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A malária é uma doença infecciosa causada por um parasita do gênero Plasmodium, transmitida por um mosquito fêmea infectada do gênero Anopheles. É considerada uma doença de maior incidência no mundo. No Brasil, a magnitude da malária está relacionada à elevada incidência da doença na Região Amazônica e à sua potencial gravidade clínica. História natural da malária Acredita-se que a malária se originou no continente africano, na pré-história, atingindo a Europa e Ásia, com a migração do homem; Os primeiros indícios da descrição da doença estão em textos religiosos, chegando a ficar conhecida como “febre romana”, no séc. II d. C; Somente no século XVIII a doença recebeu o nome italiano de “mal aire”; Charles Alphonse Laveran, médico francês, observou os parasitas da malária em hemácias humanas; O modo de transmissão e ciclo foi elucidado até o final do século XIX. Epidemiologia Estima-se que mais de 40% da população mundial está exposta ao risco de adquirir malária; A área endêmica da malária, no Brasil, possui aproximadamente 6.9 milhões de km2, correspondendo a 81% do território nacional, com 61 milhões de habitantes, sendo 19 milhões na Amazônia Legal. A população mais exposta ao risco de contrair a infecção corresponde a 6 milhões de habitantes, na Amazônia Legal, e a menos de 1 milhão, no restante do país; A transmissão nessa área está relacionada a abertura de novas fronteiras, ao crescimento econômico desordenado e, principalmente, a exploração de minérios; Cerca de 99,5% dos exames parasitológicos positivos para malária são de indivíduos originários da Amazônia Legal, sendo em torno de 41% das infecções dessa área causadas por P. falciparum. Agente etiológico A malária é causada por um protozoário do filo Apicomplexa, gênero Plasmodium; De 172 espécies, apenas 4 são responsáveis por essa doença, sendo eles o P. falciparum, P. vivax, P. ovale, P. malariae. O Plasmidium vivae e o Plasmodium ovale permanecem no fígado em estado latente e, periodicamente, liberam parasitas maduros para a corrente sanguínea, provocando crises recorrentes. O Plasmodium falciparum e o Plasmodium malariae não permanecem no fígado. No entanto, as formas maduras de Plasmodium malariae podem persistir na corrente sanguínea durante meses ou mesmo anos, antes de provocarem sintomas. Ciclo biológico O ciclo do Plasmodium ocorre em várias fases, sendo heteróxeno (forma assexuada no homem e sexuada no mosquito). Fase exoeritrocítica: ocorre quando a saliva do mosquito é inserida através da picada, na pele humana, liberando esporozoítos na corrente sanguínea. Esses chegam ao fígado, infectando os hepatócitos. Fase eritrocítica: ocorre quando os hepatócitos infectados se rompem, liberando merozoítos na circulação sistêmica, e fazendo com que os eritrócitos infectados deem origem aos esquizontes, que podem se diferenciar em formas sexuadas feminina e masculina. Na fase sexuada, os gametócitos permanecem na corrente sanguínea até serem ingeridos por uma fêmea do Anopheles numa eventual refeição do sangue. Fase esporogônica: dentro do intestino delgado do mosquito, os gametócitos sofrem rápida divisão celular, produzindo microgametas flagelados, que fertilizarão os macrogametas, formando os ookinetos (macrogametas fecundados). Os ookinetos atravessam a parede do intestino e formam cistos em sua parte exterior, chamados de oocistos. Em poucos dias os oocistos sofrem a esporogonia e se rompem liberando centenas de esporozoítos que, eventualmente, migrarão para as glândulas salivares do mosquito prontos para serem injetados em outro hospedeiro. Vetor Mosquito do gênero Anopheles, da família Culicidae. Há cerca de 400 espécies do mosquito desse gênero, mas, aproximadamente, 60 delas são vetores; No Brasil, a espécie mais importante na transmissão da doença é o Anopheles darlingi, encontrado em regiões litorâneas. Ciclo biológico do vetor As fêmeas depositam seus ovos onde há presença de água, fazendo com que seus ovos eclodam. Desses ovos surgirão as larvas, que se transformam em pupas, originando assim a forma adulta. A duração desse desenvolvimento, do ovo até a forma adulta, varia de 7 a 20 dias, dependendo da temperatura. Sinais clínicos A pessoa infectada pela malária irá apresentar calafrios, febre alta, dores de cabeças e musculares, taquicardia, aumento do baço e, em alguns casos, delírios. No caso de infecção por P. falciparum, a pessoa poderá apresentar malária cerebral, e outros sintomas, como rigidez na nuca, desorientação, sonolência, vômitos e dores de cabeça, podendo chegar ao coma. Diagnóstico Clínico: realizado através de sintomas sugestivos da malária; Laboratorial: realizado mediante demonstração de parasitos, através do método da gota espessa ou esfregaço, ou testes imunocromatográficos (testes rápidos) em área de baixa endemicidade ou difícil acesso. Além disso, também podem ser usados outros testes, como de biologia molecular (PCR) e sorológicos (imunofluorescência indireta, ELISA, etc). Transmissão Natural: ocorre através da picada; Induzida: ocorre por meio de transfusão de sangue, uso compartilhado de seringas e ou agulhas contaminadas, adquirida no momento do parto (malária congênita), e em acidentes de trabalho em pessoal de laboratório ou hospital; Período de transmissibilidade: cerca de 8 a 16 dias de se alimentar com o sangue infectado, o mosquito poderá transmitir a doença para outras pessoas a cada novo repasto sanguíneo, que ocorre a cada dois ou três dias; Período de incubação: é o espaço de tempo que vai da picada do mosquito infectado até o aparecimento do primeiro sintoma, apresentando uma duração de, em média, 15 dias, na maioria dos casos. Tratamento O tipo de tratamento a ser seguido deverá ser baseado no tipo da espécie de plasmódio e na gravidade de doença; Os medicamentos mais usados são a Doxiciclina, Cloroquina, Mefloquina, Primaquina e Quinina. Profilaxia Evitar áreas que são consideradas de risco, principalmente ao amanhecer e ao entardecer; Adotar medidas preventivas, como uso de repelente e mosquiteiro; Além disso, é necessário adotar medidas de combate ao vetor e medidas de saneamento básico.
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