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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO 8º Semestre
		serviço social
daniele silva pereira dos santos
		janete vieira dos santos
MARIA SOCORRO FERREIRA DA COSTA EVANGELISTA
REGIANE DE SOUSA BORGES
 o fenômeno das relações de trabalho produzidas pelos aplicativos de entrega.
 MACAPÁ
 2020
DANIELE SILVA PEREIRA DOS SANTOS 
JANETE VIEIRA DOS SANTOS
MARIA SOCORRO FERREIRA DA COSTA EVANGELISTA
REGIANE DE SOUSA BORGES
O FENÔMENO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO PRODUZIDAS PELOS APLICATIVOS DE ENTREGA
Trabalho apresentado ao Curso Serviço social da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas: Metodologia Científica, Acumulação capitalista e Desigualdade Social, Formação Social e Política Econômica do Brasil, Antroplogia.
Professores: Maria luzia Silva Mariano, Nelma dos Santos Assunção Galli, Altair Ferraz Neto, Elias Barreiros.
MACAPÁ
2020
Sumário
Sumário............................................................................................................... 03
Introdução........................................................................................................ 04
Como essas relações de trabalho afetam a juventude e a sociedade brasileira, no que se refere às desigualdades sociais?............................05 a 08
Discorrer sobre a relação trabalho precarizado e sua contribuição no movimento de acumulação capitalista...................................................... 08 a 09
Trabalho e precarização social no capitalismo contemporâneo............ 09 a 12
Conclusão......................................................................................................... 13
Bibliográfia....................................................................................................... 14
Introdução
 Estudo inédito traça o perfil dos entregadores e constata que a presença de menores de 18 anos é comum no ramo, muitos desses menores saem de manhã e só retonam a noite, trabalham de segunda a domingo sem contrato de trabalho, se arriscando entre carros e ônibus sendo seu transporte a bicicleta, sem garantias e muitas veszes por menos de um salário minímo. Este canário infelizmente é o cotidiano de milhares de jovens que trabalham como entregadores de aplicativos.
 Uma pesquisa da Associação Aliança Bike, criada em 2003com o objetivo de fortalecer a economia que gira em torno da bicicleta, traçou o perfil destes trabalhadores com base em centenas de entrevistas: 99% são do sexo masculino, 71% se declaram negros , mais de 50% tem entre 18 e 22 anos de idade, com um ganho mensal de 992 reais, o menor valor mensal recebido encontrado no levantamento foi 375 reais. Não existe um balanço preciso de quantos entregadores utilizam bicicleta, os aplicativos se negam a divulgar estes números, porque afirmam que são estratégicos, este tipo de serviço altamente precarizado é uma fonte de renda para os jovens, o principal motivo para começar a fazer entregas por aplicativo foi o desemprego. Segundo Selma Venco Socióloga do trabalho e professora da Unicamp, há uma superexploração do trabalhador, pois ele sabe que terá que trabalhar uma jornada de 14 ou 15 horas para ter um ganho mínimo, irá além dos limites físicos para poder sobreviver, e sem nenhuma proteção, nenhum direito associado a isso. A presença de menores de 18 anos atuando como entregadores contraria frontalmente o decreto federal 6.481, de 2008, que fala sobre a proibição do trabalho infantil, seguindo disposições da Organização Internacional do trabalho, a legislação brasileira permite o trabalho de jovens entre 16 a 17 anos apenas em atividades que não sejam “ insalubres ou perigosas”, classificadas como piores formas de trabalho infantil.
 
Como essas relações de trabalho afetam a juventude e a sociedade brasileira, no que se refere às desigualdades sociais?
