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direito penal 2 Fase OAB 2020

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
CAPÍTULO I - DA TIPICIDADE .................................................................................. 3 
1. DO FATO TÍPICO E CONDUTA ....................................................................................... 3 
2. DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE .................................................................................. 12 
3. DO CRIME DOLOSO E CULPOSO ................................................................................. 19 
4. CONFLITO APARENTE DE NORMAS ............................................................................. 22 
5. CONCURSOS .............................................................................................................. 29 
6. TEORIA DO CRIME ..................................................................................................... 52 
7. DA CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ................................................................................. 56 
8. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ............................................. 60 
9. ARREPENDIMENTO POSTERIOR .................................................................................. 64 
10. CRIME IMPOSSÍVEL .................................................................................................. 66 
11. ERRO DE TIPO ......................................................................................................... 69 
12. ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO E ERRO DE TIPO ACIDENTAL ................................ 75 
13. ERRO NA EXECUÇÃO (aberratio ictus) E RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO 
(aberratio criminis) ......................................................................................................... 78 
14. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (CRIME DE BAGATELA) E SÚMULA VINCULANTE Nº 
24 STF .......................................................................................................................... 82 
15. DESCRIMINANTES PUTATIVAS .................................................................................. 85 
 
CAPÍTULO II - DA ILICITUDE ................................................................................. 89 
1. ESTADO DE NECESSIDADE ......................................................................................... 90 
2. LEGÍTIMA DEFESA ..................................................................................................... 94 
3. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO ........ 99 
 
CAPÍTULO III - DA CULPABILIDADE .................................................................... 101 
1. INIMPUTABILIDADE ................................................................................................. 102 
2. FALTA DE POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE ................................................... 105 
 
CAPÍTULO IV - TEORIA DA PENA .......................................................................... 112 
1. DA FIXAÇÃO DA PENA .............................................................................................. 113 
2. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA ............................................................ 124 
3. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ........................................................................... 129 
4. DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA (SURSIS) .............................. 133 
 
CAPÍTULO V - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ....................................................... 136 
1. DA DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO ................................................................................ 137 
2. DA RENÚNCIA E DO PERDÃO .................................................................................... 139 
3. RETRATAÇÃO .......................................................................................................... 142 
4. PERDÃO JUDICIAL ................................................................................................... 144 
5. DA PRESCRIÇÃO ...................................................................................................... 146 
 
PADRÃO DE RESPOSTA ......................................................................................... 163 
 
 
 
3 
DA TIPICIDADE 
 
 
 
1. DO FATO TÍPICO E CONDUTA 
 
Fato típico é o que se amolda ao modelo legal da conduta proibida. É o fato que se 
enquadra no conjunto de elementos descritivos do delito contidos na lei penal. 
 
Ausente um dos elementos do fato típico a conduta passa a constituir um indiferente 
penal. É um fato atípico. 
 
1.1) CONDUTA 
A) CONCEITO 
CONDUTA é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada 
finalidade. 
B) AUSÊNCIA DE CONDUTA 
Para a caracterização da conduta, sob qualquer aspecto, é indispensável a existência 
do binômio vontade e consciência. 
01
22
ELEMENTOS 
DO FATO 
TÍPICO
CONDUTA
RESULTADO
NEXO DE 
CAUSALIDADE
TIPICIDADE
*para todos verem: esquema 
 
 
4 
VONTADE é o querer ativo, apto a levar o ser humano a praticar um ato livremente. 
O ato voluntário deve ser espontâneo, isto é, mediante um proceder por vontade própria; caso contrário, será 
ato coagido e forçado, levando à exclusão do crime. 
CONSCIÊNCIA é a possibilidade de o ser humano ter noção clara da diferença 
existente entre realidade e ficção. 
Ausente vontade ou consciência, não haverá conduta punível. Não havendo conduta 
punível, o fato será atípico. 
Pode-se dizer que há ausência de conduta nos seguintes casos, por exemplo: 
 
a) Coação física irresistível (“vis absoluta”) 
Ocorre quando o sujeito pratica o movimento em consequência de força corporal 
exercida sobre ele. Quem atua obrigado por uma força irresistível não age voluntariamente. Neste caso, o 
agente é mero instrumento realizador da vontade do coator. 
Imaginemos alguém sendo fisicamente forçado a falsificar um documento. Nesse 
caso, não haverá conduta punível, por ausência de vontade, sendo o fato atípico em relação ao agente 
fisicamente coagido. Somente o coator responderia pelo delito. 
Assim, não havendo vontade, não há conduta. Não havendo conduta, não há fato 
típico. Não havendo fato típico, não há crime. Logo, o fato praticado pelo fisicamente coagido é atípico. Não 
responde por nenhum crime. 
Diversa é a situação, contudo, quando se tratar de coação moral. 
Na coação moral, não há aplicação da força física, mas de ameaça ou intimidação, 
feita através da promessa de um mal, para que se determine o coato à realização do fato criminoso. O coagido 
poderá optar. 
No caso da coação moral, o fato é revestido de tipicidade, mas não é culpável, em 
face da inexigibilidade de conduta diversa. 
Portanto, existe o fato típico, pois a ação é juridicamente relevante, mas não há que 
se falar em culpabilidade, aplicando-se a regra do art. 22, 1ª parte, do Código Penal (causa de exclusão da 
culpabilidade). A coação moral irresistível será estudada no tema culpabilidade. 
 
Em síntese: 
Coação física irresistível: causa de exclusão da tipicidade 
Coação moral irresistível: causa de exclusão da culpabilidade 
Coação moral resistível: atenuante (art. 65, III, “c”, CP) 
*para todos verem: esquema 
 
 
5 
 
 
b) Movimentos reflexos 
Os atos reflexos não dependem da vontade, uma vez que são reações motoras, 
secretórias ou fisiológicas, produzidas pela excitação de órgãos do corpo humano. 
 
Ex. tosse, espirro, etc. 
 
c) Estados de inconsciência 
Consciência “é o resultado da atividade das funções mentais. Não se trata de uma 
faculdade do psiquismo humano, mas do resultado do funcionamento de todas elas”. 
Quando essas funções mentais não funcionam adequadamente se diz que há estado 
de inconsciência, que é incompatível com a vontade, e sem vontade não há ação. 
 Ex: praticar determinada conduta em estado de sonambulismo. 
 
1.2) DOS CRIMES OMISSIVOS 
A conduta delitiva não se limita a uma atividade positiva, ou seja, a uma ação, 
podendo,ainda, o agente praticar delito por meio de uma conduta omissiva, por um não fazer, por uma 
abstenção de um movimento corpóreo. 
Os crimes omissivos podem ser próprios ou impróprios (ou comissivos por omissão). 
I) CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS 
São os que se perfazem com a simples conduta negativa do sujeito, 
independentemente da produção de qualquer consequência posterior. 
COAÇÃO FÍSICA 
IRRESISTÍVEL
Sujeito é forçado 
fisicamente a 
praticar o fato típico
CAUSA DE 
EXCLUSÃO DA 
TIPICIDADE
COAÇÃO MORAL 
IRRESISTÍVEL
Sujeito é ameaçado 
ou intimidado a 
praticar o fato típico
CAUSA DE 
EXCLUSÃO DA 
CULPABILIDADE
COAÇÃO MORAL 
RESISTÍVEL
Sujeito é ameaçado 
ou intimidado a 
praticar o fato típico, 
mas poderia resistir
ATENUANTE (ART. 
65, III, "C", CP)
*para todos verem: esquema 
 
 
6 
Há um tipo penal específico descrevendo a conduta omissiva. O verbo nuclear do 
tipo descreve uma conduta omissiva. Nesse caso, o crime consiste em o sujeito amoldar a sua conduta ao tipo 
legal que descreve uma conduta omissiva. Em síntese, o agente será responsabilizado por não cumprir 
o dever de agir contido implicitamente na norma incriminadora. 
Nos crimes omissivos próprios basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao 
dever de agir para que o delito se consume. A OBRIGAÇÃO DO AGENTE É DE AGIR E NÃO DE EVITAR O 
RESULTADO. O resultado que eventualmente surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação do 
crime, podendo apenas configurar uma majorante ou uma qualificadora. 
Ex: Omissão de socorro 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, 
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão 
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
 
II) CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR OMISSÃO – Art. 13, § 2º 
 
Nos crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles em que o 
tipo penal descreve uma conduta ativa, ou seja, o verbo nuclear do tipo descreve uma ação. Nesse caso, o 
C
R
IM
E
S
 O
M
IS
S
IV
O
S
 
P
R
Ó
P
R
IO
S
DEVER DE AGIR
NÃO TEM O DEVER DE 
IMPEDIR O RESULTADO
NÃO RESPONDE PELO 
RESULTADO
PODE CONFIGURAR 
MAJORANTE ou
QUALIFICADORA
EX: ART. 135, 
PARÁGRAFO ÚNICO, CP
NORMA PENAL 
ESPECÍFICA
DESCREVE CONDUTA 
OMISSIVA
EX: ART. 135 CP 
ART. 244 CP
MANDAMENTAL
CRIME DE MERA 
CONDUTA
NÃO ADMITE 
TENTATIVA
CONDUTA 
OMISSIVA
ART. 13, §2º CP RESULTADO
*para todos verem: esquema 
*para todos verem: esquema 
 
