Buscar

AT11 Estudos Seccionais

Prévia do material em texto

ESTUDOS SECCIONAIS
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde 
Faculdade de Medicina / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva - IESC
Departamento Medicina Preventiva
Disciplina de Epidemiologia
Doentes 
Expostos
Doentes Não 
Expostos
Não Doentes 
Expostos
Não Doentes 
Não Expostos
Prevalência = (A+C) / N
Prevalência de doença entre os expostos = A / (A+B)
Prevalência de doença entre os não expostos = C / (C+D)
Frequências
Expostos
Não Expostos
Total 
Doentes Não Doentes Total
A + B
C + D
N
A B
C D
A+ C B + D
Frequências de doença e exposição observadas em 
um estudo seccional
OBJETIVOS
� Estimar a prevalência da doença na população total ou 
em estratos dessa população, úteis para estimar a 
prevalência de condições comuns e razoavelmente longas 
e para determinar a distribuição de medidas contínuas 
em uma população;
� Comparar taxas de prevalências de diferentes 
populações ou grupos populacionais;
� Determinar as características epidemiológicas de um 
agente novo;
� Avaliar condições de saúde com fins de política de 
saúde. 
EXEMPLOS
Estrato de renda 
baixa
Estrato de renda 
média
Estrato de renda 
alta
Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
19,8 % 31,2 % 23,8 % 25,1 % 24,8 % 22,2 %
Prevalência de HA na Ilha do Governador - RJ
Fonte: Hipertensão arterial na Ilha do Governador II - Prevalência. Cadernos de Saúde Pública, 
1995;11(3):389-94.
NE CO N SE S
24% 31% 34% 36% 38%
Prevalência de excesso de peso segundo regiões Brasil, 1989
Fonte: Condições Nutricionais da População Brasileira: adultos e idosos. MS / INAN, 1991
Prevalência de diabetes mellitus em algumas capitais brasileiras
Rio de 
Janeiro
São 
Paulo
Porto 
Alegre
Brasília Salvador Recife Belém
7,5% 9,7% 8,9% 5,2% 7,9% 6,4% 7,2%
Fonte: The Brazilian Cooperative Group on the Study of Diabetes Prevalence. Diabetes Care, 
1992:15:1509-16
CARACTERÍSTICAS
� Maior poder de generalização;
� Costumam ser mais rápidos e relativamente mais baratos 
quando comparados com estudos de coortes e caso-controle;
� A população do estudo é selecionada por amostra e pode ser 
estratificada por grupos que se deseja comparar;
� O período de início da exposição e seus diferentes níveis devem 
ser aferidos claramente;
Exemplo: neoplasias, mudanças de hábitos (alimentação, 
fumo) doenças respiratórias, ocupação e exposição ambiental 
PROBLEMAS
�Difícil separar causa e efeito já que a prevalência da doença e 
a exposição são avaliados simultaneamente entre indivíduos de 
uma população definida. 
Exemplos: obesidade ���� artrite
sedentarismo���� doença coronariana
São mais adequados para o estudo de exposições que não se 
alteram com a doença.
Exemplo: antígeno HLA e artropatias
VIÉS TEMPORAL
Ex. Estudo de prevalência para investigar a associação entre 
creatinina sérica e hipertensão
insuf. renal ���� hipertensão?
hipertensão ���� insuf. renal?
Estudo longitudinal
PA medida em indivíduos com níveis normais de creatinina e 
acompanhados para avaliar ocorrência de aumento de 
creatinina
HA ���� prediz insuf. renal incipiente
� Viés Temporal
PROBLEMAS
Ex. Associação negativa entre ter animais domésticos e alergias
= Causalidade reversa
VIÉS DE SOBREVIVÊNCIA
Casos prevalentes = incidência da doença + fatores 
prognósticos
Indivíduos que curam ou morrem mais rapidamente 
têm menos chances de serem incluídos em um estudo 
de prevalência.
Exemplo: maior prevalência de doença coronariana 
em brancos do que em negros
PROBLEMAS
A probabilidade de participação de doentes expostos em 
um estudo seccional é dependente do tempo de duração 
da exposição
���� Doentes com longos períodos de exposição poderão 
estar super-representados
Exposição que prolonga
a sobrevida pode ser 
confundida com um fator 
de risco
Exposição que encurta a
sobrevida pode ser 
confundida com fator de
proteção
prevalência de doentes 
entre os expostos pode 
ser menor do que entre 
os não expostos
prevalência de doentes 
