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Pulso Arterial Pulso Arterial O exame do pulso arterial pode fornecer importantes informações sobre o estado funcional da circulação, a frequência e o ritmo cardíaco e a integridade da circulação para determinados territórios. Entretanto, é comum que o examinador apenas se preocupe em determinar a frequência cardíaca, não fixando sua atenção nas outras características do pulso. Desde que não exista situação que comporte medidas de emergência (onde se avalia o pulso em artéria de grande calibre como a carótida ou femoral), examina-se de modo sequencial as artérias radiais, braquiais, carótidas, aorta, femorais, tibiais posteriores e dorsais dos pés. Em determinados pacientes, é recomendável examinar as artérias poplíteas. Artéria Radial Ao se examinar a artéria radial, o objetivo é avaliar o ritmo e a frequência cardíacas, a amplitude e o contorno do pulso arterial e o estado de sua parede. A artéria radial é geralmente a escolhida para a avaliação da frequência e do ritmo cardíacos. O examinador aplica a polpa de um de seus dedos, de preferência o indicador, sobre a face palmar do punho direito próximo ao processo estiloide do rádio, fazendo compressão adequada para perceber com nitidez o pulso. A face palmar da mão direita do paciente deve estar voltada para cima e apoiada sobre o leito ou mesa de exame e seu punho ligeiramente fletido para que a contração muscular não dificulte a palpação do pulso arterial. Sendo regular o ritmo, é suficiente contar o pulso arterial durante o período de 15 segundos. Se o ritmo é irregular, esse período deve ser ampliado para um ou dois minutos. Nas arritmias cardíacas, é possível que a frequência do pulso arterial não represente a verdadeira frequência cardíaca. Nesses casos, a frequência cardíaca pode ser maior do que a frequência de pulso, indicando a existência de algumas contrações ventriculares ineficazes , que não impulsionam sangue para a aorta e não determinam onda de pulso (Déficit de pulso: FC > FP). Por isso, nas arritmias cardíacas, é preciso também avaliar a frequência cardíaca através da ausculta das bulhas. As principais causas de déficit de pulso são a extrassistolia ventricular e a fibrilação atrial. Taquisfigmia = FP > 100 pulsações por minuto. Bradisfigmia = FP < 60 pulsações por minuto. Para avaliação da amplitude do pulso radial, o examinador exerce, com o indicador de sua mão, pressão suave e progressiva sobre a artéria radial direita do paciente até que perceba a amplitude máxima do pulso dessa artéria. Em seguida, com a outra mão realiza o mesmo procedimento sobre a outra artéria radial. Palpando de modo simultâneo as duas artérias radiais, avalia e compara a amplitude dos pulsos dessas artérias. A artéria radial em geral não é apropriada para a avaliação do contorno do pulso arterial. Isso porque a onda do pulso arterial ao se propagar, da raiz da aorta para a periferia, apresenta nítidas modificações do seu contorno. Com essa finalidade, artérias mais próximas do coração como a carótida são preferidas. Para avaliar o estado da parede arterial utiliza-se, geralmente, a artéria braquial. Artéria Braquial Deve ser sempre examinada pois oferece informações muito úteis sobre o contorno e a amplitude do pulso arterial e o estado de sua parede. A sua palpação é realizada mais facilmente com o polegar. Deve-se concentrar a atenção na sensação que percebe ao variar discretamente a pressão sobre a artéria. Com isso, procura-se formar uma ideia sobre o contorno do pulso braquial – ramo ascendente, pico máximo e ramo descendente. A comparação da amplitude dos pulsos é feita através da compressão simultânea das duas artérias. A amplitude do pulso braquial ou de qualquer outra artéria deve ser classificada em graus numéricos: Grau 0: ausência de pulso Grau I: pulso presente, mas de amplitude reduzida Grau II: pulso de amplitude correspondente à média normal Grau III: pulso de amplitude moderadamente aumentada Grau IV: pulso de amplitude muito aumentada Artéria Carótida O pulso carotídeo é o mais apropriado para estimar o volume sistólico e a pressão arterial, pois entre as artérias acessíveis ao exame clínico é a que se encontra mais próxima da origem da aorta. Para o exame das artérias do pescoço, prefere-se que o paciente esteja sentado ou deitado com o tronco e a cabeça elevados. Essa posição permite o relaxamento dos músculos esternocleido- mastoideos, facilitando assim o exame da artéria e diminui a possibilidade de isquemia cerebral em pacientes predispostos. - Inspeção – palpação – ausculta. Os pulsos carotídeos são palpados nos dois lados do pescoço e comparados. A palpação é sucessiva e não simultânea pelo risco de isquemia cerebral que existe quando uma das carótidas apresenta obstrução parcial. É efetuada aplicando-se o polegar ou a ponta de dois a três dedos entre o músculo esternocleidomastoideo e a traqueia, em local logo abaixo do bulbo carotídeo(situado a uma distância média entre a clavícula e o ângulo da