 
7 
agente será responsabilizado por ter deixado de agir quando estava juridicamente obrigado a desenvolver 
uma conduta para evitar o resultado. 
Nos crimes omissivos impróprios, o agente não tem simplesmente a obrigação de 
agir, mas a OBRIGAÇÃO DE AGIR PARA EVITAR UM RESULTADO, isto é, deve agir com a finalidade de impedir 
a ocorrência de determinado evento. Nos crimes comissivos por omissão há, na verdade, um crime material, 
isto é, um crime de resultado. 
Ou seja, se o agente que tinha o dever de agir para evitar o resultado mantém-se 
inerte, omisso, responderá pelo resultado gerado. 
Ressalta-se, no entanto, que somente será atribuído ao agente a responsabilidade 
por sua conduta omissiva se, nas circunstâncias, era possível agir para evitar o resultado. 
Ex: se um médico plantonista deixa de atender um paciente que falece, porque 
estava atendendo a outro enfermo em situação de emergência, à evidência, não poderá ser responsabilizado 
pela morte do paciente que aguardava atendimento. 
O Código Penal regulou expressamente as hipóteses em que o agente assume a 
condição de garantidor. 
De fato, para que alguém responda por crime comissivo por omissão é 
preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado, previsto no artigo 13, § 2º: 
 
a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância 
Nesse caso, por expressa imposição da lei, o agente estará obrigado a agir para 
evitar o resultado. Assim, se o agente se omitir, ou seja, deixar de agir, quando lhe era possível, responderá 
pelo resultado gerado. 
Isso porque, se o sujeito, em virtude de sua abstenção, descumprindo o dever de 
agir, não busca evitar o resultado é considerado, pelo Direito Penal, como se o tivesse causado. 
É o caso, por exemplo, dos pais em relação aos filhos (art. 1634 e 1566, IV, ambos 
do Código Civil), ao dever de mútua assistência entre os cônjuges (art. 1566 do Código Civil). 
Ex: Mãe que deixa de alimentar o filho, que, por conta da sua negligência, acaba 
morrendo por inanição. Essa mãe deverá responder pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, 
de outro lado, a mãe desejou a morte do filho ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio 
doloso. 
 
b) De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado 
 
 
 
8 
A doutrina não fala mais em dever contratual, uma vez que a posição de garantidor 
pode advir de situações em que não existe relação jurídica entre as partes. O importante é que o sujeito se 
coloque em posição de garante no sentido de que o resultado não ocorrerá. 
Aqui a obrigação de agir para evitar o resultado não decorre de lei, mas do fato de 
o agente ter assumido a responsabilidade de impedi-lo. 
Ex: babá que, por negligência, deixa de cumprir corretamente sua obrigação de 
cuidar da criança, que acaba caindo na piscina e, por isso, morre afogada. Nesse caso, responderá pelo 
resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado, desejou a morte da criança ou assumiu o 
risco de produzi-la, responderá por homicídio doloso. 
 
Ex: Salva-vidas Carlos que presta em clube social, que, com várias crianças 
brincando na piscina, fica observando a beleza física da mãe de uma das crianças e, ao mesmo tempo, falando 
no celular com um amigo, ficando de costas para a piscina. Se, nesse momento, uma criança vem a falecer 
por afogamento, o salva-vidas responderá por homicídio culposo, diante da sua omissão culposa, já que violou 
o seu dever de garantidor. 
 
c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado 
Nesta hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo 
para bens jurídicos alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o risco, fica obrigado a evitar 
que ele se degenere ou desenvolva para o dano ou lesão. 
Não importa que o tenha feito voluntariamente ou involuntariamente, dolosa ou 
culposamente; importa é que com sua ação ou omissão originou uma situação de risco ou agravou uma 
situação já existente. 
Aluno veterano, por ocasião de um trote acadêmico, sabendo que a vítima não sabe 
nadar, joga o incauto calouro na piscina. Nesse caso, contrai o dever jurídico de agir para evitar o resultado, 
sob pena de responder por homicídio. 
 
 
9 
 
 
 
CRIMES 
OMISSIVOS 
IMPRÓPRIOS
(Art. 13, §2º, CP)
NÃO HÁ NORMA 
ESPECÍFICA 
DESCREVENDO A 
OMISSÃO
DEVER DE AGIR 
+ 
IMPEDIR O 
RESULTADO
O DEVER DE AGIR 
INCUMBE A QUEM
(Art. 13, §2º CP)
a) tenha por lei 
obrigação de 
cuidado, proteção 
ou vigilância
Ex: pais perante 
os filhos (art. 
1.634 CC);
mútua assistência 
entre os cônjuges 
(art. 1.566 CC)
b) de outra forma, 
assumiu a 
responsabilidade 
de impedir o 
resultado
Ex: médico 
plantonista; 
babá; 
diretora de escola 
c) com seu 
comportamento 
anterior, criou o 
risco da 
ocorrência do 
resultado.
Ex: trote 
acadêmico
RESPONDE PELO 
RESULTADO 
GERADO
*para todos verem: esquema 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
CONDUTA
AÇÃO
OMISSÃO
CRIME 
OMISSIVO 
PRÓPRIO
Dever de 
agir
Norma penal 
específica
Descreve 
conduta 
omissiva
Mandamental
Crime de 
mera 
conduta
Não admite 
tentativa
Não responde 
pelo resultado
Qualificadora
Majorante
CRIMEOMISSIVO 
IMPRÓPRIO
Não há norma 
específica 
descrevendo a 
omissão
Dever de agir 
+ 
impedir o 
resultado
Art. 13, 
§2º CP
a) Lei
b) 
Garantidor
c) Criação 
do Risco
Responde pelo 
resultado
*para todos verem: esquema 
 
 
11 
 
QUESTÃO 2 - V EXAME OAB 
Joaquina, ao chegar à casa de sua filha, Esmeralda, deparou-se com seu genro, Adaílton, mantendo relações 
sexuais com sua neta, a menor F.M., de 12 anos de idade, fato ocorrido no dia 2 de janeiro de 2011. 
Transtornada com a situação, Joaquina foi à delegacia de polícia, onde registrou ocorrência do fato criminoso. 
Ao término do Inquérito Policial instaurado para apurar os fatos narrados, descobriu-se que Adaílton vinha 
mantendo relações sexuais com a referida menor desde novembro de 2010. Apurou-se, ainda, que Esmeralda, 
mãe de F.M., sabia de toda a situação e, apesar de ficar enojada, não comunicava o fato à polícia com receio 
de perder o marido que muito amava. 
Na condição de advogado(a) consultado(a) por Joaquina, avó da menor, responda aos itens a seguir, 
empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Adaílton praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,3) 
b) Esmeralda praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,5) 
c) Considerando que o Inquérito Policial já foi finalizado, deve a avó da menor oferecer queixa-crime? (Valor: 
0,45) 
 
QUESTÃO 04 – X EXAME OAB 
Erika e Ana Paula, jovens universitárias, resolvem passar o dia em uma praia paradisíaca e, de difícil acesso 
(feito através de uma trilha), bastante deserta e isolada, tão isolada que não há qualquer estabelecimento 
comercial no local e nem mesmo sinal de telefonia celular. As jovens chegam bastante cedo e, ao chegarem, 
percebem que além delas há somente um salva-vidas na praia. Ana Paula decide dar um mergulho no mar, 
que estava bastante calmo naquele dia. Erika, por sua vez, sem saber nadar, decide puxar assunto com o 
salva-vidas, Wilson, pois o achou muito bonito. Durante a conversa, Erika e Wilson percebem que têm vários 
interesses em comum e ficam encantados um pelo outro. Ocorre que, nesse intervalo de tempo, Wilson 
percebe que Ana Paula está se afogando. Instigado por Erika, Wilson decide não efetuar o salvamento, que 
era perfeitamente possível. Ana Paula, então, acaba morrendo afogada. 
Nesse sentido, atento(a) apenas ao caso narrado, indique a responsabilidade jurídico-penal de Erika e Wilson. 
(Valor: 1,25) 
O examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do dispositivo 
legal não pontua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
2. DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE – Art. 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pela própria denominação (nexo causal) é possível perceber que consiste no vínculo 
ou liame de causa e efeito entre a ação e o resultado do crime. 
CONDUTA RESULTADO 
CONCAUSA INDEPENDENTE 
ABSOLUTAMENTE 
DEPENDENTE 
Por si só 
produziu o 
resultado 
Teve origem 
na conduta 
ABSOLUTAMENTE 
INDEPENDENTE 
Não teve 
origem na 
conduta 
PREEXISTENTE 
CONCOMITANTE 
SUPERVENIENTE 
RELATIVAMENTE 
INDEPENDENTE 
Teve origem 
na conduta 
PREEXISTENTE 
CONCOMITANTE 
SUPERVENIENTE 
RELATIVAMENTE 
Não teve 
origem na 
conduta 
*para todos verem: esquema 
 
 
13 
Via de regra, a conduta do agente produz o resultado criminoso de forma direta. 
Trata-se de relação de causa (conduta) e efeito (resultado): Nexo de causalidade. 
Todavia, pode ocorrer que, aliada à conduta do agente, outra causa contribua para 
o resultado. É a chamada concausa. 
Esta “concausa” pode ser absolutamente independente ou relativamente 
independente, dependendo se teve ou não origem na conduta do agente. 
 
2.1) CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
I) CONCEITO 
São aquelas que não tem origem na conduta do agente. A expressão 
“absolutamente” serve para designar que a outra causa independente por si só produziu o resultado. São 
causas que não se inserem na linha do desdobramento natural da conduta do agente, ou seja, causas 
inusitadas, desvinculadas da ação do agente, surgindo de fonte distinta. 
Em síntese, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si 
sós produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da conduta. 
Há, na verdade, uma quebra do nexo causal. 
II) ESPÉCIES DE CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
a) Preexistentes 
Trata-se de causa que existia antes da conduta do agente e produzem o resultado 
independentemente da sua atuação. Ou seja, com ou sem a ação do agente o resultado ocorreria do mesmo 
modo. 
 
