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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO CURSO DE PSICOLOGIA PROJETO INTEGRADOR: PROFISSÃO E CARREIRA EM PSICOLOGIA PSICOLOGIA JURÍDICA: UMA ABORDAGEM FOCANDO A CARREIRA DO PSICÓLOGO SÃO PAULO 2020 UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO CURSO DE PSICOLOGIA PROJETO INTEGRADOR: PROFISSÃO E CARREIRA EM PSICOLOGIA PSICOLOGIA JURÍDICA: UMA ABORDAGEM FOCANDO A CARREIRA DO PSICÓLOGO Trabalho final apresentado no Projeto Integrador do curso de graduação de Psicologia da Universidade Nove de Julho, como parte dos pré-requisitos para aprovação. SÃO PAULO 2020 SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO 3 2 - A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA JURÍDICA 6 2.1 - Ramificações e principais campos de atuação 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 10 3 1 - INTRODUÇÃO O presente trabalho trata-se de um Projeto Integrador cujo tema-eixo é Profissão e carreira em Psicologia e tem como objetivo abordar as diferentes áreas de atuação profissional do psicólogo, bem como as exigências do mercado de trabalho. Segundo CRP-SP (2012) no Especial – Avanço da profissão: Um pouco de História, a psicologia passou a ser reconhecida como profissão no Brasil através da Lei 4119 de 27 de agosto de 1962, porém suas técnicas já vinham sendo utilizadas através de áreas como, educação, saúde, trabalho e direito muito antes de ser reconhecida juridicamente. O processo de aceitação da regulamentação da psicologia como profissão enfrentou muita resistência da área médica, que acreditava que as funções a serem desempenhadas deveriam ser feitas diante de supervisão médica e que as práticas clínicas eram inerentes ao campo da medicina. Sendo assim a lei só pôde ser aprovada devido ao fato dos termos clínico e psicoterapia não terem sido utilizados. (ANGELINI, 2012). O caminho para a aceitação da profissão foi longo. Logo após o processo de legalização veio a necessidade da criação de um conselho da classe, para atender as demandas profissionais que viriam e surgiu a necessidade de se criar uma imagem para a figura do psicólogo. Muitos dos avanços que a área conquistou se deve a nomes como Dante Moreira Leite, o deputado relator do processo de legalização da profissão na câmara federal, Adauto Lúcio Cardoso, Arrigo Angelini primeiro presidente do Conselho Federal de Psicologia – CRP, Ana Bock, Odair Furtado, entre outros. Desde então a psicologia vem crescendo e fazendo grandes contribuições para sociedade, desenvolvendo um trabalho fundamental em diversas áreas e detendo um importantíssimo papel em situações que envolvem atuação em emergências e desastres como a que temos vivido atualmente. Hoje em dia, a prática mais conhecida de atuação do psicólogo pela sociedade, é a área clínica, através do processo de psicoterapia. A mesma é realizada em clínicas, consultórios particulares, hospitais, ambulatórios, entre outras 4 unidades de saúde. Neste processo, a intervenção do psicólogo visa diminuir o sofrimento causado por psicoses humanas, resultando em bem-estar e autoconhecimento ao paciente. Embora seja considerada para alguns a área de maior prestígio dentro da psicologia, as áreas de atuação vão muito além disso, o que possibilita ao psicólogo, uma vasta opção de campo para sua atuação, podendo ser em empresas privadas, ou públicas. Dentre os campos mais conhecidos, temos: psicologia da educação, psicologia do esporte, psicologia do trânsito, psicologia escolar, psicologia hospitalar, psicologia organizacional e do trabalho, psicologia social, pesquisa, neuropsicologia, e psicologia jurídica. Esta última, através de pesquisas, será discorrida ao longo deste projeto. Criada no início do século XX, a psicologia jurídica era conhecida por sua prática ser resumida apenas a questões de perícia, laudos psicológicos e exames criminológicos. Ao longo do tempo, foram se criando ramificações, e a psicologia ganhou seu espaço, respeitando