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Resenha: O dinheiro como dívida. Thalita machado Veras O documentário “Dinheiro como dívida” de Paul Grignon tem como objetivo analisar o efeito multiplicador da moeda que é realizada através da criação de crédito, a animação é feita para explicar as definições, e processo dessa criação. Para começar a análise, Grignon começa o documentário falando sobre a emissão do dinheiro, que a maioria das pessoas acreditam que seja criado por governo, entretanto, como Grignon apresenta, a maior parte do dinheiro não vem da Casa da Moeda, e sim de instituições privadas, como os bancos por meio de empréstimos. Um dos pontos fortes deste documentário é a forma como Grignon explica a história do surgimento de operações bancárias através da “A história do ourives". Nesta história, ele apresenta o processo de surgimento do ouro e da prata como forma de dinheiro, substituindo o sistema de troca, e como as pessoas começaram a optar por deixar suas moedas em cofres e negociar o comprovante de que suas moedas estariam com o oveiro. Mostra também como as pessoas fizeram um acordo com o oveiro, que agora passa ser chamado de bancário, para receber um percentual dos empréstimos que o bancário estava fazendo com o dinheiro das pessoas, assim nasceu o banco, onde o banqueiro pagava um juro baixo sobre os depósitos recebidos. Depois emprestava os mesmos depósitos a juros mais altos. Entretanto, esse sistema não é o mesmo dos bancos de hoje. Com a alta demanda por crédito que o bancário estava recebendo naquela época, não existia uma quantidade de ouro suficiente nos cofres para conceder essa alta demanda por crédito, dessa forma, o bancário decidiu fornecer mais crédito mesmo sem a moeda no cofre, pois ninguém sabia de fato quanto de dinheiro estava guardado no banco, e essa idéia passou sem ser percebida por algum tempo, entretanto, o bancário ambicioso com a idéia de ganhar mais dinheiro a partir de nada fez com que ele aumentasse a quantidade de empréstimo concedida, e as pessoas começaram a perceber isso e passaram a demandar por dinheiro em ouro em vez de papel, isso obviamente fez com que muitos bancos acabassem e naturalmente o público perdeu a confiança nos banqueiros. O documentário explica que teria sido simples proibir essa prática, no entanto, grandes créditos concedidos por grandes bancos haviam se tornado indispensáveis para a expansão comercial europeia. Assim, as autoridades monetárias passaram a definir o limite para o dinheiro fictício que podia ser emprestado. Esse sistema foi optado pois, em caso de suspeita de uma “corrida aos bancos”, o banco central prestaria socorro mandando ouro para os bancos locais, caso vários bancos não pudessem honrar as dívidas, poderia ocorrer uma bolha de crédito que faria o sistema dos banqueiros entrar em colapso. Com o passar dos tempos, a natureza essencial do dinheiro mudou, o dólar antigamente poderia ser determinado em peso de ouro ou prata, hoje o dólar-papel ou eletrônico só pode ser resgatado por outro dólar-papel. E isso nos traz de volta ao assunto já estudado nas aulas anteriores sobre as diferenças de valor intrínseco e moeda fiduciária. Outra coisa que mudou foi o crédito criado em bancos só existiam na forma de notas bancárias que podiam ser recusadas, mas hoje, o crédito criado por bancos é legalmente convertido em moedas fiduciarias emitida pelo governo. Seguindo para o próximo tópico analisado neste documentário, Grignon faz uma pergunta de grande importância, “Se o governo e os bancos podem todos criar dinheiro, então quanto dinheiro existe?”. Ele responde dizendo que hoje em dia, o dinheiro é criado como dívida, ou seja, o dinheiro é criado no ato de empréstimo. Desta forma, o limite para a criação de dinheiro novo é determinado somente por total de dívidas contraídas. Assim, o governo cria outro limite estatutário à criação de dinheiro novo, por meio de regras chamada “exigência de reserva”. Antigamente, era necessário existir pelo menos 1 dólar em dinheiro no banco para cada 9 em crédito. Nos dias de hoje, as reservas de um banco consistem de duas coisas: a quantia em moeda corrente mais o dinheiro depositado pelos clientes do banco. Em seguida Grignon faz afirmações que considerei como pontos fracos, primeiramente ele fala que os bancos emprestam dinheiro que não têm, isso porque de vinte anos para cá, os bancos vêm pressionando os governos para diminuir o depósito de reserva inicial a quase nada. Existem países com exigência de reserva de 9 para 1, entretanto, em alguns tipos de contas, a relação é frequentemente de 20 para 1 ou de 30 para 1. Outro ponto fraco é a afirmação de que alguns bancos não têm reserva alguma. Grignon explica isso explicando que os bancos conseguem eliminar totalmente o obstáculo da reserva mínima inicial, ou seja, na realidade os bancos podem criar tanto dinheiro quanto nós quisermos tomar empréstimo. Outro ponto importante apresentado por Grignon é de que os bancos só podem manter esse sistema monetário com o consentimento do governo, pois primeiro, os governos criam leis de moeda legal para nos forçar a usar a moeda fiduciária nacional. Segundo, permitem que o crédito de bancos particulares seja convertido em moeda fiduciária. Terceiro, a Justiça obriga a pagar dívida em moeda fiduciária. E por fim, os governos criam regulamentos para garantir o funcionamento e a credibilidade do sistema, sem revelar ao público a verdadeira origem do dinheiro. Por fim, Grignon afirma que as dívidas podem ser contraídas praticamente sem limite, logo o dinheiro também é ilimitado. Da mesma forma, se não existissem dívidas não existiria dinheiro. Essas afirmações são feitas pois, quando o contrato de empréstimo é assinado, o banco registra no computador a transferência da quantia para a conta do prestatário. Para o prestatário, a nova dívida aparece como “dinheiro disponível”, e já que o governo permitiu que o empréstimo fosse convertido em moeda fiduciária, todos temos que aceitar como “dinheiro”. Sendo assim, Grignon afirma que os bancos não emprestam dinheiro, eles simplesmente criam dinheiro a partir da dívida. Por fim, com base nos estudos da disciplina até agora, essa afirmação dada por Grignon, não está inteiramente correta, pois se de fato os bancos pudessem criar moeda ilimitadamente, o sistema monetária já teria entrado em crise à muito tempo, pois com essa alta oferta monetária, chegaria à um ponto em que haveria uma enorme quantidade de dinheiro na economia, que desenvolveria um desequilíbrio e crise econômica. Referência: GRIGNON, Paul. O Dinheiro Como Dívida. Youtube, 21 de junho de 2014. Disponível em: <https://youtu.be/Y_ptaUxVTnI>. Acesso em 03 de out. de 2021.
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