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FRB I - 1ª AVALIAÇÃO - Livro

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Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: Alvarez, ROSSI, M. Anatomia Craniofacial 
Aplicada à Odontologia - Abordagem Fundamental e Clínica, 2ª edição. Grupo GEN, 2017 
Material produzido pela aluna Camila Montargil 
 1 1 
Fundamentos da Reabilitação Oral I 
Prof(a): Ceres Mendonça e Thaiane Aguiar 
➔ DENTES 
O dente é parte do órgão dental, que constitui o sistema dental, componente do sistema 
estomatognático. Os dentes superiores se inserem nas maxilas e constituem o arco dental 
superior. Os dentes inferiores se inserem na mandíbula e constituem o arco dental inferior. 
O órgão dental é composto pelas seguintes partes: 
•Dente: constituído de esmalte, dentina e polpa 
•Periodonto: constituído de cemento, ligamento periodontal, osso alveolar e gengiva. 
Logo, o órgão dental abrange o dente e suas estruturas de suporte e proteção. As partes do dente 
são (Figuras 2.17 e 2.18): 
•Coroa: parte que fica exposta na cavidade oral, relacionando-se diretamente com a função 
estética e atuando diretamente na mastigação. É revestida externamente pelo esmalte. Na 
camada intermediária, estão a dentina e, mais internamente, a polpa. A polpa ocupa um espaço 
na coroa denominado câmara pulpar. A coroa tem superfície lisa, de coloração branco-
amarelada, pois a translucidez do esmalte evidencia a cor da dentina 
•Colo anatômico: limite entre coroa e raiz, que se apresenta como uma linha sinuosa côncavo-
convexa, onde termina o esmalte e o cemento tem espessura mínima. Quando o limite entre 
coroa e raiz é determinado pela margem gengival, este é denominado colo clínico. Quando o 
limite entre coroa e raiz é determinado pela margem óssea do alvéolo, este é denominado colo 
cirúrgico 
•Raiz: parte que fica inserida no osso alveolar. É revestida externamente pelo cemento. Na 
camada intermediária está a dentina e, mais internamente, a polpa. A polpa ocupa um espaço na 
raiz denominado canal radicular. Existe, no processo alveolar das maxilas e na parte alveolar da 
mandíbula, os alvéolos, que são cavidades ósseas onde as raízes dentais se implantam. Essa 
implantação se dá por meio de uma articulação entre o osso alveolar e a superfície da raiz dental. 
Entre essas superfícies articulares está o ligamento periodontal. 
O número total de dentes permanentes é de 28 a 32, divididos em (Figura 2.19): 
•Incisivos: são dentes que se localizam na parte anterior do arco dental. São oito ao todo – quatro 
superiores e quatro inferiores. Dentre eles, distinguem-se os incisivos centrais, que se voltam 
para a linha mediana, e os incisivos laterais. Possuem uma borda fina e cortante denominada 
borda incisal 
•Caninos: também são dentes anteriores, em número de quatro – dois superiores e dois 
inferiores. São mais volumosos que os incisivos e sua borda incisal tem forma de lança 
•Pré-molares: são dentes posteriores, em número de oito ao todo – quatro superiores e quatro 
inferiores. Dentre eles, distinguem-se primeiro pré-molar e segundo pré-molar, de cada lado 
•Molares: juntamente com os pré-molares formam o conjunto de dentes posteriores. Seu 
número total varia de 8 a 12 dentes. Dentre eles, distinguem-se primeiro molar, segundo molar 
e terceiro molar, de cada lado. A presença dos terceiros molares é variável, daí a variação no 
número total de dentes. 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: Alvarez, ROSSI, M. Anatomia Craniofacial 
Aplicada à Odontologia - Abordagem Fundamental e Clínica, 2ª edição. Grupo GEN, 2017 
Material produzido pela aluna Camila Montargil 
 2 2 
 
Figura 2.17 Dentes e ossos alveolares. 
 
Figura 2.18 Dente. 1. Coroa. 2. Raiz. 3. Esmalte. 4. Dentina. 5. Polpa preenchendo a câmara 
pulpar. 6. Polpa preenchendo o canal radicular. 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: Alvarez, ROSSI, M. Anatomia Craniofacial 
Aplicada à Odontologia - Abordagem Fundamental e Clínica, 2ª edição. Grupo GEN, 2017 
Material produzido pela aluna Camila Montargil 
 3 3 
 
Figura 2.19 A e B. Grupos de dentes. 1. Incisivos. 2. Canino. 3. Pré-molares. 4. Molares. 
Dentes supranumerários 
Alteração em que se detecta a presença de dente ou dentes a mais, podendo estar irrompido ou 
incluso, ter anatomia semelhante ou diferente do grupo de dentes ao qual está associado. A 
presença de muitos dentes supranumerários pode estar associada a algumas síndromes, como a 
síndrome de Gorlin-Goltz, por exemplo. 
As funções dos dentes são descritas a seguir. 
Mastigação. Para o desempenho dessa função, os dentes atuam juntamente com todo o sistema 
estomatognático, ou seja, com as maxilas e a mandíbula, que lhe garantem sustentação; 
músculos, que movimentam a mandíbula; ATM, que permitem a movimentação da mandíbula; 
tecidos que constituem lábios, palato, língua, bochechas e soalho de boca; glândulas salivares, 
auxiliando mecanicamente e no processo químico da mastigação; vasos e nervos, que garantem 
a vitalidade e a excitabilidade das estruturas desse sistema. Dentro da função mastigatória, os 
diferentes grupos de dentes podem ter atuações específicas, de acordo com sua morfologia. Os 
incisivos realizam principalmente apreensão e incisão do alimento, pela ação da borda incisal 
cortante. Entre os caninos, estabelece-se ação de rasgamento, pelo contato do alimento com sua 
borda incisal lanceolada. Nos dentes posteriores, o contato entre os pré-molares e molares 
superiores e inferiores estabelece relação de atrito entre as diversas vertentes da coroa, que 
proporciona a trituração do alimento. 
Fonética. Os dentes atuam em conjunto com todos os integrantes da cavidade oral, que funciona 
como caixa de ressonância do trato vocal e também atuam individualmente, participando da 
articulação do som, pelo contato com língua e lábios. Existem as consoantes consideradas 
linguodentais, como t, d, e consoantes labiodentais, como f, v. 
Estética. Essa função não só se desempenha pela presença do dente configurando um sorriso 
bonito e harmônico, mas também pelo suporte que os dentes, juntamente com maxila e 
mandíbula, constituem para a musculatura e demais tecidos periorais. A ausência parcial ou total 
de dentes pode provocar mau posicionamento de lábios; aprofundamento de bochechas e dos 
sulcos faciais, como os nasolabiais e labiomarginais; surgimento de novos sulcos ou pregas, 
principalmente irradiando-se dos lábios; abaixamento da ponta do nariz; alteração da proporção 
entre terços médio e inferior da face. Quanto maior o número de dentes perdidos, maior o grau 
de alteração. 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: Alvarez, ROSSI, M. Anatomia Craniofacial 
Aplicada à Odontologia - Abordagem Fundamental e Clínica, 2ª edição. Grupo GEN, 2017 
Material produzido pela aluna Camila Montargil 
 4 4 
Preservação. O dente preserva sua posição no arco e também a dos outros dentes, evitando 
deslocamentos. A perda de um dente provoca deslocamento lateral dos dentes vizinhos e 
migração do dente antagonista em direção ao espaço edêntulo. Além disso, a presença do dente 
preserva os tecidos periodontais. A perda do dente leva à remodelação do alvéolo dental e, 
consequentemente, à atrofia óssea. 
Reabilitação oral 
A reabilitação oral, além de substituir dentes perdidos, se propõe também a recompor a 
arquitetura facial, com suas proporções adequadas e disposição harmônica dos tecidos periorais. 
No caso clínico a seguir, pode-se observar a reabilitação de um paciente utilizando-se prótese fixa 
sobreimplantes inferior e prótese total removível superior: 
 
Vista intraoral: paciente portador de edentulismo total superior, edentulismo parcial inferior e 
atrofia óssea. 
 
Vista intraoral: paciente reabilitado com prótese fixa sobreimplantes inferior e prótese total 
removível superior. 
 
Vista extraoral antes da reabilitação. 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: Alvarez, ROSSI, M. Anatomia Craniofacial 
Aplicada à Odontologia - AbordagemFundamental e Clínica, 2ª edição. Grupo GEN, 2017 
Material produzido pela aluna Camila Montargil 
 5 5 
 
