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Julia Paris Malaco – UCT17 SP2 – choque O choque é um estado de hipoperfusão tecidual generalizada, causado por deficiência da microcirculação em dar o adequado suprimento de nutrientes, entre eles, o oxigênio, levando a uma baixa oferta de oxigênio e nutrientes aos tecidos, bem como de sua efetiva utilização. Resumidamente, o choque é um estado de perfusão e oxigenação inadequadas. Hipotensão com sinais de hipoperfusão tecidual: Extremidades frias, úmidas, pegajosa TEC lentificado Confusão mental Taquicardia – palidez (influxo simpático) Taquipneico ( acidose metabólica) Queda do DU A hipóxia prolongada pode levar a morte celular, lesão de órgãos-alvo, falência múltipla de órgãos e morte. A hipotensão é um componente importante do choque, porém não necessariamente deve estar presente, sendo que a hipóxia celular pode ocorrer mesmo com normotensão ou hipertensão, e o manejo agressivo para reverter o choque e restaurar a perfusão não deve aguardar pela sua presença. O choque pode ser classificado em 4 tipos principais, baseados tradicionalmente no seu perfil hemodinâmico: hipovolêmico, cardiogênico, obstrutivo e distributivo. PA = DC X RVS DC = volume x FC Choque hipovolêmico: O choque hipovolêmico é resultante da redução do volume intravascular secundário a perda de sangue ou fluidos e eletrólitos, gerando assim uma redução da pré- carga e consequentemente do débito cardíaco (DC). A resistência vascular sistêmica (RVS) aumenta numa tentativa de manter a perfusão de órgãos vitais. Sua causa mais comum é a hemorragia Choque Cardiogênico: Ocorre como consequência de uma falência da bomba cardíaca, resultando na incapacidade do coração de manter uma adequada perfusão tecidual, mesmo na presença de volume intravascular adequado. O infarto agudo do miocárdio (IAM) afetando ventrículo esquerdo representa 74,5% das suas causas. Choque Obstrutivo: Resulta de uma obstrução mecânica ao débito cardíaco, causando a hipoperfusão. Choque Distributivo: É caracterizado pela presença de má distribuição do fluxo sanguíneo relacionado a uma inadequação entre a demanda tecidual e a oferta de oxigênio, fenômeno descrito como shunt. O choque séptico é o exemplo clássico, mais importante e mais prevalente do choque distributivo, levando a altas taxas de mortalidade, que variam entre 20-50%. 5 Entre outras causas, estão ainda a anafilaxia e o choque neurogênico. Diferentemente dos outros tipos de choque, o distributivo é consequência de uma redução severa da RVS, e o DC aumenta Julia Paris Malaco – UCT17 após a administração de fluidos numa tentativa de compensar a RVS diminuída. Um ponto importante na diferenciação clínica dos tipos de choque é entender a diferença entre os ditos choques hipodinâmicos (frios) e hiperdinâmicos (quentes), em que os primeiros, representados pelos choques hipovolêmico, cardiogênico e obstrutivo, são os que apresentam baixo DC e alta RVS, enquanto os segundos, representados pelos distributivos, apresentam baixa RVS e DC alto. Achados clínicos principais Os sinais clínicos do choque refletem a diminuição do fluxo sangüíneo a nível tecidual. A queda do fluxo sangüíneo cerebral detemina as alterações mentais características. Pele fria, palidez cutânea e cianose distal traduzem a hiperatividade adrenérgica. Exceção à regra é representada pelo choque séptico hiperdinâmico onde há enorme redução da resistência vascular periférica. Hipotensão: ocorre na maioria dos pacientes que chegam ao pronto socorro, podendo ser absoluta (PAS <90) ou relativa (uma queda >40 na PAS), entretanto não necessariamente está presente, e deve-se restaurar a perfusão o mais precocemente possível, mesmo na sua ausência. Oligúria: é um dos sinais mais precoces do choque e a melhora deste parâmetro ajuda a guiar a terapêutica. Alterações do estado mental: são mudanças contínuas durante o choque e geralmente cursam com agitação, podendo progredir para confusão ou delírio e finalmente em obnubilação e coma. Acidose metabólica: ocorre devido à redução da conversão do lactato pelo fígado, rins e