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REDVET. Revista Electrónica de Veterinaria E-ISSN: 1695-7504 redvet@veterinaria.org Veterinaria Organización España Alho, A.M.; Pontes, J.P.; Pomba, C. Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina REDVET. Revista Electrónica de Veterinaria, vol. 17, núm. 11, noviembre, 2016, pp. 1-13 Veterinaria Organización Málaga, España Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63649051001 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto http://www.redalyc.org/revista.oa?id=636 http://www.redalyc.org/revista.oa?id=636 http://www.redalyc.org/revista.oa?id=636 http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63649051001 http://www.redalyc.org/comocitar.oa?id=63649051001 http://www.redalyc.org/fasciculo.oa?id=636&numero=49051 http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63649051001 http://www.redalyc.org/revista.oa?id=636 http://www.redalyc.org REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 1 REDVET - Revista electrónica de Veterinaria - ISSN 1695-7504 Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina (Epidemiology, Diagnosis and Treatment of Feline Idiopathic Cystitis) Alho, A.M.*: CIISA/Faculdade de Medicina Veterinária, ULisboa, Avenida da Universidade Técnica, 1300-477, Lisboa, Portugal; Pontes, J.P. : Hospital Escolar da Faculdade de Medicina Veterinária, ULisboa, Avenida da Universidade Técnica, 1300-477, Lisboa, Portugal; Pomba, C. : CIISA/Faculdade de Medicina Veterinária, ULisboa, Avenida da Universidade Técnica, 1300-477, Lisboa, Portugal. *Corresponding author: Ana Margarida Alho - email: admargaridaalho@fmv.ulisboa.pt Resumo A Cistite Idiopática Felina é uma doença crónica, sem cura, cuja prevalência tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. É uma fonte de desespero e frustração para muitos proprietários e Médicos-Veterinários uma vez que a sua etiologia, fisiopatologia e tratamento permanecem ainda hoje por determinar. Actualmente, considera-se que seja uma doença multifactorial, de carácter neurogénico, sendo o stresse o principal factor responsável pelo seu desenvolvimento e agudização do quadro clínico. A sua terapêutica é complexa, sendo as três tónicas do tratamento, a alteração dietética, a terapêutica medicamentosa e a redução do stresse. Esta última pode ser alcançada através da implementação do enriquecimento ambiental, tema pouco divulgado, no entanto, de baixo custo e fácil aplicação. Esta doença tem graves consequências sociais, em parte devido ao difícil diagnóstico e elevada taxa de recidiva, constituindo actualmente uma das principais causas de abandono felino a nível mundial. Este artigo, tendo como base a literatura relevante da área, visa sistematizar e clarificar aspectos epidemiológicos, de diagnóstico e terapêuticos, considerados relevantes relativamente à Cistite Idiopática Felina. Palavras Chave: cistite idiopática idiopathic cystitis, gato cat, enriquecimento ambiental environmental enrichment, stresse stress, terapêutica MEMO MEMO therapy. Summary Feline idiopathic Cystitis is a chronic, incurable disease which prevalence has increased over the past years. It is a source of despair and frustration for REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 2 many owners and veterinarians since its etiology, physiopathology and treatment still remain to be determined. Currently, it is considered a multifactorial disease, of neurogenic character, with stress being the main factor for the development and exacerbation of its symptoms. The therapy is complex, being the three main topics, diet change, drug therapy and stress reduction. The last can be achieved through the implementation of environmental enrichment, a topic rarely addressed in spite of its low cost and easy application. This disease has serious social consequences, in one hand due to the difficult diagnosis and in the other, to the frequent recurrences, currently considered a leading cause of relinquishment of cats to shelters worldwide. This article, based on relevant literature in the field, aims to systematize and clarify the epidemiological, diagnostic and therapeutic factors considered relevant to Feline Idiopathic Cystitis. Introdução A Cistite Idiopática Felina (CIF) é uma