Vista extraoral depois da reabilitação, em que se observa modificação da posição dos lábios. 
Reabilitação realizada pelos Drs. Guilherme Guimarães, Marcelle Rossi e Matheus Zugaib 
Os arcos dentais superior e inferior podem ser divididos em hemiarcos ou quadrantes direito e 
esquerdo. Seguindo essa divisão, utiliza-se a seguinte nomenclatura numérica para os dentes: 
•Um primeiro número identifica o quadrante onde o dente se localiza: 
Quadrante superior direito 
1 
Quadrante superior esquerdo 
2 
Quadrante inferior direito 
4 
Quadrante inferior esquerdo 
3 
•Um segundo número indica o dente, seguindo a sequência: 1. incisivo central; 2. incisivo lateral; 
3. canino; 4. primeiro pré-molar; 5. segundo pré-molar; 6. primeiro molar; 7. segundo molar; 8. 
terceiro molar. 
A nomenclatura, então, se dá da seguinte maneira: 
Quadrante superior direito 
1.8 1.7 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 
Quadrante superior esquerdo 
2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 
Quadrante inferior direito 
4.8 4.7 4.6 4.5 4.4 4.3 4.2 4.1 
Quadrante inferior esquerdo 
3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 
Os dentes são delimitados pelas seguintes faces ou planos: 
•Face vestibular: voltada para o vestíbulo da boca 
•Face lingual ou palatina: voltada para língua e soalho, nos dentes inferiores, e para o palato nos 
dentes superiores 
•Face proximal: voltada para o dente vizinho. São duas em cada dente, distinguindo-se a face 
mesial, que está mais próxima da linha mediana, e a face distal, que se encontra mais afastada da 
linha mediana. A face mesial de um dente fica voltada à face distal do dente vizinho, exceto: a 
face mesial do incisivo central, que se volta à face mesial do incisivo central contralateral, e a face 
distal do último molar, que não tem contato com outra face 
•Face oclusal: voltada para o dente antagonista, nos dentes posteriores 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: Alvarez, ROSSI, M. Anatomia Craniofacial 
Aplicada à Odontologia - Abordagem Fundamental e Clínica, 2ª edição. Grupo GEN, 2017 
Material produzido pela aluna Camila Montargil 
 6 6 
•Borda incisal: borda fina voltada para o dente antagonista, formada pelo encontro das faces 
vestibular e lingual dos dentes anteriores 
•Face cervical: plano imaginário que passa pelo colo do dente 
•Porção apical: corresponde ao ápice (extremidade) da raiz do dente. 
A coroa dos dentes contém os seguintes elementos descritivos (Figura 2.20): 
•Cúspide: saliência piramidal, de volume variável, que se situa nas faces oclusais de pré-molares 
e molares. É composta das seguintes partes: 
■Vértice: ponto mais elevado da cúspide 
■Vertentes lisas: lados da “pirâmide” que estão voltados para a superfície lisa do dente, ou seja, 
para a face vestibular ou lingual 
■Vertentes triturantes: são os lados da “pirâmide” que estão voltados para a superfície triturante 
do dente, ou seja, para a face oclusal 
•Arestas longitudinais: bordas que separam as vertentes lisas das vertentes triturantes. Dispõem-
se no sentido mesiodistal 
•Arestas transversais: bordas que separam as vertentes lisas entre si e as vertentes triturantes 
entre si. Dispõem-se no sentido vestibulolingual. 
No arco dental superior, os pré-molares têm duas cúspides (vestibular e palatina) e os molares 
têm quatro cúspides (duas vestibulares e duas palatinas). No arco dental inferior, o primeiro pré-
molar tem duas cúspides (vestibular e lingual), o segundo pré-molar pode ter duas ou três 
cúspides (uma vestibular e uma ou duas linguais), o primeiro molar tem cinco cúspides (três 
vestibulares e duas linguais) e os demais molares têm quatro cúspides (duas vestibulares e duas 
linguais). 
Sulco. Depressão linear que separa cúspides e cristas. O sulco principal é o que se dispõe no 
sentido mesiodistal, separando a(s) cúspide(s) vestibular(es) da(s) lingual(is); os sulcos 
secundários se dispõem no sentido vestibulolingual, separando cúspides vestibulares entre si, 
cúspides linguais entre si e cúspides de cristas. 
Fossa. Depressão localizada, mais ou menos profunda, que se situa na face oclusal de pré-molares 
e molares e na face vestibular de molares. Na face oclusal, a fossa central é a que se localiza no 
cruzamento entre sulco principal e os sulcos secundários; as fossas mesial e distal são as que se 
encontram nas extremidades do sulco principal. 
Crista. Elevação linear de esmalte que une cúspides ou reforça a periferia de certas faces dos 
dentes. A crista marginal está presente em todos os grupos de dentes, sendo que, nos incisivos e 
caninos, localizam-se nas margens da face lingual ou palatina e, nos pré-molares e molares, 
localizam-se nas margens da face oclusal. A crista oblíqua ou ponte de esmalte está presente 
apenas no primeiro molar superior e, às vezes, no segundo molar superior e segundo pré-molar 
inferior, unindo cúspides. 
Concavidade lingual ou palatina. Depressão ampla de profundidade variável, localizada na face 
lingual ou palatina dos incisivos e caninos. 
Cíngulo. Elevação do esmalte localizada no terço cervical da face lingual ou palatina dos incisivos 
e caninos. 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: Alvarez, ROSSI, M. Anatomia Craniofacial 
Aplicada à Odontologia - Abordagem Fundamental e Clínica, 2ª edição. Grupo GEN, 2017 
Material produzido pela aluna Camila Montargil 
 7 7 
Bossa. Elevação do esmalte localizada no terço cervical da face vestibular dos dentes. 
A raiz dos dentes normalmente apresenta inclinação para distal e contém os seguintes elementos 
descritivos: 
 
Figura 2.20 A e B. Elementos descritivos da coroa. 1. Vértice da cúspide. 2. Vertente lisa. 3. 
Vertente triturante. 4. Sulco principal. 5. Fossa mesial/distal. 6. Crista marginal; aresta transversal 
(linha azul); aresta longitudinal (linha preta). 
•Espaço inter-radicular ou furca: área anatômica do dente multirradicular onde as raízes 
divergem do bulbo radicular principal comum 
•Sulco radicular: depressão linear que se dispõe longitudinalmente na superfície de algumas 
raízes 
•Forame apical: forame localizado no ápice de cada raiz dental, por onde transita o plexo 
vasculonervoso (artéria, veia, nervo), que supre o dente. 
Alterações na morfologia das raízes dentais 
Dilaceração radicular 
A dilaceração é uma angulação anormal ou curvatura na raiz, ou, menos frequentemente, na 
coroa de um dente. 
Raízes supranumerárias 
Ocorrem pelo desenvolvimento de um número aumentado de raízes em um dente, comparado 
com o que é descrito na anatomia dental. 
Concrescência 
A concrescência é caracterizada pela união de dois dentes adjacentes somente pelo cemento, 
sem confluência da dentina subjacente. 
Hipercementose 
A hipercementose é uma alteração que decorre de uma deposição não neoplásica de cemento 
excessivo, contínuo com o cemento radicular normal. 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: Alvarez, ROSSI, M. Anatomia Craniofacial 
Aplicada à Odontologia - Abordagem Fundamental e Clínica, 2ª edição. Grupo GEN, 2017 
Material produzido pela aluna Camila Montargil 
 8 8 
No arco dental superior, os incisivos e caninos têm uma raiz; o primeiro pré-molar tem duas raízes 
(uma vestibular e uma palatina); o segundo pré-molar tem uma raiz; e os molares têm três raízes 
(duas vestibulares e uma palatina). No arco dental inferior, os incisivos, os caninos e os pré-
molares têm uma raiz, e os molares, duas raízes (uma mesial e uma distal). 
Quanto à sua morfologia, os dentes, de forma geral, apresentam as seguintes características 
(Figura 2.21): 
•Vista oclusal: observa-se convergência lingual das faces proximais. Dessa forma, a face lingual 
ou palatina dos dentes é mais estreita que a vestibular. Também na vista oclusal, observa-se 
convergência distal das faces vestibular e lingual. Assim, a face distal dos dentes é mais estreita 
que a mesial•Vista vestibular ou lingual: observa-se convergência apical das faces proximais. Dessa forma, as 
faces vestibular e lingual são mais largas no terço oclusal ou incisal do que ao nível cervical 
•Vista proximal: observa-se convergência oclusal ou incisal das faces vestibular e lingual. Dessa 
forma, as faces proximais são mais largas no nível cervical que no terço oclusal ou incisal. Como 
existem essas diferentes inclinações das faces dos dentes, unindo-se os pontos mais 
proeminentes de cada face, tem-se a delimitação da linha equatorial do dente. 
 
Figura 2.21 A a C. Convergências da coroa: convergência lingual das faces proximais (linhas 
vermelhas); convergência distal das faces vestibular e lingual (linhas verdes); convergência oclusal 
ou incisal das faces vestibular e lingual (linhas azuis); convergência apical das faces proximais 
(linhas roxas). 
LINHA EQUATORIAL A linha equatorial, também denominada de equador protético, é uma linha 
imaginária formada a partir da união de todos os pontos localizados na porção mais proeminente 
da coroa dental. Essa linha separa a coroa em duas zonas: • Zona expulsiva: localizada acima do 
equador protético, em sentido oclusal; • Zona retentiva: localizada abaixo do equador protético, 
em sentido cervical. Através dessa linha é possível determinar, por exemplo, a disposição dos 
braços de retenção e oposição, constituintes de um grampo responsável pelas condições de 
suporte, retenção e estabilidade de uma prótese parcial removível (Fig. 3.2). Figura 3.2 – Linha 
equatorial do dente 
 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: José, MONDELLI,. Fundamentos de 
Dentística Operatória, 2ª edição. Grupo GEN, 2017. 
1 
 
Fundamentos da Reabilitação Bucal I 
Prof. Ceres Mendonça | Prof. Thaiane 
Tema: Nomenclatura e classificação das cavidades 
A Dentística é a especialidade da Odontologia que estuda e aplica de maneira integrada o 
conjunto de procedimentos semiológicos, operatórios, preventivos, terapêuticos e educativos 
com o objetivo de preservar e devolver ao dente, órgão do sistema estomatognático, sua 
integridade estrutural, funcional e estética. 
NOMENCLATURA 
Nomenclatura é um conjunto de termos específicos de uma ciência, arte ou técnica. 
Nomenclatura ou vocabulário técnico são termos usados por indivíduos da mesma profissão 
como forma de comunicação. Na Odontologia o conhecimento da nomenclatura das cavidades é 
fundamental para a compreensão do capítulo mais importante em Odontologia Restauradora, o 
preparo de cavidades. 
A cavidade preparada em um dente pode ser denominada de acordo com: 
•O número de faces em que ocorre: 
▶Simples: uma só face (Figura 1.1) 
▶Composta: duas faces (Figura 1.2) 
▶Complexa: três ou mais faces (Figura 1.3) 
•As faces do dente envolvidas, recebendo o nome das respectivas faces. Exemplos: 
▶Cavidade preparada na face oclusal: cavidade oclusal (Figura 1.1A) 
▶Cavidade que se estende da face oclusal à face mesial: cavidade mésio-oclusal 
(Figura 1.2) 
▶Cavidade que se estende às faces mesial, oclusal e distal: cavidade mésio-
oclusodistal (Figura 1.3A) 
▶Quando a preparação envolve as faces mesial, oclusal e lingual: cavidade mésio-
oclusopalatina (Figura 1.3B) 
 
Figura 1.1 Cavidades simples em forma de caixa (sem tampa) e confinada no interior da estrutura 
dentária oclusal (A) e mesial (B). 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: José, MONDELLI,. Fundamentos de 
Dentística Operatória, 2ª edição. Grupo GEN, 2017. 
2 
 
Figura 1.2 Cavidades compostas mésio-oclusais. 
 