A sociedade brasileira termina a década de 1980 como uma sociedade que se quis moderna, e efetivamente se modernizou: urbanizada e industrializada, distanciou-se do Brasil patriarcal com a emergência de grupos e classes sociais portadores de nova mobilidade, ampliando o entendimento de espaço público e trazendo à tona a necessidade de políticas distributivas e de fortalecimento da cidadania (TELLES, 2001; BURITY, 2006). Persiste neste contexto a pobreza que inquieta, por mostrar que a universalidade de direitos que é proclamada não foi realizada na prática, colocando-se como desafio às teorias e modelos de explicação conhecidos; para Vera Telles (2007), ela esteve sempre presente no debate político, mas é como se permanecesse em enigma; percebida como problema a ser superado, mas cuja discussão não leva ao questionamento de suas origens profundas: a estrutura de privilégios, a tradição hierárquica, a impossibilidade de ver o outro como portador de direitos, sujeito de interesses válidos e legítimos. O Estado deveria ser a referência simbólica a partir da qual os indivíduos se reconhecessem como iguais, estabelecendo, a partir de dinâmicas igualitárias, determinado vínculo que os articulasse em sociedade. 
No Brasil, entretanto, isso não se efetiva; e não se trata de simples reminescências do Brasil arcaico, uma vez que a cidadania brasileira se estabelece, na modernidade, repondo hierarquias e diferenças (TELLES, 2007).
A população pobre urbana do Brasil já foi objeto de inúmeras investigações que levaram em conta o seu papel político e econômico no desenvolvimento do país; grande parte desses estudos, entretanto, parte da ideia de pobreza como destituição econômica, cultural e simbólica, caracterizando grupos de pessoas pobres a partir da ótica da exclusão, da negatividade, entendendo "população pobre" como aquela para quem falta educação, cultura, organização política etc. Essa maneira de caracterizar o “outro” a partir do que difere do “nós” é um mecanismo de construção de fronteiras de diferenciação entre grupos sociais, presente na dinâmica social e também na produção acadêmica sobre o tema. Análises do campo da produção teórica a respeito da pobreza chamam atenção para a sua apropriação por grupos e agentes diversos, contribuindo para constituir concepções que dizem respeito a organização, comportamento e estilo de vida dos grupos pobres urbanos. Pode-se dizer que há uma “dupla hermenêutica”, no sentido atribuído por Giddens (1994), que diz respeito à maneira como o conhecimento proveniente das ciências sociais é apropriado pelos atores sociais. Dessas modificações surgem novas análises e assim vão sendo criadas e recriadas concepções e preconceitos (cf. ZALUAR, 1994; VALENTINE, 1986; LONGHI 2008; IVO, 2008; SOUZA, 2003; FERREIRA; ROCHA, 2009).
No contexto atual de explosão da violência urbana, o preconceito surge nas tentativas de explicação do fenômeno, que geralmente acabam por relacionar diretamente marginalidade e criminalidade (ADORNO, 2002). Como argumenta Elisa Reis (2000), a partir de um estudo em que investiga a percepção das elites brasileiras sobre a pobreza, a ameaça da desigualdade pesa sobretudo como ameaça à manutenção da ordem e da segurança pessoal a esta classe. O grupo mais atingido por representações estereotipadas e negativas em torno da pobreza é o dos jovens. Nas duas últimas décadas, a temática da juventude vem sendo bastante discutida, sendo essa visibilidade explicada, em grande medida, justamente pelo fato de que eles são os mais atingidos pelos problemas sociais que vêm se agravando, tais como o já citado aumento da violência urbana e o agravamento das desigualdades sociais (LONGHI, 2008).
Reconhecendo a responsabilidade do Estado na promoção e garantia dos direitos dos cidadãos, e o papel decisivo que suas ações têm na dinâmica das desigualdades sociais, cabe questionar de que maneira as concepções a respeito da pobreza urbana podem fazer parte da elaboração e implementação das políticas sociais.
