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INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA As parasitoses intestinais constituem um importante problema de saúde pública, pois contribuem para as taxas de morbidade e mortalidade de pessoas em todo o mundo, especialmente em países em desenvolvimento. A transmissão dos parasitos está ligada a condições de vida, como hábitos alimentares, condições de moradia, comportamentos culturais e educacionais, sendo mais prevalentes em populações de baixo nível socioeconômico, não se relacionando diretamente à predisposição racial, genética ou suscetibilidades específicas. As enfermidades causadas por parasitos são apontadas como fortes indicadores de desenvolvimento socioeconômico de um país Prevalência variável: estima-se que 3,5 bilhões de pessoas em todo mundo estejam infectadas com pelo menos um parasita. Brasil: 55% das crianças. CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA QUADRO CLINICO ❖ De um modo geral, a maioria deles são assintomáticos; ❖ Pode ter apresentações inespecíficas; ❖ Sintoma muito COMUM: diarreia; ❖ Algumas podem cursas com constipação e até obstrução intestinal; ❖ Outros sintomas: → Anorexia, náuseas, vômitos, desconforto abdominal, plenitude, flatulências, febre, anemia, desnutrição, prurido anal e vaginal, prolapso retal, dermatites, icterícia, abscesso hepático manifestações pulmonares e neurológicas. → SINDROME DE LOEFFLER A síndrome de Loeffler é o comprometimento do trato respiratório associada á eosinofilia e alteração radiológica, causada por infecção parasitária e reação de hipersensibilidade aguda a drogas. A eosinofilia pulmonar simples ou síndrome de Loeffler é um infiltrado pulmonar migratório associado a eosinofilia em sangue periférico e alterações radiográficas. A síndrome relacionada principalmente à infecção parasitária causada por Ascaris lumbricóides, a eosinofilia pulmonar simples pode também ser causada por outros parasitas ou ainda, por reação de hipersensibilidade a drogas. Essa patologia representa uma pneumonite eosinofílica transitória, por reação de hipersensibilidade imediata, decorrente da migração pulmonar das larvas de parasitas, principalmente os helmintos. Essas lesões são transitórias e as alterações radiológicas são caracterizadas por sombras que variam de tamanho e forma, e podem surgir em qualquer um dos lobos pulmonares O principal agente causador é o Ascaris lumbricoides, porém outros patógenos podem causar problemas pulmonares, sendo eles: → Necator americanus; → Ancylostoma duodenale; → strongyloides stercoralis. Intestinais Uma regra mnemônica é a sigla “NASA”, com as iniciais de cada um. PROTOZOARIOS Ameba Amebíase é o nome da doença causada pela ameba Entamoeba histolytica, um protozoário. Amebíase, somente para doença causada por Entamoeba histolytica, única espécie de ameba patogênica para o ser humano. O parasito conhecido popularmente no Brasil como Ameba. A Entamoeba histolytica é a espécie invasiva e virulenta, enquanto a Entamoeba é a espécie de ameba não invasiva e avirulenta. As duas espécies são morfologicamente semelhantes, sendo das duas comentadas a Entamoeba histolytica com tamanho menor. TRANSMISSÃO Ingestão de cistos maduros presentes em água e alimentos (sólidos ou Líquidos) CICLO DE VIDA Trofozoíto (forma vegetativa): forma amebóide (ativo). Pré-cisto: fase intermediária entre trofozoíto e o cisto (dormente). Apresenta ciclo monoxênico (parasita possui único hospedeiro). Após ingestão do cisto, este passa pelo estômago, sofre ação do suco gástrico e enzimas intestinais, chegando ao final do intestino delgado ou início do intestino grosso onda há desencistamento, eclodindo com a liberação do metacisto através de uma pequena fenda na parede do cisto, sofre sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas originando oito trofozóitos (trofozóitos metacístico), que migram para o intestino grosso onde formam uma colônia geralmente aderida à mucosa intestinal (principal mente o cólon). Essas colônias formam os pré-cistos que elaboram a membrana cística, formando o cisto. O cisto se transforma em cistos tetra- nucleados por divisão do núcleo e são eliminados pelas fezes. Em decorrência de fatores como reconhecimento e adesão da superfície do parasito mediada por lecitinas ao carboidrato da mucosa intestinal, as amebas liberam enzimas proteolíticas (proteinase, mucopolissacaridase) e amoebaporo que causam lesões na mucosa do hospedeiro. Os trofozoítos invadem a submucosa intestinal, onde se multiplicam, podendo cair na circulação e chegar a outros órgãos como o fígado, pulmão, rim, cérebro ou pele, causando a amebíase extraintestinal. SINTOMAS E QUADRO CLÍNICO A maioria das pessoas infectadas apresenta poucos ou nenhum sintoma. No entanto, elas excretam os cistos nas fezes e, dessa forma, podem disseminar a infecção. Os sintomas de amebíase normalmente se desenvolvem ao longo de uma a três semanas. Deve-se lembrar que mesmo pacientes assintomáticos podem apresentar lesões ulceradas. A colite amebiana, por sua vez se manifesta como uma doença subaguda, com evolução de 1 a 4 semanas, com perda de peso associada e diarréia sanguinolenta ou com sangue detectado por pesquisa de sangue oculto nas fezes. Os sintomas apresentam variação, desde diarréia leve a quadro disenteriforme grave, com presença de sangue e muco nas fezes, além de tenesmo, que na sua forma mais grave pode resultar na chamada “colite amebiana fulminante”, podendo evoluir com necrose intestinal, perfuração e peritonite e eventualmente megacólon tóxico. São descritos raramente quadros crônicos de diarreia, perda de peso e dores abdominais sem disenteria, com longa duração de anos, e simulando doença inflamatória intestinal. Em alguns casos, podem aparecer os chamados amebomas, que são massas de tecido granulomatoso, que podem simular neoplasia e cursarem com massa palpável e pseudo-oclusão, além de amebíase cutânea perianal e fístulas reto- vaginais. O abscesso hepático é a mais comum manifestação extraintestinal da amebíase, sendo dez vezes mais frequente em homens. Outros sintomas descritos incluem tosse, sudorese, mal-estar, perda de peso, anorexia e soluço . A diarréia está