Figura 1.3 Cavidades complexas mésio-oclusodistal (A) e mésio-oclusopalatina (B). 
•A forma e a extensão das cavidades: 
▶Intracoronárias (inlay) são cavidades confinadas no interior da estrutura dentária, 
como se fosse uma caixa aberta superiormente (sem tampa). Exemplos: cavidade de 
classe I oclusal, classe V vestibular, classe II composta MO ou DO, e complexas MOD, 
sem redução cuspídea (Figura 1.4A) 
▶Intraextracoronárias são preparos cavitários que podem apresentar cobertura 
parcial (onlay) ou total das cúspides (overlay) e/ou de outras faces do dente. Exemplos: 
cavidades MOD, com redução de uma, duas ou mais cúspides (onlay) ou cavidade 
MOD com redução de todas as cúspides (overlay) (Figura 1.4B) 
▶Extracoronárias parciais são preparos dentários que envolvem três faces axiais do 
dente (mesial, distal e lingual) e a face oclusal ou incisal. Exemplo: preparo dentário 
para coroa parcial 4/5 em dentes posteriores, com redução parcial (onlay) ou total 
(overlay) das cúspides ou da borda incisal (Figura 1.4C) 
▶Extracoronárias totais são preparos dentários em que todas as faces axiais e oclusal 
ou incisal do dente são reduzidas e recobertas pelo material restaurador. Exemplo: 
preparo dentário para coroa total (Figura 1.4D). 
Os termos em inglês inlay (incrustação ou restauração intracoronária), onlay (cobertura ou 
proteção parcial de cúspides) e overlay (cobertura total das cúspides) são frequentemente 
empregados para definir cavidades ou restaurações indiretas, de diferentes tamanhos, 
independentemente do material restaurador (liga metálica, cerâmica ou resina de laboratório). 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: José, MONDELLI,. Fundamentos de 
Dentística Operatória, 2ª edição. Grupo GEN, 2017. 
3 
 
Figura 1.4 A. Cavidades intracoronárias para incrustações (inlay). B. Cavidade intraextracoronária 
mésio-oclusodistal (overlay). C. Cavidade extracoronária parcial (overlay). D. Cavidade 
extracoronária total (overlay). 
Observação. A denominação das faces do dente costuma ser abreviada com as letras iniciais de 
cada uma, sem pontuação. 
Exemplos: 
•O: oclusal 
•MO: mésio-oclusal 
•MOD: mésio-oclusodistal 
PLANOS DENTÁRIOS 
Para se determinar o sentido da inclinação e denominar as paredes que formam uma cavidade, 
supõe-se que os dentes são atravessados por planos. 
Considerando-se que o maior eixo é o longitudinal e que essa linha passa pelo centro do 
dente, desde a face oclusal (ou incisal) até o ápice radicular, nela podem-se estudar três planos 
principais: 
•Plano horizontal: é perpendicular ao eixo longitudinal do dente e corta-o em qualquer 
ponto de sua longitude, recebendo o nome da superfície por onde passa (Figura 1.5A) 
•Plano vestibulolingual: chamado também de axiobucolingual, é o plano paralelo ao eixo 
longitudinal. Divide o dente em duas posições: uma mesial e outra distal e recebe o nome 
dessas faces, quando passa tangente a elas. Nos dentes anteriores recebe a denominação 
de plano labiolingual ou palatino (Figura 1.5B) 
•Plano mesiodistal: é vertical e paralelo ao eixo longitudinal. Divide o dente em duas partes, 
uma vestibular e outra lingual. Recebe o nome dessas faces quando passa tangente a elas. 
Também é denominado plano axiomesiodistal (Figura 1.5C). 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: José, MONDELLI,. Fundamentos de 
Dentística Operatória, 2ª edição. Grupo GEN, 2017. 
4 
. 
 
Figura 1.5 Planos dentários. A. Plano horizontal. B. Plano vestibulolingual. C. Plano mesiodistal. 
 
Figura 1.6 Paredes circundantes (c), paredes de fundo axial (a) e pulpar (p). 
Nomenclatura das partes constituintes das cavidades 
As partes constituintes das cavidades são: 
•Paredes 
•Ângulos diedros 
•Ângulos triedros 
•Ângulos cavossuperficiais. 
Paredes 
Paredes são os limites internos das cavidades e podem ser: 
Material produzido pela aluna Camila Montargil | FONTE: José, MONDELLI,. Fundamentos de 
Dentística Operatória, 2ª edição. Grupo GEN, 2017. 
5 
•Circundantes: paredes laterais da cavidade que recebem o nome da face do dente à qual 
correspondem ou da qual estão mais próximas (Figura 1.6) 
•De fundo: correspondem ao assoalho da cavidade e podem ser chamadas de axial, quando 
se apresentam paralelas ao eixo longitudinal do dente (Figura 1.6A) e pulpar, quando 
perpendiculares ao eixo longitudinal do dente (Figura 1.6B). 
Ângulos diedros 
São formadospela união de duas paredes de uma cavidade e denominados segundo a 
combinação de seus respectivos nomes. Os ângulos diedros, segundo Black,1 podem ser do 
primeiro grupo, formados pela junção das paredes circundantes (Figura 1.7). Exemplos: 
gengivolingual; vestibulogengival etc. Do segundo grupo, formados pela união de uma parede 
circundante com a parede de fundo da cavidade (Figura 1.7). Exemplos: linguopulpar; 
gengivoaxial etc. Do terceiro grupo, formados pela união das paredes de fundo da cavidade. 
Exemplos: axiopulpar (Figura 1.7A) e axioaxial (Figura 1.8). 
 
Figura 1.7 Ângulos diedros do 1o, 2o e 3o grupos e ângulos triedros. 
Ângulos triedros 
São formados pelo encontro de três paredes (Figura 1.7A) e denominados de acordo com as suas 
respectivas combinações. Exemplos: vestíbulo-pulpoaxial; linguogengivoaxial etc. 
Observação. Uma exceção às regras de nomenclatura dos ângulos diedros e triedros é 
encontrada nas cavidades de classe III, nas quais a junção das paredes constituintes forma 
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ângulos diedros e triedros incisais, não recebendo, portanto, a denominação das paredes que os 
formam (Figura 1.9). 
Ângulo cavossuperficial 
É o ângulo formado pela junção das paredes da cavidade com a superfície externa do dente 
(Figura 1.10). 
O termo cavossuperficial é usado especialmente para indicar a forma que se deve dar a este 
ângulo em determinada porção da margem do esmalte ou do contorno marginal externo da 
cavidade, como por exemplo: “o ângulo cavossuperficial da caixa oclusal é nítido e sem bisel em 
cavidades para amálgama” (Figura 1.10). 
O ângulo cavossuperficial também é denominado margem, embora este termo sirva para 
designar mais precisamente a linha de união da superfície externa do dente com a borda do 
material restaurador colocado na cavidade (também denominado interface dente/restauração). 
 
Figura 1.8 Exemplo de ângulo diedro do 3o grupo. 
 
Figura 1.9 Ângulos diedro (D) e triedro (T) incisais (exceção à regra). 
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Figura 1.10 Ângulo cavossuperficial definido (setas com as letras “d”) de uma cavidade para 
amálgama. 
Classificação 
As cavidades, de modo geral, podem ser classificadas, de acordo com a finalidade, em 
terapêuticas e protéticas, e de acordo com a profundidade. As terapêuticas são aquelas 
realizadas em casos nos quais lesão cariosa, abrasão, erosão, fratura ou outras lesões dos tecidos 
duros dos dentes tenham comprometido a estrutura coronária parcial ou totalmente, cujo 
preparo cavitário é condicionado a uma restauração individual do dente, visando à reconstrução 
morfológica, funcional e estética. As protéticas são as preparadas para que as restaurações 
possam servir como retentores ou apoio para próteses fixas e removíveis, podendo ser realizadas 
tanto em dentes afetados quanto em dentes hígidos. Quando realizadas em dentes com coroas 
clínicas parcial ou totalmente destruídas, não deixam de ser também terapêuticas, pois 
reconstroem o dente e funcionam como retentores ou apoio das próteses. 
Segundo Mondelli,5 a profundidade das cavidades está relacionada com a espessura da 
dentina remanescente entre o seu assoalho e a polpa, na dependência do grau de penetração 
das lesões dentárias, o que condiciona preparos cavitários em várias profundidades (Figura 1.11). 
Black1 propôs dois tipos de classificação: uma etiológica baseada nas áreas dos dentes 
suscetíveis à cárie, ou seja, regiões de difícil higienização, divididas conforme a localização 
anatômica: cavidades de cicatrículas e fissuras (Figura 1.12); cavidades de superfícies lisas 
(Figuras 1.13 a 1.16) e, outra, artificial, na qual reuniu cavidades em classes que requerem a 
mesma técnica de instrumentação e restauração, assim descritas: 
•Classe I: cavidades preparadas em regiões de má coalescência de esmalte, cicatrículas e 
fissuras, na face oclusal de pré-molares e molares; 2/3 oclusais da face vestibular dos 
molares e na face lingual dos incisivos superiores; ocasionalmente, na face palatina dos 
molares superiores (Figura 1.12) 
•Classe II: cavidades preparadas nas faces proximais dos pré-molares e molares (Figura 1.13) 
•Classe III: cavidades preparadas nas faces proximais dos incisivos e caninos, sem remoção 
do ângulo incisal (Figura 1.14) 
•Classe IV: cavidades preparadas nas faces proximais dos incisivos e caninos, com remoção 
e restauração do ângulo incisal (Figura 1.15) 
•Classe V: cavidades preparadas no terço gengival, não de cicatrículas, das faces vestibular 
e lingual de todos os dentes (Figura 1.16). 
Observação. As classes II, III, IV e V ocorrem em superfícies lisas. 
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Figura 1.11 Visão esquemática das profundidades 
cavitárias. 1. Superficial. 2. Rasa. 3. Média. 4. Profunda. 5. Bastante profunda.5 
 
