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Julia Paris Malaco – UCT17 SP4 – perda de sangue Infecção X CIVD As doenças infecciosas, em particular a sepse, são as mais comumente associadas à CIVD. Apesar de virtualmente qualquer microorganismo (como vírus e parasitas) desencadear a síndrome, as infecções bacterianas são as mais frequentemente associadas à CIVD. Cerca de 30% a 50% dos pacientes em sepse cursam com CIVD em fase II ou III e, virtualmente, todos apresentam CIVD em fase I. Diferente do que se acreditava, a ocorrência de CIVD em sepse por germes do tipo gram-positivo é tão comum quanto na sepse por Gram-negativo. Diversos fatores, como componentes de membrana dos microorganismos (lipopolissacarídeos ou endotoxinas) e exotoxinas de bactérias (por exemplo, α-toxina estafilocócica), estão envolvidos e resultam em resposta inflamatória generalizada, com liberação sistêmica de citocinas que estão diretamente envolvidas no distúrbio hemostático que caracteriza o quadro de CIVD. CIVD Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) é um distúrbio trombohemorragico caracterizado pela ativação sistêmica e excessiva da coagulação sanguínea, com ativação e consumo dos fatores de coagulação, e consequente trombose de pequenos e médios vasos (microvasculatura), podendo ocasionar disfunção orgânica e sangramentos. Se caracteriza pela formação intravascular disseminada de fibrina em resposta à atividade excessiva das proteases sanguíneas, que suplanta os mecanismos anticoagulantes naturais. Etiologia: Infecções, neoplasias sólidas e hematológicas, doenças obstétricas, traumas, doenças hepáticas. Sequência de coagulação anormal da CIVD: Plaquetas e fatores de coagulação são consumidos, especialmente fibrinogênio e fatores V, VIII e XIII. A trombina é formada e suprime seu sistema inibitório, atuando para acelerar o processo de coagulação e ativando diretamente o fibrinogênio. A fibrina é depositada em pequenos vasos em diversos órgãos. O sistema fibrinolítico por conta da plasmina pode lisar a fibrina e prejudicar a formação de trombina. Os produtos de degradação da fibrina são liberados e afetam a função plaquetária, além de inibir a polimerização da fibrina. Os fatores de inibição da coagulação (p. ex., antitrombina III, proteína C e inibidor da via do fator tecidual) estão diminuídos Na maior parte dos casos de CIVD, há inibição da fibrinólise, o que contribui para a deposição de fibrina em diferentes órgãos. A deposição de fibrina pode levar à oclusão vascular e conseqüente comprometimento do fluxo sangüíneo para diversos órgãos, o que em conjunto com alterações metabólicas e hemodinâmicas pode contribuir para a falência de múltiplos órgãos. O consumo e conseqüente depleção dos fatores da coagulação e plaquetas, resultantes da contínua ativação da coagulação, pode levar a sangramento em diversos sítios. Fisiopatologia O mecanismo central da CIVD consiste na produção descontrolada de trombina pela exposição do sangue a níveis patológicos do fator tecidual. A CIVD é um processo trombótico, onde o processo de coagulação e fibrinólise estão anormalmente ativados, levando à coagulação e fibrinólise contínuas. Em conjunto, essas anormalidades contribuem para a deposição sistêmica de fibrina nos vasos de pequeno e médio calibre. Dois mecanismos principais desencadeiam a CID: Liberação do fator tissular ou de outros fatores tromboplásticos na circulação e Lesão difusa das células endoteliais. O que define a evolução para CIVD é a quantidade de citocinas pro inflamatórias encontradas – a principal delas é o TNF (fator de necrose tumoral) – ele leva ao: Julia Paris Malaco – UCT17 Aumento da expressão de fator tecidual, Redução de trombomodulina Aumento das moléculas de adesão dos leucócitos. O TNF induz as células endoteliais à expressão de fator tecidual em suas superficies celulares e à diminuição da expressão de trombomodulina, desviando os mecanismos de controle e de equilíbrio que governam a hemostasia no sentido da coagulação. Além disso, o TNF suprarregula a expressão de moléculas de adesão nas células endoteliais, promovendo, assim, a adesão de leucócitos, que podem lesar as células endoteliais pela liberação de espécies de oxigênio reativo e proteases preformadas. O que ocorre é: O TNF é fundamental no desenvolviemento de CIVD quando ele está