Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Identificação da Obra: O Espírito das Leis, Editora Martin Claret, 1ª Edição, 2006, São Paulo. Resenha Crítica A texto que segue busca tratar de tópicos como a contextualização e a análise crítica da obra de Charles de Montesquieu: O Espírito das Leis. Montesquieu nasceu em 1689 na França, formou-se em direito em Bordeaux. Publicou obras como “Cartas persas” onde critica a vida mundana da sociedade de Paris. Seus livros e sua influência trouxeram reconhecimento ao autor levando-o à Academia Francesa de Ciências. Em 1748 foi publicado O Espírito das Leis onde Montesquieu trabalha a divisão dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) e analisa várias esferas da vida social como também da vida política, religiosa, econômica, etc. Montesquieu trabalha nessa obra uma reflexão entre as relações que envolvem a sociedade e o Estado Laico. Montesquieu explora a relação que existe segundo ele entre lei, natureza e princípio de cada governo. O autor em questão foi um dos precursores do método comparativo-indutivo usado atualmente na ciência política. Em uma viagem à Europa Montesquieu estudou a constituição da Inglaterra e a partir dela formulou a obra O Espírito das leis com a tripartição do poder. O modelo de três poderes já havia sido trabalhado por Locke aproximadamente cem anos antes de Montesquieu, mas o segundo autor trabalhou o tema de forma ampla e sistematizada. Montesquieu argumenta que os diferentes governos têm seus respectivos princípios (o que faz agir), ou seja, a alma do governo, que é o que determina a forma de governo; e possui também sua natureza própria (o que faz ser) que distingue as estruturas dos governos (quem governa e quantos governam) e as leis políticas. Partindo desses dois conceitos o autor distingue três formas diferentes de organização política: monarquia, república e despotismo. O despotismo se trata, para Montesquieu, de uma forma corrompida de governo, onde o princípio é o medo e o príncipe procura sempre manter o braço erguido, em outras palavras, o príncipe busca manter-se no poder e para isso está sempre preparado e disposto a usar a força constante, é um tipo de governo que se corrompe pela sua própria natureza, as leis do despotismo correspondem à vontade do déspota. A monarquia apresenta poderes intermediários entre o príncipe e os súditos, tais como o clero e a nobreza, e tem como princípio, a Honra, que é a idéia de que o que prevalece é o respeito às leis. Fato que submete o monarca ao cumprimento das leis. Essa forma de governo se corrompe na inexistência dos corpos intermediários entre o rei e os súditos. Na monarquia a honra ocupa do lugar da virtude, ela se relaciona com o “seguir as leis”. Na república, temos duas categorias; a república aristocrática e a democrática. Na democracia é o povo quem detém o poder tendo como princípio a virtude política, o espírito cívico, o amor a pátria, a idéia de colocar a pátria acima dos interesses particulares, o amor a pátria vai existir se existir entre os indivíduos a igualdade (contenção da ambição particular) e a frugalidade (simplicidade), o corromper dessa forma de governo se dá pela extinção da igualdade. A função do povo na democracia é eleger seus representantes, pois o povo não sabe tomar decisões sozinho. Na aristocracia o senado auxilia os nobres a tomarem decisões. Os representantes do senado são escolhidos por sua distinção em relação aos demais. O princípio da Aristocracia é a virtude da moderação, onde os nobres se tornam próximos às demais classes devido a essa moderação; quando os nobres não agem mais de forma moderada o governo aristocrático se corrompe. O autor argumenta livro XI, capítulo central, como a liberdade política se relaciona com as leis. Segundo Montesquieu, ser livre é seguir às leis, pois, a partir do momento que se segue leis positivas, ou seja, criadas por quem as obedecem, se obedece apenas a si mesmo e ao mesmo tempo a todos. Desse ponto de vista conclui-se que a liberdade só será realizada nas formas monárquicas e republicanas de governo, pois no despotismo o príncipe governa para si mesmo. Para que se possa haver liberdade (um governo moderado) é preciso que não haja abuso do poder, ou seja, o poder deve controlar o poder. É aqui o ponto onde Montesquieu propõe a separação do poder em três partes: o poder legislativo, executivo e judiciário. Essa tripartição apresenta uma divisão horizontal dos poderes, pois não há entre eles uma hierarquização, pelo contrario, Montesquieu afirma que esse tipo de divisão existe para que o poder regule o poder, ou seja, para que os três poderes se regulem entre si harmoniosamente e de forma interdependente a fim de garantir a liberdade dos indivíduos. Para Montesquieu as leis devem se submeter às condições particulares de cada país, tais como o clima, a conduta da população, o território e suas riquezas naturais. A liberdade política nomeia a capacidade dos indivíduos de fazer tudo o que seja permitido pela lei. Cabe então ao poder legislativo elaborar leis que se encaixem a todos os indivíduos tanto na sua totalidade como na sua individualidade, leis que representem a realidade da sociedade em questão. Ao executivo cabe a função de executar as leis e administrar a coisa publica e, por fim, ao judiciário cabe julgar os conflitos de interesses dos indivíduos se baseando na lei. A obra de Montesquieu publicada em 1748 trouxe as mais diversas contribuições ao campo político jurídico, como a tripartição dos poderes, a sociologia da política, a tipologia das formas de governo dentre várias outras. A forma como o autor tratou esses tópicos se mostra de conteúdo contemporâneo na medida em que seus ensinamentos sobre a teoria dos três poderes são ainda hoje usados na formulação das leis. Referência Bibliográfica: MONTESQUIEU, Charles-Louis de Secondat. Do Espírito das Leis. Editora Martin Claret, 1ª Edição, 2006, São Paulo.
Compartilhar