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Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III Choque INTRODUÇÃO Fisiopatologia (LANGE): O termo "choque" é usado para denotar várias condições, no contexto presente ele se refere a uma anormalidade do sistema circulatório na qual há uma perfusão tecidual inadequada em virtude de um débito cardíaco relativo ou absolutamente inadequado. As causas são divididas em quatro grupos: volume de sangue inadequado para encher o sistema vascular (choque hipovolêmico ); aumento do tamanho do sistema vascular produzido por vasodilatação na presença de uma volemia normal (choque distributivo, vasogênico, ou de baixa resistência); débito cardíaco inadequado resultante de anormalidades miocárdicas (choque cardiogênico ); e débito cardíaco inadequado como um resultado de obstrução do fluxo sanguíneo nos pulmões ou no coração (choque obstrutivo). O choque é a via final comum para os vários eventos clínicos potencialmente letais. É caracterizado por hipotensão sistêmica, devido à redução do débito cardíaco ou pela redução efetiva do volume sanguíneo circulante. As consequências são a perfusão tecidual deficiente e a hipóxia celular. No início a lesão celular é reversível. Porém, o choque prolongado leva, em alguns casos, a uma lesão tecidual irreversível frequentemente fatal. O índice de mortalidade é de aproximadamente 20%, o choque está em primeiro lugar entre as causas de óbito nas unidades de terapia intensiva (mais de 200.000 óbitos a cada ano nos Estados Unidos). Sua incidência está aumentando, levando há: – Melhorias no suporte de vida para os pacientes criticamente doentes; – Aumento de indivíduos imunocomprometidos (devido a quimioterapia, imunossupressão ou infecção pelo HIV). CHOQUE SÉPTICO – Gram positivos → Gram negativos → Fungos; Patologia (ROBBINS): A capacidade que vários microrganismos têm de causar o choque séptico é consistente com a ideia de que vários constituintes microbianos podem desencadear o processo. Os macrófagos, neutrófilos, células dendríticas, células endoteliais e componentes solúveis do sistema imune inato (p. ex., complemento) reconhecem e são ativados por várias substâncias derivadas de microrganismos. Uma vez ativados, essas células e fatores iniciam várias respostas inflamatórias que interagem de modo complexo, ainda não completamente compreendido, para produzir choque séptico e disfunção de múltiplos órgãos. Patologia (Robbins): Os fatores que, possivelmente, desempenham os papéis principais na fisiopatologia do choque séptico são os seguintes: respostas inflamatória e anti-inflamatória, ativação e lesão Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III endoteliais, indução de um estado pró-coagulante, anormalidades metabólicas e disfunção orgânica. REVISÃO ASPECTOS HEMODINÂMICOS Hipodinâmicos (↑RVP, ↓DC); TIPO DE CHOQUE CONDIÇÕES OU DOENÇAS QUE PODEM CAUSAR CHOQUE HIPOVOLÊMICO (volemia diminuída) Hemorragia, trauma, cirurgia, queimaduras e perda de líquido associada a vômitos e diarreia CHOQUE DISTRIBUTIVO (vasodilatação acentuada; também chamado de choque vasogênico ou de baixa resistência) Desmaio (choque neurogênico), anafilaxia e sepse (também causa hipovolemia devido à permeabilidade capilar aumentada com perda de líquido para os tecidos) CHOQUE CARDIOGÊNICO (débito inadequado por um coração doente) Infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e arritmias CHOQUE OBSTRUTIVO (obstrução ao fluxo sanguíneo) Pneumotórax de tensão, embolia pulmonar, tumor cardíaco e tamponamento pericárdico Referência: fisiopatologia (LANGE). CHOQUE CARDIOGÊNICO Baixo débito cardíaco devido à falência da bomba do miocárdio; Causas: IAM, Cardiomiopatias, Arritmias; Altas pressões (PVC e PCP). Fisiopatologia (LANGE): O choque cardiogênico resulta sempre que a função de bombeamento do coração é deficiente ao ponto em que o fluxo sanguíneo para os tecidos não é mais adequado para satisfazer as demandas metabólicas em repouso; mais comumente, ele é devido a infarto extenso do ventrículo esquerdo. A incidência de choque em pacientes com infarto do miocárdio é de cerca de 10%, e a taxa de mortalidade é de 60 a 90%. Contudo, o choque cardiogênico também pode ser causado por outras doenças (insuficiência cardíaca, arritmias) que comprometem gravemente a função ventricular normal. Os sintomas são os do choque hipovolêmico, além de congestão dos pulmões e vísceras resultante da falha do coração em expelir todo o sangue venoso retornado para ele. Consequentemente, a condição às vezes é chamada de "choque congestivo”. Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III CHOQUE OBSTRUTIVO Baixo débito cardíaco devido à obstrução do fluxo sanguíneo; Causas: Tamponamento, TEP, Pneumotórax hipertensivo; Altas pressões (PVC no TEP; PVC e PCP no tamponamento). Fisiopatologia (LANGE): O quadro de choque congestivo também é observado no choque obstrutivo. As causas incluem embolia pulmonar massiva, pneumotórax de tensão com dobramento das grandes veias e sangramento para dentro do pericárdio com compressão externa do coração (tamponamento cardíaco). Nas duas últimas condições, a cirurgia imediata é necessária para prevenir a morte. Pulso paradoxal ocorre no tamponamento cardíaco. Normalmente, a pressão arterial cai cerca de 5 mmHg durante a inspiração. No pulso paradoxal, esta resposta é exagerada, e a pressão arterial cai 10 mmHg ou mais como um resultado da pressão aumentada do líquido no saco pericárdico sobre a superfície externa do coração. Entretanto, o pulso paradoxal também acontece com a respiração forçosa na asma grave, no enfisema pulmonar e na obstrução das vias aéreas superiores. CHOQUE HIPOVOLÊMICO Baixo débito cardíaco devido à perda do volume sanguíneo ou plasmático; Causas: Hemorragia, Desidratação, Queimaduras; Baixas pressões (PVC e PCP); Hiperdinâmicos (↓RVP, ↑DC). Fisiopatologia (LANGE): O choque hipovolêmico é caracterizado por hipotensão; pulso rápido e filiforme; pele fria, pálida, pegajosa; sede intensa; respiração rápida; e inquietação ou, alternativamente, torpor. O volume urinário está acentuadamente diminuído. Contudo, nenhum desses achados está presente de maneira invariável. Em geral, o choque hipovolêmico é subdividido em categorias com base na causa. O uso de termos como choque hemorrágico, choque traumático, choque cirúrgico e choque por queimadura é benéfico, porque embora haja semelhanças entre essas várias formas de choque, há aspectos importantes que são peculiares a cada uma. No choque hipovolêmico e outras formas de choque, a perfusão inadequada dos tecidos leva a uma glicólise anaeróbia aumentada, com produção de grandes quantidades de ácido láctico. Em casos graves, o nível sanguíneo de lactato sobe de um valor normal de cerca de 1 mmol/L para 9 mmol/L ou mais. A acidose láctica resultante deprime o miocárdio, diminui a responsividade vascular periférica às catecolaminas e pode ser grave o bastante para causar coma. Múltiplas reações compensatórias intervêm para defender o volume de líquido extracelular (vasoconstrição, taquicardia, venoconstrição, taquipneia -> bombeamento torácico aumentado, inquietação -> bombeamento aumentado em músculos esqueléticos em alguns casos, movimento aumentado de liquido intersticial para dentro de capilares, secreção aumentada de vasopressina, glicocorticoides, renina, aldosterona e eritropoietina e síntese aumentada de proteínas plasmáticas). O grande número de reações que têm evoluído indica a importância de manter a volemia para a sobrevida. Uma diminuição da pressão de pulso ou da pressão arterial média diminui o número de impulsos ascendentes para o encéfalo a partir dos barorreceptores arteriais, resultando em descargavasomotora aumentada. A vasoconstrição resultante é generalizada, poupando apenas os vasos do encéfalo e coração. Os vasos coronarianos estão dilatados devido ao metabolismo miocárdico aumentado secundário a um aumento da frequência cardíaca. A vasoconstrição na pele é responsável pela frieza e palidez, e a vasoconstrição nos rins leva ao dano renal. A resposta cardíaca imediata à hipovolemia é taquicardia. Com a perda de volume mais extensa, taquicardia pode ser substituída por bradicardia, ao passo que com hipovolemia muito grave, a taquicardia reaparece. A bradicardia pode ser devida ao desmascaramento de um reflexo depressor de mediação vagal, talvez relacionado com a limitação da perda de sangue. A vasoconstrição no rim reduz a filtração glomerular. Isso diminui a perda de água, mas atinge um ponto Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III em que produtos nitrogenados do metabolismo se acumulam no sangue (azotemia pré-renal). Se a hipotensão for prolongada, pode haver dano tubular renal grave, levando à lesão renal aguda. A queda na pressão arterial e a capacidade diminuída de transporte de 02 pelo sangue, causada pela perda de hemácias, resultam em estimulação dos quimiorreceptores carotídeos e