aumentado estimula liberação do fator tecidual pela célula endotelial (mesmo sem lesão ocorre liberação de fator tecidual) fator tecidual (via extrínseca) diminui a expressão de trombomodulina (converte trombina de um pro coagulante em um anticoagulante passando a ativar proteína , que se associa a proteína S e fazem lise do fator 5 e 8 que são necessários para a formação da via comum – fator 10). A quantidade de trombomodulina na CIVD esta reduzida, consequentemente a trombina não é convertida em um anticoagulante atuando sempre como pro coagulante mediando a coagulação excessiva na microvasculatura reduzindo a quantidade de fatores na circulação sistemica. TNF também aumenta as moléculas de adesão dos leucócitos e consequentemente o leucócito se ativa sobre a superfície do endotélio vascular começando a liberar espécies reativas de oxigênio e proteases que amplificam a lesão do endotélio vascular As possíveis consequências da CIVD são: Trombos levam a oclusão da microvasculatura causando isquemia: Deposição difusa de fibrina na microcirculação. Isso provoca isquemia dos órgãos mais gravemente comprometidos ou mais vulneráveis e anemia hemolítica microangiopática, que resulta da fragmentação de hemácias quando comprimidas pela microvasculatura estreitada. Consumo de plaquetas e fatores de coagulação, bem como a ativação do plasminogênio, produzem uma diátese hemorrágica. A plasmina não apenas cliva a fibrina, como também digere os fatores V e VIII, reduzindo, portanto, ainda mais sua concentração. Além disso, os produtos de degradação da fibrina resultantes da fibrinólise inibem a agregação de plaquetas, a polimerização da fibrina e a trombina. anemia hemolítica microangiopatica (esquizocitos) aumento do D-dimero. A coagulação intravascular é iniciada quando um processo patológico ativa a liberação de pró coagulantes para a circulação, formando trombina que transforma o fibrinogênio em monômero de fibrina, os quais se polimerizam para formar o coágulo de fibrina. Neste processo, vários fatores de coagulação são consumidos, tais como: protrombina, fibrinogênio, plaquetas, fatores V e VIII. A presença de trombina na circulação determina ativação do plasminogênio à plasmina resultando em fibrinólise, com liberação dos produtos de degradação do fibrinogênio e fibrina (PDF) que são, por sua vez, anticoagulantes. A fibrinólise aumenta proporcionalmente com o ritmo de coagulação determinando o consumo dos fatores de coagulação. O processo trombótico é desencadeado pela entrada na circulação sanguínea de substâncias pró-coagulantes que desencadeiam a ativação do sistema de coagulação e plaquetas, levando ao depósito disseminado e formação de trombos de fibrina-plaquetas. Na maioria dos casos, esse estímulo pró-coagulante é o fator tecidual. O fator tecidual é responsável pela indução da formação de fibrina e pela ativação plaquetária. A duração e a intensidade da deposição de fibrina podem comprometer a irrigação sanguínea de alguns órgãos, em particular pulmões, rins, fígado e cérebro, resultando na falência secundária de suas funções. A ativação Julia Paris Malaco – UCT17 persistente da coagulação leva ao consumo dos fatores da coagulação e das plaquetas, o que, porsua vez, causa sangramento sistêmico. O processo é ainda mais agravado pela hiperfibrinólise secundária. A formação aumentada de fibrina estimula o processo compensatório da fibrinólise secundária, onde há ativação do plasminogênio com geração de plasmina para degradação da fibrina e formação dos produtos de degradação de fibrina (PDF). Como consequência, ocorrem as manifestações hemorrágicas da CIVD. Nesse processo agudo de coagulação disseminada não compensada, os fatores de coagulação são consumidos além da capacidade de síntese, assim como as plaquetas. Isso resulta em alterações laboratoriais como aumento do tempo de protrombina (TP) e do tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) e em trombocitopenia. A liberação de várias citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina 6 e o fator de necrose tumoral α, desempenha um papel fundamental na geração dos defeitos da coagulação na CIVD. A CIVD pode ser classificada em CIVD aguda: descompensada CIVD crônica: compensada. Ambas podem estar associadas a sangramento e/ou trombose, mas a frequencia de sangramentos é muito maior na CIVD