Em 2005 foi lançada a Política Nacional de Juventude, que compreendeu a criação daSecretaria Nacional de Juventude, do Conselho Nacional de Juventude e do ProJovem – Programa Nacional de Inclusão de Jovens. Definida como investimento integral no jovem, essa política nacional teria como objetivo “criar as condições necessárias para romper o ciclo de reprodução das desigualdades e restaurar a esperança da sociedade em relação ao futuro do Brasil” (BRASIL, 2008a, p. 12). O ProJovem Urbano atende jovens de 18 a 29 anos de idade, que possuam de um a sete anos de escolaridade, e que saibam ler e escrever. A formação integral compreende atividades de formação escolar, qualificação profissional e ação comunitária realizada ao longo de 18 meses. Aos alunos e alunas matriculados/as é concedido um auxílio financeiro mensal no valor de R$ 100,00: o recebimento desse auxílio condiciona-se à frequência e à entrega dos trabalhos escolares.
O ProJovem Urbano configura-se como programa que une ações direcionadas a campos diversos de intervenção estatal, sendo possível contextualizá-lo a partir de diferentes perspectivas, o que enriquece consideravelmente a sua análise. Entretanto, a perspectiva que norteou esta pesquisa é precisamente aquela a partir da qual o programa é definido por quem o elabora, e que agrega as dimensões citadas: como política de inclusão de jovens, que pretende dar conta de uma exclusão múltipla, resultado de determinada configuração política e econômica. A sua finalidade, a maneira como explica o problema e a imagem formada do público atendido são as referências que permeiam os documentos do programa assim como atitudes dos sujeitos envolvidos na sua implementação, e constituem o objeto desta investigação.
Segundo Sposito e Carrano (2003), dois conceitos vigoraram nos programas e projetos destinados a jovens no período por eles analisado (1995-2002): protagonismo juvenil e jovens em situação de risco social.
 
Pode-se dizer que existe no debate das políticas públicas destinadas à juventude uma tensão entre essas duas visões: por um lado, apontam-se potencialidades supostamente características da faixa etária, chamando atenção, por exemplo, para a sua importância histórica nos processos de mudança social; por outro lado, a juventude é entendida como fase de instabilidades, que associadas à exclusão e a outros problemas sociais típicos das grandes cidades fazem com que o grupo jovem se encontre numa situação específica de risco ou vulnerabilidade.
Muitos estudos indicam ainda a predominância de programas e políticas sociais que focam na necessidade de ocupar o tempo ocioso dos jovens como forma de reduzir o risco de envolvimento com atividades criminosas, seja isso colocado explicita ou implicitamente, através da promoção de atividades culturais, esportivas ou de lazer (LONGHI, 2008; ZALUAR, 1994, SPOSTITO E CARRANO, 2003; MEDEIROS, 2008). Ainda que a vulnerabilidade e envolvimento com o tráfico e a criminalidade em geral apareçam como preocupação para o ProJovem Urbano, pode-se dizer que ocupar o tempo dos jovens para afastá-los de tais atividades não é seu objetivo.
O PPI (Projeto Pedagógico Integrado) do ProJovem Urbano também traz um tópico específico para tratar dessas questões. No Capítulo 4 - “O significado de inclusão” - o texto aponta para o fato de que os jovens são o segmento mais atingido pelas transformações sociais em curso que tornam o mercado excludente, sendo também vítimas de diversas formas de violência física e simbólica que dominam a contemporaneidade. 
Diante ainda do problema da inserção prematura e precária dos jovens no mercado de trabalho informal, aponta-se para a necessidade de reconectar a escola e o trabalho, construindo-se uma nova cultura de formação que “deve permitir ao jovem tanto se adequar às demandas do mercado de trabalho quanto buscar formas de empreendedorismo individual, cooperativo e associativo” (BRASIL, 2008a, p. 33).
O projeto engloba, ainda, determinada forma de situar os sujeitos no processo que reforça estereótipos negativos; sua caracterização aponta para uma negatividade e para um conjunto de problemas que surgem nos textos como se fossem elementos inerentes à sua existência. A responsabilização dos indivíduos por sua situação de exclusão, e a incorporação dessa concepção nos seus discursos, mostra a maneira como atua esse processo de manutenção da hegemonia.