Ex: O agente desfere um disparo de arma de fogo contra a vítima, que, no entanto, 
vem a falecer pouco depois, não em consequência dos ferimentos recebidos, mas porque antes ingerira veneno 
com a intenção de suicidar. 
 
Nesse caso, há a conduta do agente (efetuar o disparo), mas o que gerou o resultado 
morte foi outra causa (o veneno). Essa outra causa é independente da conduta do agente (porque por si só 
produziu o resultado). É absolutamente independente (porque não teve origem na conduta do agente, pois 
tendo ou não efetuado o disparo o resultado ainda assim se produziria). É preexistente porque essa outra 
causa (veneno) já existia antes da ação do agente. 
b) Concomitantes 
 
 
14 
São as causas que não têm nenhuma relação com a conduta e produzem o resultado 
independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que a ação é 
realizada. 
Ex: “A” desfere golpe de faca contra “B” no exato momento em que este vem a 
falecer exclusivamente por força de uma queda de um lustre sobre sua cabeça. 
 
Nesse caso, há a conduta do agente (desferir o golpe de faca), mas o que gerou o 
resultado morte foi outra causa (lustre na cabeça). O lustre na cabeça se trata de causa independente da 
conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É absolutamente independente (porque não 
teve origem na conduta do agente, pois tendo ou não efetuado desferido o golpe o resultado ainda assim se 
produziria). É concomitante porque essa outra causa (queda do lustre na cabeça) ocorreu exatamente no 
momento da ação do agente. 
c) Supervenientes 
São causas que atuam após a conduta. Ou seja, que surgem depois da conduta 
desenvolvida pelo agente. 
Ex: “A” ministra veneno na alimentação de “B”. Antes do veneno produzir efeitos, 
mas minutos depois de ser ministrado, cai um lustre na cabeça da vítima, matando-a. 
Nesse caso, há a conduta do agente (ministrar veneno), mas o que gerou o resultado 
morte foi outra causa (lustre na cabeça). O lustre na cabeça é uma causa independente da conduta do 
agente (porque por si só produziu o resultado). É absolutamente independente (porque não teve origem na 
conduta do agente, pois tendo ou não ministrado o veneno o resultado ainda assim se produziria). É 
superveniente porque essa outra causa (queda do lustre na cabeça) ocorreu depois da conduta do 
agente. 
III) CONSEQUÊNCIAS DAS CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
Quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito, o problema 
é resolvido pelo art. 13, caput, do CP: Há exclusão da causalidade decorrente da conduta. Ou seja, o agente 
responde somente por aquilo que deu causa. 
Nos exemplos, a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento do 
agente. Em face disso, ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos praticados antes de sua 
produção. Isso porque ocorreu quebra do nexo causal. Assim, se o dolo era de matar, o agente responderia 
por tentativa de homicídio. 
 
 
 
15 
CUIDADO: Se o enunciado apontar dolo de lesão corporal, por exemplo, o agente 
responderá por aquilo que deu causa: lesão corporal (leve, grave ou gravíssima). 
 
QUESTÃO 03 – OAB – 2010-02 
Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, acertando-o na regiãotoráxica. 
José vem a falecer, entretanto, não em razão do disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia 
ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi comprovado durante instrução 
processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do previsto no artigo 121, “caput”, do Código 
Penal. 
Na condição de Advogado de Pedro: 
I. Indique o recurso cabível; 
II. O prazo de interposição; 
III. A argumentação visando à melhoria da situação jurídica do defendido. 
Indique, ainda, para todas as respostas, os respectivos dispositivos legais. 
 
2.2) CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
I) CONCEITO 
Causas relativamente independentes são aquelas que tiveram origem na conduta do 
agente. Ou seja, essas causas somente surgiram porque o agente desenvolveu uma conduta. 
Como são causas independentes, produzem por si sós o resultado, não se situando 
dentro da linha de desdobramento causal da conduta. Por serem, no entanto, apenas relativamente 
independentes, encontram sua origem na própria conduta praticada pelo agente. 
Aqui não há, de regra, uma quebra do nexo causal, mas uma soma entre as causas, 
que, ao final, conduzem ao resultado lesivo. 
II) ESPÉCIES DE CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
a) Preexistentes 
A causa que efetivamente gerou o resultado já existia ao tempo da conduta do 
agente, que concorreu para a sua produção. 
Ex: “A”, com a intenção de matar, desfere um golpe de faca na vítima, que é 
hemofílica e vem a morrer em face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. No 
caso, o golpe isoladamente seria insuficiente para produzir o resultado fatal, de modo que a hemofilia atuou 
de forma independente, produzindo por si só o resultado. 
Nesse caso, há a conduta do agente (golpe de faca), mas o que desencadeou 
efetivamente o resultado morte foi outra causa (hemofilia). Essa outra causa é independente da conduta do 
agente (porque por si só produziu o resultado). É relativamente independente (porque teve origem na 
 
 
16 
conduta do agente, pois, se não tivesse desferido a facada, essa outra causa não seria desencadeada e o 
resultado não ocorreria). É preexistente porque essa outra causa (hemofilia) já existia ao tempo da ação do 
agente. 
Nesse caso, como há uma soma de causas e não quebra do nexo causal, o agente 
responde pelo resultado pretendido. No caso, homicídio consumado, a menos que não tenha concorrido para 
ele com dolo ou culpa. 
Isso, porque, segundo doutrina majoritária, a imputação do resultado ao agente 
exige que ele tenha conhecimento do estado de saúde do agente (que denota dolo) ou que, pelo menos, que 
lhe fosse previsível (indicativo de culpa). 
Assim, se, por exemplo, o agente não sabia do estado de saúde da vítima ou não 
lhe era previsível, não poderia lhe ser atribuído o resultado morte, responderia, pois, pelo delito de tentativa 
de homicídio (se agiu com a intenção de matar). 
Se, no entanto, pretendia ferir a vítima, agredindo-a com um soco e, esta em razão 
da hemofilia, desconhecida pelo agente, vem a falecer em razão da eclosão de uma hemorragia, o agente 
somente será responsabilizado pelo delito de lesão corporal. 
 
b) Concomitantes 
A causa que efetivamente produziu o resultado surge no exato momento da conduta 
do agente. 
Ex: considera-se o ataque à vítima, por meio de disparo de arma de fogo, que, no 
exato momento da agressão, sofre ataque cardíaco, vindo a falecer, apurando-se que a soma desses fatores 
(causas) produziu a morte, já que a agressão e o ataque cardíaco, considerados isoladamente, não teriam o 
condão do produzir o resultado morte. 
 
Nesse caso, há a conduta do agente (golpe de faca), mas o que desencadeou 
efetivamente o resultado morte foi outra causa (ataque cardíaco). Essa outra causa é independente da 
conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É relativamente independente (porque teve 
origem na conduta do agente, pois, se não tivesse desferido a facada, essa outra causa não seria 
desencadeada e o resultado não ocorreria). É concomitante porque essa outra causa (ataque cardíaco) já 
existia ao tempo da ação do agente. 
Nesse caso, como há uma soma de causas e não quebra do nexo causal, o agente 
responde pelo resultado pretendido. No caso, homicídio consumado, a menos que não tenha concorrido para 
ele com dolo ou culpa. 
 
 
 
17 
c) Supervenientes 
A causa que efetivamente produziu o resultado ocorre depois da conduta praticada 
pelo agente. 
 
Ex. O agente desfere um golpe de faca contra a vítima, com a intenção de matá-la. 
Ferida, a vítima é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por esse motivo, a falecer. A causa é 
independente, porque a morte foi provocada pelo acidente e não pela facada, mas essa independência é 
relativa, já que, se não fosse o ataque, a vítima não estaria na ambulância acidentada e não morreria. Tendo 
atuado posteriormente à conduta, denomina-se causa superveniente. 
 
Nesse caso, há a conduta do agente (golpe de faca), mas o que desencadeou 
efetivamente o resultado morte foi outra causa (traumatismo decorrente do acidente). Essa outra causa é 
independente da conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É relativamente independente 
(porque teve origem na conduta do agente, pois, se não tivesse desferido a facada, a vítima não estaria na 
ambulância e, portanto, não teria falecido por conta do acidente). É superveniente porque essa outra causa 
(traumatismo pelo acidente) surgiu depois da conduta do agente. 
Na hipótese das causas supervenientes, embora exista nexo físico-naturalístico, 
a lei, por expressa disposição do art. 13, § 1º, CP, que excepcionou a regra geral, exclui a imputação do 
resultado ao agente, devendo, no entanto, responder pelos atos anteriormente efetivamente praticados. 
Assim, o agente não responde pelo resultado ocorrido, mas somente pelos atos 
anteriores, que, no caso, foi tentativa de homicídio. 
CUIDADO: Se o enunciado apontar dolo de lesão corporal, por exemplo, o agente 
responderá pelos atos anteriores praticados, no caso, lesão corporal (leve, grave ou gravíssima). 
 
