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6.3.2.3 Elementos naturais ou identificadores do negócio jurídico ● Os elementos naturais do negócio jurídico são aqueles que identificam determinado negócio jurídico celebrado. Têm a sua origem nos efeitos comuns do negócio, sem que exista a menção expressa da sua existência, nascendo como consequência comum da norma jurídica. Para facilitar, temos o exemplo que um dos elementos identificadores da compra e venda é o preço, nome dado a esse tipo de remuneração. Na locação de imóveis, recebe o nome de aluguel e assim vai. ● Tanto o preço quanto o aluguel são elementos essenciais e naturais da compra e venda da locação, respectivamente, estando inseridos no plano de validade 6.3.2.4 Elementos acidentais do negócio jurídico ● Os elementos acidentais do negócio jurídico são aqueles que se lhe acrescentam com o objetivo de modificar uma ou algumas de suas consequências naturais. ● Os elementos acidentais do negócio jurídico: a condição, o termo e o encargo ou modo. 1. Condição ● É o elemento acidental do negócio jurídico, que, derivando exclusivamente da vontade das partes, faz o mesmo depender de um evento futuro e incerto- Art. 121 do C.C. Para a devida diferenciação, na hipótese em que o efeito do negócio estiver subordinado a evento futuro e certo, o elemento será o termo e não a condição ● De acordo com a primeira parte do art. 122 do CC/2002 devem ser consideradas lícitas todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes. A segunda parte desse mesmo dispositivo – art. 122 do CC – prevê que são proibidas todas as condições que privarem de todo o efeito o negócio jurídico ou que sujeitem o mesmo à vontade de somente uma das partes. ● Quanto aos seus efeitos, lembre-se que as condições física e juridicamente impossíveis invalidam o negócio jurídico celebrado, quando tiverem efeitos suspensivos, sendo caso de nulidade absoluta Condições física ou juridicamente impossíveis Quando resolutivas São consideradas não escritas (inexistentes), mas o negócio continua válido; Quando suspensivas Invalidam tanto a condição como o negócio jurídico, caso de um contato, assim como as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita, e as condições incompreensíveis ou contraditórias. ● Sem prejuízo de tudo que foi visto até agora, a condição admite diversas classificações, que serão apontadas abaixo ● Classificação quanto a sua licitude ● Condições lícitas: são aquelas que estão de acordo com o ordenamento jurídico, nos termos do art. 122 do CC, por não contrariarem a lei, a ordem pública ou os bons costumes. Não geram qualquer consequência de invalidade do negócio jurídico. Exemplo: venda dependente de uma aprovação do comprador (venda a contento ou ad gustum) ● Condições ilícitas: são aquelas que contrariam a lei, a ordem pública ou os bons costumes; gerando a nulidade do negócio jurídico a ela relacionado. Exemplo: venda dependente de um crime a ser praticado pelo comprador 2-Quanto à possibilidade ● Condições possíveis: são aquelas que podem ser cumpridas, física e juridicamente, não influindo na validade do negócio. Exemplo: venda subordinada a uma viagem do comprador à Europa. ● Condições impossíveis: são aquelas que não podem ser cumpridas, por uma razão natural ou jurídica, influindo na validade do ato e gerando a sua nulidade absoluta, nos termos do que prevê a lei. Exemplo: venda subordinada a uma viagem do comprador ao planeta Marte. 3- Quanto a origem da condição ● Condições causais: são aquelas que têm origem em eventos naturais, em fatos jurídicos stricto sensu. Exemplo: alguém se compromete a vender um bem a outrem caso chova. ● Condições potestativas: são aquelas que dependem do elemento volitivo, da vontade humana, sendo pertinente a seguinte subclassificação 2. Condições simplesmente ou meramente potestativas: dependem das vontades intercaladas de duas pessoas, sendo totalmente lícitas. Exemplo: alguém institui uma liberalidade a favor de outrem, dependente de um desempenho artístico (v.g. cantar em um espetáculo). 3. Condições puramente potestativas: dependem de uma vontade unilateral, sujeitando-se ao puro arbítrio de uma das partes (art. 122 do CC, parte final). São ilícitas, segundo esse mesmo dispositivo. Exemplo: dou-lhe um veículo, se eu quiser. ● Condições mistas: são aquelas que dependem, ao mesmo tempo, de um ato volitivo, somado a um evento natural. Exemplo: Te dou um veículo se você cantar amanhã, desde que esteja chovendo durante o espetáculo. 