aórticos. Isso não só estimula a respiração, como aumenta a descarga vasoconstritora. Na hipovolemia grave, a pressão é tão baixa que não há mais descarga alguma dos barorreceptores carotídeos e aórticos. Isso ocorre quando a pressão sanguínea média está em torno de 70 mmHg. Nessas circunstâncias, se a descarga aferente dos quimiorreceptores por meio dos nervos do seio carotídeo e vago for interrompida, há uma queda adicional paradoxal da pressão arterial, em vez de uma elevação. A hipovolemia causa um aumento acentuado dos níveis circulantes dos hormônios pressores angiotensina II, adrenalina, noradrenalina e vasopressina. A secreção de ACTH também é aumentada, e angiotensina II e ACTH causam um aumento agudo da secreção de aldosterona. A retenção resultante de Na+ e água ajuda a reexpandir a volemia. FORMAS DE CHOQUE HIPOVOLÊMICO: Choque hemorrágico, choque traumático (gravidade adicionada em casos de síndrome de esmagamento com lesão induzida por reperfusão), choque cirúrgico e choque por queimadura. CHOQUE DISTRIBUTIVO Vasodilatação e acúmulo sanguíneo periférico como um componente de uma reação imunológica sistêmica, uma infecção bacteriana ou fúngica. Causas: Sepse (choque séptico), Anafilaxia-IgE (choque anafilático), Lesão medular (choque neurogênico), Disfunções da Suprarrenal. Baixas pressões no início e melhoram com hidratação. Sepse avançada cursa com redução do DC (disfunção miocárdica). Fisiopatologia (LANGE): No choque distributivo, a maioria dos sintomas e sinais descritos previamente está presente. Entretanto, a vasodilatação torna a pele quente em vez de fria e pegajosa. O choque anafilático é um bom exemplo de choque distributivo. Nessa condição, uma reação alérgica acelerada causa liberação de grandes quantidades de histamina, produzindo vasodilatação acentuada. A pressão arterial cai porque o tamanho do sistema vascular excede a quantidade de sangue nele, embora a volemia esteja normal. Um segundo tipo de choque distributivo é o choque neurogênico, no qual uma perda súbita de atividade autonómica simpática (como é observado em lesões traumáticas da cabeça e medula espinal) resulta em vasodilatação e acúmulo de sangue nas veias. A diminuição resultante do retorno venoso reduz o débito cardíaco e, frequentemente, provoca desmaio, ou síncope, uma perda súbita transitória da consciência. A síncope resultante de choque neurogênico geralmente é benigna. Entretanto, ela deve ser distinguida da síncope resultante de outras causas e, por isso, merece investigação. Outra forma de choque distributivo é o choque séptico. É atualmente a causa mais comum de morte em UTis nos Estados Unidos. Trata-se de uma condição complexa que inclui elementos de choque hipovolêmico, resultantes de perda de plasma para os tecidos ("terceiro espaço") e choque cardiogênico, resultante de toxinas que deprimem o miocárdio. Ele está associado com excesso de produção de NO, e a terapia com fármacos que limpam NO pode ser benéfica. A síndrome de choque tóxico estreptocócico é uma forma particularmente grave de choque séptico, na qual estreptococos do grupo A infectam tecidos profundos; a proteína M na superfície dessas bactérias tem um efeito antifagocítico. Ela também é liberada na circulação, onde se agrega ao fibrinogênio. Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III PARÂMETROS HEMODINÂMICOS (tabela) CHOQUE Débito cardíaco (5L/min) Resistência Vascular Periférica Pressão Venosa Central (1 a 5 mmHg) Pressão Capilar Pulmonar (4 a 12 mmHg) Hipovolêmico (trauma, queimadura) Diminui Aumenta Diminui Diminui Cardiogênico (IAM) Diminui Aumenta Aumenta Aumenta Obstrutivo (TEP) Diminui Aumenta Aumenta Varia Distributivo (sepse, anafilaxia) Aumenta Diminui Diminui Diminui ESTÁGIOS DO CHOQUE Patologia (Robbins): O choque é um distúrbio progressivo que, se não corrigido, leva à morte. O exato mecanismo (ou mecanismos) de morte pela sepse é ainda incerto; exceto por um aumento da apoptose de linfócitos e enterócitos, ocorre pouca morte de células e os pacientes raramente apresentam uma hipotensão refratária, sugerindo que a falência dos órgãos, secundária ao edema e à hipoxia tecidual concomitante, tem um papel central. No caso dos choques hipovolêmico e cardiogênico, contudo, os mecanismos da morte são razoavelmente bem compreendidos. A menos que a agressão seja grave e rapidamente fatal (p. ex., hemorragia maciça por rotura de um aneurisma da aorta), o choque nas diversas situações tende a evoluir (se bem que