Buscar

ação penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021
Pré-Edital
Autor:
Michael Procopio, Equipe
Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
16 de Junho de 2021
00734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
1 
 53 
AULA 12 
AÇÃO PENAL E CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
 
SUMÁRIO 
AÇÃO PENAL E CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 1 
SUMÁRIO 1 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 3 
2. AÇÃO PENAL 3 
2.1 AÇÃO PENAL PÚBLICA (GÊNERO) 4 
2.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 5 
2.3 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 6 
2.3.1 Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido 7 
2.3.2 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça 10 
2.4 AÇÃO PENAL PRIVADA (GÊNERO) 12 
2.5 AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA OU PROPRIAMENTE DITA 13 
2.6 AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA 16 
2.7 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 16 
2.8 AÇÃO PENAL NOS CRIMES COMPLEXOS 17 
3. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 18 
3.1 QUANTO AO SUJEITO ATIVO 18 
3.2 QUANTO À NECESSIDADE DE RESULTADO NATURALÍSTICO PARA SUA CONSUMAÇÃO 18 
3.3 QUANTO À NECESSIDADE DE LESÃO AO BEM JURÍDICO PARA SUA CONSUMAÇÃO 19 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
2 
 53 
3.4 QUANTO À FORMA DA CONDUTA 19 
3.5 QUANTO AO TEMPO DA CONSUMAÇÃO 20 
3.6 QUANTO À UNICIDADE OU NÃO DO TIPO PENAL 21 
3.7 QUANTO À DEPENDÊNCIA DE OUTRO CRIME PARA EXISTIR 21 
3.8 QUANTO À FORMA DE UTILIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO 21 
3.9 QUANTO AO NÚMERO DE ATOS EXIGIDOS PARA SUA CONSUMAÇÃO 21 
3.10 QUANTO À NECESSIDADE DE MAIS DE UM SUJEITO ATIVO 22 
3.11 QUANTO À EXIGÊNCIA DE FORMA ESPECÍFICA PARA SUA PRÁTICA 22 
3.12 QUANTO AO LUGAR 23 
3.13 QUANTO AOS VESTÍGIOS 23 
3.14 QUANTO À CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE 23 
3.15 QUANTO À NATUREZA DOS CRIMES MILITARES 24 
3.16 QUANTO AO SUJEITO PASSIVO 24 
3.17 QUANTO AO NÚMERO DE BENS JURÍDICOS ATINGIDOS 24 
3.18 QUANTO A ELEMENTOS SUBJETIVOS IMPRÓPRIOS: 25 
3.19 QUANTO AO TRATAMENTO DIFERENCIADO DA TENTATIVA: 25 
3.20 QUANTO AO NÚCLEO DO TIPO: 26 
3.21 QUANTO À PENA PREVISTA 26 
3.22 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 27 
4. QUESTÕES 29 
4.1 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 29 
4.2 GABARITO 37 
4.3 LISTA DE QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 37 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 52 
 
 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
3 
 53 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Prosseguindo na versão simplificada do nosso Curso, nossos temas serão a ação penal e a classificação dos 
crimes. São os últimos tópicos da Parte Geral do Código Penal, sendo que adentraremos no estudo dos 
crimes em espécie logo em seguida: 
 
 
 
2. AÇÃO PENAL 
A ação penal é a faculdade ou direito de exigir do Estado a intervenção penal, com a aplicação do direito 
penal a um caso concreto. Para a imposição da sanção penal, a observância do devido processo penal é 
conditio sine qua non, isto é, é condição necessária e inafastável. Portanto, a sanção penal só pode ser 
imposta após o exercício do ius persequendi em juízo, com observância do devido processo legal. As penas 
e as medidas de segurança dependem do exercício da ação penal para sua aplicação pelo juiz e sua posterior 
execução. 
São características do direito de ação: 
 Direito Público: a atividade jurisdicional é de natureza pública, por ser exercida pelo Estado, sob as 
normas do Direito Público. 
 Direito Abstrato: independe do resultado do processo. Após a superação da concepção concretista, 
passou-se ao entendimento de que o direito de ação é diverso do direito material de que ele trata. 
Deste modo, seja o caso de condenação ou absolvição, o direito de ação terá sido exercido. 
 Direito Subjetivo: há um titular que pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional. 
 Direito Autônomo: não se confunde com o direito material. O direito processual não é parte do 
direito material, sendo que ambos são independentes e autônomos entre si, com princípios próprios, 
inclusive. 
O Direito Processual Penal discute as condições da ação penal, se deve ou não ser considerada como base a 
chamada teoria geral do processo. Enquanto vários doutrinadores aceitam a teoria do processo como ponto 
de partida, com as adaptações ao Direito Processual Penal1, há autores, como Aury Lopes Júnior, que 
defendem a construção de condições específicas para referido ramo, sem influências indesejáveis e 
incompatíveis cientificamente2. De todo modo, no processo penal exige-se a chamada justa causa, 
 
1 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO; Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 22ª ed. 
São Paulo: Malheiros, 2006, p. 273. 
2 LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. 11ª edição. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 56-59. 
Ação Penal
Classificação 
dos Crimes
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
4 
 53 
especificidade de referida disciplina. O Código de Processo Penal trata do tema, considerando que a falta de 
justa causa para a ação penal implica na rejeição da denúncia ou queixa pelo juiz: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
O Supremo Tribunal Federal já estipulou que a justa causa para a ação penal consiste no mínimo lastro 
probatório, que demonstre a materialidade e os indícios suficientes de autoria. Em outras palavras, é preciso 
que se demonstre que houve a prática de uma infração penal, bem como que haja indícios que apontem 
que o denunciado é o seu autor, coautor ou partícipe (STF, Apn 395/AM, Dje 06/03/2008). 
A ação penal pode ser classificada em pública e privada. A ação penal pública pode ser classificada em 
incondicionada e em condicionada, seja à requisição do Ministro da Justiça ou à representação do ofendido. 
A ação penal privada, por sua vez, se subdivide em exclusiva, personalíssima e em subsidiária da pública. É 
o que se vê no seguinte esquema: 
 
São, portanto, espécies de Ação Penal as seguintes: 
 Ação Penal Pública Incondicionada (regra) 
 Ação Penal Pública Condicionada à Representação 
 Ação Penal Privada Exclusiva (ou propriamente dita) 
 Ação Penal Privada Personalíssima 
 Ação Penal Privada Subsidiária da Pública 
Cumpre, então, analisarmos cada uma das espécies. 
 
2.1 AÇÃO PENAL PÚBLICA (GÊNERO) 
Como já visto, a ação penal pública é gênero, da qual são espécies a ação penal pública incondicionada e a 
ação penal pública condicionada à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça. A ação 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
5 
 53 
penal pública é promovida com exclusividade pelo Ministério Público. Sua peça inicial é a denúncia, na qual 
o promotor de justiça ou o procurador da república deve narrar o fato criminoso, promover a identificação 
do acusado, dar a classificação do delito e indicar, se houver, o rol das testemunhas. 
É o que determina o artigo 41 do Código de Processo Penal: 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, 
a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do 
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
A ação penal pública se subdivide em condicionada e incondicionada. A ação penal pública condicionada 
depende, conforme o caso, de representação do ofendido (ou de seus sucessores) ou derequisição do 
Ministro da Justiça. A regra é que o crime seja de ação penal pública. Dentro deste gênero, presume-se que 
a ação penal pública seja incondicionada, a não ser que haja previsão legal a respeito da necessidade de 
representação ou de requisição do Ministro da Justiça. 
 