Figura 1.12 Cavidades de classe I.1 
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Figura 1.13 Cavidades de classe II.1 
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Figura 1.14 Cavidades de classe III.1 
 
Figura 1.15 Cavidades de classe IV.1 
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11 
 
Figura 1.16 Cavidades de classe V.1 
Classificações complementares à classificação artificial de Black 
Alguns autores, como Howard3 e Simon,7 acrescentam cavidades de classe VI à classificação de 
Black.1 Nessa classe, estariam incluídas as cavidades preparadas nas bordas incisais e nas pontas 
de cúspides (Figura 1.17). Sockwell10 considera ainda como cavidades de classe I aquelas 
preparadas em cicatrículas e fissuras incipientes (de ponto), na face vestibular dos dentes 
anteriores (Figura 1.18). 
Para alguns autores, como Santos,6 não parece adequada a conduta de remoção da 
estrutura dentária sadia para prevenção de futuras cáries, substituindo-a por materiais 
restauradores, sejam eles quais forem. 
Saliente-se que a terapêutica restauradora da cárie dental é apenas um passo que precisa 
ser complementado por outras medidas preventivas importantes para a manutenção da saúde 
oral do paciente, como adotar hábitos alimentares saudáveis, evitando a ingestão de açúcares, e 
ter hábitos higiênicos corretos, entre eles a adequada técnica de escovação, o uso de fio dental 
e a utilização de flúor tópico e nas formas de bochecho. O cirurgião-dentista também deve 
mostrar ao paciente a importância do selamento de fóssulas e fissuras. 
 
Figura 1.17 Cavidade de classe VI de Howard e Simon. 
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Figura 1.18 Cavidade de classe I (de ponto) de Sockwell. 
Classe I 
•Tipo ponto: pré-molares e molares – quando apenas um ponto do sulco principal foi 
atingido pela cárie (Figura 1.19) 
•Tipo risco: pré-molares e molares – quando apenas o sulco principal foi atingido pela cárie 
(Figura 1.20) 
•Tipo olho de cobra: pré-molares inferiores – quando a lesão não atingiu as estruturas de 
reforço do esmalte, ponte de esmalte e cristas marginais (Figura 1.21) 
•Tipo shot gun (tiro de espingarda): molares inferiores – minicavidades nas superfícies 
oclusais dos molares (Figura 1.22). 
 
Figura 1.19 Cavidade de classe I tipo ponto. 
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Figura 1.20 Cavidade de classe I tipo risco. 
 
Figura 1.21 Cavidade de classe I tipo olho de cobra. 
Classe II 
•Slot vertical de Markley:4 pré-molares superiores e inferiores – quando apenas a face 
proximal cariada é incluída na preparação, sem nenhum envolvimento da superfície oclusal 
(Figura 1.23) 
•Tipo túnel: pré-molares e molares – quando apenas a face proximal é envolvida, 
preservando a crista marginal (Figura 1.24). 
Segundo Galan et al.,2 as fraturas de ângulo nos dentes anteriores devem ser classificadas 
separadamente, uma vez que a classe IV é o resultado de uma lesão por cárie com envolvimento 
do ângulo incisal, e a fratura de ângulo resulta de um trauma. Além disso, a técnica de preparo 
da cavidade e a tática restauradora são diferentes para os dois casos. Assim, esses autores 
propuseram uma classificação dividida em seis tipos, tendo em vista o tratamento restaurador, 
de acordo com a extensão das fraturas, sem considerar o envolvimento pulpar (Figura 1.25): 
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Figura 1.22 Cavidade de classe I tipo shot gun. 
 
Figura 1.23 Cavidade tipo slot vertical. 
 
Figura 1.24 Cavidade tipo túnel. 
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Figura 1.25 Classificação das fraturas de dentes anteriores, segundo Galan et al.2 
•Tipo I: ocorre de forma oblíqua na área incisal, envolvendo somente 1/3 no sentido 
mesiodistal e incisocervical 
•Tipo II: ocorre de forma oblíqua na área incisal envolvendo 2/3 no sentido mesiodistal e 
1/3 incisocervical 
•Tipo III: ocorre de forma oblíqua, envolvendo 1/3 no sentido incisocervical e mais de 2/3 
no sentido mesiodistal, sem atingir um dos ângulos incisais 
•Tipo IV: ocorre de forma oblíqua, atingindo mais de 1/3 no sentido incisocervical e 2/3 ou 
mais no sentido mesiodistal 
•Tipo V: ocorre de forma horizontal, paralela à borda incisal, atingindo totalmente o terço 
incisal nos sentidos mesiodistal e incisocervical 
•Tipo VI: ocorre de forma horizontal, paralela à borda incisal, envolvendo o terço médio no 
sentido incisocervical. 
 
Capítulo 2 
Princípios Biomecânicos aplicados aos preparos cavitários 
 
O preparo de cavidades, do ponto de vista terapêutico, é o tratamento biomecânico da cárie e 
de outras lesões dos tecidos duros do dente, pelo qual as estruturas remanescentes recebem 
uma restauração que as proteja, seja resistente e previna a reincidência de cárie. Para isso, alguns 
princípios devem ser seguidos a fim de nortear a execução desse tratamento restaurador, como 
a máxima preservação da estrutura dentária, a retenção da restauração, a resistência estrutural 
tanto dos dentes e como das restaurações, a integridade marginal e a obtenção e preservação de 
saúde pulpar e periodontal. 
Black1 foi o primeiro a idealizar uma sequência lógica de procedimentos para o preparo de 
cavidades. Muitos de seus conceitos são ainda relevantes. Porém, em função da evolução 
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técnico-científica torna-se necessário adequá-los às condições atuais, mantendo, contudo, os 
seus princípios básicos. Entre as evoluções ocorridas estão: o controle da incidência e da 
gravidade da cárie, uma compreensão mais abrangente da lesão, do seu processo evolutivo e a 
possibilidade de detecção precoce dessa doença, além dos progressos significativos de 
tecnologia, instrumentação e aperfeiçoamento dos materiais existentes para restaurar a 
estrutura dentária. Assim, os conceitos de Black2,3 foram aperfeiçoados, mas seus princípios 
preventivos continuam válidos. Por exemplo, até 1970, fazia-se a “extensão preventiva”; 
atualmente faz-se a “prevenção da extensão” durante a instrumentação de uma cavidade.11 
A finalidade de uma sequência de procedimentos é que ela sirva de guia geral, que possibilite 
a racionalização dos preparos cavitários por etapas inter-relacionadas que conduzam ao fim 
almejado. Não constitui, portanto, um conjunto de regras inflexíveis. Os princípios de Black 
podem e devem ser adaptados em função do material restaurador, seja ele direto ou indireto, e 
da individualidade de cada situação clínica. 
Para desenvolver um procedimento ordenado e satisfazer os requisitos das diferentes 
formas cavitárias possíveis, devem ser seguidos princípios específicos para cada tipo de material 
restaurador. 
Os procedimentos para a confecção de uma cavidade evoluíram. No entanto, continuam 
embasados nos princípios preconizados por Black1 em 1908. São eles: 
•Forma de contorno: define a área de superfície do dente a ser incluída no preparo cavitário 
•Remoção da dentina cariada remanescente: procedimento para remover toda a dentina 
cariada que permaneça após as fases prévias do preparo 
•Forma de resistência: característica dada à cavidade para que as estruturas remanescentes 
e a restauração sejam capazes de resistir às forças mastigatórias 
•Forma de retenção: forma dada à cavidade para torná-la capaz de reter a restauração, 
evitando o seu deslocamento 
•Forma de conveniência: etapa que visa possibilitar a instrumentação adequada da cavidade 
e a inserção do material restaurador 
•Acabamento das paredes e margens de esmalte: consiste na remoção dos prismas de 
esmalte fragilizados pelo alisamento das paredes internas de esmalte da cavidade, ou no 
acabamento adequado do ângulo cavossuperficial 
•Limpeza da cavidade: remoção de partículas remanescentes das paredes cavitárias, 
possibilitando a colocação do material restaurador em uma cavidade completamente limpa. 
É importante notar que a sequência de procedimentos pode ser alterada, como, por 
exemplo, no caso de cáries extensas, nas quais a remoção da dentina deve preceder as outras 
etapas do preparo. 
FORMA DE CONTORNO 
A forma de contorno deve englobar todo o tecido cariado e/ou a restauração deficiente a ser 
substituída. 
Alguns princípios básicos devem ser considerados ao se determinar a forma de contorno de 
uma cavidade: 
•Idealmente, todo esmalte sem suporte dentinário deve ser removido ou então, quando 
não fragilizado, apoiado sobre um material adesivo calçador (resina composta ou cimento 
ionomérico) 
•O ângulo cavossuperficial do preparo deve localizar-se em área de relativa resistência à 
cárie e que possibilite correto acabamento das bordas da restauração 
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•Devem ser observadas as diferenças de procedimentos para as cavidades de cicatrículas e 
fissuras e aquelas de superfícies lisas. Cabe salientar que o esmalte dentário é uma estrutura 
friável que pode ou não estar fragilizada. 
Cavidades de cicatrículas e fissuras 
Para o correto planejamento da forma de contorno nessas áreas do dente, deve-se avaliar a 
extensão da cárie, considerando que ela se propaga como dois cones superpostos pelas 
bases,1 na junção amelodentinária; a forma de contorno deve englobar tanto a extensão 
superficial da cárie como a sua propagação ao longo dessa junção (Figura 2.1). As estruturas de 
reforço dos dentes, como cristas marginais, pontes de esmalte, arestas e vertentes de cúspide, 
devem ser preservadas durante o preparo da cavidade, a menos que tenham sido envolvidas pela 
cárie (Figuras 2.1A, 2.2A e D). 
Quando duas cavidades distintas se encontram separadas por uma estrutura sadia de 
menos de 1 mm (Figura 2.2C e F), elas devem ser unidas em uma única cavidade, a fim de eliminar 
essa estrutura dentária enfraquecida. Em caso contrário, essa estrutura deverá ser mantida, 
preparando-se duas cavidades distintas (Figura 2.2B e E). 
Cavidades de superfícies lisas 
O processo carioso emsuperfícies lisas propaga-se mais em extensão do que em profundidade.1 
 