um tanto artificial) através de três fases genéricas: fase não progressiva inicial, fase progressiva e fase irreversível. Fase inicial não progressiva: – Os mecanismos compensatórios reflexos são ativados e a perfusão de órgãos vitais é mantida. Estágio progressivo: – Hipoperfusão tecidual e início de um agravamento circulatório e desequilíbrio metabólico, incluindo acidose. Estágio irreversível: – Lesão celular e tecidual tão intensa que, mesmo se os defeitos hemodinâmicos fossem corrigidos, a sobrevivência não seria possível. Patologia (Robbins): No início da fase não progressiva do choque, diversos mecanismos neuro- humorais contribuem para manter o débito cardíaco e a pressão sanguínea. Estes incluem os reflexos barorreceptores, a liberação de catecolaminas, a ativação do eixo renina-angiotensina, a liberação de ADH e a estimulação simpática generalizada. O efeito final é a taquicardia, a vasoconstrição periférica e a conservação de líquido pelos rins. A vasoconstrição cutânea, por exemplo, é responsável pelo resfriamento e palidez característicos da pele no choque bem desenvolvido (embora o choque séptico possa, inicialmente, causar uma vasodilatação cutânea e, assim, exibir uma pele quente e corada). Os vasos coronarianos e cerebrais são menos sensíveis à resposta simpática e, assim, mantêm o calibre, o fluxo sanguíneo e o fornecimento de oxigênio relativamente normais. Se as causas subjacentes não forem corrigidas, o choque passa imperceptivelmente para a fase progressiva, durante a qual há hipoxia tecidual generalizada. Nesse cenário de persistência do déficit de oxigênio, a respiração aeróbica celular é substituída pela glicólise anaeróbica com produção excessiva de ácido lático. A acidose lática resultante diminui o pH tecidual e enfraquece a resposta vasomotora; as arteríolas se dilatam e o sangue começa a acumular-se na microcirculação. O acúmulo periférico não apenas piora o débitoGabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III cardíaco, mas também coloca as células endoteliais sob risco de desenvolver lesão anóxica com subsequente coagulação intravascular disseminada. Com a hipoxia tecidual generalizada, os órgãos vitais são afetados e entram em falência. Nos casos graves, o processo entra, por fim, em um estágio irreversível. A lesão celular generalizada é refletida pela liberação de enzimas lisossômicas, agravando ainda mais o estado do choque. Se o intestino isquêmico permitir que a flora intestinal penetre na circulação, o choque séptico bacteriano pode se sobrepor. Nesse momento, o paciente pode desenvolver anúria como resultado de uma necrose tubular aguda e insuficiência renal, e, apesar de medidas heroicas, uma espiral clínica descendente quase inevitavelmente culmina com a morte. LESÕES IRREVERSÍVEIS Danos à membrana celular: – Entrada continua de água. – Perda dos fosfolípides de membrana. – Perda de aminoácido protetores (Glicina). Influxo massivo de Cálcio: – Densidades mitocondriais. Alterações nucleares: – Picnose (condensação nuclear, Cariorrexis (fragmentação do núcleo), Cariólise (dissolução do núcleo) *essas alterações são muito importantes! FISIOPATOGÊNIA DOS CHOQUES *A fisiopatogênia dos choques está descrita nas caixas com informações retiradas de livros juntamente com as descrições do respectivo tipo de choque, a seguir algumas imagens extras explicativas. GUARDAR BEM ESTES DOIS CONCEITOS: CHOQUE ESPINAL vs CHOQUE NEUROGÊNICO CHOQUE ESPINAL: Ocorre devido a uma lesão medular aguda, ausência de toda atividade neurológica voluntária e reflexa abaixo do nível da lesão: Reflexos diminuídos; Perda de sensação; Paralisia flácida abaixo da lesão; Dura de dias a meses (transitório); O choque espinal e o choque neurogênico podem ocorrer no mesmo paciente - MAS não são o mesmo distúrbio (algumas fontes podem agrupar os dois). Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III CHOQUE NEUROGÊNICO: Fenômeno hemodinâmico - perda de substância vasomotora e perda de tônus do sistema nervoso simpático -> metabolismo celular prejudicado. Características críticas: hipotensão (devido a vasodilatação maciça), bradicardia - devido à estimulação parassimpática sem oposição, poiquilotermia: incapaz de regular a temperatura. Ocorre dentro de 30 minutos, nível de lesão na vértebra T5 ou superior, duram até 6 semanas, também devido ao efeito de alguns medicamentos que afetam o centro vasomotor da medula como opioides, benzodiazedinas. Conduta médica (determinar a causa subjacente): suporte das vias aéreas, líquidos conforme for necessário - tipicamente 0,9 NS, a taxa depende da necessidade, atropina para bradicardia, vasopressores como fenilelfrina (neo-sinefrina) para suporte da PA. IMAGENS DOS SLIDES: RIM NORMAL: RIM ISQUÊMICO E HEMORRÁGICO: Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III NECROSE TUBULAR AGUDA: Artigo: Crise adrenal O cortisol é o hormônio mais importante para a manutenção do tônus vascular. Além disso, a presença de níveis adequados de cortisol é indispensável para que a adrenalina (hormônio de estresse) consiga atuar (MOURÃO JÚNIOR; ABRAMOV, 2011). Assim, se houver uma insuficiência dos níveis de cortisol, ocorrerá uma vasodilatação generalizada com consequente redução da PEC. Tal situação acontece, principalmente, em pacientes usuários crônicos de corticosteróides, pois nestes pacientes ocorre uma inibição crônica do ACTH que acaba por levar a uma atrofia da zona fasciculada do córtex adrenal. Outras causas de crise adrenal seriam a hemorragia global das adrenais (que ocorre eventualmente na sepse) e os defeitos congênitos que afetam a síntese de esteróides adrenais (a chamada hiperplasia adrenal congênita, que pode acometer recém-nascidos). Nesses casos a situação é ainda mais grave, pois a zona glomerular também é acometida, levando a um déficit de aldosterona com consequente redução da reabsorção de sódio e água, podendo produzir um choque hipovolêmico, somado ao choque distributivo já instalado pela falta do cortisol (PORTH; MATFIN, 2010). ADRENAL NORMAL: HEMORRAGIA E NECROSE ADRENAL: Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III CIVD: ISQUEMIA CEREBRAL: SINAIS E SINTOMAS Hipotensão, pulso fino e taquicardia, enchimento capilar diminuído, pele fria e sudorese abundante, cianose, resfriamento das extremidades, hipotermia, respiração superficial rápida e irregular, sede, náuseas e vômitos, alterações neurossensoriais, livedo reticular, REDUÇÃO DO DÉBITO URINÁRIO e AUMENTO DO LACTATO (LABORATORIAL). SIRS E SEPSE SIRS: Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica. Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III TERMO DEFINIÇÃO SIRS (pelo menos 2 deles são necessários para atender aos critérios de SIRS) Temperatura corporal ≥ 38 °C ou <36 °C, FC > 90/min, FR >20/min ou PaCO2 < 32 mmHg, contagem de glóbulos brancos > 12.0 x 109/LL ou <4.0 x 109/L SEPSE SIRS mais infecção SEPSE SEVERA Sepse associada a disfunção orgânica, hipoperfusão sistêmica ou hipotensão CHOQUE SÉPTICO Sepse com hipotensão arterial, apesar da reposição adequada de líquidos TRATAMENTO O tratamento será melhor abordado nas disciplinas clínicas. Ficam os slides seguintes para ilustrar. Existem vários protocolos de diagnóstico e tratamento da Sepse. Lembrem-se que a identificação e tratamento devem ser o mais precoce possível. TRATAMENTO CLÍNICO segundo o Instituto Latino Americano de Sepse: Pacote 3 horas: coleta de lactato, coleta de hemoculturas, antibioticoterapia precoce, fluidos nos pacientes com hipotensão ou lactato acima de 2 vezes o valor normal. Pacote 6 horas: vasopressores para obter PAM> 65mmHg, mensuração de pressão venosa central e mensuração de saturação venosa central de oxigênio. TRATAMENTO DO CHOQUE: Mairimed: De maneira geral, o tratamento do paciente em choque inclui dois aspectos principais, usualmente conduzidos de forma concomitante: restauração rápida e manutenção da perfusão e da oferta de oxigênio aos órgãos vitais e identificação e tratamento da causa de base. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: *Esquema em inglês nos slides, tentei traduzir, então podem haver erros. IMPORTANTE LEMBRAR: PA = RVP x DC No choque cardiogênico, o problema primário é a redução no volume sistólico devido a diminuição da força de contração, a intervenção chave nesse caso é aumentar a contratilidade e a RVP, para isso utiliza- se inotrópicos e dobutamina, isso é explicado pela atuação dos B1 agonistas no coração, o que aumenta a força da miosina nos miócitos, aumentando a forca de contração e levando ao aumento do volume sistólico, e aumentar a RVP por vasoconstritores, como a noradrenalina e a adrenalina. No choque distributivo, o problema primário é a diminuição da RVP por uma vasodilatação anormal, e a diminuição do volume sistólico pela diminuição da pré-carga, a intervenção chave nesse caso seria aumentar a RVP por vasoconstritores, como a noradrenalina e a adrenalina, para corrigir o volume sistólico