4-Quantos aos efeitos da condição ● Condições suspensivas: são aquelas que, enquanto não se verificarem, impedem que o negócio jurídico gere efeitos (art. 125 do CC). Exemplo ocorre na venda a contento, principalmente de vinhos, cujo aperfeiçoamento somente ocorre com a aprovação ad gustum do comprador. Enquanto essa aprovação não ocorre, a venda está suspensa. Desse modo, enquanto não se verifica a condição, o negócio é ainda pendente. Ocorrendo a condição, tem-se o implemento. Se a condição não é realizada, há a frustração -De acordo com o art. 126 do CC/2002, se alguém dispuser de alguma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquelas novas disposições, estas últimas não terão valor, caso ocorra o implemento do evento futuro e incerto, sendo a condição incompatível com essas novas disposições. -Como demonstrado, as condições suspensivas física ou juridicamente impossíveis geram a nulidade absoluta do negócio jurídico ● Condições resolutivas:são aquelas que, enquanto não se verificarem, não trazem qualquer consequência para o negócio jurídico, vigorando o mesmo, cabendo inclusive o exercício de direitos dele decorrentes (art. 127 do CC). Isso ocorre no pacto de retrovenda, na venda com reserva de domínio e na alienação fiduciária em garantia. A regra analisada é complicada e merece ser explicada em um exemplo prático. Imagine um exemplo de uma venda de vinho celebrada com satisfação ou ad gustum. A recusa em aprovar, a recusa de vinho é um estado definitivo. Logicamente, se o comprador já adquiriu outras garrafas de vinho (preenchimento periódico ou negócios de beneficiamento sucessivos), a recusa em aprovar a última garrafa não afetará a venda anterior. Portanto, o comprador não pode alegar que não pagará pelas bebidas restantes, muito menos pelo jantar, o que é até prova de sua má-fé. A expressão se é utilizada para a condição suspensiva; a expressão enquanto para a condição resolutiva. 3 ● Termo O termo é o elemento acidental do negócio jurídico que faz com que a eficácia desse negócio fique subordinada à ocorrência de evento futuro e certo. Buscando uma primeira classificação, há o termo inicial (dies a quo), quando se tem o início dos efeitos negociais; e o termo final (dies ad quem), com eficácia resolutiva e que põe fim às consequências derivadas do negócio jurídico. É muito comum o aplicador do direito confundir a expressão termo com a expressão prazo. O prazo é justamente o lapso temporal que se tem entre o termo inicial e o termo final. Cabe visualização das diferenças pelo esquema a seguir: Termo Inicial (dies a quo) Prazo Termo Final (dies ad quem) Condição suspensiva – Suspende o exercício e a aquisição do direito; – subordina a eficácia do negócio a evento futuro e incerto Inicial (ou suspensivo) direito; – Subordina a eficácia do negócio a evento futuro e certo O art. 132 do Código Civil brasileiro traz regras específicas a respeito da contagem dos prazos. – Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. – Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. – Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. – Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. – Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiverde ser feita em lugar diverso ou depender de tempo (art. 134 do CC). Conforme o art. 135 do CC, ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva, respectivamente. No que concerne às suas origens, tanto o termo inicial quanto o final podem ser assim classificados: • Termo legal – é o fixado pela norma jurídica. Exemplificando, o termo inicial para atuação de um inventariante (mandado judicial) ocorre quando esse assume compromisso. • Termo convencional – é o fixado pelas partes, como o termo inicial e final de um contrato de locação. O termo pode ser ainda certo ou incerto (ou determinado e indeterminado), conforme conceitos a seguir transcritos: • Termo certo ou determinado – sabe-se que o evento ocorrerá e quando ocorrerá. Exemplo é o fim de um contrato de locação celebrado por tempo determinado. • Termo incerto e indeterminado – sabe-se que o evento ocorrerá, mas não se sabe quando. Exemplo é a morte de uma determinada pessoa. Por fim, fica fácil também a identificação do termo, pois é comum a utilização da expressão quando (v.g., dou-lhe um carro quando seu pai falecer). c) Encargo ou modo O encargo ou modo é o elemento acidental do negócio jurídico que traz um ônus relacionado com uma liberalidade. Geralmente, tem-se o encargo na doação, testamento ou legado. O negócio gratuito ou benévolo vem assim acompanhado de um ônus, um fardo, um encargo; havendo o caso típico de presente de grego. Exemplo que pode ser dado ocorre quando a pessoa doa um terreno a outrem para que o donatário construa em parte dele um asilo. Quando se trata de doação modal ou paga, as regras especiais constam da parte especial do Código Civil. A doação modal é regulamentada no art. 540 do Código Penal, tendo em vista que a liberalidade ocorrerá apenas na parte que exceder a taxa imposta. Caso a alegação não seja acatada, a doação será retirada. 136 do Código Civil vigente, a taxa não suspende a aquisição ou o exercício do direito, salvo nas situações expressamente impostas em ação judicial pela concedente, como condição suspensiva. Então, no exemplo acima, o bolsista já está recebendo o terreno. Em princípio, a objeção difere da condição precedente precisamente por não suspender a aquisição ou o exercício de um direito ocorrido em um negócio jurídico, se isto ocorrer. Depois de estudar o assunto da Arte. 137 do Código Civil, que uma objeção ilegal ou impossível deve ser considerada não escrita, a menos que constitua um pré-requisito para a liberalização, caso em que o ato jurídico é invalidado. Na primeira parte, a instrução discutida introduz o princípio do comportamento empresarial ou contratual relacionado à função social dos contratos.
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