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1 Professor Jairo Halpern – Resumo de Aula - SALÁRIO E REMUNERAÇÃO Onerosidade da relação de emprego - deve ser entendida como regra, da qual cabem poucas exceções, ditadas normalmente pela natureza da atividade empreendida (mães crecheiras, patronagem de CTG, etc). É um dos elementos configuratórios da relação empregatícia Salário - "é a retribuição devida e paga pelo empregador ao empregado, como contraprestação dos serviços prestados" ou "é a retribuição devida pelo empregador ao empregado, em equivalência subjetiva ao valor da contribuição deste na consecução dos fins almejados pelo empreendimento econômico." Remuneração - CLT, 457 “é o conjunto de todas as retribuições recebidas pelo empregado em virtude do contrato de trabalho, sejam elas provindas do empregador ou de terceiros". Salário básico - 457 par. 1º CLT "importância fixa estipulada", sobre a qual são calculadas todas as outras parcelas, integrantes ou não do salário (com exceção dos adicionais de insalubridade). Integram o salário: comissões (percentagens), gratificações ajustadas - desde que habituais (adicionais por tempo de serviço, prêmios* por desempenho tais como produtividade, assiduidade, se habitual e a participação nos lucros das empresas não integram *), diárias para viagens*, desde que ultrapassem 50% do valor do salário do empregado (Súm. 101, TST) *com algumas condições, ou seja, exceto se houver acordo ou convenção coletiva que assim ajuste, pois a CF, não prevê a integração em salário. Não integram o salário: ajudas de custo e diárias de viagem, salvo se ultrapassar 50% do valor do salário. Salário Complessivo (ou completivo): consiste em fixar uma determinada importância fixa para remunerar várias rubricas. Ex: 300,00 que pagam o salário fixo, horas extraordinárias e adicional noturno - indiscriminadamente. Impossibilita a verificação da retidão no pagamento de todas as parcelas (e suas oscilações) e por isso, a inclinação dos Tribunais é no sentido de decretar a nulidade do pagamento. Súmula 91 TST. Salário mínimo: fixado e reajustado de acordo com a política nacional de salários e conforme o art. 7º inc. IV CF/88 + 76, CLT. Salário Profissional: estipulado legalmente para determinadas profissões (ex: médicos e afins - 3999/61, engenheiros - Lei 4950-A/66, etc) Salário da Categoria: estipulado via instrumento coletivo (acordos, convenções e/ou sentença normativa) para valer especificamente para a categoria profissional em questão, em sua circunscrição territorial (piso salarial), pode estabelecer níveis salariais diferenciados de acordo com as atividades. Pode assumir as seguintes tipologias: PISO SALARIAL: é o valor mínimo que pode ser pago em uma categoria profissional ou a determinadas profissões numa categoria profissional. O piso é um acréscimo sobre o salário mínimo e é fixado, via de regra, de maneira convencional. SALÁRIO NORMATIVO: é aquele fixado em sentença normativa proferida em dissídio coletivo pelos Tribunais do Trabalho. Expressa-se como uma forma de garantir os efeitos dos reajustamentos salariais coletivos porque impede a admissão de empregados com salários menores que o fixado pela sentença. SALÁRIO DE FUNÇÃO: é aquele garantido por sentença normativa como mínimo que pode ser pago a um empregado admitido para ocupar vaga aberta por outro empregado despedido sem justa causa. Como a dispensa sem justa causa gera a presunção de dispensa obstativa da aplicação dos reajustamentos salariais coletivos, garante-se ao novo empregado o valor que o empregador pagava na função, tomando-se por base o menor salário da função (Instr. Número 1 do TST, ex-prejulgado 56). A CLT conceitua... ACORDO COLETIVO / CONVENÇÃO COLETIVA – art.611DISSÍDIO – art. 859 e segs Salário utilidade (458, CLT): Primitivamente, o trabalhador laborava em troca de utilidades. Atualmente, as utilidades são admitidas somente como complemento/parte do salário pago em dinheiro. Também chamadas de prestações "in natura", as utilidades integram o salário para todos os efeitos. 