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Organização do Estado e Instituições Judiciárias

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Autora: Profa. Andrea Wild
Colaboradora: Profa. Angélica Carlini
Organização do Estado e 
Instituições Judiciárias
Professora conteudista: Andrea Wild
Graduada em Direito (1994). Pós-graduada em Teoria Geral do Processo (1996) e mestre em Comunicação (2004) 
pela Universidade Paulista – UNIP.
Doutora em Educação (2012) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Coordenadora-auxiliar 
e professora do curso de Direito na UNIP, ministrando as disciplinas Prática Jurídica Civil, Instituições Judiciárias e Ética 
e Direito Humanos.
Advogada nas áreas cível e família, e assessora da 20ª Turma Disciplinar do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem 
dos Advogados do Brasil de São Paulo – OAB/SP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
W668o Wild, Andréa.
Organização do Estado e Instituições Judiciárias / Andréa Wild. 
São Paulo: Editora Sol, 2021.
148 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Poder Legislativo. 2. Poder Executivo. 3. Poder Judiciário. 
I. Título.
CDU 341.2
U512.21 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Aline Ricciardi
 Elaine Pires
Sumário
Organização do Estado e Instituições Judiciárias
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 FEDERAÇÃO ..........................................................................................................................................................9
1.1 Entes federativos .................................................................................................................................. 10
1.1.1 União ............................................................................................................................................................ 10
1.1.2 Estados ........................................................................................................................................................ 18
1.1.3 Municípios ................................................................................................................................................. 21
1.1.4 Distrito Federal ......................................................................................................................................... 24
2 SEPARAÇÃO DE PODERES ............................................................................................................................ 25
2.1 Separação de Poderes no Brasil ...................................................................................................... 27
Unidade II
3 PODER LEGISLATIVO ....................................................................................................................................... 37
3.1 Câmara dos Deputados ...................................................................................................................... 37
3.2 Senado Federal ...................................................................................................................................... 38
3.3 Comissões parlamentares ................................................................................................................. 39
3.4 Comissões permanentes .................................................................................................................... 39
3.5 Comissões temporárias ...................................................................................................................... 40
3.6 Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) .......................................................................... 41
3.7 Comissões mistas.................................................................................................................................. 42
3.8 Comissão representativa ................................................................................................................... 43
3.9 Imunidade parlamentar ..................................................................................................................... 43
3.10 Imunidade material ........................................................................................................................... 43
3.11 Imunidade formal .............................................................................................................................. 45
3.12 Tribunal de Contas da União (TCU) ............................................................................................. 47
4 PROCESSO LEGISLATIVO E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ........................................... 51
4.1 Processo legislativo ............................................................................................................................. 51
4.1.1 Espécies normativas ............................................................................................................................... 51
4.2 Controle de constitucionalidade .................................................................................................... 58
4.2.1 Controle preventivo ............................................................................................................................... 59
4.2.2 Controle repressivo ................................................................................................................................ 60
Unidade III
5 PODER EXECUTIVO .......................................................................................................................................... 69
5.1 Presidente da República .................................................................................................................... 69
5.1.1 Responsabilidade do presidente da República ........................................................................... 76
5.1.2 Condenação do presidente ................................................................................................................. 78
5.2 Poder Executivo Estadual, Distrital e Municipal ...................................................................... 79
6 PODER JUDICIÁRIO ......................................................................................................................................... 79
6.1 Magistratura ........................................................................................................................................... 83
6.2 Supremo Tribunal Federal (STF) ...................................................................................................... 86
6.3 Conselho Nacional de Justiça (CNJ) .............................................................................................87
6.4 Superior Tribunal de Justiça (STJ) .................................................................................................. 88
6.5 Justiça do Trabalho .............................................................................................................................. 89
6.5.1 Tribunal Superior do Trabalho (TST) ................................................................................................. 91
6.5.2 Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) .......................................................................................... 91
6.5.3 Juízes do trabalho ................................................................................................................................... 92
6.6 Justiça Eleitoral ..................................................................................................................................... 93
6.6.1 Tribunal Superior Eleitoral (TSE)........................................................................................................ 93
6.6.2 Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) ............................................................................................... 94
6.6.3 Juízes eleitorais e juntas eleitorais .................................................................................................. 95
6.7 Justiça Militar ........................................................................................................................................ 95
6.7.1 Justiça Militar da União ....................................................................................................................... 95
6.7.2 Justiça Militar dos Estados .................................................................................................................. 98
6.8 Justiça Federal ....................................................................................................................................... 99
6.9 Justiça Estadual ...................................................................................................................................102
6.10 Princípios públicos do devido processo legal, da ampla defesa e 
do contraditório .........................................................................................................................................103
6.10.1 Princípio do devido processo legal ..............................................................................................103
6.10.2 Princípio da ampla defesa e do contraditório ........................................................................104
Unidade IV
7 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ...........................................................................................................109
7.1 Ministério Público ..............................................................................................................................109
7.2 Advocacia ..............................................................................................................................................113
7.2.1 Prerrogativas do advogado ............................................................................................................... 116
7.2.2 Sociedade de advogados ...................................................................................................................121
7.2.3 Responsabilidade civil .........................................................................................................................121
7.2.4 Advogado empregado ........................................................................................................................ 122
7.2.5 Honorários advocatícios ................................................................................................................... 123
7.2.6 Deveres e sanções disciplinares ..................................................................................................... 123
8 DEFENSORIA PÚBLICA .................................................................................................................................128
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APRESENTAÇÃO
A disciplina Organização do Estado e Instituições Judiciárias tem como objetivo proporcionar ao 
aluno a compreensão da organização político-administrativa da República Federativa do Brasil e das 
possibilidades de atuação e responsabilidades da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal no 
âmbito legislativo, executivo e judiciário. De igual modo, visa estudar os Poderes Legislativo, Executivo 
e Judiciário enquanto instituições e seus reflexos na sociedade brasileira contemporânea. A superação 
dos limites entre os poderes republicanos e o fortalecimento do dever de cooperação entre eles. Está 
previsto ainda o estudo das instituições judiciárias, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do 
Brasil, seus princípios e normas que disciplinam o exercício das profissões jurídicas de forma a defender 
inexoravelmente o Estado Democrático de Direito, a cidadania e a moralidade pública.
INTRODUÇÃO
A disciplina Organização do Estado e Instituições Judiciárias é relevante na medida em que nos 
possibilita estudar a divisão espacial no Poder no Brasil. Na noção de Poder, está a ideia de soberania, 
característica da própria ordem jurídica, a preservação do bem comum, de um determinado povo em um 
determinado território. Desse entendimento, é possível identificar os elementos constitutivos do Estado: 
soberania, finalidade, povo e território.
Iniciaremos nossos estudos pela forma de Estado, que é a Federação, ou seja, a união de vários 
Estados, cada um com sua parcela de autonomia, para fazer leis, praticar atos de administração pública 
e autogoverno. Depois, trataremos de maneira mais detalhada dos entes federativos: União, Estados, 
Municípios e o Distrito Federal, no que toca aos seus bens e competências legislativas e não legislativas.
Tratando ainda do Poder, estudaremos a tripartição de poderes adotada pelo Brasil em sua Carta 
Magna, inspirada na teoria de Montesquieu, a qual preconiza que as três funções estatais (legislativa, 
executiva e judiciária) devem ser exercidas por três órgãos distintos, autônomos e independentes entre 
si, em que cada órgão exerce uma função típica, predominante, ou seja, inerente à sua própria natureza, 
e outra função atípica de outros órgãos.
De forma mais minuciosa, estudaremos cada poder estatal, com fulcro na sua função típica, iniciando 
pelo Poder Legislativo nas esferas federal, estadual e municipal, notadamente sua competência para 
elaboração das leis, seguindo-se com o estudo dos Poderes Executivo e Judiciário. No estudo do Poder 
Executivo, será dada ênfase ao chefe do Executivo Federal, que é o presidente da República, suas 
atribuições e responsabilização.
