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1 DIREITO DO TRABALHO I – material 04 (Lázaro Luiz Mendonça Borges) 4. RELAÇÃO DE EMPREGO 4.1. Relação de trabalho e relação de emprego: Existem alguns tipos de relações de trabalho lato sensu que não se confundem com a relação de emprego, esta considerada strictu sensu. As primeiras dizem respeito a todos os tipos de trabalho (lícito, é claro) e as segundas são específicas dos contratos de emprego. A relação de emprego é caracterizada pela necessária cumulação de alguns elementos. São, portanto, os seguintes elementos que caracterizam a relação de emprego: 4.1.1. Elementos caracterizadores da relação de emprego: a) pessoalidade, ou seja, um dos sujeitos, denominado empregado tem o dever jurídico de prestar serviços em favor de outrem pessoalmente; b) o trabalho é prestado de forma não-eventual, razão pela qual ele deverá ser essencial à atividade do empregador; c) onerosidade, ou seja, o trabalho implica a contraprestação (pagamento de salário); d) risco do negócio do empregador: quem corre o risco do negócio é sempre o empregador, nunca o empregado. Se o trabalhador exerce habitualmente o seu ofício ou profissão por conta e risco e, normalmente, com clientela variada, é trabalhador autônomo. O emprego é prestado (pelo trabalhador empregado) por conta alheia (do empregador); e) os serviços são prestados de forma subordinada. Subordinar significa ordenar, comandar, dirigir a parte de um ponto superior àquele onde se encontra outro sujeito. A subordinação é, então, evidenciada na medida em que o tomador dos serviços (e não o prestador, como acontece no trabalho autônomo) define o tempo (jornadas e intervalos) e o modo de execução (forma como o trabalho deve ser desenvolvido) daquilo 2 que foi contratado. No plano jurídico, a subordinação é uma situação que limita a ampla autonomia de vontade do prestador dos serviços. 4.2. Sujeitos da relação de emprego - EMPREGADO: 4.2.1. Empregado: O artigo 3º da CLT diz o seguinte: Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. (grifei) Pelo exposto no artigo acima, empregado é a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador mediante salário e subordinação. Os serviços podem ser de natureza técnica, intelectual ou manual. O empregado é o sujeito prestador do trabalho, aquele que pessoalmente, sem auxílio de terceiros, despende, em caráter não eventual e sob direção alheia, sua energia laboral em troca de salário. Do conceito se extraem os pressupostos do conceito de empregado: pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação jurídica. 4.2.1.1. Pessoalidade: exige que o empregado execute suas atividades pessoalmente, sem se fazer substituir, a não ser em caráter esporádico e com a aquiescência do empregador (Alice Monteiro de Barros). O fato de a atividade humana ser inseparável da pessoa do empregado é que provoca a intervenção do Estado na edição de normas imperativas destinadas a proteger a liberdade e a personalidade. 4.2.1.2. Não eventualidade: observe que o legislador não utilizou o termo “continuidade”. Os serviços são necessários à atividade normal do empregador. Assim, mesmo que o serviço seja descontínuo, intermitente, poderá ser de natureza não eventual, configurando, assim, relação de emprego típica. 3 4.2.1.3. Onerosidade (salário): é a contraprestação devida e paga diretamente pelo empregador ao empregado em virtude do contrato de trabalho. Poderá ser pago em dinheiro ou in natura (alimentação, habitação etc.). 4.2.1.4. Subordinação jurídica (ou hierárquica): é a dependência real criada pelo direito de o empregador comandar, dar ordens, dirigir, fiscalizar, ou seja, intervir na atividade do empregado, donde nasce a obrigação correspondente de o empregado se submeter a essas ordens. Portanto, a subordinação nada mais é do que o estado de dependência na conduta profissional. Segue abaixo decisão recentemente publicada: PROCESSO TRT - RO-0011562-15.2016.5.18.0003 RELATORA: DESEMBARGADORA IARA TEIXEIRA RIOS RECORRENTE(S): OPUS INCORPORADORA LTDA ADVOGADO(S): MANOEL MESSIAS LEITE DE ALENCAR RECORRENTE(S): UNIQUE SELLER COORDENACAO IMOBILIARIA LTDA ADVOGADO(S): MANOEL MESSIAS LEITE DE ALENCAR RECORRIDO(S): BRUNNA GRACYELLE LEMOS DE LIMA ADVOGADO(S): OSVANDI RAIONI SOARES ASSOLARI ORIGEM: 18ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA JUIZ(ÍZA): GLENDA MARIA COELHO RIBEIRO EMENTA "CORRETOR DE IMÓVEIS. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO. INEXISTÊNCIA DOS REQUISITOS DE EMPREGO. Nos termos da legislação o corretor de imóveis é caracterizado como trabalhador autônomo e, por conseguinte, quando age nesta qualidade, não pode ser considerado empregado. Tal circunstância, contudo, não representa óbice ao reconhecimento da relação empregatícia, quando nos deparamos com situações concretas em que há a presença dos requisitos de emprego. In casu, verifica-se a falta de subordinação e pessoalidade do corretor, porquanto podia faltar aos serviços quando lhe conviesse bem como ser substituído por outro corretor cadastrado. Mantenho a ". (TRT18, RO - 0001198-57.2011.5.18.0003, Rel. BRENO MEDEIROS, sentença 2ª TURMA, 22/03/2012) 4 4.2.2. Outros tipos de empregado: Além da figura do empregado ‘típico’, temos ainda outros diversos tipos de empregado previstos na CLT, o empregado em domicílio/teletrabalhador, trabalhador contratado para prestação de trabalho intermitente (nova modalidade introduzida pela Lei n. 13.467/2017), empregado que exerce cargo de confiança e o diretor de sociedade anônima; e os empregados especiais previstos na legislação trabalhista esparsa: empregado doméstico (Lei Complementar n. 150, de 1º de junho de 2015) e empregado rural (Lei n. 5.889/1973). 