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1 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP Hemostasia e Distúrbios da Coagulação HEMOSTASIA CONCEITO A hemostasia pode ser definida como uma série complexa de fenômenos biológicos que ocorre em imediata resposta à lesão de um vaso sanguíneo com objetivo de deter a hemorragia. O mecanismo hemostático inclui três processos: hemostasia primária, coagulação (hemostasia secundária) e fibrinólise. Esses processos têm em conjunto a finalidade de manter a fluidez necessária do sangue, sem haver extravasamento pelos vasos ou obstrução do fluxo pela presença de trombos. HEMOSTASIA PRIMÁRIA É o processo inicial da coagulação desencadeado pela lesão vascular. Imediatamente, mecanismos locais produzem vasoconstrição, alteração da permeabilidade vascular com produção de edema, vasodilatação dos vasos tributários da região em que ocorreu a lesão e adesão das plaquetas. • A atriz principal nessa fase são as plaquetas que são originadas dos megacariócitos. Plaquetas • As plaquetas são fragmentos anucleados dos megacariócitos. • Elas podem estar online e offline ✓ Célula offline: mais murcha e encontra-se toda invaginada com a membrana plasmática recolhida, chamado de sistema canalicular; ✓ Célula online: a membrana plasmática se estica e tem-se o sistema canalicular aberto. Quando isso ocorre, esgota-se a reserva de membrana da plaqueta e ela fica toda exposta, expondo diversas proteínas que irão ajudar na adesão plaquetária. 2 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP • As plaquetas quando se encontram ativadas expõem também os grânulos- alfa e grânulos densos; ✓ Grânulos-Alfa: fator de Von Willebrand, fibronectina e fibrinogênio ✓ Grânulos densos: ADP e cálcio • Exposição também de glicoproteínas que estão ancoradas no citoesqueleto: ✓ Filamentos contráteis de actina e miosina; ✓ Glicoproteinas (integrinas): - GP Ia/IIa; - GP Ib; - GP IV; - GP IIb/IIIa. Três fases da hemostasia primária: • Adesão • Ativação • Agregação Fase de adesão • Exposição da matriz subendotelial (exposição do colágeno) • Ao romper o vaso, ocorre a exposição do colágeno que já faz parte da parede do vaso. Ao expor, a plaqueta irá ligar-se a esse colágeno e essa ligação se dará por meio das proteínas presentes no citoesqueleto da plaqueta. • Glicoproteínas: ✓ 1º proteínas que se ligam são: GP Ia/IIa e GP IV → ligação fraca ✓ Adesão efetiva: Fator de Von Willebrand que irá ligar GP Ib ao colágeno Fase de ativação • Estimulação pelos agonistas plaquetários: ✓ Colágeno ✓ Epinefrina ✓ Serotonina → vasoconstrição ✓ Trombina ✓ Glicoproteína IV • Deixam a plaqueta mais robusta → acabam com as invaginações → aumenta a superfície de contato → mais receptores de adesão e exposição dos receptores de agregação • Liberação de ADP → ativação da Fosfolipase A2 → síntese de Tromboxano A2 pela COX-1. ✓ O tromboxano A2 é responsável por recrutar as plaquetas. Ele irá emitir um sinal e chamar todas as plaquetas para o local do sangramento. • Além disso, quando se tem a ativação da plaqueta tem-se também a exposição do fosfolipídio plaquetário na membrana da plaqueta (importante na hemostasia secundária) Fase de agregação • Exposição dos receptores na membrana • Ligação da GP IIB/IIIa com fibrinogênio • Formação do trombo branco (fim da hemostasia primária) Medicamentos que inibem a agregação → São antiagregantes plaquetários 3 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP • AAS: irá acetilar a COX1 → sem tromboxano A2 → sem agregação plaquetária. • Clopidogrel/prasugrel/ticagrelor: inibem o receptor de ADP (P2Y12) → sem ativação da fosfolipase A2 → sem agregação plaquetária. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA (cascata de coagulação) O objetivo da hemostasia secundária é a formação da rede de fibrina para dar estabilidade ao trombo branco. • Evita deslocamento e ressangramento; • Formação do coágulo → trombo vermelho Os responsáveis pela formação da rede de fibrina são um conjunto de proteínas plasmática (os fatores de coagulação) que podem ser ativadas e inativadas com uma cascata de eventos para produção de fibrina. Local que são produzidos: • Fígado (a exceção do fator VIII) • Alguns irão precisar de modificações quando ficam prontos e essa modificação é dependente de vitamina K; • Fatores Vitamina K dependentes: ✓ II, VII, IX, X → carboxilação dos resíduos de ácido glutâmico → ancoragem no fosfolipídio plaquetário Para formação da rede de fibrina é preciso converter a protrombina em trombina. A trombina irá converter o fibrinogênio em fibrina. Isso é possível por meio da via intrínseca e extrínseca. Via intrínseca • Fatores 12, 11, 9, 8; • Vai ser ativada pelo contato do sangue com a superfície de carga negativa (como o colágeno); • Terá a liberação do CAPM (Cininogênio de Alto Peso Molecular); • Esse CAPM que dará início a via intrínseca da coagulação. • Cofatores: ✓ Cálcio ✓ Fosfolipídio plaquetário ✓ Fator VIIIa • Formação do fator X → início da via comum Via extrínseca • Principal fator de coagulação da via extrínseca é o fator tecidual e o fator 7 • Fatores vitamina K dependentes (pois o 7 é o principal fator vitamina k dependente); • Será ativada pelo contato do sangue com o fator tecidual que vai ser liberado após a lesão endotelial; • Transformação do VII em VIIa → 10 • Cofatores: ✓ Cálcio ✓ Fosfolipídio plaquetário • Formação do fator X → início da via comum 4 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP FATORES ANTI-COAGULANTES Para não sair trombosando tudo no corpo! • O endotélio integro é o principal regulador; • Endotélio integro = sem colágeno e sem fator tecidual para iniciar os eventos coagulantes; • Inibidores da hemostasia primaria: ✓ Óxido nítrico ✓ Prostaciclina: inibem os agonistas da ativação plaquetária ✓ ADPase → inibe o ADP • Inibidores da hemostasia secundaria: ✓ Trombomodulina → se liga a trombina → ativa a proteína C → degradação dos fatores VIIIa e Va → cofatores da via intrínseca e da via comum ✓ Produção da proteína S → inativação dos fatores Va, VIIIa e Xa ✓ Heparan-Sulfato → ativação da antitrombina III → hidrolisa os fatores vitamina K dependentes e outros ✓ Inibidor da via do fator tecidual → inibição da via extrínseca • Sistema fibrinólise ✓ Ativador tecidual de plasminogênio → transforma o plasminogênio em plasmina → degradação dos coágulos de fibrina COAGULOPATIAS Os distúrbios da coagulação surgem quando há redução da função de uma ou mais pró-enzimas envolvidas no mecanismo de coagulação ou na inibição desta, podendo resultar em manifestações hemorrágicas ou trombóticas, respectivamente. Esses distúrbios podem ser congênitos ou adquiridos. COAGULOPATIAS CONGÊNITAS • Pouco frequentes • Resultam de e alterações quantitativas e/ou qualitativas de fatores da coagulação. 5 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP • Entre as coagulopatias hereditárias, a doença de von Willebrand (DVW) e as hemofilias são as mais comuns. As deficiências de fatores I (fibrinogênio), II, V, VII, XI e XIII são consideradas coagulopatias raras. ➔ Doença de von Willebrand Introdução • A doença de von Willebrand (DVW) é uma anormalidade hemorrágica causada por redução e/ou disfunção do fator von Willebrand (FVW). • É a doença hemorrágica hereditária mais comum, acometendo de 0,8 a 2% da população. • Autossômico dominante (tipo 1, 80%) • Autossômico recessivo (tipo 3, raro) FvW tem 2 funções principais: • Adesão plaquetária • Manutenção dos níveis de fator VIII Classificação • Tipo 1 e 3: deficiência quantitativa • Tipo 2: deficiência qualitativa ✓ Tipo 2B: terá plaquetopenia ✓ Tipo 2 N: deficiência do fator VIII associado Quadro clínico • Sangramento cutâneo-mucoso • Menorragia → mulheres em idade fértil • Hemorragia pós-traumática e pós-operatória • Tipo 2N e 3 → pode haver hemartroseLaboratório • Dosagem do fator VIII • TTPA (tempo de tromboplastina parcial ativada) prolongado (fator VIII baixo) • Plaquetopenia → tipo 2B • Dosagem do fator de von Willebrand • Atividade do cofator da ristocetina (atividade do fator de von Willebrand) Tratamento • Medidas locais → ácido tranexâmico (sangramento leve) • Desmopressina (1-deamino-8-arginina vasopressina – DDAVP) → principalmente no tipo 1 (aumenta a exposição e disponibilidade do fator de von Willebrand). ✓ Dose de 0,3 mcg/kg, por via endovenosa (diluído em 50 a 100 mL de solução salina) ou subcutânea, elevando as concentrações do FVW e do fator VIII. ✓ Também pode ser administrado por spray intranasal, em doses de 150 a 300 mcg. • Os concentrados plasmáticos contendo fator VIII e FVW são indicados para os pacientes que não apresentam resposta ao DDAVP, ou quando ela é inadequada para a ocasião em questão. ➔ Hemofilia Introdução As hemofilias A e B (doença de Christmas) compreendem uma categoria de doenças hemorrágicas hereditárias, que resultam de anormalidades qualitativas ou funcionais dos fatores VIII e IX, respectivamente. 