associada à amebíase hepática em menos de um terço dos casos e Icterícia aparece em menos de dez por cento dos pacientes. A presença de leucocitose é frequente em pacientes com abscesso hepático, podendo se desenvolver com ou sem eosinofilia. Outras manifestações extraintestinais da amebíase incluem comprometimento cardíaco ou pulmonar, abscesso cerebral, abscesso perirenal ou esplênico e pode ocorrer envolvimento vaginal ou uterino, fístulas reto-vaginal e fístulas cutâneas. A amebíase pulmonar é rara, o envolvimento pulmonar incluí principalmente a pleura, com aparecimento de efusão serosa. A ruptura de abscesso hepático no espaço pleural pode levar ao chamado “empiema amebiano”, já a ruptura para o pulmão pode levar à consolidação, formação de abscesso ou fístula brônquicas. Os pacientes usualmente apresentam dor torácica pleurítica, tosse, hemoptise e dispneia. O paciente com tosse usualmente apresenta expectoração de escarro purulento e ocasionalmente marrom avermelhado. Consolidação pulmonar é frequente à direita, principalmente em lobos inferior e médio, existe pelo menos uma descrição de síndrome de veia cava superior associada com amebíase pulmonar. As efusões pleurais se resolvem rapidamente com a drenagem e a terapia antimicrobiana. O envolvimento cardíaco na doença amebiana é mais raro do que o pulmonar e aparece principalmente de ruptura de um abscesso hepático no pericárdio, principalmente se os abscessos envolvem lobo esquerdo hepático. As manifestações incluem dor torácica, insuficiênciacardíaca e tamponamento cardíaco. O envolvimento cerebral ocorre por disseminação hematogênica da infecção. Os pacientes apresentam início abrupto dos sintomas e progressão rápida para a morte, se não tratada. 1. trofozoíto; 2. cisto; 3. Trofoíto com ingestão de hemácia no citoplasma – forma invasiva; 4. cisto com dois núcleos visíveis e corpo cromatoide DIAGNÓSTICO Infecção intestinal: exame microscópico e, quando disponível, imunoensaio enzimático de fezes, testes moleculares para DNA do parasita nas fezes e/ou sorologia. Infecção extraintestinal: exames de imagem e sorologia ou prova terapêutica com um amebicida. A amebíase não disentérica pode ser mal diagnosticada como síndrome do intestino irritável, enterite regional, ou diverticulite. Uma massa no cólon ascendente também pode ser confundida com câncer, tuberculose, actinomicose ou linfoma. A disenteria amebiana pode ser confundida com shigelose, salmonelose, esquistossomose, ou colite ulcerativa. Na disenteria amebiana, as fezes são normalmente menos frequentes e menos líquidas do que na disenteria bacilar. Caracteristicamente, contêm muco viscoso e estrias de sangue. Ao contrário das fezes na shigelose, na salmonelose e na colite ulcerativa, as fezes amebianas não contêm grandes quantidades de leucócitos porque estes são lisados pelos trofozoítos. O diagnóstico de amebíase é reforçado quando são encontrados trofozoítos amebianos e/ou cistos em fezes ou tecidos; contudo, E. histolytica patogênica é morfologicamente indiferenciável de E. dispar não patogênica e de E. moshkovskii. Imunoensaios que detectam antígenos de E. histolytica nas fezes são sensíveis e específicos e são feitos para confirmar o diagnóstico. Ensaios de detecção de DNA específicos de E. histolytica estão disponíveis em laboratórios diagnósticos de referência. Sorologias são positivas em: → Cerca de 95% de pacientes com abcesso hepático amebiano; → >70% naqueles com infecção intestinal ativa; → 10% dos portadores assintomáticos. Ensaios imunoenzimáticos (EIA) são os testes serológicos mais amplamente utilizados. Títulos de anticorpos podem confirmar infecção por E. histolytica, mas podem persistir por meses ou anos, tornando impossível identificar infecção aguda passada em pessoas residentes de áreas com alta prevalência de infecção. Assim, testes sorológicos são úteis quando a infecção anterior é considerada menos provável (p. ex., em viajantes para áreas endêmicas). Testes moleculares para DNA do parasita nas fezes usam PCR e têm sensibilidade e especificidade muito altas. GIARDIASE Giardíase é a doença provocada pela infecção do intestino delgado pelo protozoário Giardia lamblia. Caracterizada por possuir 2 flagelos, possuir em seu ciclo a forma de trofozoítos e, diferente da ameba, se reproduz assexuadamente. A giardíase é causada principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes contendo cistos de Giardia lamblia. A exposição deste protozoário ao ph alcalino do duodeno ocasiona a transformação dos cistos em trofozoítas, que aderem à parede do intestino delgado. Embora a giardíase esteja presente em todo o mundo, é mais comum nas áreas de clima temperado e tropical. Quanto ao grupo etário mais acometido, são as crianças menores de 10 anos TRANSMISSÃO Dá-se igualmente à amebíase: ciclo oral-fecal, com a ingestão de água e alimentos contaminados com cistos maduros do agente etiológico, assim como insetos contaminados CICLO DE VIDA A Giardia possui duas formas morfológicas: cistos e trofozoítas. Os cistos são as formas do parasita liberadas pelas fezes dos pacientes infectados, podendo sobreviver por muito tempo no ambiente se houver umidade. A transmissão da Giárdia é fecal-oral, ou seja, ocorre pela ingestão dos cistos de Giardia que saem nas fezes de humanos ou outros mamíferos. Quanto piores forem as condições de saneamento de um local, maior o risco de epidemias de giardíase. Após a ingestão do cisto, a Giardia, no intestino delgado, se transforma na forma trofozoíta, tornando- se organismos flagelados que medem apenas 15 micrômetros (0,015 milímetros). Para um melhor entendimento, podemos dizer que os cistos funcionam como ovos e os trofozoítas são os filhotes que saem do mesmo. Os trofozoítas são a forma capaz de se reproduzir, multiplicando-se dentro do intestino delgado do paciente contaminado, aderindo a sua parede e alimentando-se da comida que passa. Quando o parasita chega ao intestino grosso, ele volta à forma de cisto, pois este é o único meio de sobreviver no meio ambiente após a sua eliminação nas fezes. SINTOMAS E QUADRO PATOGÊNICO Algumas pessoas infectadas não apresentem nenhum sintoma; porém, essas pessoas podem liberar cistos de