músculo esquelético, além do aumento da produção do mesmo pelo metabolismo anaeróbio quando o choque progride para falência circulatória e hipóxia. Má perfusão periférica: Avaliada por uma pele fria, pegajosa e com enchimento capilar lentificado (>3 segundos), este quadro clínico ocorre devido aos mecanismos de vasoconstrição periférica para redirecionar o fluxo aos órgãos vitais nos choques hipodinâmicos. Entretanto, é diferenciada no choque distributivo, onde antes do mecanismo de vasoconstrição compensatório, apresenta uma pele corada, hiperemiada e quente. Classificação do choque Hiperdinâmico: alto DC, baixa RVP – choque distributivo (séptico, anafilático, neurogênico) Hipodimico: baixo DC, alta RVP – hipovolêmico, cardiogênico, obstrutivo Achados sugestivos Hipovolêmico: Dependendo da causa, o paciente pode apresentar hematêmese, hematoquesia, melena, náusea, vômitos, evidências de trauma, ou ser paciente de pós- operatório. Manifestações clínicas incluem pele, axilas, língua e mucosa oral secas, além de redução do turgor cutâneo Cardiogênico: Dependendo da causa, pode haver dispneia, dor no peito ou palpitações. Muitos pacientes apresentam história de doença cardiovascular. Ao exame físico pode haver crepitantes à ausculta respiratória refletindo a congestão pulmonar, além de sopro, galope ou abafamento de bulhas a ausculta cardíaca. Pode haver sinais de congestão pulmonar a radiografia, sinais de isquemia miocárdica ao eletrocardiograma (ECG) além de elevação de enzimas cardíacas. Obstrutivo: A presença de sinais de insuficiência respiratória, enfisema subcutâneo, ausência de murmúrio vesicular, timpanismo a percussão e desvio de traqueia sugerem fortemente pneumotórax hipertensivo. Taquicardia, bulhas abafadas e estase jugular sugerem tamponamento cardíaco. Outros sinais como dispneia, dor retroesternal, cianose e pulso paradoxal podem estar presentes e correlacionados a TEP, coartação de aorta, entre outros. Distributivo: Dependendo da causa, pode haver dispneia, tosse produtiva, disúria, hematúria, calafrios, mialgias, dor, história de picada de insetos ou trauma raquimedular. Ao exame físico, o paciente pode apresentar febre, taquipneia, taquicardia, petéquias, alteração do estado mental, rubor, e leucocitose ao hemograma. Julia Paris Malaco – UCT17 O diagnóstico é feito por história clínica, exame físico, sinais vitais, monitorização do debito urinário exmaes laboratoriais (devem incluir hemograma, eletrólitos, ureia, creatinina, função hepática, amilase, lípase, coagulação, d-dímeros, enzimas cardíacas, gasometria arterial, screening toxicológico e lactato arterial. Tipagem sanguínea e provas cruzadas serão úteis nos pacientes candidatos à transfusão devido à hemorragia), exames de imagem (. Radiografia de abdômen, TC abdominal, ecocardiograma e exame de urina podem ser auxiliares). Com os dados obtidos através desta avaliação, na maioria dos casos a etiologia pode ser determinada ou reduzida a algumas poucas possibilidades. Nos pacientes nos quais o choque permanece indiferenciado, métodos invasivos como o Cateterismo Venoso Central e a Cateterização de Artéria Pulmonar (Swan-Ganz) podem prover dados adicionais. Os parâmetros hemodinâmicos indicadores do estado de choque são a pressão arterial, a freqüência cardíaca, o débito cardíaco, as pressõesde enchimento atriais (pressão venosa central e pressão de átrio esquerdo), pulso, debito urinário e as resistências vasculares (pulmonar e sistêmica). Os volumes ventriculares sistólicos e diastólicos também expressam índices de função ventricular A monitorização hemodinâmica invasiva é feita por cateterismo Venoso Central e a cateterização de Artéria Pulmonar - Swan-Ganz (avalia PVC, DC, pressão de oclusao da artéria pulmonar - não usado na pratica clínica), mensuração da PVC, monitorização da arterial radial, etc. Átrio direito: volemia - pressão venosa central ( PVC) Átrio esquerdo: Congestão/ sobrecarga (Pressão capilar pulmonar – Pcap), Pressão oclusão a. pulmonar – Poap) Ventículo e vasos: Débito cardíaco (IC) Resistência Vascular Sistêmica Avaliar