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Atividade 1 UAM

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De acordo com os conteúdos da Unidade 1, a escola é uma instituição social que molda e normatiza o indivíduo. Contudo, o ambiente escolar não está descolado da realidade social, trazendo para o seu interior as desigualdades vistas no corpo da sociedade. Os currículos escolares também mostram esse cenário, muitas vezes privilegiando grupos sociais em detrimento de outros silenciados, emergindo assim a necessidade de ações que viabilizem um ensino mais democrático. A Lei nº 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas instituições de ensino, surge nesse contexto em que a superação da visão tradicional eurocêntrica da cultura brasileira é tratada como um desafio. 
Deste modo, elabore um texto buscando responder: De que modo as escolas, enquanto instituições sociais, podem contribuir para o enfrentamento às desigualdades sociais? Como outras instituições, por exemplo, o Estado e a família, poderiam realizar articulações com a instituição escolar, contribuindo para o enfrentamento às desigualdades e por meio de quais ações concretas isto se realizaria.
· A Escola é uma das mais importantes instituições sociais, nela se formam os indivíduos, os profissionais, os políticos, os cidadãos. Uma educação infantil de qualidade é o remédio mais eficaz para o combate à desigualdade: viabilizar alfabetização na idade certa e maior cobertura nas creches e pré-escolas é o primeiro passo para quebrar o círculo de reprodução da desigualdade. Mas para isso é necessária uma mudança drástica dentro do círculo familiar, digo isso baseada na minha própria educação. Sempre estudei em escola pública, fui educada de maneira a respeitar meus professores como mestres, como aqueles que mudariam o meu futuro. Hoje os professores não têm mais autoridade, não podem sequer dar uma bronca num aluno mal educado. Os pais são proibidos de educar, e estamos vivendo uma geração de crianças que mandam, que não obedecem, que são donos da verdade. Uma geração onde uma criança se acha no direito de bater ou até matar outra pelo simples fato de não “ir com a cara dela”, ou por causa de um namoradinho ou até mesmo por homofobia. A educação não pode e nem deve ser jogada no colo dos professores como salvadores da situação. Professores estão sendo atacados, violentados, e isso parte de políticas frágeis e sem postura. Eu nasci e cresci dentro do sistema militar, nunca sofri nenhum tipo de ataque nem ninguém da minha família. Ia e voltava para a escola com segurança, não tinha carro nem telefone, então era tudo feito a pé de dia ou de noite. Eu vivi parte da minha vida em São Paulo e jamais imaginei que uma cidade tão maravilhosa, tão culturalmente ampla, se transformaria num antro de violência. Não só políticas públicas de ações educacionais vão resolver, mas ações de justiça, mudanças das leis, leis mais severas e que funcionem de verdade. Não adianta eu levantar bandeiras a favor dos afrodescendentes, estudar sua linda história e defender seus interesses, nem combater preconceito contra homossexuais, se a cada ato de violência, os criminosos saem pela porta da frente das delegacias antes mesmo dos policiais terminares os BOs de ocorrência. Tudo começa muito cedo sim, mas a criança precisa aprender e entender a importância do respeito e da individualidade de cada um, isso tem que começar em casa. Hoje temos mães de 6,7,8 filhos com menos de 25 anos, a maciça maioria, sem ter completado o ensino fundamental. Para mim o maior erro foi passar as crianças de série escolar sem embasamento, elas não se esforçam para aprender, sabem que vão passar de qualquer jeito e chegam a adolescência analfabetas completas. No meu tempo de escola se estudava de verdade, tinha chamada oral, tinha prova e tinha média a ser alcançada. Crianças abaixo da média tinham um cuidado especial, tinham reforço escolar, os pais eram convocados ajudar os filhos. Éramos obrigados a ler livros, no mínimo um por mês e dois durante as férias, fazer resumo, e o mais importante: os professores corrigiam uma a uma, inclusive marcando as palavras erradas com caneta vermelha para que nós soubéssemos onde erramos e corrigíssemos nossos erros, era uma mensagem subliminar, você pode até errar, mas também pode corrigir-se. Palavras difíceis eram pesquisadas no dicionário, trabalhos eram entregues escritos a mão em folha de papel ao maço, para que estimulasse a escrita e a boa caligrafia e ortografia. Aprendíamos que o diretor era o chefe supremo da escola e a ele devíamos respeito assim como ao professor em sala de aula e demais funcionários da escola. Porém todo respeito começava em casa com pai, mãe e avós. Como eu disse, de nada adiantará políticas públicas, elas não mudarão nada se os indivíduos continuarem os mesmos. Minha opinião é que tudo piorou muito a partir da implementação do ECA, ele precisa ser reavaliado com muita urgência, pois o que era para ser um bem está se tornando um mal sem volta, jovens de 14 a 17 anos, matam, estupram, roubam sem a mínima dor de consciência como se as vidas de nada valessem. 
Não se pode incutir na cabeça da população de baixa renda que são inferiores a ninguém, não se pode também criminalizar pessoas de situação financeira mais elevada. O que existe há alguns anos no país é uma política de pobre e rico separadamente e não de pessoas iguais e com direitos e deveres iguais como a constituição nos privilegia. O povo como nação tem que ser unido, uma nação dividida pode ser quebrada, uma nação unida e forte prevalece nos seus anseios. A maior desigualdade que hoje o Brasil sofre não é a de raças, nem a de opção sexual, sem a de posição socioeconômica, a maior desigualdade hoje do povo é a indiferença pela vida, é olhar para o outro e não se compadecer. Uma pessoa em situação de rua, seja ela branca, ou negra, se passa fome e precisa ser alimentada e acolhida seja pelo estado, seja pelas instituições religiosas, algumas milionárias inclusive. Uma criança de rua, seja ela loirinha de olhinhos azuis ou negra de cabelo enroladinho, precisa comer, ser acolhida, ter direito a escola. Não se pode dividir as pessoas como se separa marcas de um produto no supermercado, todas as pessoas são iguais e todas merecem e tem direito a vida, a liberdade de expressão, a opção sexual, a escolha religiosa. Tudo isso começa dentro de casa e se completa na escola, mas para isso fechar num círculo perfeito, as leis precisam mudar primeiro.