doença crónica, progressiva, cuja prevalência tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. É uma doença frustrante para muitos proprietários e Médicos-Veterinários uma vez que a sua etiologia, fisiopatologia e tratamento permanecem ainda hoje por determinar. Devido à frequente micção em locais inapropriados, constitui actualmente uma das maiores causas de abandono felino a nível mundial (Hostutler et al., 2005; Little, 2007; Westropp & Buffington, 2010). Uma vez que muitos destes animais apresentam simultaneamente lesões noutros órgãos e sistemas (tracto gastrointestinal e respiratório, pele, aparelho cardiovascular e sistemas nervoso, endócrino e imunitário), o termo CIF foi considerado incorrecto uma vez que restringe a sintomatologia ao tracto urinário. Por este motivo foi recentemente proposta uma nova designação para esta doença - “Síndrome de Pandora” - numa analogia com a caixa de Pandora da mitologia Grega, fonte de todos os males (Buffington, 2011). Pensa-se que a CIF não seja uma simples inflamação da bexiga, mas sim, que as alterações encontradas a nível vesical sejam apenas a consequência e não a origem de toda esta síndrome (Westropp et al., 2006; Buffington, 2011). Fisiopatologia da Cistite Idiopática Felina Apesar dos inúmeros avanços científicos que ocorreram nos últimos anos, a etiologia e fisiopatologia da CIF ainda não são totalmente conhecidas. Considerou-se a possibilidade de se tratar de um agente infeccioso (Ureaplasma, Mycoplasma, Calicivirus ou Herpesvirus-4 bovino), de uma doença auto-imune, de uma anomalia genética ou mesmo consequência de urólitos, cristais ou da dieta (Keay & Warren, 2002; Dowers, 2009). Actualmente, a hipótese mais aceite refere tratar-se de uma doença multifactorial, de carácter neurogénico, uma vez que os animais afectados REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 3 demonstram uma acrescida e inusual sensibilidade ao stresse e a mudanças instituídas no seu meio ambiente (Westropp & Buffington, 2004; Buffington, 2011). Num animal saudável, o urotélio vesical é revestido por uma camada protectora de glicosaminoglicanos (GAGs) específicos que impedem a adesão de bactérias e o protegem dos diversos constituintes tóxicos da urina (Hostutler et al., 2005). Nos animais com CIF, há uma menor produção de GAGs (Buffington et al., 1996), o que promove a lesão do urotélio pelo contacto directo de iões potássio, magnésio, cálcio e mesmo do pH ácido, activando as fibras da dor. Esta activação provoca a libertação de substância P, um neurotransmissor que potencia a inflamação, desencadeando vasodilatação, aumento da permeabilidade da parede vesical, edema da submucosa e desgranulação dos mastócitos (Gunn-Moore, 2003). Outro evento capazde activar as fibras da dor é o stresse, considerado por muitos investigadores como o factor responsável pelo desenvolvimento desta doença e agudização do quadro clínico (Kalkstein et al., 1999; Gunn-Moore, 2003; Hostutler et al., 2005; Stella et al., 2011). Epidemiologia Apesar da CIF poder ocorrer em qualquer idade, raça e sexo, é mais frequentemente observada em animais jovens e de meia-idade (entre os 2 e os 6 anos de idade), obesos, com baixa actividade física, com acesso restrito ao exterior, aos quais é facultado somente um caixote de areia no interior da habitação e cuja dieta é exclusivamente ração seca (Jones et al., 1997; Little, 2007; Gunn-Moore, 2008). Apesar de alguns estudos mostrarem a não existência de predisposição sexual (Westropp et al., 2007) ou rácica (Jones et al., 1997), outros mostram uma maior prevalência em machos castrados (Cameron et al., 2004) e nos felinos de raça Persa (Gunn-Moore, 2008). Num estudo realizado por Cameron et al. (2004), dos vários factores passíveis de induzir stresse e consequentemente CIF, o mais comum consistia na partilha do mesmo apartamento com outro felino com o qual decorriam relações conflituosas. Outros factores mencionados na bibliografia são: mudança de habitação, obras no apartamento ou edifícios envolventes, ocorrência de chuva intensa, alterações no caixote de areia (localização, higiene, tipo de substrato e indisponibilidade da sua utilização), mudanças bruscas na dieta, alterações no horário ou rotina diária do proprietário e inclusive, eventos