primeiro DC e RVP DC inversamente proporcional a RVP Se RVP baixa, provavelmente PVC e POAP normais ou altas Choque hipovolêmico (hemorrágico) O choque hipovolêmico é causado por uma diminuição crítica do volume intravascular. O retorno venoso (pré-carga) diminuído resulta em diminuição do preenchimento ventricular e redução do volume de ejeção. Se não for compensado por aumento da frequência cardíaca, o débito cardíaco diminui. Uma causa comum é sangramento (choque hemorrágico). O choque hipovolêmico é resultante da redução do volume intravascular secundário a perda de sangue ou fluidos e eletrólitos, gerando assim uma redução da pré-carga e consequentemente do débito cardíaco (DC).4 A resistência vascular sistêmica (RVS) aumenta numa tentativa de manter a perfusão de órgãos vitais. Sua causa mais comum é a hemorragia. A fim de recuperar a perfusão tecidual o organismo lança mão de estratégias fisiológicas como a ativação simpática. Essa ativação desencadeia três respostas principais. Julia Paris Malaco – UCT17 A primeira é a contração das arteríolas, que aumenta a resistência vascular periférica (RVP). A segunda é a contração das veias, que aumenta o retorno venoso e, consequentemente a pré-carga. E a terceira são os efeitos cardíacos diretos: o aumento da frequência cardíaca (efeito cronotrópico positivo) e o aumento da força de contração do coração (efeito inotrópico positivo). PA= DC X RVP, ou seja, a PA é diretamente proporcional ao débito cardíaco (DC) e a resistência vascular periférica (RVP). Essa última foi aumentada com a contração arteriolar mediada pelo simpático. O débito cardíaco, por sua vez; é dado por: DC = DS X FC, ou seja, o débito cardíaco é diretamente proporcional ao débito sistólico (DS), que consiste no volume de sangue ejetado pelo coração a cada batimento cardíaco, e à frequência cardíaca (FC). Sinais e sintomas clínicos Sintomas de Hipóxia Cerebral Quando a PAM cai abaixo de 60 a 70 mmHg (PAM = PAS + (PAD x 2) / 3) Alterações sutis na acuidade mental – Classe I e II Confusão, letargia, obnubilação e coma – Classe III e IV Taquicardia Pode estar associado a uma pressão larga de pulso e pulsos latejantes – fase hiperdinâmica aguda do choque Pode estar associado a pulsos fracos e filiformes – Choque hemorrágico grave Sinais de hipoperfusão de artérias coronárias Dor torácica e dispneia Distensão das veias jugulares Alterações no ECG de isquemia miocárdica Oligúria: é mais sensível e confiável na avaliação da perda de volume. Decorre da perfusão diminuída pelo volume diminuído Pele Pele cianótica: hipoxemia pronunciada Pele úmida, fria e pegajosa Estimulação simpática secreção sudorípara – Reenchimento capilar Na perda de mais de 30%de volume = teste positivo (> 2seg) Lábios e cavidade oral secos e rachados - “Sede” Pulmões Dispneia, hipoxemia progressiva Infiltrados pulmonares bilaterais difusos Complacência reduzida Achados radiográficos: edema pulmonar – PO2 baixa (< 65 mmHg) Reposição volêmica agressiva: A pré-carga deve ser aumentada visto que a hipovolemia, seja ela absoluta ou relativa, quase sempre está presente,inclusive em determinadas fases dos choques cardiogênico e distributivo. A dose da reposição volêmica inicial é habitualmente de 2 litros no adulto e de 20 mL/kg na criança, e a resposta ao volume deve ser monitorizada pela diminuição da taquicardia, melhora do débito urinário e do estado neurológico. Transfusões são reservadas a pacientes com grandes perdas (>30% volemia). Em geral procura- se manter o hematócrito em 30% e a hemoglobina em 10 g/dL. O choque hipovolêmico abrange processos patológicos que reduzem o DC (e o transporte de oxigênio) por redução na pré-carga. Além da redução no DC, esse tipo de choque se caracteriza por RVS elevada com PVC e POAP baixas relacionadas com redução do volume intravascular. Qualquer processo que cause redução no volume intravascular pode causar choque desse tipo. O choque hipovolêmico está relacionado mais comumente à hemorragia, a qual pode ser externa (secundária a trauma) ou interna (mais comumente gastrintestinal [GI] superior ou inferior). O