6 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP • Embora sejam doenças de transmissão recessiva ligada ao cromossomo X, em 30 a 40% dos casos de hemofilia A não há história familiar, enquanto na do tipo B a maioria dos pacientes relata história familiar de diátese hemorrágica. Quadro clínico • Quadros hemorrágicos que podem ocorrer após traumatismos de mínima intensidade; • Hemartroses e hematomas musculares, frequentemente ocorrem sem associação com traumatismos; • Hemofilia grave é definida como < 1% de atividade de fator, enquanto 1 a 5% e > 5% são definidas como moderada e leve, respectivamente. • Quando o nível plasmático é superior a 40%, não há manifestações hemorrágicas. • As manifestações clínicas das hemofilias A e B são idênticas. • Sangramento em: ✓ Tecidos moles ✓ Associados a injeção intramuscular e cirurgia ✓ Cavidade oral por lesão de língua ou lábios. • Hermartrose - sangramento dentro das articulações ✓ Se origina dos vasos sinoviais, e a hemorragia ocorre dentro da cavidade articular; ✓ Em crianças, sinais precoces de sangramento incluem irritabilidade e diminuição do uso do membro acometido; ✓ Em crianças mais velhas e adultos, os pacientes descrevem uma sensação premonitória – aura –, representada pela sensação de formigamento e calor na articulação pouco antes do início do edema e da dor. A seguir, ocorrem desconforto e discreta limitação da mobilidade articular, seguidos de dor, aumento do volume e da temperatura, e limitação da movimentação da articulação acometida; ✓ As mais frequentemente acometidas são joelhos, cotovelos, tornozelos, ombros, coxofemorais e punhos; ✓ Geralmente acometem uma articulação, porém acometimento de múltiplos locais não é incomum; ✓ Sangramentos de repetição levam à destruição articular. • Hemorragias intramusculares ✓ Segunda causa mais comum de sangramento; ✓ Espontaneamente ou após pequenos traumas; ✓ Compressão de estruturas vitais, com concomitantes isquemia distal, contraturas e neuropatia (síndrome compartimental); • Hematúria ✓ Manifestação clínica frequente da hemofilia grave; ✓ Geralmente é benigna e não se associa com perda da função renal; ✓ Indolor ou dor lombar e abdominal, tipo cólica renal (coágulos na pelve renal ou no ureter); • Sangramentos de língua, garganta ou pescoço podem se desenvolver rapidamente e são particularmente perigosos, pois podem provocar rápida obstrução das vias aéreas; • Sangramento do trato gastrintestinal; • Sangramento intracraniano ✓ Qualquer hemofílico com cefaléia não-habitual, sobretudo se intensa e de duração superior a quatro horas, deve ser investigado quanto à presença de sangramento intracraniano. • As epistaxes são comuns nos hemofílicos graves e, muitas vezes, são desencadeadas por infecções das vias aéreas superiores, com congestão nasal. 7 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP Diagnóstico • Investigação da história familiar, particularmente do lado materno da família; • Baseia-se na história clínica, no exame físico e nos exames laboratoriais; • O diagnóstico definitivo é feito pela dosagem dos fatores VIII e IX; • Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) encontra-se prolongado; • Normalidade da contagem plaquetária, do tempo de protrombina (TP) e do tempo de sangramento (TS). Tratamento • É complexo e caro; • Terapia de reposição de concentrado do fator deficiente, tratamento adjuvante, tratamento preventivo e tratamento das complicações da doença e daquelas decorrentes de sua terapia; • Uso do DDAVP: pode tornar desnecessária a reposição do fator deficiente nos pacientes com hemofilia A leve ou moderada; • A reposição do fator VIII ou IX deve ser feita o mais precocemente possível, quando indicada. Deve-se considerar o nível do fator a ser alcançado, o qual varia com o tipo e o local do sangramento ou com o procedimento a ser realizado; • As drogas antifibrinolíticas têm sido utilizadas como terapia adjuvante nos sangramentos mucosos, sendo muito úteis nos procedimentos odontológicos. A dose usual do ácido tranexâmico é de 20-25 mg/kg/dose, por via oral, três vezes ao dia, e a dose do ácido épsilon aminocapróico é de 50-60 mg/kg/dose, quatro vezes ao dia. Essas medicações devem ser evitadas em pacientes que apresentem hematúria. • Não devem ser utilizados