Giardia nas fezes e, dessa forma, infectar outras. Os sintomas, quando ocorrem, surgem em cerca de uma a duas semanas após a infecção. Os sintomas de giardíase geralmente incluem cólicas abdominais, gases (flatulência), eructação e diarréia aquosa de odor fétido. O enjôo pode surgir e desaparecer. As pessoas podem se sentir cansadas e vagamente desconfortáveis, e perder o apetite. Se não receber tratamento, a diarréia pode persistir durante semanas. As pessoas com giardíase frequentemente desenvolvem intolerância à lactose (incapacidade de digerir lactose, o açúcar do leite), o que pode resultar em diarréia, gases e distensão abdominal. Algumas pessoas com giardíase desenvolvem diarréia que persiste por mais tempo. Essas pessoas podem não absorver uma quantidade suficiente de nutrientes dos alimentos (chamado má absorção), resultando em perda de peso significativa. Às vezes, a giardíase crônica impede que crianças cresçam conforme se espera (um quadro clínico chamada deficiência do desenvolvimento). 1. Cisto ; 2. Trofozoíto. DIAGNÓSTICO Exames de fezes. A maneira mais fácil de fazer o diagnóstico de giardíase é examinar as fezes para detectar proteínas (antígenos) liberadas pela Giardia lamblia ou seu DNA. O exame das amostras das fezes ao microscópio também pode detectar o parasita. Porém, como as pessoas que estiveram infectadas durante muito tempo tendem a expelir os parasitas em intervalos imprevisíveis, pode ser necessário repetir os exames das fezes. Se esses testes não identificarem o que está causando os sintomas intestinais, os médicos podem utilizar um tubo de visualização flexível (endoscópio) para examinar a parte superior do trato digestivo, incluindo a primeira porção do intestino delgado (duodeno). Os médicos podem usar este procedimento para obter uma amostra do conteúdo do intestino delgado para exame. NEMATELMINTOS Filo: Nematoda são vermes cilíndricos, não segmentados, que incluem várias formas de parasitas, como as lombrigas ou Ascaris e os vermes ancilóstomos, causadores do amarelão e da elefantíase. Muitos dos nematelmintos se desenvolvem na água e no solo úmido. Além dos nematelmintos, estes tipos de vermes estão distribuídos ainda entre os anelídeos e os platelmintos. Os nematelmintos possuem uma ampla cavidade cheia de líquido entre o tubo digestivo e a parede corporal. Serve como “esqueleto hidrostático”, que mantém a forma do animal e proporciona alguma sustentação. O líquido que ocupa a cavidade corporal permite a distribuição de várias substâncias, como nutrientes, resíduos e gases. ASCARIDIASE O parasita é o Ascaris lumbricoides, que mede, 15 cm a 30 cm. Habita no intestino delgado, onde vive dos alimentos ingeridos pela pessoa parasitada. Conhecida popularmente como lombriga. O ser humano infectado elimina ovos para o meio ambiente. A infecção ocorre pela ingestão de água e de alimentos, principalmenteverduras contendo ovos embrionários. TRANSMISSÃO Ingestão de ovos contendo a larva infectante L3 por meio de alimentos contaminados, poeira e insetos CICLO DE VIDA Considerando um geohelminto. Ciclo monoxênico. Os ovos são eliminados pelo hospedeiro por meio das fezes, no ambiente em condições ideais (25 °C a 30 °C, umidade mínima de 70%, presença de O2) forma os embriões que originam a primeira larva (L1) após 15 dias. Após uma semana a larva L1 do tipo rabditoide sofre muda e transforma-se em L2 e posteriormente em L3 (larva infectante do tipo filarioide) dentro do ovo. O hospedeiro ingere o ovo infectante contendo a larva L3 encontrada no solo, atravessa o trato digestório e eclode no intestino delgado. A eclosão ocorre devido a vários fatores do hospedeiro: agente redutores, pH, temperatura, sais e CO2 Na altura do ceco atravessa a parede do intestino, cai nos vasos linfáticos e veias, encaminha-se para o fígado (18 a 24 horas). Por meio da veia cava inferior ou superior atingem o coração direito (3 dias). Migram para os pulmões em 4 a 5 dias, onde realiza muda transformados e em L4 (8 a 9 dias). Esta penetra nos capilares rompendo-os, caem nos alvéolos onde realiza outra muda, formando a L5 que sobe a arvore brônquica, passa pela traqueia, faringe e poderá ser expelida ou deglutida. As larvas deglutidas passarão pelo trato digestório até o intestino delgado, fixam-se na mucosa e formam os adultos jovens (20 a 30 dias após infecção). Cerca de 60 dias após a infecção tornam-se sexualmente maduros e as fêmeas iniciam a oviposição. O ciclo pulmonar é denominado ‘’ciclo de Loss’’ SINTOMAS E QUADRO PATOGÊNICO Os indivíduos parasitados com baixa intensidade são assintomáticos. Em infecções maciças, na fase de desenvolvimento da larva, podem ser encontradas lesões hepáticas e pulmonares, com formação de focos hemorrágicos e necrose pela passagem dessas larvas. Na fase pulmonar são encontrados edemas nos alvéolos, alergia, febre, bronquite e pneumonia (síndrome de Loeffler). Pode apresentar tosse com catarro sanguinolento contendo larvas (geralmente em crianças associadas ao estado nutricional e imunitária). Pode acontecer crise de asma também. Na presença dos vermes adultos em grande quantidade (cerca de 30 a 100 vermes) podem ocorrer as seguintes alterações: 1. Ação tóxica – relação do hospedeiro pela presença do antígeno do parasito causando edema, urticária, convulsões do tipo epiléptico etc. 2. Ação espoliativa – consumo de grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas A e C que tem como consequência à desnutrição, depauperamento físico e mental, especialmente em crianças; 3. Ação mecânica – irritação na parede do intestino, obstrução; 4. Localização ectópica – vermes encontrados em locais fora do seu habitat normal (em casos graves pode causar apendicite aguda cecal, obstrução do colédoco, pancreatite aguda, eliminação de verme pela boca e narina). Ovo fértil (fecondado) Ovo infértil (não fecundado) DIAGNÓSTICO O diagnóstico da ascaridíase é habitualmente feito através da identificação de ovos de Ascaris lumbricoides nas fezes. O problema do exame parasitológico de fezes é que os primeiros ovos só aparecem nas fezes cerca de 40 dias depois do paciente ter se contaminado. Portanto, em fases precoces, como durante a infecção pulmonar, o exame de fezes