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FILOSOFIA POLÍTICA AULA 05: O CONTRATUALISMO DE JOHN LOCKE Prof. Dr. Rafael Pons Reis CONVERSA INICIAL O objetivo do presente texto consiste em apresentar a visão política e os principais argumentos de John Locke a partir da obra “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil”. Para tanto, na primeira seção serão abordadas as principais características do Estado Constitucional, evidenciando o constitucionalismo como forma de organizar o Estado de modo a não permitir o abuso do poder pelo governante sobre os cidadãos. Na segunda seção delinearemos o pensamento político de John Locke, em específico sobre seu entendimento acerca do estado de natureza e a importância atribuída ao texto constitucional de um governo civil. Na seção seguinte, apresentaremos a concepção de Estado para Locke, destacando a lei da razão, as violações ao indivíduo no estado de natureza e as motivações entre os indivíduos para a adição de uma sociedade civil. Na quarta seção serão apresentadas algumas lições extraídas do pensamento político de Locke para a Filosofia Política. E, na última seção, abordaremos algumas aplicações dos ensinamentos de Locke para a política internacional contemporânea. TEMA 1 – O ESTADO CONSTITUCIONAL Na quinta vídeo-aula estudamos o pensamento político de um dos autores mais conhecidos da Ciência Política contemporânea, estamos nos referindo a John Locke a partir de sua obra, “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil”. Em seu tempo, Locke foi um dos principais expoentes do conjunto de teorias políticas intitulada o Contratualismo, que entende a origem da sociedade e o fundamento do poder político do Estado em um contrato, um acordo tácito entre os membros de uma sociedade que representaria o fim do estado natural e o início do estado civil ou político. Dentre os principais autores dessa escola de pensamento destacamos Johannes Althusius (1557-1638), Thomas Hobbes (1588-1679), Baruch Spinoza (1632-1677), Samuel Pufendorf (1632-1694), John Locke (1632-1704), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Immanuel Kant (1724-1804). Veremos no presente texto uma nova perspectiva do pensamento político moderno que irá de encontro acerca da genealogia do Estado, estamos nos referindo ao Constitucionalismo, que, segundo o nosso livro-base, designa: 3 “(...) um conjunto de escritos de intelectuais contra o abuso do poder do Estado, os quais concebiam a constituição como um conjunto de preceitos que proclamava e assegurava os direitos dos indivíduos antes as ações do Estado” (QUADROS, 2016, p. 94). A emergência de uma nova perspectiva na teoria política, o constitucionalismo, acerca da origem do Estado e da configuração das formas de governo decorre em face do contexto político que a Europa vivia entre os séculos XVII e XVIII. A conjuntura histórica europeia dava sinais de desgaste e obsolescência do modelo do Estado absolutismo (defendido por Maquiavel na obra O Príncipe; e por Hobbes, em Leviatã), momento em que o respectivo modelo passa a ser questionado em virtude do risco para os cidadãos de deixar todo o poder nas mãos de um governante. É neste contexto que surge o constitucionalismo, com o propósito de criar uma forma de organizar o Estado que não permita o abuso do poder por parte do governante. Neste momento a pergunta que fazemos é: de que forma seria possível impedir o abuso de poder pelo governante? Para os constitucionalistas, a resposta está ancorada na limitação do poder por meio da criação de um contrato, qual seja, uma Constituição. Em outras palavras, a limitação do poder precisa necessariamente estar pautada pela Constituição, ou seja, precisa estar presente no texto constitucional do Estado. O constitucionalismo se evidencia por abrigar um conjunto de obras de intelectuais que lutaram contra o abuso do poder dos governantes. Dentre esses autores, destacamos John Locke, Montesquieu e Jean-Jacques Rousseau (que veremos na aula 6), que defendiam o argumento acerca da necessidade da criação de uma constituição a fim de garantir os direitos fundamentais dos indivíduos ante as ações do Estado. Sendo assim, o Estado é criado para garantir os direitos dos indivíduos, e o pensamento comum entre os constitucionalistas é o de que os direitos do homem devem estar no topo da lista de prioridades em relação a construção de normas e regras. Um exemplo bastante ilustrativo nesse sentido é a Constituição Brasileira, de 1988, cujo Capítulo I (Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos), destaca