indutores de stresse no proprietário que podem consequentemente afectar os felinos (Jones et al., 1997, Cameron et al., 2004; Gunn-Moore, 2008; Westropp & Buffington, 2010). Diagnóstico O sinal clínico mais comummente identificado pelos proprietários de animais com CIF é periúria (micção em locais inapropriados) (Little, 2007; Dowers, 2009). Outros sinais observados são: polaquiúria; hematúria; estrangúria; disúria; tentativas múltiplas e prolongadas de urinar com vocalização e agitação; lambedura compulsiva das zonas perineal/inguinal e, alopécia REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 4 perineal bilateral auto-infligida (Gunn-Moore, 2008). Animais afectados tendem a urinar fora do caixote de areia, mostrando preferência por superfícies frias e não abrasivas, como chão de azulejo ou cerâmica. Podem também surgir sinais associados a outros órgãos e sistemas, como o tracto gastrointestinal, tracto respiratório, aparelho cardiovascular, pele, sistema endócrino e sistema imunitário (Buffington, 2011). Perante este quadro clínico, a CIF é uma das hipóteses a ter em mente, devendo-se descartar outros diagnósticos como tampões uretrais, urolitíase, neoplasias, infecções do tracto urinário, defeitos anatómicos, doenças neurogénicas e problemas comportamentais (Westropp & Buffington, 2010). Sendo a CIF um diagnóstico de exclusão, é necessária a realização de múltiplos exames que permitam descartar os restantes diagnósticos diferenciais para se poder afirmar tratar- se desta síndrome (Little, 2007). Uma anamnese completa e detalhada constitui um passo fundamental no seu diagnóstico, no sentido que permite frequentemente a identificação de uma mudança repentina no quotidiano do animal, possivelmente responsável pelo respectivo quadro clínico (Neilson, 2004). Devem por isso ser questionadas alterações ambientais, conflitos recentes bem como o temperamento do felino. Segundo Seawright et al. (2008), o período decorrente entre a exposição ao factor stressante e o aparecimento dos sinais clínicos de CIF é normalmente de 48 horas. Deve ser efectuado um exame físico completo para avaliação do estado clínico do animal, bem como uma radiografia e ecografia abdominal para descartar urolitíase (ocorrência em 12-15% dos gatos com sinais do tracto urinário inferior), massas, pólipos, tampões uretrais e coágulos (Hostutler et al., 2005; Westropp & Buffington, 2010). Na urianálise é comum observar-se hematúria, cristalúria, ligeira piúria e aumento da densidade urinária (Westropp & Buffington, 2010). A infecção do tracto urinário é incomum em gatos jovens, ocorrendo apenas em 4,9% dos felinos com sinais do tracto urinário e idade inferior a 8 anos (Bailiff et al., 2008). Por este motivo, a urocultura em felinos jovens sem história de algaliações prévias, é considerada um exame de menor importância (Westropp, 2008). Deve ser efectuada nas situações recorrentes (≥2 episódios) ou perante factores de risco como idade avançada, obstruções uretrais prévias, algaliações repetidas e doenças concomitantes como diabetes mellitus, doença renal crónica ou hipertiroidismo (Little, 2007). As técnicas de imagem avançada (uretrocistografia de duplo contraste e cistoscopia) são particularmente importantes como meio de diagnóstico nos indivíduos com mais de 10 anos de idade, nos quais a hipótese de CIF é menos comum e também, nos casos recorrentes, em que os sinais clínicos permanecem após instituição terapêutica (Westropp, 2008). A cistoscopia constitui a melhor técnica para o diagnóstico da CIF, uma vez que permite a visualização do edema da submucosa e das neovascularizações em forma de petéquias, características desta doença. Permite ainda a realização de biópsias, onde é visível nos casos de CIF, edema da submucosa, o aumento da densidade de mastócitos e inflamação perineural e perivascular. Na uretrocistografia de duplo contraste geralmente não são visíveis alterações clínicas relevantes nos animais com CIF, apenas espessamento da parede vesical, irregularidades da mucosa com defeitos de preenchimento REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 5 (denunciando a existência de pseudodivertículos) e opacidade ureteral alterada (Scrivani et al., 1998). Terapêutica A CIF é uma doença crónica, sem