aguda. A trombose microvascular presente na CIVD pode causar comprometimento no suprimento sanguíneo de alguns orgãos, causando a falência de múltiplos órgãos. Em linhas gerais, pode-se dizer que a deposição sistêmica de fibrina é resultado da geração de trombina mediada pelo complexo fator tissular/fator VII ativado (FT/FVIIa) e da inibição ou disfunção dos anticoagulantes naturais (antitrombina [AT], proteína C [PC], proteína S [PS] e inibidor da via do fator tissular [TFPI]). Em adição, a inibição da atividade fibrinolítica pelo aumento dos níveis do inibidor do ativador do plasminogênio do tipo 1 (PAI-1) resulta em remoção inadequada de fibrina, contribuindo desta forma para a trombose da microvasculatura. Citocinas, principalmente a interleucina-6, têm ação central neste processo. A ativação sistêmica da coagulação promove não somente deposição de fibrina e trombose, mas também consumo e conseqüente depleção dos fatores da coagulação e plaquetas o que freqüentemente resulta em manifestações hemorrágicas. No conjunto, esses mecanismos fisiopatológicos explicam a ocorrência simultânea de trombose e sangramento na CIVD. Inflamação e coagulação: A relação existente entre inflamação e coagulação é notável. A reação inflamatória ativa a coagulação sangüínea por promover a expressão de fator tissular no espaço intravascular, eliciar a expressão de moléculas de adesão de leucócitos na parede vascular, diminuir a atividade fibrinolítica e a função da via anticoagulante da PC. As citocinas são importantes mediadores destas alterações e seu papel no desenvolvimento da CIVD vem se tornando cada vez mais claro. A síndrome da resposta inflamatória sistêmica, secundária a infecções e lesões teciduais extensas, é mediada por diversas citocinas capazes de ativar a coagulação in vitro. Diferentes investigações demonstraram que o fator de necrose tumoral-a (TNF-a) é o primeiro cujos níveis plasmáticos aumentam, seguido da elevação de interleucina 6 (IL-6) e interleucina 1 (IL-1). Estudos envolvendo a administração destas interleucinas em voluntários saudáveis ou em modelos animais, assim como o uso de anticorpos bloqueando sua ação, sugeriram que a IL-6 é a principal responsável pela geração de trombina, possivelmente por regular a expressão de fator tissular. O papel do TNF-a na ativação da coagulação é relacionado à sua Julia Paris Malaco – UCT17 capacidade de induzir o aumento da IL-6. Adicionalmente, o TNF-a parece ser o principal mediador da depressão da atividade do sistema da PC, por induzir diminuição da expressão de trombomodulina nas células endoteliais. A IL-1 é um potente agonista da expressão de fator tissular in vitro, no entanto seu papel in vivo ainda é pouco claro e o fato de sua elevação só ocorrer depois das principais alterações procoagulantes que seguem a administração de endotoxinas torna a possibilidade de um papel direto no desenvolvimento da CIVD pouco provável. A ativação descontrolada do sistema de coagulação não resulta apenas em trombose, mas também em inflamação e proliferação celular, mediadas principalmente pela ação da trombina. Desta forma, estabelece-se uma alça de retroalimentação positiva que se não controlada pode progredir promovendo lesão vascular, falência de múltiplos órgãos e morte. Os mecanismos controladores desse processo ainda não foram completamente elucidados, porém a PC parece ser um importante mediador deste controle o que pode ao menos em parte explicar os resultados promissores recentemente obtidos com o uso deste inibidor fisiológico da coagulação no tratamento de pacientes sépticos graves. Clinica As manifestações clínicas dependem da natureza, intensidade e duração da causa que origina o distúrbio hematológico. Algumas manifestações que podem ser comuns incluem anemia hemolítica microangiopática; dispneia, cianose e insuficiência respiratória; convulsões e coma; oligúria e insuficiência renal aguda; e insuficiência circulatória súbita ou progressiva e choque. Em geral, a CID aguda, associada, por exemplo, a complicações obstétricas ou traumas importantes, é dominada por uma diátese hemorrágica, enquanto a CID crônica, como ocorre em pacientes com câncer, tende a se manifestar com complicações trombóticas. O diagnóstico se baseia na observação clínica e em estudos laboratoriais, incluindo a mensuração dos níveis de