2.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
Dentre todas as modalidades de ação penal, a pública incondicionada é a regra para os crimes, nos termos 
do que dispõe o caput do artigo 100 do Código Penal: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
Por isso, se não houver previsão legal de que se procede mediante ação penal privada, a ação penal é 
pública. Dentre as ações penais públicas, a regra é a incondicionada, sendo que só será condicionada se 
houver expressa determinação legal. A iniciativa é privativa do Ministério Público. Caso não seja intentada 
no prazo legal, pode ser proposta a ação penal privada subsidiária da pública. São regras determinadas já na 
Constituição da República, sendo que seu artigo 129, inciso I, prevê a promoção de ação penal como função 
institucional do Ministério Público: 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; (...) 
Além disso, a própria Constituição prevê em seu artigo 5º, inciso LIX, a possibilidade de se intentar ação 
penal privada, se o Ministério Público não promover a ação penal pública no prazo legal: 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
A ação penal pública incondicionada, portanto, é promovida pelo Ministério Público, com o oferecimento 
de denúncia, sem se exigir representação do ofendido nem requisição do Ministro da Justiça. Referida peça 
inicial deve obedecer aos requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal, já transcrito acima. Com o 
recebimento da denúncia pelo juiz, inicia-se a ação penal, passando o Ministério Público a exercer a 
acusação. O agente, seja ele autor, coautor ou partícipe, passa a ser denominado de réu. 
São princípios da ação penal pública incondicionada: 
 Oficialidade: preconiza que a ação penal é promovida pelo órgão oficial, no caso, o Ministério 
Público. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
6 
 53 
 Obrigatoriedade: determina que, presentes os requisitos (condições da ação e justa causa), o 
Ministério Público deve promover a ação penal para a imposição da sanção ao indivíduo que violou 
a lei penal incriminadora. Parte da doutrina prevê como exceção à regra da obrigatoriedade a 
previsão da transação penal nas infrações penais de menor potencial ofensivo, conforme permite o 
artigo 76 da Lei 9.099/95. Há, ainda, o chamado acordo de não persecução penal (ANPP), previsto, 
inicialmente, na Resolução 181/07 pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), de 
duvidosa inconstitucionalidade. Passou a haver previsão legal com o advento da Lei 13.964/2019, o 
Pacote Anticrime, passando a integrar o rol de exceções à obrigatoriedade da ação penal pública. 
 Intranscendência: prevê que a ação penal deve ser promovida contra o agente, seja ele o autor, 
coautor ou partícipe. Decorre da personalidade da pena, que não permite que a pena passe da 
pessoa do condenado, só podendo ser estendidos aos sucessores o perdimento de bens e a 
obrigação de reparar o dano, no limite do patrimônio transferido. 
 Indivisibilidade(?): há divergência doutrinária quanto à incidência deste princípio. Diz respeito à 
necessidade de o Ministério Público promover a ação penal contra todos os agentes que 
concorreram para a prática delitiva, sejam eles autores, coautores ou partícipes. Deste modo, o 
promotor ou procurador não pode selecionar as pessoas contra as quais buscará a condenação, 
devendo atuar para que todos sejam processados. 
Entretanto, alguns doutrinadores entendem que não há necessidade de o Ministério Público 
promover a ação penal contra todos de uma só vez. Por necessidade de maiores investigações com 
relação a um dos agentes ou mesmo por estratégia da acusação, o membro do Ministério Público 
(também denominado Parquet) pode optar por promover, a princípio, a ação penal em relação a 
somente um dos agentes. 
Por isso, por uma questão de diferentes ângulos de análise da mesma questão, alguns entendem 
que há o princípio da obrigatoriedade, enquanto outros defendem que não há sua incidência na ação 
penal pública. 
A ação penal pública incondicionada também é adotada para as contravenções penais, conforme dispositivo 
do Decreto-Lei 3.688/41, a Lei das Contravenções Penais: 
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de ofício. 
Com relação à parte final do artigo 17 acima transcrito, trata-se de norma não recepcionada pela 
Constituição de 1988, que tornou o processo penal acusatório, e não mais inquisitivo. Assim, o juiz não pode 
promover a ação penal de ofício, mas somente após o oferecimento da inicial, que, no caso da ação penal 
pública, é denominada denúncia e possui como legitimado ativo o Ministério Público. 
 
2.3 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
A ação penal pública condicionada, como toda ação penal pública, é da titularidade do Ministério Público, 
ao qual, como já visto, foi atribuída tal função pelo artigo 129, inciso I, da Constituição da República. 
Sua grande diferenciação em relação à ação penal pública incondicionada é a exigência de condição 
específica de procedibilidade. Referida condição, imprescindível para o recebimento da denúncia pelo juiz, 
pode ser: 
_Requisição do Ministro da Justiça; 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
7 
 53 
_Representação do ofendido. 
Vejamos de forma separada cada uma das hipóteses: 
2.3.1 Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido 
A ação penal pública condicionada à representação do ofendido depende de sua manifestação, mostrando-
se favorável à propositura da ação penal. Referida manifestação, que se denomina de representação, pode 
ser oferecida perante a autoridade policial, o Ministério Público ou o Poder Judiciário. Está prevista no 
parágrafo primeiro do artigo 100 do Código Penal: 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de 
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
A representação pode ser apresentada pelo ofendido ou por procurador com poderes 
especiais. Deve possuir a forma escrita. Se for apresentada oralmente, deve ser reduzida a 
termo. Entretanto, ressalvada a necessidade de ser escrita, a lei não exige forma específica 
para a representação. Basta que haja demonstração de interesse do ofendido de ver o 
agente ser processado criminalmente, não sendo necessária a menção ao instituto da 
representação, de forma expressa. É o posicionamento já consolidado tanto no âmbito do 
Superior Tribunal de Justiça e quanto no do Supremo Tribunal Federal, conforme se conclui dos seguintes 
precedentes: 
“(...) 2. Com efeito, tanto a doutrina quanto a jurisprudência são uniformes em afirmar que a 
representação prescinde de qualquer formalidade, sendo suficiente a demonstração do interesse da 
vítima ou de seu representante em autorizar a persecução criminal. Precedentes. (...)” (STJ, EDcl no 
HC 324595/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 25/03/2019). 
“(...) A representação da vítima nos crimes sexuais prescinde de formalidade, bastando a 
demonstração da inequívoca intenção de ver o ofensor submetido à persecução penal.” (STF, HC 
108043/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, Julgamento: 20/03/2018). 
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, a representação seria ofertadalogo após a tentativa 
frustrada de composição dos danos civis, na própria audiência. Oferecida verbalmente, a representação 
deve ser reduzida a termo. Caso não ofertada, o ofendido pode exercer seu direito no prazo legal, conforme 
determina o artigo 75 da Lei 9.099/95: 
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a 
oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. 
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica 
decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. 
Na prática, contudo, a representação tem sido ofertada perante a autoridade policial, no próprio termo 
circunstanciado. Assim, não é a praxe o seu oferecimento após a tentativa, não exitosa, de composição dos 
danos civis. Quanto à legitimidade para a representação, há diferentes situações: 
 Vítima menor de 18 anos: a representação deve ser oferecida por seu responsável legal (pai, mãe 
ou detentor da guarda, ainda que de fato). 
 Vítima menor com interesse colidente com seu representante legal: se a vítima tiver interesse que 
colida com o do representante legal, o juiz deve nomear curador especial. Isso ocorre, por exemplo, 
se o representante legal for o próprio autor do fato delituoso. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
8 
 53 
 Vítima menor e casada: Se a vítima for menor e já casada, surge a dúvida sobre quem deve oferecer 
a representação. Parte da doutrina entende que se deva nomear um curador especial. Outros 
doutrinadores defendem que se deve aguardar que ela atinja a idade de 18 anos, contando o prazo 
decadencial apenas da data do aniversário em que ela atinge a maioridade. 
 Pessoa jurídica: se a pessoa jurídica for a ofendida, a representação deve ser ofertada pela pessoa 
indicada no estatuto social ou no contrato social, com poderes de representação. 
 Vítima maior de 18 e menor de 21 anos de idade: no caso de vítima maior de 18 e menor de 21 anos 
de idade, como já vimos neste curso, não há razão para diferenciação. Com o advento do atual 
Código Civil, a maioridade civil e a maioridade penal se tornaram a mesma, sendo atingida aos 18 
anos. Deste modo, a titularidade é da vítima. A súmula 594 do STJ não se aplica mais a esses casos: 
Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo 
ofendido ou por seu representante legal. 
Por ser a titularidade da vítima, não há mais que se falar em exercício independente do direito de 
representação para vítimas que já atingiram a idade de 18 anos completos, ainda que menores de 
21 anos. 
Para oferecimento de representação no caso de vítima menor de 18 anos de idade, o Superior Tribunal de 
Justiça tem aceitado a legitimidade de qualquer responsável pela criança ou adolescente. Ainda no caso de 
menor de 18 anos de idade, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a dupla titularidade para o 
oferecimento de representação. O prazo corre do conhecimento dos autores do delito para os 
representantes legais e da maioridade, para o ofendido. Se ocorrer a morte da vítima ou a sua decretação 
de ausência, o direito de representação passa para o cônjuge, o ascendente, descendente ou irmão do 
ofendido, nos termos do artigo 24, § 1º, do Código de Processo Penal: 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, 
mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação 
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito 
de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, 
Estado e Município, a ação penal será pública. 
Podemos usar o termo mnemônico “CADI” para memorizar os legitimados para o oferecimento de 
representação no caso de morte do ofendido: 
Cônjuge; 
Ascendente; 
Descendente; 
Irmão. 
 
