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EQUILÍBRIO SÓLIDO- LÍQUIDO / MISTURAS EUTÉTICAS DIAGRAMA EUTÉTICO SIMPLES FLÁVIA GOMES DE SÃO JOSÉ HANA HITOMI KOGA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO – UFOP DEPARTAMENTO DE QUÍMICA DISCIPLINA: FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL B - QUI196 EQUILÍBRIO SÓLIDO- LÍQUIDO / MISTURAS EUTÉTICAS DIAGRAMA EUTÉTICO SIMPLES FLÁVIA GOMES DE SÃO JOSÉ HANA HITOMI KOGA Prof.ª Melissa soares Caetano OURO PRETO 01 DE JUlHO DE 2021 INTRODUÇÃO Em uma mistura de dois componentes com proporções conhecidas (sistema binário) utiliza-se o método da análise térmica para a obtenção dos dados necessários à construção do diagrama de fase líquido-sólido, a pressão constante. Este método consiste em fundir completamente as misturas sólidas, e em seguida, deixá-las resfriar lentamente, medindo-se a temperatura em intervalos de tempo regulares. A partir da construção de gráficos de temperatura em função do tempo, pode-se observar o aparecimento ou desaparecimento de uma fase, pois este fenômeno é acompanhado de um efeito térmico. A curva de resfriamento de uma mistura de dois componentes (A e B) é mostrada na Figura 1. Quando se inicia o processo de cristalização de um dos componentes (A, por exemplo) ocorre liberação de calor, e isto leva à uma diminuição na velocidade de resfriamento. Este fato é observado pela mudança de inclinação da curva de resfriamento na temperatura tr1. O resfriamento continua, e o teor de A no líquido remanescente diminui até que a temperatura atinja o valor te. Neste momento, o outro componente (B) também começa a se solidificar; as duas substâncias, A e B, passam a se solidificar em proporções iguais às da fase líquida. O sistema com as três fases coexistindo torna-se invariante, e a curva de resfriamento apresenta um patamar em te, chamada temperatura eutética. A solução líquida de composição constante, e cuja quantidade diminui gradativamente, é a chamada mistura eutética. No momento em que esta solução líquida se extingue, a temperatura volta a diminuir, correspondendo ao resfriamento da mistura sólida. A curva de resfriamento de uma substância pura é indicada na Figura 02 (curva A). Enquanto apenas a fase líquida está presente, a velocidade de resfriamento é quase constante até que seja atingida a temperatura de solidificação. Neste momento tem-se a presença de duas fases (líquida e sólida); o sistema é dito invariante e a temperatura permanece constante até que o processo de solidificação se complete. Terminada a solidificação, a temperatura volta a diminuir, tendendo a se igualar à temperatura ambiente. A curva de resfriamento de uma mistura líquida de dois componentes com a composição eutética apresenta as mesmas características de uma curva de resfriamento para uma substância pura, como mostrado na Figura 02 (curva III). A partir das curvas de resfriamento (Figura 02 - esquerda), pode-se construir um diagrama de fases de um sistema binário (Figura 02 – direita). Determinam-se, sobre estas curvas, as temperaturas de início de solidificação e a temperatura eutética. Na Figura 3 está representado um diagrama de temperatura (t) versus x, onde x é a fração molar de um dos componentes. Ligando-se os pontos correspondentes às temperaturas de início de solidificação, traça-se a “curva líquidus” (curva de completa fusão). Ligando-se os pontos das temperaturas eutéticas, traça-se a “curva solidus” (curva de completa solidificação). Com o diagrama completo, fica definido o ponto eutético, caracterizado pela temperatura eutética e pela concentração da mistura eutética. O diagrama de fases, como descrito na Figura 3, é útil na determinação da composição do sistema em diferentes condições de composição e temperatura. Descrição de alguns pontos apresentados no diagrama de fase da Figura 3: ponto A1 Sistema unifásico (mistura líquida) de composição global dada pela fração molar de A (A). ponto A2 Sistema bifásico (mistura líquida em equilíbrio com os primeiros cristais do componente A sólido). A temperatura do início da solidificação da solução é t2. ponto A3 Sistema bifásico (fase líquida em equilíbrio com determinada quantidade de A sólido). A composição global do sistema é dada por A (abscissa do ponto). Traçando por A3 uma reta paralela ao eixo das concentrações, esta encontra o eixo das ordenadas em t3 e a curva de líquido no ponto E3. A composição de equilíbrio entre as fases sólida e líquida é dada pela abscissa de t3 (100% molar de A) e pela abscissa do ponto E3 ( 3), respectivamente. A partir da regra da alavanca pode-se determinar as quantidades relativas de cada fase presente no sistema, a uma dada temperatura. No caso do ponto A3 da Figura 3, tem-se: onde S e L representam as quantidades relativas das fases sólida e líquida presentes no sistema global. Ou seja, medindo as distâncias A3t3 e A3E3, e