fibrinogênio, plaquetas, TP, TTP e produtos de degradação da fibrina. As anormalidades encontradas mais comumente são sangramentos, que variam desde sangramento nos locais de punção venosa, petéquias e equimoses a hemorragias graves no trato gastrintestinal, nos pulmões ou no SNC. Na CIVD crônica, as manifestações hemorrágicas são discretas e limitam-se às superfícies cutâneas ou mucosas. A hemorragia é o achado mais comum na CIVD aguda não compensada. Mas também podem haver manifestações como gangrena dos dedos ou membros, necrose hemorrágica da pele ou púrpura fulminante - Denomina-se púrpura fulminante a manifestação dermatológica de um quadro sistêmico de necrose de vários órgãos, inclusive a pele, que compõe a coagulação intravascular disseminada (CIVD) – é um quadro trombótico. Os sangramentos na CIVD aguda costumam ser de múltiplos sítios e incluem petéquias, equimoses e sangramento em babação em sítios de venopunção, também são descritos sangramento de mucosas. O estado de hipercoagulabilidade da CIVD evidencia-se por obstrução dos vasos da microcirculação com falência secundária dos órgãos. Em ambos contextos (agudo ou crônico), podem haver disfunções orgânicas como disfunção renal, hepática, respiratória, tromboembolismo e choque. Também pode haver trombose de grandes vasos e embolia cerebral. Alguns dos sintomas mais comuns são: anemia hemolítica microangiopática; dispneia, cianose e insuficiência respiratória; convulsões e coma; oligúria e insuficiência renal aguda; e insuficiência circulatória súbita ou progressiva e choque. As complicações hemodinâmicas e o choque são comuns nos pacientes com CIVD aguda. O aparecimento de disfunção circulatória com choque pode ser tanto causa como consequência da CIVD, por sua vez, disfunção renal frequentemente ocorre por microtrombose de arteríolas glomerulares, as manifestações Julia Paris Malaco – UCT17 incluem oliguria, anuria, azotemia, hematuria em 25-67% dos casos. Disfunção hepática é descrita nestes pacientes com icterícia ocorrendo em 22 a 57% dos casos de CIVD,se o paciente apresentar hipotensão prolongada aumenta as chances de disfunção hepática simulando inclusive as evoluções de hepatites fulminantes. As disfunções de sistema nervoso central (SNC) ocorrem por micro ou macrotrombos, além de eventos embólicos e hemorragias que podem ser associadas à CIVD. As manifestações pulmonares incluem desde hipoxemia leve a hemorragia alveolar (achado relativamente especifico na CIVD) e até mesmo SARA. Podem ainda ocorrer hemoptise, dispneia, dor torácica, roncos, sibilos e atrito pleural, na radiografia de tórax podem aparecer infiltrados difusos. Hemoptose, dispneia, dor torácica: roncos, sibilos e até atrito pleural na radiografia aparecem como infiltrados difusos. Outra manifestação descrita é insuficiência adrenal aguda secundária ao processo inflamatório afetando a adrenal e hemorragia da mesma, em quadro que simula a síndrome de Waterhouse-Friederich. Diagnostico O diagnóstico da CIVD clinicamente significativa baseia-se na existência de anormalidades clínicas e/ou laboratoriais da coagulação ou trombocitopenia. Clinicamente pode-se observar os sinais de resposta inflamatória sistêmica, como febre, hipotensão, acidose, manifestações de sangramento difuso (petéquias, equimoses, sangramento em locais de punção venosa e cicatriz cirúrgica ou traumática) e sinais de trombose. A CIVD é um processo de gravidade progressiva o que permite caracterizar sua evolução em fases (ativação “compensada” da coagulação, ativação “descompensada” da coagulação, e CIVD plenamente manifesta). Não existe qualquer exame isolado para estabelecer o diagnóstico de CIVD. A investigação laboratorial deve incluir testes da coagulação (TTPa, TP, tempo de trombina [TT]) e marcadores dos produtos de degradação da fibrina (PDF), além das contagens de plaquetas e hemácias e do exame do esfregaço de sangue periférico. Portanto, diante da suspeita de CIVD, os seguintes exames devem ser realizados: contagem de plaquetas e visualização do esfregaço de sangue periférico, TP, TTPa, TT, dosagem de fibrinogênio, dímeros-D e/ou PDFs. Esses exames devem ser repetidos no decorrer de um período de 6 a 8 horas, visto que uma anormalidade inicialmente leve pode sofrer uma mudança drástica em pacientes com CIVD grave. Os critérios diagnósticos laboratoriais