é claro, a existência de cada ciência, não havendo interferências. A área que vem despertando o interesse de muitos psicólogos, principalmente por influências das séries policiais, busca estudar, acompanhar e analisar, os aspectos psicológicos, que podem influenciar a conduta de uma pessoa, levando-o a infringir a lei. Neste caso, com ajuda de psicólogos, advogados de todo o mundo trabalham através da perspectiva mental, sobre a saúde de pessoas envolvidas em ações judiciais. Exemplificando, o psicólogo jurídico pode atestar ou justificar a motivação de um réu por um homicídio, tomando como base, sua saúde mental. “A psicologia jurídica pode ser definida como o estudo do comportamento juridicamente relevante de pessoas e grupos em um ambiente regulado pelo direito. Também pode ser definida como o estudo do nascimento, da evolução e da modificação da regulação jurídica, de acordo com os interesses dessas pessoas e grupos sociais.” (Pinheiro, 2019, pág. 27) A psicologia jurídica também assume um papel muito mais amplo na sociedade, onde ajuda a regulamentar questões que envolvem a violência, direitos 5 humanos e cidadania, tendo em sua essência principal a avaliação sem julgamentos, afins apenas de completar as demandas e lacunas deixadas pelo direito à área da psicologia, isto é, estuda os comportamentos juridicamente relevante as pessoas, cuidando apenas de assuntos de sua alçada. De uma forma geral, a psicologia jurídica, é composta pelas ramificações: Psicologia Criminal, Psicologia Penitenciária ou Carcerária, Psicologia Jurídica e as questões da infância e juventude, Psicologia Jurídica: investigação, formação e ética, Psicologia Jurídica e Direito de Família, Psicologia do Testemunho, Psicologia Jurídica e Direito Civil, Psicologia Policial/Militar. Diante de grandes cenários, e campos de atuação, o presente trabalho, busca discorrer sobre os campos de atuação na psicologia jurídica, com a finalidade de proporcionar aos participantes do grupo, um maior conhecimento sobre a área, e como a mesma teve sua estrutura fomentada no Brasil. Através de pesquisas e entrevistas, pretende-se responder as perguntas: Qual é a origem da psicologia jurídica? Quais as atividades que um psicólogo jurídico realiza? Em quais lugares, ele pode trabalhar? 6 2 - A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA JURÍDICA A psicologia forense/jurídica teve início – junto com a psicologia moderna – em 1879, quando Wilhelm Wundt fundou seu primeiro laboratório na Alemanha. Desde então, seu avanço contou com diversos outros especialistas, como James McKeen Cattell, que conduziu algumas pesquisas sobre psicologia do testemunho na Universidade Columbia. Inspirado pelo trabalho de Cattell, Alfred Binet reaplicou a pesquisa de Cattell e estudou os resultados de outros experimentos que foram aplicados à lei e à justiça criminal. William Stern também estudou a habilidade das testemunhas de lembrar informações. Em um de seus experimentos pediu a estudantes que resumissem uma disputa, entre dois colegas de classe, que haviam presenciado. Stern descobriu que erros entre as testemunhas eram comuns e concluiu que a emoção de uma pessoa poderia afetar a precisão de sua memória. Já no Brasil, a atuação na área da psicologia jurídica teve seu início na década de 1960, porém de forma gradual e vagarosa e muitas vezes de forma informal e voluntária. “Os primeiros trabalhos ocorreram na área criminal, enfocando estudos acerca de adultos criminosos e adolescentes infratores da lei (Rovinski, 2002, p. 661).” Em meados de 1979, as atuações do psicólogo foram estendidas também para a área civil, por onde, de forma totalmente voluntária, os profissionais trabalharam em conjunto com as famílias em vulnerabilidade social. A entrada da psicologia jurídica no Brasil também se deve ao fato, após o decreto da lei de execução penal (Lei Federal nº 7.210/84), que reconhece os psicólogos em instituições penitenciárias. Após este episódio, muita coisa aconteceu, e foi criando corpo, através de contribuições e pesquisas. Entretanto, apenas no ano de 2000, a Psicologia Jurídica, foi reconhecida como especialidade 7 do Psicólogo,através da resolução do Conselho Federal de Psicologia, nº 014/00, que acabou regulamentando outras áreas da psicologia também. Assim, após a regulamentação oficial da psicologia jurídica, muitos campos de trabalho foram se formando. Hoje em dia, grande parte das oportunidades disponíveis para esta área se dá através do funcionamento público. 