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TCC DAYANE

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A  Importância da  Contação de Histórias na Educação Infantil
 
 
Aurelyssa Kellen, Dayane Gomes, Paloma Oliveira, Soraia Dias, estudantes do curso de Pedagogia, Centro Universitário Estácio de Belo Horizonte
 
Dr.a Renata Garcia Campos Duarte, professora do curso de Pedagogia, Centro Universitário Estácio de Belo Horizonte
renatagcd@yahoo.com.br
RESUMO: A educação Infantil representa um período muito importante na vida das crianças, haja vista que corresponde ao início do processo de escolarização. Podemos considerar que dela depende toda a vida escolar e os processos formativos dos sujeitos. Diante disso, práticas pedagógicas são constantemente visionadas para que se alcance um ensino de qualidade e em níveis satisfatórios de aprendizado. Neste contexto, surge a contação de histórias como um aporte favorável ao desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças. O presente artigo teve como objetivo primordial ressaltar a importância da contação de histórias na Educação Infantil para o desenvolvimento integral das crianças. Avançar na compreensão da importância que essa metodologia encerra para elevar a qualidade do Ensino Infantil justificou a escolha do tema. A metodologia utilizada pautou-se numa revisão bibliográfica, qualitativa e exploratória, que buscou suporte nos estudos de autores diversos que discorrem sobre essa mesma temática. Também foi realizada uma observação de campo e a aplicação de um questionário em uma escola da rede privada. Ao final das reflexões propostas foi possível concluir que a contação de história encerra em si mesma a potencialidade do ensinar e aprender com prazer e ludicidade.
PALAVRAS-CHAVE: Contação de Histórias. Educação Infantil. Aprendizagem.
ABSTRACT: Early childhood education represents a very important period in the lives of children, since it corresponds to the beginning of the schooling process. We can consider that the whole school life and the formative processes of the subjects depend on it. Given this, pedagogical practices are constantly envisioned to achieve quality teaching and satisfactory levels of learning. In this context, storytelling emerges as a favorable contribution to the cognitive, social and emotional development of young learners. The main objective of this article is to emphasize the importance of storytelling in early childhood education for the integral development of children. Advancing in the understanding of the importance of this methodology for raising the quality of early childhood education justified the choice of the theme. The methodology used was based on a bibliographical, qualitative, systematic and exploratory review that sought support in the studies of several authors who discuss the same theme. A field observation and questionnaire were also conducted at a private school located in the Castelo district. At the end of the proposed reflections it w vcas possible to conclude that the storytelling contains in itself the potentiality of teaching and learning with pleasure and playfulness.
 KEYWORDS: Storytelling. Child education. Learning. 
1 INTRODUÇÃO
 