 É possível a representação ser oferecida pelo companheiro, no caso de morte da vítima? 
Há divergências. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
9 
 53 
 De um lado, o art. 226, § 3º, da Constituição, reconhece a união estável como entidade familiar, o 
que levaria à conclusão de que o companheiro, como alguém equiparável ao cônjuge, possui 
legitimidade para apresentar representação no caso de morte da vítima. 
 Por outro lado, parte da doutrina entende que a taxatividade, decorrente do princípio da legalidade, 
impede que haja a ampliação do rol de legitimados, principalmente porque o reconhecimento da 
legitimidade do companheiro implica em ampliação do poder de punir. Isto porque, haveria, no caso 
de morte da vítima, mais uma pessoa com poder de oferecer representação, o que levaria ao uso da 
analogia in malam partem. 
Retratação da representação: é possível a retratação da representação até o oferecimento da denúncia. 
Retratar-se é retirar o que se disse, ou seja, é a retirada da representação. A situação está regulada no artigo 
102 do Código Penal: 
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia. 
 
 É possível a retratação da retratação? 
Ou seja, é possível que o ofendido ofereça representação, arrependa-se e diga que não quer mais que o 
ofensor seja processado e, por fim, volte a oferecer a representação? É possível que ele se retrate da própria 
representação? Parte da doutrina entende que não, pois, após a retratação, o agente já se manifestou sobre 
o desejo de que o ofensor não seja mais processado. Entretanto, parcela da doutrina, que parece 
majoritária, entende que é sim possível a retratação da retratação, sendo que a vítima pode manifestar 
novamente seu desejo de ver o ofensor ser processado até o escoamento do prazo 
decadencial de 6 meses. 
Para relembrar um tema do estudo da punibilidade, na ação penal pública 
condicionada à representação, há a possibilidade de renúncia apenas em relação aos 
crimes de menor potencial ofensivo. Quanto a tais crimes, a composição entre o 
sujeito ativo e o passivo sobre os danos causados implica na renúncia ao direito de 
queixa e de representação. Deste modo, o indivíduo que celebrar acordo com seu ofensor, que seja 
homologado pelo juiz, não poderá mais oferecer representação, no caso de crime de ação penal pública 
condicionada. É o que prevê o artigo 74, parágrafo único, da Lei 9.099/95: 
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante 
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. 
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública 
condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou 
representação. 
O prazo para a representação é de seis meses, conforme dispõe o artigo 103 do Código Penal: 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de 
representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber 
quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o 
prazo para oferecimento da denúncia. 
O termo inicial do prazo é o dia em que se sabe quem é o autor do crime. O prazo não se suspende durante 
a investigação, de modo que, descoberta a autoria, o ofendido não precisa aguardar a conclusão do 
inquérito para oferecer a representação. A referência ao artigo 100, § 3º, do Código Penal diz respeito à 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras JurídicasAula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
==147b1c==
 
 
10 
 53 
ação penal privada subsidiária da pública, a ser estudada adiante. A representação possui eficácia objetiva, 
ou, em outras palavras, nosso Direito Penal adota o critério de extensibilidade da representação. Como 
consequência, a representação oferecida com relação a um dos agentes estende-se aos demais, 
possibilitando a propositura da ação penal pública condicionada à representação contra todos eles. 
 
 Apresentada a representação, o Ministério Público fica vinculado? 
Há um juízo de conveniência da vítima e obrigatoriedade do Ministério Público, desde que este entenda que 
há justa causa para a ação penal. Diz-se que o promotor ou procurador deve agir se estiver formada sua 
opinio delicti, ou seja, se entender que há materialidade e indícios de autoria. Se o membro do Ministério 
Público entender que não há condições da ação ou justa causa, não deverá promover a ação penal. 
 
2.3.2 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça 
 
A ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça exige, como condição específica de 
procedibilidade para a ação penal, a manifestação formal do Ministro da Justiça. Está prevista no artigo 
100, parágrafo primeiro, do Código Penal: 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de 
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
As hipóteses de cabimento da ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça são de 
crimes sujeitos a um juízo de conveniência política. São eles: 
a. Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro no exterior 
Cuida-se de hipótese tratada no artigo 7º, § 3º, alínea “b”, do Código Penal, já estudada neste curso 
como caso de extraterritorialidade condicionada da lei penal brasileira: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
(...) 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
11 
 53 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
b. Crimes contra a honra do Presidente da República ou de Chefe de Governo estrangeiro 
Está previsto no art. 141, inciso I, do Código Penal, que prevê uma forma majorada dos crimes contra 
a honra. Por sua vez, o parágrafo único do art. 145, também do CP, estabelece que referidos delitos 
são perseguidos por meio de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça: 
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é 
cometido: 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
(...) 
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no 
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput 
do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, 
bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. 
No caso da calúnia e da difamação, dois dos crimes contra a honra previstos no Código Penal, a Lei de 
Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83) possui disposições específicas: 
Art. 1º - Esta Lei prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão: 
I - a integridade territorial e a soberania nacional; 
Il - o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito; 
Ill - a pessoa dos chefes dos Poderes da União. 
Art. 2º - Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no Código Penal Militar 
ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação desta Lei: 
I - a motivação e os objetivos do agente; 
II - a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior. 
Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos 
Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato 
ofensivo à reputação. 
Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. 
O motivo de terem sido transcrito referidos dispositivos é que a Lei de Segurança Nacional não prevê que o 
crime previsto em seu artigo 26, de calúnia ou difamação do Presidente da República, possui como condição 
de procedibilidade a requisição do Ministro da Justiça. Referido ato de requisição do Ministro da Justiça é 
mencionada apenas como como uma das formas de se iniciar o inquérito policial, conforme teor do artigo 
31 de referido diploma legal: 
Art. 31 - Para apuração de fato que configure crime previsto nesta Lei, instaurar-se-á inquérito 
policial, pela Polícia Federal: 
I - de ofício; 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
12 
 53 
II - mediante requisição do Ministério Público; 
III - mediante requisição de autoridade militar responsável pela segurança interna; 
IV - mediante requisição do Ministro da Justiça. 
Parágrafo único - Poderá a União delegar, mediante convênio, a Estado, ao Distrito Federal ou a 
Território, atribuições para a realização do inquérito referido neste artigo. 
Deste modo, se entendidas válidas as disposições da Lei de Segurança Nacional, sua incidência afastaria a 
necessidade de requisição do Ministro da Justiça se configurado o delito previsto no seu artigo 26, o que 
não abrange toda possibilidade de crime contra a honra praticado contra o Presidente da República. A 
requisição do Ministro da Justiça é ato de natureza política e administrativa, que será formalizado de 
acordo com juízo de conveniência política, sem obrigatoriedade. Uma vez oferecida a requisição, não há 
obrigação de o Ministério Público oferecer denúncia, pois pode entender não estarem preenchidas as 
condições da ação penal, existir necessidade de maior investigação ou não haver justa causa para o processo 
penal. Pode ser promovido, inclusive, o arquivamento do inquérito, se o promotor ou procurador entender 
que não há materialidade e autoria, na formação de sua opinio delicti. 
Para a doutrina majoritária, não é possível a retratação da requisição pelo Ministro da Justiça. Isto porque, 
de forma diferente da requisição, não há previsão legal sobre a possibilidade de o Ministro de Estado se 
retratar sobre o ato. No entanto, o professor Guilherme Nucci3 entende cabível a retratação até o 
oferecimento da denúncia, por analogia (em favor do acusado, neste caso). A requisição, apesar do termo 
que a designa, não possui a natureza de exigência, mas sim de autorização. Representa a condição específica 
de procedibilidade para a ação penal pública, autorizando o Ministério Público a agir para buscar a punição 
de quem praticou a infração penal. 
Também se reconhece a eficácia objetiva da requisição, do mesmo modo da retratação. Por 
isso, apresentada a requisição pelo Ministro da Justiça em relação a um dos agentes, todos 
os demaispodem ser denunciados pelo Ministério Público. A lei é omissa no tocante ao prazo 
para oferecimento da requisição do Ministro da Justiça. Entende-se, então, que pode ser 
ofertada até a extinção da punibilidade, que pode ocorrer, em alguns casos, somente com a 
prescrição da pretensão punitiva propriamente dita. 
 