Com o impacto da crise financeira, foram expostas as fragilidades a que os poderes públicos têm exposto o “modelo social europeu”. Com o aumento do desemprego de longa duração e da precariedade do trabalho, os jovens parecem estar cada vez mais expostos à pobreza, à exclusão social e engrossam cada vez mais a categoria dos “novos pobres”. Neste contexto, a partir de dados estatísticos do continente europeu e tomando a precariedade e os jovens como objeto central, este artigo procura refletir sobre os impactos das transformações no mundo do trabalho e da reconfiguração das estruturas de classes na proliferação de “novas” formas de pobreza na Europa.
Na verdade, as jovens gerações estão numa situação de maior fragilidade, porque as dificuldades de inserção profissional são acompanhadas por uma dessocialização progressiva. Assim, quando falamos de pobreza ou de exclusão social entre os jovens, verificamos que o grande gerador destes fenômenos é o desemprego, que afeta não apenas os rendimentos, mas os mecanismos de integração que o trabalho proporciona como fonte de identidade, de organização do tempo, de reconhecimento e solidariedades. A condição de precariedade, tantas vezes apresentada com uma retórica de libertação, pode assim constituir-se como uma fonte de identidade negativa e como condição de “não liberdade” [Bauman 1989]. De facto, o aumento do desemprego entre os jovens empurra-os para uma situação em que perdem laços sociais mantidos em circunstâncias históricas anteriores através do mundo do trabalho, colocando questões importantes ao nível das identidades e da participação social.
Uma das expressões mais utilizadas para nomear o nosso tempo é a globalização da economia, que tem consequências importantes para o mundo produtivo. Ela pode caracterizar-se, segundo Costa [2008: 14], pelas seguintes dimensões: “intensificação das formas de competição transnacionais, aumento do poderio das multinacionais, destruição do equilíbrio entre produção e reprodução da força de trabalho, aumento do fosso entre países ricos e pobres, crescente discriminação contra grupos marginais, diminuição do poder de compra dos salários, desregulamentação dos mercados de trabalho, aumento do desemprego e da insegurança no emprego, proliferação dos empregos precários e do sector informal, recurso a formas de dumping social através da deslocalização de processos produtivos, repressão sindical, migrações forçadas da força de trabalho, etc.” Ela significa, também, a erosão da autonomia dos estados nacionais para decidir e pôr em prática políticas econômicas e sociais, o que muda substancialmente os termos dos debates econômicos, sociológicos e políticos acerca do trabalho.
Discorrer sobre a relação trabalho precarizado e sua contribuição no movimento de acumulação capitalista.
Ter em conta a diversidade de recursos e capitais permite tomar a grelha das classes como fonte de questionamento das múltiplas desigualdades. Proporciona, ainda, uma visão sobre a pobreza da juventude e sobre as suas desigualdades de classe que contraria a visão homogeneizante de uma “classe geracional”, chamando a atenção para a presença de várias situações que fazem com que diferentes juventudes estejam em condições desiguais no que toca ao trabalho e ao rendimento. A dimensão da escolaridade (a qualificação certificada pelo Estado), o capital social (nomeadamente traduzido nas redes de relações interpessoais que permitem ter acesso a um emprego e ser “recomendado” para determinado trabalho) e o capital simbólico (com as suas dimensões também performativas, associadas a determinados consumos culturais, hexis corporais, etc.) são alguns dos fatores que explicam que haja fortes desigualdades entre pessoas pertencentesa uma mesma geração. Se há uma tipicidade juvenil resultante do fato dos jovens serem a maioria dos que entram agora no mercado de trabalho, tornando-os mais permeáveis à desproteção social e às formas precárias de emprego que são quase generalizadas na condição juvenil de hoje, isso não deve fazer-nos esquecer as diferenciações internas que também existem.
Não é possível compreender hoje a pobreza e as desigualdades sem ter em conta as transformações ao nível do trabalho, que atingem com particular incidência os mais jovens e, dentro destes, os menos capitalizados (nas várias dimensões).