choque hipovolêmico também pode ser visto com processos não hemorrágicos. Os exemplos incluem doenças GIs que causam êmese e diarreia profundas, perdas renais (diurese osmótica associada com cetoacidose diabética ou diabetes insípido) ou perdas cutâneas (queimaduras graves, condições inflamatórias como Stevens-Johnson). Caso clinico Paciente masculino 30 anos, vítima de politrauma, carro X caminhão, com óbito no local, da entrada no OS com colar e prancha rígida. Na admissão, abertura ocular ao estimulo doloroso, balbuciando palavras inapropriadas, com flexão anormal. Ao exame: MEG, descorado ++/4+, com PA 80x40, pele fria, tempo de enchimento capilar lentificado, FC 155. Após medidas para estabilização clínica, foi encaminhado para tomografia. Dados do caso Choque hipovolêmico Julia Paris Malaco – UCT17 Glasgow 8: abertura ocular 2, resposta verbal 3, resposta morota 3 – Glasgow 8 precisa de intubação Sinais de hipoperfusão: Pele fria, enchimento capilar lentificado (perfusão), FC alta (155), PA baixa (80x40). PA = DC x RVP – se DC ou RVP diminuir, diminui também PA, e vice-versa, se um aumenta todos aumentam, são diretamente proporcionais. Porem no choque se ocorre diminuição do DC, vai estar causando diminuição da PA, então a RVP aumenta para tentar compensar, se tornando então inversamente proporcional ao DC. Tomografia: investigar localização do foco hemorrágico. Conduta inicial: reposição volêmica por acesso venoso periférico (mais rápido). Dar de 20 a 30ml/kg. Perfis hemodinâmicos no choque hipovolêmico Debito cardíaco diminuído Pressão venosa central diminuída Resistencia vascular periférica (sistêmica) aumentada Pressão de oclusão da artéria pulmonar diminuído DC – diminuído: perda de sangue, falta volume, não tem entrada e nem saída de sangue. PVC – diminuída: a PVC é avaliada através do átrio, como está acontecendo uma perda grande de sangue, não vai ter sangue entrando no átrio e consequentemente ele não se “distente”, fazendo com que a pressão diminuía RVP (sistêmica) – aumentada: inversamente proporcional ao DC POP (pressão de oclusão da artéria pulmonar) – diminuída: não chega sangue no ventrículo direito, consequentemente não chega sangue na artéria pulmonar, sem sangue na artéria pulmonar, não terá também sangue chegando ao átrio esquerdo - por onde é feita a avaliação da pressão de oclusão pulmonar – então pela falta de sangue, a pressão está diminuída Conduta inicial: reposição volêmica (30ml/kg) Transfusão com hemoderivados – choque hemorrágico classe III.Choque cardiogênico Ocorre como consequência de uma falência da bomba cardíaca, resultando na incapacidade do coração de manter uma adequada perfusão tecidual, mesmo na presença de volume intravascular adequado. O infarto agudo do miocárdio (IAM) afetando ventrículo esquerdo representa 74,5% das suas causas. O CC é um estado de baixo débito cardíaco que resulta em hipoperfusão potencialmente fatal dos órgãos-alvo e hipoxia. Assim como ocorre no choque hipovolêmico, no choque cardiogênico também haverá ativação simpática desencadeada pelos barorreceptores e quimiorreceptores. No entanto, é importante ressaltar que neste tipo de choque, a bomba de propulsão (coração) está comprometida. Isso porque, o IAM, por exemplo, se desenvolve exatamente por uma diminuição da oferta de oxigênio pelas artérias coronárias, que nutrem o músculo cardíaco. Com os efeitos simpáticos sobre o coração, este quadro se agrava. Além de a oferta estar diminuída, a demanda metabólica do miocárdio aumentará, já que a contração e a frequência cardíaca aumentadas consumirão ainda mais oxigênio. Em geral, uma profunda depressão da contratilidade miocárdica resulta em uma espiral deletéria de redução do débito cardíaco, pressão arterial baixa e isquemia miocárdica continuada, Julia Paris Malaco – UCT17 seguidas por maior redução da contratilidade. Esse ciclo vicioso geralmente leva à morte se não for interrompido. O choque cardiogênico se caracteriza pela redução do transporte de oxigênio relacionada a uma redução no DC devido a um problema cardíaco primário. Costuma haver