costuma ser negativo. Em casos de eliminação do verme pela boca ou fezes, o mesmo deve ser recolhido e levado para reconhecimento do médico. ANCILOSTOMIASE Os parasitas são o Ancylostoma duodenale e Necator americanus, que medem cerca de 10 mm. Vivem aderidos à mucosa do intestino delgado da pessoa parasitada, onde se alimentam do sangue. Ancilostomíase ou ancilostomose, popularmente conhecida no Brasil como amarelão ou opilação. As pessoas podem se infectar ao andar descalças, pois a larva da ancilostomíase vive no solo e pode penetrar na pele. Mundialmente, entre 576 e 740 milhões de pessoas estão infectadas por ancilóstomos, que são vermes nematódeos intestinais. A infecção é mais comum nas áreas tropicais com condições sanitárias deficientes. Os ancilóstomos se desenvolvem em locais quentes e úmidos TRANSMISSÃO O modo mais comum de transmissão é pela penetração ativa da larva filarióide pela pele, mas a penetração pode ocorrer também por mucosas (boca). CICLO DE VIDA Os ancilostomídeos são considerados geohelmintos. Apresentam um ciclo direto e possuem duas fases de desenvolvimento: uma no meio exterior (vida livre) e outra no hospedeiro definitivo, obrigatoriamente de vida parasitária. Os ovos depositados pelas fêmeas, após a cópula, no intestino delgado do hospedeiro, são eliminados para o meio exterior com as fezes. Para o seu desenvolvimento, necessitam de condições propícias como oxigenação, umidade acima de 90% e temperatura entre 21 °C a 32°C para Ancylostoma duodenale e 27°C a 32°C para Necator americanus. Nessas condições ocorre o embrionamento e formação da larva L1 do tipo rabditoide que eclode do ovo em 24 horas e permanece no solo ativa e ingerindo alimento. Em seguida, após formar uma nova cutícula e perder a cutícula externa, transforma- se na larva rabditoide L2 em cerca de 3 a 4 dias após cinco dias transforma-se na larva tipo filarióide L3, infectante para o hospedeiro. A infecção no ser humano ocorre pela penetração ativa da larva L3 estimulada por temperatura e quimiotaxia, em cerca de 30 minutos, atravessa a pele, mucosa ou conjuntiva e cai na corrente sanguínea ou linfática, chega ao coração e pelas artérias pulmonares atinge os pulmões onde se transforma em larva L4 (2 a 7 dias). Nos alvéolos, as larvas migram para os brônquios, traqueia, faringe e chega à laringe onde podem ser expelidos ou ingeridos. Estes últimos atravessam o tubo digestório e atingem o intestino delgado e dentro de 8 dias começa a exercer hematofagismo, fixando-se à mucosa, transformando-se na larva L5 (após 15 de infecção), seu habitat final. Após 30 dias da infecção tornam-se adultos, exercem hematofagismo, iniciam a cópula e em seguida a oviposição (35 a 60 dias). Pode ocorre infecção via oral, que encurta o período de maturação do parasito. SINTOMAS E QUADRO PATOGÊNICO Palidez; olhos e mucosas descoradas; fadiga; vertingens, tonturas; desanimo e fraqueza; dores de cabeça; dores epigástricas; falta de apetite; cólicas; vômitos; flatulências; diarréias sanguinolentas ou não. O intestino é acometido pela destruição dos tecidos e ingestão de hemácias pelos parasitos, podendo gerar úlceras intestinais além de anemia e hipoproteinemia enquanto a penetração das larvas causa dermatites de intensidades variáveis de acordo com o número de larvas e o sistema imunológico do hospedeiro. No pulmão, a larva pode causar a síndrome de Löffler por danificar os tecidos dos pulmões por excesso de células do sistema imunológico, os eosinófilos especificamente. Isso pode causar tosse com sangue, além dos barulhos ao respirar (sibilos), febre e falta de ar. As crianças apresentam clínica mais grave, e pode cursar com geofagia (por falta de nutrientes). Fomas evolutivas de Ancilostomatídeos. 1. Ovo imaturo; 2. Cápsula bucal (necator americanus); 3. Ovo maduro com larva rabditoide; 4. Larva rabditóide ❖ Ancylostoma duodenale DIAGNÓSTICO O diagnóstico da ancilostomose é feito através da detecção de ovos do parasita nas fezes. Após a invasão da pele pelo parasito, os primeiros ovos podem só aparecer 2 meses depois. Quando a infecção é provocada pelo A. duodenale, o primeiros ovos podem demorar até 1 ano para surgirem nas fezes. Portanto, quando há suspeita clínica de ancilostomose, vários exames de fezes podemser necessários até que um ovo possa ser identificado. No hemograma, a presença de anemia e eosinofilia (aumento do número de eosinófilos), associado a um quadro gastrointestinal suspeito, é uma dica importante para o diagnóstico. Popurlamente conhecida como “doença do Jeca- tatu” ou “amarelão”. OXIURIASE O oxiúro (alguns chamam de oxiúrus), conhecido cientificamente como Enterobius vermicularis ou Oxiurus vermicularis, é um helminto nematódeo (verme) de forma cilíndrica e cor branca, que mede cerca de 1 cm e provoca uma verminose intestinal denominada enterobíase, oxiuríase ou oxiurose. Na linguagem popular, o oxiúrus é conhecido como tuxina. O oxiúro fica na parte final do intestino, e é conhecido por causar coceira na região do ânus, principalmente à noite. Nas meninas também pode causar corrimento vaginal. É a infecção helmíntica mais comum nos Estados Unidos. A maioria dos casos ocorre em crianças em idade escolar, adultos que cuidam de crianças ou membros da família de uma criança infectada TRASMISSÃO A transmissão pode ocorrer de várias maneiras: 1. Heteroinfecção – ovos encontrados na poeira ou em alimentos atingem novo hospedeiro; 2. Indireta – ovos encontrados em poeira ou alimentos infectam o mesmo hospedeiro; 3. Autoinfecção externa ou direta – crianças (mais frequente) ou adultos (raramente) levam os ovos da região anal à boca (principal mecanismo responsável pela cronicidade da parasitose); 4. Autoinfecção interna – a larva eclode ainda dentro do reto e migra para o ceco, tornando- se verme adulto (mecanismo raro). 