incluem: Prolongamento/aumento de TP e/ou do TTPa e TT. Trombocitopenia/plaquetopenia: contagens de plaquetas ≤ 100.000/μL, ou declínio rápido. Anemia hemolítica com equizocitos: presença de esquistócitos (hemácias fragmentadas) no esfregaço de sangue periférico; Níveis elevados dos PDF – D-dimero. (O exame mais sensível para CIVD é o nível dos PDF). Hipofibrinogenemia (< 70-100 mg/dl): fibrinogênio baixo. A CIVD é um diagnóstico improvável na presença de níveis normais de PDF. O teste dos D-dímeros é mais específico para a detecção dos produtos de degradação da fibrina – mas não do fibrinogênio – e indica que a rede de fibrina foi digerida pela plasmina. Como o fibrinogênio tem meia-vida longa, os níveis plasmáticos diminuem rapidamente apenas nos casos graves de CIVD. Julia Paris Malaco – UCT17 A CIVD grave também está associada a níveis de antitrombina III ou de atividade do plasminogênio < 60% do normal. Dosagem de fatores da coagulação e anticoagulantes naturais (proteína C, antitrombina). > ou = 5: compatível com CIVD → repetir exames diariamente < 5: sugestivo CIVD → repetir exames em 24 a 48h Tratamento Manejo dos sintomas hemorrágicos: A administração de PFC e/ou concentrados de plaquetas está indicada para pacientes com sangramento ativo ou com alto risco de sangramento, como na preparação para procedimentos invasivos ou após a quimioterapia. O controle do sangramento nos pacientes com CIVD e trombocitopenia acentuada (contagens de plaquetas < 10.000-20.000/μL) e níveis baixos dos fatores da coagulação consiste no tratamento de reposição. O TP (> 1,5 vez o normal) fornece um indicador confiável da gravidade do consumo dos fatores da coagulação. A reposição com PFC está indicada (nos adultos sem CIVD, 1 unidade de PFC aumenta a maioria dos fatores da coagulação em 30%). Os níveis baixos de fibrinogênio (< 100 mg/dL) ou a hiperfibrinólise ativa exigem infusão de crioprecipitado (fração plasmática enriquecida com fibrinogênio, FVIII e FvW). A reposição de 10 U de crioprecipitado para cada 2 a 3 U de PFC é suficiente para corrigir a hemostasia. O esquema de transfusões deve ser ajustado de acordo com a evolução clínica e laboratorial do paciente. Os concentrados de plaquetas em doses de 1 a 2 U/10 kg de peso corporal são suficientes para a maioria dos pacientes com CIVD e trombocitopenia grave. Os concentrados de fatores da coagulação não são recomendados para o controle da hemorragia associada à CIVD, tendo em vista a eficácia limitada conseguida com a reposição isolada de alguns fatores (concentrados de FVIII ou FIX) e o risco elevado de produtos contendo traços de CCPa, que agravam ainda mais a doença. Reposição de inibidores da coagulação ou da fibrinólise: Fármacos para controlar a coagulação, como a heparina, concentrados de antitrombina III (ATIII) ou agentes antifibrinolíticos foram todos experimentados no tratamento da CIVD. A infusão contínua de doses baixas de heparina (5-10 U/kg/h) pode ser eficaz nos pacientes com CIVD leve associada a um tumor sólido, na leucemia promielocítica aguda ou nos casos em que há trombose detectada. A heparina também está indicada para o tratamento da púrpura fulminante, durante a ressecção cirúrgica dos hemangiomas gigantes e durante a remoção de um feto morto. Na CIVD aguda, a administração de heparina provavelmente agrava o sangramento. Até hoje, a administração de heparina a pacientes com CIVD grave não tem qualquer benefício comprovado na sobrevida. A utilização de agentes antifibrinolíticos, EACA ou ácido tranexâmico para evitar a degradação da fibrina pela plasmina pode reduzir os episódios hemorrágicos dos pacientes com CIVD e hiperfibrinólise confirmada. Contudo, esses fármacos podem aumentar o risco de trombose, e indica-se o uso concomitante de heparina. Os pacientes com leucemia promielocítica aguda ou CIVD crônica associada a hemangiomas gigantes Julia Paris Malaco – UCT17 estão entre os poucos indivíduos que podem ser beneficiados por esse tratamento. O uso de concentrados de proteína C para tratar a púrpura fulminante associada à deficiência adquirida dessa proteína ou à meningococemia demonstrou ser eficaz. Os resultados conseguidos com a reposição de ATIII foram promissores nos estudos iniciais, mas precisam ser mais bem avaliados por estudos adicionais. O tratamento deve ser voltado para