4.2.2.1. Empregado em domicílio/teletrabalhador: O artigo 6º da Consolidação das Leis do Trabalho (alterado pela Lei n. 12.551/2011) tem a seguinte redação: Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Redação dada pela Lei nº 12.551, de 2011) Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. (Incluído pela Lei nº 12.551, de 2011) Entende-se por empregado em domicílio aquele que realiza as atividades laborais em sua própria residência ou em qualquer outro lugar, segundo lhe aprouver, sem, entretanto, deixar de estar submetido pessoalmente ao regulamento, à direção, à fiscalização e às sanções patronais. Ele tem, portanto, todos os direitos trabalhistas. Se não houver subordinação, não haverá vínculo de emprego. Algumas decisões a respeito desse tema: 5 Trabalho a domicílio. Costureira. A costureira que presta serviços no seu domicílio por mais de 3 anos, utilizando máquina industrial fornecida pela empresa, tem vínculo empregatício reconhecido, caracterizado pela pessoalidade, continuidade, onerosidade e dependência econômica. (TRT 12ª R., Ac. Da 2ª T., por maioria de votos, no mérito, RO 3.966/92, rel. Juiz C. Godoy Ilha, j. em 31.1.1994, DJSC 10.2.1994, pl 91) TRT–01564-2011-041-03-00-0-RO Recorrentes: Andreia Aparecida de Sene Manheis e Euza Belisaria de Sene. Recorrido: Leandro & Adriano restaurantes Ltda. EMENTA: VÍNCULO DE EMPREGO NÃO CONFIGURADO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA RESIDÊNCIA DAS TRABALHADORAS. AUSÊNCIA DESUBORDINAÇÃO E PESSOALIDADE. Mesmo nas relações de trabalho autônomo, não é incomum encontrar-se a presença da onerosidade e não-eventualidade da prestação de serviços, afastando-se, contudo, o elo empregatício pela constatação da inexistência de subordinação jurídica e pessoalidade. In casu, a prestação do serviço em atividade-meio (lavagem de tolhas de mesa de restaurante), ainda que regular, não gera vínculo de emprego, porquanto o serviço foi executado no domicílio das próprias reclamantes, sem os requisitos da subordinação jurídica e da pessoalidade, previstos no art. 3.º da CLT. No teletrabalho o prestador dos serviços encontra-se fisicamente ausente da sede do empregador, mas virtualmente presente, por meios telemáticos, na construção dos objetivos contratuais do empreendimento. Teletrabalho significa trabalho a distância, com a utilização dos recursos tecnológicos das comunicações e informações, para substituir o deslocamento diário à sede da empresa. O teletrabalho apresenta as seguintes características: a) trabalho executado a distância; b) o empregador não pode fisicamente fiscalizar a execução da prestação de serviços; c) flexibilização de horário; d) a fiscalização do trabalho se faz por meio de equipamentos telemáticos. A Lei n. 13.467/2017 tratou de forma mais aprofundada o teletrabalho, com capítulo específico (novo Capítulo II-A da Consolidação das Leis do Trabalho), nos artigos 75-A a 75-E, abaixo transcritos: 6 CAPÍTULO II-A DO TELETRABALHO Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de teletrabalho observará o disposto neste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 1o Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 2o Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Também foi acrescentado mais um inciso ao artigo 62 da Consolidação das Leis do Trabalho, que fala dos empregados não abrangidos pelo regime da jornada de trabalho. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 7 O novo inciso III do artigo 62 diz expressamente que os empregados em teletrabalho também não estão abrangidos pelo regime da jornada de trabalho. 4.2.2.2. Empregado exercente de cargo de confiança: A doutrina faz distinção entre empregados ordinários (aqueles que, dentro da estrutura hierárquica funcional da empresa, não têm qualquer ascendência sobre seus companheiros, notadamente porque não dispõem de poderes gerenciais, tampouco possuem dimensão salarial de destaque) dos altos empregados (aqueles que realizam atribuições elevadas e que dispõem de amplos poderes gerenciais; são os empregados ocupantes de cargo de confiança, investidos de mandato com poderes de administração para agir em nome do empregador). Exemplos: diretores gerais, administradores, superintendentes, gerentes com amplos poderes. 4.2.2.3. Empregado-sócio: É possível que um sócio cotista seja contratado como empregado da empresa por ele constituída, desde que ele tenha a condição de mero cotista, não influindo, por sua participação acionária ou por sua situação no sistema de gestão, no poder diretivo de outros sócios, exercentes da condição de administradores. 4.2.2.4. Diretor de S/A: Corrente doutrinária entende que o diretor ou administrador de S/A, investido de mandato eletivo, como pessoa física e representante legal da pessoa jurídica, não pode ser, simultaneamente, empregado, pois integra órgãos indispensáveis à existência dessa sociedade. Nesse caso, o contrato de emprego seria extinto (Mozart Vitor Russomano). Entretanto, outra corrente doutrinária entende que o diretor de S/A tanto pode ser diretor-órgão, sem vínculo de emprego, como diretor-empregado. Operar-se-ia a 8 suspensão do contrato de trabalho durante o período em que ele exercer o cargo de diretor, integrando seus órgãos, passando a ser representante legal da pessoa jurídica, ficando paralisadas as cláusulas do contrato de Trabalho, posição adotada pelo Tribunal Superior do Trabalho, através da Súmula 269: SUM-269 DIRETOR ELEITO. CÔMPUTO DO PERÍODO COMO TEMPO DE SERVIÇO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço desse