5. Retroinfecção – larvas eclodem na região perianal (externamente), penetram pelo ânus, migram pelo intestino grosso, chegando ao ceco onde se transforma em verme adulto. A transmissão é eminentemente doméstica ou em ambientes coletivos fechados (creches, asilos, enfermarias infantis etc). CICLO DE VIDA Ciclo do tipo monoxênico. Após a cópula os machos são eliminados com as fezes e morrem. As fêmeas fecundadas produzem milhares de ovos (5 a 16 mil) armazenados no útero. Estas migram do ceco para a região perianal (principalmente à noite) onde realizam a oviposição (teoria não muito aceita) ou seriam eliminados por rompimento ou dessecamento das fêmeas. Os ovos embrionados são eliminados para o meio exterior e se tornam infectantes em poucas horas. Após a ingestão desses ovos pelo hospedeiro, as larvas rabditoides eclodem do ovo no intestino delgado, sofrem duas mudas até chegar ao ceco, onde se transformam em adultos. Após um a dois meses, as fêmeas são encontradas na região perianal. SINTOMAS E QUADRO PATOGÊNICO Na maioria dos casos não apresenta sintomas. Em indivíduos com sintomas, pode haver laceração da pele, hemorragias, dermatites e infecções secundárias na região perianal e perineu, ocorrendo ainda uretrite e vaginite, sendo essas ultimas mais comuns nas meninas, com infecções intensas. Os sintomas mais comuns são: prurido anal intenso, principalmente à noite, náuseas, vômitos, dores abdominais, emagrecimento e diarréia, podendo ocorrer ainda convulsões e vertigens, principalmente em crianças. 1. Ovo; 2. Extremidade anterior do adulto; 3. Ovo de enterobius vermicularis DIAGNÓSTICO O diagnóstico laboratorial da enterobíase baseia-se no encontro do parasito e de seus ovos. O método empregado é o do swab anal que emprega fita adesiva transparente aplicada sobre a pele da região, fazendo com que os ovos e fêmeas quando presentes fiquem aderidos à superfície gomada da fita. Essa fita será colocada sobre uma lâmina de microscopia e observada ao microscópio. O exame parasitológico de fezes, mesmo com técnicas de enriquecimento, só revela cerca de 5 a 10% dos casos de parasitismo. ESTRONGILOIDIASE A estrongiloidíase é uma verminose causada pelo nematoide (helminto) Strongyloides stercoralis, muito comum nas regiões tropicais e subtropicais, incluindo o Brasil. O Strongyloides stercoralis costuma habitar o intestino delgado dos indivíduos infectados e, na maioria dos pacientes com sistema imunológico sadio, não provoca sintomas relevantes. TRANSMISSÃO Penetração ativa das larvas filarioides infectantes presentes no solo através da pele e mucosas, principalmente da boca e esôfago; auto – infecção externa ou exógena – larva rabditoide na região perianal de um indivíduo infectado transforma-se em larva filarioide, infectando esse indivíduo completando o ciclo direto (em criança, idosos, pacientes que usam fraudas, indivíduos com deficiência higiênica); autoinfecção interna – larvas rabditoides na luz do intestino se transformam nas larvas filarioides, penetram na mucosa intestinal (íleo ou cólon), apresentando infecção crônica; ocorre em indivíduos infectados com constipação intestinal, deficiência imunológica (imunossupressão, radioterapia, HIV positivo etc). CICLO DE VIDA As fêmeas partenogenéticas triplóides (3n) podem eliminar três tipos de ovos que eclodem ainda na luz do intestino, liberando as larvas rabditoides de três tipos: triplóides (3n) que se transformam em larvas filarioides infectantes, diplóides (2n) que originam as fêmeas de vida livre e haplóides (1n) que evoluem para machos de vida livre. Ciclo direto: os ovos triplóides contendo a larva rabditoide são eliminados com as fezes e, quando no solo, transformam-se em larvas filarioides infectantes L3 (geohelminto). Ciclo indireto: as larvas, respectivamente. Após um número indefinido de ciclos de cópula, postura e eclosões, uma larva rabditoide triplóide pode evoluir para larva filarioide infectante. Seja pelo ciclo direto ou indireto, as larvas filarioides infectantes penetram ativamente pela pele ou mucosa oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro e as larvas que sobrevivem continuam o ciclo passando pela circulação venosa, linfática, coração e pulmão onde realizam o ciclo pulmonar, transformando-se na larva L4. SINTOMAS E QUADRO PATOGÊNICO A estrongiloidíase aguda e crônica pode ser assintomática. Na estrongiloidíase aguda, a manifestação inicial pode ser um exantema pruriginoso e eritematosa no local em que as larvas entraram na pele. Pode-se desenvolver tosse à medida que as larvas migram pelos pulmões e pela traqueia. Larvas e vermes adultos no trato gastrointestinal podem causar dor abdominal, diarréia e anorexia. A estrongiloidíase crônica pode persistir por anos em razão da autoinfecção. Pode ser assintomática ou caracterizada por sintomas gastrointestinais, pulmonares e/ou cutâneos. As queixas gastrointestinais são dor abdominal, diarréia e constipação intermitentes. Testes de sangue oculto nas fezes podem ser positivos e, em raras ocasiões, pode ocorrer hemorragia gastrointestinal franca. Os sintomas podem mimetizar os sintomas da colite ulcerativa, aqueles de outras causas de má absorção crônica ou obstrução duodenal. Larva currens (infecção rastejante) é uma forma de larva migrans cutânea específica da infecção por Strongyloides; resulta da autoinfecção. A erupção geralmente começa na região perianal e é acompanhada por prurido intenso. Tipicamente, larva currens é uma lesão cutânea eritematosa, urticariforme, linear ou serpiginosa, de migração rápida (até 10 cm/hora). Erupções maculopapulares ou urticariformes inespecíficas também podem ocorrer. Sintomas pulmonares são incomuns, embora infecções intensas possam causar a síndrome de Löffler, com tosse, sibilos e eosinofilia à medida que as larvas autoinfectantes atravessam os pulmões. Os sintomas podem sugerir asma alérgica ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Síndrome de hiperinfecção, sintomas gastrointestinais e pulmonares são frequentemente proeminentes. A bacteremia pode se desenvolver quando as larvas invadem o intestinoou os pulmões. Íleo, obstrução, sangramento gastrointestinal volumoso, má absorção intensa e peritonite podem ocorrer. Sintomas pulmonares incluem dispneia, hemoptise e insuficiência respiratória. Infiltrados podem ser vistos em radiografia de tórax. Outros sintomas dependem dos órgãos envolvidos. O comprometimento do sistema nervoso central pode ser por meningites parasitárias, abscesso cerebral e invasão difusa do cérebro. Meningite secundária por Gram-negativo e bacteremia, que ocorrem com