a resolução da causa subjacente, que originou essa condição clínica, visando eliminar o estímulo para coagulação e trombose contínuas. O tratamento da CIVD propriamente dito é através de medidas de suporte, que são adotadas de forma individual. Podem ser ofertadas: Suporte hemodinâmico e/ou ventilatório Hidratação agressiva para reação hemolítica Transfusão de concentrados de hemácias devido ao sangramento Transfusões de plaquetas – não é feita rotineiramente, mas pode ser instituída na vigência de sangramento grave e plaquetopenia Plasma congelado fresco ou crioprecipitado Tratamento com heparina nos casos de trombose. Não há indicação para uso de anticoagulação profilática em pacientes com CIVD aguda ou crônica. Agentes antifibrinolíticos, como ácido tranexâmico, ácido epsilon-aminocapróicoou aprotinina são contra – indicados. Se ausência de Sangramento ativo. Manter esquema de profilaxia antitrombótica habitual, preferencialmente HBPM; - Se PLQ < 20.000: Transfusão plaquetária; Se predomínio de eventos trombóticos como - trombose arterial ou venosa, púrpura fulminante grave associada à isquemia acral ou infarto vascular cutâneo: iniciar a heparinização plena. Se sangramento ativo ou alto risco para sangramento PLQ < 50.000: Transfusão plaquetária. TP (INR) > 1,5: Transfusão de plasma fresco congelado (PFC) 10 a 15 ml/kg; Fibrinogênio < 150 mg/dl: considerar transfusão de Crioprecipitado se níveis de fibrinogênio se manterem baixos após transfusão de PFC. Se o sangramento for profuso ou ocorrer em um local crítico, a substituição pode consistir em Concentrados de plaquetas para corrigir a trombocitopenia (no caso de queda rápida da contagem de plaquetas ou de plaquetas < 10.000 a 20.000/microL [< 10 a 20 ×109/L]) Crioprecipitado para substituir o fibrinogênio (e o fator VIII) se o nível de fibrinogênio estiver caindo rapidamente ou for < 100 mg/dL (< 2,9 micromol/L). Plasma fresco congelado para aumentar os níveis dos outros fatores de coagulação e anticoagulantes naturais (antitrombina, proteínas C, S e Z) Em pacientes com plaquetas entre 50.000 e 100.000 células/mm3, pode ser indicada transfusão de 6 a 10 Unidades de plaquetas, caso o paciente apresente sangramento, mas transfusão de plaquetas profilática não é usualmente recomendada, exceto se plaquetas < 10.000 céls/mm3. Se hemorragia grave ou necessidade de procedimento invasivo + plaquetometria < 50.000/mm³: transfusão de plaquetas; Se hemorragia grave + TAP ou PTT bastante alargado ou fibrinogênio < 50 mg/dL: reposição de fatores da coagulação com plasma fresco ou crioprecipitado; Se plaquetometria < 10.000-20.000/mm³ (independente de outros fatores): transfusão de plaquetas; Os pacientes com hipofibrinogenemia com valores < 100 mg/dl, têm como opção a transfusão de 8-10 U de crioprecipitado, caso estes valores sejam maiores que 100 mg/dl mas TP e TTPA alargados significativamente deve ser considerado o uso de plasma fresco congelado. Para reposição de outros fatores de coagulação é indicado 1 a 2 U de Plasma Fresco Congelado (PFC) ou 15 ml/Kg de peso de PFC. Pode ser necessário repetir a cada 8 horas a reposição de PFC conforme TP. TTPA, fibrinogênio, número de plaquetas e estado volêmico. Não é útil utilizar d-dímero e PDF para monitorar terapia. O uso de heparina convencional, para diminuir risco de trombose e tratar a CIVD, é controverso, pois pode exacerbar sangramento, a medicação parece benéfica se carcinoma metastático, purpura fulminante ou síndrome de óbito fetal principalmente se quadro trombótico associado. A dose inicial é de 500-750 U/hora se não melhora em 24 horas aumentar dose, alguns autores consideram o uso da heparina se ATIII> 50% do normal. Outra opção é a utilização de concentrado ATIII: diminui a duração das alterações laboratoriais e Julia Paris Malaco – UCT17 mortalidade em estudos pequenos, de qualquer forma não existe no momento recomendação favorável para o uso de heparina nestes pacientes, exceto em casos de exceção e com trombose documentada. Outra opção medicamentosa são os Inibidores da fibrinólise como o ácido aminocaproico, de qualquer forma antes da sua utilização é importante a reposição de componentes sanguíneos e manter heparina contínua. A púrpura fulminante é uma forma severa e até letal de CIVD, acomete extremidades, nádegas e os pacientes apresentam necrose