No que toca ao Poder Judiciário, estudaremos sua atuação e estrutura para apreciar os conflitos de 
interesse que lhe são submetidos para apreciação, passando em detalhe pelo seu órgão de cúpula, que 
é o Supremo Tribunal Federal (STF), e pelas justiças especializadas: justiça do trabalho, justiça eleitoral e 
justiça militar, bem como pelas justiças comuns: federal e estadual.
Para finalizar o estudo dessa disciplina, encerraremos com as funções essenciais à justiça, que são 
aquelas imprescindíveis à boa atuação do Poder Judiciário: o Ministério Público e da Advocacia. Quanto 
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ao Ministério Público, trataremos do ingresso na carreira, suas finalidades, principais funções no âmbito 
penal e civil e sua estrutura organizacional.
Quanto à advocacia, outra função essencial à justiça, abordaremos a carreira do advogado, a advocacia 
pública e privada, prerrogativas, responsabilização, honorários advocatícios, deveres e sanções disciplinares.
9
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
Unidade I
1 FEDERAÇÃO
Sabemos que o Brasil é uma República Federativa, mas o que isso significa? Quando falamos em 
Federação, ou em Estado Federal, estamos nos referindo à união de vários Estados, cada um comsua 
parcela de autonomia – como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e outros – para fazer leis, praticar 
atos de administração pública, autogoverno etc. Lembramos aqui que autonomia não é sinônimo de 
independência, ou seja, numa Federação, como o Brasil, os entes federativos (Estados) são autônomos, 
mas não independentes.
Não podemos confundir Federação com Confederação. A Federação, como explicamos anteriormente, 
é a união dos entes federativos autônomos que não são independentes. Já na Confederação, por sua vez, 
os Estados são autônomos e independentes. Para Darcy Azambuja (2008, p. 51):
Confederação é a união permanente e contratual de Estados independentes 
que se unem com o objetivo de defender o território da Confederação e 
assegurar a paz interior, além de outras finalidades que podem ser pactuadas. 
Essa união, para atingir seus objetivos, necessita de uma organização 
permanente, mas não fere a soberania dos Estados confederados, que apenas 
se obrigam a exercer em comum certas funções ou a exercê-las em casos 
determinados. Essas funções geralmente se referem ao Direito Internacional, 
como o direito de paz e de guerra, conclusão de tratados etc.
Podemos dizer que a origem da Federação ocorreu nos Estados Unidos da América, quando houve 
a independência das até então colônias britânicas. A formação do Estado norte-americano se deu por 
meio de imigrantes ingleses (1607-1733) que formaram as chamadas 13 (treze) colônias. Toda colônia 
nesse período da história existia para dar lucro à metrópole. O tipo ideal de colônia era a que produzia 
mercadorias complementares às produzidas pela metrópole, podendo com ela comercializar dentro das 
regras estabelecidas pelo pacto colonial. 
As colônias no Norte possuíam um clima muito parecido com o clima europeu, não podendo ser 
utilizadas como fonte de mercadorias complementares, o que ocorreu com as colônias do Sul (plantation). 
Na verdade, por muito tempo, essas colônias do Norte serviram de paradeiro de grupos de pessoas 
não desejadas e/ou insatisfeitas com a política na Inglaterra. Por volta do século XVIII, o comércio das 
13 colônias chegou a concorrer com o comércio inglês, o que acabou por gerar atritos, forçando a 
metrópole a tomar providências no tocante à economia. 
A Inglaterra havia saído recentemente de uma guerra com a França (Guerra dos Sete Anos) e estava 
desgastada, necessitando cobrir o problema orçamentário. Para isso, algumas taxas foram majoradas e 
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Unidade I
alguns impostos criados, o que gerou descontentamento generalizado dos colonos ingleses. Para eles, 
não poderia haver impostos sem a representação no parlamento inglês. O sentimento antibritânico foi 
potencializado por todos os problemas econômicos que surgiram, e, com vistas às ideias iluministas, 
surge o processo de independência, liderado pela Virgínia, primeira a se declarar independente. 
No Brasil, a Federação brasileira iniciou-se com o Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889, oriundo 
da Proclamação da República, rezando em seu art. 1º que “fica proclamada provisoriamente e decretada 
como a forma de governo da nação brasileira a República Federativa” (BRASIL, 1889).
No atual regime legal brasileiro, que tem como Lei Magna a Constituição Federal, de 1988 (CF/88), 
manteve-se o Federalismo, agora chamado de federalismo cooperativo, para que os entes federativos 
possam atuar conjunta e separadamente.
1.1 Entes federativos
De acordo com o art. 18 da CF/88 (BRASIL, 1988), são entes federativos do Brasil a União, os Estados, 
os Municípios e o Distrito Federal, sendo todos autônomos. Veja que não há menção aos Territórios, pois, 
com a atual Constituição, os Territórios deixaram de existir, mas não há nada que possa impedir que 
sejam criados novamente, nos termos do mesmo art. 18, parágrafo 2º da CF/88 (BRASIL, 1988), que reza 
que os Territórios Federais integram a União, sendo que sua criação, transformação em Estados ou ainda 
reintegração ao seu Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
1.1.1 União
Para estudar cada ente federativo, iniciaremos pela União. A União é formada pela reunião de todos 
os Estados-membros da Federação. Como todo ente federativo, a União tem autonomia financeira, 
administrativa e política. Assim, ela tem capacidade de auto-organização (atos de gestão), autogoverno 
e autolegislação (possibilidade de editar as próprias leis e atos normativos).
Iniciaremos o estudo conhecendo quais são os bens da União. De acordo com o art. 20 da CF/88, são 
bens da União:
I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações 
e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação 
ambiental, definidas em lei. [Pode-se entender como terras devolutas 
aquelas que integram o patrimônio público, sem destinação];
III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, 
ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, 
ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os 
terrenos marginais e praias fluviais;
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ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as 
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras [...];
V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI – o mar territorial;
VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII – os potenciais de energia hidráulica;
IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e 
pré-históricos;
XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, 
participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de 
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos 
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou 
zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo 
das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada 
fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização 
serão reguladas em lei (BRASIL, 1988).
No que toca às competências da União, temos dois tipos de competência: a competência legislativa, 
que é a competência para elaborar leis, no caso, leis federais, e atos normativos; e a competência não 
legislativa, que é a competência política (de autogoverno) e administrativa (de autogestão).
Iniciaremos pela competência não legislativa. A União, nos termos da CF/88 (BRASIL, 1988), possui duas 
competências não legislativas: uma comum, prevista no art. 23; e outra exclusiva, prevista no art. 21.
A competência não legislativa comum é aquela que pertence à União em conjunto com os demais 
entes federativos (Estados, Distrito Federal e Municípios), sendo:
Art. 23. [...]
I – zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas 
e conservar o patrimônio público;
12
Unidade I
II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas 
portadoras de deficiência;
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, 
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os 
sítios arqueológicos;
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e 
de outros bens de valor histórico, artístico e cultural;
V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à 
tecnologia, à pesquisa e à inovação;
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de 
suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX – promover programasde construção de moradias e a melhoria das 
condições habitacionais e de saneamento básico;
X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, 
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa 
e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
XII – estabelecer e implantar política de educação para a segurança do 
trânsito (BRASIL, 1988).
Já a competência não legislativa exclusiva da União, como já dito anteriormente, é competência 
de ordem política e administrativa, sendo exclusiva, não pode ser transferida ou delegada aos demais 
entes federativos.
Essas competências estão previstas no art. 21 da CF/88 e são elas:
Art. 21. [...]
I – manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações 
internacionais;
II – declarar guerra e celebrar a paz;
13
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
III – assegurar a defesa nacional;
IV – permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras 
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
V – decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
VI – autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII – emitir moeda;
VIII – administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de 
natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, 
bem como as de seguros e de previdência privada;
IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do 
território e de desenvolvimento econômico e social;
X – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou 
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá 
sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros 
aspectos institucionais; [...]
XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; [...]
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético 
dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os 
potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e 
fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII – organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito 
Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
14
Unidade I
XIV – organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de 
bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência 
financeira ao Distrito Federal para execução de serviços públicos, por meio 
de fundo próprio;
XV – organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia 
e cartografia de âmbito nacional;
XVI – exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e 
de programas de rádio e televisão;
XVII – conceder anistia;
XVIII – planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades 
públicas, especialmente as secas e as inundações;
XIX – instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e 
definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, 
saneamento básico e transportes urbanos;
XXI – estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII – executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza 
e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e 
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e 
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para 
fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização 
de radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e 
utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;
XXIV – organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
15
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
XXV – estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de 
garimpagem, em forma associativa (BRASIL, 1988).
Passando agora à competência legislativa, como dissemos anteriormente, temos a privativa da 
União, prevista no art. 22 da CF/88 (BRASIL, 1988) e a competência concorrente da União, prevista no 
art. 24 do mesmo diploma legal (BRASIL, 1988).
Cabe aqui fazer uma diferenciação entre competência exclusiva e competência privativa.
 Observação
Enquanto a competência exclusiva é indelegável ou intransferível, 
ou seja, não pode ser delegada ou transferida a outro ente federativo; a 
competência privativa pode ser delegada ou transferida.
Assim, no tocante à competência legislativa, compete privativamente à União legislar sobre:
Art. 22. [...]
I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho;
II – desapropriação;
III – requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V – serviço postal;
VI – sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII – política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII – comércio exterior e interestadual;
IX – diretrizes da política nacional de transportes;
X – regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI – trânsito e transporte;
XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
16
Unidade I
XIII – nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV – populações indígenas;
XV – emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI – organização do sistema nacional de emprego e condições para o 
exercício de profissões;
XVII – organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos 
Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização 
administrativa destes;
XVIII – sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX – sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX – sistemas de consórcios e sorteios;
XI – normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, 
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros 
militares;
XXII – competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXIII – seguridade social;
XXIV – diretrizes e bases da educação nacional;
XXV – registros públicos;
XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, 
para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no 
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, 
nos termos do art. 173, § 1º, III;
XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil 
e mobilização nacional;
XXIX – propaganda comercial (BRASIL, 1988).
17
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
Como a competência privativa pode ser delegada ou transferida, quer dizer que a lei 
complementar poderá autorizar que os Estados possam legislar sobre questões específicas das 
matérias anteriormente relacionadas.Lembrete
A competência privativa pode ser delegada ou transferida a um dos 
Estados brasileiros, por exemplo, delegar ao Estado de São Paulo, mediante 
lei complementar, a possibilidade de legislar sobre um tema específico de 
direito civil.
Por último, e não menos importante, está a competência legislativa concorrente da União, prevista 
no art. 24 da CF/88 (BRASIL, 1988). Nesse tipo de competência, a União faz a lei geral, ou seja, estabelece 
as normas gerais e diretrizes; enquanto os Estados ou o Distrito Federal elaboram as leis específicas. É o 
que chamamos de federalismo de cooperação.
De acordo com o art. 24, parágrafo 1º, da CF/88: “no âmbito da legislação concorrente, a competência 
da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais” (BRASIL, 1988).
Assim, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
Art. 24. [...]
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II – orçamento;
II – juntas comerciais;
IV – custas dos serviços forenses;
V – produção e consumo;
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo 
e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e 
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX – educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, 
desenvolvimento e inovação;
18
Unidade I
X – criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI – procedimentos em matéria processual;
XII – previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII – assistência jurídica e defensoria pública;
XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV – proteção à infância e à juventude;
XVI – organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis (BRASIL, 1988).
1.1.2 Estados
Os Estados gozam também de autonomia, possuindo autogoverno (poderes próprios como 
Judiciário, Legislativo e Executivo), autoadministração (práticas de atos de gestão) e autolegislação (têm 
competência legislativa estadual).
A exemplo do que ocorre com a União, temos os bens dos Estados. Esse tema é tratado no art. 26 da 
CF/88 (BRASIL, 1988), que diz que são bens do Estado:
I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, 
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, 
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV – as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
Passando ao assunto da competência dos Estados, estes possuem competência não legislativa, que 
é aquela com atribuições políticas e administrativas, sendo não legislativa comum e não legislativa 
residual. Já a competência legislativa se divide em expressa, residual, delegada pela União, concorrente 
complementar, concorrente suplementar e tributária expressa.
Vejamos cada uma delas:
• Competência não legislativa comum: é aquela que pertence a mais de um ente federativo, ou 
seja, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, como vimos anteriormente e está 
presente no art. 23 da CF/88 de forma discriminada (BRASIL, 1988).
19
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
• Competência não legislativa residual: também chamada de competência remanescente, é 
aquela que pertence aos Estados, excluída a competência da União e dos Municípios. Dessa forma, 
aos Estados são reservadas as competências que não lhe sejam vedadas pela Constituição Federal.
Agora, vamos ao estudo da competência legislativa.
Inicialmente, vamos examinar a competência legislativa expressa. Prevista no art. 25, caput, da CF/88 (BRASIL, 
1988), a competência legislativa expressa é aquela em que há a permissão para que cada Estado elabore a 
sua própria Constituição, sendo, portanto, uma Constituição Estadual. Assim, os Estados podem elaborar suas 
próprias constituições, desde que observem os princípios instituídos pela Constituição Federal.
 Observação
Os Estados-membros têm liberdade para editar suas próprias 
Constituições (Constituições Estaduais), desde que respeitadas as 
diretrizes constitucionais da Lei Magna de 1988.
A competência legislativa residual ou remanescente, a exemplo do que ocorre com a competência 
não legislativa residual, significa que tudo que não for da competência legislativa da União ou dos 
Municípios será, por critério residual, de competência dos Estados.
Com relação a esse tema, há um julgado do Supremo Tribunal Federal (STF) que decidiu na Ação 
Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 845-5:
A competência para legislar a propósito da prestação de serviços 
públicos de transporte intermunicipal é dos Estados-membros. Não há 
inconstitucionalidade no que toca ao benefício, concedido pela Constituição 
estadual, de “meia passagem” aos estudantes nos transportes coletivos 
intermunicipais (BRASIL, 2007a, p. 1).
 Saiba mais
Leia no link a seguir o acórdão proferido pelo STF na Adin 845-5 sobre 
a competência legislativa residual dos Estados:
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Ação Direta de 
Inconstitucionalidade 845-5 Amapá. Requerente: Governador do Estado 
do Amapá. Requerido: Assembleia Legislativa do Estado do Amapá. Relator: 
Min. Eros Grau. DJe, Brasília, 22 nov. 2007a. Disponível em: <http://redir.
stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=513619>. Acesso 
em: 25 set. 2018.
20
Unidade I
Quanto à competência legislativa delegada da União, já discorremos. Trata-se de competência 
legislativa privativa da União que pode ser delegada ou transferida aos Estados por meio de lei 
complementar. Está prevista no art. 22 da CF/88 (BRASIL, 1988).
 Saiba mais
Consulte a Lei Complementar nº 103/2000, que autorizou os Estados 
e o Distrito Federal a instituição de um piso salarial para empregados 
que não tinham piso salarial definido. Típico exemplo de competência 
legislativa delegada.
BRASIL. Presidência da República. Lei Complementar nº 103, de 14 de julho 
de 2000. Autoriza os Estados e o Distrito Federal a instituir o piso salarial a que 
se refere o inciso V do art. 7º da Constituição Federal, por aplicação do disposto 
no parágrafo único do seu art. 22. Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp103.htm>. Acesso em: 25 set. 2018.