medicamentos que possam interferir na função plaquetária (sobretudo os que contenham ácido acetilsalicílico), nem deve ser utilizado medicamento com aplicação por via intramuscular. • Entre as complicações decorrentes do tratamento, encontram-se as doenças transmissíveis por hemocomponentes ou hemoderivados e o desenvolvimento de aloanticorpos (inibidores) contra o fator deficiente. COAGULOPATIAS ADQUIRIDAS Os distúrbios adquiridos da coagulação são muito mais frequentes na prática médica do que as anormalidades congênitas. Além disso, são muito mais complexos, uma vez que geralmente ocorrem múltiplas anormalidades da coagulação e comprometimento do número e da função das plaquetas. ➔ Coagulação intravascular disseminada (CIVD) Introdução • A coagulação intravascular disseminada é uma síndrome caracterizada pela ativação sistêmica da coagulação, que leva ao depósito intravascular de fibrina na microvasculatura e ao consumo simultâneo de fatores da coagulação e plaquetas. • A CIVD é sempre secundária a uma doença de base, e as mais frequentes estão listadas na Tabela VIII. 8 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP Etiologia e fisiopatologia • A patogênese central da CIVD é a geração excessiva e descontrolada de trombina, levando ao depósito disseminado e sistêmico de fibrina intravascular. Isso resulta no consumo dos fatores de coagulação, tais como fibrinogênio e fatores V e VIII. • A trombina atua também como um potente agonista plaquetário que provoca ativação e agregação plaquetárias. Além disso, induz a liberação de t-PA pela célula endotelial, com subsequente fibrinólise. Achados clínicos • Dependem do fator desencadeante e da velocidade com a qual o evento inicial se propaga. • Se a ativação ocorre lentamente um excesso de pró-coagulantes é produzido, predispondo a trombose. • Ao mesmo tempo, enquanto o fígado conseguir compensar o consumo de fatores e a medula óssea mantiver uma contagem plaquetária adequada, não haverá manifestação hemorrágica. • CIVD crônica: o paciente poderá permanecer assintomático, com aumento dos níveis de produtos de degradação de fibrina, ou apresentar manifestações de trombose venosa e/ou arterial. • CIVD aguda: ocorre exposição a grande quantidade de fator tecidual em um curto período, com geração maciça de trombina, e os mecanismos de controle e os compensatórios não têm tempo suficiente para se recuperar.Ocorrem coagulação intravascular e depleção de plaquetas, fibrinogênio, protrombina e fatores V e VIII, além da produção de produtos de degradação da fibrina, os quais vão interferir na hemostasia. A consequência clínica é uma diátese hemorrágica sistêmica, e, por causa do depósito disseminado de fibrina intravascular, ocorrem injúria isquêmica de tecidos e anemia hemolítica microangiopática. As manifestações hemorrágicas de qualquer tipo podem ser encontradas na CIVD aguda: equimoses generalizadas, petéquias, sangramento em locais de punção ou cateteres. Além do sangramento, os pacientes podem apresentar tromboembolismo e disfunção renal, hepática, pulmonar e do sistema nervoso central. 9 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP Diagnóstico • Geralmente, o diagnóstico é feito considerando a doença de base e uma combinação de testes laboratoriais. • Testes realizados em série são mais úteis do que um exame laboratorial realizado isoladamente. Tratamento • Tratamento da doença de base; • Porém, muitas vezes, essa coagulação persiste mesmo após o emprego de medidas adequadas; • Até o momento não foi comprovada a eficácia do tratamento com plasma e concentrado de plaquetas, contudo esta é uma opção quando o paciente tem sangramento ativo ou apresenta risco hemorrágico ou precisa de procedimento invasivo; • Uso de heparina; • As drogas antifibrinolíticas somente são indicadas para pacientes com aumento da atividade fibrinolítica, como na leucemia aguda promielocítica (LMA-M3), e para aqueles com CIVD associada a neoplasia ou quando há sangramento excessivo sem resposta à terapia de reposição; • Concentrado de proteína C ativada recombinante humana (rhAPC): CIVD relacionada a processo séptico. ➔ Doença hepática Como o fígado desempenha papel central e complexo no processo hemostático, as doenças hepáticas podem cursar com comprometimento variável da hemostasia, decorrente de inúmeros fatores: • defeitos quantitativos e qualitativos das plaquetas; • redução