As análises dos dilemas do exercício profissional exigem a compreensão das determinações objetivas das relações capitalistas sobre a profissão. O processo de trabalho capitalista é presidido pela inversão do domínio do trabalho morto sobre o trabalho vivo. Seguindo a análise de Marx, a “dominação do capitalista sobre o trabalhador é, consequentemente a da coisa sobre o homem, do trabalho morto sobre o trabalho vivo, do produto sobre o produtor” (Marx, 1978, p. 20). Conforme Iamamoto (2007, p. 214), a condição assalariada de inserção profissional no efetivo exercício, mediada pelas demandas e requisições do mercado de trabalho, sintetiza tensões entre o direcionamento que a profissão pretende imprimir em seu trabalho concreto e as determinações do trabalho abstrato, inerente ao trabalho capitalista. Aqui se identifica um campo de tensão que exige densas investigações na apreensão do significado das determinações do trabalho alienado na particularidade do Serviço Social. Apreender a particularidade histórica da profissão e de sua prática social exige investigar e examinar o complexo processo e o movimento que caracterizam as singularidades do efetivo exercício da profissão e suas mediações no âmbito dos processos e relações de trabalho inserido na divisão social do trabalho.
O Serviço Social está diretamente vinculado às demandas construídas no complexo das contradições produzidas pelo conjunto das relações sociais de produção e reprodução da sociedade capitalista em sua fase monopolista. O enfrentamento das expressões da questão social é assumido pelo Estado, como resposta à necessidade de controle da força de trabalho e de legitimação da instância estatal como força garantidora da expansão do modelo de reprodução, no período histórico de trânsito para a fase monopolista do capitalismo em seu estágio maduro (Netto, 2006b, p. 18). 
Trabalho e precarização social no capitalismo contemporâneo
Dilemas e resistência do movimento organizado de trabalhadores. Percebe-se uma radicalização das desigualdades sociais, advindas, sobretudo, das mudanças nas esferas do trabalho e da produção. As contradições estão mais visíveis em consequência das novas formas de organizar e gerir a força de trabalho. A expressão maior da questão social, portanto, centra-se na precarização das relações de trabalho e no desemprego, fazendo parte deste quadro o aviltamento das condições de vida e a redução do Estado e, consequentemente, dos serviços públicos. Pode-se armar que a radicalidade da questão social passa, agora, por nova conjuração histórica, oriunda das mudanças na esfera do trabalho e da relação entre Estado e sociedade civil. É possível, também, observar que as mudanças signicativas que se verificam no mundo do trabalho, no Brasil recente, estão moldando um novo contorno à questão social. As contradições estão mais visíveis em consequência das novas formas de organizar a produção e a gestão do trabalho. Percebe-se que a recomposição do capital, ao mesmo tempo em que determina um conjunto de mudanças na organização da produção e na gestão do trabalho, provoca, também, mudanças nas relações sociais que se estabelecem na sociedade. Dessa forma, é possível armar que as demandas postas ao Serviço Social são, igualmente, impactadas por tais mudanças, tendo em vista a particularidade da profissão, organicamente vinculada às configurações estruturais e conjunturais da questão social e às formas históricas de seu enfrentamento, que são permeadas pela ação dos trabalhadores, do capital e do Estado. Atualmente, além das mudanças substanciais que se dão no mundo do trabalho, observam-se, igualmente, modificações nas análises sobre ele e sobre as expressões políticas que daí se origina ou lhe são direcionadas. Todavia, a crise que vem atingindo o mundo do trabalho é de proporções ainda não de todo assimiladas. Não foram apenas as práticas dos agentes sociais e os projetos políticos a eles relacionados os vitimados pela desestabilização. 
Elementos como desemprego estrutural e diversidade de situações de trabalho têm modificado as bases da solidariedade sindical, trazendo graves consequências para a organização da classe trabalhadora. A presente reflexão assenta-se no exame da centralidade da categoria trabalho, tendo como foco a sociedade brasileira atual, numa conjuntura histórica em que convivem velhos e novos padrões de gestão e de trabalho, e cujas implicações têm, também, se refletido sobre a perda de direitos e de identidades coletivas em função de um processo de fragmentação, individualização e descartabilidade de trabalhadores e de suas qualificações. (DRUCK, 2011).