QUESTÃO 1 – XXI EXAME 
Paulo e Júlio, colegas de faculdade, comemoravam juntos, na cidade de São Gonçalo, o título obtido pelo 
clube de futebol para o qual o primeiro torce. Não obstante o clima de confraternização, em determinado 
momento, surgiu um entrevero entre eles, tendo Júlio desferido um tapa no rosto de Paulo. Apesar da pouca 
intensidade do golpe, Paulo vem a falecer no hospital da cidade, tendo a perícia constatado que a morte 
decorreu de uma fatalidade, porquanto, sem que fosse do conhecimento de qualquer pessoa, Paulo tinha uma 
lesão pretérita em uma artéria, que foi violada com aquele tapa desferido por Júlio e causou sua morte. O 
órgão do Ministério Público, em atuação exclusivamente perante o Tribunal do Júri da Comarca de São 
Gonçalo, denunciou Júlio pelo crime de lesão corporal seguida de morte (Art. 129, § 3º, do CP). Considerando 
a situação narrada e não havendo dúvidas em relação à questão fática, responda, na condição de advogado(a) 
de Júlio: 
A) É competente o juízo perante o qual Júlio foi denunciado? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Qual tese de direito material poderia ser alegada em favor de Júlio? Justifique. (Valor: 0.60) 
 
 
18 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
QUESTÃO 
Durante uma grave discussão, ocorrida no serviço, Licurgo Moicano agrediu Coitinho Lelo com uma paulada 
na cabeça, com a intenção de matá-lo. Atendido com rapidez, Coitinho Lelo foi colocado dentro de uma 
ambulância que rumou para o Pronto Socorro Municipal. No trajeto, a ambulância capotou, vindo Coitinho Lelo 
a falecer em razão do acidente. Diante do fato e à luz do ordenamento jurídico penal, responda se Licurgo 
Moicano deve ser responsabilizado penalmente?Em caso afirmativo, indique qual o crime, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
 
QUESTÃO 4 – XXV EXAME – REAPLICAÇÃO PORTO ALEGRE 
Vitor efetuou disparos de arma de fogo contra José, com a intenção de causar sua morte. Ocorre que, por 
erro durante a execução, os disparos atingiram a perna de seu inimigo e não o peito, como pretendido. 
Esgotada a munição disponível, Vitor empreendeu fuga, enquanto José solicitou a ajuda de populares e 
compareceu, de imediato, ao hospital para atendimento médico. Após o atendimento médico, já no quarto 
com curativos, enquanto dormia, José vem a ser picado por um escorpião, vindo a falecer no dia seguinte em 
razão do veneno do animal, exclusivamente. Descobertos os fatos, considerando que José somente estava no 
hospital em razão do comportamento de Vitor, o Ministério Público oferece denúncia em face do autor dos 
disparos pela prática do crime de homicídio consumado, previsto no Art. 121, caput, do Código Penal. Após 
regular prosseguimento do feito, na audiência de instrução e julgamento da primeira fase do procedimento 
do Tribunal do Júri, quando da oitiva das testemunhas, o magistrado em atuação optou por iniciar a oitiva das 
testemunhas formulando diretamente suas perguntas, sem permitir às partes complementação. Após 
alegações finais orais das partes, o magistrado proferiu decisão de pronúncia. Apesar da impugnação da defesa 
quanto à formulação das perguntas pelo juiz, o magistrado esclareceu que não importaria quem fez a 
pergunta, pois as respostas seriam as mesmas. Com base apenas nas informações narradas, na condição de 
advogado(a) de Vitor, responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso cabível da decisão proferida pelo 
magistrado e qual argumento de direito processual pode ser apresentado em busca da desconstituição de tal 
decisão? Justifique. (Valor: 0,65) B) Existe argumento de direito material a ser apresentado, em momento 
oportuno, para questionar a capitulação jurídica apresentada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,60) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
 
 
 
19 
3. DO CRIME DOLOSO E CULPOSO 
 
3.1) DO CRIME DOLOSO – Art. 18, I, CP 
I) DOLO DIRETO 
No dolo direto o agente quer o resultado e desenvolve uma conduta voltada a 
produção desse resultado. Aplica-se aqui a teoria da vontade. 
Ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção de matá-la. O dolo se 
projeta de forma direta no resultado morte. 
 
II) DOLO EVENTUAL 
Ocorre o dolo eventual quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto 
é, admite e aceita o risco de produzi-lo. 
Há a previsão do resultado, mas, ao invés de não seguir adiante no seu intento, o 
agente desenvolve uma conduta assumindo o risco de produzi-lo. Percebe que é possível causar o resultado 
e, não obstante, realiza o comportamento. Entre desistir da conduta e causar o resultado, prefere que este se 
produza. 
Sobre o dolo eventual, o Código Penal adota a teoria positiva do consentimento, 
segundo a qual o sujeito não leva em conta a possibilidade do evento previsto, agindo e assumindo o risco de 
sua produção. 
 
3.2) DO CRIME CULPOSO – Art. 18, II, CP 
I) CONCEITO 
Extrai-se do artigo 18, inciso II, do Código Penal, que, no crime culposo, o agente 
desenvolve uma conduta voluntária, produzindo, no entanto, um resultado involuntário (não querido ou aceito 
pelo agente), mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) 
e poderia ser evitado se empregasse a cautela necessária. 
Via de regra, os tipos penais culposos não descrevem a conduta, limitando-se a 
apontar que determinado delito é culposo. Trata-se de um tipo penal aberto, sendo, por isso, necessário 
empregar um juízo de valor acerca da conduta do agente. Ex: homicídio culposo, previsto no artigo 121, § 3º, 
CP. 
Nesse sentido, se determinado delito não prevê a modalidade culposa, o fato 
praticado será atípico. 
 
 
20 
Ex: O crime de dano (art. 163 do Código Penal) não prevê a modalidade culposa. 
Logo, causar, por negligência ou imprudência, dano a patrimônio alheio constitui fato atípico. 
Nos crimes culposos incide a denominada previsibilidade objetiva, ou seja, a 
possibilidade de uma pessoa dotada de prudência e cautela exigida a todos prever que poderá gerar um 
resultado. Em outras palavras, exige-se a diligência necessária objetiva quando o resultado produzido era 
previsível para um homem comum, nas circunstâncias em que o sujeito realizou a conduta. O 
cuidado necessário deve ser objetivamente previsível. É típica a conduta que deixou de observar 
o cuidado necessário objetivamente previsível. 
De outro lado, se o resultado não era previsível sob a ótica de uma pessoa com 
discernimento, que não teria condições de antever que da sua conduta poderia resultar um delito, o fato será 
atípico. 
QUESTÃO 1 – XIX EXAME 
João estava dirigindo seu automóvel a uma velocidade de 100 km/h em uma rodovia em que o limite máximo 
de velocidade é de 80 km/h. Nesse momento, foi surpreendido por uma bicicleta que atravessou a rodovia de 
maneira inesperada, vindo a atropelar Juan, condutor dessa bicicleta, que faleceu no local em virtude do 
acidente. Diante disso, João foi denunciado pela prática do crime previsto no Art. 302 da Lei nº 9.503/97. As 
perícias realizadas no cadáver da vítima, no automóvel de João, bem como no local do fato, indicaram que 
João estava acima da velocidade permitida, mas que, ainda que a velocidade do veículo do acusado fosse de 
80 km/h, não seria possível evitar o acidente e Juan teria falecido. Diante da prova pericial constatando a 
violação do dever objetivo de cuidado pela velocidade acima da permitida, João foi condenado à pena de 
detenção no patamar mínimo previsto no dispositivo legal. Considerando apenas os fatos narrados no 
enunciado, responda aos itens a seguir. 
A) Qual o recurso cabível da decisão do magistrado, indicando seu prazo e fundamento legal? (Valor: 0,60) 
B) Qual a principal tese jurídica de direito material a ser alegada nas razões recursais? (Valor: 0,65) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
II) MODALIDADES DE CULPA 
a) Imprudência 
É a prática de um fato perigoso. 
Ex. dirigir em alta velocidade em via movimentada. 
b) Negligência 
É a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado. 
Ex. deixar arma de fogo ao alcance de uma criança. 
 
 
 
 
 
21 
c) Imperícia 
É a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. Consiste na incapacidade 
ou falta de conhecimento necessário para o exercício de determinado mister. 
Ex. médico que deixa de tomar as cautelas devidas de assepsia em uma sala de 
cirurgia, demonstrando sua nítida inaptidão para o exercício profissional, situação que provoca a morte do 
paciente. 
 
III) CULPA CONSCIENTE 
Na culpa consciente, o resultado é previsto pelo sujeito, que espera levianamente 
que não ocorra ou que possa evitá-lo, confiando na sua atuação para impedir o resultado. É a chamada culpa 
com previsão. 
QUESTÃO 4 - 2010-03 
Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu automóvel 
tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a discutir 
asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito assustada, 
Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade não seria 
possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e 
refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em 
razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelartrês pessoas que estavam na 
calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e ouvidos 
Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio foi denunciado pelo 
Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de dolo eventual, três vezes em concurso 
formal. Recebida a denúncia pelo magistrado da vara criminal vinculada ao Tribunal do Júri da localidade e 
colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da inicial. Na qualidade 
de advogado de Caio, chamado aos debates orais, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos 
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual(is) argumento(s) poderia(m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? (Valor: 0,4) 
b) Qual pedido deveria ser realizado? (Valor: 0,3) 
c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria 
ser dirigida? (Valor: 0,3) 
 
 
 
22 
4. CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
I) CONCEITO 
Algumas vezes os tipos penais se coordenam, relacionam e interpenetram, de sorte 
que um mesmo episódio encontra a possibilidade de ser captado, alcançado e subsumido por mais de um tipo 
legal delitivo, sem que, no entanto, todos se apliquem. 
Em outras palavras, às vezes, duas ou mais normas parecem regular o mesmo fato. 
Neste caso, surge o que se denomina conflito aparente de normas penais, também 
chamado concurso aparente de normas, concurso aparente de normas coexistentes, concurso ideal impróprio 
e concurso impróprio de normas. 
Diz-se aparente porque só seria real se a ordem jurídica não resolvesse a questão. 
Portanto, conflito aparente de normas é a situação que ocorre quando, ao mesmo 
fato, parecem ser aplicáveis duas ou mais normas, formando um conflito apenas aparente. 
É o conflito que se estabelece entre duas ou mais normas aparentemente aplicáveis 
ao mesmo fato. Há conflito porque mais de uma norma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, com 
efeito, apenas uma delas acaba sendo aplicada à hipótese. 
 