Este trabalho tem como o tema a contação de histórias na Educação Infantil, que é uma fase primordial na vida das crianças, é o primeiro contato com a escola, o inicio do longo processo de ensino e aprendizagem que as acompanharão até a vida adulta. Como compreendem a experiência da escola, nesta etapa do ensino, acredita-se que, irá influenciar na forma com a qual abraçarão os processos educativo que as acompanharão. 
A Educação Infantil também representa uma etapa propícia para se despertar o interesse dos educandos pela leitura, por isso mesmo, as escolas de ensino infantil tem o dever de provocar nas crianças o gosto pela leitura, pela aprendizagem, de forma a contribuir para o desenvolvimento de habilidades e potencialidades diversas. A contação aparece nesse contexto como uma prática, um recurso metodológico eficiente, não apenas para desenvolver o gosto pela leitura, mas também, para impulsionar outras dimensões de aprendizagem da crianças.
A contação de histórias visa estimular, dentre outras habilidades, o interesse da criança pelos processos educativos, despertando a curiosidade, desenvolvendo a criatividade e favorecendo a interação. Também permite que os pequenos lidem com suas emoções e usem a imaginação.
A contação de histórias é uma atividade lúdica, artística e pedagógica podendo estar ao alcance do professor na sala de aula como um ótimo instrumento de trabalho, um recurso importante para o aprendizado do aluno, e consequentemente, para a formação do aluno-leitor.
Algumas ferramentas bem acessíveis podem contribuir com a contação de histórias, como algumas ilustrações, gravuras, desenhos, fantoches e músicas. 
Ao docente compete a sensibilidade de criar estratégias que levem as crianças a terem mais interesse pelas atividades desenvolvidas, inclusive pela leitura, para tanto, é necessário que se conheça os temas que verdadeiramente podem contribuir para despertar o gosto e o prazer pelos momentos de aprendizado.
 Segundo Abramovich:
Para contar uma história é preciso saber como se faz, afinal podem se descobrir sons e palavras novas, e por isso é importante que se tenha uma metodologia específica. É preciso que quem conte, crie um clima de envolvimento, de encanto, e saiba dar pausas necessárias para que a imaginação da criança possa ir além e construir seu cenário, visualizar seus monstros, criar os seus dragões, adentrar pela sua floresta, vestir a princesa com a roupa que está inventando, pensar na cara do rei... e tantas outras coisas mais. (ABRAMOVICH, 1994, p. 20).
A contação de histórias vai além do falar e ouvir, envolve o imaginário das crianças, que podem desenvolver suas habilidades e capacidades cognitivas para perceber diferenças, e semelhanças nas histórias lidando, constantemente com suas emoções e socialização no meio em que vive. Nesse sentido, procuramos saber se essas crianças estão sendo levadas a compreender seu mundo e suas aflições interiores.      
Segundo Lázaro e Beauchamp (2008), no Brasil são poucas as crianças que têm o hábito de ler. Segundo esses autores:
A maior parte da população   somente têm o primeiro contato com a literatura quando ingressam nas escolas. Com isso, a leitura já torna-se obrigação e deixa de ser um ato prazeroso, muita das vezes, devido a falta de formação dos docentes para trabalharem com a literatura. (LÁZARO; BEAUCHAMP, 2008, p. 32).
Assim, na Educação Infantil observa-se que as crianças geralmente, apresentam um novo comportamento em relação a contação de histórias, sempre de envolvimento e interesse. A contação de história atua então mudando pensamentos e posturas frente às dificuldades que vão surgindo no decorrer da vida escolar. Os professores deverão aplicar cotidianamente a leitura em sala de aula, criando várias alternativas para o desenvolvimento da criança através de práticas de trabalho com a leitura e contação de histórias, instigando a criança a produzir vários fins para aquela história contada.
Diante do exposto, esse estudo pretende problematizar e investigar, se  nas escolas, a contação de histórias é, de fato, considerada uma prática pedagógica, bem como, analisar se os professores estão aptos a desenvolvê-la. Ademais, busca-se identificar o que está sendo feito para melhor desempenho do docente na sala de aula em relação a contação de histórias, analisar os diferentes usos da contação de histórias na escola, e identificar as razões dos professores não utilizarem essa prática, verificando quais histórias estão sendo contadas.
	
 Contudo, o nosso objetivo é acrescentar informações para contribuir na contação de histórias, que possam  auxiliam no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil.
A Educação Infantil, ambiente no qual a pesquisa será desenvolvida, consiste na educação de crianças, com idades entre 0 e 5 anos. Nesse tipo de educação, as crianças são conduzidas ao aprendizado através de atividades lúdicas, brincadeirase jogos, recursos esses que levaram a exercitar suas capacidades e potencialidades emocionais, sociais, físicas, motoras, cognitivas e a fazer explorações, experimentações e descobertas. É ministrada em estabelecimentos educativos divididos nas modalidades creches e pré-escolas, sendo obrigatória a partir dos quatro anos de idade. Pode ocorrer em instituições privadas, contudo é um direito da criança que deve ser ofertado de modo gratuito pelo Estado.
É uma fase ideal para a formação do interesse pela leitura, pois nesta fase são formados os hábitos da criança. As escolas de Educação Infantil são um local onde as crianças interagem socialmente, recebendo influências socioculturais para o desenvolvimento da aprendizagem. Segundo Abramovich (1989), é através de uma história que se podem descobrir:”... outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica. É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo”.
Como as tecnologias estão cada vez mais acessíveis para as crianças, através de tabletes, celulares e outros e as informações circulando em um ritmo acelerado abrangendo diferentes classes sociais, os livros estão sendo deixados de lado, as histórias esquecidas, o que torna um desafio para o educador fazer com que as crianças em idade escolar tomem gosto pela leitura. Desse modo, há de se pensar no comportamento do educador em relação a esse desafio.
A oralidade também é muito importante na Educação Infantil, enriquecendo a comunicação e a expressão, uma vez que as crianças fazem uso da linguagem a todo o momento, que ajuda e favorece a interação social.
Assim sendo, pode-se afirmar que o tema pesquisado e academicamente muito importante, visto que, desde crianças somos impulsionados para a resolução de conflitos, a interagir com o mundo exigente onde o domínio a linguagem representa uma ideia para a inclusão social. Neste sentido, é muito importante frisar que a contação de histórias permite que se desenvolva desde a infância aspectos da oralidade, da linguagem, da comunicação, da criatividade e do senso crítico. 
[...] É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões (como as personagens fizeram [...]. É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos-dum jeito ou de outro - através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo) [...] É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança) [...] e, assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas [...]. (ABRAMOVICH, 1997, p. 17).
Colocando as práticas da contação de histórias em ação para melhor entendimento das crianças no seu desenvolvimento e aprendizagem espera-se alcançar professores mais capacitados e mais envolvidos com o processo de contação de histórias nas escolas.  Teremos, assim, mais profissionais instruídos e capacitados para se relacionarem em todos os âmbitos da sociedade. 
O presente artigo teve como objetivo primordial ressaltar a importância da contação de histórias na Educação Infantil para o desenvolvimento integral das crianças. Avançar na compreensão da importância que essa metodologia contribui para elevar a qualidade do ensino infantil, justificou a escolha do tema. Pretendeu-se acrescentar informações que possam contribuir efetivamente para o processo de ensino-aprendizagem das crianças.       
A metodologia utilizada frisou-se em questionário, observação e uma pesquisa qualitativa no ambiente escolar.                                                                                                          
Para tanto, foi realizada visita em uma escola da rede privada, a qual tem como público alunos oriundos da classe média. O bairro é relativamente novo e está bem localizado, próximo às grandes vias da região da Pampulha. Atualmente, essa unidade oferece Educação Infantil e Ensino Fundamental.Esclarecendo a pesquisa qualitativa, segundo Triviños:
A pesquisa qualitativa é conhecida também como "estudo de campo", "estudo qualitativo", "interacionismo simbólico", "perspectiva interna", "interpretativa", "etnometodologia", "ecológica", "descritiva", "observação participante", "entrevista qualitativa", "abordagem de estudo de caso", "pesquisa participante", "pesquisa fenomenológica", "pesquisa-ação", "pesquisa naturalista", "entrevista em profundidade", "pesquisa qualitativa e fenomenológica", e outras [...]. Sob esses nomes, em geral, não obstante, devemos estar alertas em relação, pelo menos, a dois aspectos. Alguns desses enfoques rejeitam total ou parcialmente o ponto de vista quantitativo na pesquisa educacional; e outros denunciam, claramente, os suportes teóricos sobre os quais elaboraram seus postulados interpretativos da realidade. (TRIVIÑOS, 1987, p. 124).
  