Assim, discutir trabalho, na perspectiva do movimento social, é resgatar um conjunto de elementos que se tinha deixado para trás, como, por exemplo, recuperar o trabalho como categoria chave da compreensão da história, e restabelecer o primado do sujeito na teoria social, bem como resgatar o papel e o projeto da classe trabalhadora como sujeito da história. Essa compreensão é fundamental para que se possa repensar o mundo do trabalho, que não é mais somente o mundo da fábrica. 
Uberização é o nome que estamos dando para a emergência de um novo padrão de organização do trabalho. Para dar uma visão histórica, podemos separar na chamada sociedade urbana industrial, três formas de organização do trabalho: a primeira ganhou relevância a partir de 1910,  o chamado fordismo, que representou a organização do trabalho em grandes plantas industriais. Isso dizia respeito à existência de um empregador com quantidades grandes de trabalhadores vinculados àquela empresa, em linhas de montagem que produziam do parafuso ao automóvel. O que estamos denominando de uberização é uma nova fase, que é praticamente a autonomização dos contratos de trabalho. É o trabalhador negociando individualmente com o empregador a sua remuneração, seu tempo de trabalho, arcando com os custos do seu trabalho.o projeto de regulamentação da terceirização é a grande porta no Brasil para que se tenha a possibilidade de aquilo que hoje está quase circunscrito ao transporte individual ganhar maior espaço nas atividades como um todo. O projeto que está no Senado generaliza a terceirização e, portanto, desobriga as empresas a contratarem da forma como conhecemos, que é o regime CLT. A idéia do fordismo é a idéia de que o salário se transforma num custo fixo, o trabalhador, exercendo ou não, tem direito à remuneração. Com a uberização, o salário se torna um custo variável, ele só existe se de fato houver a realização daquele trabalho.
Ela leva a uma intensificação do trabalho e a um acirramento da competição entre os trabalhadores. É um processo que vem se dando ao longo do tempo com as transformações que o capitalismo opera. Uma fábrica de margarina, por exemplo: no fordismo, em linhas gerais, havia uma esteira que ia passando e enchendo os potes com a margarina e os trabalhadores ficavam do lado, pegavam os potes e colocavam nas caixas. Havia supervisores que iam avaliando o trabalho de cada um. Se alguém precisa ir ao banheiro, o supervisor autorizava, ele ia, voltava e pronto. Com o toyotismo, essa produção passa a ser dividida em equipes de quatro ou cinco trabalhadores que concorriam entre si: as que enchiam mais caixas ao final de um período eram beneficiadas. Com isso, deixou-se de ter a necessidade de um supervisor, portanto o custo de alguém supervisionar porque uma equipe concorria com outra. Se você está numaequipe e começa a ir muito ao banheiro, a sua equipe vai ter menos eficiência do que as outras com as quais ela está competindo. A equipe vai sugerir que você seja demitido e que seja trazido alguém que tenha condições de trabalhar no mesmo ritmo. Com a uberização, há uma competição ainda maior entre os trabalhadores e quem estabelece ou avalia a sua continuidade nesse tipo de trabalho é o cliente, o comprador. Ao invés da união buscando o acordo coletivo, o trabalhador está orientado para o acordo individual, a competição com seus pares. Obviamente isso torna ainda mais fracos os trabalhadores diante daqueles que os contratam. Esse rebaixamento não é só econômico, mas também moral e ético. Hoje temos quase que uma oligarquia sindical. Há uma elite, que são os trabalhadores sindicalizados de grandes empresas, que reproduzem, guardadas as devidas proporções, o traço do fordismo do passado. Chegamos a ter até o final dos anos 1980 quase um milhão de trabalhadores bancários e tínhamos algo em torno de 200 mil trabalhadores terceirizados que serviam aos bancos. Hoje temos ao redor de 400 mil bancários e 1,6 milhões de trabalhadores terceirizados. Quem está organizado são os bancários, que fazem greves, mas é algo que ocorre sem a capacidade de envolver o conjunto de todos os trabalhadores que estão vinculados aos serviços financeiros e bancários. É uma parcela muito pequena. Um exemplo aqui de Campinas: a cidade tem dez shopping centers que reúnem 21% da força de trabalho, 170 mil pessoas. Esses 21% não têm nenhuma forma de organização e estão reunidos no mesmo espaço, com não sei quantos contratos diferentes. Isso não dá organização porque são contratos individuais praticamente. Esses trabalhadores estão submetidos a um regime de profunda intensificação e extensão do trabalho, estão trabalhando mais e de forma mais intensa. Eles têm uma série de anseios, doenças profissionais, e isso não faz parte da pauta das instituições tradicionais de representação de interesses. Por isso não tem diálogo e por isso a dificuldade de representá-los. Este me parece que é o principal desafio. Quem conseguir encontrar a fórmula que vai permitir chegar a esses trabalhadores terá a chave de um patamar muito superior de mobilização.