2.4 AÇÃO PENAL PRIVADA (GÊNERO) 
Em algumas hipóteses previstas expressamente em lei, o Estado conserva para si o direito de punir (jus 
puniendi), delegando ao particular o direito de ação (jus persequendi). São os crimes punidos por meio de 
ação penal privada, seja de forma originária (exclusiva e personalíssima), seja em razão de inércia do órgão 
oficial (privada subsidiária da pública). 
Na ação penal privada, a inicial é denominada queixa-crime. Quem promove a ação penal, seja o ofendido 
ou, na sua impossibilidade, algum outro legitimado, é chamado de querelante. O réu, o ofensor, é 
denominado de querelado. 
 
3 NUCCI, Guilherme Souza. Manual de processo penal e execução penal. 10ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 213. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
13 
 53 
A ação penal privada pode ser: 
 Exclusiva ou propriamente dita; 
 Personalíssima; 
 Subsidiária da pública. 
Passamos, agora, ao estudo de cada uma delas: 
 
2.5 AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA OU PROPRIAMENTE DITA 
O fundamento da ação penal privada propriamente dita ou exclusiva é o chamado 
streptus judicii, isto é, o escândalo do processo que pode atingir a vítima. O alarde advindo 
do comentário de fatos íntimos que atingem o ofendido em um processo penal faz com 
que, em hipóteses expressamente previstas em lei, a ação penal dependa de sua 
iniciativa. O ofendido, na ação penal privada, é denominado querelante, enquanto o 
ofendido é o querelado. A inicial é chamada de queixa-crime, devendo observar os 
requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal, acima transcrito. A ação penal exclusiva ou 
propriamente dita está prevista no artigo 100, na parte final do caput e nos §§ 2º e 4º, do Código Penal: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
(...) 
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha 
qualidade para representá-lo. 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
Portanto, na ação penal privada exclusiva, a titularidade pertence ao ofendido. Aplicam-se, aqui, as mesmas 
regras da representação no caso de vítima menor, de morte da vítima ou de ausência decretada, já tratadas 
acima e não transcritas aqui evitar a repetição desnecessária. No caso de morte do ofendido, o direito de 
oferecer queixa ou de prosseguir no polo ativo da ação penal passa para o cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. Há doutrinadores que apontam preferência na ordem prevista no artigo 31 do 
Código de Processo Penal: 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
O recurso mnemônico a ser utilizado para facilitar a memorização dos legitimados, na ordem mencionada 
pela lei, é a palavra CADI, formada pelas letras iniciais de cônjuge, ascendente, descendente e irmão. 
São princípios da ação penal privada exclusiva: 
 Oportunidade ou conveniência: não há obrigatoriedade de o ofendido promover a ação penal. Pelo 
contrário, o fundamento da titularidade para a promoção da ação penal ser da vítima em 
determinados delitos é a exposição de fatos íntimos seus, o que leva o Estado a deixá-la optar entre 
ver tais fatos comentados no processo ou preferir que não haja a punição do ofensor, evitando a sua 
própria exposição. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
14 
 53 
 Disponibilidade: é possível a desistência do querelado com relação à ação penal privada exclusiva 
por ele proposta. Assim como o ofendido pode decidir se quer ou não que o seu ofensor seja 
processado e punido, optando entre oferecer a queixa crime ou não, pode também desistir da ação 
penal já proposta. 
 Indivisibilidade: a ação penal privada propriamente dita deve ser proposta contra todos os agentes 
conhecidos. Não é possível que o ofendido opte por oferecer queixa em relação a alguns e não agir 
em relação a outros. Sua decisão deve abranger todos os agentes, incluindo os autores, coautores e 
partícipes. 
 Intranscendência: só pode ser proposta em face do autor e partícipe. Em razão do princípio da 
pessoalidade da pena, a pena não pode passar da pessoa do condenado, o que impede a propositura 
da ação penal contra quem não praticou o delito. Claro que é preciso que haja instrução processual 
para demonstração da autoria, sobretudo em respeito ao devido processo legal e o da não presunção 
de culpa. Entretanto, se não houver sequer indícios mínimos de autoria em relação a determinada 
pessoa, ela não pode ser querelada em uma ação penal, ou seja, não pode ser ofertada queixa contra 
ela. 
Analisando o princípio da indivisibilidade, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que, em caso de várias 
publicações na internet, em que a imagem da vítima era manchada, os crimes deveriam ser considerados 
autônomos. Deste modo, não havendo concurso de agentes, não havia necessidade de se oferecer queixa 
em relação a cada um deles: 
“(...) 2. Em face do princípio da indivisibilidade da ação penal privada, previsto no art. 48, do 
CPP, há a obrigação de o ofendido, ao optar pelo processamento dos autores da infração, 
fazê-lo em detrimento de todos os envolvidos. Não obstante, quando várias pessoas 
denigrem a imagem de alguém, via internet, cada uma se utilizando de um comentário, 
não há coautoria ou participação, mas vários delitos autônomos, não havendo de se falar 
em renúncia tácita. (...)” (STJ, Apn 613/SP, Relator Og Fernandes, Corte Especial, DJe 
28/10/2015) 
 
 É possível que o MP adite a queixa-crime para inclusão de agentes não presentes no polo passivo? 
Há divergências doutrinárias. 
 Prevalece que não, pois a titularidade pertence ao ofendido. Assim, não pode o Ministério Público 
incluir pessoas contra as quais não foi oferecida queixa. Alguns autores entendem que o Ministério 
Público, como fiscal da lei, deve provocar o querelante para incluir os coautores ou partícipes no 
polo passivo. 
 A doutrina minoritária entende que pode haver o aditamento, pois o Ministério Público, como fiscal 
da lei, deve velar pela observância do princípio da indivisibilidade e agir para que todos estejam no 
polo passivo da ação penal privada. É a posição de Tourinho Filho. 
Vale recordar que renúncia é a causa de extinção da punibilidade, que consiste em ato unilateral, do 
ofendido ou de seu representante legal, de abdicação do direito de promover a ação penal privada. Na 
renúncia, o ofendido ou seu representante legal abre mão de intentar a ação penal, o que implica na 
extinção do ius puniendi. Esta causa extintiva da punibilidade é cabível nos casos de ação penal privada 
exclusiva ou personalíssima, pois a punição, nestas hipóteses, depende de que o ofendido ou seu 
representante oferte a queixa crime. O ato de disposição do titular em relação a referido direito, decidindo 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
15 
 53 
por sua renúncia, impossibilita a imposição de sançãopenal ao agente, extinguindo sua punibilidade. A 
renúncia é tratada no artigo 104 do CP: 
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa 
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a 
vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano 
causado pelo crime. 
Como pode ser tácita, a maioria da doutrina entende que, não sendo promovida a ação penal privada 
exclusiva em relação a todos os ofensores, há a renúncia do ofendido ao direito de queixa. Por conseguinte, 
extingue-se a punibilidade de todos os agentes. É a norma que se extrai do artigo 49 do CPP: 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos 
se estenderá. 
O prazo para oferecimento da queixa-crime é de 6 meses, possuindo como termo inicial o dia em que se 
veio a saber quem foi o autor do crime (aí incluídos autores, coautores e partícipes). Escoado este prazo, há 
a decadência, causa extintiva da punibilidade, por impedir que o titular da ação penal privada ofereça queixa 
e, assim, seja iniciado o processo penal em face dos agentes. É o que determina o artigo 103 do Código 
Penal: 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de 
representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber 
quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o 
prazo para oferecimento da denúncia. 
O Código de Processo Penal, no seu Capítulo IV, regula o processo e o julgamento dos 
crimes contra a propriedade imaterial. Em seus artigos 529 e 530, prevê prazos mais 
exíguos para o oferecimento de queixa para referidas infrações, sendo de 30 dias após a 
homologação do laudo e, no caso de querelado preso, de 8 dias. Assim dispõem tais 
artigos: 
Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com 
fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. 
Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e apreensão requeridas pelo 
ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo. 
Art. 530. Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o prazo a que se refere o 
artigo anterior será de 8 (oito) dias. 
Se a queixa for oferecida dentro do prazo, mas perante juízo que não tenha competência territorial para o 
julgamento do feito (incompetência relativa ratione loci). 
 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
16 
 53 
2.6 AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA 
A ação penal privada personalíssima possui as mesmas características da ação penal privada propriamente 
dita ou exclusiva, com a peculiaridade de a sua titularidade ser única e exclusiva da vítima. Não há 
substituição da titularidade, nem mesmo se ocorrer a sua morte ou a sua decretação de ausência. 
A morte da vítima, portanto, acarreta a extinção da punibilidade do agente. Deste modo, temos uma causa 
extintiva da punibilidade específica para este delito. No mais, naquilo que não contrariar esta previsão, todo 
o regramento da ação penal privada exclusiva se aplica à personalíssima. 
A única hipótese prevista atualmente no ordenamento jurídico brasileiro é o crime do artigo 236 do Código 
Penal: 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe 
impedimento que não seja casamento anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada 
senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o 
casamento. 
Como a queixa deve ser do ofendido, não se admite que ela seja oferecida, no caso de sua morte ou 
decretação de ausência, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Como visto, neste caso ocorre a 
extinção da punibilidade. 
 
