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MICROBIOLOGIA - ANTIBIOGRAMA 1. Qual é a nomenclatura do controle do crescimento? 2. O que é um antibiograma? 3. Como se faz um antibiograma? 4. O que um antibiograma revela? 5. Quando solicitar um antibiograma? 1. Definição Comentários Esterilização Destruição ou remoção de todas as formas de vida microbiana, incluindo os endósporos, possivelmente com exceção dos príons Normalmente realizada com vapor sob pressão ou um gás esterilizante, como o óxido de etileno Esterilização comercial Tratamento de calor suficiente para destruir os endósporos de Clostridium botulinum em alimentos enlatados Os endósporos mais resistentes de bactérias termófilas podem sobreviver, mas não germinarão e crescerão sob condições normais de armazenamento Desinfecção Destruição de patógenos na forma vegetativa em objetos inanimados. Pode fazer uso de métodos físicos ou químicos (desinfetantes) Antissepsia Destruição de patógenos na forma vegetativa em tecidos vivos O tratamento é quase sempre por antimicrobianos químicos (antissépticos, álcool 70%) Degerminação Remoção de microrganismos de uma área limitada, como a pele ao redor do local da aplicação de uma injeção. Basicamente uma remoção mecânica feita com algodão embebido em álcool. Sanitização Tratamento destinado a reduzir as contagens microbianas nos utensílios alimentares a níveis seguros de saúde pública. Pode ser feita por meio de lavagem em altas temperaturas ou imersão em um desinfetante químico. FONTE: TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, CL. Microbiologia. 12. ed., Porto Alegre: Artmed, 2016. Os tratamentos que causam morte direta dos microrganismos possuem o sufixo -cida, como biocida ou germicida (geralmente com exceções como os endósporos), fungicida, virucida e sucessivamente. Já os que inibem o crescimento e multiplicação de bactérias apresentam sufixo -stático ou -stase, significando interrupção ou estabilidade, como na bacteriostase. Em relação a sepse, trata-se de um termo para estragado ou podre – contaminação bacteriana. Asséptico significa que um objeto ou área está livre de patógenos. Assepsia é a ausência de contaminação significativa. (máscara, luva, EPIs) MICROBIOLOGIA - ANTIBIOGRAMA 2. O antibiograma é um relatório de suscetibilidade a antibióticos de uma bactéria e são especialmente úteis para determinar o surgimento de linhagens de patógenos resistentes aos antibióticos em uso nas instituições. 3. É feito através de uma cultura ou urocultura de bactérias, em que a secreção retirada do paciente é colocada em um meio nutritivo para as bactérias. O objetivo de alimentar as bactérias em cultura – em um prazo de cerca de 15 dias – é para que seja observado quais tipos de bactérias ou fungos cresceram nesse meio. Posteriormente, é feito o antibiograma propriamente dito, que consiste em colocar vários tipos de antibióticos em diferentes partes da placa e observar qual (ou quais) conseguiu conter o crescimento. Para realizar o antibiograma, o médico irá solicitar a coleta do material biológico como sangue, urina, saliva, catarro, fezes ou células do órgão contaminado por microrganismos. Após crescimento, o microrganismo é isolado e submetido a testes de identificação para que se possa chegar à conclusão do microrganismo responsável pela infecção. Após isolamento, é também realizado o antibiograma para que se saiba o perfil de sensibilidade e resistência do microrganismo identificado, que pode ser feito de duas maneiras: • Antibiograma por difusão em ágar: neste procedimento são colocados pequenos discos de papel que contêm diferentes antibióticos em uma placa com meio de cultura apropriado para crescimento do agente infeccioso. Após 1 a 2 dias na estufa, é possível observar se ouve ou não crescimento a volta do disco. Na MICROBIOLOGIA - ANTIBIOGRAMA ausência de crescimento, diz-se que o microrganismo é sensível àquele antibiótico, sendo considerado o mais indicado para o tratamento da infecção; • Antibiograma baseado em diluição: neste procedimento existe um recipiente com várias diluições de antibiótico com doses diferentes, onde são colocados os microrganismos que serão analisados, e é determinada a Concentração Mínima Inibitória (CMI) do antibiótico. O recipiente em que não foi observado crescimento microbiano corresponde à dose do antibiótico que deve ser utilizada no tratamento, já que impediu o desenvolvimento do microrganismo. Atualmente nos laboratórios o antibiograma é realizado por um equipamento em que são feitos testes de resistência e sensibilidade. O laudo liberado pelo equipamento informa quais os antibióticos que o agente infeccioso foi resistente e quais foram eficazes no combate do microrganismo e em qual concentração. Urocultura com antibiograma A infecção urinária é uma das infecções mais comuns em mulheres, principalmente, e em homens. Por isso, é comum que os médicos solicitem além do exame de urina tipo 1, o EAS, e a urocultura acompanhada de antibiograma. Dessa forma, o médico consegue verificar se há qualquer alteração na urina que seja indicativo de problemas nos rins, através do EAS, e a presença de fungos ou bactérias no trato urinário que possam indicar infecção, por meio da urocultura. Caso seja verificada a presença de bactéria na urina, é realizado a seguir o antibiograma para que o médico possa saber qual o antibiótico mais indicado para tratamento. No entanto, no caso de infecções urinárias, o tratamento com antibiótico só é recomendado quando a pessoa apresenta sintomas para evitar o desenvolvimento de resistência microbiana. 