em seu quinto artigo: 4 “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)” (CONSTITUIÇÃO, 2020, p. 10). Na citação acima podemos ver o reconhecimento e a importância dos direitos fundamentais do homem, que por sua vez estão resguardados pelo Estado por meio da Constituição. Na próxima seção delinearemos o pensamento político de John Locke, que sinaliza o argumento de que a melhor forma de limitar o poder do governante é construir dispositivos e mecanismos constitucionais de forma a ter garantias de que o Estado não violará os direitos fundamentais dos indivíduos, mas, antes disso, o Estado irá reconhecer esses direitos bem como protegê-los integralmente. TEMA 2 – O PENSAMENTO POLÍTICO DE JOHN LOCKE John Locke foi um importante filósofo inglês (considerado como o principal pensador do empirismo1 britânico), ficou conhecido com a alcunha de “pai do liberalismo político” e é um dos principais teóricos do contrato social. Publicou várias obras na área da Filosofia, como a “Carta Sobre a Tolerância” (1689), “Ensaio Sobre o Entendimento Humano” (1689), e a obra mais importante em Filosofia Política, o “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil” (1689). A defesa política de Locke acerca da criação de um Estado nos moldes liberais ganhou extensa notoriedade em várias regiões do mundo, que por sua vez acabaram por inspirar revoluções liberais tais como a Revolução Gloriosa inglesa2 (1688), a independência norte-americana (1776) e a Revolução Francesa (1789). Na obra “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil”, de forma geral, Locke sistematiza seus argumentos no sentido de desconstruir os 1 No campo de estudo da Filosofia, o empirismo consiste em uma teoria do conhecimento que afirma que a produção do conhecimento sobre o mundo vem apenas e tão somente por meio da experiência sensorial. 2 A Revolução Gloriosa ocorreu entre 1688 e 1689 na Inglaterra, foi um evento que marcou não apenas a história da Inglaterra, que culminou com a vitória do Parlamento sobre a monarquia absolutista, mas para o pensamento político moderno. 5 pressupostos acerca da possibilidade de a monarquia absolutista ser uma forma de governo capaz de garantir os direitos naturais do indivíduo. O ponto de partida para compreendermos o pensamento político de Locke está no estado de natureza, que, para ele, não possui uma origem histórica, uma data de início na história das sociedades humanas, mas uma situação caracterizada de plena igualdade entre todas os indivíduos. Essa condição de igualdade, regida pela lei natural, dava aos indivíduos a possibilidade de possuírem qualquer bem natural, inclusive sobre o bem do outro, sem restrições, de modo que nenhum teria mais do que o outro. A condição irrestrita da igualdade entre os homens sobre a propriedade natural, segundo o pensador, criava problemas quando eles disputavam a mesma posse, entendida como o direito que ele tem sobre alguma coisa. A saída deste impasse seria então a criação de um governo (Estado) civil dotado de normas e regras (leis) que por sua vez regulamentariam osconflitos e o direito de posse. Neste sentido, Norberto Bobbio capta muito bem esse momento ao ressaltar a razão humana durante a passagem do estado natural para o estado civil: “a imagem de um Estado que nasce do consenso recíproco de indivíduos singulares, originalmente livres e iguais, é uma pura construção do intelecto” (1998, p. 2). De posse destas considerações podemos afirmar que, segundo Locke, partindo do estado de natureza, a construção e a efetivação do contrato social, fruto da razão humana, se dá por meio da construção de leis (Constituição) de forma que o Estado prescreve o comportamento dos indivíduos bem como impediria os conflitos entre os mesmos. Assim sendo, a Constituição asseguraria os direitos naturais (igualdade e liberdade) do homem frente às ações do Estado, especificamente em relação ao abuso de poder por parte deste. TEMA 3 – O ESTADO EM JOHN LOCKE Para compreendermos a proposta de Locke acerca da criação do Estado é importante darmos atenção para três importantes elementos presentes na concepção do autor sobre o estado de natureza. Primeiramente, destacamos a liberdade que o indivíduo desfruta no estado natural, que consiste na 6 possibilidade do mesmo de agir e dispor dos meios que entenda ser necessário para garantir sua sobrevivência. Outro elemento importante no estado natural é a condição de igualdade, “que se define como a situação em que todos os homens são dotados das mesmas