um aumento compensatório na RVS no choque cardiogênico. Quando o processo cardíaco (p. ex., infarto agudo do miocárdio) afeta o ventrículo esquerdo (VE), haverá elevação da POAP, e quando ele afeta o ventrículo direito (VD), a PVC estará elevada. Conforme detalhado anteriormente, o DC (e, assim, a DO2) pode ser reduzido por alterações no VS ou na FC. No choque cardiogênico, o VS pode ser reduzido por processos que afetam a contratilidade miocárdica (infarto agudo do miocárdio, miocardiopatias isquêmicas e miocardite primária) ou por doença valvar mecânica (insuficiência aórtica ou mitral agudas). Bradiarritmias e taquiarritmias (de origem atrial ou ventricular) podem ter consequências hemodinâmicas associadas a uma redução no DC. Perfil do paciente: Idade mais avançada, infarto do miocardio prévio, diabetes melito, IAM de localização anterior e doença arterial coronariana de múltiplos vasos com estenoses coronarianas extensas estão associados com aumento do risco de CC em pacientes com IAM. Choque associado a um primeiro IAM inferior deve suscitar a investigação imediata de causa mecânica ou envolvimento do ventrículo direito (VD). Sinais clínicos A apresentação clínica é tipicamente caracterizada por hipotensão persistente (< 90 mmHg de pressão arterial [PA] sistólica) que não responde à reposição de volume e é acompanhada de características clínicas de hipoperfusão periférica, como lactato arterial elevado (> 2 mmol/L). No exame clínico, pacientes em estado de choque cardiogênico apresentam Cianose de extremidades, turgência jugular, sudorese, pele fria e pegajosa, palidez pulso fino e taquicardia, dispneia confusão mental em diferentes níveis, agitação psicomotora oligúria decorrente da diminuição de fluxo nas células renais sinais de congestão pulmonar e sistêmica, como também sinais de doença crônica (como sopro secundários e lesões de valvas- B3). Os pacientes podem apresentar taquipneia e distensão das veias jugulares. Aos apectos hemodinâmicos podemos ver Pressão arterial sistólica inferior a 90 mmHg por, no mínimo, 30 minutos, não respondendo à administração de fluidos; Aumento da pressão de oclusão da artéria pulmonar, com valor maior que 18 mmHg; Diferença arteriovenosa de oxigênio maior que 5,5 mL/dL; Ao exame físico: hipotensão, taquicardia, taquipnéia, pulso fino, B3, estase jugular, estertores Exames complementares: troponina / CKMB, gasometria, lactato, função renal e eletrólitos, enzimas hepáticas, bilirrubinas. Eletrocardiograma, radiografia de tórax, ecocardiograma Caso clínico Paciente masculino, 54 anos, hipertenso, diabético, dislipidêmico, da entrada no PS com quadro de dor precordial de moderada a forte intensidade, que irradia para membro superior esquerdo, sudoreico com pele pegajosa. Realizado ECG 12 derivações evidenciando infarto agudo de ventrículo direito. Ao exame: REG, corado, taquidispneico, anictérico, afebril, acianótico, sudoreico, pele pegajosa, PA 90x40, FC: 130, Sat: 93% Dados do caso Choque cardiogênico Sinais de hipoperfusão: taquidispneico, sudoreico, pele pegajosa, FC: 130, PA: 90x40 Hipertenso, diabético, dislipidêmico Julia Paris Malaco – UCT17 IAM de ventrículo direito é menos comum que IAM de ventrículo esquerdo como causa de choque cardiogênico Perfis hemodinâmicos no choque cardiogênico Debito cardíaco (DC): diminuído Pressão venosa central (PVC): aumentada Resistência vascular periférica (RVP): vasoconstrição - aumentada Pressão de oclusão da artéria pulmonar (PAOP): aumentada Conduta: medidas para o IAM. Morfina: pode somente quando o IAM é de ventrículo esquerdo. Quando é de ventrículo direito não pode fazer aplicação de vasodilatadores, porque piora o retorno venoso, piorando a quantidade de sangue que chega ao coração. Choque distributivo (séptico) Sepse: disfunção orgânica, causada por uma resposta imune desregulada a uma infecção Choque séptico: hipotensão com necessidade de vasopressores para manter PAM > ou igual 65 e lactato > 18mg/dl ou 2mmol/L após adequada reposição volêmica. O choque distributivo caracterizado pela presença de má distribuição do fluxo