precisamos restaurar o volume intravascular, para isso usa-se cristaloides, no caso de ineficácia para restaurar a PA consideram-se os vasoconstritores para aumentar a RVP, mudança para produtos sanguíneos RBCs para restaurar a capacidade de transporte de O2 e FFP para restaurar o volume sanguíneo e fatores de coagulação. No choque hipovolêmico temos a diminuição do volume sistólico pela redução da pré-carga como no choque distributivo, portanto, precisamos restaurar o volume intravascular nesse caso também, para isso usamos cristaloides, e no caso de ineficácia para restaurar a PA consideram-se os vasoconstritorespara aumentar a RVP, mudança para produtos sanguíneos RBCs para restaurar a capacidade de transporte de O2 e FFP para restaurar o volume sanguíneo e fatores de coagulação. No caso de choque obstrutivo, temos como problema primário a compressão extrínseca do coração, levando a redução da pré-carga e do volume sistólico, logo, a intervenção chave é desfazer a obstrução. Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III CASO CLÍNICO Uma mulher jovem é levada ao departamento de emergência por uma ambulância depois de um grave acidente automobilístico. Ela está inconsciente. Sua pressão arterial é de 64/40 mmHg; a frequência cardíaca é de 150 bpm. Ela é entubada e ventilada manualmente. Não há evidência de traumatismo craniano. Suas pupilas têm 2 mm e estão reativas. Ela reage à dor. O exame do coração não revela sopros, galopes ou atritos. Os pulmões estão limpos à ausculta. O abdome está tenso, com ruídos intestinais diminuídos. As extremidades estão frias e pegajosas, com pulsos filiformes. Apesar da reposição intensa de sangue e líquidos, a paciente morre. A. Quais são as quatro principais causas fisiopatológicas de choque? Qual era a provável causa nesta paciente? B. Qual mecanismo patogênico é responsável pela falta de resposta desta paciente? E pelas extremidades frias e pálidas? C. Quais formas de choque hipovolêmico podem ter estado presentes nesta paciente? Por quê? RESPOSTAS: A. Os quatro tipos fisiopatológicos principais de choque são hipovolêmico, distributivo, cardiogênico e obstrutivo. Levando-se em consideração a idade da paciente, a história de trauma grave e os achados físicos, o tipo mais provável neste caso é o choque hipovolêmico. B. No choque hipovolêmico, o volume sanguíneo diminuído leva à perfusão inadequada dos tecidos. Isso resulta em glicólise anaeróbia aumentada e produção de ácido láctico. A acidose láctica deprime o miocárdio, diminui a responsividade vascular periférica às catecolaminas e pode causar coma. A diminuição da pressão sanguínea arterial média reduz os disparos dos barorreceptores arteriais, resultando em aumento da descarga vasomotora. Isso causa vasoconstrição generalizada. A vasoconstrição cutânea causa pele fria e palidez. C. Há cinco causas de choque hipovolêmico: hemorragia, trauma, cirurgia, queimaduras e desidratação resultante de vômitos ou diarreia. Esta paciente sofreu um acidente de veículo automotivo, resultando em choque traumático. Isso foi causado por perda de sangue para dentro do abdome, como sugerido pelo exame físico. QUESTÕES DE REVISÃO 01. Quais são as quatro formas fisiopatológicas principais de choque? Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III 02. Cite três consequências fisiopatológicas da acidose láctica no choque. 03. Descreva cinco formas específicas de choque hipovolêmico. 04. Cite três formas específicas de choque distributivo e as diferencie do choque hipovolêmico. 05. Cite três fatores que tendem a tornar o choque "refratário'. MEDCLASS – STAR CASE Paciente, 32 anos, apresenta sinal de cacifo positivo (+++), frequência cardíaca = 128 bpm, taquipneico, pressão arterial sistólica = 80mmmHg, T. ax 36,9°C. História pregressa do paciente insuficiência cardíaca, fumante, nega consumo de bebida alcóolica, sedentário. Paciente é admitido em unidade de terapia intensiva visando restabelecer os padrões fisiológicos. No primeiro dia de unidade de terapia, exames demonstraram pH = 7,38; HCO3 = 22 mEq/L; PCO2 = 44 mmHg; PO2 = 83 mmHg; PAS = 70 mmHg; PAD = 40 mmHg; Frequência cardíaca = 136 bpm. Paciente não evolui satisfatoriamente permanecendo na unidade de terapia intensiva. No segundo dia de unidade de terapia intensiva, exames demonstram pH = 7,25; HCO3 = 19 mEq/L; PCO2 = 53 mmHg; PO2 = 69 mmHg; PAS = 70 mmHg; PAD = 40 mmHg; Frequência cardíaca = 146 bpm. Equipe médica refere-se com prognostico não favorável