faculdades e capacidades intelectuais e físicas para atingir seus objetivos pessoais” (QUADROS, 2016, p. 96). E o terceiro elemento, as posses, consistem nos recursos (abrigo, propriedades, terras, riquezas) e tudo aquilo capaz de oferecer sustento e meios para que o indivíduo possa garantir a sua sobrevivência. Além dos elementos apresentados Locke destaca a máxima dada por ele chamada de a lei da razão, que consiste no argumento de que o homem não deve violar os bens e propriedades do outro, ou seja, a noção de liberdade do indivíduo deve ser orientada a partir dos limites da lei da natureza. Trata-se de uma lei que procura orientar o comportamento dos indivíduos a partir da retidão, uma vez que sendo o homem dotado de racionalidade, deve ser um agente reflexivo de suas próprias ações. O estado de natureza, para Locke, não consiste em uma situação em que impera o caos e a desordem, antes disso, para ele, seria o espaço de uma relativa harmonia entre os indivíduos. No entanto, o mesmo afirma a existência de algumas situações inconvenientes que por sua vez seriam as principais motivadoras para a construção do Estado. Em face da desigualdade da distribuição de bens e recursos no estado de natureza (uns tem mais, outros menos), violações de propriedade poderiam ocorrer tanto por parte dos mais pobres (em condição de penúria), na tentativa de garantir sua autopreservação, como pelos mais ricos, na condição de exploração sobre os mais pobres. A possibilidade da ocorrência de violações no estado de natureza caracterizaria momentos de conflito, uma que, segundo Locke, todos os indivíduos que estão envolvidos em conflito tenderiam a ser juiz em causa própria, cujo resultado prático seria chamado por ele de uma situação de guerra de todos contra todos. Ainda segundo a quinta vídeo-aula do Professor Doacir Quadros, para Locke, os homens não são capazes de aplicar e respeitar a lei da razão, que por sua vez regularia o mau comportamento impedindo a violação da propriedade alheia. A criação do Estado seria, portanto, necessária para a regulamentação da posse de bens e pela manutenção da ordem na sociedade 7 civil permeada por normas e regras. O Estado, enquanto árbitro imparcial, seria o agente legislador responsável para a solução pacífica de controvérsias, sendo assim o protetor e o executor da lei da razão. Importante ressaltarmos o fato de Locke não ser um defensor da democracia, pois ele entende que a sociedade é desigual em face da má distribuição de bens e recursos no estado natural (pré-político) e que, por sua vez, nem todos os indivíduos poderiam ou teriam condições de participar ativamente das decisões relacionadas as coisas públicas; o que acabaria levando inevitavelmente à exclusão de pessoas no processo de participação política da sociedade. TEMA 4 – AS LIÇÕES DE JOHN LOCKE PARA A TEORIA POLÍTICA MODERNA Vimos até aqui a importância dada por Locke aos direitos invioláveis e inalienáveis do homem, quais sejam, à liberdade, à vida e à propriedade. A proteção destes direitos se dá por meio do estabelecimento de um contrato por meio do qual é construído o Estado, composto de um corpo político formado pelo Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Para Locke, o papel soberano da sociedade é o Legislativo, que são os representantes do povo. Importante mencionarmos que esse corpo político tem como objetivo primordial garantir o cumprimento da lei da natureza, resguardando, desse modo, as propriedades de todos os membros que aderiam ao contrato. Diferentemente de Hobbes e Maquiavel, o poder político do Estado (que surge a partir do contrato) é limitado, e não absoluto. Sendo assim, tendo o Legislativo o poder supremo, Locke (citado por Weffort, 1998, p. 83) menciona que: “Nenhum governo pode ter direito à obediência de um povo que não a consentiu livremente [...] os homens sob qualquer governo [absoluto] não estarão no estado de homens livres, mas serão escravos diretos sob a força da guerra”. O chefe do Executivo exerce um poder subordinado ao poder Legislativo, tendo este a obrigação de acompanhar permanentemente a execução das leis elaboradas. Se o objetivo último do Estado consiste em dar cumprimento à lei da natureza, resguardando os direitos invioláveis do homem, perguntamos ao 8 leitor: o que ocorre quando o Estado passa a ser o violador dos direitos do indivíduo. Locke responde essa pergunta chamando a atenção para o fato de que o cidadão, caso se encontre injustiçado em relação ao Estado, pode resistir a essa violação se opondo ao poder