Figura 2.1 Formas de contorno externo (A) e interno (B e C). 
 
Figura 2.2 Formas de contorno em 1o pré-molar inferior e 1o molar superior, com pontes de 
esmalte não atingidas pela cárie e, portanto, não englobadas pelo contorno cavitário (A, B, D e E). 
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Quando as pontes de esmalte estiverem socavadas pela cárie ou ficarem com uma espessura 
menor do que 1,0 mm, após a remoção da lesão cariosa, elas devem ser envolvidas no preparo 
cavitário (C e F). Caso essas estruturas sejam mantidas, devem ser preparadas duas cavidades 
distintas. 
Alguns fatores já citados para o caso das cavidades de cicatrículas e fissuras devem ser 
observados também para a determinação da forma de contorno em cavidades de superfícies 
lisas: 
•A cárie, que nesses casos se propaga como dois cones superpostos, ápice contra base,1 na 
junção amelodentinária, deve ser totalmente incluída no delineamento do contorno (Figura 
2.3) 
•O ângulo cavossuperficial da cavidade deve ser estendido até que seja encontrada uma 
estrutura dental sadia e o preparo possibilite um bom acabamento da margem da 
restauração 
•O esmalte remanescente deve estar idealmente suportado por dentina sã. 
Além dessas considerações, outros fatores influenciam na determinação da forma de 
contorno dessas superfícies: a extensão para gengival (término cervical) e a extensão para 
vestibular e lingual, descritas a seguir. 
Extensão para gengival (término cervical) 
Do ponto de vista clínico, a extensão ideal da parede gengival dos preparos cavitários seria aquela 
que pudesse ser determinada o mais distante possível do tecido gengival. Essa condição facilitaria 
todos os procedimentos operatórios, como acabamento de margem, isolamento do campo 
operatório, adaptação da matriz, remoção de possíveis excessos, moldagens etc. Todavia, essa 
situação ideal não é alcançada em todos os casos, uma vez que a extensão no sentido gengival é 
governada por uma série de fatores abordados a seguir. 
 
Figura 2.3 Extensão cavitária para cárie incipiente (A) e extensa (B) no sentido vestibulolingual. 
Apesar de as lesões cariosas serem de tamanhos diferentes, devido à extensão de conveniência, 
as duas cavidades tornam-se semelhantes. 
Cáries e outros tipos de lesões 
Em função da extensão da cárie e de outros tipos de lesões, a parede gengival da cavidade poderá 
localizar-se supragengivalmente, no nível da gengiva ou subgengivalmente. Em cavidades 
proximais, originadas de cáries incipientes, a localização da parede gengival estará correta 
quando, após a remoção de todo tecido cariado e a realização da extensão para gengival, houver 
uma separação da superfície proximal do dente vizinho de aproximadamente 0,2 a 0,5 mm para 
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amálgama e de 0,5 e 1,0 mm para restaurações indiretas (Figura 2.4). Nos pacientes jovens, o 
término cervical em geral localiza-se subgengivalmente, pois a papila gengival preenche quase 
todo o espaço interproximal (Figura 2.5A); nos pacientes adultos, a parede gengival pode, em 
determinada faixa etária, localizar-se ao nível ou ligeiramente abaixo da gengiva marginal livre, 
porque já ocorreu recessão fisiológica desta (Figura 2.5B); nos pacientes idosos, nos quais a 
recessão é mais pronunciada, a parede gengival pode e deve localizar-se aquém da gengiva 
marginal livre (Figura 2.5C). Eventualmente, e em particular, dependendo da situação clínica, a 
separação da parede gengival com o dente vizinho pode ser conseguida com a planificação dos 
prismas de esmalte pela ação de recortadores de margem gengival. A separação entre os dentes 
na área cervical restabelece a distância biológica horizontal a fim de acomodar a papila 
interdentária, evitando que os segmentos cervicais das restaurações contíguas a comprimam e 
restabelecendo o espaço interdentário cervical para a higienização, e facilitar o acabamento 
interproximal das restaurações. Já em cavidades cariosas extensas ou em casos de lesões cervicais 
secundárias ou reincidentes, ou mesmo em restaurações defeituosas, a localização da margem 
gengival dependerá da remoção total do tecido cariado ou do material restaurador. 
 
Figura 2.4 Extensão de conveniência de 0,2 a 0,5 mm para cavidades para amálgama (A e B) e de 
0,5 a 1,0 mm para restaurações indiretas (C). 
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Figura 2.5 Posição da papila interdental em pacientes jovens (A), adultos (B) e idosos (C). A parede 
gengival, nos três casos, apresenta a mesma extensão. 
Outros fatores ainda devem ser considerados: posição e saúde da área do col, da papila 
interdentária e da crista alveolar, relação entre a crista óssea alveolar e o limite gengival da lesão 
cariosa (espaço ou distância biológica), que deve ser de 1,9 a 3,8 mm (Figura 2.6). Nos casos em 
que apenas a área do col (área não queratinizada, compreendida entre os picos vestibular e 
lingual da papila interdentária) encontra-se ulcerada é indicada sua remoção cirúrgica por meio 
da cunha interproximal. Com essa conduta o tecido mole inflamado é removido e os picos 
vestibular e lingual são aproximados de maneira que a área do col, originariamente côncava, seja 
transformada em área convexa no sentido vestibulolingual e, ao mesmo tempo, seja recoberta 
por epitélio queratinizado. 
Quando a propagação da cárie compromete a distância biológica, vertical e horizontal, além 
da remoção da área inflamada do col, é necessário recuperar esses espaços perdidos por meio 
da osteotomia e/ou osteoplastia ou pela tração do dente. 
 