cura, cuja terapêutica visa reduzir a frequência dos episódios e a gravidade da sintomatologia. Por este motivo, é fundamental o estabelecimento de uma boa relação do Médico-Veterinário e respectiva equipa com os proprietários dos animais afectados para que estes possam ser correctamente informados sobre a cronicidade da doença e, apoiados perante possíveis crises de frustração que frequentemente culminam no abandono ou eutanásia do animal (Westropp & Buffington, 2004). Parece haver uma grande variabilidade individual na evolução clínica desta doença, observando-se casos em que os sinais desaparecem por completo e outros em que a cada episódio, a doença se torna mais grave. Estima-se que em aproximadamente 85% dos felinos afectados por doença do tracto urinário inferior, os sinais clínicos desaparecem espontaneamente nos 2 a 3 dias seguintes ao episódio inicial, com ou sem instituição terapêutica (Barsanti et al., 1982). Para além disso, até hoje poucos tratamentos foram alvo de uma avaliação científica rigorosa, baseada em estudos experimentais aleatórios e duplamente cegos. A combinação de todos estes factores dificulta a avaliação da eficácia de cada tratamento, fazendo com que muitas terapêuticas pareçam eficazes, quando na verdade não o são. No entanto, podem ser considerados três pontos fulcrais no tratamento da CIF: alteração da dieta, farmacoterapia e redução do stresse, através da implementação de enriquecimento ambiental (Gunn-Moore, 2008). 1º Ponto da Terapêutica – Alteração da Dieta A mudança da dieta de ração seca para comida enlatada é fundamental uma vez que permite diminuir a densidade urinária e,consequentemente, a concentração de substâncias nocivas da urina em contacto com o urotélio (Westropp & Buffington, 2010). Num estudo realizado por Markwell et al. (1999), observou-se que felinos com CIF alimentados apenas com ração comercial seca acidificante apresentaram uma taxa de recorrência de 39% comparativamente com gatos alimentados com dieta comercial de lata cuja taxa de recidiva foi de 11%. A mudança de alimentação deve no entanto, ser efectuada de forma gradual, deixando-se inicialmente disponível a alimentação antiga, em pequenas quantidades, até não ser mais necessária. Nas situações em que o felino não mostrar interesse pela comida enlatada, pode ser misturada ração seca com água, numa diluição de 1:1 (Little, 2007) ou em alternativa, misturar pequenas quantidades da comida favorita de cada gato, no novo alimento (Westropp & Buffington, 2010). Apesar de existirem no mercado diversas formulações alimentares com vista a prevenir problemas urinários, não há evidência de que estas reduzam a incidência da CIF ou melhorem a sintomatologia destes felinos (Hostutler et REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 6 al., 2005). 2º Ponto da Terapêutica – Farmacoterapia A terapêutica farmacológica, em especial com medicação oral, pode ser bastante stressante para o felino, sendo por isso recomendado reservá-la para os casos mais graves ou recorrentes ou, quando as modalidades de Enriquecimento Ambiental e alterações dietéticas mostrarem não ser eficazes (Buffington et al., 2006). Está recomendado o uso de anti-espasmódicos para prevenção do espasmo uretral causado pela inflamação e dor local, sendo os mais utilizados acepromazina, prazosina e dantroleno (Gunn-Moore, 2008; Wu et al., 2011). Como estes animais são geralmente vítimas de dor crónica persistente (razão pela qual se tornam tão deprimidos e inactivos), está indicada uma terapêutica analgésica para alívio dos episódios agudos e uma terapêutica anti-inflamatória para quebrar o ciclo de inflamação e dor crónica (Little, 2007; Westropp & Buffington, 2010). Uma escolha frequente são os opiáceos como buprenorfina e fentanil ou anti-inflamatórios não esteróides (Sparkes et al., 2010). O uso de fármacos do tipo corticosteróide mostrou não ser eficaz no tratamento da CIF (Gunn-Moore, 2003). O uso de anti-depressivos tricíclicos pode ser útil nos casos graves ou crónicos de CIF, uma vez que apresentam efeitos anti-colinérgicos (aumentando a capacidade vesical total), anti-inflamatórios (prevenindo a libertação de histamina pelos mastócitos), anti-α-adrenérgicos, analgésicos e obviamente anti-depressivos (Fromm et