 E se a vítima, casada, for menor de 18 anos? 
Não é possível a nomeação de curador especial para se promover a ação penal privada personalíssima, pois, 
como estudado, não se admite a transferência da titularidade. Por outro lado, o casamento emancipa a 
vítima para os atos da vida civil, mas não possui efeitos para o processo penal. 
A doutrina, então, aponta que a solução deve ser aguardar que o ofendido complete os 18 anos de idade, 
sendo que o prazo decadencial só se iniciaria com a maioridade. 
 
2.7 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 
A ação penal privada subsidiária da pública é proposta nos casos de ação penal pública, se esta não for 
intentada pelo Ministério Público no prazo legal. É um direito fundamental assegurado no artigo 5º, inciso 
LIX, da Constituição da República: 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
O Código Penal trata do tema no parágrafo terceiro do seu artigo 100: 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público 
não oferece denúncia no prazo legal. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
17 
 53 
É cabível, portanto, no caso de inércia do órgão oficial, do Ministério Público. Não se pode 
intentar ação penal privada subsidiária da pública se houver pedido de diligências ou se o 
membro do Ministério Público promover o arquivamento da investigação. Isto porque, em 
tais casos, não houve omissão do promotor ou procurador, mas sim entendimento de que 
não era o caso de se promover a ação penal. O exercício da ação penal privada subsidiária da 
pública é facultativo, mesmo porque é um direito do ofendido ou de seus representantes 
legais. Como é uma ação penal privada, inicia-se com a queixa, sendo que o polo ativo é ocupado pelo 
querelante e o acusado é chamado de querelado. 
Como os demais casos de cabimento de queixa, o prazo é de 6 meses. Entretanto, em se tratando de ação 
penal privada subsidiária da pública, se não for intentada no prazo legal, não há decadência. Isto porque o 
Ministério Público manterá sua legitimidade, devendo promover a ação penal pública, em razão do princípio 
da obrigatoriedade. O prazo para o promotor ou procurador oferecer a denúncia é impróprio, não 
impedindo a ofertar extemporânea. A perda do prazo gerará consequências no caso de prisão processual 
do acusado e o início do prazo decadencial para o ofendido oferecer a ação penal privada subsidiária da 
pública. Se houver o ofendido abandonado a ação penal privada subsidiária da pública, o Ministério Público 
deve retomar o polo ativo, prosseguindo nela. O artigo 29 do Código de Processo Penal prevê essa 
possibilidade, além de regular a atuação do Ministério Público como fiscal da lei enquanto o ofendido 
permanecer como querelado: 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo 
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, 
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo 
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
 
2.8 AÇÃO PENAL NOS CRIMES COMPLEXOS 
Os crimes complexos são aqueles que resultam da reunião de mais de um tipo penal. Deste modo, o 
latrocínio é um crime no qual se fundem os tipos do roubo e do homicídio. O crime de roubo, por sua vez, 
possui, emsi, o crime de constrangimento ilegal, o de ameaça ou o correspondente à violência e a infração 
penal de furto. O Código Penal possui dispositivo próprio para tratar da ação penal cabível para os crimes 
complexos: 
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si 
mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer 
destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. 
Deste modo, se um dos crimes que compõem o crime complexo for um dos que se procede mediante 
denúncia, caberá ação penal pública. Caso não se exija, em relação a algum deles, qualquer condição de 
procedibilidade, a ação será pública incondicionada. Alguns doutrinadores consideram que a norma é um 
truísmo, isto é, inútil, pois bastaria aplicar a regra geral, segundo a qual a ação penal será publica 
incondicionada, salvo previsão expressa em contrário. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
18 
 53 
3. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
A classificação dos crimes é relevante para a aplicação dos institutos estudados e para a sistematização da 
matéria. Com o auxílio da classificação, é possível se inferirem diversas características sobre determinado 
tipo penal. Os critérios e denominações para se classificar o crime variam entre os doutrinadores, de modo 
que estudaremos os mais utilizados e consagrados pela jurisprudência, além de mais cobrados pelas bancas 
de concursos. 
3.1 QUANTO AO SUJEITO ATIVO 
Os crimes se classificam, quanto ao sujeito ativo, em comuns, próprios e de mão própria: 
Crime comum: é aquele que não exige nenhuma qualidade específica do sujeito ativo para sua prática. 
Crime próprio: é aquele que exige determinada qualidade do sujeito ativo para sua prática. A doutrina 
admite a autoria mediata, a coautoria e a participação nos crimes próprios. 
Crime de mão própria: é aquele que somente pode ser praticado pela própria pessoa, por si mesma. Só se 
admite a participação em crime de mão própria, ressalvado o caso de perícia assinada por dois profissionais, 
caso em que a doutrina entende excepcionalmente cabível a coautoria. Também denominado de delito de 
conduta infungível. 
 
3.2 QUANTO À NECESSIDADE DE RESULTADO NATURALÍSTICO PARA SUA 
CONSUMAÇÃO 
Este critério leva em conta a necessidade de resultado naturalístico para a consumação, 
distinguindo os delitos em materiais, formais e de mera conduta. 
 
Crime material: é aquele que prevê um resultado naturalístico como necessário para sua 
consumação. Há quem o chame de crime de resultado. 
Crime formal: é aquele que descreve um resultado naturalístico, cuja ocorrência é prescindível para a 
consumação do delito. Também denominado de delito de tipo incongruente. 
Crime de mera conduta: é aquele cujo resultado naturalístico não pode ocorrer, porque sequer há a sua 
descrição. 
 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
19 
 53 
3.3 QUANTO À NECESSIDADE DE LESÃO AO BEM JURÍDICO PARA SUA 
CONSUMAÇÃO 
Se tomada como critério a necessidade ou não de efetiva lesão ao bem jurídico, temos a classificação dos 
delitos em crimes de dano e crimes de perigo. Esta forma de classificação toma como base o resultado 
jurídico do delito. Crime de dano: é aquele em que se exige, para sua configuração, a efetiva ocorrência de 
lesão ou de dano ao bem jurídico protegido pela norma penal. 
Crime de perigo: é aquele que, para que se considere consumado, exige apenas que o bem seja exposto a 
perigo. Portanto, a efetiva ocorrência de dano ao bem jurídico protegido pela lei penal é desnecessária para 
que o crime se consume. 
Os crimes de perigo podem ser subdivididos em: 
 De perigo concreto: é o crime de perigo cuja configuração requer a demonstração de que o bem 
jurídico efetivamente foi posto em perigo. 
 De perigo abstrato (ou puro):é o crime de perigo em que a sua consumação não depende da 
demonstração de que tenha colocado o bem jurídico em risco. O risco é presumido, de forma 
absoluta, pela lei. 
 De perigo individual: é o delito que causa perigo a uma pessoa ou a um grupo determinado de 
pessoas. 
 De perigo comum ou coletivo: é aquele cujo perigo de dano atinge um número indeterminado de 
pessoas. 
 De perigo atual: é aquele cujo perigo causado é contemporâneo à conduta do agente. O crime de 
desabamento ou desmoronamento do artigo 256 do CP tende a ser de perigo atual, pois o 
desabamento de um prédio, no momento em que ocorre, já coloca em perigo a vida, a integridade 
física ou o patrimônio de outrem. 
 De perigo iminente: é aquele cujo perigo está prestes a acontecer. O abandono de incapaz, do artigo 
133 do CP, na prática, pode se mostrar um crime de perigo iminente, já que, ainda que a pessoa sob 
cuidado não fique em perigo imediatamente, pode ficar depois de algum tempo sem cuidado. 
 De Perigo futuro ou mediato: é aquele que produz um risco futuro. 
 