O impedimento da Dilma em 2016 representou o encerramento de um ciclo político da Nova República, marcado basicamente por governos de conciliação de classe, uns mais do que outros. A imagem que eu tenho do governo Temer é o estabelecimento de uma forma de governo classista, com pouco apelo a conciliar com mais classes. Mas sua própria força é também sua fraqueza porque os resultados que ele busca atingir dificilmente se apresentarão na segunda década do século 21. Não há condições de o país voltar a crescer com essas opções que estão sendo feitas.
O fenômeno da globalização, o avanço do capitalismo e o desenvolvimento acelerado da tecnologia marcaram períodos de grande revolução no mundo capitalista. Estes fatores resultaram em diversas alterações no mundo do trabalho, iniciando-se pela forma de prestação do labor, que poderá se dar a distância, à evolução do conceito de subordinação jurídica, não mais entendida como heterodireção do trabalho efetivado mediante ordens diretas do empregador. Parte-se da análise da evolução histórica das formas de estruturação do capital e da organização do trabalho, passando para o estudo da nova modalidade de gestão empresarial denominada pela doutrina de uberização. Após, verificam-se a existência de vínculo empregatício entre as empresas-nuvem/empresas-aplicativo com os trabalhadores prestadores de serviços, especialmente no que concerne ao requisito da subordinação jurídica, ponto primordial para o reconhecimento de direitos sociais trabalhistas. Analisar-se-á, por fim, decisões judiciais a respeito da temática. Para tanto, será utilizado o método dedutivo, sendo a pesquisa baseada em livros, revistas periódicas e sites disponíveis na internet. Trata-se de um tema recente, ainda em discussão no âmbito doutrinário e jurisprudencial. Observando que cada indivíduo realizava tarefas similares de forma diferenciada, resultando em prejuízo para a uniformização dos produtos, Frederick Taylor concluiu que a existência de uma diretiva no modo de realização do trabalho, juntamente com uma fiscalização permanente, faria com que se melhorasse a qualidade dos produtos, assim como aumentaria a produtividade. Segundo Rodrigo de Lacerda Carelli (2014, p. 27),
Com a organização do trabalho sendo totalmente decomposta, o trabalho a ser objetivamente realizado pelo obreiro seria totalmente predeterminado pela gerência de administração, retirando-se toda e qualquer autonomia do trabalhador, que se restringiria a cumprir os movimentos pré-estabelecidos pelo empregador, tanto em relação à norma quanto ao tempo de cada operação. Quanto ao tempo, Taylor insistia na sua importância, criando inclusive a função de “cronometrista” dentro da planta industrial, para a verificação do cumprimento do tempo estabelecido para as operações determinadas a cada trabalhador.
Desde o advento da Lei 12.551/2011, que alterou a redação do art. 6º da CLT, o legislador passou a equiparar o trabalho realizado no âmbito empresarial daquele efetivado em local diverso, à distância, desde que presentes todos os pressupostos fático-jurídicos da relação empregatícia.