4. O resultado de antibiograma pode demorar até cerca de 3 a 5 dias e é obtido pela analise dos efeitos dos antibióticos no crescimento dos microrganismos. O antibiótico que inibir o crescimento microbiano é o indicado para tratar a infecção, mas caso seja verificado crescimento, indica que o microrganismo em questão não é sensível àquele antibiótico, ou seja, resistente. O resultado do antibiograma deve ser interpretado pelo médico, que observa os valores da Concentração Mínima Inibitória, também chamado de CMI ou MIC, e/ ou o diâmetro do halo de inibição, dependendo do teste que foi realizado. A CMI corresponde à concentração mínima de antibiótico que é capaz de inibir o crescimento microbiano e está de acordo com as normas do Clinical and MICROBIOLOGIA - ANTIBIOGRAMA Laboratory Standards Institute, o CLSI, e pode variar de acordo com o antibiótico a ser testado e o microrganismo que foi identificado. No caso do antibiograma por difusão em ágar, em que são colocados no meio de cultura com o microrganismo papéis contendo determinadas concentrações de antibióticos, após incubação por cerca de 18 horas é possível perceber a presença ou não de halos de inibição. A partir do tamanho do diâmetro dos halos é possível verificar se o microrganismo é não-suscetível, suscetível, intermediária ou resistente ao antibiótico. O resultado também deve ser interpretado baseando-se na determinação do CLSI, que determina que para o teste de susceptibilidade da Escherichia coli à Ampicilina, por exemplo, o halo de inibição menor ou igual a 13 mm é indicativo de que a bactéria é resistente ao antibiótico e que halo igual ou maior que 17 mm indica que a bactéria é sensível. 5. Em muitos casos apenas a avaliação clínica de um médico experiente já é capaz de avaliar o tipo de antibiótico(antimicrobiano) que será eficaz no tratamento de determinada infecção bacteriana, com base na anamnese e análise clínica do paciente. Contudo, às vezes um médico prescreve um antibiótico e a infecção não cessa, ele então, pode optar em "tentar empiricamente" um outro tipo de antibiótico ou optar por já pedir o exame antibiograma. O uso de antibióticos que não são adequados e eficazes para um microrganismo atrasa a recuperação da pessoa, trata parcialmentea infecção e favorece o desenvolvimento de mecanismos de resistência microbiano, tornando a infecção mais difícil de ser tratada. Por este mesmo motivo, é muito importante não utilizar antibióticos sem a orientação do médico e de forma desnecessária, pois isto pode acabar por selecionar microrganismos mais resistentes aos antibióticos, diminuindo as opções de remédios para combater as infecções. MICROBIOLOGIA - ANTIBIOGRAMA Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 40 anos, comerciante, natural e procedente de Brumado procura o ambulatório de dermatologia com queixa de lesão dolorosa na região lateral esquerda do tórax com aproximadamente 2 meses de evolução. Há 15 dias: pegou uma agulha, passou no fogo. Limpou a região da lesão com álcool. Furou a lesão. Relatou saída de pus. Entretanto, a lesão permaneceu. Falou: “parece que voltou a ser do mesmo jeito que era”. Ao exame clínico dermatológico havia na face lateral esquerda do tórax nódulo único, doloroso a palpação, com consistência mole, sinais de inflamação e presença de pústula centrada sobre a lesão. Diante do relato de uso indiscriminado de antibióticos pelo paciente foi realizada a colheita do material e enviado para cultura. Resultados: Houve crescimento bacteriano, visto na cultura de ágar em sangue, e no teste de coloração, foi possível identificar uma bactéria gram positiva sob a forma de estafilococos. Sugestão: Staphylococcus aureus, considerado um patógeno humano oportunista e freqüentemente está associado a infecções adquiridas na comunidade e no ambiente hospitalar. As infecções mais comuns envolvem a pele (celulite, impetigo) e feridas em sítios diversos. Apresentam várias formas de resistência, como SARM (resistente a meticilina – um tipo de penicilina) e SARG (resistente a glicopeptídeos). MICROBIOLOGIA - ANTIBIOGRAMA Baseado no perfil de sensibilidade do antibiograma o tratamento proposto foi o uso de sulfametoxazol/trimetoprim oral de 12 em 12 horas durante 10 dias havendo regressão completa da lesão. O paciente fez uso também de mupirocina tópica na região nasal e sabonete líquido de gluconato de clorexidina. Por que o médico indicou tais medicamentos? Sulfametoxazol + Trimetoprima – Antibiótico que impede a multiplicação e causa morte de bactérias. Infecções da pele e tecidos moles: piodermite, furúnculos, abscessos e feridas infectadas; Mupirocina – pomada antibiótica indicada para o tratamento de infecções bacterianas de pele como: impetigo, foliculite e furunculose (eliminação de estafilococos do nariz – Staphylococcus aureaus) – O Staphylococcus aureus está presente no nariz (em geral temporariamente) de cerca de 30% dos adultos saudáveis e na pele de cerca de 20%. Estudos demonstram que indivíduos que apresentam colonização nasal por S. aureus têm maior incidência de infecções de repetição por este agente. Sabonete Clorixidina – bactericida e bacteriostático indicado para a antissepsia da pele e pequenos ferimentos, evita a volta de furúnculos por ser útil na diminuição da colonização da S. aureaus MICROBIOLOGIA - ANTIBIOGRAMA REFERÊNCIAS TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, CL. Microbiologia. 12. ed., Porto Alegre: Artmed, 2016. LEMOS, Marcela. Antibiograma: Como é feito e como entender o resultado. [S. l.], 2020. Disponível em: https://www.tuasaude.com/antibiograma/. Acesso em: 7 out. 2021. RESISTÊNCIA Microbiana: Gram-positivos - resistência aos antimicrobianos. [S. l.]: Anvisa, 2007. Disponível em: https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/mod ulo3/gramp_staphylo.htm Acesso em: 7 out. 2021. https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/gramp_staphylo.htm/ https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/gramp_staphylo.htm/
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