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Figura 2.6 A. Distâncias normais das estruturas do periodonto com o dente (a: sulco gengival; b: 
epitélio juncional; c: inserção conjuntiva). B. Limite cervical da restauração, respeitando o espaço 
biológico (d). 
Estética 
A estética, principalmente na região anterossuperior da boca, é importante e muitas vezes 
determina a localização subgengival do limite cervical das restaurações diretas, como facetas de 
resina composta, e indiretas, como facetas cerâmicas e coroas. Nesses casos, o limite cervical dos 
preparos deverá ser localizado subgengivalmente, cerca de 0,25 mm a 0,5 mm, a fim de serem 
obtidos melhores resultados estéticos com o mínimo de problemas gengivais. 
Retenção 
Coroas clínicas curtas, pouca estrutura dentária remanescente ou cavidade com paredes axiais 
sem altura satisfatória, que impossibilitam a retenção friccional da restauração, algumas vezes 
determinam a extensão subgengival do limite cervical das restaurações indiretas. Nesses casos, 
este ultrapassa os limites da lesão cariosa, determinando o término cervical da restauração 
subgengivalmente. 
Extensões para vestibular e lingual 
Além de englobar o processo carioso, o término da cavidade deve ser estendido para áreas que 
facilitem o acabamento das bordas da restauração. Quando a cárie for incipiente, após a sua 
remoção as terminações vestibular e lingual da cavidade devem ser estendidas em direção às 
respectivas faces, até que fiquem livres de contato com o dente vizinho. De acordo com esse 
princípio, muitas vezes cáries com diferentes amplitudes e diferentes relações de contato com o 
dente adjacente determinam uma cavidade com extensão semelhante. Esse procedimento visa 
fundamentalmente assegurar o acabamento da cavidade e restaurações mais fáceis de serem 
executadas, além de favorecer a higienização da interface dente-restauração. Segundo Black,1 as 
margens deveriam ser estendidas de0,8 a 1,2 mm do dente contíguo; nas cavidades “modernas” 
essa extensão deve ser de 0,2 a 0,5 mm (Figura 2.4A e B) e nas restaurações fundidas, de 0,5 a 
1,0 mm (Figura 2.4C). 
Segundo Simon,12 a separação entre a cavidade e o dente vizinho para amálgama é 
suficiente quando for possível passar sem dificuldade, entre as margens proximais da cavidade e 
o dente vizinho, a ponta de um explorador no 5. De acordo com Mondelli et al.,7 uma ligeira 
separação, visualmente perceptível, que possibilite a passagem de luz entre o limite periférico 
marginal da caixa proximal e o dente adjacente, é suficiente para atender aos princípios de 
extensão de conveniência, considerando-se as paredes vestibular, lingual e gengival. 
A extensão preventiva, que foi por muito tempo uma das razões para uma ampla separação 
entre a cavidade e o dente vizinho, atualmente passou a ser estabelecida atualmente, de forma 
preventivamente menor, em função da abordagem adotada com relação à doença cárie. Com a 
sistemática adequação do paciente na fase inicial do tratamento, o risco da doença pode ser 
controlado estabelecendo-se primeiramente um tratamento de choque com agentes 
antimicrobianos (pacientes de alto risco) e a orientação sobre mudança de hábitos alimentares e 
higienização. Esses fatores determinariam um paciente com baixa suscetibilidade à cárie e, 
portanto, sem a necessidade da tradicional extensão preventiva das paredes cavitárias, mas sim 
de uma “extensão de conveniência conservadora”. 
Em alguns casos, a ausência de um dente ou a má posição dentária condicionam uma 
relação de contato anormal, o que exige extensões atípicas de paredes proximais (Figura 2.7). 
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Figura 2.7 Restaurações com contornos atípicos em consequência da relação de contato anormal 
entre os dentes, ocasionada pela anomalia de posição do 1o pré-molar superior. 
FORMA DE RESISTÊNCIA 
A forma de resistência baseia-se em princípios mecânicos, pois os movimentos mandibulares dão 
origem a forças que podem provocar a fratura das paredes cavitárias ou do material restaurador. 
Assim, certos princípios relacionados com a estrutura dentária remanescente e com o material 
restaurador devem ser seguidos, a fim de se determinar a forma de resistência. 
De acordo com os conceitos clássicos,1 as paredes circundantes da caixa oclusal para o 
material restaurador amálgama devem ser paralelas entre si e perpendiculares à parede pulpar 
(Figura 2.8A). Paredes pulpar e gengival planas, paralelas entre si e perpendiculares ao eixo 
longitudinal do dente possibilitam melhor distribuição dos esforços mastigatórios. Por outro lado, 
o estabelecimento de paredes circundantes da caixa oclusal paralelas entre si proporcionam 
bordas de restauração com espessura insuficiente para suportar as cargas mastigatórias, 
devendo-se, principalmente no caso de dentes com acentuado grau de inclinação das vertentes 
de cúspides, confeccionar paredes circundantes convergentes para oclusal, a fim de permitir 
maior volume de borda para a restauração. O ângulo cavossuperficial ideal das cavidades para 
amálgama deve ser de 90°, para compensar a baixa resistência de borda desse material. Contudo, 
nem sempre a estrutura dentária possibilita essa angulação, sem que os prismas de esmalte 
marginais das vertentes de cúspides fiquem fragilizados. Nesse caso, são aceitáveis margens com 
pelo menos 70° (Figura 2.8B). 
As paredes vestibular e lingual da caixa proximal em cavidades para amálgama devem ser 
convergentes para oclusal, pois, além de oferecerem uma forma autorretentiva à caixa proximal 
no sentido gêngivo-oclusal, essa convergência preserva maior quantidade de tecido da crista 
marginal e expõe em menor grau a restauração às forças mastigatórias nessa região, que são 
áreas de apoio dos contatos oclusais (Figura 2.23). Vistas por oclusal, as paredes vestibular e 
lingual da caixa proximal devem formar um ângulo de 90° com a superfície externa do dente, de 
maneira a acompanhar a orientação dos prismas de esmalte. Este ângulo de 90° é conseguido 
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por vestibular pela curva reversa de Hollenback. Do lado lingual, essa curva reversa é 
frequentemente menos acentuada (Figura 2.9B). Para restaurações indiretas do 
tipo inlay e onlay, as paredes vestibular e lingual da caixa proximal devem ser divergentes no 
sentido gêngivo-oclusal e axioproximal, em função da resistência de borda que o material 
apresenta e, também, como forma de conveniência para o plano de inserção e remoção da peça 
(Figuras 2.9A e 2.17A). 
No caso de presença de concavidades nas paredes pulpar e axial, após a remoção da cárie, 
convém que elas sejam reconstruídas e/ou regularizadas com bases protetoras adequadas, 
porém com o material restaurador sempre apoiado em dentina (Figuras 2.10 e 2.11). 
 
Figura 2.8 A. Preparo cavitário com paredes circundantes paralelas entre si e perpendiculares à 
parede pulpar. B. Preparo cavitário com paredes convergentes, que proporcionam bordas 
adequadas para o material restaurador (amálgama). 
 
Figura 2.9 A. Preparo cavitário típico de classe II para restauração metálica fundida, cujas paredes 
vestibular e lingual das caixas proximais encontram a superfície externa do dente em ângulo 
agudo. B. Para amálgama a cavidade apresenta a curva reversa de Hollenback, principalmente na 
região vestibular, a fim de formar ângulo reto com a superfície externa do dente. 
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Figura 2.10 Base protetora regularizando a parede pulpar. A. Visão oclusal. B. Corte no sentido 
mesiodistal. 
 
Figura 2.11 Planificação das paredes pulpar e axial com base protetora. 
Idealmente, o esmalte deve ficar apoiado em dentina hígida, a fim de evitar que fique sem 
suporte e, consequentemente, fragilizado, podendo sofrer fratura sob ação dos esforços 
mastigatórios. Quando o apoio da estrutura de esmalte sobre dentina sadia não for possível, o 
esmalte, quando não fragilizado, deverá ser calçado por material com características adesivas 
(resinas compostas e cimentos ionoméricos), ou reduzido e depois protegido por material 
restaurador que apresente propriedades mecânicas satisfatórias para essa finalidade, como 
amálgama ou a própria resina composta (Figura 2.12). 
No caso de amálgama, a profundidade da cavidade deve ser adequada de modo a permitir 
uma espessura mínima de material, suficiente para sua resistência. Se tal princípio não for 
seguido, poderá haver fratura do corpo da restauração. 
Como se percebe, a forma de resistência também está diretamente relacionada com a 
própria resistência do material restaurador, sendo fator preponderante a sua indicação precisa 
para cada caso. Materiais frágeis nas bordas, como o amálgama, exigem restaurações mais 
espessas, que não permitem acabamento marginal em forma de bisel, e sim paredes terminando 
em ângulo reto com a superfície externa do dente. As restaurações de resina composta oferecem 
a possibilidade de proteção às estruturas remanescentes e resistência às forças mastigatórias, 
sem a necessidade de uma espessura mínima de material. 
Deve-se dar atenção à obtenção da forma de resistência dos dentes tratados 
endodonticamente, em virtude de a estrutura dentária remanescente muitas vezes apresentar-
se enfraquecida e/ou quebradiça. Quando enfraquecidas e quebradiças, as cúspides devem ser 
reduzidas pelo preparo da cavidade e cobertas com material restaurador adequado, no caso, 
restauração metálica fundida, cerâmica ou à base de resina, a fim de evitar possíveis fraturas 
durante a mastigação (Figura 2.13). 
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Figura 2.12 A. Preparo conservador proporciona resistência à estrutura dentária e ao material 
restaurador. B. Preparo cavitário para restauração indireta possibilita proteção da estrutura 
dentária remanescente. C. Apoio da estrutura de esmalte com material adesivo, tal como resina 
composta ou cimento ionomérico. 
O ângulo axiopulpar deverá ser arredondado, para diminuir a concentração de esforços 
capazes de provocar a fratura do material restaurador, como por exemplo o caso de amálgama 
em cavidade de classe II (Figura 2.14). 
 
Figura 2.13 Dente despolpado reconstruído internamente (núcleo de preenchimento) e 
restaurado por meio de uma onlay. 
 
Figura 2.14 O ângulo axiopulpar arredondado possibilita maior volume do material restaurador 
(amálgama) e evita concentração de esforços. 
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FORMA DE RETENÇÃO 
As formas de resistência e retenção, apesar de serem consideradas de maneira isolada, em 
termos didáticos, são muitas vezes obtidas simultaneamente. Portanto, todos os princípios que 
regem a forma de resistência são importantes e válidos para a forma de retenção. 
A forma de retenção é obtida mecanicamente pela configuração interna da cavidade 
(inclinação das paredes), por retenções adicionais (sulcos, orifícios, canaletas, pinos metálicos) e 
pelo atrito friccional do material restaurador com as paredes da cavidade, além de adesão 
micromecânica proporcionada pelos sistemas e materiais adesivos. 
A finalidade da forma de retenção é evitar o deslocamento da restauração por: (1) ação das 
forças mastigatórias; (2) tração por alimentos pegajosos; (3) diferença do coeficiente de expansão 
térmica entre o material restaurador e a estrutura dentária, especialmente nos casos das resinas 
restauradoras. 
Tipos de retenção 
Os tipos de retenção incluem: 
•Retenção por atrito do material restaurador 
•Retenções mecânicas adicionais, sulcos, canaletas, orifícios e pinos reforçados com fibras 
e metálicos 
•Retenções micromecânicas, pelo condicionamento ácido do esmalte e da dentina para 
resinas restauradoras. 
A abordagem para obter formas de retenção adequadas difere conforme o tipo de cavidade 
a ser preparada e o sistema restaurador. Quando materiais adesivos como resinas compostas são 
utilizadas, em geral a forma de retenção é definida por retenções micromecânicas e bisel. No 
caso de cimentos de ionômero de vidro, a união química às estruturas dentárias é o principal 
mecanismo de retenção. 
Cavidade simples 
Nas cavidades simples em geral pode-se aplicar o princípio geral enunciado por Black:1 “quando 
a profundidade de uma cavidade for igual ou maior que sua largura vestibulolingual, por si só ela 
será retentiva” (Figura 2.15A). Contudo, no caso de amálgama, se a abertura vestibulolingual for 
maior que a profundidade, deverão ser providenciadas retenções mecânicas adicionais internas 
determinadas em dentina, na base das cúspides (Figura 2.15B) ou, como recomenda 
Markley,6 devem ser preparadas as paredes vestibular e lingual convergentes para oclusal, 
tornando a cavidade autorretentiva (Figura 2.15C). 
 