Também a competência legislativa concorrente complementar já foi tratada anteriormente. 
Nesse particular, cabe à União elaborar leis gerais, enquanto os Estados e o Distrito Federal podem 
elaborar leis específicas sobre a mesma temática. Esse dispositivo está previsto no art. 24 parágrafos 1º 
e 2º da CF/88 (BRASIL, 1988). Nesse particular, o fato de a União legislar sobre normas gerais não exclui 
a competência de os Estados legislarem sobre a mesma matéria em caráter suplementar.
Já a competência legislativa concorrente suplementar implica que, inexistindo uma lei de caráter 
federal sobre normas gerais, os Estados poderão exercer sua competência legislativa plena para atender 
às suas peculiaridades. Sendo que, se após a edição da lei estadual ocorrer a superveniência de lei 
federal sobre normas de caráter geral, a última suspenderá a eficácia da lei estadual naquilo que lhe for 
contrário. É o que dispõe o art. 24, parágrafos 3º e 4º da CF/88 (BRASIL, 1988).
Trazemos aqui, para melhor elucidar essa questão, dois julgados do STF que dizem respeito à 
competência legislativa concorrente suplementar dos Estados:
Enquanto não for editada a lei a que se refere o § 21 do art. 40 da CF/1988, 
permanecem em vigor os diplomas estaduais que regem a matéria, que só 
serão suspensos se, e no que, forem contrários à lei complementar nacional 
(CF, art. 24, §§ 3º e 4º) (BRASIL, 2010b, p. 5).
[...] Custas dos serviçosforenses: matéria de competência concorrente da 
União e dos Estados (CF 24, IV), donde restringir-se o âmbito da legislação 
federal ao estabelecimento de normas gerais, cuja omissão não inibe os 
Estados, enquanto perdure, de exercer competência plena a respeito (CF, art. 
24, §§ 3º e 4º) (BRASIL, 1999c, p. 1).
21
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
Por fim, trataremos da competência legislativa tributária expressa, prevista no art. 155 da CF/88 
(BRASIL, 1988), referente aos Estados. De acordo com esse dispositivo legal, os Estados e o Distrito 
Federal poderão instituir impostos sobre:
I – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de 
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, 
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
III – propriedade de veículos automotores (BRASIL, 1988).
1.1.3 Municípios
Os Municípios também são considerados entes federativos. Em alguns países que reconhecem 
os Municípios como entes federativos, a autonomia é de caráter mais administrativo. No Brasil, essa 
qualificação como ente federativo ficou clara no texto do art. 18 da CF/88 que reza: “A organização 
político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição” (BRASIL, 1988).
É inegável reconhecer que os Municípios possuem autogoverno, autoadministração e autolegislação. 
Vejamos cada um deles. No autogoverno, cada Município possui seus próprios Poderes Executivo e 
Legislativo, sendo seus membros eleitos diretamente pelo voto, embora não tenham um Poder Judiciário 
próprio. Possuem também autoadministração, uma vez que têm a liberdade para atos de gestão nos 
limites legais. Quando falamos em autolegislação, podem elaborar suas próprias leis no âmbito municipal.
Os Municípios também podem elaborar suas Leis Orgânicas, que não são consideradas constituições, 
como ocorre no caso dos Estados, mas constituem uma auto-organização no sentido de que essa 
Lei Orgânica deverá ser votada em dois turnos, com um intervalo mínimo de 10 dias entre eles, e, 
se aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal, será promulgada, desde que atendidos os 
princípios estabelecidos na Constituição Federal.
Agora, vamos discorrer um pouco sobre a competência dos Municípios, que a exemplo do que 
ocorre com a União e com os Estados, possuem competência não legislativa e competências legislativas, 
trataremos a seguir de cada uma delas.
A competência não legislativa comum é aquela que já tivemos a oportunidade de abordar quando 
tratamos da competência não legislativa da União. Esse tipo de competência implica na competência 
não legislativa comum a todos os entes federativos, prevista no art. 23 da CF/88 (BRASIL, 1988). Como 
exemplo, uma competência não legislativa comum entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios é 
a de cuidar da saúde, prevista no inciso II do art. 23 (BRASIL, 1988).
No exemplo anterior, não é uma exigência que os Municípios tenham as mesmas responsabilidades 
que a União – inclusive os pequenos Municípios – para envidar esforços no sentido de cuidar da saúde. 
22
Unidade I
São as chamadas políticas públicas. É certo que cada ente federativo deve praticar atos positivos para 
implementar essas competências nos seus limites orçamentários, permitindo-se, dessa maneira, um 
equilíbrio de forças envolvidas. Nos termos do parágrafo único do art. 23 da CF/88 (BRASIL, 1988), leis 
complementares poderão fixar normas para que haja cooperação entre a União e os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios com vistas a promover o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar no 
âmbito nacional.
Já a competência não legislativa exclusiva é aquela prevista no art. 30, inciso III ao IX da CF/88 
(BRASIL, 1988). Também chamada competência legislativa enumerada porque as competências estão 
enumeradas no dispositivo constitucional, destacando-se instituição e arrecadação de tributos no âmbito 
de sua competência, com consequente aplicação de suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de 
prestar contas e publicar balancetes.
Ainda nesse quesito, pela leitura do art. 156 da CF/88 (BRASIL, 1988), aos Municípios compete 
também instituir impostos sobre a propriedade predial e territorial urbana (o chamado IPTU), bem como 
instituir impostos sobre transmissão inter vivos decorrentes de atos onerosos de bens imóveis e imposto 
sobre serviços de qualquer natureza (ISS).
No âmbito dessa competência não legislativa exclusiva, é possível aos Municípios a criação, 
organização e supressão de distritos, desde que observada a legislação estadual para essa finalidade, 
já que pode se referir a direito urbanístico. Podemos dizer que distritos são subdivisões administrativas 
criadas dentro do próprio Município. Por exemplo, o Município de São Paulo conta com 96 distritos, o 
que comumente, chamamos de bairros.
 Saiba mais
Saiba mais sobre os distritos do Município de São Paulo em:
SÃO PAULO (Município). Prefeituras Regionais. Portal da Transparência, 
São Paulo, [s.d.]. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/
secretarias/subprefeituras/subprefeituras/mapa/index.php?p=14894>. 
Acesso em: 7 jan. 2019.
Adentraremos agora nas competências legislativas, que se dividem em competência legislativa 
expressa, competência legislativa exclusiva, competência legislativa exclusiva suplementar, competência 
legislativa para elaborar o plano diretor e competência legislativa tributária expressa.
Vejamos cada uma delas.
A competência legislativa expressa refere-se à já mencionada competência para editar a Lei Orgânica 
do Município prevista no art. 29 da CF/88 (BRASIL, 1988), a qual não pode se contrapor à Constituição 
Federal ou Constituição do Estado de que fizer parte o Município. Não tem status de norma constitucional.
23
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
Já a competência legislativa exclusiva refere-se às questões de interesse local nas quais o Município 
poderá legislar para resolução de assuntos de interesse local. É o teor da Súmula Vinculante de nº 38 do 
STF que dispõe: “é competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento 
comercial” (BRASIL, 2015e).
Nesse particular, é entendido como interesse local aquele que é inerente às necessidades imediatas 
do Município, mesmo que possam refletir no interesse regional ou geral. Há outros casos em que o 
STF também entendeu ser assunto de interesse local e, portanto, de competência legislativa exclusiva 
dos Municípios: matéria de segurança em estabelecimentos financeiros; direito ambiental relacionado 
ao interesse local e em consonância com as leis estaduais e federais; paisagem urbana, restringindo 
a poluição visual – Lei Cidade Limpa (SÂO PAULO, 2006); gratuidade de transporte público urbano a 
pessoas com idade entre 60 e 65 anos, ressaltando que para maiores de 65 anos o dever de gratuidade 
decorre de dispositivo constitucional federal; distância mínima entre postos de revenda de combustíveis; 
configuração do regime de sucessão do Poder Executivo em caso de dupla vacância dos cargos de 
prefeito e vice-prefeito; tempo de espera em fila de usuário dos serviços cartorários; edificações ou 
construções realizadas no Município; tempo de espera em fila de bancos.