entre os expostos pode 
ser maior do que entre 
os não expostos
VIÉS DE INCIDÊNCIA-PREVALÊNCIA
P 
1-P
= I x Dur P = I x Dur x (1 – P)
RP = I x Dur x (1 – P)
I x Dur x (1 – P)
Viés de Sobrevivência - para doenças de baixa 
prevalência, quando a duração da doença 
independe da exposição (E=NE),
RP ~ RI
Quando a duração da doença independe da exposição, a RP 
tende a subestimar a força da associação o víés da razão do 
complemento da prevalência depende da magnitude da RP e do 
valor absoluto das P
RP =P E / PNE
PE = 0,04
PNE = 0,01
RP = 0,04 / 0,01 = 4
1-PE = 0,96
1-PNE = 0,99
(1-PE) / (1-PNE) = 0,96/0,99 
= 0,97 ~1,0
RP =P E / PNE
PE = 0,40
PNE = 0,10
RP = 0,40 / 0,10 = 4
1-PE = 0,60
1-PNE = 0,90
(1-PE) / (1-PNE) = 0,60/0,90 = 0,67 
RI 33% < RP
RP = I x Dur x (1 – P)
I x Dur x (1 – P)
VÍÉS DA RAZÃO DO COMPLEMENTO
Fases de um Estudo Seccional
Planejamento
• Protocolo
• Instrumentos - questionários, medidas objetivas,
técnicas de medidas
• Amostragem
• Seleção e treinamento de pesquisadores de campo
Execução
• Estudo piloto
• Coleta de dados
• Controle de qualidade
• Análise e divulgação dos resultados
INSTRUMENTOS
Enquanto a análise estatística de um 
estudo pode ser repetida caso tenha 
sido feita incorretamente, raramente 
se tem uma segunda chance de obter 
informação através de um 
questionário aplicado a uma grande 
população se o questionário tiver 
sido mal construído.
Informações sobre:
• Exposição a possíveis fatores de risco
• Exposição a possíveis variáveis de confundimento
• Ocorrência da doença/evento de interesse
Validade – mede aquilo que se propõe a medir
Confiabilidade – produz o mesmo resultado 
quando aplicado repetidamente à mesma pessoa 
nas mesmas circunstâncias
QUESTIONÁRIO
� Os resultados de uma pesquisa geralmente não são 
melhores do que os dados utilizados.
� O pesquisador freqüentemente utiliza informações 
referidas, portanto, é bom que a qualidade dessa 
informação seja a melhor possível.
� É difícil desenvolver questionários de bom padrão.
� Muitos estudos são baseados em questionários 
construídos sem utilizar o conhecimento existente; sem 
um estudo piloto apropriado; sem consultar um 
especialista. 
� Muitos questionários diferentes abordam o mesmo tema 
e a falta de questionários padronizados prejudica a 
comparabilidade entre os estudos assim como a 
habilidade de combinar resultados de diversos estudos.
Análise
RAZÃO DE PREVALÊNCIAS (RP)
Em estudos nos quais os doentes são casos prevalentes 
podemos apenas estimar a proporção de doentes entre os 
expostos (PE) e entre os não expostos (PNE) e a razão de 
prevalências.
dc
c
ba
a
P
PRP
E
E
+
+
==
_
D ND T
E a b a+b
NE c d c+d
T a+c b+d
Razão de prevalências não é necessariamente um
estimador adequado de uma razão de riscos 
(estudos longitudinais de coortes).
���� razão de riscos quantifica quantas vezes é 
maior o risco dos expostos em desenvolverem a 
doença quando comparados com os não expostos
���� razão de prevalências estima quantas vezes
mais os expostos estão doentes quando 
comparados aos não expostos, na época do estudo 
seccional
A interpretação do OR de prevalência, ou razão de chances de 
prevalência é a mesma do OR de casos prevalentes nos estudos 
caso-controle, isto é, quantas vezes é maior a chance de estar 
doente entre os expostos em relação aos não expostos
RAZÃO DECHANCES PREVALENTES (RCP)
cb
da
d
c
b
a
d
b
c
a
RCP
⋅⋅
===
D ND 
E a b a+b
NE c d c+d
a+c b+d
RCE
D ND 
E a b a+b
NE c d c+d
a+c b+d
RCD
Técnicas Multivariadas
Utilizadas para elucidar uma associação de 
interesse principal entre um fator de exposição e 
um agravo, que pode estar sendo confundida ou 
modificada por outras variáveis
Estratificação ���� análise da relação de interesse 
principal nas categorias de outras variáveis
Modelagem matemática ���� consiste em submeter 
o conjunto dos dados a algoritmos de cálculo que 
estimam coeficientes de regressão, de acordo 
com os chamados modelos lineares ou não 
lineares.
Grupo etário 
Gênero 
 