Figura 2.15 A. Cavidade com paredes paralelas com profundidade maior do que a 
largura. B. Cavidade com retenções na base de cúspides. C. Cavidade com paredes convergentes 
para oclusal. As cavidades A e C são consideradas autorretentivas. 
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Cavidades compostas e complexas 
O problema da retenção nessas cavidades é mais complexo, pois, além das retenções individuais 
de cada caixa, existe interdependência entre elas. Assim, alguns procedimentos poderão ser 
adotados, a fim de se obter a estabilidade da restauração. 
Cauda de andorinha oclusal e sulcos proximais 
A cauda de andorinha representada pela caixa oclusal auxilia a retenção de restaurações de 
cavidade próximo-oclusais (Figura 2.16A), no entanto, do ponto de vista biológico e mesmo da 
resistência da estrutura dentária remanescente, não é vantajosa, como bem salientaram 
Mondelli et al.9 Por outro lado, em cavidades de classe II, próximo-oclusais conservadoras, 
enquanto a cauda de andorinha aumenta em aproximadamente quatro vezes a retenção da 
restauração na cavidade no sentido axioproximal, a confecção de sulcos proximais (Figura 2.16B), 
vestibular e lingual aumenta aproximadamente em dez vezes essa retenção, com a vantagem de 
economizar estrutura dentária,4,8 constituindo um procedimento biomecânico mais 
recomendável. 
 
Figura 2.16 A. Cavidade com cauda de andorinha. B. Cavidade tipo slot vertical e com canaletas 
proximais. 
Inclinação das paredes vestibular e lingual da caixa proximal 
Quando o material restaurador for de inserção direta (amálgama e resina composta), essas 
paredes podem ser convergentes para oclusal e, na região oclusal, a restauração fica menos 
exposta às forças de mastigação (Figura 2.17A). Para amálgama, quando houver necessidade de 
retenções adicionais, estas poderão ser feitas em forma de sulcos ou canaletas nas paredes 
vestibular e lingual da caixa proximal, ou pela inclinação da parede gengival no sentido axiopulpar. 
Nas cavidades para restaurações indiretas tipo inlay e onlay, as paredes devem apresentar 
divergência mínima para oclusal, apenas o suficiente para possibilitar a moldagem e posterior 
eixo de inserção da peça protética ou incrustação (Figura 2.17B). A retentividade para 
restaurações indiretas é promovida pelo embricamento mecânico entre as paredes das 
incrustações e as paredes cavitárias, além da ação do agente cimentante. 
Sulcos proximais 
Recurso retentivo confeccionado à custa das paredes vestibular e lingual da caixa proximal, com 
o objetivo de se evitar o deslocamento lateral da restauração quando da incidência de uma carga 
oclusal (Figura 2.18). De maneira geral, essas retenções são confeccionadas com brocas 
troncocônicas e são efetivas espacialmente para as restaurações de amálgama próximo-oclusais 
(MO ou MOD).7,8 
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Pinos metálicos e reforçados por fibras 
Outro recurso para aumentar a retenção e estabilidade das restaurações feitas em cavidades 
muito extensas, tanto para amálgama (Figura 2.19A) como para restauração metálica fundida 
(Figura 2.20),é o uso de pinos ancorados em dentina. Em dentes tratados endodonticamente e 
que apresentem grande destruição coronária, para obter forma de retenção para restaurações 
diretas e/ou indiretas, podem-se empregar pinos pré-fabricados reforçados com fibras ou 
metálicos (Figura 2.19B). 
 
Figura 2.17 A. Preparo cavitário com paredes expulsivas para restauração indireta. B. Preparo 
cavitário com paredes retentivas para materiais restauradores diretos. 
 
Figura 2.18 Retenção adicional em forma de sulco ou canaleta na caixa proximal. 
 
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Figura 2.19 Retenção adicional: pinos em dentina (A) e nos condutos radiculares (B). 
 
Figura 2.20 Recurso para aumentar a retenção de restaurações metálicas fundidas (pinledge). 
FORMA DE CONVENIÊNCIA 
Esse ato operatório depende das propriedades do material restaurador, dos métodos 
empregados para a confecção da restauração e da localização e extensão da lesão. Assim, para 
restaurações de dentes anteriores, certos passos prévios ao preparo da cavidade, como 
isolamento absoluto do campo operatório e separação dos dentes, são formas de conveniência 
para se obter o controle da saliva e/ou do sangramento gengival, e a retração da gengiva para 
melhor visibilidade e acesso ao campoa ser operado. Quando houver necessidade de aumentar 
a extensão da cavidade, para facilitar a instrumentação, esse acesso, sempre que possível e por 
motivos estéticos, deve ser feito por lingual. 
Nos casos de cárie estritamente proximal em cavidades de classe II, o acesso à lesão 
proximal para instrumentação por meio das faces oclusal ou vestibular, mesmo que estas não 
estejam cariadas, é considerado uma forma de conveniência (Figura 2.21). 
A confecção da parede pulpar inclinada de vestibular para lingual, em pré-molares inferiores 
e da parede axial convexa, em preparos de classe V, acompanhando a superfície externa do 
dente, constitui forma de conveniência biológica, pois evita a exposição pulpar e preserva a 
estrutura dentária (Figura 2.22). 
REMOÇÃO DA DENTINA CARIADA REMANESCENTE 
Quando a cárie é incipiente, a remoção da dentina cariada é concomitante com as outras fases 
do preparo cavitário. No entanto, se permanecer cárie após as fases prévias, somente a porção 
cariada deve ser removida, o que ocasionará uma depressão no assoalho cavitário. Essa 
depressão deverá ser preenchida com uma base protetora adequada até atingir o nível da parede 
de fundo (Figura 2.11), possibilitando distribuição uniforme das forças que incidem sobre a 
restauração. Por outro lado, quando a cárie for extensa e profunda, a remoção poderá ser feita 
antes da delimitação da forma de contorno externa. A progressão da cárie em dentina é 
caracterizada por duas áreas, segundo Sturdevant13 e Mondelli:10 
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30 
 
Figura 2.21 Forma de conveniência: acesso oclusal (A) e acesso à lesão proximal sem 
comprometer a crista marginal (B). 
 
Figura 2.22 Inclinação da parede pulpar em pré-molar inferior (A) e parede axial convexa em 
preparo cavitário de classe V (B e C). 
•Área de dentina profunda afetada: é a dentina desmineralizada, mas não infectada, sem 
presença de microrganismos; essa dentina pode ser preservada e protegida no ato 
operatório 
•Área da dentina infectada: é a dentina mais superficial e significativamente invadida por 
microrganismos e que deve ser removida. 
ACABAMENTO DAS PAREDES E MARGENS DE ESMALTE 
Clinicamente, após a confecção de uma cavidade ou o preparo protético, o esmalte pode 
apresentar-se em três condições: 
•O esmalte sem suporte dentinário, mas não friável, pode ser mantido e calçado com 
materiais adesivos 
•As camadas de esmalte sem suporte dentinário e friáveis devem ser eliminadas durante os 
procedimentos de clivagem e acabamento das paredes adamantinas 
•Os prismas fragilizados da margem do esmalte com e sem suporte que ocorrem no ângulo 
cavossuperficial e se soltam facilmente sob qualquer pressão, devendo ser removidos 
durante o acabamento, seja com a utilização de instrumentos cortantes manuais ou com 
instrumentos rotatórios. 
A finalidade do acabamento das paredes e margens de esmalte é promover a remoção das 
suas irregularidades e prismas de esmalte sem suporte, friáveis e fragilizados deixados pela 
instrumentação inicial, de modo a proporcionar a melhor adaptação marginal possível entre o 
material restaurador e a estrutura dentária. Para tanto, as paredes internas de esmalte são 
alisadas e o ângulo cavossuperficial recebe um tratamento de acordo com o material restaurador 
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a ser empregado, podendo ser biselado ou vivo; porém, deverá ser sempre nítido, liso e uniforme 
(Figura 2.23). 
Esse acabamento pode ser realizado com instrumentos manuais cortantes ou instrumentos 
rotatórios, como brocas multilaminadas, discos de lixa, pontas diamantadas e pedras montadas 
para acabamento. 
 
Figura 2.23 A. Cavidade para amálgama com caixa proximal autorretentiva e ângulo 
cavossuperficial definido e sem bisel. B. Cavidade com paredes divergentes para restauração 
metálica fundida e ângulo cavossuperficial biselado. 
LIMPEZA DA CAVIDADE 
Tendo como base o princípio de que todo dente, antes de ser restaurado, deve apresentar-se 
devidamente limpo e seco, a limpeza da cavidade, último tempo operatório de um preparo 
cavitário, é a remoção de detritos deixados durante a instrumentação, tais como raspas de 
dentina e esmalte, bactérias, pequenos fragmentos abrasivos dos instrumentos rotatórios, óleo 
proveniente dos aparelhos de alta e baixa velocidades etc. Os detritos (ou smear layer) deixados 
sobre a superfície do preparo podem obliterar os canalículos dentinários recém-cortados e 
interferir na adaptação do material restaurador às paredes cavitárias. O procedimento usual para 
se efetuar a limpeza da cavidade é o emprego de jatos de água e de ar, para livrá-la de partículas 
remanescentes do preparo (muito embora esse procedimento só remova as partículas maiores). 
Assim, agentes para a limpeza cavitária como clorexidina, água de hidróxido de cálcio etc. têm 
sido utilizados, mesmo ainda existindo por parte dos pesquisadores e clínicos dúvidas sobre a real 
efetividade de limpeza que esses agentes possam apresentar, bem como sobre o comportamento 
biológico diante do complexo dentinopulpar. Dessa forma, a solução de hidróxido de cálcio é a 
que mais satisfaz os requisitos como agente de limpeza, principalmente pelo aspecto de 
compatibilidade biológica. Francischone et al.5 verificaram que os agentes ácidos fortes foram 
mais efetivos em termos de limpeza; entretanto, não podem ser esquecidos os efeitos deletérios 
ao complexo dentinopulpar em diversos níveis, somando-se às lesões oriundas da lesão cariosa e 
do preparo cavitário. Sendo assim, depois de preparada, toda a cavidade deve ser avaliada quanto 
à sua profundidade e em função dos materiais de proteção e restaurador a serem utilizados, para 
se escolher o agente de limpeza (consultar o livro Proteção do complexo dentinopulpar, de 
Mondelli).10 
 