al., 1991; Little, 2007; Gunn-Moore, 2008). Os anti-depressivos tricíclicos mais usados são amitriptilina e clomipramina, devendo ser administradas preferencialmente à noite. Podem também ser prescritos quando se prevê um evento de stresse, não evitável, como por exemplo, uma mudança de habitação ou uma permanência em gatil. No entanto, não são indicados nas situações agudas uma vez que os seus efeitos clínicos só se fazem sentir após 4 semanas de tratamento (Gunn-Moore, 2008). Tendo em conta que felinos com CIF, excretam menores quantidades de GAGs, pode ser efectuada uma suplementação com GAGs exógenos, permitindo a regeneração da mucosa vesical (Panchaphanpong et al., 2011) e a diminuição da dor e inflamação vesical (Gunn-Moore, 2003). No entanto, segundo Gunn-Moore e Shenoy (2004), os resultados são bastante variáveis de felino para felino. A menos que seja provada a ocorrência de infecção do tracto urinário, a antibioterapia não está recomendada no tratamento de CIF (Little, 2007). O envolvimento do Sistema Nervoso Central pode explicar a razão pela qual os tratamentos direccionados unicamente para a bexiga apresentam uma taxa de insucesso tão elevada (Little, 2007). A terapêutica farmacológica é meramente paliativa sendo os melhores resultados obtidos através da REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 7 implementação de medidas que permitem reduzir o stresse e melhorar a qualidade de vida do animal (Gunn-Moore, 2003). 3º Ponto da Terapêutica – Implementação de Enriquecimento Ambiental Actualmente, a generalidade dos proprietários restringe os seus felinos a um apartamento, convictos de que a oferta de uma dieta equilibrada e de qualidade, a segurança de um espaço fechado e a eventual disponibilidade de cuidados médicos sempre que necessários, é a melhor opção (Jongman, 2007). O problema reside no facto dos animais passarem a estar limitados a uma área pequena e restrita, praticamente estéril, sem presas ou predadores, sujeitos a uma dieta fixa, não natural, num determinado horário e local (Laule, 2003). Os felinos passaram a viver num ambiente aborrecido e previsível (Rochlitz, 2005), tornando-se animais stressados, ansiosos e deprimidos, mais predispostos ao desenvolvimento de problemas médicos e comportamentais, nomeadamente de CIF (Buffington, 2002; Rochlitz, 2005). Com vista a contornar os problemas associados ao stresse, diversos autores sugerem o Enriquecimento Ambiental como chave terapêutica e preventiva da CIF (Westropp & Buffington, 2004; Hostutler et al., 2005; Little, 2007; Stella et al., 2011). Definem Enriquecimento Ambiental como a disponibilização de todos os recursos necessários ao bem-estar de um animal, a melhoria da interacção proprietário-animal e a resolução de potenciais conflitos através da instituição das modificações necessárias. Sugerem a utilização da Terapêutica Ambiental Multimodal, (MEMO - “Multimodal Environmental Modifications”), uma abordagem multidisciplinar que permite diminuir a gravidade e a frequência dos episódios de CIF, contornando a monotonia e previsibilidade de um ambiente de interior (Hostutler et al., 2005; Buffington et al., 2006). Os principais pontos de actuação da Terapêutica Ambiental Multimodal ocorrem nas seguintes áreas (adaptado de Westropp & Buffington, 2004; Gunn-Moore, 2008): fontes de alimentação e de bebida; caixotes de areia; áreas de entrada e saída da habitação; interacção proprietário-animal e áreas de entretenimento e descanso. Num estudo efectuado por Buffington et al. (2006), para avaliar a eficácia da terapêutica MEMO no maneio de 46 gatos com episódios recorrentes de CIF, observou-se uma redução de 70-75% dos sinais do tracto urinário bem como, uma diminuição dos comportamentos de medo, agressividade e nervosismo. A Regra de ouro da Terapêutica MEMO é a regra do “n+1”, sendo n, o número de felinos na habitação. Resume-se a disponibilizar mais um comedouro, um bebedouro e um caixote de areia do que o número total de felinos na habitação, em especial nas habitações com vários gatos. Permite reduzir a competição entre os animais e consequentemente, o stresse e ansiedade sentidos pelos mesmos (Westropp & Buffington, 2004). REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 8 Relativamente à alimentação, é