substituindo-se os valores na equação, é possível calcular a proporção entre a quantidade da fase sólida (S) e da fase líquida (L), na temperatura t3. OBJETIVO Este trabalho tem por objetivo construir o diagrama de fases sólido – líquido para o sistema binário naftaleno-difenilamina, a partir dos dados obtidos pela análise térmica de misturas desses dois componentes em várias proporções. Materiais, equipamentos e reagentes - 07 tubos de ensaio (diâmetro 20 cm) - Rolha perfurada - Béquer de 1L - Balança (precisão 0,01 g) - Haste de agitação - Termômetro - Cronômetros -Naftaleno(C10H8) -Difenilamina(C12H11N) PARTE EXPERIMENTAL Na Tabela 1 são apresentadas as composições das soluções de naftaleno em difenilamina usadas para construir o diagrama de fases desse sistema. Preparou-se essas soluções em tubos distintos, os quais foram enumerados de 1 a 7. Em cada um dos tubos, inseriu-se um termômetro e uma haste de agitação, tampando-o com uma rolha perfurada. Colocou água no béquer de 1 L e aqueceu até a ebulição. Foi introduzido o tubo 1 na água fervente até a fusão completa da mistura sólida (acima de 90 o C). Retirou-se o tubo de ensaio do banho e o colocou em um suporte. Foi disparado o cronômetro e, simultaneamente, anotou a temperatura do sistema. Esta é a temperatura no tempo zero. Agitou continuamente a mistura com a haste de agitação e fez-se leituras da temperatura da solução de 30 em 30 segundos após a leitura no tempo zero. Anotou cada temperatura medida nas Tabelas 2 e 3, a seguir. As leituras foram efetuadas até que todo sistema estivesse sólido e a sua temperatura próxima da temperatura ambiente. Repetiu o procedimento descrito com cada um dos tubos mencionados na Tabela 1. RESULTADOS As temperaturas em função do tempo de resfriamento, obtidos experimentalmente, estão apresentados nas Tabelas 2 e 3 no roteiro da aula experimental (EQUILÍBRIO SÓLIDO-LÍQUIDO / MISTURAS EUTÉTICAS DIAGRAMA EUTÉTICO SIMPLES). Tabela 4: Valores dos números de mols e frações molares do Naftaleno e Difenilamina. Tubos Número de mols Fração molar Naftaleno Difenilamina Naftaleno Difenilamina 1 0,0391 0,0000 1,0000 0,0000 2 0,0391 0,00975 0,8000 0,2000 3 0,0195 0,0130 0,6000 0,4000 4 0,0195 0,0293 0,4000 0,6000 5 0,0078 0,0313 0,2000 0,8000 6 0,0039 0,0296 0,1164 0,8840 7 0,0000 0,0296 0,0000 1,0000 Com os valores de massa de cada um dos componentes na mistura podemos calcular os valores de fração molar de cada um dos componentes na mistura, dada que a massa molar do naftaleno (C10H8) é MM: 128,7 g/mol e a massa molar da difenilamina (C12H11N) é MM: 169,2 g/mol. A Equação 1 fornece o número de mols de cada um dos componentes na mistura e a Equação 2 fornece a fração molar de cada um dos componentes na mistura. Veja o exemplo referente ao cálculo do Tubo 1. nº mols = m/MM (Equação1), onde: m (g) = massa do componente na mistura do componente; MM: massa molar do componente. nº mol (naftaleno) = 500g / 128,2g.mol-1 = 0,0391 nº mol(difenilamina) = 0,00 / 162,2 = 0,00 X = nº mols do componente / nº mols total (Equação 2), onde: X = fração molar do componente n° mol total é (n° mol de nafataleno + n° mol de difenilamina) X naftaleno = 0,0391 / (0,0391 + 0,00) = 1,00 X difenilamina = 0,00/ (0,0391 + 0,00) = 0,00 Realizando os cálculos, chegamos ao resultado apresentado na Tabela 4, onde tem-se o número de mol de cada um dos componentes em cada tubo, juntamente com sua fração molar destes. Com os valores encontrados de temperaturas de resfriamento e solidificação das tabelas 2 e 3 do roteiro, foi possível traçar os gráficos de resfriamento para cada um dos tubos, estes Gráficos (1 - 7) são apresentados abaixo: 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 5 10 15 20 25 30 35 T / ºC t / min Tubo 1 0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 5 10 15 20 25 30 35 T / º C t /min Tubo 2 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 5 10 15 20 25 30 35 T / º C t / min Tubo 3 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 5 10 15 20 25 30 35 T / º C t / min Tubo 4 0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 5 10 15 20 25 T / º C t / min Tubo 5 . Com as curvas de resfriamento obtidas é possível encontrar temperaturas de solidificação e temperatura eutética das soluções. Essas temperaturas são apresentadas na Tabela 5. Tabela 5: Valores de temperaturas de solidificação e de temperatura eutética das soluções. Tubo naftaleno Início de solidificação ( oC) Temperatura eutética (oC) 1 1,0000 77,5 ------------- 2 0,8000 67 30 3 0,6000 50,75 31,25 4 0,4000 33,5 31,25 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 5 10 15 20 25 30 T / º C t / min Tubo 6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 5 10 15 20 T / ºC t / min Tubo 7 5 0,2000 42,5 32 6 0,1160 54 32 7 0,0000 74 --------------- Os valores obtidos permitem construir o diagrama eutético em função das temperaturas e fração molar