Além disso, vale ressaltar também a denominada “economia compartilhada”. Nesta, indivíduos passam a utilizar bens de outras pessoas, sem ao menos conhecê-las, baseando-se na reputação e na rede de recomendações disponibilizadas por intermédio da internet, ou fora dela. Podemos alugar um apartamento para passar uma temporada e deslocar-se com o carro de outra pessoa sem os custos que a propriedade bem material exigiria, como pagamento de IPTU, IPVA e verbas de manutenção (CARPANEZ; FERREIRA). Segundo as Juliana Carpanez e Lilian Ferreira. Outros doutrinadores apresentam o fenômeno como “economia do bico”, que pode ser dividida em duas principais formas de trabalho: o crowdwork, consistente da realização de tarefas a partir de plataformas online, e o trabalho on-demand, por intermédio de aplicativos utilizados para a realização de trabalhos tradicionais, como transporte, limpeza e escritório, demandados por plataformas online e gerenciados por empresas denominadas “nuvem” ou “empresas-aplicativo” (GE MPT, apud DE STEFANO, 2016).
O trabalho sob demanda (ondemand) constitui a tendência conhecida como uberização. O termo é oriundo da empresa Uber, que é uma empresa de transporte controlada à distância por plataformas digitais, através tecnologia disruptivas e algorítimos bem desenvolvidos para seu gerenciamento.
O direito do trabalho surgiu nos moldes do período Taylorista/Fordista, em que o labor ocorria necessariamente no âmbito do estabelecimento do empregador com um controle efetivo do modo e tempo de produção. O poder diretivo do empregador se dava de forma direta, sendo a subordinação jurídica entendida em sua modalidade clássica ou tradicional.
Conclusão
No entanto, com as transformações ocorridas no mundo do trabalho nas últimas décadas, principalmente com o avanço tecnológico, o modo de prestação de serviço começou a ser alterado, sendo que a heterodireção do trabalho realizado pelo empregador passou a ocorrer de modo diverso daquele realizado anteriormente.
A noção tradicional de subordinação não se sustentava diante dessas novas modalidades laborais, devendo seu conceito ser expandido para que o direito do trabalho continuasse a exercer a função primordial que lhe é conferida, qual seja, de proteção da parte hipossuficiente na relação empregatícia e equalização das forças existente entre capital-trabalho. Segundo Lorena Vasconcelos Porto (2017, p. 140),
A liberdade do trabalhador passa a ser programada, havendo uma “autonomia na subordinação”, na qual os trabalhadores não devem seguir ordens, mas sim “regras do programa”. Algoritmos podem ser reprogramados para o alcance de resultados, sem necessidade de ordens diretas porparte da empresa.
Deste modo, verificam-se, na prática, presentes todos os requisitos para caracterização do vínculo empregatício. A subordinação está caracterizada, posto que o trabalhador deva possuir uma avaliação relativamente alta para continuar inserido na plataforma; deve cumprir um tempo estimado para chegar ao local e para terminar o transporte do passageiro, não possui poder de negociação sobre a tarifa retida, sendo o empregador que estipula e efetiva a transação, o aplicativo estimula a realização de corridas em determinados locais e horários mediante uma tarifa com preço dinâmico, mantendo o atendimento de clientes pelo período mais amplo possível, atendendo exclusivamente os interesses da empresa, o trabalhador não tem acesso ao local de destino antes entrar em contato com o cliente, o que o impede de rejeitar as corridas antecipadamente em razão do destino; a empresa estabelece um manual de como tratar os clientes com a concessão de balinhas e água, dentre outros.
Referências bibliográficas
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-do-trabalho/uberizacao-da-revolucao-no-mundo-capitalista-a-evolucao-das-novas-formas-de-trabalho-humano/
http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/a-uberizacao-leva-a-intensificacao-do-trabalho-e-da-competicao-entre-os
file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/9785-29442-1-PB.pdf
http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n118/a03n118.pdf
https://journals.openedition.org/ras/198
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revsocio/article/view/235231/28255

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