Executivo e também ao Legislativo, situação esta muito característica de democracias modernas, aliás, trata-se de uma das condições necessárias à democracia. De posse destas considerações não é surpreendente chegarmos à conclusão que o governo civil é a forma institucionalizada do estado de natureza. Em outras palavras, a função do Estado consiste em dar cumprimento à lei da natureza, protegendo os direitos dos indivíduos tais como a igualdade, a liberdade e a propriedade. Tendo em vista a distribuição desigual dos recursos presente no estado de natureza, uma vez estabelecido o contrato social, o Estado vai legitimar, por meio da lei, a distribuição desigual dos recursos e torná-la privada. Sobre este último aspecto, Doacir Quadros menciona que uma interpretação bem recorrente na literatura especializada é a de considerar os argumentos de John Locke, acerca da criação da sociedade civil, como favoráveis à necessidade de regulamentação do regime de propriedade privada pelo Estado (2016). Um outro aspecto muito trabalhado na teoria política contemporânea é conhecido como individualismo possessivo. Este termo assenta suas bases entre os autores contratualistas tais como Hobbes e Locke, e designa a defesa e a garantia irrestritas da propriedade dos indivíduos pelo governo civil, pelo Estado. Designa também a emergência da classe burguesa e sua preocupação com a acumulação de capital. Uma vez formada a sociedade civil, “o cidadão se torna formalmente proprietário de si mesmo e de suas capacidades” (QUADROS, 2016, p. 99). Dito de outra forma, o dinheiro e as riquezas entendidas como propriedade privada passam a ser legitimadas e, portanto, protegidas pelo Estado, fazendo com que a acumulação material seja legalmente possível, mesmo que isso represente no aumento da desigualdadeentre os homens. Assim exposto é possível compreendermos a importância de Locke como o fundador do liberalismo político bem como um dos “ancestrais” liberalismo econômico. O pensamento de Locke acerca de um Estado que limite ao mínimo suas ações sobre os atores da sociedade civil (em especial os agentes econômicos) pode ser encontrado nos defensores do liberalismo no 9 plano internacional, isto é, tais defensores partem da premissa de que devem ser dadas as condições no âmbito da política internacional contemporânea para que os Estados nacionais possam atingir seus respectivos interesses nacionais. TEMA 5 – COMO TORNAR O SISTEMA INTERNACIONAL COOPERATIVO? O acirramento da competição internacional entre os Estados nas últimas décadas tem recebido especial atenção pela comunidade acadêmica, momento em que atualmente vislumbramos uma grande polarização econômica e política entre dois gigantes: os Estados Unidos e a China. Neste sentido, qualquer tentativa de compreender a atual ordem internacional, especialmente as relações de poder na economia política internacional, precisa passar pelo crivo acerca dos interesses dos Estados e do papel das organizações internacionais criadas por eles, que por sua vez exercem uma considerável influência nos comportamentos dos Estados nos mais variados temas, sobretudo na esfera comercial. Dada a influência do pensamento liberal nas relações entre os Estados na política internacional, sobretudo a partir de meados do século XIX, é mister frisar a emergência de um conjunto de autores (conhecidos como liberal- idealistas) acerca do argumento de que o livre-comércio internacional poderia trazer reais possibilidades de diminuir o fenômeno da guerra. A explicação trazida por eles é a de que o aumento da interdependência econômica entre os Estados poderia contribuir para a criação de um ambiente mais cooperativo de forma a facilitar as trocas e as transações comerciais. Adicionalmente, a criação de organizações internacionais tal como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e de seu Órgão de Solução de Controvérsias, poderia amenizar possíveis situações de litígio e conflito entre os Estados, organizações que agiriam como árbitros em decisões internacionais, tal como Locke refere-se em relação ao papel dos tribunais na sociedade civil e de sua imparcialidade. Uma outra perspectiva liberal muito discutida no campo de estudos das Relações Internacionais é a Teoria da Paz Democrática, desenvolvida por Michael Doyle. Este autor denomina de “estados liberais” aqueles “Estados 10 com alguma forma de democracia representativa, uma economia de mercado baseada em direitos de propriedade privada, e proteção constitucional de direitos civis e políticos” (DOYLE, 