2.1 - Ramificações e principais campos de atuação Campo da psicologia que trabalha conectado diretamente com as áreas do direito e da justiça. Atualmente a psicologia tem uma importante presença profissional, institucional, intelectual e política em todas as questões relacionadas à infância, a adolescência e a família. O psicólogo atua participando de debates e da formulação nacional de políticas, campanhas educacionais e leis. A participação de psicólogos nessas áreas é considerada indispensável. É importante citar os diferentes lugares de atuação, como as Varas Cíveis, Criminais e de Trabalho, as Instituições Prisionais, as Políticas Públicas de Defesa e Proteção Social das pessoas em conflito com a lei ou em regime de Proteção Especial e os Campos de pesquisa e investigação. Como modo de atuação, o Conselho cita: os estudos e pesquisas na área, as perícias, laudos e pareceres, os atendimentos e acolhimentos de pessoas envolvidas em processos judiciais e o auxílio na elaboração e implementação de políticas públicas e de leis, entre outros. (CFP, 1992). A psicologia jurídica da infância e juventude, trabalhando em conjunto com o estatuto da criança e do adolescente, zela por situações que envolvem a adoção, o acolhimento, a destituição do poder familiar, abuso, violência, entre outros processos, como o abandono a menores. Além disso, outro papel importante, para psicólogos, que atuam nesta área, é o desenvolvimento de medidas socioeducativas, para jovens adolescentes, que cometeram atos e infrações. 8 “Psicologia Jurídica e o Direito de Família: separação, disputa de guarda, regulamentação de visitas, destituição do pátrio poder. Neste setor, o psicólogo atua, designado pelo juiz, como perito oficial. Entretanto, pode surgir a figura do assistente técnico, psicólogo perito contratado por uma das partes, cuja principal função é acompanhar o trabalho do perito oficial.” (FRANÇA, 2004, p. 78). O psicólogo exerce um papel fundamental no ramo do direito e da família. Neste campo, o profissional vai laborar em processos de divórcio, atuando na mediação de conflitos, acordos e guardas. Neste caso, é bom ressaltar, que o mesmo, trabalha em conjunto com os juízes e peritos, podendo ouvir todas as partes, e dar seu parecer. No mundo organizacional, onde se tem muita pressão em alguns ramos de atuação, o psicólogo jurídico também possui espaço de trabalho. Neste caso, ele pode acompanhar peritos, em resolução de processos trabalhistas, na avaliação de condições de trabalho, atrelado a saúde mental do colaborador. No direito civil, como aborda França (FRANÇA, 2004, p. 78). o psicólogo lida com “casos de interdição, indenizações, entre outras ocorrências cíveis.” Neste caso, cabe situações, que envolvem indenizações, sejam elas causadas por acidentes de trabalho, ou decorrentes de danos psíquicos. Também em atuação conjunta com peritos, no direito penal e criminal, os profissionais de psicologia lidam com revisão de penas, avaliam o discernimento ou sanidade mental das partes até a resolução de julgamentos, realizando o devido estudo sobre o crime. Talvez muitas pessoas nunca tenham ouvido falar no campo da Vitimologia. É através dele que o psicólogo trabalha realizando atendimentos a vítimas de violência doméstica, entre outras. França (FRANÇA, 2004, p. 78) salienta em relação a este campo que “existem no Brasil programas de atendimentos a vítimas de violência doméstica. Busca-se o estudo, a intervenção no processo