da síntese de fatores e inibidores da coagulação, deficiência de vitamina K; • síntese de fatores de coagulação com defeitos funcionais; • redução da depuração de fatores da coagulação ativados; • hiperfibrinólise e coagulação intravascular disseminada. Em pacientes com doença hepática grave, todos os fatores da coagulação, exceto o FVW, podem estar deficientes, como consequência da falência de síntese pelo hepatócito. • Geralmente, existe uma correlação com a gravidade da hipoalbuminemia, porém pode haver exceções. • Uma dieta pobre e a má absorção decorrente da produção inadequada de sais biliares contribuem para a diminuição da carboxilação de precursores dos fatores dependentes de vitamina K. A presença de disfibrinogenemia é a anormalidade qualitativa mais comumente encontrada nas doenças hepáticas, agudas e crônicas, e nos hepatomas. A fibrinólise aumentada é um achado comum na fase avançada das hepatopatias e na falência hepática. É encontrada também nas hepatopatias crônicas, principalmente quando há presença de ascite, mostrando correlação com a gravidade da doença. Com uma certa frequência, alterações laboratoriais na cirrose descompensada se assemelham à CIVD. Níveis plaquetários relativamente estáveis e níveis caracteristicamente elevados de fator VIII fazem a distinção com a CIVD. Manifestações clínicas • Variam de simples alterações dos testes laboratoriais a manifestações hemorrágicas, às vezes graves, e, menos frequentemente, trombóticas. Eventos trombóticos, como trombose venosa profunda e embolia pulmonar, ocorrem em 0,5-1% dos pacientes cirróticos. Tratamento • O tratamento das anormalidades hemostáticas da doença hepática está indicado apenas durante sangramento de varizes esofágicas, cirurgia ou antes de procedimentos invasivos. 10 MARC 12 – Heloísa Paraíso 7ºP • Agentes específicos incluem vitamina K, oral ou parenteral, quando há suspeita de deficiência (colestase, desnutrição e terapia antimicrobiana). • Utilizam-se também: plasma fresco congelado (PFC), transfusão de plaquetas, concentrado de complexo protrombínico e crioprecipitado, de acordo com a situação clínica e o achado laboratorial. • O uso de novos agentes hemostáticos deve ser direcionado para a situação clínica e para a definição da alteração hemostática específica (por exemplo, plaquetopenia, hipofibrinogenemia e hiperfibrinólise). • O fator VII ativado recombinante se mostrou eficaz em subgrupos de pacientes cirróticos com sangramento do trato gastrintestinal alto submetidos a procedimentos invasivos, levando a menor sangramento e a nenhum ressangramento em 24 horas. • Também são utilizados agentes antifibrinolíticos e o DDAVP. ➔ Púrpura trombocitopênica idiopática É uma doença autoimune que se caracteriza pela destruição das plaquetas. Manifestações clínicas • Podem apresentar pontos roxos diminutos na pele (petéquias) e sangrar com facilidade; • Algumas pessoas não apresentam sintomas; • Na PTI crônica, a fadiga é comum. • Hemorragia na pele pode ser o primeiro sinal; • As gengivas podem sangrar e pode aparecer sangue nas fezes ou na urina; • Os períodos menstruais ou hemorragias nasais podem ser incomumente intensos; • Equimoses; • A hemorragia se agrava à medida que o número de plaquetas se reduz. • As pessoas com escassez de plaquetas podem perder grandes quantidades de sangue em seu trato digestivo ou sofrer hemorragias cerebrais com risco à vida apesar de não terem sofrido qualquer lesão. Pode ocorrer dor de cabeça com sangramento dentro do cérebro. Diagnóstico • Exames de sangue para medir a contagem de plaquetas e a coagulação; • Exames para descartar outros distúrbios que causam uma baixa contagem de plaquetas e sangramento; • Diagnóstico de PTI quando a contagem de plaquetas for inferior a 100.000 por microlitro de sangue (menos de 100 × 109 por litro) sem uma diminuição semelhante no número de glóbulos vermelhos ou de glóbulos brancos e quando não houver outra explicação clara para a trombocitopenia, como uma infecção ou o uso de certos medicamentos; • Não existe um exame bem estabelecido para confirmar que uma pessoa tem PTI. Tratamento • Corticoides; • Imunoglobulina intravenosa, agonistas de receptores de trombopoietina, ou imunossupressores (por exemplo, rituximabe, azatioprina ou micofenolato); • Às vezes, retirada do baço; • Raramente, transfusões de plaquetas.
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