período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. Observação importante: deve constar na ata de assembleia de eleição a suspensão do contrato de trabalho e tal condição deve ser anotada na CTPS. Nesse caso, o efeito jurídico que se admite é a faculdade concedida ao credor do trabalho (“empregador”) computar esse tempo para cálculo do FGTS (artigo 16 da Lei 8.036/90, abaixo transcrito). Os recolhimentos para o FGTS devem ser efetuados com a ressalva de que se trata de diretor não empregado: Art. 16 (Lei n. 8.036/90). Para efeitodesta lei, as empresas sujeitas ao regime da legislação trabalhista poderão equiparar seus diretores não empregados aos demais trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS. Considera-se diretor aquele que exerça cargo de administração previsto em lei, estatuto ou contrato social, independente da denominação do cargo. 4.2.3. Identificação profissional do empregado: Trata-se do assentamento de dados prévios à prestação do trabalho, relacionados à qualificação profissional do executante, e relativos ao emprego. Essas anotações são realizadas na CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social) do obreiro, e também no Livro de Registro que fica na posse do empregador. Os documentos de registro histórico- laboral não apenas visam a identificação do trabalhador e das particularidades relacionadas ao serviço por ele prestado, mas também servem de instrumento de prova dos acontecimentos relacionados ao trabalho. 9 4.2.3.1. CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social: O artigo 13 da Consolidação das Leis do Trabalho prevê o seguinte: Art. 13 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969) (grifei) Entretanto, excepcionalmente, é possível a admissão de trabalhadores que não possuam CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social), de acordo com o previsto nos §§ 3º e 4º do artigo 13 da CLT: Art. 13 – (...) § 3º - Nas localidades onde não for emitida a Carteira de Trabalho e Previdência Social poderá ser admitido, até 30 (trinta) dias, o exercício de emprego ou atividade remunerada por quem não a possua, ficando a empresa obrigada a permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo. (Redação dada pela Lei nº 5.686, de 3.8.1971) § 4º - Na hipótese do § 3º: (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969) I - o empregador fornecerá ao empregado, no ato da admissão, documento do qual constem a data da admissão, a natureza do trabalho, o salário e a forma de seu pagamento; (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969) II - se o empregado ainda não possuir a carteira na data em que for dispensado, o empregador lhe fornecerá atestado de que conste o histórico da relação empregatícia. (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969) A emissão e entrega da CTPS obedecerão ao que dispõem os artigos 14 a 26 da Consolidação das Leis do Trabalho (saliente-se que os artigos 18, 19, 22 a 24, 27 e 28 foram revogados). A respeito das anotações na CTPS, observar o que preceitua o artigo 29 da CLT: 10 Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) § 1º - As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como a estimativa da gorjeta. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) § 2º - As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas: (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) a) na data-base; (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador; (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) c) no caso de rescisão contratual; ou (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) § 3º - A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo acarretará a lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que deverá, de ofício, comunicar a falta de anotação ao órgão competente, para o fim de instaurar o processo de anotação. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989) § 4º - É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 10.270, de 29.8.2001) § 5º - O descumprimento do disposto no § 4o deste artigo submeterá o empregador ao pagamento de multa prevista no art. 52 deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 10.270, de 29.8.2001) (grifamos) A Lei n. 9.983/2000 promoveu algumas alterações no artigo 297 do Código Penal, a saber: Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 11 § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) (nossos grifos) Importante destacar ainda que a Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) atualizou (e acrescentou novos parágrafos) a redação do artigo 47 da Consolidação das Leis do Trabalho e ainda acrescentou o artigo 47-A, ambos tratando de multa aplicada ao empregador em caso de manter empregado sem o devido registro na CTPS: Art. 47. O empregador que mantiver empregado não registrado nos termos do art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 1o Especificamente quanto à infração a que se refere o caput deste artigo, o valor final da multa aplicada será de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado não registrado, quando se tratar de microempresa ou empresa de pequeno porte. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 12 § 2o A infração de quetrata o caput deste artigo constitui exceção ao critério da dupla visita. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Art. 47-A. Na hipótese de não serem informados os dados a que se refere o parágrafo único do art. 41 desta Consolidação, o empregador ficará sujeito à multa de R$ 600,00 (seiscentos reais) por empregado prejudicado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Segue abaixo decisão sobre o tema proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região: PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO PJE Nº 1001522-66.2017.5.02.0261 - 16ª. TURMA RECURSO ORDINÁRIO RECORRENTE: CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA RECORRIDO: SHEILA NOEMI DE DEUS SILVA ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE DIADEMA RELATOR: NELSON BUENO DO PRADO EMENTA Os elementos de convicção evidenciam que a omissão patronal em cumprir o prazo de lei para a baixa da CTPS da reclamante, significou para esta a perda de uma chance de conseguir nova colocação no mercado de trabalho em condições mais favoráveis, uma vez que pediu demissão para ingressar em novo emprego. A crise econômica porque passa o País é sentida por toda a população, inclusive pelo setor empresarial, haja vista a nítida dificuldade, sobretudo do segundo e terceiro setor em subsistir a um nível produtivo adequado, gerando, assim, a retração da economia e a consequente perda de postos de trabalho. Há que se presumir o sofrimento psicológico da reclamante ao ser privada de seu emprego pela negligência do apelante. A incerteza quanto à própria condição de subsistência afronta o instinto mais básico do ser humano e, sem dúvida, se afigura como fator de estresse a ser considerado. Em relação ao valor arbitrado a título de danos morais - R$ 7.000,00 (sete mil reais), entendo que o importe condenatório foi fixado com parcimônia em se considerando o gravame da conduta patronal. Apelo a que se nega provimento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 13 Quanto ao valor probatório, as anotações feitas na CTPS geram presunção juris tantum (relativa) de veracidade, ou seja, são entendidas como meio de prova até que exista outra prova contundente em sentido contrário, caso em que será prestigiado o Princípio da Primazia da Realidade: Art. 456 (CLT). A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos em direito. Súmula 225 (STF) NÃO É ABSOLUTO O VALOR PROBATÓRIO DAS ANOTAÇÕES DA CARTEIRA PROFISSIONAL. SUM-12 (TST) CARTEIRA PROFISSIONAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção "juris et de jure", mas apenas "juris tantum". 4.3. Sujeitos da relação de emprego - EMPREGADOR: O artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho define o que é empregador. A Reforma Trabalhista alterou o § 2º e acrescentou o § 3º: Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. § 2o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis 14 solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 3o Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) A doutrina faz crítica ao legislador sustentando que se cometeu equívoco ao introduzir a expressão “empresa” no dispositivo, porquanto esta significa a atividade econômica produtiva organizada, não tendo personalidade jurídica, não podendo ser sujeito de direito nem de obrigação; empresa é algo abstrato, não podendo contratar e ser empregador. Abaixo, decisão do TST publicada em 30/11/2018, no qual restou decidido não haver grupo econômico entre as empresas Creme Mel e Transbrasiliana: PROCESSO Nº TST-RR-728-70.2016.5.10.0812 A C Ó R D à O (4ª Turma) GMCB/rrs AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO. CONFIGURAÇÃO. PROVIMENTO. Há que se processar o recurso de revista em que a agravante demonstra efetiva divergência jurisprudencial, uma vez que o aresto transcrito da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI I, com decisão no sentido de que a mera situação de coordenação entre as empresas ou a existência de sócios comuns entre duas ou mais empresas não configura, por si só, grupo econômico, revela a existência de tese contrária à adotada na decisão recorrida. Agravo de instrumento a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO. NÃO CONFIGURAÇÃO. PROVIMENTO. A jurisprudência desta Corte, inclusive em precedente da SBDI-1 (E-ED-RR- 214940-39.2006.5.02.0472), julgado em 22.05.2014, ao interpretar o teor do artigo 2º, § 2º, da CLT, pacificou o entendimento de que a mera existência de sócios em comum e de relação de coordenação entre as empresas não constitui elemento suficiente para a caracterização do grupo econômico. No caso, o http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 15 egrégio Tribunal Regional considerou que a reclamada integra o grupo Odilon Santos, porque faz parte de um complexo de empresas dirigidas, controladas e administradas pelos integrantes da família, o que caracteriza o grupo econômico, apto a autorizar a responsabilização solidária pelas parcelas deferidas na presente ação. Tal decisão contraria o entendimento desta Corte Superior sobre a matéria, que exige a existência de controle e fiscalização de uma empresa líder para a configuração do grupo econômico, circunstância não noticiada no acórdão recorrido. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. Sustenta-se, ainda, que o próprio legislador corrigiu o erro ao definir empregador no artigo 3º da Lei n. 5.889/1973 (Trabalho rural) e no § 1º do artigo 15 da Lei n. 8.036/1990 (FGTS). Art. 3º (Lei n. 5.889/73) - Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados. § 1º Inclui-se na atividade econômica, referida no "caput" deste artigo, a exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 15 (Lei n. 8.036/90). (...) § 1º Entende-se por empregador a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito privado ou de direito público, da administração pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que admitir trabalhadores a seu serviço, bem assim aquele que, regido por legislação especial, encontrar-se nessa condição ou figurar como fornecedor ou tomador de mão-de-obra, independente da responsabilidade solidária e/ou subsidiária a queeventualmente venha obrigar-se. Para outros autores, incluindo Arnaldo Süssekind, um dos membros da Comissão que elaborou a Consolidação das Leis do Trabalho, o reconhecimento expresso da Empresa como sujeito de direito da relação de emprego teve a nítida intenção de firmar um conceito capaz de refletir a despersonalização do empregador, de forma a proteger seus empregados, ou seja, vinculando o empregado à Empresa, independentemente dos seus 16 titulares. Desta forma, tem-se a teoria da despersonalização do empregador, justificando, inclusive, a sucessão trabalhista. 