mandíbula, em um plano horizontal que passa pela borda superior da cartilagem tireoide). A palpação do bulbo carotídeo assim como da carótida interna não é empregada para avaliar o contorno do pulso arterial (riscos de desencadear reflexos vagais e de deslocar possíveis placas ateromatosas aí presentes). A palpação do pulso carotídeo objetiva avaliar sua amplitude e contorno. A palpação da fúrcula esternal objetiva identificar crescimentos da aorta e frêmitos. É realizada com a face palmar do indicador da mão direita aplicado paralelamente à borda superior do manúbrio esternal, estando o paciente com a cabeça fletida. Na palpação sobre a borda superior das clavículas, procura-se reconhecer pulsações e frêmitos, às vezes presentes na artéria subclávia. O exame das artérias do pescoço é completado com a ausculta. Para isso, o diafragma do estetoscópio é colocado, de modo sucessivo, sobre a fúrcula esternal, as faces laterais do pescoço e fossas supraclaviculares. Artéria Femoral Objetivo: avaliar a amplitude e o contorno da onda de pulso, assim como a presença de sopros. O local de palpação tem como referência a metade de uma linha imaginária que une a espinha ilíaca ântero-superior ao púbis e situada abaixo do ligamento inguinal. Paciente em decúbito dorsal. É necessário comparar a amplitude dos dois pulsos, especialmente se existe a possibilidade de processos obstrutivos arteriais. Perante a suspeita de obstrução ao nível da aorta é preciso comparar a amplitude e sincronismo entre os pulsos radial e femoral. Artéria dorsal do pé e tibial posterior A palpação dessas artérias se destina a avaliar a amplitude de seus respectivos pulsos. Está particularmente indicada nos pacientes com sintomas de insuficiência vascular periférica ou nos indivíduos idosos. - Utiliza-se a extremidade distal do dedo indicador. Artéria Poplítea É examinada quando existe a suspeita de arteriopatia periférica. O pulso da artéria poplítea não é percebido diretamente mas sim como uma área de pulsação transmitida, difusa e discreta. Paciente em decúbito dorsal, com o joelho discretamente fletido e a perna apoiada sobre um travesseiro para que se consiga o relaxamento dos músculos da região poplítea. O examinador coloca suas mãos de cada lado do joelho, de modo que a face palmar dos dedos esteja em contato total com a fossa poplítea. Aumenta progressivamente a pressão dos dedos até perceber a amplitude máxima do pulso poplíteo. Como a posição da artéria pode variar, é necessário, ás vezes, modificar a posição dos dedos para que o pulso poplíteo seja notado. Características do Pulso Arterial Frequência cardíaca; Ritmo cardíaco; Regular (rítmico) ou irregular (arrítmico) Amplitude e contorno do pulso; Estado da parede arterial. A irregularidade do pulso indica alteração do ritmo cardíaco - arritmia, que pode ser fisiológica ou patológica. As arritmias reconhecíveis no exame do pulso são arritmia sinusal, as extrassístoles, afibrilação atrial e o bloqueio atrioventricular. Arritmia sinusal consiste na alternância de pulsações, ora mais rápidas, ora mais lentas, variações estas quase sempre relacionadas com a respiração. Na inspiração, as pulsações sucedem-se mais rapidamente, enquanto ocorre o contrário na expiração. A arritmia sinusal é comum e mais intensa em crianças. Trata-se de fenômeno fisiológico, não indicando, portanto, distúrbio na formação ou na condução do estímulo. Relaciona-se com o controle vagal do nódulo sinoatrial. A ausculta cardíaca possibilita o reconhecimento correto da arritmia sinusal. Amplitude e Contorno do Pulso Arterial Amplitude e contorno do pulso arterial normal À palpação, nos indivíduos jovens, verifica-se imediatamente após B1 ou o impulso cardíaco apical, uma elevação suave, rápida e uniforme do pulso arterial até atingir um ápice pouco saliente. Após B2, que marca o início da diástole, observa-se a descida da onda de pulso que é menos rápida que a elevação. Essa descida ou colapso do pulso arterial geralmente não é percebida à palpação do pulso normal. - A amplitude é classificada como de grau II. À medida que o indivíduo envelhece, os processos degenerativos da parede arterial modificam as características do pulso arterial. As artérias tornam-se rígidas e menos distensíveis. Com isso, a ejeção de um volume sistólico normal de sangue nessas artérias causa onda de pulso de elevação e descida mais rápidas e de amplitude mais elevada, sugerindo pressão de pulso maior. Pulso de Pequena Amplitude Limitada a uma determinada área: obstrução vascular. Sistêmico: distúrbio hemodinâmico. Para avaliação clínica do estado hemodinâmico, é preciso examinar os pulsos arteriais centrais e periféricos e correlacioná-los, entre si e com outros parâmetros como PA, coloração e temperatura da pele, enchimento capilar, FC, volume urinário e estado de consciência. Os distúrbios hemodinâmicos podem ser consequência da redução do volume sistólico e da velocidade de ejeção do ventrículo esquerdo ou da redução da pressão arterial média. A vasoconstrição