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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS - ICEB DEPARTAMENTO DE QUÍMICA - DEQUI RELATÓRIO DE FÍSICO-QUÍMICA II PRÁTICA 5: ELETROQUÍMICA BRIGITTE DISHIN ARAÚJO FERNANDES STEPHANE DE CÁSSIA JESUS DOS SANTOS THAIS MARIANA CORDEIRO DE SOUZA OURO PRETO 2024 ELETROQUÍMICA: POTENCIAIS DE ELETRODO E APLICAÇÕES 1. Introdução As reações de óxido-redução podem ser consideradas compostas de duas semi-reações: uma de redução e outra de oxidação. Essas semi-reações consistem efetivamente em reações eletroquímicas, ou seja, reações que envolvem espécies químicas e elétrons. Reações eletroquímicas dependem da quantidade de espécies carregadas presentes, mas devido ao fato de as cargas opostas se atraírem mutuamente, o seu comportamento não depende unicamente da concentração. Os conceitos de força iônica, atividade e coeficiente de atividade ajudam a correlacionar a quantidade de carga com o comportamento do sistema. O sistema onde a reação eletroquímica ocorre é chamado de célula eletroquímica. Essa célula eletroquímica pode ser composta de um único compartimento ou de dois compartimentos distintos. Quando a reação é realizada utilizando o segundo tipo de sistema citado e a reação é espontânea, a célula eletroquímica é denominada pilha ou célula galvânica. Na pilha, a semi- reação de redução ocorre na superfície do cátodo e a de oxidação na superfície do ânodo. Na pilha desenvolvem-se potenciais elétricos de equilíbrio nos dois eletrodos. A diferença entre esses potenciais é chamada força eletromotriz da pilha (E), e pode ser calculada pela seguinte expressão: E = ε cátodo −ε ânodo (1) onde εcatodoé o potencial de equilíbrio do cátodo e εanodoé o potencial de equilíbrio do ânodo. Um eletrodo reversível é aquele onde a reação eletroquímica pode ocorrer nos dois sentidos. Dada uma reação eletroquímica reversível qualquer: M+z + ze− =M (2) Na condição de equilíbrio, ∆Go da pilha não é zero, e pode ser determinado pela expressão: ∆Go =−zFEo (3) onde z é o número de elétrons transferidos na equação química balanceada referente a reação eletroquímica, F é a constante de Faraday, igual a aproximadamente 96500 Coulombs/mol (C/mol) e Eo é a força eletromotriz padrão. Considerando-se essa expressão de ∆G, chega-se à equação de Nernst: 𝐸 = 𝐸𝑜 − 𝑅𝑇 ( ) 𝑧𝐹 . 𝑙𝑛 ( 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 ) (4) 𝑎𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒 onde E é a FEM da pilha, E0é a FEM padrão da pilha, aMé a atividade da espécie M e aM+z é a atividade da espécie M+z. A FEM da pilha pode ser determinada experimentalmente. Para tal, basta que se monte uma pilha eletroquímica onde um dos eletrodos é o eletrodo em questão, e o outro eletrodo é um eletrodo de referência, cujo valor do potencial é conhecido (Ereferência). Medindo-se a força eletromotriz da pilha, pode-se obter o valor do potencial do eletrodo em estudo (E) através de: 𝐸 = 𝜀 − 𝜀 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (5) Um dos tipos de eletrodos de referência é o eletrodo de Calomelano Saturado, cujo potencial padrão de redução é igual a 0,2682 volts. Este eletrodo consiste de um aglomerado de mercúrio metálico, recoberto com uma camada de cloreto mercuroso (calomelano) e imerso em uma solução cloreto de potássio. Um fio de platina é usado para fazer o contato elétrico com o mercúrio (Figura 1). Pt Solução KCl Saturada Hg2Cl2 (s) Hg (l) Figura 1: Desenho esquemático do Eletrodo de Calomelano. A semi-reação de redução deste eletrodo é dada por: Hg2Cl2(s)+ 2e− ↔2Hg(l)+ 2Cl− O potencial do eletrodo em questão (metal / íon metálico) também poderá ser determinado utilizando-se a equação de Nernst: (6) onde: aMé a atividade do metal, que é igual a 1. aMz+é a atividade do íon metálico, em solução. Nas soluções eletrolíticas, para o cálculo da atividade das espécies carregadas, é necessário fazer uma correção, devido aos desvios da idealidade decorrentes das interações coulômbicas (atrações e repulsões) entre os íons. Assim, para a determinação das atividades das espécies carregadas envolvidas, utilizando a equação de Nernst, é necessário multiplicar as atividades pelos coeficientes de atividade média (γ±). Este coeficiente pode ser determinado pela equação: logγ =−A. z+. z−. I1/2 (7) onde: A é constante, cujo valor é 0,509, para soluções aquosas à 25 oC. z+e z- são as cargas nos íons positivo e negativo, respectivamente. I é a força iônica, para uma solução diluída. A força iônica pode ser determinada pela expressão: (8) onde: zi é a carga no íon i. mi é a molalidade dos solutos (cátions e ânions). No caso de soluções iônicas diluídas, apresentando concentrações menores que 0,001 molal, pode-se utilizar diretamente os valores das concentrações no lugar das atividades. Para concentrações acima de 0,001 molal, a atividade das espécies carregadas deve ser calculada multiplicando-se os valores de concentração pelo valor de γ±: onde: mi é a molalidade da espécie carregada i. moé a molalidade padrão (1 molal). Este trabalho prático tem por objetivo determinar os potenciais de alguns eletrodos reversíveis. 