4.3.1. Empregador por equiparação: Conforme previsto no artigo 2º, § 1º da CLT, “equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados”. Ressalte-se que esse § 1º foi mantido como está na Reforma Trabalhista. A despeito de não se enquadrarem no conceito técnico de empresa ou de empresário, têm os mesmos direitos e obrigações mencionadas no caput do artigo 2º da CLT. Alguns doutrinadores entendem que os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras sem fins lucrativos são empregadores por equiparação, sob o argumento de que eles não têm personalidade jurídica. A título de exemplo, exercem profissão regulamentada o advogado, o médico, o psicólogo, o dentista, o fisioterapeuta, o corretor, o engenheiro, o arquiteto etc., ou seja, atuam por conta própria, como empresários de si mesmos. 4.3.2. Outros tipos de empregadores por equiparação: 4.3.2.1. Partido político: nos termos do artigo 17, § 2º, da Constituição Federal aos partidos políticos é atribuída personalidade jurídica. Assim, nos termos do artigo 2º, § 1º da Consolidação das Leis do Trabalho, são empregadores por equiparação quando contratarem, assalariarem e dirigirem a prestação pessoal de serviços desenvolvidos de forma não-eventual. Observação importante: nos termos do artigo 100, da Lei n. 9.504/1997, cabos eleitorais não são empregados, pois a vinculação destes com o partido político é de cunho ideológico: 17 Art. 100. A contratação de pessoal para prestação de serviços nas campanhas eleitorais não gera vínculo empregatício com o candidato ou partido contratantes, aplicando-se à pessoa física contratada o disposto na alínea h do inciso V do art. 12 da Lei n o 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015) 4.3.2.2. Edifício de apartamentos (condomínio): não possuem personalidade jurídica própria, projetando-se como unidade equiparada à pessoa jurídica, podendo, portanto, ser empregador. O condomínio é representado em juízo, ou fora dele, pelo síndico (artigo 22 da Lei n. 4.591/1964, que dispõe sobre o condomínio em edificações): Art. 22. Será eleito, na forma prevista pela Convenção, um síndico do condomínio, cujo mandato não poderá exceder de 2 anos, permitida a reeleição. § 1º Compete ao síndico: a) representar ativa e passivamente, o condomínio, em juízo ou fora dele, e praticar os atos de defesa dos interesses comuns, nos limites das atribuições conferidas por esta Lei ou pela Convenção; 4.3.2.3. Falência e empresas em liquidação: a falência provoca a extinção da sociedade. Todavia, a empresa falida pode ser empregadora e os contratos podem ser cumpridos pelo administrador judicial (artigo 117 da Lei n. 11.101/2005). A massa falida é representada em juízo pelo administrador judicial, pois os administradores perdem a posse e administração da sociedade. A personalidade jurídica do devedor mantém-se até a liquidação final. A empresa passa a ser qualificada com o aditivo “MASSA FALIDA”. Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8212cons.htm#art12vh http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8212cons.htm#art12vh http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13165.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13165.htm#art2 18 4.3.2.4. Cartório não oficializado: o titular do cartório não oficializado, no exercício de delegação estatal contrata, assalaria e dirige a prestação de serviços dos seus auxiliares, equiparando-se ao empregador. Art. 236 (Constituição Federal). Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. 4.3.2.5. Subempreiteiro: a subempreitada é a modalidade de contrato pelo qual o empreiteiro principal não considerando conveniente executar todas as obras ou serviços, os transfere a outrem (pessoa física ou jurídica), chamada de subempreiteiro. A inadimplência trabalhista por parte do subempreiteiro assegura aos empregados o direito de reclamar contra o empreiteiro principal (solidariedade), conforme previsão no artigo 455 e parágrafo único da Consolidação das Leis do Trabalho: Art. 455 - Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro. Parágrafo único - Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo. Contudo, nos termos da Orientação Jurisprudencial 191 do TST, o dono da obra não é responsável solidário ou subsidiário pelas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo se for uma construtora ou incorporadora. OJ-SDI1-191 CONTRATO DE EMPREITADA. DONO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE (nova redação) - Res. 