A competência legislativa exclusiva suplementar importa na possibilidade de o Município editar 
leis de caráter complementar às leis federais e estaduais no que lhe couber, ou seja, no que for de 
interesse local do Município – art. 30, inciso II, da CF/88 (BRASIL, 1988). Nesse caso, existem leis federais 
e/ou estaduais que tratam da matéria, e o Município, ao editar sua lei, deverá se ater ao limite de seu 
interesse local e preservar a harmonia legal estabelecida pelos outros entes federativos.
Diferentemente dos demais entes federativos, os Municípios têm competêncialegislativa para 
elaborar o plano diretor. A previsão legal está no art. 182, parágrafo 1º, da CF/88 (BRASIL, 1988). 
Dessa forma, Municípios com mais de 20.000 habitantes devem possuir plano diretor aprovado 
pela Câmara Municipal como instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão 
urbana. Cabe ressaltar que o art. 182, parágrafo 1º, da CF/88 (BRASIL, 1988) foi regulamentado pelo 
Estatuto da Cidade – Lei nº 10.527/2001 (BRASIL, 2001a).
 Saiba mais
Saiba mais sobre o Estatuto da Cidade em:
BRASIL. Senado Federal. Estatuto da Cidade. Brasília: Secretaria 
Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008a. Disponível em: 
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70317/000070317.
pdf?sequence=6>. Acesso em: 7 jan. 2019.
O plano diretor é de extrema importância para disciplinar a ocupação do solo urbano, além de 
orientar o cumprimento da função social da propriedade privada.
24
Unidade I
Por fim, a competência legislativa tributária expressa, prevista no art. 156 da CF/88 (BRASIL, 
1988), já mencionada, diz que compete aos Municípios instituir impostos sobre a propriedade predial e 
territorial urbana (o IPTU); a transmissão inter vivos, a qualquer título por ato oneroso de bens imóveis, 
por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como 
cessão de direitos a sua aquisição e serviços de qualquer natureza (ISS), não compreendidos no art. 155, 
inciso II (BRASIL, 1988), definidos em lei complementar.
1.1.4 Distrito Federal
Assim como os demais entes federativos, o Distrito Federal possui autogoverno, autoadministração 
e autolegislação. Cabe ressaltar que a capital federal, anteriormente à criação de Brasília, que só ocorreu 
em meados de 1960 sob a presidência de Juscelino Kubitschek, era a cidade do Rio de Janeiro. Tem 
também o Distrito Federal capacidade de auto-organização, que é a criação de sua própria Lei Orgânica.
É a letra do art. 32 da CF/88 (BRASIL, 1988) que estabelece que o Distrito Federal reger-se-á por Lei 
Orgânica a ser votada em dois turnos com um intervalo mínimo de dez dias entre eles e, sendo aprovada 
por dois terços da Câmara Legislativa, será promulgada desde que atendidos os princípios estabelecidos 
na CF/88 (BRASIL, 1988).
Passemos às competências que o Distrito Federal possui, sendo elas competências não 
legislativas e competências legislativas. A competência não legislativa comum em nada difere 
do que já tivemos a oportunidade de conhecer em tópicos anteriores quando tratamos da União, 
Estados e Municípios. É aquela competência comum a todos os entes federativos, discriminados 
no art. 23 da CF/88 (BRASIL, 1988).
A competência legislativa expressa e exclusiva é aquela que reflete a auto-organização que o 
Distrito Federal possui, pois implica na sua capacidade de elaborar a própria Lei Orgânica nos termos 
do citado art. 32 da CF/88 (BRASIL, 1988). O que difere esta Lei Orgânica do Distrito Federal dos demais 
Municípios é que ela ostenta status constitucional.
Já a competência delegada é aquela que atribui ao Distrito Federal, assim como aos Estados, a 
possibilidade de legislar sobre leis específicas que tratem das matérias relacionadas no art. 22 da CF/88 
(BRASIL, 1988), que fazem parte da competência privativa da União.
A competência concorrente complementar, como já comentado anteriormente, é aquela em que 
a União tem a competência para elaborar normas de caráter geral enquanto os Estados e o Distrito 
Federal podem elaborar as normas de caráter específico, é o disposto no art. 24, parágrafos 1º e 2º 
(BRASIL, 1988).
Também já nos manifestamos anteriormente quanto à competência concorrente suplementar, é 
aquela em que, havendo omissão da União em elaborar lei de caráter geral, os Estados ou o Distrito 
Federal têm capacidade para elaborá-la até que sobrevenha lei federal geral, suspendendo a lei, no caso, 
distrital, naquilo que lhe seja contrário. Previsão constitucional no art. 24, parágrafo 3º (BRASIL, 1988).
25
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
Tem o Distrito Federal também competência para legislar sobre assuntos de interesse local, tal qual 
os Municípios.
Por último, tem também o Distrito Federal competência tributária expressa prevista nos arts. 147 
e 155 da CF/88 (BRASIL, 1988). O art. 147 da CF/88 infere que cabe ao Distrito Federal os mesmos 
impostos municipais previstos no art. 156 do mesmo diploma já citado no item sobre os Municípios 
(BRASIL, 1988). Já o art. 155 (BRASIL, 1988) estipula que os Estados e o Distrito Federal podem instituir 
impostos já relacionados no item sobre os Estados.
2 SEPARAÇÃO DE PODERES
Antes de falarmos dos poderes da União ou do Estado, ou ainda, como muitos doutrinadores se referem, 
como separação das funções estatais, nos cabe, aqui, discorrer algumas linhas para tratarmos do Estado.
Segundo Dalmo de Abreu Dallari (2005), o estudo da origem do Estado nos conduz a duas questões, 
sendo a primeira a respeito da época do seu surgimento e a segunda relativa aos motivos que levaram 
ao seu surgimento.
Alguns doutrinadores defendem que o Estado, assim como a própria sociedade, sempre existiu, ou 
seja, “desde que o homem vive sobre a terra acha-se integrado numa organização social, dotada de 
poder e com autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo” (DALLARI, 2005, p. 52).
Existem outros doutrinadores que sustentam que a sociedade viveu sem a figura do Estado durante 
um determinado período, sendo que este apenas teria surgido no momento em que houve a necessidade 
de atender aos grupos sociais.
Quanto às causas que levaram ao surgimento do Estado, há autores que sustentam que o Estado se 
formou naturalmente, independentemente de um ato voluntário. No entanto, há outros que sustentam 
várias causas originárias da formação do Estado, dentre elas:
• Origem familiar: essa teoria sustenta que o Estado deriva do núcleo familiar, tendo surgido, 
portanto, de um casal originário.
• Origem patriarcal: o Estado surgiu de um núcleo familiar, sendo que a autoridade suprema 
pertenceria ao ascendente varão mais velho (patriarca).
• Origem matriarcal: sustentada pelos autores que defendem que o núcleo familiar tem a mãe 
como dirigente e autoridade suprema das primitivas famílias.
• Origem em atos de força, violência ou conquista: essa posição é defendida por Hobbes ao 
afirmar que, em estado de natureza, os homens seriam inimigos uns dos outros, vivendo em 
constante guerra, a qual termina com a vitória dos mais fortes. Nesse contexto, o Estado teria 
surgido para organizar o grupo dominante e lhe dar condições, portanto, em manter o poder 
sobre os vencidos.
26
Unidade I
• Origem em causas econômicas e patrimoniais: sustentada, principalmente, por Marx e Engels. 
Para este último, o Estado não teria surgido junto com a sociedade, sendo apenas um produto da 
sociedade quando ela chegasse a um determinado grau de desenvolvimento (impondo sua força 
sobre a classe que não possuísse poder econômico).
