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AGRAVO DE INSTRUMENTO - SILVINO BASTOS DOS SANTOS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS.
Processo nº 0600240-17.2021.8.04.0001
Origem: 20ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho
Agravante: Silvino Bastos dos Santos
Agravado: Valter de Souza Neves e outros
SILVINO BASTOS DOS SANTOS, brasileiro, casado, aposentado, RG nº 0232051-7, CPF nº 054.233.102-68, residente e domiciliado na Rua José de Gama de Abreu, nº 96, Bairro Petrópolis, CEP nº 69.067-380, Manaus-AM, neste ato representado por sua curadora, Sra. Maria Cremilda Rodrigues dos Santos, CPF nº 077.351.382-53, por intermédio de seus advogados, procuração anexa, nos termos do artigo 77, V do CPC, com escritório profissional localizado na Rua Silva Ramos nº 420, CEP nº 69010-180, Centro, Manaus-AM, e-mail contato@ossuoskyadv.com.br, vem à presença de Vossa Excelência, propor interpor o presente recurso de
AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO
Em face da decisão interlocutória de fls. 298, que indeferiu o pedido de justiça gratuita ao agravante, o que faz na forma do art. 1.015 e seguintes do CPC, requerendo desde já a concessão de efeito suspensivo ao recurso, ante o perigo da demora do seu julgamento final. 
Dispensa-se a formação do instrumento, posto que o processo de origem tramita em autos eletrônicos, ex vi do permissivo do art. 1.017 § 5º do CPC. 
Esclarece que deixa de realizar o devido preparo, pois o motivo do presente recurso é justamente discutir o direito ao beneplácito da justiça gratuita. 
Informa que o endereço do patrono do agravante, consta na qualificação desta via recursal, nos termos do art. 1.016, IV do CPC. 
Por fim, declara que não é possível informar os dados dos procuradores do agravado, tendo em vista que não há nenhuma manifestação dos causídicos no bojo dos autos principais.
Nesses termos 
Pede Deferimento.
Manaus, 22 de abril de 2021.
LEONARDO BARRETO ROCHA JUNIOR
Advogado – OAB.AM 8.315
LUIZ HENRIQUE ZUBARAN OSSUOSKY
Advogado – OAB.AM 7.537
Razões Recursais de Agravo de Instrumento, contra decisão que indeferiu o pedido de justiça gratuita nos autos do processo nº 0600240-17.2021.8.04.0001. 
Colenda Câmara,
Ínclito Desembargadores,
I- DA TEMPESTIVIDADE;
O agravante foi intimado da decisão vergastada dia 06/04/2021, conforme publicação veiculada no Diário Oficial de Justiça, o prazo de 15 dias úteis para pretensão recursal iniciou dia 07/04/2021, tendo como término o dia 28/04/2021, já descontados os feriados e pontos facultativos, de acordo com o calendário expedido por este Tribunal, sendo, portanto tempestivo por ocasião da data de protocolo. 
II- DA BREVE SÍNTESE DA DEMANDA;
Em síntese, o agravante ajuizou ação de cobrança em face dos advogados que os representaram no feito nº registrado sobre o nº 0338406-85.2007.8.04.0001, tramitada na 3ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho da Comarca de Manaus, cujo objeto foi o resgaste de contribuições e dividendos em face da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Estado do Amazonas S/A – CABEA, de atual responsabilidade do Banco Bradesco.
No decorrer durante moroso trâmite processual mencionado, os advogados requeridos, ora agravados, lograram êxito no levantamento de vultuosa quantia, no valor de R$ 26.475.248,85 (vinte e seis milhões, quatrocentos e setenta e cinco mil, duzentos e quarenta e oito reais e oitenta e cinco centavos), do qual desse numerário, caberia ao autor o valor de R$ 1.484.714.81 (um milhão, quatrocentos e oitenta e quatro mil, setecentos e quatorze reais e oitenta e um centavos), todavia, lhe sendo repassado a quantia de somente R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), valor muito aquém do contrato pactuado entre as partes, de acordo com as provas que instruem a petição inicial no processo de origem.