sanguíneo relacionado a uma inadequação entre a demanda tecidual e a oferta de oxigênio, fenômeno descrito como shunt. Nesse caso, o débito cardíaco encontra-se preservado, dado que não há qualquer problema nem com a bomba cardíaca, nem com o volume circulante de sangue. É importante observar que o choque distributivo é a única modalidade de choque em que ocorre vasodilatação. Em todos os outros tipos de choque vai ocorrer uma vasoconstrição reflexa, que ocorre como mecanismo compensatório determinado pela ativação simpática. No choque distributivo esse mecanismo compensatório não consegue atuar, já que a musculatura lisa arteriolar se encontra seriamente lesada, não respondendo ao estímulo simpático. Por esse motivo, o choque distributivo é o tipo de choque mais grave, apresentando pior prognóstico e maiores índices de mortalidade. A vasodilatação periférica que ocasiona o choque distributivo tem quatro causas distintas, as quais dão nome aos quatro principais subtipos de choque distributivo: o séptico, o anafilático, o neurogênico e o decorrente de crise adrenal. O choque distributivo é a condição de oferta diminuída de oxigênio em que o distúrbio fisiológico primário é uma redução na RVS. Ele é único entre os tipos de choque por apresentar um aumento compensatório no DC. A pressão venosa central (PVC) e a pressão de oclusão da artéria pulmonar (POAP) costumam estar reduzidas. O choque distributivo pode ser subdividido de acordo com a resistência periférica: choque com resistência periférica normal ou elevada, onde existe basicamente seqüestro, no Ieito venoso de capacitância relacionado a bacteremia Gram-negativa, bloqueio simpático agudo, doses excessivas de tranqüilizantes e narcóticos. choque com resistência periférica diminuída, onde o macanismo primário é a presença de curtocircuitos arteriovenososrelacionados a infecções, em geral bastante graves. O choque séptico é o exemplo clássico, mais importante e mais prevalente do choque distributivo. Diferentemente dos outros tipos de choque, o distributivo é consequência de uma redução severa da RVS, e o DC aumenta após a administração de fluidos numa tentativa de compensar a RVS diminuída. A sepse é uma síndrome clínica de disfunção de órgãos com risco de vida, causada por uma resposta desregulada a infecções. No choque séptico há uma redução crítica da perfusão tecidual; pode ocorrer falência aguda de múltiplos órgãos, incluindo pulmões, rins e fígado. Choque é a hipoperfusão sistêmica e a hipoxia celular que resultam da redução no débito cardíaco ou no volume efetivo do sangue circulante (hipotensão). No choque séptico, a vasodilatação sistêmica e o acúmulo sanguíneo na periferia induzem à hipoperfusão tecidual, apesar de o débito cardíaco poder estar preservado ou até aumentado no início do processo. Este evento é acompanhado de lesão e ativação de numerosas células endoteliais, que, com frequência, levam a um estado de hipercoagulabilidade que pode manifestar-se como coagulação intravascular disseminada (CID). Além disso, o choque séptico está associado a alterações no metabolismo que suprimem diretamente a função celular. O efeito líquido dessas anormalidades é a hipoperfusão e a disfunção de múltiplos órgãos, resultando em Julia Paris Malaco – UCT17 importantes morbidade e mortalidade associadas à sepse. A característica patogênica comum é a liberação de mediadores inflamatórios das células da imunidade inata e adquirida que produzem vasodilatação arterial, perda de líquido intravascular e represamento de sangue venoso. Essas anormalidades cardiovasculares resultam em hipoperfusão tecidual, hipoxia celular e desarranjos metabólicos que levam à disfunção dos órgãos e, se graves e persistentes, à falência de órgãos e morte. Deve-se notar que as diferentes causas desse choque (de origem microbiana ou não) associado à inflamação produzem um conjunto semelhante de achados clínicos, que compreendem a chamada síndrome de resposta inflamatória sistêmica. Reconhecimento da disfunção orgânica: Hipotensão (pressão arterial sistólica PAS < 90mmHg ou pressão arterial média