3.4 QUANTO À FORMA DA CONDUTA 
Leva em conta a forma da conduta, se positiva ou negativa, separando os crimes em comissivos e omissivos. 
Crime comissivo: é aquele que é praticado por um comportamento positivo do agente, isto é, um fazer. 
Crime omissivo: é aquele que é praticado por meio de um comportamento negativo, uma abstenção, um 
não fazer. 
Os crimes omissivos se subdividem em: 
 Omissivos próprios: é aquele previsto em um tipo mandamental, ou seja, um tipo que já descreve 
um comportamento negativo no seu núcleo. O agente, no caso, não tem o dever de evitar um 
resultado, mas simplesmente o dever de agir para não incorrer na prática do crime. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
1
 
 
20 
 53 
 
 Omissivos impróprios: também chamado de comissivo por omissão, é aquele cujo dever jurídico de 
agir decorre de uma cláusula geral, que está prevista no artigo 13, § 2º, do CP. O sujeito tem o dever 
de evitar o resultado naturalístico. Por isso, tais delitos são chamados comissivos por omissão. A 
doutrina aponta que só abrange crimes materiais, já que o agente deve ter o dever de evitar o 
resultado. 
 
 Omissivos por comissão: parte da doutrina entende existir uma terceira modalidade de delito 
omissivo, o omissivo por comissão4. Cuida-se de crime tipicamente omissivo, mas há uma ação, um 
comportamento comissivo, que provoca a omissão. Daí decorre a sua denominação (omissivo por 
comissão), de modo que temos um delito naturalmente omissivo, mas que é praticado em razão da 
conduta positiva de outrem. 
 
Crime de conduta mista: é aquele cujo tipo prevê uma ação, seguida de uma omissão, sendo que ambos 
os comportamentos são necessários para a sua configuração. Haveria, portanto, uma mistura entre o crime 
comissivo e o omissivo. O exemplo é o crime de apropriação de coisa achada, do artigo 169, inciso II, do CP. 
O tipo penal é o seguinte: “quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, 
[conduta comissiva] deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade 
competente, dentro no prazo de quinze dias [conduta omissiva].” 
Crime de esquecimento ou de “olvido”: é o crime omissivo culposo, sem representação5. Em outras 
palavras, é o crime omissivo praticado com culpa inconsciente, aquela em que o agente sequer prevê o 
resultado, apesar de previsível. 
 
3.5 QUANTO AO TEMPO DA CONSUMAÇÃO 
Considera o momento em que o crime se consuma: se de forma imediata; se há o 
prolongamento no tempo desta fase do iter criminis; se, ainda que imediata, a consumação 
produz efeitos permanentes; ou, por fim, se há um prazo temporalpara sua consumação. 
Crime instantâneo: é aquele que se consuma imediatamente, em um instante definido. 
Crime permanente: é aquele cuja consumação se protrai no tempo, isto é, se prolonga. A fase 
da consumação persiste enquanto desejar o agente. O sujeito ativo do delito consegue 
prolongar no tempo a fase de consumação do delito. 
Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele que se consuma imediatamente, em um momento 
determinado no tempo, mas cujos efeitos se prolongam no tempo. É uma subespécie do crime instantâneo. 
Crime a prazo: é aquele que depende de determinado prazo para sua consumação. 
 
 
4 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 165. 
5 ZAFFARONI, Eugenio Raul. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro. 13 ed. São Paulo: Thomson Reuters 
Brasil, 2019, p. 489. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
4
 
 
21 
 53 
3.6 QUANTO À UNICIDADE OU NÃO DO TIPO PENAL 
Este critério classificatório se fundamenta no fato de o tipo penal ser único ou se ele resulta da fusão de 
mais de um tipo penal: 
Crime simples: é aquele que é formado por um único tipo penal, não resultando da reunião de outros tipos. 
Crime complexo: é aquele cujo tipo é resultante da junção ou fusão de outros tipos penais, como o roubo, 
que decorre do constrangimento ilegal, da ameaça ou do crime relativo à violência e do furto. Temos, ainda, 
o latrocínio, resultante da soma do furto e do homicídio. 
 
3.7 QUANTO À DEPENDÊNCIA DE OUTRO CRIME PARA EXISTIR 
Considera a relação entre os delitos, se há ou não a dependência de outra infração para a sua configuração: 
Crime principal: é aquele que existe independentemente da ocorrência de outro delito. Se não possui 
ligação com outro delito, pode ser chamado de independente. 
Crime acessório: é aquele cuja ocorrência depende de um crime anterior. Exemplos: receptação, lavagem 
de capitais e favorecimento real. 
 
3.8 QUANTO À FORMA DE UTILIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO 
Cuida-se de classificação que simplesmente diferencia as modalidades de aplicação do princípio da 
consunção ou da absorção, um dos incidentes no chamado concurso aparente de normas: 
Crime progressivo: é aquele em que o agente, para atingir o seu objetivo, precisa praticar um crime menos 
grave que é o caminho para a prática de outro. Cuida-se de condutas necessárias para a prática do crime 
desejado. 
Progressão criminosa: é aquele em que há modificação do elemento subjetivo do agente, que passa pela 
realização de dois ou mais tipos penais, ocorrendo a absorção pelo crime-fim. 
 
3.9 QUANTO AO NÚMERO DE ATOS EXIGIDOS PARA SUA CONSUMAÇÃO 
Este critério leva em conta a realização de um só ato ou de uma pluralidade de atos, pelo 
sujeito ativo, para a configuração do crime. O critério, mais tecnicamente, é de fracionamento 
ou não da conduta, não se aplicando uma diferenciação puramente mecânica: 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
7
 
 
22 
 53 
Crime unissubsistente: é aquele que se realiza com um único ato, como o desacato ou a injúria, ambos 
praticados verbalmente. A conduta não pode ser fracionada. A doutrina majoritária não admite tentativa 
deste tipo de crime6. 
Crime plurissubsistente: é aquele cuja prática exige mais de uma conduta para sua configuração. Em outras 
palavras, a conduta do agente pode ser fracionada, possibilitando a interrupção da execução, por 
circunstâncias alheias à vontade do agente, e, com isso, a punição do conatus (modalidade tentada do 
crime). 
 
3.10 QUANTO À NECESSIDADE DE MAIS DE UM SUJEITO ATIVO 
Classificam-se os crimes quanto à necessidade ou não de mais de um sujeito ativo para sua configuração: 
Crime unissubjetivo, monossubjetivo ou de concurso eventual: é aquele que pode ser praticado por apenas 
um indivíduo. A doutrina aponta que este tipo de delito é que torna importante o estudo do concurso de 
pessoas, por não ser necessária a pluralidade de agentes para a própria configuração do delito. 
Crime plurissubjetivo ou de concurso necessário: é aquele cuja realização típica exige mais de um agente. 
O crime plurissubjetivo se subdivide em7: 
 Crime plurissubjetivo de condutas convergentes ou bilaterais: as condutas dos agentes devem se 
direcionar uma em direção à outra. Exemplo é o delito de bigamia. 
 Crime plurissubjetivo de condutas paralelas: as condutas dos indivíduos devem atuar 
paralelamente, possibilitando a prática delitiva. É o caso da associação criminosa. 
 Crime plurissubjetivo de condutas contrapostas – as condutas dos agentes devem ir de encontro 
umas às outras, ou seja, se contraporem. É assim classificado o crime de rixa. 
 
3.11 QUANTO À EXIGÊNCIA DE FORMA ESPECÍFICA PARA SUA PRÁTICA 
É o critério de a lei penal prever ou não uma forma determinada para a prática da infração penal, sendo 
que só se configurará o delito se o sujeito ativo agir daquele modo específico para a realização típica: 
Crime de forma livre: é aquele que não prevê uma forma específica de realização do núcleo do tipo, como 
o furto e o homicídio. 
 