Tendo em vista o notório enriquecimento ilícito auferido pelos agravados, o autor lesado, ajuizou ação de cobrança, objeto do processo principal, requerendo o pagamento da importância que lhe cabe, além de indenização por danos morais, pleiteando os benefícios da justiça gratuita, por não ter condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento, já que se encontra aposentado, inválido, interditado, tendo como única reserva na vida, o valor recebido na ação que deu azo a presente demanda. 
Por corolário, o juízo de piso, em virtude do recebimento da quantia informada, negou o benefício da justiça gratuita, por entender que tal valor, por si só, afasta a concessão do benefício, equivocando-se, inclusive, quanto ao ofício exercido pelo agravante, uma vez que confundiu a realidade profissional do peticionando com os agravados, ao afirmar que “apesar de receber aposentadoria é inquestionável o fato de continuar laborando como advogado, percebendo valores maiores que os benefícios exibidos”, impedindo dessa forma o acesso à justiça.
Dessa forma, no intuito de reformar o entendimento entabulado, o agravante passa a expor as razões de reforma da decisão, nos moldes a seguir alinhavados.
III- DO CABIMENTO DO RECURSO;
Conforme inteligência do art. 1.015, inciso V do CPC, cabe agravo de instrumento contra decisões interlocutórias que versarem sobre rejeição de pedido de gratuidade de justiça. 
IV- DA DECISÃO AGRAVADA; 
Apreciando a questão, assim decidiu o MM. Juiz a quo:
“Indefiro o pedido de justiça gratuita. Isso porque o autor, de fato recebeu grande quantia líquida e tem condições de custear as despesas como presente feito. 
Ademais, apesar de receber aposentadoria é inquestionável o fato de continuar laborando como advogado, percebendo valores maiores que os benefícios exibidos. Por fim, alegou que possui diversas despesas médicas que sequer foram comprovadas. 
Sendo assim, intime-se a parte autora para, no prazo de 15 (quinze) dias, efetuar o pagamento das custas iniciais, sob pena de cancelamento da distribuição e extinção do feito, na forma do artigo 290 do Código de Processo Civil. 
Não obstante, para não inviabilizar o acesso à justiça, autorizo o pagamento das custas em parcelas de até 06vezes, nos termos da Portaria nº490/2017-TJAM. 
Intime-se a parte requerente para recolher a primeira delas, no prazo de 15 (quinze) dias, com guia que pode ser obtida na 3ª Contadoria do TJAM, sob pena de cancelamento da distribuição. 
As seguintes deverão ser recolhidas mensalmente, devendo a parte demandante apresentar o comprovante em até cinco dias após o vencimento”.
 Assim sendo, o magistrado não levou em consideração os argumentos e jurisprudência suscitados nos autos, com relação ao pedido de justiça gratuita formulado, se fazendo necessário o manuseio desta via recursal, visando à reforma da decisão impugnada. 
V- DAS RAZÕES PARA REFORMA;
Data máxima vênia, a premissa lastreada pelo juízo primitivo, para negar a gratuidade de justiça ao agravante, não merece prosperar, posto que o recebimento da quantia informada, não afasta, por si só, o enquadramento do postulante ao beneplácito negado.
Conforme, petição apresentada às fls. 293-2994, o agravante se manifestou nos autos, juntando seu histórico recente de sua aposentadoria concedida por invalidez, cuja rendimento soma a quantia mensal de R$ 1.346,62. 
Atrelado a percepção da ínfima quantia, reitera-se que o autor se encontra interditado, vítima de AVC, o que por consequência ocasionou diversas sequelas, entre elas, confusão mental e extrema dificuldade na fala, além de ser cadeirante, por não ter mais coordenação motora para se locomover, conforme imagem e laudos médicos juntados às fls. 26-28 dos autos principais. 