comprovado pelos exames do terceiro dia de unidade de terapia intensiva (pH = 7,02; HCO3 = 16 mEq/L; PCO2 = 59 mmHg; PO2 = 69 mmHg; PAS = 50 mmHg; PAD = 39 mmHg; Frequência cardíaca = 156 bpm). No quarto dia de unidade intensiva paciente veio a óbito. Paciente apresenta uma progressão na PA decaindo, aumento da frequência cardíaca e desenvolvimento da acidose no paciente de choque. Para entender isso, parte-se do pressuposto que a paciente é insuficiente cardíaca, o que significa que ela apresenta problemas nas bombas/câmaras cardíacas. Os ventrículos são as principais bombas do coração, são neles que temos uma maior quantidade de músculo cardíaco, portanto, eles exercem uma força de contração para que o sangue seja ejetado numa pressão suficiente para a circulação sistêmica e pulmonar. Logo, os ventrículos precisam possuir a capacidade de realizar uma ejeção em uma pressão alta para que o sangue circule por todo o organismo. No entanto, como a paciente possui uma insuficiência cardíaca, percebemos que as bombas cardíacas deixam de funcionar corretamente, podendo ser uma lesão no músculo, uma hipertrofia cardíaca, algo que faça com que os ventrículos não sejam contraídos corretamente e consequentemente que não haja uma circulação sanguínea satisfatória. A força de ejeção, ou seja, a pressão com a qual o sangue sai do ventrículo, não ocorre de maneira satisfatória para ocorrer o retorno venoso, então o sangue começa a acumular na periferia, o mesmo ocorre com o pulmão ao passo de que o ventrículo direito não possui uma pressão de ejeção adequada, o sangue não consegue realizar o retorno venoso para o átrio esquerdo e então acumula no pulmão, gerando, por exemplo, o edema pulmonar. Se aplicarmos isso a paciente do caso, vemos que ela possuía uma PO2 baixa, o que significa que não estão ocorrendo trocas gasosas; ela também apresentava um sinal de cacifo positivo, ou seja, edema de membros inferiores, o que é decorrente em muitas das vezes de diminuição na força de ejeção do ventrículo esquerdo que leva o sangue a se acumular na periferia, e na periferia ele acaba extravasando para o interstício e causando edema. Mas em geral, pacientes com insuficiência cardíaca evolui muito rápido para uma redução do débito cardíaco, e isso provoca uma HIPOPERFUSÃO TECIDUAL. Porém, dentro da clínica, essa hipoperfusão tecidual não é rapidamente observada, é o primeiro sinal de um paciente com choque. O CHOQUE É UM QUADRO DE HIPOPERFUSÃO TECIDUAL PERSISTENTE. Na clínica, percebe-se a hipoperfusão por uma diminuição na Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III pressão arterial, então, essa redução da PA nos remete a um quadro de choque. No caso da paciente associamos o quadro de choque a um choque cardiogênico, já que a hipoperfusão foi decorrente de uma alteração cardíaca. Nesse sentido, quando o paciente tem a diminuição da PA, que é o resultado da hipoperfusão, falamos que ele entra em um estágio inicial de choque. Esse estágio inicial é o momento em que complexos fisiológicos serão ativados para tentar reverter o quadro primário instalado, que é a redução da PA. Entao, o sistema fisiológico vai ser estimulado a reverter essa pressão arterial baixa, uma vez que ao corrigir esse ponto tende-se a reverter a hipoperfusão e retira-lo do choque. Nesse sentido, quando temos uma PA baixa, os barroreceptores presentes nos seios carotídeos e no arco aórtico irão reconhecer essa diminuição da PA, e irão enviar essa informação ao centro vasomotor, centro no tronco cerebral responsável pelo controle da PA no organismo, quando o centro vasomotor percebe a redução da PA ele irá modular a ativação do sistema nervoso simpático e parassimpático a fim de tentar reverter o quadro de baixa PA. Nesse sentido, na queda da PA, há a ativação do centro vasomotor que age ativando o sistemanervoso simpático, que então elibera noradrenalina, essa NA vai atuar para reverter a PA do paciente em dois receptores principais, ALFA 1 (está nos vasos sanguíneos, fazendo vasoconstrição) e BETA 1 (está no nó do sinoatrial e no músculo ventricular aumento força e frequência cardíaca), que tendem a aumentar a PA, no entanto, no caso clínico em questão não houve um processo reverso da PA, exatamente porque o problema está no coração, ele não consegue aumentar a sua força de contração, apenas aumenta a frequência cardíaca. Ao mesmo tempo, essa baixa PA persistente no paciente irá ativar outros mecanismos fisiológicos dentro do estágio