arteriolar periférica compensadora de natureza simpática que acompanha a insuficiência circulatória pode reduzir também a amplitude dos pulsos arteriais periféricos. Pulsos de pequena amplitude Estenose aórtica valvar Estenose mitral Regurgitação mitral Comunicação interatrial Comunicação interventricular Derrame pericárdico Pericardite constritiva Miocardiopatias Insuficiência circulatória A estenose aórtica grave é o exemplo mais expressivo deste grupo. Nesta cardiopatia, a obstrução mecânica é a responsável pela redução da velocidade de ejeção do ventrículo esquerdo e, como consequência, da elevação lenta da pressão no pulso arterial. É essa obstrução que causa o pulso arterial de pequena amplitude e ascensão lenta, com o ápice prolongado, em platô, às vezes acompanhado de frêmito. - Pulso parvus (pequena amplitude) et tardus (elevação lenta). Pulso de Grande Amplitude (magnus) Estados hiperdinâmicos fisiológicos (ansiedade, hipertermia, gravidez, exercício físico) Estados hiperdinâmicos patológicos (tireotoxicose, anemia, beribéri, hepatopatias, Doença de Paget dos ossos) Síndrome do coração hipercinético Regurgitação aórtica Comunicações arteriovenosas Bradicardias Hipertensão arterial sistólica Cor pulmonale Tetralogia de Fallot O exemplo mais saliente do pulso arterial de grande amplitude é o pulso de Corrigan ou pulso em martelo de água ou célere, encontrado na regurgitação aórtica ou em outras condições que se associam com aumento do volume sistólico ou redução da resistência arteriolar periférica (vasodilatação periférica). É reconhecido pela elevação muito rápida e de grande amplitude, seguida de descida também rápida (pulso colapsante). É percebido pelo dedo que palpa como um impacto abrupto, correspondente à elevação. Pulso Arterial de Duplo Pico Duas ondas de pulso são palpadas durante cada ciclo cardíaco. Pulso bisferiens : as duas ondas ocorrem na sístole. As duas elevações que ocorrem durante cada ciclo cardíaco antecedem B2. Esse fato pode ser facilmente percebido quando se palpa o pulso arterial de modo simultâneo com a ausculta cardíaca. É mais evidente na artéria carótida ou na braquial e menos reconhecido na artéria radial. É presente em situações em que grande volume sistólico é ejetado na aorta, como na insuficiência aórtica grave com ou sem estenose aórtica discreta e em indivíduos com circulação hipercinética. Pulso Anacrótico Raramente é identificado ao exame físico. O duplo pico sistólico é causado por entalhe acentuado no ramo ascendente da onda de pulso. Distingue-se do pulso bisferiens por ser um pulso de pequena amplitude, de elevação lenta. À palpação, geralmente apenas se nota a elevação lenta e o ápice prolongado. - É reconhecido em alguns pacientes com estenose aórtica. Pulso dicrótico: uma das ondas ocorre na sístole e a outra na diástole. Ocorre em situações em que há ejeção de pequeno volume de sangue em aorta elástica, complacente. Pode ser encontrado em doenças que apresentam febre (hipotensão devido à resistência vascular periférica reduzida). O reconhecimento do pulso dicrótico exige uma palpação cuidadosa sem comprimir demasiadamente o vaso, pois uma compressão mais forte torna imperceptível a segunda onda. Pulso Arterial com variação rítmica da amplitude Pulso paradoxal Pulso alternante Pulso bigeminado Pulso Paradoxal Constitui um exagero da diminuição da pressão arterial sistólica durante a inspiração. Na palpação, é percebido como uma diminuição do pulso à inspiração. É definido como uma redução superior a 10 mmHg na pressão sistólica durante a inspiração. É encontrado em condições como tamponamento cardíaco, pericardite constritiva, doenças das vias aéreas ou embolia pulmonar. Normalmente, o enchimento do ventrículo e átrio esquerdos diminui durante a inspiração, e em situações em que a complacência ventricular esteja diminuída o enchimento é ainda menor, diminuindo o débito cardíaco e assim tornando o pulso menos palpável e reduzindo a pressão arterial. Pulso Alternante Pulso em que os batimentos são rítmicos, mas a intensidade do pulso varia entre batimentos. Percebe-se de modo sucessivo uma onda ampla seguida de outra mais fraca. Geralmente é observado em pacientes com grave comprometimento da função ventricular esquerda. Ocorre devido a variações no enchimento e na contratilidade miocárdicas em situações de disfunção ventricular esquerda. Tem melhor detecção durante a medida da pressão arterial. As artérias radial e braquial são as preferidas para a palpação. A compressão da artéria deve ser calculada para a percepção da onda mais débil. Pulso Bigeminado (bigeminismo) O primeiro batimento, o mais forte, se deve à contração ventricular em resposta ao ritmo sinusal e o segundo, mais fraco, ao ritmo ectópico. Estado da parede arterial As alterações arterioscleróticas das artérias constituídas principalmente da fibrose e da calcificação da camada média de suas paredes são melhor identificadas ao nível da artéria braquial.
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