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora. 19 4.3.3. Empresa e estabelecimento: Empresa – Empresa é a unidade econômica produtiva organizada. O artigo 966 do Código Civil a define como sendo “a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços”: Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. A empresa não possui personalidade jurídica e não pode ser entendida como sujeito de direito, salvo sob o âmbito trabalhista, pois, nesse caso a empresa é uma organização que tem empregados e que, portanto, deve cumprir não apenas fins econômicos, mas também sociais, em que se incluem, por exemplo, as relações entre o empregado e os superiores hierárquicos, a estrutura da empresa para atender essas relações etc. Estabelecimento – é o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos que instrumentalizam e realizam a empresa – artigo 1.142 do Código Civil: Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 4.3.4. Grupo Econômico: É o conglobamento de empresas que, embora tenham personalidade jurídica própria, estão sob o controle administrativo ou acionário de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de outra atividade econômica, sendo solidariamente responsáveispara os efeitos da relação de emprego (artigo 2º, § 2º da CLT), já acima transcrito (página 13). No grupo econômico, cada um dos estabelecimentos da empresa aparece formalmente como pessoa jurídica distinta, com CNPJ, inscrição estadual e personalidade jurídica própria. Formalmente são várias as pessoas jurídicas que exploram a mesma atividade 20 econômica, sob a mesma marca e controle de alguns sócios que se repetem em todas as sociedades, para quem o controle é confiado. Essas pessoas jurídicas admitem empregados e os “transferem” de uma para outra empresa. Importante registrar que o Tribunal Superior do Trabalho reconhece a solidariedade ativa (ou seja, o grupo econômico potencialmente pode exigir do empregado o cumprimento da prestação dos serviços em favor de qualquer de seus integrantes, desde que, é claro, exista ajuste contratual nesse sentido) por meio da Súmula 129, a seguir: SUM-129 CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. Não resta dúvida, então, da existência de solidariedade passiva, ou seja, em que cada empresa do mesmo grupo econômico, embora cada qual com personalidade jurídica própria, é solidariamente responsável pelos débitos trabalhistas umas das outras. Todavia, em face da nova redação do § 2º do artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho (trazido pela Reforma Trabalhista), restará superada a dicotomia entre relação de coordenação ou de subordinação e integração horizontal ou vertical. Em consórcio de empresas, sendo este uma forma associativa, não geradora de nova personalidade jurídica, que, independentemente da existência de um controle central, obriga os consorciados nas condições previstas no contrato, respondendo cada um deles por suas obrigações, sem presunção de solidariedade (artigos 278 e 279 da Lei n. 6.404/1976). Na esfera trabalhista, entretanto, há alguma controvérsia em relação à responsabilidade solidária entre as empresas que compõem o consórcio. Há entendimento de que há aí, do mesmo modo que no grupo econômico, uma união de débitos, podendo o empregado, 21 indistintamente, demandar contra qualquer dos consorciados. Em sentido contrário, veja decisão abaixo: PROCESSO TRT/ SP Nº 0001531-52.2015.5.02.0055 12ª Turma ORIGEM: 55ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RECURSO ORDI NÁRIO 1. RECORRENTE: JOSÉ JACI NTO DOS SANTOS 2. RECORRENTE: VI AÇÃO GATO PRETO LTDA 1. RECORRIDO: OAK TREE TRANSPORTES URBANOS LTDA EMENTA: CONSÓRCIO DE EMPRESAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INEXISTÊNCIA. Quando em consórcio, cada empresa mantém a sua personalidade jurídica e independência, respondendo cada uma dessas empresas consorciadas por suas obrigações (artigo 278, § 1º , da LSA), embora em face da Administração Pública e em decorrência de processo licitatório, a responsabilidade seja solidária em relação aos atos praticados em consórcio (objeto do contrato administrativo firmado). As empresas consorciadas são vistas isoladamente inclusive para questões tributárias, diga-se de passagem. Assim, uma empresa do consórcio, em princípio, não pode ser responsabilizada pelas obrigações de qualquer ordem, inclusive trabalhistas, contraídas por outra empresa consorciada em atos não praticados em consórcio. Valendo lembrar que, no caso dos autos, embora o próprio Consórcio pudesse ser empregador, não o era em relação ao reclamante. Em geral, as empresas formam consórcio para melhor otimizar sua atuação no mercado, como no caso da licitação, em que a conjugação do capital e dos demais recursos de que dispõem podem ensejar a qualificação econômico-financeira, que, por certo, não alcançariam sozinhas. Em consórcio, as empresas juntam-se para um fim específico e por prazo certo e agem em conjunto somente para o fim do negócio que pretendem empreender. Permanecem não só autônomas, mas independentes, para todos os demais assuntos que não se relacionam diretamente ao pacto. Para os assuntos comuns e diretamente ligados aos atos praticados em consórcio, portanto, não há dúvidas quanto à solidariedade das empresas consorciadas, nos termos do artigo 33, inciso V, da Lei de Licitações, inclusive para fins trabalhistas, pois agem em típico grupo econômico de que trata o artigo 2º, § 2º , da CLT, ainda que na modalidade de coordenação (horizontal) e não de subordinação (vertical). Todavia, em relação aos empregados de cada uma das empresas (que é o caso do reclamante), ainda que em desempenho de atividades ligadas ao consórcio como um todo (transporte coletivo), e tendo em vista o que estabelece o artigo 278, § 1º, da Lei nº 6.404/1976, tem-se que não há 22 ingerência de uma empresa na outra, pois cada empresa é responsável pelo cumprimento de suas obrigações na proporção de sua participação no empreendimento. Cada empresa deve gerir a sua parte do empreendimento e isso inclui as ordens aos seus empregados. Recurso provido. (meus grifos) 4.3.5. Sucessão de empregadores: Essa figura está regulamentada nos artigos 10 e 448 da CLT. O fato gerador da sucessão é a transferência da titularidade de toda ou de parte da empresa, de uma pessoa jurídica ou física para outra, seja a que título for. Para os empregados, qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afeta os direitos já adquiridos nem os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Todavia, o legislador (na Reforma Trabalhista) pretendeu ser específico em relação à responsabilização dos sócios atuais e retirantes, ao acrescentar os artigos 10-A e 448-A à Consolidação das Leis do Trabalho: Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. “Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I - a empresa devedora; II - os sócios atuais; e III - os sócios retirantes. Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. 23 Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. A sucessão trabalhista pressupõe os seguintes requisitos: a) mudança na estrutura jurídica ou na propriedade, como ocorre na compra e venda, na sucessão hereditária, no arrendamento, na incorporação, na fusão, na cisão etc.; b) continuidade do ramo do negócio (a jurisprudência é majoritária nesse sentido); c) continuidade dos contratos de trabalho com a unidade econômica de produção (embora tal requisito não seja imprescindível), pois pode ocorrer de o empregador dispensar todos os seus empregados, sem pagamento antes da transferência da empresa ou do estabelecimento. Observação: o fato gerador da sucessão é a transferência da titularidade de toda ou de parte da empresa, de uma pessoa jurídica ou física para outra. Pode-se ter sucessão em caráter provisório (arrendamento, usufruto, locação, cessão provisória, concessionáriode serviço público etc.) ou definitivo (transferência ou alienação definitiva: compra e venda, doação, cessão definitiva, fusão, incorporação, cisão, arrematação em hasta pública ou leilão público). Abaixo, decisão publicada no dia 26/06/2018: AGRAVO DE PETIÇÃO Processo TRT/SP Nº 1000007-96.2015.5.02.0315 ORIGEM: 5ª VARA DO TRABALHO DE GUARULHOS 24 AGRAVANTE: DIMAS DA SILVA SOUZA AGRAVADOS: 1. NILDA MARIA DOS SANTOS AMORIM 2. IMPACTUS LOG TRANSPORTES LTDA. 3. APARECIDA FRANCISCO DE CARVALHO 4. LUIZ EDUARDO CARDOSO MIRANDA 5. ELISANGELA VIEIRA HOLANDA Responsabilidade de ex-sócio. CC, 1.003, parágrafo único, e 1.032. Dispositivos que definem o limite, no tempo, da responsabilidade do sócio que se desliga da sociedade. A obrigação do ex-sócio não se perpetua, pois, caso contrário, estaria comprometida a segurança dos negócios e das pessoas. A responsabilidade do sócio não se estende para período em que já não era mais sócio. E com a retirada - ou com a exclusão -, o ex-sócio responde pelas tais obrigações (as que tinha enquanto sócio), até dois anos depois da retirada ou da exclusão, ou da respectiva averbação. Agravo de petição do exequente a que se nega provimento. Observar ainda o que dizem as Orientações Jurisprudenciais 261 e 411 da Seção de Dissídios Iindividuais-1 do Tribunal Superior do Trabalho: OJ-SDI1-261 BANCOS. SUCESSÃO TRABALHISTA (inserida em 27.09.2002) As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista. OJ-SDI1-411 SUCESSÃO TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DE EMPRESA PERTENCENTE A GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SUCESSOR POR DÉBITOS TRABALHISTAS DE EMPRESA NÃO ADQUIRIDA. INEXISTÊNCIA. (DEJT divulgado em 22, 25 e 26.10.2010) O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese de má-fé ou fraude na sucessão. 25 4.3.5.1. Sucessão em caso de serviços notariais e de registros não oficializados: Quando o serviço notarial e de registro for não oficializado ou extrajudicial, sua natureza jurídica se resumirá na concessão sui generis do serviço notarial e de registro ao delegado, pessoa física, mediante concurso. Discute-se como seria a sucessão trabalhista nesses casos. Parte da doutrina entende que o novo delegado não responde pelas dívidas trabalhistas do delegado anterior, o afastamento deste implicaria a dissolução dos contratos dos empregados até então vinculados à serventia. Dessa forma, alguns autores sustentam que deve ser admitida a transferência de responsabilidade para o Estado-concedente, titular do serviço e responsável final por sua execução, desobrigando-se o novo delegado que recebeu a delegação de modo originário. Entretanto, tem-se visto a possibilidade de sucessão trabalhista também em se tratando de serviços notariais. Abaixo, notícia extraída do sítio eletrônico do Ministério Público do Trabalho publicada no final do mês de setembro/2014: MPT obtém decisão favorável contra cartório Nova tabeliã coagia empregados a pedir demissão e a propor ação contra ex- tabelião. O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Goiás obteve decisão liminar favorável contra a nova responsável pelo Cartório do 3º Tabelionato de Notas de Goiânia, que coagia os empregados do Cartório a pedir demissão e, em seguida, propor ações trabalhistas contra o ex-tabelião, com indicação de advogado previamente indicado. Essa era a condição imposta pela tabeliã, recentemente nomeada, para que os empregados fossem recontratados. O objetivo era fraudar a chamada Sucessão Trabalhista. Esse dispositivo, presente na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), prevê que, quando há mudança de proprietários numa empresa, os novos donos continuam sendo responsáveis pelas obrigações trabalhistas. De acordo com o procurador do Trabalho Januário Justino Ferreira, provas demonstraram que, à exceção de quatro pessoas, foram recontratados somente os 16 empregados que propuseram ações trabalhistas contra o antigo responsável pelo cartório. Ainda segundo Justino Ferreira, esses recontratados tiveram o salário reduzido e, além disso, das 16 ações propostas, 15 foram conduzidas pela mesma advogada, indicada e contratada pela tabeliã. 