2. Parte Experimental 2.1 Materiais 4 béqueres 50 mL Amostras de metais (Cu, Zn, Ag, Pb) 4 tubos de vidro em “U” Eletrodo de referência de Calomelano Saturado 4 multímetros digital Fitas de papel de filtro de cerca de 1 cm de largura Termômetro Solução de KCl 1 mol/L Soluções 0,5 mol/L de CuSO4, ZnSO4, AgNO3e Pb(NO3)2 2.2. Procedimento Experimental Montar cada eletrodo reversível mergulhando cada amostra de metal na solução que contenha o cátion deste metal. Montar a ponte salina preenchendo o tubo em “U” com solução KCl 1 mol/L, e vedando ambas as extremidades do tubo com papel de filtro enrolado na forma de rolhas. Tomar cuidado para que no interior da ponte não haja bolhas de ar que possam ocupar todo o diâmetro do tubo, e assim interromper o circuito interno da pilha. Montar a pilha eletroquímica correspondente para cada medida, introduzindo uma das extremidades da ponte salina na solução do eletrodo reversível, e a outra extremidade na solução do eletrodo de calomelano saturado. Medir a força eletromotriz de cada pilha montada utilizando o multímetro. 3. Apresentação e Discussão dos Resultados 1) Escreva reações globais para cada pilha 2) Cálculo do Ɛ° de cada pilha 3) Discutir os sinais de Ɛ para cada pilha Reações globais para cada pilha e cálculo do Ɛ° de cada pilha: Semi-reações Ɛ° Ɛ pilha KCl Hg₂Cl₂(s)+ 2e- ⇋ 2Hg(l) + 2Cl-(aq) 0,268V - 1 Zn²ᐩ (aq) + 2e- ⇋ Zn (s) -0,763V -0,90V 2 Agᐩ (aq) + e- ⇋ Ag (s) 0,799V 0,49V 3 Pb²ᐩ(aq) + 2e- ⇋ Pb (s) -0,126V -0,36 4 Cu²ᐩ(aq) + 2e- ⇋ Cu(s) 0,337V 0,04 Depois dos cálculos feitos com o Ɛ° e o Ɛ pilha obtidos em aula prática, podemos fazer a comparação : Reação Global Ɛ Ɛ pilha Hg₂Cl₂(s)+Zn(s)⇋ 2Hg(l) + 2Cl-(aq) +Zn²ᐩ (aq) -1,031V -0,90V Hg₂Cl₂(s)2Ag(s) ⇋ 2Hg(l) + 2Cl-(aq) +Agᐩ (aq) 0,53V 0,49V Hg₂Cl₂(s)Pb(s) ⇋ 2Hg(l) + 2Cl-(aq) +Pb²ᐩ (aq) -0,394V -0,36V Hg₂Cl₂(s)Cu(s) ⇋ 2Hg(l) + 2Cl-(aq) +Cu²ᐩ (aq) 0,069V 0,04V 3- Cada eletrodo em uma célula é definido em termos da reação que ocorre na sua superfície, e não em termos da sua carga elétrica. O anodo é o eletrodo no qual ocorre a oxidação e o catodo é aquele no qual ocorre a redução. Essas definições se aplicam tanto as células galvânicas como as células eletrolítica.Por convenção sugerida pela IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), os componentes químicos que constituem a célula eletroquímica são listados colocando-se as substâncias do anodo à esquerda, na ordem da oxidação e as do catodo à direita, na ordem da redução.Nosso experimento colocamos a ponta preta do multímetro no eletrodo de calomelano,fazendo com que esse eletrodo se comportasse como anodo. A diferença de potencial elétrico entre o eletrodo de calomelano e o eletrodo de zinco é o que faz os elétrons fluírem no circuito externo do anodo para o catodo. Esta diferença de potencial entre os eletrodos é denominada força eletromotriz da célula (fem) ou potencial da célula e é determinada pela grandeza dos potenciais dos eletrodosindividuais. Pela convenção da IUPAC, a força eletromotriz de uma célula galvânica é descrita como: 𝜀 ° = 𝜀°𝑐á𝑡𝑜𝑑𝑜 − 𝜀°𝑎𝑛𝑜do Nosso experimento colocamos a ponta preta do multímetro no eletrodo de calomelano,fazendo com que esse eletrodo se comportasse como anodo , calculando a 𝜀 ° das pilhas,algumas resultaram em valores negativos , portanto, essa reação não é espontânea em condição padrão, ela não ocorre e essa pilha não funciona. Se fosse no sentido oposto, a reação seria espontânea. 4. Conclusão A eletroquímica compreende as pilhas e a eletrólise. A diferença entre os dois processos é a transformação de energia. Compreende entre a pilha converter energia química em energia elétrica, de modo espontâneo. No entanto, a eletrólise converte energia elétrica em energia química, de modo não espontâneo. É um ramo da Química que procura compreender os fenômenos que ocorrem durante a interação da corrente elétrica com os átomos e suas propriedades químicas. Deste modo, os eventos que reúnem os potenciais de ação, as energias de oxidação e redução, assim como a formação de pilhas e materiais eletrolíticos, reúnem os principais conceitos que envolvem e permitem a existência desta ciência.
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