 
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Dentística Operatória, 2ª edição. Grupo GEN, 2017. 
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Fundamentos da Reabilitação Bucal I 
Prof. Ceres Mendonça | Prof. Thaiane 
Tema: Preparo Cavitário 
 
Materiais e instrumentos necessários 
•Toalha plástica para bancada 
•Pinça clínica 
•Sonda exploradora no 5 
•Espelho clínico plano 
•Contra-ângulo convencional 
•Escova para limpeza de brocas 
•Porta-matriz com matriz de aço de 5,0 mm 
•Ponta diamantada esférica no 1014 
•Broca multilaminada de 30 lâminas nos 7802F e 7404F 
•Colher de dentina no 11 1/2 
•Kit de espátulas para inserção de resina composta 
•Resinas compostas 
•Pontas de borracha para acabamento de resinas compostas 
•Escova de carbeto de silício 
•Pasta de polimento para resinas 
•Disco de feltro para polimento de resinas 
TÉCNICA DE PREPARO 
As resinas compostas, como qualquer outro material restaurador, têm melhor comportamento 
clínico quando as técnicas de preparo cavitário são corretamente seguidas. Além disso, a 
manipulação do material restaurador de acordo com as instruções do fabricante e as técnicas de 
acabamento e polimento apropriadas são fundamentais. 
A situação apresentada neste capítulo representa a normalmente encontrada em casos de 
substituição de restaurações deficientes (Figura 19.1A). Neste caso, a forma de contorno é 
definida pela extensão da restauração a ser substituída. Para isso, pode-se empregar ponta 
diamantada esférica compatível com o tamanho da cavidade. Durante a remoção da restauração 
de resina antiga, pode-se utilizar um instrumento manual com uma colher de dentina para 
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deslocar as porções remanescentes que estão aderidas apenas em dentina. Após a remoção da 
restauração (Figura 19.1B), realiza-se o acabamento das margens com broca multilaminada de 
30 lâminas ou ponta diamantada no 1111 (Figura 19.1C e D). Opcionalmente, este acabamento 
pode ter a forma de um bisel côncavo.6,7 
É importante salientar que, clinicamente, antes de qualquer preparo cavitário, deve-se 
realizar avaliação radiográfica, pulpar e periapical. 
TÉCNICA RESTAURADORA 
Proteção do complexo dentinopulpar 
A aplicação de materiais protetores deve ser realizada em função da profundidade da cavidade a 
ser restaurada. Para cavidades rasas e médias, utiliza-se o adesivo dentinário como selante 
dentinário; em cavidades profundas ou muito profundas, sem evidência de exposição pulpar, o 
cimento de hidróxido de cálcio juntamente com uma sobrebase de cimento ionomérico poderão 
ser indicados.8 Com o advento dos produtos de hidróxido de cálcio fotopolimerizáveis, pode-se 
empregar uma base única de proteção nesses casos. 
 
Figura 19.1 Substituição de restauração insatisfatória. A. Restauração de resina composta manchada para 
simular infiltração marginal e indicação de substituição. B. Cavidade após remoção da restauração 
deficiente empregando ponta diamantada esférica no 1014. C. Acabamento de margens empregando 
broca multilaminada. D. Cavidade após acabamento de margens. 
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No caso específico de trabalho em laboratório, independentemente da profundidade da 
cavidade, mesmo não estando indicada uma base protetora, pode-se empregar cimento de 
hidróxido de cálcio ou ionomérico como treinamento. 
Hibridização do esmalte e da dentina 
Dependendo da aplicação prévia ou não de ácido fosfórico sobre o substrato dentário, os 
adesivos atuais podem ser classificados em convencionais e autocondicionantes. Os adesivos 
convencionais necessitam do condicionamento prévio com ácidos fosfórico e podem ser 
subclassificados de acordo com o número de passos operatórios, sendo de três passos (ácido 
fosfórico, primer e adesivo) e de dois passos (ácido fosfórico e adesivo). Os adesivos 
autocondicionantes apresentam monômeros ácidos em sua composição e dispensam o 
condicionamento ácido. Estes podem ser classificados em adesivos autocondicionantes de dois 
passos (primer acídico e adesivo) e de um passo (todos os componentes em uma única 
solução).2 Ao utilizar adesivos autocondicionantes, uma recomendação é a de que o esmalte seja 
condicionado previamente com ácido fosfórico para que haja melhor interação do adesivo com 
o esmalte. 
Face às diferentes categorias de sistemas adesivos, existem variações técnicas não só quanto 
ao número de passos a ser estabelecido para cada tipo, mas também quanto à manipulação de 
cada etapa.1,4,5 Portanto, é fundamental seguir as instruções do tipo de sistema adesivo e a 
sequência operacional por meio das recomendações do fabricante. 
Neste capítulo, apresentar-se-á a utilização de adesivos convencionais de três passos. No 
caso desses adesivos, os agentes ácidos aplicados à superfície do esmalte dissolvem as 
substâncias inorgânicas dos núcleos dos prismas, criando espaços microscópicos que podem 
atingir até 25 µm de profundidade, após períodos curtos de ataque (15 a 30 segundos). Além de 
criar irregularidades no esmalte, a ação do ácido provoca um aumento na área e na energia de 
superfície do esmalte condicionado, propiciando condições para melhor ligação entre dente e 
resina. Os espaços microscópicos criados no esmalte pela ação do ácido são depois preenchidos 
por ação de capilaridade pela resina fluida do sistema adesivo, formando os tags ou projeções 
resinosas. Em dentina, o condicionamento remove a porção mineral de hidroxiapatita e expõe as 
fibrilas colágenas, possibilitando que os monômeros resinosos e os solventes hidrofílicos 
do primer penetrem ou se difundam pela porção desmineralizada, para posterior infiltração do 
adesivo propriamente dito de modo a estabelecer a camada híbrida ou camada de interdifusão 
entre sistema adesivo e dentina desmineralizada. 
Aplicação do sistema adesivo 
A técnica adesiva que emprega adesivos convencionais de três passos inicia-se pelo 
condicionamento ácido das superfícies dentárias. O ácido geralmente empregado é o fosfórico a 
37%, em gel, cujo tempo de condicionamento é de 30 segundos em esmalte (Figura 19.2A) e 15 
segundos em dentina (Figura 19.2B). O ácido em gel tem a vantagem de possibilitar maior 
controle quanto ao escoamento durante sua aplicação. Após o condicionamento ácido, realiza-
se o tratamento da dentina com o primer (Figura 19.2C), que fundamentalmente favorece a 
adesão por aumentar o umedecimento da superfície (reduzindo o ângulo de contato por sua 
característica hidrofílica), permite a penetração da resina adesiva, proporciona retenções 
micromecânicas na superfície e estabelece ligação com a superfície dentinária tratada.9. 
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Figura 19.2 Técnica de aplicação de sistema adesivo. A. Aplicação de ácido fosfórico em esmalte. B. Após a 
aplicação de ácido fosfórico em esmalte, aplica-se o mesmo ácido na dentina. C. Após a lavagem do ácido, 
remoção do excesso de água e secagem da dentina com papel absorvente, aplica-se o primer. D. Aplicação 
do adesivo. E. Fotoativação do adesivo. F. Cavidade pronta para receber a resina composta. 
Após o período de condicionamento ácido, procede-se à lavagem da área condicionada com 
jatos de água por tempo similar ao do condicionamento. Depois, a cavidade deve ser seca com 
papel absorvente, verificando-se a ocorrência de superfície úmida, sem ressecar a dentina e sem 
excessos de água nos ângulos internos da cavidade.3 
Após a aplicação do primer, realiza-se a evaporação de solventes com seringa tríplice. 
Em seguida, aplica-se uma a duas camadas do adesivo (terceiro frasco do kit do sistema 
adesivo) (Figura 19.2D), que intermediará a união entre o agente de união e a resina composta. 
Na aplicação do agente de união, deve-se ter cuidado para que não ocorra a união com o dente 
adjacente, o que pode ser evitado com a colocação de uma tira de poliéster ou de 
politerafluoretano entre os dentes. A fotoativação deve ser realizada pelo tempo recomendado 
pelo fabricante, sempre com o cuidado para que a ponta do aparelho fotoativador seja 
posicionada o mais próximo possível à superfície, sem, contudo, tocá-la (Figura 19.2E). Após a 
fotoativação, inicia-se a inserção da resina composta (Figura 19.2F). 
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Inserção da resina composta 
Para a inserção da resina composta utiliza-se a técnica incremental. Inicia-se pela inserção de 
porções de resina para simular a dentina. Nesta fase, são inseridos lóbulos correspondentes às 
cúspides que vão até o sulco central (Figura 19.3A e B). Cada lóbulo é fotoativado individualmente 
antes da inserção de um novo lóbulo. Dessa maneira, obtém-se o desenho do sulco principal ao 
finalizar a inserção da resina de dentina (Figura 19.3C). 
 
Figura 19.3 Inserção da resina composta. A. Inicia-se a escultura pela inserção de uma porção de resina 
para simular a dentina.

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