alta frequência, provavelmente refletem o rompimento da mucosa do intestino e/ou o transporte de bactérias na migração das larvas. A infecção do fígado pode resultar em hepatite colestática e granulomatosa. A infecção pode ser fatal em pacientes imunocomprometidos, até mesmo com tratamento. DIAGNÓSTICO Identificação das larvas por exame microscópico das amostras, como fezes ou aspirado duodenal e, em indivíduos com a síndrome de hiperinfecção, lavagens brônquicas, escarro ou outros líquidos fisiológicos. Imunoensaio enzimático para anticorpos. Exame microscópico de uma única amostra de fezes detecta larvas em cerca de 25% das infecções por Strongyloides não complicadas. Exame repetido das amostras de fezes concentradas aumenta a sensibilidade; recomendam-se no mínimo 3 até 7 amostras de fezes. Métodos especializados de exame de fezes aumentam a sensibilidade. Incluem cultura em placa de ágar, a técnica de funil de Baermann e a técnica em papel filtro de Harada- Mori. Aspiração endoscópica do intestino delgado ou biópsia das lesões duodenais ou jejunais suspeitas pode ser positiva em infecções de baixo nível. Na síndrome de hiperinfecção, podem ser detectadas larvas filariformes nas fezes, no conteúdo duodenal, no escarro e no lavado brônquico e, com menos frequência, no líquor, na urina ou nos líquidos pleural e ascítico. Também podem ser vistos nas biópsias do tecido pulmonar ou tecido de outros órgãos. Radiografias de tórax podem mostrar infiltrados intersticiais difusos, consolidação, ou abscesso. Diversos testes imunodiagnósticos estão disponíveis para identificar anticorpos antiestrongiloidíase no soro. O imunoensaio enzimático (EIA, enzyme immunoassay) é recomendado por causa de sua maior sensibilidade (> 90%). Anticorpos IgG normalmente podem ser detectados mesmo em pacientes imunocomprometidos com estrongiloidíase disseminada, mas a ausência de anticorpos detectáveis não exclui infecção. As reações cruzadas nos pacientes infectados com filariose ou outros nematódeos podem resultar em testes falso-positivos. Os resultados de testes com anticorpos não podem ser utilizados para diferenciar a infecção atual da passada. Um teste positivo garante esforços contínuos para estabelecer um diagnóstico parasitológico. Monitoramento sorológico pode ser útil no acompanhamento porque os níveis de anticorpos diminuem com 6 meses de quimioterapia bem- sucedida. Métodos com PCR para o diagnóstico de S. stercoralis estão sendo desenvolvidos. A eosinofilia está frequentemente presente, mas pode ser suprimida por fármacos como corticóides ou agentes quimioterápicos citotóxicos. TRICURIASE Tricuríase é uma infecção causada por Trichuris trichiura. Os sintomas podem incluir dor abdominal, diarréia e, em infecções intensas, anemia e desnutrição. A tricuríase é a 3ª infecção parasitária mais comum. Estima-se que 604 a 795 milhões de pessoas estejam infectadas em todo o mundo TRANSMISSÃO Ingestão de alimentos líquidos ou sólidos contaminados, ingestão dos ovos contendo a larva infectante ou por falta de higiene das mãos. CICLO DE VIDA Considerado um geohelminto, apresenta um ciclo do tipo monoxênico. A fêmea, após reprodução sexuada com o macho, produz ovos que são eliminados com as fezes para o meio exterior (3.000 a 5.000 ovos por dia); 13 a 21 dias após a eliminação (temperatura de 20°C a 30°C e umidade alta) o embrião contido no ovo recém – eliminado se desenvolve e origina a larva infectante. Após ingestão dos ovos pelos hospedeiros, as larvas são liberadas no intestino delgado, migram para o ceco e penetram nas criptas e na mucosa intestinal, habitando as células da camada epitelial; sofrem quatro mudas, quando ocorre a formação dos esticócitos e dos órgãos genitais. Os adultos rompem as células epiteliais expondo a porção posterior do corpo à luz intestinal do hospedeiro. As oviposições são realizadas 60 a 90 dias após a infecção SINTOMAS E QUADRO PATOGÊNICO A imensa maioria dos pacientes contaminados com o Trichuris trichiura não apresenta sintomas. Em geral, somente os indivíduos com os intestinos infestados com centenas de parasitos é que desenvolvem sintomas de tricuríase. Nestes casos, o quadro clínico mais comum é de diarréia crônica, que pode ou não vir acompanhada de muco ou sangue misturado às fezes. Distensão abdominal, enjôos, perda de peso, flatulência e anemia são outros sinais e sintomas possíveis. Um sinal físico comum é o baqueteamento digital, que é um alargamento da ponta dos dedos e da unha. Outro sinal típico, geralmente presente em crianças com contaminação maciça, é o prolapso retal, uma protusão de parte do reto através do ânus. Nestes casos, é comum conseguirmos ver vermes aderidos à mucosa do reto que está exteriorizada. DIAGNÓSTICO É indicada o exame parasitológico de fezes (pelo método de concentração ou pelo método de quantificação). Em casos de trichiuríase maciça, o exame da mucosa retal por proctoscopia ou colonoscopia podem revelar os vermes adultos. PLATELMINTOS Platelmintos (filo Platyhelminthes) são vermes de corpo achatado e de pouca espessura. Há diversas espécies de vida livre, que se desenvolvem na água, com poucos centímetros de comprimento, e outras maiores, de meio terrestre úmido. Muitos deles são parasitas. TAENIA SOLIUM Teníase, provocada pelo verme adulto. O parasito é conhecido popularmente como “Solitária”. Cisticercose, provocada pela larva cisticerco do verme, popularmente conhecida como “canjiquinha”. O adulto de Taenia solium vive no intestino delgado do ser humano (hospedeiro definitivo), enquanto os cisticercos são encontrados principalmente no cérebro, olhos, músculos tecido subcutâneo e fígado do ser humano e de suínos (hospedeiro intermediário) e acidentalmente em humanos e cães. TRANSMISSÃO Ingestão de carne suína crua ou mal cozida contendo cisticercos para a teníase; ingestão de ovos por meio de alimentos, contato de mãos contaminadas com as vias orais ou refluxos gástricos para a cisticercose. Mecanismos de infecção em humanos: Autoinfecção externa - em portadores eliminando proglotes e ovos quando levar mãos contaminadas à boca ou coprofagia. Autoinfecção interna - o indivíduo infectado com vômito ou retroperistaltismo do intestino, com