Nessa toada, após uma longa batalha judicial, o agravante foi agraciado com o recebimento de indenização no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), auferida na demanda apontada no item II desta manifestação, o que de fato, melhorou momentaneamente sua vida, posto que agora tem uma reserva financeira para sobreviver dignamente com sua família sem precisar do auxílio de terceiros, porém, nem de longe o torna rico, com sugere o juízo primitivo, e nem mesmo tem aptidão de continuar laborando e com issoauferir alguma renda extra, já que se encontra completamente inválido, certamente pelo resto de sua existência terrena, tanto é verdade que ajuizou a ação principal visando a cobrança dos valores pendentes de repasse pelos advogados agravados.
Outrossim, há jurisprudência a respeito, onde esclarece que o montante pecuniário significativo recebido por aposentado em demanda judicial, não afasta por si só o indeferimento do beneplácito da justiça gratuita, senão vejamos:
PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA GRATUITA. CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO E MONTANTE RECEBIDO EM RECLAMAÇÃO TRABALHISTA NÃO JUSTIFICAM O INDEFERIMENTO DO BENEFÍCIO. PARTICULAR APOSENTADO. - A despeito de a declaração de hipossuficiência gozar de presunção de veracidade, é relativa e pode ser afastada por prova em contrário. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, há violação aos artigos 2º e 4º da Lei nº 1.060/1950, quando os critérios utilizados pelo magistrado para indeferir o benefício revestem-se de caráter subjetivo. Também entende aquela corte que a contratação de advogado particular não infirma a citada declaração. - In casu, além da contratação de advogado, a apelante aponta como motivo para o indeferimento da justiça gratuita o recebimento por ele de mais de quatrocentos mil reais em ação trabalhista. No entanto, o montante foi pago em 2011 e somente foi elevado em virtude de terem sido somadas importâncias que não foram pagas às épocas próprias, razão pela qual tal fato não afasta a presunção de hipossuficiência, a qual, aliás, é confirmada pelos documentos dos autos, que comprovam que o impugnado é aposentado e recebia, em junho de 2013, R$ 781,14 mensais. - Dessa forma, os critérios que fundamentaram a decisão recorrida são objetivos e suficientes à concessão do benefício. - Apelação desprovida.
(TRF-3 - AC: 00091895920134036100 SP 0009189-59.2013.4.03.6100, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRE NABARRETE, Data de Julgamento: 03/12/2015, QUARTA TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:26/01/2016)
Nessa esteira, apenas à título comparativo, este Tribunal já decidiu que quem eventualmente seja proprietário de unidade imobiliária, também não tem afastado a concessão do benefício, vejamos:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO DE APELAÇÃO. IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA GRATUITA. AUSÊNCIA DE PROVA DE QUE A PARTE DISPÕE DE CONDIÇÕES DE ARCAR COM AS DESPESAS PROCESSUAIS. PROPRIEDADE DE IMÓVEL. FATO QUE NÃO IMPEDE A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. - A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária mediante simples afirmação de que não está em condições de pagar as custas processuais e os honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio e de sua família. - É dado ao ex adverso da parte que requereu a justiça gratuita, impugnar referido pedido, devendo produzir provas no sentido de que o impugnado/requerente não faz jus ao benefício da gratuidade de justiça, possuindo condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua família. - O fato do beneficiário ser proprietário de imóveis não implica que este detenha uma situação financeira boa e estável, possuindo condições de arcar com as custas do processo. - Recurso conhecido e não provido.