1983, p. 207). O argumento central desta teoria consiste na afirmação de que as democracias liberais estariam menos propensas a entrar em guerra do que outros regimes políticos. Aproximando- nos um pouco de Locke, a despeito do fato de que o papel soberano da sociedade estaria representado no poder Legislativo (composto pelos representantes do povo), em situações de possibilidade de guerra, o povo, estando mais “próximo” do Legislativo em relação aos outros poderes, iria pensar duas ou mais vezes antes de aceitar a entrada do país em guerra. Além disso, é muito raro encontrar exemplos na história sobre a ocorrência de guerra entre duas democracias liberais. E, por fim, não poderíamos deixar de mencionar o importante papel exercido pelas organizações internacionais tais como a Organização das Nações Unidas (ONU), a OMC, o Tribunal Penal Internacional (TPI), dentre outras, no sentido de contribuírem para a defesa da solução pacífica de controvérsias, da diplomacia, das regras comerciais, da livre concorrência, dos direitos humanos, do meio ambiente, dentre outros temas e agendas importantes para a manutenção da paz no cenário internacional. NA PRÁTICA Em face das contribuições do pensamento de Locke na Ciência Política contemporânea e no campo de estudos das Relações Internacionais, recomendamos fortemente a leitura do terceiro capítulo de nosso livro-base, a saber, “O Estado na Teoria Política Clássica”, escrito pelo Professor Dr. Doacir Quadros, bem como assistir a quinta vídeo-aula e dos respectivos slides da aula. Além disso, recomendamos as seguintes leituras: Teoria Geral do Estado, escrito por Marcus C. Aquaviva, em especial o capítulo nove (O Estado entre Estados: as Organizações Interestatais), e o capítulo 10, em que ele traz importantes leituras complementares sobre o que foi discutido até aqui, à luz da Filosofia Política, especificamente os seguintes textos: “O homem e o Estado”, de Jacques Maritain, “O Estado como instrumento a serviço do homem”, “O 11 que é uma Constituição” e “Constituição e a constituição jurídica”, conforme assinalada pelo Professor Doacir. FINALIZANDO O objetivo deste material referente à quinta vídeo-aula de nossa disciplina foi trazer alguns conceitos e pensamentos de um dos autores contratualistas mais influentes de sua época, John Locke. Reconhecido como o “pai” do liberalismo político, por meio de sua obra “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil”, foi possível apresentar sua visão política acerca do estado de natureza e do papel do Estado enquanto corpo político (formado pelo Legislativo, Executivo e Judiciário) responsável em legitimar e resguardar os direitos fundamentais dos cidadãos (liberdade, igualdade e propriedade). Locke traz algumas inovações dentro do Contratualismo ao sugerir não apenas uma nova visão sobre as razões que levam o homem a aderir ao contrato social (violações de propriedade em face da desigual distribuição dos recursos), mas sobre a natureza do contrato, especificamente sobre a elaboração de uma Constituição (constitucionalismo) capaz de estabelecer os limites da ação do governo civil a fim de prevenir possíveis abusos de poder por parte deste. E, por fim, não poderíamos deixar de mencionar as contribuições do pensamento liberal não apenas para a Ciência Política, mas também para o campo de estudo das Relações Internacionais, em que pese as reflexões acerca da importância da liberdade econômica no plano internacional e o aumento da interdependência econômica entre os Estados a fim de evitar conflitos e a ameaça da guerra; e o papel das organizações internacionais contribuindo para a regulamentação de normas e regras internacionais por meio da solução pacífica de controvérsias e da promoção da diplomacia. REFERÊNCIAS ACQUAVIVA, Marcus C. Teoria Geral do Estado. Barueri, São Paulo: Manole, 2010. BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1ª ed., 1998. 12 CONSTITUIÇÃO (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 05 de outubro de 1988, compilado até a Emenda Constitucional no 105/2019. – Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2020. DOYLE, Michael. Kant, Liberal Legacies, and Foreign Affairs. Part I, Philosophy and Public Affairs, vol. 12, no.3, 1983. QUADROS, Doacir G. de. O Estado na teoria política clássica: Platão, Aristóteles, Maquiavel e os contratualistas. Curitiba: Editora Intersaberes, 2016. WEFFORT, Francisco C. Os clássicos da política. Volume 1, 1ª. Ed. São Paulo: Ática, 2011.
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