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FARMACOLOGIA: FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA): ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO NEURÔNIOS AUTONÔMICOS: conjunto de neurônios subdivididos em simpáticos e parassimpáticos, que controlam: músculo cardíaco, m. liso, glândulas/células exócrinas, algumas glândulas/células endócrinas, parte do tecido adiposo “controlam tudo que não depende da nossa vontade” *SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC): encéfalo + medula →diferentes funções dependendo das regiões do encéfalo *SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP): neurônios (sensitivos, motor somático, pré-ganglionar, pós- ganglionar) SISTEMA NERVOSO AUTONÔMICO Dividido em SNA simpático e parassimpático: percebe- se que há uma inervação diferente, porém inervam as mesmas estruturas (com exceção da pele) *Deve-se saber quais substâncias químicas modulam ambos os sistemas (Adrenalina = simpático) (Acetilcolina = parassimpático) SISTEMA ENDÓCRINO E SISTEMA NERVOSO Existe uma relação entre sistema endócrino e sistema nervoso: as substâncias químicas liberadas pelo sistema nervoso podem ter uma ação local (neurotransmissor) ou pode cair na corrente sanguínea e fazer seu efeito longe (neurohormônio) Noradrenalina: neurotransmissor Adrenalina: hormônio sintetizado pela adrenal em situações de estresse. FARMACOLOGIA: FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA): **A adrenalina e a noradrenalina se diferenciam somente em uma molécula de metila na sua composição, pois os dois se ligam nos mesmos receptores e realizam as mesmas funções = demonstrando, assim, a relação entre sistema nervoso e sistema endócrino SINAIS ELÉTRICOS E SINAIS QUÍMICOS MENSAGEM EM UMA SINAPSE Há um neurônio pré-sináptico e um neurônio pós- sináptico, que se relacionam/conversam por meio da fenda sináptica (espaço entre os dois neurônios) No neurônio pré-sináptico há a produção/síntese de um neurotransmissor (mediador) que é armazenado em vesículas por 2 motivos: →A rota de síntese é complexa →Nesse espaço podem existir enzimas que vão degradar o neurotransmissor (a vesícula protege o neurotransmissor até acontecer o potencial de ação) Quando ocorre o potencial de ação elétrico as vesículas se fundem com o neurônio pré-sináptico e liberam os neurotransmissores na fenda sináptica, onde podem ocorrem as seguintes situações: →O neurotransmissor se liga a receptores pós- sinápticos, onde induz uma resposta na célula! →O neurotransmissor se liga a receptores pré- sinápticos (somente adrenérgicos, os colinérgicos não fazem isso!!) → O neurotransmissor pode ser “reaproveitado”, entrando novamente na célula, devido a rota de síntese complexa →O neurotransmissor pode sair da fenda sináptica e cair na corrente sanguínea **A substância química que se liga induz cascata/resposta intracelular é o AGONISTA. **A substância que liga e bloqueia é o ANTAGONISTA. MECANISMO GERAL SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO PARASSIMPÁTICO ACETILCOLINA (ACh): único neurotransmissor que possui particularidades: •AGONISTA dos receptores: →Nicotínicos: relacionado com íons (ionotrópico) (possui canal iônio acoplado a ele, fazendo parte do receptor) – quando a Acetilcolina se liga gera aumento da condutância de sódio, cálcio e potássio; •Foram descobertos a partir de baixas concentrações de nicotina. Os receptores nicotínicos estimulam os gânglios autonômicos (relação com a junção neuromuscular) •Receptores ganglionares e de músculo esquelético →Muscarínicos: é um receptor metabolotrópico – quando o receptor é ativado há ativação do metabolismo intracelular da célula, por meio de segundos mensageiros. •São chamados assim pois foram descobertos a partir da ação no cogumelo Amanita muscaria, que causava efeitos parecidos ao de uma descarga de sistema parassimpático (efeitos parassimpaticomiméticos) FARMACOLOGIA: FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA): •Receptores de junções neuroefetoras autonômicas **Para fármacos colinérgicos