA DO TRABALHO DE GUARULHOS 
 
 
24 
 
AGRAVANTE: DIMAS DA SILVA SOUZA 
AGRAVADOS: 1. NILDA MARIA DOS SANTOS AMORIM 
2. IMPACTUS LOG TRANSPORTES LTDA. 
3. APARECIDA FRANCISCO DE CARVALHO 
4. LUIZ EDUARDO CARDOSO MIRANDA 
5. ELISANGELA VIEIRA HOLANDA 
Responsabilidade de ex-sócio. CC, 1.003, parágrafo único, e 1.032. 
Dispositivos que definem o limite, no tempo, da responsabilidade do sócio que 
se desliga da sociedade. A obrigação do ex-sócio não se perpetua, pois, caso 
contrário, estaria comprometida a segurança dos negócios e das pessoas. A 
responsabilidade do sócio não se estende para período em que já não era mais 
sócio. E com a retirada - ou com a exclusão -, o ex-sócio responde pelas tais 
obrigações (as que tinha enquanto sócio), até dois anos depois da retirada ou da 
exclusão, ou da respectiva averbação. Agravo de petição do exequente a que se 
nega provimento. 
 
Observar ainda o que dizem as Orientações Jurisprudenciais 261 e 411 da Seção de 
Dissídios Iindividuais-1 do Tribunal Superior do Trabalho: 
 
OJ-SDI1-261 BANCOS. SUCESSÃO TRABALHISTA (inserida em 
27.09.2002) 
As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados 
trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez 
que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres 
contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista. 
 
OJ-SDI1-411 SUCESSÃO TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DE EMPRESA 
PERTENCENTE A GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE 
SOLIDÁRIA DO SUCESSOR POR DÉBITOS TRABALHISTAS DE 
EMPRESA NÃO ADQUIRIDA. INEXISTÊNCIA. (DEJT divulgado em 22, 25 
e 26.10.2010) 
O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não 
adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à 
época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, 
ressalvada a hipótese de má-fé ou fraude na sucessão. 
 
 
 
25 
 
4.3.5.1. Sucessão em caso de serviços notariais e de registros não 
oficializados: 
 
Quando o serviço notarial e de registro for não oficializado ou extrajudicial, sua natureza 
jurídica se resumirá na concessão sui generis do serviço notarial e de registro ao delegado, 
pessoa física, mediante concurso. 
 
Discute-se como seria a sucessão trabalhista nesses casos. Parte da doutrina entende que o 
novo delegado não responde pelas dívidas trabalhistas do delegado anterior, o 
afastamento deste implicaria a dissolução dos contratos dos empregados até então 
vinculados à serventia. Dessa forma, alguns autores sustentam que deve ser admitida a 
transferência de responsabilidade para o Estado-concedente, titular do serviço e 
responsável final por sua execução, desobrigando-se o novo delegado que recebeu a 
delegação de modo originário. 
 
Entretanto, tem-se visto a possibilidade de sucessão trabalhista também em se tratando de 
serviços notariais. Abaixo, notícia extraída do sítio eletrônico do Ministério Público do 
Trabalho publicada no final do mês de setembro/2014: 
 
MPT obtém decisão favorável contra cartório 
 
Nova tabeliã coagia empregados a pedir demissão e a propor ação contra ex-
tabelião. 
 
O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Goiás obteve decisão liminar 
favorável contra a nova responsável pelo Cartório do 3º Tabelionato de Notas de 
Goiânia, que coagia os empregados do Cartório a pedir demissão e, em seguida, 
propor ações trabalhistas contra o ex-tabelião, com indicação de advogado 
previamente indicado. Essa era a condição imposta pela tabeliã, recentemente 
nomeada, para que os empregados fossem recontratados. 
 
O objetivo era fraudar a chamada Sucessão Trabalhista. Esse dispositivo, presente 
na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), prevê que, quando há mudança de 
proprietários numa empresa, os novos donos continuam sendo responsáveis pelas 
obrigações trabalhistas. De acordo com o procurador do Trabalho Januário Justino 
Ferreira, provas demonstraram que, à exceção de quatro pessoas, foram 
recontratados somente os 16 empregados que propuseram ações trabalhistas contra 
o antigo responsável pelo cartório. Ainda segundo Justino Ferreira, esses 
recontratados tiveram o salário reduzido e, além disso, das 16 ações propostas, 15 
foram conduzidas pela mesma advogada, indicada e contratada pela tabeliã. 
 
 
 
26 
 
Decisão 
Na decisão, os pedidos feitos pelo MPT em Goiás foram quase totalmente aceitos. 
A responsável pelo 3º Tabelionato deve, segundo a decisão, não mais coagir seus 
empregados a praticarem atos contrários aos seus próprios interesses, sob pena de 
multa de R$ 50 mil por trabalhador e ocorrência. Estão proibidos também de 
contratar advogados com o objetivo de prejudicar o interesse dos trabalhadores. 
 