6 Em sentido contrário: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 270. 
7 Classificação também adotada por Rogério Sanches Cunha (Manual de Direito Penal. Parte Geral (arts. 1º ao 120). Salvador: 
JusPODIVM, 2020, p. 225. Cleber Masson usa outra denominação, que parece minoritária. Chama os crimes plurissubjetivos, em 
sua subdivisão e na mesma ordem acima mencionada, de crimes bilaterais ou de encontro; crimes de condutas coletivas ou de 
convergência de condutas paralelas e de crimes de condutas coletivas ou de convergência de condutas paralelas (MASSON, 
Cleber. Ibidem, p. 170-171). Na obra Direito Penal Brasileiro, de Juan Carlos Olivé e outros, a subdivisão é feita entre os 
plurissubjetivos de convergência ou coincidência, em que a atuação de todos é uniforme para atingir um mesmo objetivo, como 
no constrangimento ilegal por coautoria, e plurissubjetivos de encontro, em que a intervenção de cada um é independente, como 
na advocacia administrativa (2 ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 259). 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
b
 
 
23 
 53 
Crime de forma vinculada: é aquele que tem forma ou formas de realização do núcleo do tipo 
especificamente previstas em lei. 
 
3.12 QUANTO AO LUGAR 
Há a classificação dos crimes para denominar aqueles cujo iter criminis perpassam mais de um local, 
abrangendo ou não mais de uma soberania: 
Crime à distância ou de espaço máximo: é a infração penal cujo iter criminis (caminho do crime, com suas 
fases de cogitação, preparação, execução, consumação e, ao final, eventual exaurimento) abrange mais de 
um país. Ou seja, é aquela infração penal que, em seu desenvolvimento, percorre mais de um território 
soberano. Referido tipo de crime torna importante o estudo do local do crime que, segundo o Código Penal, 
deve ser compreendido sob a ótica da teoria da ubiquidade. 
Crime plurilocal: é aquele que percorre, em sua prática, mais de um lugar, mas dentro do mesmo território 
soberano. Sua importância se volta ao processo penal, especialmente para determinação da competência 
ratione loci, ou seja, a territorial. 
Há quem fale, ainda, em crime em trânsito, conceituando-o como aquele que passa pelo território de mais 
de um país, sem atingir bens jurídicos de todos eles8. 
 
3.13 QUANTO AOS VESTÍGIOS 
De maior interesse para o Direito Processual Penal, há a classificação dos crimes quantoa deixarem ou não 
vestígios: 
Crime de fato transeunte (delicta facti transeuntis): é aquele que não deixa vestígios, 
tornando desnecessária a realização do exame de corpo de delito. É o caso da injúria verbal e 
do ato obsceno. 
Crime de fato permanente (delicta facti permanentis): é aquele que deixa vestígios, tornando 
necessária a realização do exame de corpo de delito. Classificam-se assim o delito de estupro, 
de falsidade de documento público e o de lesão corporal. 
 
3.14 QUANTO À CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE 
Classificação de acordo com a necessidade ou não de condição objetiva de punibilidade: 
Crime condicionado: é aquele que depende de uma condição objetiva de punibilidade, como no caso dos 
crimes tributários do artigo 1º da Lei 8.137/90 (dependem da constituição definitiva do crédito tributário) e 
 
8 SANCHES, Rogério Cunha. Manual de Direito Penal. Parte Geral (arts. 1º ao 120). 8ª Ed. Salvador: JusPODIVM, 2020, p. 229. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
1
 
 
24 
 53 
dos crimes falimentares (dependem da sentença que decrete a falência, conceda a recuperação judicial ou 
homologue o plano de recuperação extrajudicial). 
Crime incondicionado: é aquele que não possui condições objetiva de punibilidade para sua configuração e 
consumação. De ordinário, é o que ocorre com o roubo e o descaminho. 
 
3.15 QUANTO À NATUREZA DOS CRIMES MILITARES 
Os crimes militares podem ser de dois tipos, os próprios e os impróprios: 
Crime militar próprio: é aquele que só possui tipificação no âmbito militar, como é o caso de deserção, 
previsto no artigo 187 do CP Militar. Se um civil praticar referida conduta, haverá fato penalmente atípico. 
Crime militar impróprio: é aquele que está previsto na legislação penal militar, mas possui tipificação 
também como crime não militar. Se um cidadão civil praticar a conduta, há crime; se o agente for militar, há 
crime previsto na legislação especial. 
 
3.16 QUANTO AO SUJEITO PASSIVO 
No tocante ao sujeito passivo, alguns delitos possuem algumas peculiaridades e, por isso, possuem 
nomenclatura específica: 
Crime vago: é aquele que possui sujeito passivo imediato um ente sem personalidade jurídica, como a 
coletividade. 
Crime de dupla subjetividade passiva: é aquele que possui mais de um sujeito passivo imediato. 
 
3.17 QUANTO AO NÚMERO DE BENS JURÍDICOS ATINGIDOS 
Apesar de se tratar de classificação menos frequente na doutrina criminalista, podemos dividir as infrações 
penais, ainda, no tocante ao número de bens jurídicos ofendidos com a realização típica. Seriam as espécies 
de crime, segundo tal critério: 
Crime mono-ofensivo: é aquele que atinge apenas um bem jurídico, como furto, que ofende o patrimônio. 
Crime pluriofensivo: é aquele que viola a mais de um bem jurídico. Podemos exemplificar com o latrocínio, 
que atinge o patrimônio e a vida. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
c
 
 
25 
 53 
3.18 QUANTO A ELEMENTOS SUBJETIVOS IMPRÓPRIOS: 
Claus Roxin traz, em sua obra9, uma subdivisão dos delitos em razão do seu elemento subjetivo, preconizada 
por Mezger. Como o tema tem sido cobrado em concursos, é interessante compreender essa classificação: 
Crimes de intenção: o tipo penal exige um elemento subjetivo que ultrapasse, transcenda o tipo objetivo, 
para a sua configuração. Para alguns autores, são os crimes que exigem elemento subjetivo especial do tipo. 
No caso do furto, exige-se a intenção de apropriação para além da mera subtração. Pode ser subdividido em 
duas classes de crimes: 
 De tendência interna transcendente de resultado cortado (separado): Segundo Roxin, o segundo 
resultado posterior deve ser produzido como consequência da ação típica, sem uma conduta 
adicional do sujeito ativo. Ele exemplifica com o crime de envenenamento, previsto na lei alemã, 
com resultado adicional de dano à saúde pública. É o caso de o resultado naturalístico, apesar de ser 
a intenção do agente (elemento subjetivo especial do tipo), depender da conduta de um terceiro. 
 De tendência interna transcendente mutilado (atrofiado) de dois atos: o agente pratica a conduta 
para um resultado posterior, que não é necessário ser obtido para sua configuração. O resultado 
naturalístico, não exigido para a configuração do delito, depende da vontade do agente, por meio de 
uma ação posterior. 
Crimes de tendência, também chamados de delitos de interna peculiar ou intensificada: o delito possui 
um elemento subjetivo que é inerente a um elemento típico ou determina a classe do crime, segundo 
Roxin10. De forma mais simples, a doutrina os conceitua como aqueles cuja intenção do agente 
determina se o fato é típico ou atípico. 
Crimes de expressão: são os crimes cuja conduta expressam um processo interno ocorrido na mente do 
autor. O agente recebe uma informação e a interpreta, processa, praticando então a conduta típica. 
Roxin usa o exemplo do falso testemunho, em que o agente tem ciência de determinados fatos e, então, 
depõe de forma diversa. 
 
3.19 QUANTO AO TRATAMENTO DIFERENCIADO DA TENTATIVA: 
Há alguns crimes que possuem um tratamento diferenciado quanto à tentativa e consumação: 
Crimes que só admitem a forma tentada: são os de lesa-pátria. Estão previstos na Lei de Segurança 
Nacional, sendo exemplo o seu artigo 11: 
Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente. 
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos. 
O próprio núcleo do tipo é “tentar desmembrar”, de modo que só a conduta tentada é punida. 
 
9 ROXIN, Claus. Derecho Penal. Ibidem, p. 316-318. 
10 Para o autor, há uma difícil delimitação entre os delitos de intenção propriamente ditos e os crimes de tendência, mas o jurista 
entende faltar relevância prática na definição dessas fronteiras conceituais. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
26 
 53 
 Por que não se pune a forma consumada? 
Neste caso, a consumação do delito implicaria na formação de um Estado, soberano. 
Deste modo, não há lógica em se prever a punição de quem conseguir formar um 
novo país soberano, pois não haveria efetivamente a punição, já que se submeteria a 
outra ordem jurídica. Em se formando uma nova soberania, os crimes previstos por 
outro ordenamento jurídico, agora estrangeiro, não são ali reconhecidos salvo por 
expressa previsão legal. 
Crimes de atentado ou de empreendimento: é aquele em que o legislador equipara a forma tentada à forma 
consumada do delito, prevendo a mesma pena para ambas as modalidades. É exemplo o artigo 352 do CP, 
bem como o do artigo 309 do Código Eleitoral: 
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem: 
Pena – reclusão até três anos. 
 