não importa tanto a ligação com os subtipos dos receptores; importa mais para os fármacos adrenérgicos ROTA DE SÍNTESE DA ACh: é um produto do metabolismo da mitocôndria (faz respiração celular pelo Ciclo de Krebs) e produz a acetil-CoA. A acetil-CoA, por meio da ação de uma enzima, se liga com a molécula de colina e forma acetilcolina, além de liberar a parte do CoA (intermediário metabólico) dentro do neurônio para ser reaproveitada pela mitocôndria. A acetilcolina fica armazenada em vesículas sinápticas até que tenha o potencial de ação, e assim a ACh é liberada na fenda sináptica e segue 2 situações: →se liga a seu receptor colinérgico (muscarínico e nicotínico); →o que não se ligou sofre ação da enzima acetilcolinesterase (ela degrada a acetilcolina em acetato e colina) - O acetato é reaproveitado pelo organismo - A colina pode ser recaptada e utilizada para formar outra acetilcolina. **Todo esse processo de clivagem da acetilcolina é muito rápido (principalmente na junção neuromuscular) pois não pode ficar estimulando demais os órgãos em que se liga, senão haveria um excesso de ativação do sistema nervoso parassimpático FÁRMACOS AGONISTAS E ANTAGONISTAS QUE ATUAM NA NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA EQUILÍBRIO ENTRE SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO Sist. Simpático: fuga ou luta Sist. Parassimpático: digerir e descansar. *Há um contrabalanceamento entre os 2 sistemas: por exemplo, uma situação em que existe um excesso de ativação do simpático, após um tempo o organismo tenta reestabelecer o equilíbrio aumentando os efeitos do parassimpático •PARASSIMPATOMIMÉTICOS: são agonistas; tem a mesma atividade/efeito da substância endógena (acetilcolina) (parassimpático); •PARASSIMPATOLÍTICOS: são antagonistas; inibe a atividade do parassimpático EFEITOS DE EXCESSO DE ATIVAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO: Aumento da FC, taquicardia, taquipnéia, midríase, aumento do gasto energético, ↑ suprimento sanguíneo do m. esquelético EFEITOS DE EXCESSO DE ATIVAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO: Miose, bradicardia, hipotensão, ↑ contração de m. liso, ↑ motilidade gastrointestinal **quase tudo ao contrário do simpático NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA FARMACOLOGIA: FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA): FÁRMACOS AGONISTAS COLINÉRGICOS Há 2 tipos de fármacos agonistas: AÇÃO DIRETA (COLINÉRGICOS DIRETOS) : age no mesmo local da acetilcolina, ou seja, do mesmo jeito que a ACh se liga e induz uma sinalização intracelular, o fármaco se liga e induz igualmente!! →Age nos receptores colinérgicos (nicotínicos e muscarínicos) ativando esses receptores e desencadeando respostas semelhantes às provocadas pela estimulação do parassimpático AÇÃO INDIRETA : inibe a ação da enzima acetilcolinesterase, assim, não há a clivagem da acetilcolina e acaba sobrando acetilcolina na fenda sináptica →proporcionam maior tempo da ação da acetilcolina, inibindo a enzima que tem o poder de destruir a acetilcolina; →Podem ser reversíveis (liga e desliga) (fármacos usados no tratamento de Alzheimer) e irreversíveis (liga uma vez e a enzima perde a funcionalidade, assim, o organismo vai precisar produzir outra enzima) (venenos) →Pouca seletividade = efeitos adversos EXEMPLOS: •Venenos para matar barata/inseto = inibidores irreversíveis da acetilcolinesterase; •Venenos defensivos agrícolas = organofosforados (Malation, Parathion) = inibidores irreversíveis da acetilcolinesterase; •Gás sarin (arma química, banida atualmente) - (inibidorirreversível da acetilcolinesterase) (gás incolor, inodoro) - Excesso de ativação do parassimpático - Tem alta absorção cutânea e respiratória = início com salivação excessiva, lacrimejamento, perda de esfíncter, perda de coordenação motora, excesso de atividade muscular, descoordenação de musculo liso, morte (parada cardiorrespiratória – PCR). •BETANECOL: →Agonista de ação direta (liga no receptor) →É um éster da colina, não é hidrolisado pela acetilcolina; →Intensa atividade muscarínica (pouca ou nenhuma ação nicotínica); →Utilizado para estimular a bexiga atônica, principalmente no pós-parto, e também na retenção urinária não-obstrutiva pós-operatória; →Efeitos adversos: queda da pressão arterial (↓ DC e ↓ FC), contração de musculatura lisa, sudorese, lacrimejamento, miose, salivação, rubor cutâneo, náusea, dor abdominal, diarreia e broncoespasmo. EFEITOS GERAIS DOS AGONISTAS MUSCARÍNICOS DE AÇÃO DIRETA: 1) Efeitos cardiovasculares: redução da frequência cardíaca e débito cardíaco. Vasodilatação generalizada. 