possível presença de proglotes grávidos ou ovos no estômago, ação do suco gástrico e ativação das oncosferas se instalando no intestino delgado e desenvolvimento do ciclo. Heteroinfecção - ingestão de alimentos ou água contaminados com ovos eliminados por outro indivíduo contaminado CICLO DE VIDA Pode haver eliminação de proglotes ou ovos nas fezes das pessoas (hospedeiro definitivo) infectadas. O hospedeiro intermediário (suíno ou ser humano) ingere os ovos. No estômago os embrióforos (cascas dos ovos) sofrem a ação da pepsina que atua sobre a quitina dos ovos e no intestino, a ação dos sais biliares atuam na ativação e liberação das larvas (oncosferas). Essas larvas se movimentam no sentido da vilosidade e penetram com o auxílio dos acúleos. Após cerca de 4 dias nesse local para adaptação fisiológica, penetram nas vênulas e atingem as veias e linfáticos mesentéricos, sendo transportadasa todos os órgãos e tecidos do organismo. As oncosferas desenvolvem-se e formam as larvas do tipo cisticercos em qualquer tecido mole como pele, músculos esqueléticos e cardíacos, olhos, cérebros, entre outros, entretanto, preferem músculos de maior movimentação e maior oxigenação como língua, coração e cérebro. Permanecem viáveis nos músculos por alguns meses. A infecção do ser humano pelos cisticercos ocorre pela ingestão de carne crua ou mal cozida de suíno infectado. Sofre a ação do suco gástrico, evagina e fixa-se à mucosa do intestino delgado onde se transforma em verme adulto que podem atingir vários metros em alguns meses. Os proglotes amadurecem após três meses e podem ser eliminados com as fezes. SINTOMAS E QUADRO PATOGÊNICO Teníase: aumento da motilidade intestinal, inflamações crônicas e eosinofilia, hemorragias com hipo ou hipersecreção de muco, além de fenômenos tóxicos alérgicos. Podem apresentar sintomas como dores e alongamentos abdominais, sensação de fome, tonturas, fraqueza, náuseas, perda de peso, mesmo havendo uma boa alimentação. Cisticercose: Dores de cabeça, perda parcial da visão, vômitos, arritmias cardíacas e respiratórias, psicose, fadigas, cãibras e dores musculares. DIAGNÓSTICO Exame microscópico de fezes para presença de ovos e proglotes. CT e/ou MR e teste sorológico em pacientes com sintomas no sistema nervoso central. O diagnóstico da cisticercose é normalmente feito quando TC ou RM é realizada para avaliar sintomas neurológicos. Exames cuidadosos podem mostrar nódulos sólidos, cisticercos, cistos, cistos calcificados, lesões com reforço em anel ou hidrocefalia. Os ensaios imunoenzimáticos (utilizando uma amostra de soro) dos CDC são muito específicos e mais sensíveis do que outros imunoensaios enzimáticos (particularmente quando houver > 2 lesões no sistema nervoso central; a sensibilidade é mais baixa quando houver apenas um único cisto). 1. ovo; 2. escólex com ventosas e acúleos; 3. proglote grávido; 4. proglote maduro com ovário acessório TAENIA SAGINATA A Taenia saginata é um verme platelminto da classe Cestoda. Em humanos (hospedeiro definitivo do verme) este parasita causa teníase ao se alojar no intestino. No gado, o hospedeiro intermediaria da T. saginata, este parasita causa a cisticercose. O consumo de carne bovina malcozida ou crua contendo larvas chamadas cisticercos causa a infecção, que ocorre com mais prevalência na África, leste europeu, sudeste asiático e América Latina. Transmissão Ingestão de carne bovina crua ou mal cozida infectada com cisticercos CICLO DE VIDA Pode haver eliminação de proglotes entre as defecações ou ovos nas fezes das pessoas (hospedeiro definitivo) contaminadas. O hospedeiro intermediário (bovino) ingere os ovos e desenvolve as larvas do tipo cisticercos, da mesma maneira que ocorre com a Taenia solium em suínos. Após a ingestão de carne crua ou mal cozida contaminada pelo ser humano, ocorre o desenvolvimento do verme adulto no intestino delgado, da mesma forma que ocorre com T. solium. Os seguimentos de proglotes são eliminados entre as evacuações. A larva cisticerco ocorre apenas no hospedeiro intermediário bovino. O ser humano funciona apenas como hospedeiro definitivo. SINTOMAS E QUADROS PATOGÊNICOS Teníase: aumento da motilidade intestinal, inflamações crônicas e eosinofilia, hemorragias com hipo ou hipersecreção de muco, além de outros fenômenos tóxicos alérgicos. Podem apresentar sintomas como dores e alongamentos abdominais, sensação de fome, tonturas, fraqueza, náuseas, perda de peso, mesmo com uma boa alimentação. DIAGNÓSTICO O diagnóstico laboratorial da teníase baseia-se no encontro de proglotes nas fezes. Os anéis de T. solium são expulsos de forma passiva, em grupos de 3 a 6 proglotes, enquanto que os da T. saginata são eliminados de forma ativa, forçando a passagem pelo orifício anal, em qualquer momento do dia ou da noite. A clarificação das proglotes com ácido acético permite o diagnóstico diferencial entre as duas espécies de Taenia, com base no aspecto e número de ramificações uterinas das proglotes. Os ovos podem ser encontrados no exame parasitológico de fezes e pelo método da fita adesiva transparente. As técnicas imunológicas com soro e líquido cefalorraquidiano são utilizadas no diagnóstico da neurocisticercose. ESQUISTOSSOMOSE É uma doença causada pelo helminto trematódeo do gênero Schistosoma mansoni. A infecção humana pelo S. mansoni é também denominada de esquistossomíase mansônica ou intestinal e, no Brasil a doença é popularmente conhecida como xistose, barriga d’água ou mal do caramujo. Os vermes adultos (macho e fêmea) de S. mansoni se localizam na luz dos vasos sanguíneos do sistema porta, realizando a ovoposição nos ramos terminais da veia mesentérica inferior e nas vênulas da parede do intestino, no plexo hemorroidário. O S. intercalatum, agente da esquistossomíase intestinal, é encontrado na África. Os vermes adultos localizam-se no sistema porta. O S. haematobium localiza-se de preferência no plexo vesical e produz sintomas urinários, e sua distribuição é predominantemente africana. TRASNMISSÃO Por meio da penetração ativa das larvas cercárias pela pele e mucosa do hospedeiro definitivo. As cercarias podem ser encontradas na água doce e atingem a densidade máxima por volta das 11 horas CICLO DE