hemorrágica. A biópsia de pele demonstra microtrombos difusos em pequenos vasos e vasculite que ocorre de 2 a 4 semanas após a infecção inicial, estes pacientes em específico parecem ter benefício com a utilização de heparina. Outras situações associadas com purpura fulminante incluem tumores sólidos e leucemias, principalmente a leucemia aguda pró-mielocítica, nestes casos a fibrinólise primaria é a causa. Em pacientes que sofreram trauma pode ocorrer exposição ao fator tecidual e choque hemorrágico, nestes casos ocorre aumento de TNF. Interleucina-1 e PAI-1, estas alterações são preditoras em alguns estudos de desenvolvimento de SARA. Efeito bohr e haldane Efeito bohr O efeito de Bohr é uma propriedade da hemoglobina, auxiliando na liberação de oxigênio no tecido metabolizador. Os tecidos metabolizantes produzem dióxido de carbono, uma vez que sofrem respiração celular. O sangue absorve esse dióxido de carbono, aumentando o pH do sangue. O aumento ou o pH ácido resulta na dissociação da oxiemoglobina, liberando oxigênio. Além disso, o fisiologista dinamarquês Christian Bohrth descreveu esse fenômeno em 1904. Ele afirmou que a capacidade de ligação de oxigênio da hemoglobina é inversamente proporcional à acidez e à concentração de dióxido de carbono. O efeito de Bohr facilita a liberação de oxigênio do sangue no tecido metabolizador. Geralmente, os tecidos requerem oxigênio para se submeter à respiração celular. Efeito haldane O efeito Haldane é outra propriedade da hemoglobina, auxiliando na liberação de dióxido de carbono nos pulmões. Os pulmões são os órgãos respiratórios através dos quais os gases respiratórios são trocados. O sangue absorve oxigênio nos pulmões para formar oxihemoglobina. E isso diminui o pH do sangue. Sob o pH alcalino, a carboxiemoglobina se dissocia para liberar dióxido de carbono nos pulmões. Além disso, o fisiologista escocês John Scott Haldane descreveu pela primeira vez esse fenômeno. Ele descreveu o efeito do oxigênio no transporte de dióxido de carbono. A base do efeito Haldane é a maior afinidade da hemoglobina desoxigenada para o dióxido de carbono. Em outras palavras, a afinidade da oxiemoglobina pelo dióxido de carbono é menor que a da hemoglobina desoxigenada. A principal importância do efeito Haldane é que ele aumenta a capacidade de ligação de oxigênio do sangue com a liberação de dióxido de carbono da hemoglobina. Semelhanças entre o Efeito Bohr e Haldane O efeito de Bohr e Haldane são duas propriedades da molécula de hemoglobina. Ambos envolvem a liberação de oxigênio e dióxido de carbono em seus destinos finais. Além disso, ambos os efeitos ocorrem com base nas propriedades fisiológicas dos destinos finais desses gases. Diferença entre o efeito de Bohr e Haldane Efeito de Bohr refere-se à diminuição da afinidade do oxigênio de um pigmento respiratório, como a hemoglobina, em resposta à diminuição do pH sangüíneo, resultante do aumento da concentração de dióxido de carbono no sangue. Em contraste, o efeito de Haldane refere-se à diminuição da afinidade da hemoglobina pelo dióxido de carbono em resposta ao aumento do pH sanguíneo resultante do aumento da concentração de oxigênio no sangue. Essas definições explicam a principal diferença entre o efeito de Bohr e Haldane. Além disso, o tipo de gás respiratório é a principal diferença entre o efeito de Bohr e Haldane. O efeito de Bohr descreve a liberação de oxigênio enquanto o efeito de Haldane descreve a liberação de dióxido de carbono. O efeito de Bohr é eficaz sob baixo pH sanguíneo enquanto o efeito de Haldane é efetivo sob pH alto. Assim, esta é uma outra diferença entre o efeito de Bohr e Haldane. A absorção de dióxido de carbono no tecido metabolizador leva ao efeito Bohr, enquanto a captação de oxigênio nos pulmões leva ao efeito Haldane. Julia Paris Malaco – UCT17 Exames de imagem Sinais radiológicos de alterações tromboembólicas Angiografia pulmonar Geralmente é realizada angiografia pulmonar para doença embólica crônica pulmonar para confirmar o diagnósticoe para o planejamento cirúrgico da endarterectomia pulmonar. Doença embólica pulmonar crônica pode ser sugerida por achados em ATC ou RM, mas o diagnóstico é confirmado pela angiografia pulmonar.. Estes achados são geralmente bilaterais. Angiografia pulmonar para EP aguda foi praticamente substituída por TC