importante encorajar os proprietários a contrariarem a rotina e a diversificarem o método de alimentação dos seus gatos através da introdução de novas estratégias que promovam comportamentos de predação e um aumento do tempo dispendido na alimentação (McCune, 1995; Overall & Dyer,2005). Tomemos como exemplo as seguintes medidas: disponibilizar mais de uma área de refeição, em diferentes locais da casa; alimentá-los com pequenas quantidades de comida, várias vezes ao dia; utilizar dispensadores de comida próprios para gatos, como bolas com orifícios, nos quais são colocados biscoitos no interior (“food balls”) para estimular comportamentos de procura e captura; utilizar puzzles de alimento (“puzzle feeders”), dispositivos que estimulem a capacidade mental dos felinos; utilizar apontadores de laser ou brinquedos que se assemelhem a insectos/roedores/passeriformes para contrariar a monotonia do seu dia-a-dia (McCune, 1995; Casey, 2005; Overall & Dyer, 2005; Ellis, 2009). Adicionalmente, a alimentação deve ser efectuada em locais sossegados e longe de equipamentos domésticos ruidosos (Turner & Bateson, 2000; Hostutler et al., 2005). É fundamental encorajar o aumento da ingestão de água por parte dos felinos de modo a reduzir a densidade urinária, a lesão do urotélio e a recorrência da CIF (Hostutler et al., 2005; Little, 2007). Assim, os bebedouros devem ser limpos diariamente e a água substituída regularmente, devendo estar sempre repletos de água até ao topo. Devem ser recipientes largos (preferencialmente de vidro, cerâmica ou metal) e estar localizados longe dos caixotes de areia e dos comedouros, uma vez que os gatos preferem comer e beber em locais distintos (Rochlitz, 2005). Para aumentar o aporte de água, podem também ser disponibilizadas fontes ou ainda o acesso a torneiras, uma vez que o fluxo contínuo de água é mais atractivo do que água estagnada (Schroll, 2002; Westropp & Buffington, 2004; Hostutler et al., 2005). Aplicação da Terapêutica MEMO no número e disposição dos caixotes de areia Relativamente aos caixotes de areia, estes devem ser colocados em locais sossegados, de fácil acesso, com ventilação natural e que assegurem alguma privacidade ao felino (Little, 2007). Deve ser efectuada a remoção diária dos dejectos e urina, assim como a lavagem semanal dos caixotes com detergente, de modo a evitar odores como a amónia que desencorajam a sua utilização. Os caixotes devem ter como dimensão mínima uma vez e meia o comprimento do animal (Overall & Dyer, 2005), podendo ser abertos ou fechados, consoante a preferência do felino. A escolha do substrato a usar deve respeitar as preferências do animal. Em caso de dúvida podem ser colocados dois caixotes adjacentes com diferentes tipos de substrato, para que o gato possa mostrar a sua preferência (Hostutler et al., 2005; Cottam e Dodman, 2007). REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 9 Aplicação da Terapêutica MEMO nos pontos de entrada e saída da habitação O stresse social é um problema bastante comum nos felinos, tanto nas habitações com vários gatos (consequência de conflitos internos), como nas habitações com um só felino (através da visualização de outros animais em quintais ou jardins exteriores) (Westropp & Buffington, 2004). Para o primeiro caso, sugere-se a separação dos pontos de entrada e saída da habitação ou a colocação de um guizo nos animais mais agressivos para servir de alerta para os outros felinos. Para o segundo caso, sugere-se a colocação de papel autocolante opaco em parte da janela, restringindo o acesso visual do gato, e a alteração dos locais habituais de descanso do felino para zonas sem acesso a janelas ou quintais. No caso do felino ter acesso ao exterior, sugere-se a utilização de “micro-chip cat flats”, portas que permitem apenas a entrada do gato registado na habitação, consoante o número do seu chip (Gunn-Moore, 2008). Aplicação da Terapêutica MEMO na qualidade da interacção proprietário – animal A interacção regular entre o proprietário ou qualquer outro membro da família com o felino deve ser diária e diversificada. Simples gestos como afagar, pentear, brincar ou jogar são decisivos para o bem-estar, confiança e temperamento do animal (Overall & Dyer, 2005). Para além dos brinquedos