• Origem no desenvolvimento interno da sociedade: sustentada por Robert Lowie, defende 
que toda sociedade humana prescinde do Estado, enquanto aquela se mantém simples e pouco 
desenvolvida, sendo que o próprio desenvolvimento espontâneo da sociedade gera a necessidade 
do Estado.
Uma das teorias de surgimento do Estado é a teoria da formação contratual. Segundo Dalmo de 
Abreu Dallari (2005), a concepção de Estado como pessoa jurídica é atribuída aos contratualistas e 
constitui um avanço no amparo da coletividade dotada de interesses diversos das vontades de cada um 
de seus membros.
Dessa forma, podemos concluir que o Estado é uma pessoa jurídica que deve externar e praticar 
atos em prol de uma coletividade e não de interesses individuais, sendo constituído pelo povo, 
território e soberania.
Vejamos cada um desses elementos. Povo é a reunião de indivíduos num território que se submetem 
ao poder de um Estado. Território é o espaço geográfico onde reside determinado povo, marca oslimites 
de atuação dos poderes do Estado, ou seja, não poderá haver dois Estados exercendo seu poder num 
mesmo território. A soberania é o exercício do poder do Estado, interna e externamente. O Estado, dessa 
forma, deverá ter ampla liberdade para controlar seus recursos, decidir os rumos políticos, econômicos 
e sociais internamente e não depender de nenhum outro Estado ou órgão internacional. A essa 
autodeterminação do Estado dá-se o nome de soberania.
Quando falamos do poder do Estado, estamos falando da soberania. Mas quem detém esse poder? 
Remontando à história, Aristóteles na obra A Política entendeu ser injusto e perigoso atribuir a um único 
indivíduo o exercício desse poder. Para ele, o Estado tem três funções: deliberativa, executiva e judiciária 
(apud NUNES JÚNIOR, 2018). Vejamos:
Segundo Aristóteles, quanto ao poder deliberativo, “cabe à Assembleia 
decidir sobre a paz e a guerra, contrair alianças ou rompê-las, fazer as leis 
e suprimi-las, decretar a pena de morte, de banimento e de confisco, assim 
como prestar contas aos magistrados”. Já o poder executivo, segundo 
Aristóteles, seria exercido pelas “magistraturas governamentais”: “as que 
participam do poder público quanto a certos objetos, para deliberar sobre 
eles, julgá-los e, sobretudo, ordená-los, pois é o mando o seu atributo 
característico”. Por fim, a terceira função seria a judiciária: “A ordem 
judiciária é o terceiro órgão da Constituição e do governo, responsável 
para julgar os crimes, os negócios envolvendo os cidadãos etc. (NUNES 
JÚNIOR, 2018, p. 1413).
27
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
Por sua vez, foi Montesquieu quem aprimorou a teoria de Aristóteles, estabelecendo em sua 
obra O Espírito das Leis (2000) que as três funções deveriam ser exercidas por três órgãos distintos, 
autônomos e independentes entre si. Com base nessa teoria, cada órgão exerceria uma função típica, 
predominante, ou seja, inerente à sua própria natureza, e outra função atípica de outros órgãos.
Como funcionou a teoria de Montesquieu no Brasil?
2.1 Separação de Poderes no Brasil
O Brasil adotou a teoria de Montesquieu para o fim de separar as funções estatais. Fazendo uma 
breve retrospectiva sobre a adoção da separação de Poderes no Brasil, iniciaremos pela análise das 
constituições brasileiras.
Na Constituição de 1824, adotou-se no Brasil a teoria da quadripartição de Poderes, ou seja, além 
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, havia um quarto Poder chamado Moderador.
Esse Poder foi retratado nos arts. 98 ao 101 da Carta Magna de 1824. Nessa época, o imperador tinha 
poderes ilimitados. O Poder Legislativo era chamado de Assembleia Geral, bicameral, ou seja, dividido em 
duas casas: Câmara dos Deputados e Câmara de Senadores. Os deputados eram eleitos para mandato de 
4 anos, enquanto os senadores eram vitalícios, escolhidos pelo imperador dentre uma lista tríplice. Havia 
ainda a previsão de imunidade parlamentar, inclusive contra prisão.
Quanto ao Poder Judiciário, havia a previsão de um tribunal superior chamado Superior Tribunal de 
Justiça (STJ), com competência para apreciar os recursos e crimes praticados pelos ministros integrantes 
do corpo diplomático e presidentes das províncias. 
Foi o advento da Constituição de 1891 que inaugurou no Brasil a tripartição dos Poderes conforme a 
teoria de Montesquieu, colocando fim ao Poder Moderador. Na redação original, dada pelo art. 15: “São 
órgãos da soberania nacional o Poder Legislativo, o Executivo e o Judiciário, harmônicos e independentes 
entre si” (BRASIL, 1891).
No tocante ao Poder Legislativo, foi mantido o sistema bicameral com a Câmara dos Deputados e 
Senado Federal, com previsão de eleições para mandato de 9 anos.
Já quanto ao Poder Executivo, foi adotado o sistema de governo presidencialista, com 
previsão de eleições para um mandato de quatro anos. Possibilidade de impeachment por crimes 
de responsabilidade.
Por fim, quanto ao Poder Judiciário, criou-se o Supremo Tribunal Federal (STF), à época composto de 
15 juízes, indicados pela Presidência da República e aprovados pelo Senado Federal.
Com o advento da Constituição Federal de 1934, manteve-se a tripartição de poderes, com a previsão 
expressa da indelegabilidade de suas atribuições, ou seja, cada poder tinha suas funções definidas que 
não poderiam ser delegadas a outras pessoas ou a outro poder (BRASIL, 1934).
28
Unidade I
Quanto ao Poder Legislativo, manteve-se a previsão do Senado Federal, porém, apenas com caráter 
colaborativo da Câmara dos Deputados
No tocante ao Poder Executivo, manteve-se o sistema presidencialista para mandatos de 4 anos sem 
direito à recondução, com a previsão da punição pela prática de crimes de responsabilidade (impeachment).
Quanto ao Poder Judiciário, foram feitas algumas inovações. O Supremo Tribunal Federal (STF) 
passou a se chamar Corte Suprema, composta por 11 ministros, escolhidos e nomeados pela Presidência 
da República, mediante aprovação pelo Senado Federal.
Criou-se a Justiça do Trabalho e a Justiça Eleitoral, bem como o Ministério Público federal, estadual, 
eleitoral e militar. Houve também a previsão do Tribunal de Contas.
Com o advento da Constituição Federal de 1937, embora tenha havido a previsão constitucional da 
tripartição de Poderes, essa divisão do poder acabou ficando apenas, como se diz popularmente, no papel. 
No tocante ao Poder Legislativo, seus órgãos foram extintos no âmbito federal, estadual e municipal.
Nesse período, os atos legislativos consistiam nos decretos que eram editados pelo presidente 
Getúlio Vargas, dentre eles o Decreto-Lei nº 2.848/1940 – Código Penal (BRASIL, 1940) e o Decreto-Lei 
nº 3.689/1941 – Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), ainda vigentes, com atualizações legislativas 
de seus textos originários.
Curioso verificar que essa constituição manteve a previsão do processo de impeachment do 
presidente da República, que, no caso, seria julgado pelo Legislativo, que, por sua vez, fora dissolvido.
Por último, o Poder Judiciário, também previsto na Carta Magna, sofreu com o regime ditatorial 
a previsão constitucional de que a Presidência da República poderia aposentar compulsoriamente 
qualquer membro do Poder Judiciário.
Com a Constituição Federal de 1946, foi retomada a democracia e restabelecida a tripartição de 
Poderes, que seriam independentes e harmônicos entre si, além de não se poder delegar a outras pessoas 
ou outros Poderes as suas funções.