 
Assessoria de Comunicação 
Ministério Público do Trabalho em Goiás 
Fones: (62) 3507-2713 / 9143-7131 
E-mail: prt18.ascom@mpt.gov.br 
www.prt18.mpt.gov.br 
 
Em sentido contrário: 
 
PROCESSO TRT - RO - 0010700-06.2014.5.18.0006 
RELATOR: DESEMBARGADOR PAULO PIMENTA 
RECORRENTE(S): CLAUDIA ADRIANA ROSA DE OLIVEIRA PEIXOTO 
ADVOGADO(S): ARLETE MESQUITA E OUTROS 
RECORRIDO(S): GOIÂNIA CARTÓRIO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS 
NATURAIS DA 1ª ZONA 
ADVOGADO(S): JOSE HUMBERTO ABRÃO MEIRELES 
RECORRIDO(S): JÂNIO RODRIGUES DE OLIVEIRA 
ADVOGADO(S): JOSE HUMBERTO ABRÃO MEIRELES 
RECORRIDO(S): YANEZ RODRIGUES DE OLIVEIRA 
ADVOGADO(S): JOSE HUMBERTO ABRÃO MEIRELES 
ORIGEM: 6ª VT DE GOIÂNIA-GO 
JUIZ(ÍZA): NARAYANA TEIXEIRA HANNAS 
EMENTA 
CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. ALTERAÇÃO DA TITULARIDADE. 
SUCESSÃO DE EMPREGADORES. NÃO CONFIGURAÇÃO. Havendo 
alteração na titularidade do cartório extrajudicial, o antigo notário responde pelos 
direitos trabalhistas devidos ao empregado na época em que figurava como titular 
da serventia, não configurando a sucessão de empregadores, por se tratar de 
atividade delegada pelo Poder Público. 
 
17ª TURMA 
RECURSO ORDINÁRIO 
PROCESSO TRT/SP Nº 0001595-85.2015.5.02.0015 
ORIGEM: 15ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO 
mailto:prt18.ascom@mpt.gov.br
 
 
27 
 
RECORRENTES: 1. LUIS FERNANDO JUNQUEIRA FRANCO 
 2. UALTER LUIZ ALVES 
RECORRIDO: RENATA CRISTINA DE OLIVEIRA SANTOS AOKI e OUTRO 
Cartório. Sucessão trabalhista. O titular do Cartório tem a faculdade de contratar 
empregados para auxiliar a realização dos serviços delegados (art. 20 da Lei 
8.935/94). Entretanto, dada a condição especial de sua investidura, que não 
configura aquisição de negócio ou fundo de comércio, o notário não assume o 
passivo trabalhista, a não ser nas hipóteses de manutenção dos mesmos contratos, 
sem solução de continuidade. 
 
4.3.5.2. Sucessão de empregadores na Lei n. 11.101/2005: 
 
Essa lei regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da 
sociedade empresária. Nela, criou-se regra de exclusão de ônus e de responsabilidades 
aplicáveis no campo da sucessão empresarial trabalhista. Nas condições descritas nos 
artigos 60 e 141 da mencionada lei, o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e 
não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor: 
 
Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de 
filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua 
realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei. 
Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá 
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza 
tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei. 
 
 Art.141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou 
de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: 
(...) 
II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do 
arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as 
derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. 
 
Porém, o § 1º desse artigo 141 traz situações em que haverá sucessão trabalhista, mesmo 
em caso de falência ou recuperação judicial: 
 
 
 
28 
 
§ 1º. O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o 
arrematante for: 
I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; 
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou 
afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou 
III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. 
 
Veja decisões abaixo: 
 
PROCESSO TRT/SP Nº 0000482-05.2011.5.02.0026 (20140027436) 
RECURSO ORDINÁRIO - 26ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO 
RECORRENTE: CLARICE APARECIDA PEREIRA DE MELO 
1º RECORRIDO: HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 
2º RECORRIDO: SAÚDE ABC SERVIÇOS MÉDICO HOSPITALRES LTDA 
em recuperação judicial 
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. FALÊNCIA. ARREMATAÇÃO DE 
BEM EM LEILÃO JUDICIAL. SUCESSÃO NÃO CONFIGURADA. 
No julgamento da ADIN nº 3934 o STF decidiu pela constitucionalidade do art. 60, 
parágrafo único, art. 83, I e IV, “c”, e 141, II, da Lei nº 11.101/2005. Assim, a 
aquisição de unidade produtiva da empresa falida ou qualquer outro bem em leilão 
judicial não configura sucessão. 
 
 
PROCESSO Nº TST-ARR-1397-69.2015.5.02.0008 
 
ACÓRDÃO (publicado em 21/09/2018) 
(8ª Turma) 
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA 
PRIMEIRA RECLAMADA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/14 
E DO NCPC – TEMPESTIVIDADE – ÓBICE AFASTADO 
Ultrapassado o obstáculo apontado pelo despacho denegatório. Aplicação da 
Orientação Jurisprudencial nº 282 da SBDI-1. 
HORAS EXTRAS - TRABALHO EXTERNO - POSSIBILIDADE DE 
CONTROLE DE JORNADA 
O TRT consignou que a natureza do trabalho externo desempenhado pelo 
Reclamante não era incompatível com a fiscalização da jornada. Os arestos 
 
 
29 
 
transcritos não traduzem a mesma hipótese fática dos autos, atraindo o óbice da 
Súmula n° 296 do TST. 
ARREMATAÇÃO JUDICIAL DE UNIDADE PRODUTIVA - EMPRESA 
EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL – INEXISTÊNCIA DE SUCESSÃO 
TRABALHISTA 
Por vislumbrar violação aos artigos 60, parágrafo único, 141, II e § 1º, da Lei 
nº 11.101/2005, dá-se parcial provimento ao Agravo de Instrumento para 
mandar processar o recurso denegado. 
II – RECURSO DE REVISTA DA PRIMEIRA RECLAMADA INTERPOSTO 
SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/14 E DO NCPC - ARREMATAÇÃO 
JUDICIAL DE UNIDADE PRODUTIVA - EMPRESA EM RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL – INEXISTÊNCIA DE SUCESSÃO TRABALHISTA 
A alienação de patrimônio de empresa em processo de recuperação judicial 
não acarreta a sucessão de dívidas pela arrematante. 
Recurso de Revista conhecido e provido. (meus grifos)

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