PAM < 65mmHG) Sonolência, confusão, agitação ou coma SatO2 < 90%, necessidade de O2 ou dispneia Extremidades frias e pegajosas Taquicardia Diurese < 0,5 mL/kg/h Creatinina > 2mg/dL Lactato acima do valor de referência Plaquetas > 150mil Bilirrubinas > 2mg/dL Disfunção de trato gastrointestinal Disfunção renal (oligúria) Alteração Hepática Alteração Nervosa (confusão mental) Sinais clínicos O choque séptico, produz disfunções cardíacas, cerebrais e pulmonares, e, eventualmente, distúrbios eletrolíticos e acidose metabólica que exacerbam o estado calamitoso do paciente, posteriormente. Os indivíduos que sobrevivem às complicações iniciais podem entrar em uma segunda fase dominada pela insuficiência renal e marcada por uma redução progressiva do débito urinário, assim como por desequilíbrio hidroeletrolítico grave. A coagulopatia frequentemente complica o choque, particularmente quando a causa é sepse ou trauma, e pode ter consequências graves ou até mesmo fatais, especialmente nos pacientes com coagulação intravascular disseminada S: sangue plaquetas (sepse estado pró trombotico + plaquetas baixa, maior chance de consumo – podem fazer CIVD) S: SNC GLASGOW ) O: oxigenação – pulmão F: fígado avaliar bilirrbina) A: arterial pressure ( PAM) boa ou baixa. A: anuria creatiniina aumentada ou diurese reduzida. qSOFA (SOFA rápido): é a presença de dois ou mais dos três critérios a seguir: PAS < 100 mmHg Glasgow < 15; FR > 22 irpm. SOFA: A avaliação para diagnóstico se dá através do score SOFA. Ele avalia diversas disfunções como: respiratória (PaO2/FiO2), de coagulação (plaquetas), hepática (bilirrubina), cardiovascular (pressão), nervosa (Glasgow), renal (creatinina e débito urinário). Julia Paris Malaco – UCT17 Caso clinico Paciente feminina 24 anos, com recorrência de passagem pelo PS, com quadro de dor em região lombar que irradiava para região anterior do abdome há 1 semana. Realizado ultrassom evidenciando cálculo de 5mm em ureter médio Ao exame: REG, descorada +/4, PA: 95x50, FC: 130, FR: 25, Sat: 94¢, Giordano +. Após medidas iniciais paciente apresentou piora do quadro com rebaixamento do nível de consciência e PA 90x40. Dados do caso Pielonefrite obstrutiva – choque séptico PA: 95x50, FC: 130, Giordano +, rebaixamento do nível de consciência após conduta inicial (conduta de 1º hora – reposição volêmica 30ml/kg) O choque séptico só é definido quando, após reposição volêmica o paciente apresenta piora Definição de choque séptico: sepse com necessidade de drogas vasopressoras para manter a PA > ou igual 65 e lactato > 2 mmol/L Perfis hemodinâmicos no choque séptico Após conduta de primeira hora (reposição volemica), antes disso os parâmetros podem ser diferentes (como por exemplo o DC diminuído) Debito cardíaco (DC) – aumentado: por conta da vasodilatação, inicialmente o DC está diminuído, porque não tem volume/sangue suficiente por causa da vasodilatação em excesso dos vasos, que deixa “escapar” muito sangue. Ao realizar a conduta inicial de reposição volêmica, o DC aumenta de acordo com a quantidade de volume Pressão venosa central (PVC): aumentada Resistência vascular periférica/sistêmica (RVP): diminuída - pela própria fisiopatologia do choque Pressão de oclusao da artéria pulmonar: aumentada Conduta: reposição volêmica e antibioticoterapia de amplo espectro Pacote da 1ª hora Medir o lactato (tentar normalização) Culturas e antibiótico de amplo espectro Cristaloide – 30ml/kg (repor dentro de 3h) Vasopressor para atingir PAM > ou igual 65mmHg – Preferência por noradrenalina (pode adicionar vasopressina ou adrenalina) Choque obstrutivo O choque obstrutivo também se caracteriza por redução no transporte de oxigênio relacionada a uma redução no DC, mas nesse caso a etiologia do DC reduzido é um processo extracardíaco que prejudica o fluxo de sangue. Processos que podem impedir o retorno venoso para o coração e diminuir o DC incluem pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco e pericardite restritiva. O choque obstrutivo pode ser definido como uma redução do débito cardíaco secundário a um inadequado enchimento