II) PRINCÍPIOS PARA A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS APARENTES DE NORMAS 
Como dito, o conflito que se estabelece entre as normas é apenas aparente, porque, 
na realidade, somente uma delas acaba regulamentando o fato, ficando afastadas as demais. 
A solução dá-se pela aplicação de alguns princípios, os quais, ao mesmo tempo em 
que afastam as normas não incidentes, apontam aquela que realmente regulamenta o caso concreto. 
Os mais importantes são três: princípio da especialidade, princípio da 
subsidiariedade e o princípio da consunção. 
- Alguns autores incluem, ainda, um quarto princípio: o da alternatividade. 
 
A) PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE 
A.1) Conceito de norma especial 
Diz-se que uma norma penal incriminadora é especial em relação a outra, geral, 
quando possui em sua definição legal todos os elementos típicos desta, e mais alguns, de natureza 
objetiva ou subjetiva, denominados especializantes, apresentando, por isso, um minus ou um plus de 
severidade. 
 
 
23 
A norma especial, ou seja, a que acresce elemento próprio à descrição legal do crime 
previsto na geral, prefere a esta, conforme dispõe o artigo 12 do CP. 
Ex1: A norma do art. 123 do CP, que trata do infanticídio, prevalece sobre a do art. 
121, que cuida do homicídio, porque possui, além dos elementos genéricos deste último, os seguintes 
especializantes: “próprio filho”, “durante o parto ou logo após” e “sob a influência do estado puerperal”. 
 
O infanticídio não é mais completo nem mais grave, ao contrário, é bem mais brando 
do que o homicídio. É, no entanto, especial em relação àquele. 
Ex2: Sob outro aspecto, na conduta de importar cocaína, aparentemente duas 
normas se aplicam: a do art. 334-A do CP, definindo o delito de contrabando (importar mercadoria proibida) 
e a do art. 33 da Lei de Tóxicos (importação de substância entorpecente ou que determina dependência física 
ou psíquica). 
O tipo incriminador previsto na Lei de Tóxicos, embora mais grave, é especial em 
relação ao contrabando. Assim, a importação de qualquer mercadoria proibida configura o delito de 
contrabando, mas, se ela for de substância psicotrópica, esse elemento especializante afastará a incidência do 
art. 334 do CP. 
 
B) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE 
B.1) Conceito de norma subsidiária 
Há relação de subsidiariedade entre normas quando descrevem graus de violação 
do mesmo bem jurídico, de forma que a infração definida pela subsidiária, de menor gravidade que a da 
principal, é absorvida por esta. 
Subsidiária é aquela que descreve um grau menor de violação de um mesmo bem 
jurídico, isto é, um fato menos amplo e menos grave, o qual, embora definido como delito autônomo, encontra-
se também compreendido em outro tipo como fase normal de execução de crime mais grave. 
Dessa forma, se for cometido o fato mais amplo, duas normas aparentemente 
incidirão: aquela que define esse fato e a outra que descreve apenas uma parte ou fase dele. 
A norma que descreve o “todo”, isto é, o fato mais abrangente, é conhecida como 
primária e, por força do princípio da subsidiariedade, absorverá a menos ampla, que é a norma subsidiária, 
justamente porque esta última cabe dentro dela. A norma primária não é especial, é mais ampla. 
O crime de ameaça (art. 147) cabe no de constrangimento ilegal mediante ameaça 
(art. 146), o qual, por sua vez, cabe dentro da extorsão (art. 158). O sequestro (art. 148) no de extorsão 
mediante sequestro (art. 159). O disparo de arma de fogo (Lei 10.826/2003, art. 15) cabe no de homicídio 
 
 
24 
cometido mediante disparos de arma de fogo (art. 121). Há um único fato, o qual pode ser maior do que a 
norma subsidiária, só se pode encaixar na primária. 
 
B.2) Comparação 
Não pode ser feita como no caso da especialidade. 
Em primeiro lugar, porque, para a aplicação do princípio da subsidiariedade, é 
imprescindível a análise do caso concreto, sendo insuficiente a mera comparação abstrata dos tipos penais. 
Com efeito, da mera leitura de tipos não se saberá qual deles deve ser aplicado ao 
caso concreto. Antes de mais nada, é necessário verificar qual crime foi praticado e qual foi a intenção do 
agente, para só então saber qual norma incidirá. 
Em segundo lugar, na subsidiariedade não existem elementos especializantes, mas 
descrição típica de fato mais abrangente e mais grave. 
A comparação se faz de parte a todo, de conteúdo a continente, de menos para mais 
amplo, de menos para mais grave, de minus a plus. Um fato (subsidiário) está dentro do outro (primário). É 
como se tivéssemos duas caixas de tamanhos diferentes, uma (a subsidiária) cabendo na outra (primária). 
 
Ex: o agente efetua disparos de arma de fogo sem, no entanto, atingir a vítima. 
Aparentemente três normas são aplicáveis: o art. 132 do CP (periclitação da vida ou saúde de outrem); o art. 
15 da Lei 10.826/2003 (disparo de arma de fogo); e o art. 121 c/c o art. 14, II, do CP. 
 
O tipo definidor da tentativa de homicídio descreve um fato mais amplo e mais grave, 
dentro do qual cabem os dois primeiros. Assim, se ficar comprovada a intenção de matar, aplica-se a norma 
primária, qual seja, a da tentativa branca de homicídio; não demonstrada a vontade de matar, o agente 
responderá pelo crime de disparo de arma de fogo, o qual é considerado mais grave do que a periclitação. 
 
B.3) Espécies 
a) Subsidiariedade Expressa ou explícita 
A própria norma reconhece expressamente seu caráter subsidiário, admitindo incidir 
somente se não ficar caracterizado fato de maior gravidade. 
 
Ex. Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
 
 
25 
Ex2: art. 129, § 3º, do CP, ao definir a lesão corporal seguida de morte, afirma 
incidirse “...as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-
lo”. 
 
b) SUBSIDIARIEDADE TÁCITA OU IMPLÍCITA 
Ocorre quando uma figura típica funciona como elementar ou circunstância 
legal específica de outra, de maior gravidade punitiva, de forma que esta exclui a simultânea punição da 
primeira. 
A norma nada diz, mas, diante do caso concreto, verifica-se a sua subsidiariedade. 
Ex1. Estupro contendo o constrangimento ilegal. 
 
Ex2: O crime de dano é subsidiário do furto qualificado pelo arrombamento. Os 
elementos típicos do dano funcionam como circunstância qualificadora do furto. 
 
Ex3: O constrangimento ilegal (art. 146) é subsidiário de todos os crimes que têm 
como meios executórios a vis absoluta e a vis compulsiva (violência física e grave ameaça), como o aborto de 
coacta (art. 126, par. Único), a extorsão (art. 158). 
 
c) PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO 
C.1) Conceito 
Ocorre quando um ato definido por uma norma incriminadora é meio necessário 
ou normal fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando constitui conduta 
anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática atinente àquele crime. 
Trata-se da hipótese de crime meio e do crime fim. 
Ex1. é o que se dá na violação de domicílio com a finalidade de praticar furto em 
residência. A violação é mera fase de execução do delito de furto. 
Ex2: O crime de homicídio absorve o delito de porte ilegal de arma, pois esta 
infração penal constitui-se simples meio para a eliminação da vida. 
Ex3: O estelionato absorve o falso, quando este é fase de execução daquele. 
Súmula 17 STJ “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por 
este absorvido”. 
 
 
26 
 
No conflito, os crimes se denominam: 
1º) crime consuntivo: o que absorve o de menor gravidade; 
2º) crime conjunto: o absorvido. 
 
C.2) Fato anterior (“ante factum”) não punível 
Caracteriza-se quando um fato antecedente menos grave é considerado meio 
necessário para a prática de outro fato, mais grave, ficando, por conseguinte, o primeiro absorvido. 
Verifica-se o antefactum não punível quando uma conduta menos grave precede a 
uma mais grave como meio necessário ou normal de realização. 
A primeira é consumida pela segunda. Em consequência da absorção, o antefato 
torna-se um indiferente penal. 
É o que ocorre no caso de o sujeito ter em seu poder “instrumentos empregados 
usualmente na prática do crime de furto” (art. 25 LCP) e, em seguida, praticar uma subtração punível. O 
detentor de chaves falsas ou gazuas, que se serve desses meios para praticar um furto, responde somente 
pela subtração, em que fica consumida a contravenção. 
 
C.3) Fato posterior (“post factum”) não punível 
A prática ulterior (posterior) à consumação do delito, consistente em nova agressão 
ao mesmo bem jurídico é considerada mero exaurimento (exemplo: um sujeito furta um objeto e o vende. O 
fato de o agente ter vendido o bem furtado é irrelevante, tendo em vista que o furto não deixará de ser 
punido). 
Ocorre quando, após realizada a conduta, o agente pratica novo ataque contra o 
mesmo bem jurídico, visando apenas tirar proveito da prática anterior. O fato posterior é tomado como mero 
exaurimento. 
Ex: após o furto, o agente vende ou destrói a coisa. 
 
Existe o posfactum impunível quando um fato posterior menos grave é praticado 
contra o mesmo bem jurídico e do mesmo sujeito, para a utilização de um fato antecedente e mais grave, e 
disso para deste tirar proveito, mas sem causar outra ofensa. 
Assim, se após o furto o ladrão destrói a coisa subtraída, só responde pelo furto, e 
não também pelo dano (art. 163). Neste caso, a lesão ao interesse jurídico causada pela conduta precedente 
torna indiferente o crime de dano. 
 