2) Musculatura lisa: contração da musculatura lisa não vascular (TGI, bexiga, musculatura lisa brônquica) 3) Sudorese, lacrimejamento, salivação e secreção brônquica. 4) Efeitos oculares: constrição pupilar (miose) e contração do músculo ciliar, resultando em redução da pressão intraocular. EFEITOS DOS COLINOMIMÉTICOS DE AÇÃO INDIRETA →Inibem as colinesterases (não há a clivagem/hidrólise da acetilcolina) →Aumentam a concentração de acetilcolina endógena *Principais fármacos inibidores das colinesterases de forma reversível: Tacrina, Donepezila, Rivastigmina, Galantamina = utilizados para tratar o Alzheimer, pois, nessa doença há a ↓ da acetilcolina da fenda sináptica; assim, os fármacos possuem a função de aumentar a ACh na fenda sináptica de forma reversível • Rivastigmina – efeitos gastrointestinais adversos, associados ao aumento de peso. • Tacrina – inibidor reversível, primeira geração – hepatite medicamentosa • Galantamina – modula alostericamente receptores nicotínicos EFEITOS FARMACOLÓGICOS ANTICOLINESTERÁSICOS Produzem efeitos semelhantes aos da ACETILCOLINA: 1)SNC: neurotoxicidade (convulsões generalizadas, coma). * pensa-se em sobre-dose, intoxicação 2)Trato respiratório, gastrintestinal e urinário: aumento da motilidade do TGI, contração da bexiga, broncocontrição. 3) Sistema cardiovascular: bradicardia, diminuição do débito cardíaco. Hipertensão (doses moderadas); hipotensão (doses tóxicas). 4) Junção neuromuscular: aumento da força de contração (espasmos musculares) 5) Lacrimejamento, sudorese, salivação, aumento de secreções brônquicas. 6) Miose FARMACOLOGIA: FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA): USO CLÍNICO: 1) OLHO: Glaucoma de ângulo fechado agudo: associação de Pilocarpina + Fisostigmina. 2) TRATO GASTRINTESTINAL E URINÁRIO: →Retenção urinária: Betanecol 5mg (subcutâneo); Neostigmina 0,5 mg, via IM ou subcutânea, a cada 3 h. →Íleo paralítico ou atonia da bexiga: Neostigmina 0,5–1 mg (subcutânea) ou 15 mg (v.o). →Síndrome de Sjögren/aumentar secreção salivar: Pilocarpina 5 mg (v.o) →Trato gastrintestinal e urinário: fazem voltar a função que foi perdida após procedimentos cirúrgicos = na cirurgia é usado um fármaco que inibe a função do sistema nervoso parassimpático (Atropina) pois é preciso parar o peristaltismo; entretanto, após a cirurgia é preciso retornar ao peristaltismo normal 3) JUNÇÃO NEUROMUSCULAR*: Miastenia grave: Piridostigmina (30 a 60 mg v.o., a cada 3 a 4 horas.), Neostigmina (0,5 mg, IM ou subcutânea). *Junção neuromuscular é quando tem o receptor colinérgico nicotínico, a acetilcolina ligando e realizando a força de contração muscular. Entretanto, na Miastenia grave, doença autoimune em que os anticorpos destroem os receptores, a pessoa possui uma expressão baixa para receptores de ACh nicotínicos. Pode-se usar os fármacos acima que estimulam os receptores de acetilcolina e fazer com que a pessoa não tenha progressão da doença (perda progressiva de força muscular = impossibilidade de realizar trocas gasosas). 4) INTOXICAÇÃO POR FÁRMACOS MUSCARÍNICOS: →Intoxicação por atropina ou intoxicação por ADT (antidepressivos tricíclicos): Fisostigmina (1 a 2 mg por perfusão durante pelo menos 5 min). 5) SNC - Doença de Alzheimer: Donepezila (5mg/dia inicial e 10mg/máxima), Galantamina (8 mg/dia inicial – 24 mg/dia máxima) e Rivastigmina (adesivo transdérmico: 4,6 ou 9,5mg/24 h; via oral:1,5 mg/12 h inicial e 6mg/12 h máxima) FÁRMACOS ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS Antagonistas colinérgicos: se ligam nos receptores e bloqueiam o efeito da acetilcolina = eles aumentam a atividade simpática de forma indireta. ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS •Aminas terciárias (M1, M2, M3): →Atropina e Escopolamina →Lipossolúveis: Rapidamente absorvidos pelo intestino ou saco conjuntival; →Penetram a BHE (barreira hematoencefálica) (escopolamina + do que a atropina); →Efeitos dependem da sensibilidade dos diferentes órgãos. *Atropina = Beladona “mulher bela” (pupila dilatada) (midríase). *Buscopam: Butilbrometo de Escopolamina: + lipossolúvel, não atravessa a barreira hematoencefálica, por isso é usado para reduzir o peristaltismo do TGI (antiespasmódico) EFEITOS GERAIS DOS FÁRMACOS ANTAGONISTAS: 1) Olho: midríase, diminuição da secreção lacrimal 2) Inibição das secreções: salivares, brônquicas e sudoríparas 3) Sistema cardiovascular: taquicardia em doses terapêuticas e bradicardia em doses baixas 4) Trato gastrintestinal: inibição da motilidade gastrintestinal (antiespasmódicos) (usados em procedimentos cirúrgicos) 5) Sistema respiratório: broncodilatação* - Pode usar um parassimpatolítico e um simpatomimético junto – para fazer uma broncodilatação eficiente (inibir o parassimpático e ativar o simpático) (DUPLA DINÂMICA DA BRONCO DILATACAO) = Berotec (simpatomimético) + Atrovent (Brometo de Ipratropium) (parassimpatolítico) 6) Trato genitourinário: relaxamento da bexiga, diminuição da micção. UTILIZAÇÕES TERAPÊUTICAS: situações em que esses fármacos são utilizados •Hipermotilidade Gastrointestinal (antiespasmódico): Atropina, Hioscina, metronidrato de atropina, propantelina ; •Envenenamento por anticolinesterásicos (envenenamento): Atropina, Hioscina; •Broncodilatação: Ipratropium, Tiotropium (M1, M3); •Úlcera péptica: Pirenzepina (seletiva M1>M2, M3; M1=M4) USOS CLÍNICOS: 1) DOENÇA DE PARKINSON: Biperideno 3-16 mg, em 3- 4 tomadas, v.o. Terapia adjuvante. 2) DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS: Tratamento da DPOC e asma. Ipratrópio e tiotropio: possuem ação broncodilatadora. FARMACOLOGIA: FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA): 3) EXCESSO DE MICÇÃO: Tratamento pós operatório de do aumento da frequência urinária após prostatectomia. Tolterodina 4mg/d. 4) DISTÚRBIOS OFTALMOFÓGICOS: Exame oftalmoscópico de retina: midríase. ENVENENAMENTO COLINÉRGICO ORGANOFOSFORADOS Tratamento: terapia antimuscarínica com Atropina 1- 2mg, a cada 5 -15 min, até desaparecimento dos sintomas (1g de atropina/dia, por 30 dias, se necessário). →A atropina é um antagonista competitivo do receptor colinérgico muscarínico, assim, vai competir com o receptor. Em um caso de envenenamento com organofosforados (inibidor irreversível da acetilcolinesterase) ficou sobrando muita acetilcolina na fenda sináptica, assim, administra-se a atropina para impedir que a acetilcolina se ligue no receptor, até que o organismo tenha tempo de produzir/sintetizar uma nova acetilcolinesterase (se a pessoa não morrer antes disso) INTOXICAÇÃO COM COGUMELOS Tratamento: →atropina parenteral 1-2mg →Compostos regeneradores da colinesterase: Pralidoxima 1-2g durante 15-30 min. Toxina Botulínica: CLOSTRIDIUM BOTULINUM – causa intoxicaçãoalimentar – botulismo. →bacilo anaeróbio que se multiplica em alimentos em conserva e pode causar o botulismo (intoxicação extremamente grave) →Sintomas do botulismo: paralisia motora e parassimpática progressiva, causando dificuldade de deglutição, ressecamento da boca, visão turva e paralisia respiratória progressiva. Leva à morte, pois a toxina impede a exocitose das vesículas que contem acetilcolina (a acetilcolina não passa na junção neuromuscular e o músculo não contrai). →TRATAMENTO DO BOTULISMO: - antitoxina botulínica - imunoglobulina para botulismo (50mg/Kg,IV) →FINALIDADES TERAPÊUTICAS DA TOXINA BOTULÍNICA: rigidez muscular, enxaqueca, sequela de AVC, paralisia, tratamento do estrabismo, dermatologia/estética (rugas), ortopedia, otorrino.
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