O Poder Legislativo foi restabelecido com a instituição do Congresso Nacional, constituído pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Os representantes de ambas as casas eram eleitos para 
mandatos de 4 e 8 anos, respectivamente.
No tocante ao Poder Executivo, o presidente da República também era eleito para um mandato de 5 
anos, com a manutenção da previsão de ser responsabilizado por crime de responsabilidade (impeachment).
Quanto ao Judiciário, foi criado o Tribunal Federal de Recursos (TFR), que mais tarde seria extinto, 
com a criação dos 5 Tribunais Regionais Federais (TRFs).
29
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
Com a Constituição de 1967, diante de um regime militar, alguns dispositivos foram mantidos 
formalmente no texto constitucional, tal qual a tripartição de Poderes, que, não obstante existirem os 
três Poderes, havia uma sobreposição do Poder Executivo sobre os demais Poderes.
No Poder Legislativo, manteve-se o sistema bicameral, com a manutenção da Câmara dos Deputados 
e do Senado Federal. Quanto ao Poder Executivo federal, era exercido pelo presidente da República eleito 
pelo voto indireto para mandato de 4 anos.
Com a CF/88 (BRASIL, 1988), foi novamente restabelecida a democracia e a real tripartição de 
Poderes, sem a preponderância de um Poder em relação ao outro, com a previsão da independência e da 
harmonia, sem, no entanto, prever a indelegabilidade de suas funções.
É o disposto no art. 2º: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,o 
Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 1988).
A CF/88 (BRASIL, 1988) é a nossa Carta Magna atual e serve de fundamento a toda nossa legislação. 
Sendo assim, iremos nos debruçar sobre o seu estudo.
Sabemos que a lei não tem palavras inúteis ou desnecessárias, de forma que, da interpretação do dispositivo 
constitucional anteriormente referido, podemos extrair dois princípios: independência e harmonia.
Passando a interpretar a independência, temos:
[...] a independência dos poderes significa: a) que a investidura e a 
permanência das pessoas num órgão do governo não dependem da 
confiança nem da vontade dos outros; b) que no exercício das atribuições 
que lhe sejam próprias, não precisam os titulares consultar os outros nem 
necessitam de sua autorização; c) que, na organização dos respectivos 
serviços, cada um é livre, observadas apenas as disposições constitucionais 
legais (SILVA, 2005, p. 110).
Para cada Poder, foi estabelecida uma função típica, ou seja, uma função principal para a qual ele 
foi criado. No entanto, a própria Constituição Federal prevê que cada Poder poderá exercer além de 
suas funções típicas, funções de outros Poderes sem, no entanto, macular sua independência, que são 
chamadas de funções atípicas.
Para melhor esclarecer, vamos fazer uso da função típica do Poder Judiciário, que é a função 
jurisdicional, ou seja, de “dizer o direito”, aplicando a lei ao caso concreto. Assim, podemos dizer que a 
função principal do Poder Judiciário é a de julgar, de colocar fim aos conflitos de interesses, aplicando 
a lei aos casos concretos que lhe são submetidos.
Caso o Poder Judiciário viesse a criar alguma norma ou ato normativo, assim como exercer atos de 
gestão ou administração, estaria ele usurpando as funções dos Poderes Legislativo e Executivo?
30
Unidade I
A resposta é não. A Constituição Federal permite o exercício de funções atípicas como 
forma de manter a independência e harmonia entre os Poderes, desde que o Poder, ao exercer 
sua função atípica, não o faça de forma desmedida, desproporcional, violando o princípio da 
separação dos Poderes.
No quadro a seguir, poderemos visualizar melhor as funções típicas e atípicas de cada Poder.
Quadro 1 
Poder Função típica Função atípica
Legislativo
Legislar
Fiscalizar os trâmites contábil, 
financeiro, orçamentário e 
patrimonial do Executivo
Executiva: ao dispor sobre sua 
organização, provendo cargos, 
concedendo férias, licenças a 
servidores etc.
Jurisdicional: o Senado julga o 
presidente da República nos crimes 
de responsabilidade
Executivo
Praticar atos de chefia de Estado, 
chefia de governo e atos de 
administração
Legislativa: a Presidência da 
República, por exemplo, adota 
medida provisória com força de lei
Jurisdicional: o Executivo julga, 
apreciando defesas e recursos 
administrativos.
Judiciário
Julgar (função jurisdicional), 
dizendo o direito no caso concreto 
e dirimindo os conflitos que lhe são 
levados, quando da aplicação da lei
Legislativa: regimento interno de 
seus tribunais
Executivo: administra, ao conceder 
licenças e férias aos magistrados e 
serventuários
Verificando o quadro anterior, podemos perceber que o Poder Judiciário, a exemplo dos outros 
Poderes, tem, além da sua função típica, funções atípicas, que são funções atribuídas a outros Poderes, 
como função legislativa e executiva. Quando os tribunais que compõem o Poder Judiciário elaboram 
seus próprios regimentos internos, eles estão exercendo uma função atípica legislativa. Ou, ainda, 
quando o Poder Judiciário concede licença a seus membros e serventuários, age com atos de gestão 
administrativa, numa função atípica executiva.
Mesmo exercendo essas funções atípicas, não podemos falar em mácula à separação dos 
Poderes prevista da CF/88 (BRASIL, 1988).
Inclusive, a proteção à separação dos Poderes constitui uma cláusula pétrea em nosso 
ordenamento jurídico constitucional. O que significa isso? Significa que essa matéria ou esse 
dispositivo não pode ser suprimido da Constituição Federal em uma eventual alteração legislativa 
por intermédio de emenda constitucional.
31
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
Assim, para melhor entendimento:
[...] por se tratar de cláusula pétrea, não será possível emenda constitucional 
tendente a abolir a matéria constitucionalmente prevista. Dessa maneira, 
não será apenas inconstitucional a Proposta de Emenda Constitucional que 
suprime integralmente a separação dos Poderes, mas também a Emenda 
Constitucional que acaba por concentrar poderes nas mãos de uma só 
pessoa ou só órgão, ou cria controles ou interferências indevidas de um 
Poder sobre o outro (NUNES JÚNIOR, 2018, p. 1412).
A previsão constitucional encontra-se enquadrada no art. 60, parágrafo 4º, inciso III, da CF/88, que dispõe:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do 
Senado Federal;
II – do Presidente da República;
III – de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção 
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, 
em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos 
dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado;
II – o voto direto, secreto, universal e periódico;
III – a separação dos Poderes;
IV – os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida 
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão 
legislativa (BRASIL, 1988, grifo nosso).
32
Unidade I
 Lembrete
Atentar que a cláusula pétrea protege a separação dos Poderes e não a 
tripartição dos Poderes, ou seja, o que não pode ser abolida é a separação. 
A tripartição pode ser modificada, como, por exemplo, criando-se um 
novo poder.
Nesse particular, houve, no Brasil, recentemente, uma questão que implicou numa análise de suposta 
intervenção do Poder Judiciário em ato privativo praticado pelo Executivo.
Trata-se da nomeação pela Presidência da República de um de seus ministros de Estado, consoante 
lhe confere esta prerrogativa a CF/88 em seu art. 84, inciso I (BRASIL, 1988), quando diz: “Compete 
privativamente ao Presidente da República: I – nomear e exonerar os Ministros de Estado”.
Cristiane Brasil, deputada federal, foi escolhida pelo presidente Michel Temer no início do ano de 2018 
para assumir o Ministério do Trabalho, mas enfrentou uma batalha judicial, porque decisões judiciais 
impediram-na de ser empossada sob um dos argumentos de que a nomeação desrespeitava a moralidade 
administrativa, pois a deputada já havia sido condenada pela Justiça do Trabalho. Alegava-se, ainda, que 
ela havia praticado pessoalmente graves violações das leis trabalhistas, flagradas e comprovadas em, 
pelo menos, duas demandas judiciais.
Sabemos que o governo federal é exercido pelo presidente da República, auxiliado por seus ministros 
de Estado, secretarias e órgãos especiais pertencentes à administração pública.