com múltiplos detectores (TCMD) multislices e agora é muitas vezes relegada a situações de diagnósticos difíceis, em pacientes com TCs de tórax tecnicamente insatisfatórias e àqueles para os quais se planeja um procedimento de intervenção, como trombólise direcionada com cateter. Existem ainda algumas vantagens na angiografia pulmonar. Embora não seja perfeita, a angiografia pulmonar é o padrão-ouro. Ela possibilita a visualização das veias pélvicas e da veia cava inferior, fornece os parâmetros hemodinâmicos (pressão pulmonar e do coração direito), bem como uma oportunidade para que a terapia seja realizada no mesmo procedimento (filtro, trombólise). A principal desvantagem da angiografia pulmonar é a sua natureza invasiva, que não só é desconfortável para o paciente, mas tem uma taxa de complicação que inclui arritmias, lesões cardíacas (perfuração), parada cardíaca, insuficiência respiratória, reações ao meio de contraste, hematoma/trombose do acesso e até mesmo a morte. Radiografia de Tórax Com frequência, a radiografia do tórax é normal ou quase normal nos pacientes com EP. Entre as anormalidades bem-estabelecidas estão densidade periférica em forma de cunha geralmente localizada na base da pleura (corcova de Hampton) e aumento do ramo descendente da artéria pulmonar direita (sinal de Palla). TC de Tórax A TC do tórax com contraste intravenoso (IV) é o principal exame de imagem para o diagnóstico de EP aguda. As “imagens de TC torácica de cortes finos” podem fornecer detalhes primorosos. A TC também proporciona excelentes imagens no plano de quatro câmaras do coração. Quando se estendem os cortes tomográficos para as regiões abaixo do tórax chegando ao joelho, a TVP na pelve e na parte proximal do membro inferior também pode ser diagnosticada por TC. Nos pacientes sem EP, as imagens do parênquima pulmonar podem estabelecer diagnósticos alternativos não evidentes na radiografia de tórax que expliquem os sinais e sintomas de apresentação, como pneumonia, enfisema, fibrose pulmonar, massa pulmonar e patologia aórtica. Algumas vezes, diagnostica-se incidentalmente câncer de pulmão assintomático em estágio inicial. Estão sendo feitos esforços para reduzir a radiação e a necessidade de contraste para a TC de tórax. Cintilografia Pulmonar A cintilografia pulmonar tornou-se um exame complementar de segunda linha para EP, usada principalmente em pacientes que não toleram o contraste IV. Pequenos agregados particulados de albumina marcada com um radionuclídeo emissor de raios gama são injetados por via IV e ficam retidos no leito capilar pulmonar. A falha de perfusão na cintilografia indica ausência ou redução do fluxo sanguíneo, possivelmente em razão de EP. As cintilografias de ventilação, obtidas com um gás inalado marcado radioativamente, como o xenônio ou o criptônio, aumentam a especificidade da cintilografia de perfusão. As cintilografias de ventilação anormais indicam um pulmão anormal não ventilado, o que enseja possíveis explicações para as falhas de perfusão além da EP aguda, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica. Uma cintilografia de alta probabilidade para EP é definida quando há duas ou mais falhas de perfusão segmentares na presença de ventilação normal. Ressonância Magnética Com a angiorressonância magnética pulmonar é possível detectar uma grande EP proximal, mas esse não é um exame confiável para EPs menores segmentares e subsegmentares. Ecografia A ecocardiografia não é um exame de imagem confiável para o diagnóstico de EP aguda, visto que é normal na maioria dos pacientes com EP. Entretanto, a ecocardiografia é um recurso diagnóstico muito útil para detectar condições que poderiam simular a EP, como infarto agudo do miocárdio, tamponamento pericárdico e dissecção da aorta. A ecocardiografia transtorácica (ETT) raramente fornece imagens diretas do trombo. Deve-se considerar a realização de ecocardiografia transesofágica (ETE) quando não se dispõe de TC ou quando o Julia Paris Malaco – UCT17 paciente apresenta insuficiência renal ou alergia grave ao contraste impedindo a sua administração, apesar de pré-medicação com esteroides em altas doses. Com essa modalidade de imagem, é possível identificar EP na bifurcação da artéria pulmonar, no ramo principal direito ou no esquerdo.
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