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CONCURSO DE CRIMES, ERRO DE EXECUÇÃO, RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO Concurso de Crimes Concurso de crimes ocorre quando o agente, por meio de uma ou mais de uma conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, estes podendo ser idênticos ou não. O concurso de crimes é subdividido em concurso material, concurso formal e crime continuado, previstos, respectivamente, nos artigos 69, 70 e 71 do Código Penal. Concurso Material (Art. 69 do CP) Ocorre quando o agente, através de mais de uma conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, ainda que idênticos ou não. Exemplo: Agente A armado com um revólver, mata B e depois rouba C. Neste exemplo, há duas condutas e dois crimes diferentes (homicídio e roubo), a este resultado com crimes diferentes atribui-se o termo Concurso Material Heterogêneo, já para crimes idênticos, o termo é Concurso Material Homogêneo. No Concurso Material, o agente deve ser punido pela soma das penas privativas de liberdade. É imprescindível que o juiz, ao somar as penas, individualize cada pena antes da soma. Exemplo: Três tentativas de homicídio em Concurso Material. Neste caso, o magistrado deve, primeiramente, aplicar a pena para cada uma das tentativas e, no final, efetuar a adição. Somar as penas antes da individualização viola, claramente, o princípio da individualização da pena, fato que pode anular a sentença. Na hipótese da sentença cumular pena de reclusão e detenção, a de reclusão deverá ser cumprida primeiro. Concurso Formal (Art. 70 do CP) Ocorre quando o agente mediante uma conduta (ação ou omissão) pratica dois ou mais crimes, ainda que idênticos ou não. Exemplo: Agente A, com a intenção de tirar a vida da Agente B, grávida de 8 meses, desfere várias facadas em sua nuca, B e o bebê morrem. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade, a fração aplicada terá como base a quantidade de crimes. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. I. Concurso formal homogêneo: dois ou mais crimes idênticos. Exemplo: Avançar o sinal vermelho e matar duas pessoas - Dois Homicídios Culposos. II. Concurso formal heterogêneo: dois ou mais crimes diversos. Exemplo: Avançar o sinal vermelho e matar uma pessoa e ferir outra - Homicídio e Lesão corporal. III. Concurso formal perfeito: o agente não possuía o intuito de praticar os crimes de forma autônoma (culpa). Exemplo 1: Agente A atira em B para matá-lo, a bala atravessa e atinge C. Dolo + Culpa. Exemplo 2: Motorista que dirige de forma imprudente a acaba matando três pessoas. Culpa + Culpa. IV. Concurso formal imperfeito: o agente possuía o intuito de praticar os crimes de forma autônoma (dolo). Exemplo 1: Agente A que atira em C e D, seus desafetos. Dolo + Dolo. Na hipótese IV, a pena sempre será somada. Crime continuado (Art. 71 do CP) Não confundir o concurso formal com a continuidade delitiva prevista no Art. 71, CP. Nesta hipótese o agente mediante mais de uma conduta pratica dois ou mais crimes da mesma espécie aproveitando-se das mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhanças. Ainda os delitos subsequentes devem ser havidos ou originados como continuação do primeiro. Neste caso a consequência será a pena mais grave se forem diferentes ou qualquer delas se iguais será acrescida na fração de 1/6 até 2/3. A figura do crime continuado um favor legal ao agente que comete vários delitos. Cumpridas as condições do mencionado dispositivo, os fatos serão considerados crime único por razões de política criminal, sendo apenas agravada a pena de um deles, se idênticos, ou do mais grave, se diversos, à fração de 1/6 a 2/3. O reconhecimento de tal modalidade exige uma pluralidade de condutas sucessivas no tempo, que ocorrem de forma periódica e se constituem em delitos da mesma espécie (ofende o mesmo bem jurídico tutelado pela norma – não se exigindo a prática de crimes idênticos) É o caso do indivíduo que é preso após cometer vários furtos, o qual agia sempre da mesma forma. A pena do furto é de 1 a 4 anos, na hipótese da prática de 50 furtos e aplicação da pena máxima em cada um, não seria interessante para o Estado o cumprimento de 4x50=200 anos de pena aplicada ao condenado, o que feriria também o princípio da ressocialização do apenado. Descriminantes putativas Descriminante é causa de exclusão da licitude. Exemplos do art. 23 do CP: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito. Putativo é algo que parece, mas não é, algo inexistente. Logo, descriminante putativa é a causa de exclusão da ilicitude que não existe de verdade, mas apenas no imaginário do agente. As descriminantes putativas estão ligadas ao erro. Estão presentes em 3 situações: erro relativo aos pressupostos de fato de uma causa de exclusão de ilicitude, erro relativo à existência de uma causa de exclusão de ilicitude e erro relativo aos limites de uma causa de exclusão de ilicitude. A solução que o direito penal brasileiro oferece para esses casos depende se essa avaliação errônea do agente era inevitável ou evitável. Erro sobre a pessoa e "Aberratio Ictus" por acidente ou por erro na execução. Na hipótese de erro sobre a pessoa há um engano sobre a representação, ou seja, o agente crê tratar-se de outra pessoa. Consequências do erro sobre a pessoa: Não há isenção de pena e serão desconsideradas as condições ou qualidades da vítima, prevalecendo as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. OBS: Há um erro sobre a representação (pensa que é uma pessoa, mas é outra). A hipótese de Aberratio ictus, em Direito penal, significa erro na execução ou erro por acidente. Quero atingir uma pessoa ("A") e acabo matando outra ("B"). A leitura do art. 73 do Código Penal (Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código) nos conduz à conclusão de que existem duas espécies de aberratio ictus: em sentido estrito e em sentido amplo. Consequências no Aberratio Ictus: Responderá como se tivesse praticado o crime contra a pessoa pretendida e quando for atingida a pessoa pretendida e pessoa diversa, aplicasse a regra do chamado concurso formal. Diferença entre aberratio ictus por erro na execução e error in personae: no erro sobre pessoa (exemplo da favela em São Paulo em que um traficante queria matar um policial e acabou matando um padre, por equívoco) há um erro de representação (o agente representa mal, equivoca-se sobre a pessoa da vítima). Na aberratio ictus por erro de execução o que existe é inabilidade na execução. O sujeito representa bem a situação, vê com clareza a pessoa pretendida, não se equivoca sobre a pessoa que se deseja alcançar, mas erra nos meios de execução. Outra diferença importante: na aberratio ictus por erro na execução a vítima visada está presente e é em razão do erro do agente que outra pessoa é atingida. No erro sobre pessoa a vítima pretendida não está presente no local e momento dos fatos. Resultado diverso do pretendido (Aberratio Criminis) Excluindo-se a hipótese de erro na execução e erro sobre a pessoa quando por acidente ou erro na execução sobrevém resultado diverso do pretendido. Ou seja, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o resultado não corresponde com o pretendido pelo agente, que responderá pelo resultado produzido a títulode culpa. Ex.: o sujeito atira uma pedra para danificar o carro de A, mas, por falha na pontaria, acaba acertando o motorista, que morre com a pancada. Responderá por homicídio culposo (resultado produzido). Se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do concurso formal. OBS: Será resultado diverso do pretendido por exclusão, é regra subsidiária. Não havendo previsão de crime culposo para o resultado, o fato será atípico, exemplo dano (somente na modalidade dolosa).
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