 
27 
C.4) Crime Progressivo e Progressão Criminosa 
I – CRIME PROGRESSIVO – o agente desde o início de sua conduta possui a intenção 
de alcançar o resultado mais grave, de modo que seus atos violam o bem jurídico de forma crescente. as 
violações anteriores ficam absorvidas. 
CRIME DE PASSAGEM OBRIGATÓRIA – delito de menor gravidade, estando na 
mesma linha de desdobramento da ofensa do bem jurídico principal. ex. para consumar o homicídio haverá o 
crime de lesão corporal (crime de passagem). 
II – PROGRESSÃO CRIMINOSA – o agente produz o resultado pretendido, mas, em 
seguida, resolve (substituição do dolo) progredir na violação do bem jurídico e produz um resultado mais 
grave que o anterior. o fato inicial fica absorvido. 
 
Ex. Sujeito pratica Lesão Corporal, em seguida, não satisfeito, resolve matá-la. 
 
OBS: SUBSTITUIÇÃO DO DOLO – NÃO CONFUNDIR COM CRIME 
PROGRESSIVO, POIS NESTE O AGENTE DESDE O INÍCIO POSSUI A INTENÇÃO DE PRATICAR O 
CRIME DE MAIOR GRAVIDADE. 
 
D) PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE 
Aplica-se aos tipos mistos alternativos, isto é, aqueles que descrevem crimes de ação 
múltipla. 
Assim, mesmo havendo várias formas de conduta (mais de um verbo) no mesmo 
tipo, somente haverá a consumação de um único delito, independente da quantidade de condutas realizadas 
no mesmo contexto. 
 
Ex. Artigo 122 do código penal e artigo 33 da lei de drogas. 
 
OBS: Na verdade não há conflito de normas, mas conflito dentro da própria 
figura típica. 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
XXV EXAME – REAPLICAÇÃO EM PORTO ALEGRE – TESE PRINCIPAL DA PEÇA 
Breno, nascido em 07 de junho de 1945, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, falsifica uma assinatura 
em uma folha de cheque e a apresenta em loja de eletrodomésticos localizada no bairro de sua residência, 
com a intenção de realizar compras no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Após a apresentação do cheque, 
apesar de a falsificação não ser grosseira e ser apta a enganar, o gerente do estabelecimento comercial 
percebe que aquele cheque não fora assinado pelo verdadeiro correntista do banco, já que o nome que 
constava do título de crédito era de um grande amigo seu. Descoberta a fraude, o referido gerente aciona a 
polícia, e Breno é preso em flagrante antes de obter a vantagem pretendida. Com o recebimento dos autos, 
o Ministério Público opina pela liberdade de Breno e oferece denúncia pela prática dos crimes do Art. 171, 
caput, e Art. 297, § 2º, na forma do Art. 69, todos do Código Penal. Após concessão da liberdade provisória 
e recebimento da denúncia, houve juntada do laudo pericial do cheque, constatando a falsidade e a capacidade 
para iludir terceiros, bem como da Folha de Antecedentes Criminais, no qual consta uma condenação definitiva 
pela prática, no ano anterior, do crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, além de uma 
ação em curso pela suposta prática de crime de furto. Durante a instrução, todos os fatos acima descritos são 
confirmados pelas testemunhas, não tendo sido o réu interrogado, já que, apesar de intimado, apresentou 
problemas de saúde no dia e não pôde comparecer à audiência. Ainda durante a audiência de instrução e 
julgamento, após a instrução, as partes apresentaram suas alegações, sendo consignado pela defesa o 
inconformismo com a ausência do réu, já que foi apresentado atestado médico, e, em seguida, o juiz proferiu 
sentença condenatória nos termos da denúncia, condenando o agente pela prática dos dois delitos em suas 
modalidades consumadas. No momento de fixar a pena-base, aumentou o magistrado a pena do estelionato 
em 02 meses, destacando que o comportamento de Breno não deixa qualquer dúvida de que agiu com dolo. 
Já a pena do uso de documento falso foi aplicada em seu patamar mínimo. Na segunda fase, não foram 
reconhecidas atenuantes, mas foi reconhecida a agravante da reincidência, aumentando a pena de cada um 
dos delitos em mais 02 meses de reclusão. No terceiro momento, não foram reconhecidas causas de aumento 
FIQUE LIGADO! 
 
 
EDIÇÃO N. 51: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO – II 
 
9) O crimede porte de arma é absorvido pelo de roubo quando restar evidenciado o nexo 
de dependência ou de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram praticados 
em um mesmo contexto fático o que caracteriza o princípio da consunção. 
 
EDIÇÃO N. 87: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - IV 
 
15) É inaplicável o princípio da consunção entre os crimes de receptação e porte ilegal de 
arma de fogo por serem delitos autônomos e de natureza jurídica distinta, devendo o agente 
responder por ambos os delitos em concurso material. 
 
 
 
29 
ou de diminuição. Assim, foi fixada a pena de 01 ano e 04 meses de reclusão e 14 dias-multa, no que tange 
ao crime de estelionato, e 02 anos e 02 meses de reclusão e 12 dias-multa para o crime de falsificação de 
documento equiparado ao público, restando a pena final em 03 anos e 06 meses de reclusão e 26 dias-multa. 
O regime inicial de cumprimento de pena aplicado pelo magistrado foi o semiaberto e não houve substituição 
da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, tudo fundamentado na reincidência do agente. Intimado 
da decisão, o Ministério Público apenas tomou ciência de seu teor, não apresentando qualquer medida. Já a 
defesa técnica de Breno foi intimada de seu teor em 06 de dezembro de 2017, quarta-feira, sendo quinta-feira 
dia útil em todo o país. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Breno, 
redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, apresentando todas as 
teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00) 
 
 
 
5. CONCURSOS 
 
 
1) CONCURSO DE CRIMES 
 
 
 
 
 
 
 
1.1) CONCURSO MATERIAL – Art. 69 
Ocorre o concurso material quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput). 
 
 
 
0 
 
Ex: o agente ingressa na residência da vítima, furta e comete estupro. 
 
 
Concurso Material 
Concurso Formal 
Concurso Continuado 
 
 de 1 ação ou omissão 02 (ou mais) crimes 
PLURALIDADES de condutas e crimes 
SOMA AS PENAS 
*para todos verem: esquema 
*para todos verem: esquema 
 
 
30 
A) APLICAÇÃO DA PENA 
Nos termos do art. 69, caput, quando o agente realiza o concurso real de crimes, 
“aplicam-se cumulativamente as penas em que haja incorrido”. Portanto, no concurso material as penas são 
cumuladas, somadas. 
Ex: se comete furto e estupro, as penas privativas de liberdade devem ser somadas. 
 
1.2) CONCURSO FORMAL – Art. 70 
A) CONCEITO 
Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes (art. 70, caput). Difere do concurso material pela unidade de 
conduta. Ex. o agente, com um só tiro ou um golpe só, ofende mais de uma 
pessoa; 
 
 
 
 
 
B) CONCURSO FORMAL PERFEITO – Art. 70, primeira parte 
Está previsto na primeira parte do artigo 70. Ocorre quando o agente pratica duas ou 
mais infrações penais através de uma única conduta. Resulta de um único desígnio. O agente, por meio de 
um só impulso volitivo, dá causa a dois ou mais resultados. 
Ex: o agente dirige um carro em alta velocidade e acaba por atropelar e matar três 
pessoas. 
 
C) CONCURSO FORMAL IMPERFEITO – Art. 70, segunda parte 
 
 
 
 
 
1 ação ou omissão 02 (ou mais) crimes 
UNIDADE de conduta 
PLURALIDADE de CRIMES 
1 ação ou omissão 02 (ou mais) crimes 
Com a intenção de 
produzir cada um dos 
resultados 
 
SOMA DAS PENAS 
*para todos verem: esquema 
*para todos verem: esquema 
 
 
31 
É o resultado de desígnios autônomos. Aparentemente, há uma só ação, mas 
o agente intimamente deseja os outros resultados ou aceita o risco de produzi-los. Como se nota, essa espécie 
de concurso formal só é possível nos crimes dolosos. 
Ex: o agente incendeia uma residência com a intenção de matar todos os 
moradores. O agente tem desígnios autônomos (intenção de matar) em relação a cada um dos moradores da 
residência. 
Observe-se a expressão “desígnios autônomos”: abrange tanto o dolo direto quanto 
o dolo eventual. Assim, haverá concurso formal imperfeito, por exemplo, entre o delito de homicídio doloso 
com dolo direto e outro com dolo eventual. 
Neste caso o concurso continua sendo formal, mas, na aplicação da pena, manda 
o CP que seja realizada com base na regra do concurso material: as penas devem ser somadas. 
D) APLICAÇÃO DA PENA 
* No concurso formal perfeito 
Se for homogêneo, aplica-se a pena de qualquer dos crimes, acrescida de 1/6 até a 
metade. 
Se for heterogêneo, aplica-se a pena do mais grave, aumentada de 1/6 até a 
metade. O aumento varia de acordo com o número de resultados produzidos. 
* No concurso formal imperfeito 
As penas devem ser somadas, de acordo com a regra do concurso material. 
 
1.3) CRIME CONTINUADO - Art. 71 
 
 
 
 
 
 
 
A) CONCEITO 
Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes da MESMA ESPÉCIE, devendo os subsequentes, pelas condições de 
 de 1 ação ou omissão 02 (ou mais) crimes 
CRITÉRIO EXASPERAÇÃO DA PENA 
 
Da mesma 
 
ESPÉCIE, 
 
CONDIÇÕES DE 
TEMPO, 
 
 LUGAR 
e 
MODO DE 
EXECUÇÃO 
*para todos verem: esquema 
 
 
32 
TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE EXECUÇÃO E OUTRAS SEMELHANTES, ser havidos como continuação do 
primeiro (art. 71, caput). 
 
B) REQUISITOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) PLURALIDADE DE CONDUTAS 
O mesmo agente deve praticar duas ou mais condutas. Se houver uma conduta, 
ainda que desdobrada em vários atos ou vários resultados, o concurso poderá ser formal. 
b) CRIMES DA MESMA ESPÉCIE 
São os que estiverem previstos no mesmo tipo penal. Nesse prisma, tanto faz sejam 
figuras simples ou qualificadas, dolosas ou culposas, tentadas ou consumadas. 
Assim, furto e roubo, embora delitos do “mesmo gênero” (contra o patrimônio), não 
são da mesma espécie. Entre eles, por isso, não pode haver continuação. 
Esta é a posição dominante. 
c) CONDIÇÕES DE TEMPO 
Deve haver uma conexão temporal entre as condutas praticadas para que se 
configure a continuidade delitiva. Deve existir, em outros termos, uma certa periodicidade que permita 
observar-se um certo ritmo, uma certa uniformidade, entre as ações sucessivas, embora não se possam fixar, 
a respeito, indicações precisas. 
A jurisprudência considera crime continuado quando praticados no intervalo de 
tempo entre um e outro inferior a 30 dias. 
d) CONDIÇÕES DE LUGAR (ESPAÇO) 
Deve existir entre os crimes da mesma espécie uma conexão espacial para 
caracterizar o crime continuado. 
Pluralidade de Condutas 
Crimes da mesma Espécie 
Condições de Tempo 
 
Condições de Lugar 
Maneira de Execução 
Homogeneidade das Circunstâncias 
*para todos verem: esquema 
 
 
33 
A jurisprudência mesma circunstância de espaço quando os crimes são praticados 
na mesma cidade ou em regiões metropolitanas. 
e) MANEIRA DE EXECUÇÃO 
A lei exige semelhança e não identidade. A semelhança na “maneira de execução” 
se traduz no modus operandi de realizar a conduta delitiva. Maneira de execução é o modo, a forma, o estilo 
de praticar o crime, que, na verdade, é apenas mais um dos requisitos objetivos da continuação criminosa. 
Ex: o furto fraudulento, por exemplo, não guarda nexo de continuidade com o furto 
mediante arrombamento ou escalada. 
f) HOMOGENEIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS 
Para a configuração do crime continuado, não é suficiente a satisfação das 
circunstâncias objetivas homogêneas, sendo de exigir-se, além disso, que “os delitos tenham sido praticados 
pelo sujeito aproveitando-se das mesmas relações e oportunidades ou com a utilização de ocasiões nascidas 
da primitiva orientação. 
 
C) CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO – Art. 71, parágrafo único 
O crime continuado específico prevê a necessidade de três requisitos, que devem 
ocorrer simultaneamente: 
a) Contra vítimas diferentes:Admite-se nexo de causalidade entre crimes que lesam interesses jurídicos pessoais, 
ainda que praticados contra vítimas diversas 
Assim, admite a reforma penal nexo de continuidade entre homicídios, lesões 
corporais ou roubos contra vítimas diversas, podendo o juiz, de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 
59, caput, aumentar a pena de um dos delitos até o triplo, desde que a pena não seja superior à que seria 
imposta se o caso fosse de concurso material. 
b) com violência ou grave ameaça à pessoa 
Mesmo que o crime seja contra vítimas diferentes, se não houver violência – real ou 
ficta – contra a pessoa, não haverá a continuidade específica, mesmo que haja violência contra a coisa. 
c) somente em crimes dolosos 
Se a ação criminosa for praticada contra vítimas diferentes, com violência à pessoa, 
mas não for produto de uma conduta dolosa, não estará caracterizada a exceção. 
 
 
 
 
34 
D) APLICAÇÃO DA PENA 
* Crime continuado comum: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de 1/6 até 2/3. 
* crime continuado específico: Aplica-se a pena do crime mais grave aumentada até o triplo. 
- Se, da aplicação da regra do crime continuado, a pena resultar superior à que restaria se somadas as penas, 
aplica-se a regra do concurso material. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pluralidade 
De 
Condutas 
 
Unidade 
De 
Conduta 
 
Formal 
Perfeito 
 
Formal 
Imperfeito 
 
Crimes 
Mesma 
Espécie 
ssssss 
Condições 
 
Modo 
Execução 
 
Exasperação 
De pena 
 
Cúmulo 
Material 
 
Exasperação 
De pena 
 
Tempo 
 
Lugar 
 
CONCURSO 
DE CRIMES 
Concurso Material 
 art. 69, CP 
Concurso Formal 
 
Crime Continuado 
 
art. 70, CP 
art. 71, CP 
Pluralidade 
De 
Condutas 
 
Cúmulo 
Material 
 
*para todos verem: esquema 
 
 
35 
QUESTÃO 04 – XXII EXAME 
Diego e Júlio caminham pela rua, por volta das 21h, retornando para suas casas após mais um dia de aula na 
faculdade, quando são abordados por Marcos, que, mediante grave ameaça de morte e utilizando simulacro 
de arma de fogo, exige que ambos entreguem as mochilas e os celulares que carregavam. Após os fatos, 
Diego e Júlio comparecem em sede policial, narram o ocorrido e descrevem as características físicas do autor 
do crime. Por volta das 5h da manhã do dia seguinte, policiais militares em patrulhamento se deparam com 
Marcos nas proximidades do local do fato e verificam que ele possuía as mesmas características físicas do 
roubador. Todavia, não são encontrados com Marcos quaisquer dos bens subtraídos, nem o simulacro de arma 
de fogo. Ele é encaminhado para a Delegacia e, tendo-se verificado que era triplamente reincidente na prática 
de crimes patrimoniais, a autoridade policial liga para as residências de Diego e Júlio, que comparecem em 
sede policial e, em observância de todas as formalidades legais, realizam o reconhecimento de Marcos como 
responsável pelo assalto. O Delegado, então, lavra auto de prisão em flagrante em desfavor de Marcos, 
permanecendo este preso, e o indicia pela prática do crime previsto no Art. 157, caput, do Código Penal, por 
duas vezes, na forma do Art. 69 do Código Penal. Diante disso, Marcos liga para seu advogado para informar 
sua prisão. Este comparece, imediatamente, em sede policial, para acesso aos autos do procedimento 
originado do Auto de Prisão em Flagrante. 
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado de Marcos, responda, de acordo 
com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, aos itens a seguir. 
A) Qual requerimento deverá ser formulado, de imediato, em busca da liberdade de Marcos e sob qual 
fundamento? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Oferecida denúncia na forma do indiciamento, qual argumento de direito material poderá ser apresentado 
pela defesa para questionar a capitulação delitiva constante da nota de culpa, em busca de uma punição mais 
branda? Justifique. (Valor: 0,60) 
 
QUESTÃO 02 – XXVII EXAME 
Em cumprimento de mandado de busca e apreensão, o oficial de justiça Jorge compareceu ao local de trabalho 
de Lucas, sendo encontradas, no interior do imóvel, duas armas de fogo de calibre .38, calibre esse 
considerado de uso permitido, devidamente municiadas, ambas com numeração suprimida. Em razão disso, 
Lucas foi preso em flagrante e denunciado pela prática de dois crimes previstos no Art. 16, caput, da Lei 
10.826/2003, em concurso material, sendo narrado que “Lucas, de forma livre e consciente, guardava, em 
seu local de trabalho, duas armas de fogo de calibre restrito, devidamente municiadas”. 
Após a instrução, em que os fatos foram confirmados, foi juntado o laudo confirmando o calibre .38 das armas 
de fogo, a capacidade de efetuar disparos, bem como que ambas tinham a numeração suprimida. As partes 
apresentaram alegações finais, e o magistrado, em sentença, considerando o teor do laudo, condenou Lucas 
pela prática de dois crimes previstos no Art. 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei nº 10.826/2003, em concurso 
formal. 
Intimada a defesa técnica da sentença condenatória, responda, na condição de advogado(a) de Lucas, aos 
itens a seguir. 
A) Qual o argumento de direito processual a ser apresentado em busca da desconstituição da sentença 
condenatória? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Reconhecida a validade da sentença em segundo grau, qual o argumento de direito material a ser 
apresentado para questionar o mérito da sentença condenatória e, consequentemente, a pena aplicada? 
Justifique. (Valor: 0,60) 
 
 
36 
 
QUESTÃO 03 – XXX EXAME 
Eduardo foi preso em flagrante no momento em que praticava um crime de roubo simples, no bairro de 
Moema. Ainda na unidade policial, compareceram quatro outras vítimas, todas narrando que tiveram seus 
patrimônios lesados por Eduardo naquela mesma data, com intervalo de cerca de 30 minutos entre cada fato, 
no bairro de Moema, São Paulo. 
As cinco vítimas descreveram que Eduardo, simulando portar arma de fogo, anunciava o assalto e subtraía os 
bens, empreendendo fuga em uma bicicleta. Eduardo foi denunciado pela prática do crime do Art. 157, caput, 
por cinco vezes, na forma do Art. 69, ambos do Código Penal, e, em sede de audiência, as vítimas confirmaram 
a versão fornecida em sede policial. 
Assistido por seu advogado Pedro, Eduardo confessou os crimes, esclarecendo que pretendia subtrair bens de 
seis vítimas para conseguir dinheiro suficiente para comprar uma motocicleta. Disse, ainda, que apenas 
simulou portar arma de fogo, mas não utilizou efetivamente material bélico ou simulacro de arma. O juiz, no 
momento da sentença, condenou o réu nos termos da denúncia, sendo aplicada a pena mínima de 04 anos 
para cada um dos delitos, totalizando 20 anos de pena privativa de liberdade a ser cumprida em regime inicial 
fechado, além da multa. Ao ser intimado do teor da sentença, pessoalmente, já que se encontrava preso, 
Eduardo tomou conhecimento que Pedro havia falecido, mas que foram apresentadas alegações finais pela 
Defensoria Pública por determinação do magistrado logo em seguida à informação do falecimento do patrono. 
A família de Eduardo, então, procura você, na condição de advogado(a), para defendê-lo. 
Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de Eduardo, 
constituído para apresentação de apelação, aos itens a seguir. 
A) Existe argumento de direito processual, em sede de recurso, a ser apresentado para desconstituir a 
sentença condenatória? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Diante da confirmação dos fatos pelo réu, qual argumento de direito material poderá ser apresentado, em 
sede de apelação, em busca da redução da sanção penal aplicada? Justifique. (Valor: 0,60) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2) CONCURSO DE PESSOAS 
 