(TJ-AM 02014187620158040001 AM 0201418-76.2015.8.04.0001, Relator: Wellington José de Araújo, Data de Julgamento: 21/07/2016, Segunda Câmara Cível)
Ademais, o TJPR, tem entendimento pacificado de que o recebimento de indenização, não afasta o benefício da justiça gratuita:
AGRAVO DE INSTRUMENTO – DIREITO PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL EM FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – DECISÃO QUE REVOGOU A GRATUIDADE DE JUSTIÇA – AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DA BENEFICIÁRIA – RECEBIMENTO DE VERBA INDENIZATÓRIA QUE NÃO AFASTA A CONDIÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA DA RECORRENTE – BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA MANTIDO – DECISÃO MODIFICADA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 8ª C. Cível - 0031366-75.2019.8.16.0000 - Laranjeiras do Sul - Rel.: Juiz Ademir Ribeiro Richter - J. 16.12.2019)
(TJ-PR - AI: 00313667520198160000 PR 0031366-75.2019.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Juiz Ademir Ribeiro Richter, Data de Julgamento: 16/12/2019, 8ª Câmara Cível, Data de Publicação: 18/12/2019)
Ante o exposto, resta claro o direito do Agravante ao benefício reclamado, devendo ser dado provimento ao presente recurso, afim de reformar a decisão agravada, deferindo a gratuidade de justiça, nos termos que embasam as razões apontadas, bem como pelos documentos colacionados na ação principal. 
VI- DA CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO AO AGRAVO;
A manutenção da decisão agravada impõe ao Agravante um evidente prejuízo, qual seja, o indeferimento da Petição Inicial. Isso porque não tem o Agravante condição econômico-financeira para arcar com as despesas do processo.
A decisão do r. Magistrado, contudo, não só obstaculizou o acesso à justiça, como também resguardou ao Agravado oportunidade para afastar a eficácia da jurisdição.
Há de se concluir, portanto, que são razões que justificam o periculum in mora:
O indeferimento da petição inicial ante a impossibilidade de o Agravante recolher às custas do processo.
Não apreciação liminar, per se, pode causar dano irreparável à eficácia da sentença que será oportunamente proferida.
O fumus boni juris, por sua vez, é evidente, posto que deva ser aplicado ao caso em comento não só o direito, mas princípios constitucionais e o próprio artigo 99 e parágrafos do novo CPC, que resguarda a agravante.
Assim, demonstrado o “periculum in mora” e o “fumus boni juris”, requer o Agravante que Vossa Excelência conceda, em liminar, efeito suspensivo ao presente Agravo de Instrumento, a fim de suspender os efeitos do despacho interlocutório de primeiro grau, e conceder o benefício da gratuidade da justiça, determinando ao Juízo a quo proceda a análise do pedido formulado na inicial e o prosseguimento do feito, nos termos da Lei.
VII- DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS;
a) Seja o presente Agravo de Instrumento recebido e distribuído incontinentemente;
b) Seja deferido o efeito suspensivo ao presente agravo de instrumento para suspender os efeitos da decisão interlocutória, determinando o prosseguimento do feito sem o recolhimento das custas e despesas processuais;
c) Seja dado provimento ao presente recurso a fim de reformar a r. Decisão agravada, deferindo a gratuidade da justiça, nos termos dos requerimentos formulados pela Agravante na declaração de pobreza firmada e juntada aos autos, e pelos motivos expostos nos corpo deste recurso;
d) Para instruir o presente Agravo, o Agravante apresenta os documentos facultativos (CPC, 1.017, parag. 5º): Procuração, Laudo Médico, Termo de Curatela e Histórico da Aposentadoria;
e) Deixa de recolher custas recursais, considerando não ter condições de arcar com o pagamento, nos moldes do pedido que originou a demanda principal, requerendo, desde já, o benefício da gratuidade da justiça
Nestes Termos 
Pede Deferimento.
Manaus, 22 de abril de 2021. 
LEONARDO BARRETO ROCHA JUNIOR
Advogado – OAB.AM 8.315
LUIZ HENRIQUE ZUBARAN OSSUOSKY
Advogado – OAB.AM 7.537
(92) 99522-4378 contato@ossuoskyadv.com.br
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