convencionais, podem ser utilizados: sacos de papel, caixas de cartão ou plástico, cordas penduradas, bolas de pingue-pongue, rolos de papel higiénico ou de cozinha, entre muitos outros (Ellis, 2009). Para diminuir a habituação e consequente perda de interesse dos felinos para com os brinquedos disponibilizados, estes devem ser guardados após os jogos e brincadeiras (Westropp & Buffington, 2004; Rochlitz, 2005). Aplicação da Terapêutica MEMO nas áreas de entretenimento e descanso As áreas de entretenimento para felinos devem dar-lhes a oportunidade de saltar e trepar para pontos elevados que são comportamentos naturais desta espécie, podendo para isso disponibilizar-se o acesso a topos de armários, poleiros, prateleiras ou recorrer-se a estruturas verticais como árvores verdadeiras ou artificiais (Hostutler et al., 2005; Jongman, 2007; Ellis, 2009). Devem também ser criadas zonas de descanso mais resguardadas, onde os animais se possam esconder (tais como caixas de cartão) e, disponibilizados arranhadores verticais ou horizontais. Os arranhadores permitem a cada gato marcar visualmente o seu território e promovem o exercício muscular e a remoção das garras mais desgastadas (Rochlitz, 2005; Jongman, 2007). Outras modalidades de enriquecimento ambiental são igualmente aconselhadas, nomeadamente: o enriquecimento olfactivo, através da utilização de ervas com odores atractivos como lavanda, valeriana, REDVET Rev. Electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet 2016 Volumen 17 Nº 11 - http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116.html Epidemiologia, Diagnóstico e Terapêutica da Cistite Idiopática Felina http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n111116/111605.pdf 10 madressilva e “catnip”/erva-dos-gatos (Ellis, 2009; Ellis & Wells, 2010); auditivo, através da utilização de música para mascarar sons repentinos e superar longos períodos de ausência dos proprietários (Ellis, 2009); e visual, através da utilização de varandas criadas para felinos, de parapeitos de janelas fechadas com poleiros ou comedouros para pássaros colocados no exterior em frente das janelas da habitação, utilização de aquários fechados para distracção do felino ou mesmo de vídeos criados propositadamente para gatos, que retratam a fuga de roedores, insectos e passeriformes (Poe & Hope, 2000; Shyan-Norwalt, 2005; Ellis & Wells, 2008). Outra modalidade terapêutica consiste na utilização de feromonas (Gunn-Moore & Cameron, 2004; Hostutler et al., 2005). Apesar de se desconhecer o seu exacto mecanismo de acção, sabe-se que actuam ao nível do hipotálamo e do sistema límbico, modificando o estado emocional do animal (Hostutler et al., 2005; Westropp, 2008). Actualmente está disponível no mercado um análogo sintético da fracção F3 da feromona facial felina, disponível sob a forma de difusor ou spray, desenvolvido com o intuito de diminuir o stresse e a ansiedade sentida pelos gatos em ambientes desconhecidos (Griffith et al., 2000; Pageat & Gaultier, 2003). Há também relatos sobre a utilização de medicinas alternativas, nomeadamente acupunctura na redução do stresse e no tratamento da CIF, através da libertação de encefalinas que bloqueiam a percepção da dor (Giovaninni & Piai, 2010). As estratégias de Enriquecimento Ambiental mencionadas na bibliografia são directrizes para a população felina no geral, devendo ser adaptadas a cada caso em particular consoante as necessidades físicas, emocionais, médicas e comportamentais de cada felino. Conlusão A Cistite Idiopática Felina devido ao difícil diagnóstico e elevada taxa de recidiva tem graves consequências sociais. É actualmente uma das principais causas de abandono felino anível mundial. Pretende-se que os aspectos epidemiológicos, de diagnóstico e terapêuticos revistos e sistematizados neste artigo possam ter utilidade para a diminuição da morbilidade desta doença. Referências Bailiff NL, Westropp JL, Nelson RW, Sykes JE, Owens SD, Kass PH. Evaluation of urine specific gravity and urine sediment as risk factors for urinary tract infections in cats. Vet Clin Pathol. 2008;37(3):317-322. Barsanti JA, Finco DR, Shotts EB, Ross L. Feline urologic syndrome: further investigation into therapy. 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