Ademais, a própria Constituição Federal apenas exige como requisito para o cargo de ministro de 
Estado que o escolhido seja brasileiro, maior de 21 anos e esteja em pleno gozo de seus direitos políticos. 
É a letra do art. 87: “Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um 
anos e no exercício dos direitos políticos” (BRASIL, 1988).
Exemplo de aplicação
Com base nas referências legais mencionadas, reflita se a decisão do Poder Judiciário de impedir 
a posse da deputada Cristiane Brasil para o cargo de ministra do trabalhoencontra fundamentos 
suficientes e como essa decisão judicial se harmoniza com a preconizada separação de Poderes prevista 
no art. 2º da CF/88 (BRASIL, 1988).
Antes de tratarmos de cada Poder, cabe discorrer sobre a teoria dos freios e contrapesos (checks and 
balances). Essa teoria impede que um Poder se sobreponha aos demais Poderes da União, havendo a 
necessidade de equilíbrio ou, como antes mencionado, de harmonia.
33
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
Assim, essa teoria permite a interferência de um Poder sobre o outro, como uma fiscalização 
recíproca entre os Poderes, e não de forma arbitrária e desmedida, e, em situações expressas no corpo 
da Constituição, são elas:
• Quando o Executivo veta projeto de lei do Legislativo: caso a Presidência da República 
considere o projeto, no seu todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, 
poderá vetá-lo total ou parcialmente, desde que no prazo de quinze dias úteis, a contar da data 
do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao presidente do Senado Federal 
os motivos de seu veto.
• Quando o Legislativo rejeita medida provisória do Executivo: nos casos de relevância e 
urgência, a Presidência da República poderá adotar medidas provisórias (MP), com força de 
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. Lembramos aqui que a edição 
de medida provisória pela Presidência da República constitui uma função atípica legislativa 
do Poder Executivo.
• Quando o Legislativo julga o Executivo: aqui também temos configurada outra função atípica, 
que é a função de julgamento pelo Poder Legislativo, Nesse particular, compete privativamente 
ao Senado Federal processar e julgar o presidente e o vice-presidente da República nos crimes de 
responsabilidade (impeachment), bem como os ministros de Estado e os comandantes da Marinha, 
do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles.
• Quando o Judiciário declara lei do Legislativo inconstitucional: nesse caso, apenas pelo voto 
da maioria absoluta dos membros dos tribunais ou dos membros do respectivo órgão especial e 
poderá ser declarada a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
• Quando o Executivo escolhe os ministros do STF com a participação do Legislativo: são 
onze ministros que compõem o STF. Esses ministros são indicados e escolhidos pela Presidência da 
República, observados os requisitos legais. A escolha deve ser aprovada pela maioria absoluta do 
Senado Federal após os ministros serem nomeados pelo presidente.
 Resumo
Tivemos a oportunidade de tratar da Federação e da separação dos 
Poderes. A Federação é uma união de vários Estados, cada um com sua 
parcela de autonomia, como, por exemplo: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, 
entre outros. Essa é a forma do Estado brasileiro.
Como vimos, o Brasil é composto de vários Estados, cada qual com 
a sua autonomia para fazer leis, praticar atos de administração pública, 
autogoverno, entre outros. Autonomia não é sinônimo de independência, 
ou seja, numa Federação, como é o caso do Brasil, os entes federativos são 
autônomos, mas não independentes.
34
Unidade I
São entes federativos do Brasil: a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios, sendo todos autônomos.
Ao estudarmos cada ente federativo, verificamos que todos têm 
capacidade de auto-organização (atos de gestão); autogoverno e 
autolegislação (editar as próprias leis e atos normativos). Também 
vimos que cada um deles têm as suas próprias competências, sendo 
elas competências não legislativas (de caráter político e administrativo) 
e competências legislativas (para edição de leis e atos normativos).
Importante frisar que a Federação, tal como a concebemos no Brasil, é 
de caráter cooperativo, ou constitui um federalismo cooperativo. Isso quer 
dizer que os entes federativos podem atuar conjunta e separadamente em 
prol da coletividade e do bem comum.
Quando tratamos do Estado brasileiro (País) e seus Poderes, pudemos 
verificar que o Brasil adotou a teoria da tripartição de Poderes de 
Montesquieu, na qual as três funções estatais deveriam ser exercidas por 
três órgãos distintos, autônomos e independentes entre si.
Com base nessa teoria, cada órgão exerceria uma função típica, 
predominante, ou seja, inerente à sua própria natureza, e outra função 
atípica de outros órgãos. Fizemos uma retrospectiva da adoção da separação 
das funções estatais pela análise das diversas constituições brasileiras até a 
atual Constituição Federal de 1988.
Tratamos da tripartição de Poderes, constituindo-se os Poderes 
Legislativo, Executivo e Judiciário, e suas funções típicas (próprias do órgão) 
e atípicas (próprias de outros órgãos), sendo que o exercício das funções 
atípicas deveria implicar na manutenção da independência e harmonia 
entre os Poderes desde que o Poder, ao exercer sua função atípica, não 
o faça de forma desmedida, desproporcional, violando o princípio da 
separação dos poderes.
Como corolário do princípio da separação dos Poderes, vimos a teoria 
dos freios e contrapesos, que permite a interferência de um Poder sobre o 
outro, como uma fiscalização recíproca entre os Poderes, e não de forma 
arbitrária e desmedida e em situações expressas no corpo da Constituição.
 Exercícios
Questão 1. A forma de organização federativa é uma escolha e não um determinismo. Podemos 
afirmar que países como o Brasil e os Estados Unidos da América do Norte, por exemplo, escolheram a 
35
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS
forma federativa para constituir sua organização política. Essa escolha é impulsionada principalmente 
por razões de ordem política, econômica, social e pelos valores culturais e morais que as diferentes 
sociedades cultivam. No caso dos Estados Unidos e do Brasil, podemos afirmar:
I – O federalismo norte-americano tem raízes apenas culturais porque foi fruto das ideias dos líderes 
do movimento de independência.
II – O federalismo brasileiro tem raízes em valores históricos, econômicos e culturais, porque a 
divisão do País em capitanias hereditárias e, mais tarde, em Estados com autonomia relativa, consolidou 
o modelo federalista.
III – O federalismo, em ambos os países, consolida as melhores possibilidades de interação em dois 
territórios de grandes proporções e diversidades.
IV – O federalismo norte-americano foi fortemente influenciado pelas ideias políticas da Revolução Francesa.
V – Ambos os países possuíam tradição republicana, e o federalismo decorre dessa origem favorável.
Assinale a alternativa correta.
A) Apenas I e III.
B) Apenas II e III.
C) Apenas III e IV.
D) Apenas I e V.
E) Apenas II e IV.
Resposta correta: alternativa B.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o federalismo norte-americano surgiu no bojo da luta pela independência, liderada 
pelas 13 colônias, que, ao final, decidiram juntas o modelo de organização política dos Estados Unidos 
da América do Norte.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: o extenso território brasileiro sempre foi um enorme problema para a coroa 
portuguesa, que, em razão disso, organizou sistemas de divisão e de gestão política que se tornaram 
36
Unidade I
parte da cultura brasileira, razão pela qual o federalismo se encontra fortemente arraigado como um 
valor para a nação brasileira.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: Estados Unidos da América do Norte e Brasil são países de grande extensão de área, e, 
diante desse fato incontestável, a divisão em áreas de autonomia relativa e com capacidade para se unirem 
em prol de objetivos maiores favoreceu a formação da federação como forma de organização política.
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a Revolução Francesa ocorreu em 1789, depois da Revolução de Independência 
Norte-Americana, que ocorreu em 4 de julho de 1776.
V – Afirmativa incorreta.
Justificativa: federação se refere à união de vários Estados, cada um deles com parcela de autonomia, 
porém,

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