Estrato RMD < 55 anos ≥≥≥≥
 55 anos 
 
Total 
 
Mulheres 
Baixa 
------------------ 
Média+Alta 
20,8 
 * 
13,9 
72,9 
 * 
49,6 
31,3 
 ns 
24,1 
 
Homens 
 
Baixa 
------------------ 
Média+Alta 
 
14,6 
 ns 
20,7 
 
38,2 
 ns 
32,6 
 
20,2 
 ns 
24,1 
 
Total 
 
Baixa 
------------------ 
Média+Alta 
 
18,1 
 ns 
17,0 
 
56,4 
 ns 
41,9 
 
26,5 
 ns 
24,1 
 
Prevalências de hipertensão arterial (%) em adultos da 
Ilha do Governador, segundo estrato de renda média 
domiciliar (RMD), gênero e dois grupos de idade
Fonte dos dados: Klein et al., 1995
Associação entre Consumo de Psicofármacos e variáveis Sócio-
demográficas. Odds Ratio Bruto (ORb) e Ajustado por Regressão 
Logística (ORa), Intervalos de Confiança (IC) e p-valor
Variável ORb IC p-valor ORa IC p-valor 
Gênero 
feminino 
masculino 
 
2,26 
1 
 
1,28-4,04 
 
<0,001 
 
2,12 
 
 
1,17-3,85 
 
0,01 
Escolaridade 
baixa 
alta 
 
2,58 
1 
 
1,52-4,41 
 
<0,001 
 
1,41 
 
0,76-2,56 
 
0,28 
Renda 
0-3 SM 
+ 3 SM 
 
2,20 
1 
 
1,31-3,72 
 
<0,001 
 
1,60 
 
0,92-2,78 
 
0,09 
 
 Fonte: Almeida LM et al. Cad. Saúde Públ. 10(1):05-16. 1994.
Associação entre Consumo de Psicofármacos e variáveis Sócio-
demográficas. Odds Ratio Bruto (ORb) e Ajustado por Regressão 
Logística (ORa), Intervalos de Confiança (IC) e p-valor
Variável ORb IC p-valor ORa IC p-valor 
Idade 
55 - + 
35 – 54 
14-34 
 
4,21 
2,25 
1 
 
2,21-8,05 
1,21-4,21 
 
<0,001 
0,01 
 
2,51 
1,76 
 
 
1,16-5,46 
0,89-3,49 
 
0,02 
0,10 
Sit. Conjugal 
separ./viúvo 
casado 
solteiro 
 
6,67 
2,27 
1 
 
2,86-16,67 
1,08-4,76 
 
 
<0,001 
0,02 
 
3,60 
1,93 
 
1,30-9,97 
0,81-4,67 
 
0,01 
0,14 
 
 
 
Fonte: Almeida LM et al. Cad. Saúde Públ. 10(1):05-16. 1994.

Continue navegando