2 COMISSÕES (ou percentagens) 466 CLT: constituem modalidade de retribuição condicionada ao serviço realizado pelo trabalhador. Corresponde, normalmente, a uma percentagem ajustada sobre o valor do serviço ou negócio executado ou encaminhado pelo trabalhador. A obrigação de pagar a comissão independe do resultado líquido (lucro) auferido pela empresa, bem como da perfectibilização do crédito oriundo dessa venda (compensação do cheque, por ex.), porque é salário, sempre que o comissionista for um empregado (comissões sobre vendas - regulado pela Lei 3207/57). Gratificação contratual: a gratificação é uma remuneração especial, quer dizer, recompensa por serviços prestados ou pela colaboração do empregado - de natureza salarial: a gratificação ajustada - de natureza premial ou gratuita: gratificação liberalidade (não ajustada). Somente as gratificações ajustadas integram o salário. As gratificações estabelecidas de modo tácito, devem Ter forma comprobatória objetiva, consistente em critérios como habitualidade, periodicidade e uniformidade. (v. Súm 459 STF) Prêmios: suplemento à remuneração do empregado, destinado a recompensá-lo pela eficiência na prestação dos serviços, pela assiduidade com que comparece ao trabalho, etc. É uma verba de incentivo, que visa ao melhor rendimento e comportamento do empregado, alguns doutrinadores entendem que por isso se caracteriza mera liberalidade do empregador que não integra o salário do obreiro para qualquer efeito. Abonos salariais (457 par. 1º da CLT): integram o salário para todos os efeitos legais. Visam manter o poder aquisitivo do salário. Diárias de viagem: também é tema controverso, com jurisprudência para todos os gostos. "Tem por fim indenizar despesas de viagem e manutenção do empregado, quando forçado a realizá-las para a execução do seu contrato de trabalho." Em verdade, conforme o Súm. 101 TST., não se incluem no salário as diárias de viagem que não excedam a 50% do salário mensal do empregado. Ajudas de Custo (470 CLT): destinam-se a indenizar as despesas do empregado, oriundas da sua transferência para local diverso daquele que têm domicílio. Constituem um único pagamento, para atender as despesas resultantes da transferência. Têm caráter indenizatório e não salarial. Gorjetas: são a retribuição paga por aqueles que se utilizam dos serviços da empresa, aos empregados que os executam. As gorjetas não representam salário, mas sim parcela da remuneração (457 CLT). Gratificação natalina: também conhecida como 13º salário. Condições de pagamento: até o dia 20/12 de cada ano (metade deve ser antecipada até novembro - L. 4090/62 e 4749/65). Seu cálculo baseia-se na média salarial dos últimos 12 meses (parte fixa + parte variável - comissões, adicionais extraordinários, etc). A Jurisprudência do TST orienta-se no sentido de que as gorjetas não integram o cálculo da média referida. Em caso de rescisão contratual antes de seu pagamento, o funcionário faz jus a recebê-lo proporcionalmente, quando do pagamento das verbas rescisórias. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE – o empregado deve exercer sua atividade em local “salubre”, isento de qualquer elemento nocivo à saúde. Não sendo possível isso, deve receber um adicional de insalubridade que variará de acordo com o grau da condição ou agente insalutífero encontrado (grau mínimo: 10%, grau médio: 20% e grau máximo: 40%. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE – o empregado que trabalhar exposto permanentemente* (ou de forma intermitente) a perigo de vida, em contato com explosivos, inflamáveis ou eletricidade (notadamente pública ou subestações de energia), faz jus ao adicional de periculosidade que corresponde ao acréscimo de 30% sobre seu salário contratual ou base – art. 193, CLT + CF/88 (idem) + 191 TST ● Não cumuláveis entre si. Deverá ser optado. ● Perícia “ex officio”: 195 par. 2º CLT + Súm.236 TST ADICIONAL DE HORAS EXTRAS – O trabalho extraordinário (além da 8ª hora diária ou da 44ª semanal, cf o caso), deverá ser sempre remunerado com o adicional nunca inferiora 50% (art. 7º XVI). Horas Extras habituais: integram o salário do obreiro. – TST 115 E 151 ● Supressão de horas extras habituais: 291, TST 3 ● E se o acordo, convenção ou dissídio estabelecer percentuais maiores como adicionais extraordinários ? ● Banco de Horas: sempre deve ser estabelecido por instrumento coletivo (§ 2º e 3º do art. 59 CLT). ● Sobreaviso: 244 CLT – aplicação analógica para funcionários com bip* (orientação jurisprudencial SDI TST 49 – diz que não caracteriza sobreaviso, mas ainda existem muitos posicionamentos recentes, entendendo o contrário), celular, mobi ou residentes no local da prestação do serviço (1/3 das horas em expectativa – independente de tê-las trabalhado ou não = apenas por estar “de prontidão” = não mais se entende que esteve 24hs à disposição do empregador). ● Compensação de horário: originalmente prevista para o trabalho do Sábado. Vige ainda a exigência do art. 60 CLT, aplica-se a Súm.85 / 349 TST: dispensável a inspeção prévia, mas necessária a avença via instrumento coletivo. ADICIONAL NOTURNO – Compreende-se por horário de trabalho noturno aquele entre as 22hs de um dia e às 5hs do outro, nos centros urbanos. Nesses casos, o trabalhador terá hora de 52m30seg. e receberá adicional mínimo de 20% sobre a hora normal. (Agrícola: 21 às 5 e pecuário: 20 às 4 = acréscimo de 25% e hora de 60 minutos – Lei 5889). O pagamento com habitualidade também integra o salário do obreiro. Aos menores de 18 anos é proibido o trabalho noturno. Observação: Súmula 60 do TST. HORAS “in itinere” – “O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso ou não servido por transporte regular público, e para o seu retorno, é computável na jornada de trabalho.” (TST, 90) + TST, 320. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA – o empregado não pode ser transferido de seu local de trabalho, salvo em casos expressos e previstos em lei (ou em virtude de instrumento coletivo) Adicional mínimo de 25% enquanto perdurar a situação. V. 469 e § 3º CLT + 470 CLT. PROTEÇÃO DO SALÁRIO DO EMPREGADO A proteção legal do salário do trabalhador brasileiro se opera em virtude de diversos agentes, a saber: ● IRREDUTIBILIDADE E CONTROLE DOS DESCONTOS: 7º VI da CF/88 + 462, CLT ● INALTERABILIDADE (quanto à forma e não à quantidade) 468, CLT. ● PAGAMENTO DIRETO: 464, CLT (forma de prova processual, inclusive). ● PAGAMENTO EM MOEDA DE CURSO LEGAL: 463, CLT (nulidade de pagamentos em dólar, títulos diversos, etc), 464 § único (o empregado deve manifestar, previamente, sua concordância quanto à forma de recebimento). ● PONTUALIDADE: 459, CLT (até o 5º dia útil do mês subseqüente ao trabalhado/vencido). A principal sanção quanto à não observância consiste em poder o empregado considerar rescindido o contrato de trabalho, por justa causa do empregador (483, d + § 3º 483 – CLT). ● PAGAMENTO EM HORÁRIO E LOCAL DE TRABALHO: 465, CLT. ● EQUIPARAÇÃO SALARIAL: 461, CLT (requisitos) IMPENHORABILIDADE: o valor relativo a salários é impenhorável por dívidas comuns (até mesmo as fiscais). Excetuam-se, portanto, as dívidas oriundas de pensionamentos alimentícios (advindas de qualquer vínculo – marital ou parental [filial ou colateral], desde que determinadas por juízo competente – provisória ou definitivamente – ou pactuadas pelas partes). EQUIPARAÇÃO SALARIAL: ART.461 DA CLT – princípio da isonomia salarial, constitucionalmente garantido. a) observação do artigo mencionado b) quadro de carreira organizado, homologado pelo Mtb e Emprego, descabe a equiparação salarial.
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