2.1) CONCEITO DE CONCURSO DE PESSOAS 
Trata-se de contribuição entre dois ou maisagentes para o cometimento de uma 
infração penal. Ocorre quando duas ou mais pessoas, em conjugação de esforços, reúnem-se para a prática 
de um ou mais delitos. 
A doutrina utiliza também as expressões concurso de agentes e codelinquência. 
2.2) AUTORIA 
I) CONCEITO 
Para se compreender o instituto do concurso de pessoas, mostra-se imprescindível 
estabelecer o conceito de autoria criminal, já que repercutirá na identificação da conduta de cada agente na 
prática delituosa. 
Várias teorias buscam definir o conceito de autor, merecendo destaque duas 
posições apontadas pela doutrina: 
a) Teoria do domínio do fato 
De acordo com a teoria do domínio do fato, autor é quem tem o controle final do 
fato. É quem domina o decurso do crime e decide sobre sua prática, interrupção e circunstâncias. O partícipe 
não tem o domínio do fato, pois apenas coopera, induz e incita a prática do delito. 
FIQUE LIGADO! 
 
Edição 23 STJ – CONCURSO DE CRIMES 
 
 
4) Não há crime único, podendo haver concurso formal, quando, no mesmo contexto 
fático, o agente incide nas condutas dos arts. 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso 
permitido) e 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito) da Lei n. 
10.826/2003. 
 
5) Não há crime único, podendo haver concurso material, quando, no mesmo contexto 
fático, o agente incide nas condutas dos arts. 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso 
permitido) e 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito) da Lei n. 
10.826/2003. 
 
7) A apreensão de mais de uma arma de fogo, acessório ou munição, em um mesmo 
contexto fático, não caracteriza concurso formal ou material de crimes, mas delito 
único. 
 
 
38 
Assim, autor é quem realiza a figura típica, mas também quem tem o controle da 
ação típica dos demais, dividindo-se entre “autor executor”, “autor intelectual” e “autor mediato”. O partícipe 
é aquele que contribui para o delito alheio, sem realizar a figura típica, nem tampouco comandar a ação. 
Assim, exemplificando, por essa teoria, o chefe de um grupo de justiceiros, que ordenou a execução, bem 
como o agente que diretamente matou a vítima são coautores. (NUCCI, 2012, p. 384). 
b) Teoria restritiva 
Segundo essa teoria, autor é aquele que pratica a ação descrita no verbo nuclear do 
tipo penal, isto é, o que pratica o verbo nuclear do tipo: mata, subtrai, constrange, etc. 
Em síntese, autor é aquele que realiza a conduta descrita no tipo penal, ou seja, 
executa a ação consubstanciada no verbo núcleo do tipo. O partícipe, por sua vez, apenas coopera com o 
delito, induzindo, instigando ou auxiliando materialmente seu autor (ESTEFAM, 2010, p. 281). 
Nesse sentido, quem aponta o revólver, exercendo a grave ameaça, e quem subtrai 
os bens da vítima são coautores do roubo, enquanto o motorista do carro que aguarda para dar fuga aos 
agentes é o partícipe (os dois primeiros praticaram o tipo do art. 157; o último apenas auxiliou) (NUCCI, 2013, 
p. 384). 
B) TEORIA ADOTADA 
Um setor respeitável da doutrina, sustenta que a teoria do domínio do fato deve ser 
aceita como solução aos casos envolvendo autoria mediata1. Ao tecer comentários sobre a autoria mediata, 
Bitencourt (2009, p. 453) assevera que: 
A teoria do domínio do fato molda com perfeição a possibilidade da figura do autor 
mediato. Todo o processo de realização da figura típica, segundo essa teoria, deve apresentar-se como obra 
da vontade reitora do “homem de trás”, o qual deve ter absoluto controle sobre o executor do fato. O autor 
mediato realiza a ação típica através de outrem, que atua sem culpabilidade. 
Todavia, para a maioria da doutrina2, a teoria restritiva é a aplicada pelo Código 
Penal. Na visão de NUCCI (2013, p. 385), a melhor teoria é a restritiva, ou seja, coautor é aquele que pratica, 
de algum modo, a figura típica, enquanto ao partícipe fica reservada a posição de auxílio material ou suporte 
moral (onde se inclui o induzimento, a instigação ou o comando) para a concretização do crime. Consegue-
se, com isso, uma clara visão entre dois agentes distintos na realização do tipo penal – o que ingressa no 
modelo legal de conduta proibida e o que apoia, de fora, a sua materialização -, proporcionando uma melhor 
análise da culpabilidade. 
 
 
 
1 Autoria mediata, em síntese, ocorre quando o agente se vale de outra pessoa, que age sem dolo ou culpa, para a prática do delito. 
2 Guilherme de Souza Nucci; André Estefam; Fernando Capez, Aníbal Bruno, Mirabete, René Ariel Dotti, dentre outros. 
 
 
39 
 
 
 
 
 
2.3) PARTICIPAÇÃO 
I) CONCEITO E FORMAS DE PARTICIPAÇÃO – Art. 31 
Conforme a teoria restritiva de autoria, partícipe é quem contribui para que o autor 
ou coautores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que, sem praticar o verbo nuclear do tipo, concorre 
de algum modo para a produção do resultado. 
De acordo com a teoria do domínio do fato, participação é a contribuição dolosa – 
sem o domínio do fato – em um fato punível de outrem (PRADO, 2010, p. 463). 
Como regra, o partícipe responde pelo mesmo crime dos autores e coautores do 
delito e a pena em abstrato para todos é a mesma. É claro que, no momento da fixação da pena, o juiz deve 
levar em conta o grau de envolvimento de cada um no ilícito (culpabilidade). É até possível em certos casos 
que o partícipe receba pena mais alta do que o próprio autor do delito, como eventualmente no caso do 
mentor intelectual. (ESTEFAM; GONÇALVES, 2013, p. 443). 
 
A participação pode ser: 
A) Moral 
A determinação (ou induzimento) e a instigação são as formas de participação moral. 
 
A.1) Induzimento ou determinação 
Ocorre a determinação ou induzimento quando uma pessoa faz surgir na mente de 
outra a intenção delituosa. 
Ex: Rafa incute na mente de Iuri a ideia homicida contra Jonas. A característica da 
determinação é a inexistência da resolução criminosa na pessoa do autor principal. Se Iuri matar Jonas, Rafa 
responde por homicídio na condição de partícipe. 
 
A.2) Instigação 
Assim, AUTOR é quem realiza a figura típica, isto é, quem executa o 
crime, enquanto o PARTÍCIPE é todo aquele que contribui de qualquer forma 
para a prática delituosa, induzindo, instigando ou auxiliando, sem executar, 
portanto, a ação descrita no verbo nuclear do tipo. 
 
 
 
40 
Instigar é reforçar uma ideia já existente. O agente já a tem em mente, sendo 
apenas reforçada pelo partícipe. 
No caso do exemplo acima, Iuri já tinha em mente matar Jonas. Rafa apenas 
reforçou a ideia homicida. Rafa é partícipe do crime de homicídio, enquanto Iuri responde pelo crime na 
condição de autor. 
 
B) Material 
Ocorre na forma de auxílio. Considera-se, assim, partícipe aquele que presta ajuda 
efetiva na preparação ou execução do delito. 
Auxilia na preparação quem fornece a arma ou informações úteis à realização do 
crime. Auxilia na execução quem permanece de atalaia, no sentido de avisar o autor da aproximação de 
terceiro, leva o ladrão em seu veículo ao local do furto, carrega a arma do homicida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II) NATUREZA JURÍDICA DA PARTICIPAÇÃO 
A participação é acessória a um fato principal. Significa que não se pode falar em 
participação sem que haja uma ação principal, ou seja, sem que alguém realize atos de execução de um crime 
consumado ou tentado. 
NÃO EXECUTA AÇÃO 
DESCRITA NO VERBO 
NUCLEAR DO TIPO 
FORMAS 
MORAL MATERIAL 
PARTÍCIPE 
AUXILIAR 
INDUZIR; 
INSTIGAR 
AUTOR executa a 
ação descrita no 
verbo nuclear do 
tipo: 
TEORIA 
RESTRITIVA 
*para todos verem: esquema 
 
 
41 
Como a conduta do partícipe não descrita no tipo penal, faz-se necessária uma 
norma de extensão que viabilize a adequação típica da conduta do partícipe à norma incriminadora. Trata-se 
de uma norma de ligação entre a conduta do partícipe e o tipo penal. E essa norma se encontra no artigo 29 
do Código Penal, segundo o qual quem concorrer, de qualquer forma, para um crime por ele responderá.

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