VIDA O ciclo é do tipo heteroxênico (necessidade de mais de um hospedeiro para completar o seu ciclo). As fêmeas eliminam ovos contendo a larva ciliada miracídio na luz do intestino atravessando a mucosa intestinal e estes são liberados para o meio exterior, alcançam água lacustre e eclodem liberando os miracídios, que penetram no hospedeiro intermediário, um molusco do gênero Biomphalaria. Nos caramujos, os miracídios, após intensa modificação, combinada com ação enzimática penetram nos tecidos subcutâneos do molusco. Os locais de penetração preferencial são a base das antenas e o pé (duração de 10 a 15 minutos). Nesse local se transformam em esporocistos primários contendo células germinativas ou reprodutivas, após intensa multiplicação e dobrar de tamanho. No seu interior procede-se nova multiplicação e em condições ideais de temperatura (25 a 28 °C) ocorre a formação dos esporocistos secundários. Em seguida, ocorre a migração por meio da musculatura do molusco, especialmente para as glândulas digestivas ou hepatócitos. As formas embrionárias originam novos esporocistos chamados esporocisto III. As cercárias são formadas pela transformação das células germinativas em mórula e com o seu desenvolvimento atinge a formação completa da larva, que são liberadas na água. Quando encontram o ser humano ou outro animal suscetível, penetram ativamente pela pele ou mucosa e se transformam em esquistossômulos. Estes, ganham a circulação sanguínea geral passando pelo coração, pulmões e fígado. No sistema porta - hepático os esquistossômulos tornam-se adultos e se acasalam. Migram para as veias mesentéricas, principalmente a inferior e as vênulas do complexo hemorroidário, depositando seus ovos nesse local. Após atravessar a mucosa intestinal os ovos maduros contendo a larva miracídio são eliminados com as fezes para o meio exterior. SINTOMAS E QUADRO PATOGÊNICO Na fase aguda ou toxêmica da doença, ocorre dermatite cercariana, mal-estar, febre, diarréia, emagrecimento e hepatoesplenomegalia. Na fase crônica, pode ocorrer embolia pulmonar e presença de granulomas pulmonares, hepatite granulomatosa provocada pela presença de ovos; fibrose no Sistema Porta com consequente ascite e hepatoesplenomegalia. Um grande número de ovos pode provocar hemorragias, edemas na submucosa e degeneração do tecido.Ocorrem dores abdominais, diarréias muco sanguinolentas, tenesmo, complicações digestivas e circulatórias DIAGNÓSTICO Exame microscópico das fezes ou urina (S. haematobium) para ovos. Testes sorológicos. Fezes ou urina (S. haematobium e, ocasionalmente, S. japonicum) são examinados para ovos. Exames repetidos que utilizam técnicas de concentração podem ser necessários. A geografia é o determinante principal das espécies, de modo que história de exposição deve ser comunicada para o laboratório. Se o quadro clínico sugerir esquistossomose, mas nenhum ovo for encontrado em exame repetido de urina ou fezes, pode-se realizar biopsia de mucosa intestinal ou bexiga à procura de ovos. Dependendo dos antígenos utilizados, testes sorológicos podem ser sensíveis e específicos para infecção, mas não fornecem informação sobre cargas parasitárias, estado clínico, ou prognóstico. Se os pacientes não residirem em áreas endêmicas, deve-se fazer as sorologias em ≥ 6 a 8 semanas após a última exposição à água doce para que os esquistossomos tenham tempo para se transformarem em adultos e para que os anticorpos sejam produzidos. 1. Ovo (espículo lateral); 2. Miracídio; 3. Cercária; 4. Ventosa oral e ventral no macho; 5. Fêmea; 6. Macho; 7. Casal; 8. Reação granulomatosa em torno do ovo. HIMENOLEPIASE A himenolepíase é uma doença causada pelo parasita Hymenolepis nana, que pode infectar crianças e adultos e causar diarréia, perda de peso e desconforto abdominal. A infecção por esse parasita é feito por meio do consumo de alimentos e água contaminada, sendo assim importante adotar algumas medidas preventivas, como lavar as mãos e os alimentos antes de prepará-los TRASMISSÃO Ingestão de ovos por meio de alimentos e mãos contaminados, não higienizados ou higienizados incorretamente; ingestão de insetos contaminados com larvas cisticercoides. Ocorre mais frequentemente em crianças, pois o verme confere imunidade em indivíduo parasitado, o que ainda não ocorreu em crianças com primoinfecção. CICLO DE VIDA No ciclo monoxênico, os ovos são eliminados pelas fezes contaminando o ambiente, como o chão, objetos e alimentos, sendo estes ingeridos pelo ser humano. Os ovos contendo os embrióforos, ao passar pelo estômago são digeridos parcialmente pelo suco gástrico, chegam ao intestino onde ocorre a eclosão da oncosfera. Estas penetram nas vilosidades do jejuno e íleo, originando as larvas cisticercoides. Quando maduras (após 10 dias), saem da vilosidade, desenvaginam e fixam-se à mucosa intestinal pelo escólex e transformam-se em vermes adultos (cerca de 20 dias). Estes vermes passam a eliminar proglotes ou morrem e são eliminados, pois possuem vida curta de cerca de 14 dias. No ciclo heteroxênico, larvas de pulgas ou carunchos de cereais ingerem os ovos e ao chegar no intestino delgado liberam a oncosfera e transformam-se na larva cisticercoide. Esse inseto com a larva, ingerido acidental pelo ser humano, sofre desenvaginação, fixa-se à mucosa do intestino delgado e torna-se adulto (cerca de 20 dias). SINTOMAS E QUADRO PATÔGENICO Os sintomas de infecção por H. nana são raros, porém quando o sistema imunológico da pessoa encontra-se debilitado ou quando há grande quantidade de parasitas no intestino podem ser percebidos alguns sintomas, como por exemplo: → Diarréia; → Dor abdominal; → Desnutrição; → Perda de peso; → Falta de apetite; → Irritabilidade. Além disso, a presença do parasita na mucosa intestinal pode levar à formação de úlceras, que podem ser bastante dolorosas. Em casos mais raros, a himenolepíase pode levar aos surgimentos de sintomas relacionados ao sistema nervoso, como convulsões, perda da consciência e ataque epilético. DIAGNÓSTICO O diagnóstico laboratorial da himenolepíase baseia-se no exame parasitológico de fezes com pesquisa de ovos de H. nana e/ou de ovos de H. diminuta.
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