26 Decisão Na decisão, os pedidos feitos pelo MPT em Goiás foram quase totalmente aceitos. A responsável pelo 3º Tabelionato deve, segundo a decisão, não mais coagir seus empregados a praticarem atos contrários aos seus próprios interesses, sob pena de multa de R$ 50 mil por trabalhador e ocorrência. Estão proibidos também de contratar advogados com o objetivo de prejudicar o interesse dos trabalhadores. Assessoria de Comunicação Ministério Público do Trabalho em Goiás Fones: (62) 3507-2713 / 9143-7131 E-mail: prt18.ascom@mpt.gov.br www.prt18.mpt.gov.br Em sentido contrário: PROCESSO TRT - RO - 0010700-06.2014.5.18.0006 RELATOR: DESEMBARGADOR PAULO PIMENTA RECORRENTE(S): CLAUDIA ADRIANA ROSA DE OLIVEIRA PEIXOTO ADVOGADO(S): ARLETE MESQUITA E OUTROS RECORRIDO(S): GOIÂNIA CARTÓRIO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS DA 1ª ZONA ADVOGADO(S): JOSE HUMBERTO ABRÃO MEIRELES RECORRIDO(S): JÂNIO RODRIGUES DE OLIVEIRA ADVOGADO(S): JOSE HUMBERTO ABRÃO MEIRELES RECORRIDO(S): YANEZ RODRIGUES DE OLIVEIRA ADVOGADO(S): JOSE HUMBERTO ABRÃO MEIRELES ORIGEM: 6ª VT DE GOIÂNIA-GO JUIZ(ÍZA): NARAYANA TEIXEIRA HANNAS EMENTA CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL. ALTERAÇÃO DA TITULARIDADE. SUCESSÃO DE EMPREGADORES. NÃO CONFIGURAÇÃO. Havendo alteração na titularidade do cartório extrajudicial, o antigo notário responde pelos direitos trabalhistas devidos ao empregado na época em que figurava como titular da serventia, não configurando a sucessão de empregadores, por se tratar de atividade delegada pelo Poder Público. 17ª TURMA RECURSO ORDINÁRIO PROCESSO TRT/SP Nº 0001595-85.2015.5.02.0015 ORIGEM: 15ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO mailto:prt18.ascom@mpt.gov.br 27 RECORRENTES: 1. LUIS FERNANDO JUNQUEIRA FRANCO 2. UALTER LUIZ ALVES RECORRIDO: RENATA CRISTINA DE OLIVEIRA SANTOS AOKI e OUTRO Cartório. Sucessão trabalhista. O titular do Cartório tem a faculdade de contratar empregados para auxiliar a realização dos serviços delegados (art. 20 da Lei 8.935/94). Entretanto, dada a condição especial de sua investidura, que não configura aquisição de negócio ou fundo de comércio, o notário não assume o passivo trabalhista, a não ser nas hipóteses de manutenção dos mesmos contratos, sem solução de continuidade. 4.3.5.2. Sucessão de empregadores na Lei n. 11.101/2005: Essa lei regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Nela, criou-se regra de exclusão de ônus e de responsabilidades aplicáveis no campo da sucessão empresarial trabalhista. Nas condições descritas nos artigos 60 e 141 da mencionada lei, o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor: Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei. Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei. Art.141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: (...) II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. Porém, o § 1º desse artigo 141 traz situações em que haverá sucessão trabalhista, mesmo em caso de falência ou recuperação judicial: 28 § 1º. O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o arrematante for: I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. Veja decisões abaixo: PROCESSO TRT/SP Nº 0000482-05.2011.5.02.0026 (20140027436) RECURSO ORDINÁRIO - 26ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RECORRENTE: CLARICE APARECIDA PEREIRA DE MELO 1º RECORRIDO: HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 2º RECORRIDO: SAÚDE ABC SERVIÇOS MÉDICO HOSPITALRES LTDA em recuperação judicial EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. FALÊNCIA. ARREMATAÇÃO DE BEM EM LEILÃO JUDICIAL. SUCESSÃO NÃO CONFIGURADA. No julgamento da ADIN nº 3934 o STF decidiu pela constitucionalidade do art. 60, parágrafo único, art. 83, I e IV, “c”, e 141, II, da Lei nº 11.101/2005. Assim, a aquisição de unidade produtiva da empresa falida ou qualquer outro bem em leilão judicial não configura sucessão. PROCESSO Nº TST-ARR-1397-69.2015.5.02.0008 ACÓRDÃO (publicado em 21/09/2018) (8ª Turma) I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA PRIMEIRA RECLAMADA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/14 E DO NCPC – TEMPESTIVIDADE – ÓBICE AFASTADO Ultrapassado o obstáculo apontado pelo despacho denegatório. Aplicação da Orientação Jurisprudencial nº 282 da SBDI-1. HORAS EXTRAS - TRABALHO EXTERNO - POSSIBILIDADE DE CONTROLE DE JORNADA O TRT consignou que a natureza do trabalho externo desempenhado pelo Reclamante não era incompatível com a fiscalização da jornada. Os arestos 29 transcritos não traduzem a mesma hipótese fática dos autos, atraindo o óbice da Súmula n° 296 do TST. ARREMATAÇÃO JUDICIAL DE UNIDADE PRODUTIVA - EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL – INEXISTÊNCIA DE SUCESSÃO TRABALHISTA Por vislumbrar violação aos artigos 60, parágrafo único, 141, II e § 1º, da Lei nº 11.101/2005, dá-se parcial provimento ao Agravo de Instrumento para mandar processar o recurso denegado. II – RECURSO DE REVISTA DA PRIMEIRA RECLAMADA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/14 E DO NCPC - ARREMATAÇÃO JUDICIAL DE UNIDADE PRODUTIVA - EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL – INEXISTÊNCIA DE SUCESSÃO TRABALHISTA A alienação de patrimônio de empresa em processo de recuperação judicial não acarreta a sucessão de dívidas pela arrematante. Recurso de Revista conhecido e provido. (meus grifos)
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