inicial para tentar reverter a PA baixa, como por exemplo o sistema de controle de líquido corporal, que vai visar a retenção de líquido, que então irá aumentar o retorno venoso, acarretando em uma tendência do coração em aumentar o débito cardíaco, já que pela fisiologia cardíaca tudo que chega no coração deve ser ejetado, mas, novamente, estamos com uma insuficiência cardíaca, um problema no coração. É como se o corpo não conseguisse reconhecer que o problema está no coração, ele só consegue identificar a alteração na PA e, portanto, atua para corrigir somente o que ele identifica (PA). Em um primeiro momento, o sistema de controle de líquido corporal vai atuar contraindo a arteríola aferente no sistema renal, quando ele faz isso pela NA, o rim passa a filtrar menos líquido, ou seja, diminui a taxa de filtração glomerular, diminuindo a formação de urina, o que consequentemente faz com que o líquido fique retido, o que na teoria aumentaria na PA, mas como o problema é no coração, isso não ocorre, e esse mecanismo compensatório irá acabar piorando o quadro, causando mais edema no paciente. Ao mesmo tempo ainda, sobre o sistema de controle de líquido corporal se observa a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, ativado quando o sistema renal percebe a hipoperfusão, nesse momento a mácula densa libera a renina que converte o angiotensinogênio em angiotensina I, que será rapidamente convertida pela ECA em angiotensina II, que por sua vez estimula a vasoconstrição da arteríola eferente. Além disso a angiotensina II também irá estimular a adrenal a produzir a aldosterona, que irá atuar no sistema renal nos ductos coletores, na célula principal, estimulando a reabsorção do sódio, que atrai a água com ele, na intenção de aumentar o volume corporal, novamente tentando aumentar o débito cardíaco, para reverter o quadro, que não é revertido pelo problema cardíaco da paciente. Percebam que o corpo tenta de todas as maneiras tentar reverter a queda da PA, ainda no sistema de Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III controle de líquido corporal há a liberação do ADH, que diminui a diurese por reabsorver a água. Após todas as medidas feitas na tentativa de aumentar a PA, por conta do problema cardíaco primária da paciente a diminuição da PA persiste. Quando isso ocorre, o paciente entra na fase da descompensação, ou seja, há uma progressão na hipoperfusão. Com essa perfusão para os tecidos extremamente diminuída, não há como os tecidos receberem substâncias necessárias para a sua sobrevivência, como nutrientes e O2. Nesse momento, há uma troca do metabolismo celular, o qual possui uma preferência por um metabolismo aeróbio, com utilização de O2, que produz menos substancias toxicas. Porém, na ausência do O2 e na necessidade de se produzir energia, as células do nosso organismo passam a realizar um metabolismo anaeróbio, ou seja, começam a produzir energia sem O2, degradando glicose para a produção de energia, no entanto, quando a glicose é degradada o piruvato forma ácido láctico que leva ao quadro de acidose observado na paciente. Pois, quanto mais a hipoperfusão progride, mais o metabolismo precisa trabalhar de maneira anaeróbica, e mais ácido láctico é produzido, e ele irá induzir a vasodilatação nos vasos sanguíneos do corpo, o que fará com que a PA caia ainda mais. Desse modo, o paciente evolui para uma fase hipodinâmica, que ocorre quando há a intensificação exacerbada da hipoperfusão no paciente. Desse modo, não há mais O2 para ser transportado no organismo, e o paciente começa a entrar em cianose, já que o sangue rico em CO2 se acumula, coagulação intravascular disseminada (quando se tem várias microlesões no endotélio vascular, e para tentar evitar hemorragia, o sistema de coagulação do corpo é ativado exageradamente, só que chega um determinado momento que existem muitas lesões e poucos fatores de coagulação, pois já foram utilizados na tentativa de coagular as lesões anteriores, e então a paciente evolui para hemorragias. Mas, de onde vem essas microlesões nos vasos no quadro de choque? Vem do ácido láctico produzido pelo metabolismo anaeróbio, e atua alterando a estrutura do endotélio e causando as lesões no vaso. A hemorragia piora ainda mais a hipoperfusão, até que o paciente chega a uma falência múltipla de órgãos, o levando a óbito, como no caso clínico estudado. Gabriela Bordignon - T5 PATOLOGIA, BBPM III
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