do naftaleno. A temperatura eutética foi determinada pelas médias das temperaturas eutéticas encontradas correspondente a cada fração molar de naftaleno sendo igual a 31,3 °C. Assim, plotamos o gráfico e conseguimos o diagrama eutético do naftaleno. O naftaleno e difenilamina são imiscíveis quando encontradas no seu estado sólido e totalmente miscíveis quando no estado líquido. Para a curva de resfriamento dessas substâncias, se aquece a mistura até uma temperatura onde todos os componentes se encontram em fase líquida e depois é registrado os pontos onde inicia a solidificação de um dos componentes e onde se inicia a solidificação de ambos componentes. É visto no Gráfico 1, com apenas o naftaleno, que o ponto de solidificação desse componente é de 77,5 °C, pois o processo de mudança de fases em componentes puros ocorre a temperatura constante em uma faixa de tempo, gerando uma descontinuidade no gráfico nos levando a identificar esse ponto. É encontrado um valor aproximado de 80 °C na literatura, para a solidificação do naftaleno, o que indica erros associados, podendo ser por diferença de temperatura em torno de todo o tubo e erros de observação e cronometragem. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Te m p er at u ra º C fração molar (% naftaleno) Diagrama Eutético (naftaleno) No Gráfico 7, onde tem-se apenas difenilamina não foi possível fazer a análise de temperatura de solidificação da substância devido ao gráfico apresentar muitas irregularidades, onde os pontos não constroem uma curva bem definida, novamente, os erros mencionados, relacionados a experimentação estão associados. No diagrama eutético, a primeira mudança na curva refere-se ao início de solidificação de uma substância, enquanto que a segunda mudança na curva refere -se ao ponto de início de solidificação da segunda substância. O intervalo entre esses dois espaços de mudança ocorre a solidificação da primeira substância em equilíbrio com sua fase líquida e a substância que se encontra em fase líquida apenas. No ponto eutético, neste caso em temperatura igual a 31,3 °C, as duas substâncias solidificam juntas, com composição de 0,4 % fração molar de naftaleno aproximadamente. Acima da curva, onde tem-se altas temperaturas, refere-se ao ponto onde encontram-se naftaleno e difenilamina no estado líquido. Entre a curva azul e laranja, ao lado direito, tem-se a presença de naftaleno sólido e líquido e difenilamino líquido, onde há equilíbrio de duas fases. Entre a curva azul e laranja, ao lado esquerdo, tem-se difenilamino no estado sólido e líquido e naftaleno no estado líquido. Onde as duas curvas se encontram, os dois componentes do sistema, naftaleno e difenilamina estão em estado sólido. O que determina qual dos componentes irá solidificar primeiro é a composição do sistema, quando naftaleno se encontra em maior quantidade ele, é dito solvente, portanto precipita primeiro, o que também ocorre com difenilamina quando em maior quantidade. Fazendo a análise do ponto onde a fração molar de naftaleno é 0,700 e a temperatura é 40 °C, encontramos este, em região de duas fases, onde tem-se naftaleno sólido em equilíbrio com uma mistura de naftaleno e difenilamina líquido. No ponto de fração molar do naftaleno igual 0,300 e a temperatura é 35 °C, a difenilamina encontra-se sólida em equilíbrio com uma mistura de difenilamina e naftaleno. Os Graus de Liberdade (F) em cada região, equivale o número de variáveis que determinam o estado de equilíbrio. O cálculo é feito pela Equação 3, sendo que essa equação pode ser usada quando a pressão é dita constante durante todo o processo. 𝐹 = 𝐶 − 𝑃 + 1 Equação 3 Onde: C: número de componentes no sistema; P: número de fases em equilíbrio. Para a região acima da curva azul e abaixo da curva laranjada, de uma única fase, tem-se: 𝐹 = 2 − 1 + 1 = 2 Para a região entre as curvas que são constituídas de duas fases tem-se: 𝐹 = 2 − 2 + 1 = 1 Então nas áreas, acima da curva azul e abaixo da laranjada, duas propriedades termodinâmicas definem o estado de equilíbrio do sistema e nas áreas entre as curvas, uma propriedade termodinâmica. CONCLUSÃO Observando os pontos de solidificação dos componentes na mistura no processo de solidificação exotérmico e mantendo uma taxa de temperatura constante em um certo período de tempo é construído curvas de resfriamento de soluções e consequentemente, construído o diagrama eutético destas. As curvas obtidas tiveram erros, que podem se associar a erros operacionais e ao gradiente de temperatura ao longo do tubo de ensaio. Porém, foi possível e fazer algumas análises do resultado obtido, como a de alguns pontos onde se tem determinada fração molar e temperatura e seu estado de equilíbrio naquele ponto, assim como a consideração de quantas propriedades termodinâmicas definem o estado de equilíbrio em cada região.
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