ventricular. As principais causas de choque obstrutivo são o tamponamento pericárdico, a embolia pulmonar maciça e o pneumotórax. Ocorre devido a obstrução mecânica ao fluxo sanguíneo, o que gera redução do débito cardíaco e da perfusão. Achados sugestivos de choque obstrutivo: turgência de jugular sem edema pulmonar. Tamponamento pericárdico: O modelo clássico do choque obstrutivo é o tamponamento pericárdico, onde o acúmulo de líquido é capaz de gerar um aumento de pressão intrapericárdica com redução do retorno venoso. A redução da pré-carga promove uma diminuição do débito cardíaco levando à hipotensão arterial e ao choque. A instalação do tamponamento pericárdico depende basicamente de dois fatores: volume de líquido e velocidade de instalação. O tamponamento cardíaco se apresenta clinicamente através de taquicardia persistente, pulso paradoxal (queda da pressão arterial maior do que 10 a 12 mmHg durante a inspiração), distensão das veias do pescoço e hipotensão arterial. Tromboembolismopulmonar maciço: No tromboembolismo pulmonar o choque obstrutivo está presente em aproximadamente 20% dos pacientes, sendo a causa mais freqüente de mortalidade na fase aguda. Os grandes trombos são capazes de gerar um aumento na pressão da artéria pulmonar suficientes para produzir comprometimento da função contrátil do ventrículo direito. O tromboembolismo pulmonar também estimula a liberação de substâncias capazes de produzir vasoconstricção reflexa, como a bradicinina e a serotonina, que contribuem para o aumento da pressão na artéria pulmonar. Outra importante contribuição para o agravamento da hipertensão Julia Paris Malaco – UCT17 arterial pulmonar é a hipoxemia que eleva o nível de resistência vascular pulmonar. O súbito aumento da pressão arterial pulmonar produz uma elevação na pós-carga ventricular direita com conseqüente dilatação e disfunção. Com a dilatação do ventrículo direito o septo interventricular sofre um abaulamento para dentro do ventrículo esquerdo, promovendo uma diminuição no enchimento desta cavidade. A disfunção contrátil, que pode ainda estar agravada por uma insuficiência tricúspide, diminui o débito cardíaco do ventrículo direito levando a uma redução na pré-carga do ventrículo esquerdo 8. O regime de hipovolemia imposto ao ventrículo esquerdo produz redução do débito cardíaco e da pressão arterial sistêmica com comprometimento da perfusão coronariana e consequente isquemia miocárdica Pneumotórax hipertensivo: O pneumotórax pode gerar o choque obstrutivo quando evolui da forma hipertensiva. O pneumotórax é caracterizado por um progressivo aumento volume de ar no espaço intrapleural, tendo como principais causas o trauma torácico e o barotrauma. O aumento da pressão intrapleural promove redução do volume pulmonar com comprometimento respiratório e desenvolvimento de acidose e hipóxia. O aumento da pressão intratorácica e o colapso mecânico da veia cava levam a diminuição do retorno venoso com redução do débito cardíaco, hipotensão arterial e choque. Os pacientes apresentam dor torácica, dispnéia, taquicardia e distensão das veias do pescoço Caso clinico Paciente feminina 24 anos, obesa, em uso de anticoncepcional, deu entrada com quadro de dispneia súbita, sudorese intensa, hipotensa 90x40, turgência jugular, FC: 140, discreta dor precordial. Os acadêmicos mal conseguiram colher a história e a paciente apresentou parada cardiorrespiratória e após 40min de RCP, evoluiu a óbito. Dados do caso Choque obstrutivo por TEP Dispneia súbita, dor precordial, sudorese, PA 90x40, FC 140. turgência jugular (congestão da cava superior que gera congestão de todas as veias e artérias subsequentes), Obesa, uso de anticoncepcional Perfis hemodinâmicos no choque obstrutivo Debito cardíaco (DC): diminuído Pressão venosa central (PVC): aumentada Resistência vascular periférica/sistêmica (RVP): aumentada Pressão de oclusão da artéria pulmonar: aumentada Diferenças Hipovolê mico Cardio gênico Distributivo /setico Obstruti vo DC PVC RVP POP Julia Paris Malaco – UCT17
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