3.20 QUANTO AO NÚCLEO DO TIPO: 
É possível, ainda, classificar o delito quanto ao número de núcleos do tipo e a necessidade ou não se sua 
realização cumulativa para a sua configuração: 
Crime de ação simples: é o crime que possui apenas um núcleo do tipo, consistente no verbo principal que 
descreve a conduta típica. É o caso do homicídio, previsto no art. 121 do CP. 
Crime de ação múltipla, de ação plurinuclear, de conteúdo variado ou tipo misto11: é o crime que possui 
mais de um núcleo do tipo, podendo ser dividido em alternativo ou cumulativo: 
 Crime de tipo misto alternativo: é o crime que possui mais de um núcleo do tipo, sendo que a prática 
de apenas um deles é suficiente para a sua consumação e a prática de mais de um deles, no mesmo 
contexto, configura crime único. É o caso doartigo 33, caput, da Lei 11.343/06. 
 Crime de tipo misto cumulativo: é o crime que possui mais de um núcleo do tipo, sendo que as 
condutas não são fungíveis entre si. Estão no mesmo tipo penal por opção do legislador, mas 
poderiam estar em tipos penais diversos. A prática de cada um deles configura um delito diverso. É 
o caso do crime do artigo 242 do CP. 
 
3.21 QUANTO À PENA PREVISTA 
Em razão de benefícios previstos em lei para determinadas faixas de pena previstas para os delitos, há a 
seguinte classificação: 
 
11 PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral e parte especial. 18ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 
157. Rogério Sanches Cunha não faz a subdivisão, usando o tráfico de drogas como exemplo de crime de ação múltipla (Manual 
de Direito Penal. Parte Geral (arts. 1º ao 120). Salvador: JusPODIVM, 2020, p. 227). 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
27 
 53 
Infrações penais de menor potencial ofensivo: é a infração penal de competência dos Juizados Especiais 
Estaduais e Federais (salvo regras de conexão), com pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não 
com multa. Para tais delitos, são cabíveis a transação penal e a suspensão condicional do processo. 
Infrações penais de médio potencial ofensivo: é a infração penal com pena máxima superior a 2 anos, mas 
cuja pena mínima seja igual ou inferior a um ano. Para tais delitos, é cabível a suspensão condicional do 
processo, razão pela qual a doutrina criou referida classificação. 
Infrações penais de maior potencial ofensivo: é a infração penal com pena máxima superior a 2 anos e pena 
mínima superior a um ano. Em outras palavras, são os crimes para os quais não são cabíveis a transação 
penal nem a suspensão condicional do processo. 
 
3.22 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 
Neste tópico, seguem outras classificações efetuadas pela doutrina, com denominações dadas às infrações 
penais: 
Crime subsidiário: um crime é subsidiário em relação a outro quando descreve um grau menor de violação 
do bem jurídico. A análise, este caso, é feita em concreto, relação de minus e de plus, ou seja, de maior ou 
menor intensidade. Neste caso, havendo conflito aparente de normas, é levada em conta a análise do fato. 
O crime pode ser expressamente subsidiário, como ocorre com o artigo 132 do Código Penal, que traz 
determina pena, “se o fato não constitui crime mais grave”. 
Crime multitudinário: é aquele cometido por uma reunião de pessoas, no clima de tumulto ou histeria 
coletiva, que torna os limites éticos dos indivíduos, temporariamente, menos rígidos. São, por exemplo, os 
casos de linchamentos de pessoas acusadas da prática de um crime que causa comoção na comunidade. 
Crime de opinião (ou de palavra): é o crime que se configura com o abuso da liberdade de expressão ou de 
pensamento, como o caso da difamação. É diferente do crime de expressão, analisado 
acima, que a conduta delitiva deriva da expressão pelo autor, mas após o uso de sua 
atividade intelectual. 
Crime habitual: é o crime que exige uma reiteração de atos para sua consumação, sendo 
que a doutrina aponta ser necessária a demonstração do estilo de vida do agente. 
Crime profissional: é o crime habitual, realizado com intuito de lucro, para parte da 
doutrina12. Para outra parcela, é o crime cometido por meio da profissão lícita do agente, como meio para 
realizar uma conduta criminosa13. 
Crime mercenário: é o crime cometido com intuito de lucro. 
Crime gratuito: é aquele cometido sem motivo, o que não se confunde com o motivo fútil (STJ, HC 
369163/SP, Rel. Min. Joel IlanPaciornik, 5ª Turma, DJe 06/03/2017). 
Crime de ímpeto: é aquele cometido no calor da emoção, sem premeditação. É o que ocorre no caso de 
homicídio cometido sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima. 
 
12 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 292. 
13 CUNHA, Rogério Sanches. Ibidem, p. 227. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
28 
 53 
Crime funcional: é o que é cometido pelo funcionário público. Se for funcional próprio, só pode ser 
cometido pelo funcionário público, como a prevaricação. Por sua vez, o funcional impróprio consiste em 
conduta tipificada tanto para o particular (exemplo: apropriação indébita) quanto para o funcionário 
público, de forma especial (por exemplo: peculato-apropriação). 
Crime de ação violenta: é aquele praticado com emprego de força física ou com grave ameaça. Os exemplos 
podem ser o estupro e o crime de lesão corporal. 
Crime de ação astuciosa: é o crime praticado por meio de astúcia, de uma fraude ou um engodo. É o caso 
do estelionato. 
Crime de circulação: é o crime praticado na condução de veículo automotor. 
Crime internacional ou mundial: é o crime que o Brasil se obrigou a reprimir no Direito Internacional, por 
meio de tratado ou convenção, como o tráfico internacional de entorpecentes e o tráfico internacional de 
pessoas para fins de exploração sexual. Entretanto, há quem utilize para se referir aos crimes de lesa-
humanidade, de competência do Tribunal Penal Internacional. É usado, ainda, por alguns, para definir o 
crime à distância14. 
Crime obstáculo: é o que se antecipa para determinar a punição do que seriam atos meramente 
preparatórios, trazendo punição autônoma. Exemplos são os crimes de associação criminosa e de petrechos 
para falsificação de moeda. O STJ já usou o termo “tipo penal preventivo” para um crime obstáculo, o de 
porte de arma de fogo15. 
Crime remetido: é o delito cuja definição faz remissão ou referência a outro tipo penal. É o caso do crime 
de uso de documento falso, previsto no artigo 304 do CP. 
Delito de acumulação: são crimes em que, ainda que a ofensa ao bem jurídico possa ser ínfima naquele 
caso, a soma de várias condutas torna o bem jurídico lesado e, assim, justifica a sua punição. 
Existe crime eleitoral, que se traduz em infração contra o processo eleitoral e que coincide com a 
competência geral da Justiça Eleitoral (independentemente de regras de conexão ou continência). Alguns 
autores falam, assim, em crimes federais e crimes estaduais. Apesar de se tratar de nomenclatura usual, há 
quem defenda sua impropriedade, já que haveria, no Brasil, crimes de competência da Justiça Federal e os 
de competência da Justiça Estadual, em razão de, como regra, a competência para legislar sobre direito 
penal ser apenas da União. É diferente o sistema dos EUA, em que a União legisla sobre os crimes federais, 
enquanto os Estados promulgam suas leis com os crimes estaduais. 
 
 
14 CUNHA, Rogério Sanches. Ibidem, p. 237-238. 
15 HC 211.823-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/3/2012. Informativo 493. 
Michael Procopio, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 12
MP-MG (Promotor) Direito Penal - 2021 Pré-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
134223600734768206 - RENATO DE MORAES NERY
 
 
29 
 53 
4. QUESTÕES 
4.1 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 
 
Q1. FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça/2018 
Analise as proposições abaixo e assinale aquela que, à luz da doutrina, seja considerada INCORRETA: 
a) Quando o tipo penal descreve, expressa ou implicitamente, o dissenso da vítima como elementar, 
o consentimento do ofendido, na hipótese, funciona como causa de exclusão da tipicidade. 
b) Quanto ao modo de execução, o crime de perigo de contágio venéreo – art. 130, do CP – é 
classificado pela doutrina como sendo de forma vinculada. 
c) Crime de fato transitório é aquele que não deixa vestígios, a exemplo da injúria verbal. 
d) Em relação aos crimes omissivos

Continue navegando