de vitimização, a criação de medidas preventivas e a atenção integral centrada nos âmbitos psico-socio jurídicos”. Sendo um dos grandes problemas no Brasil atualmente, o sistema carcerário, que muitas vezes aparece em noticiários por sua superlotação, agrega alguns 9 profissionais da psicologia, que desenvolvem programas educativos na prevenção de DST/AIDS, além de prestarem apoio a agentes de segurança do sistema penitenciário, que muitas vezes sofrem com estresse. Um papel fundamental neste campo, é através das intervenções que os psicólogos realizam, podendo-se acompanhar presidiários em penas alternativas. Tendo total importância dentro dos tribunais, o psicólogo do testemunho, funciona como uma espécie de jurado. Ele avalia dentro dos processos criminais, acidentes, falas, falsas memórias e acontecimentos, tendo como material base, os depoimentos das testemunhas. Não muito importantes, mas que também englobam o campo da psicologia jurídica, temos os profissionais que trabalham no Ministério Público, com assassinato de adolescentes; Psicologia jurídica dos direitos humanos; Psicologia jurídica e magistrados, que lida com a tomada de decisões em conjunto com juízes; Psicologia da Polícia Militar, cujo objetivo é acompanhar através da formação básica, os futuros profissionais realizando diversas avaliações junto aos mesmos. Como se pode notar, os campos para o psicólogo jurídico trabalhar são imensos. Eles hoje são de extrema importância para todos os ramos, pois uma vez atuando, tendem a trazer uma visão humanizada do sujeito humano, o que pode garantir que nestas problemáticas, o que vale é o produto humano, centralizando todas as ações, no bem-estar e na recuperação de cada indivíduo envolvido no processo. Após conhecermos todas as áreas da Psicologia Jurídica, chegou a hora de chegarmos um pouco mais de perto, como um é a vida de um profissional, que se dedica diariamente a este ramo. Para isso, escolhemos uma profissional, que labora não só como professora, mas que atua também, na prestação de serviços, de apoio técnico às ações do Projeto “O enfrentamento da violência e o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos para a promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente no Brasil” desenvolvido pelo NECA com apoio do UNICEF. Além do campo de pesquisa, esta colaboradora, realiza atendimento psicológico destinado a crianças em situação de acolhimento institucional e nos casos de adoção, utilizando a metodologia do resgate da história de vida, se 10 enquadrando dentro do campo de psicologia jurídica, no ramo infância e juventude, atuando em uma ONG. 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRANÇA, F. Reflexões sobre a Psicologia jurídica e seu panorama no Brasil. Revista Psicologia: Teoria e Prática, vol. I, n. I, p. 73-80, 2004. PINHEIRO, Carla. Manual de psicologia jurídica – 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. ROVINSKI, S. L. R. La psicologia jurídica em Brasil. Tratado de psicologia forense. 1 ed. Madrid: Siglo Veintiuno de España Editores, 2002. ESPECIAL– Avanço da profissão: Um pouco de História. PSI – Jornal, São Paulo/SP, Junho/2012. Disponível em: http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/172/frames/fr_avancos.aspx Acesso em: 21 Set 2020. SILVESTRE, Josel. Psicologia Jurídica. Psicologado, São Paulo/SP, 2008. Disponível em https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-juridica/psicologia-juridica . Acesso em 21 Set 2020. Conselho Federal de Psicologia – CFP (1992). Atribuições Profissionais do Psicólogo no Brasil. Contribuição do Conselho Federal de Psicologia ao Ministério do Trabalho para integrar o catálogo brasileiro de ocupações – enviada em 17 de outubro de 1992. http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/172/frames/fr_avancos.aspx https://psicologado.com.br/ https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-juridica/psicologia-juridica
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