A fim de alcançar e averiguar se a prática de contação de histórias é uma constante nessa escola e quais os resultados obtidos com a atividade em questão.  A pesquisa aconteceu dias da semana estipulados pela própria escola de acordo com o planejamento anual. Além disso, a entrevista foi realizada com uma professora no intuito de saber se utiliza e como é o processo de contação de histórias.
Num primeiro momento, procurou-se contextualizar a Educação Infantil e a relação desta com a contação de histórias. Num segundo momento, foi feito uma breve consideração sobre a Educação Infantil e algumas de suas principais características. Posteriormente, foi retratado aspectos referentes a contação de histórias como ferramenta metodológica eficaz a ser implementada na aprendizagem das crianças, passou-se também pela compreensão do lúdico como aspecto primordial para o processo educativo das crianças. Num terceiro momento da contação de histórias representa para as crianças instantes de encantamento e magia onde geralmente aprendem brincando.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
 
2.1 Educação Infantil: breves considerações
A educação infantil foi integrada a Educação Básica a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) e, se caracteriza, sobretudo, por se tratar da primeira etapa da escolarização das crianças, primeira etapa de sua formação.
Conforme estabelecido no artigo 29: “ A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.”
O Ensino Infantil é um direito fundamental e social assegurado pela Constituição Federal brasileira a todas as crianças sem nenhuma distinção de cor, etnia, sexo, déficit físico ou mental, classe social e origem geográfica. Representa no presente século um avanço na educação das crianças, haja vista que, nas sociedades antigas era comum que os pais decidissem a vida, o destino de seus filhos livrementes. Há relatos na história de casos em que os pais vendiam, matavam ou abandonavam suas crianças em decorrência de problemas mentais, físicos, ou por serem meninas. Foi com o avanço do cristianismo que essa realidade começou a mudar. A partir da interferência da igreja e da doutrinação que a sociedade começou a pensar melhor na forma de se tratar e educar as crianças.
Importante pontuar que a Educação Infantil é o primeiro contato da criança com a sociedade fora do ambiente familiar. Trata-se da primeira etapa da educação básica e compreende dois segmentos: creche (0 a 3 anos) e pré escola (4 a 5 anos e 11 meses). A legislação torna obrigatório o ensino das crianças a partir dos 4 anos sendo um dever do estado, disponibilizar espaço e profissionais de forma pública para atendê-las.
No Brasil, com a crescente industrialização na década de 70. As mulheresoperárias começaram a lutar por um espaço onde pudessem deixar seus filhos enquanto trabalhavam nas fábricas, contudo, somente a partir da Constituição de 1988 que a Educação Infantil foi reconhecida como sendo direito fundamental das crianças. Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA- Lei federal 8069/90) discorre sobre os direitos específicos das crianças não limitados apenas no ambiente familiar.
Em 1996, mais um passo é dado historicamente em valorização do ensino infantil, é implementada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), considerada uma lei maior. Diante dela, o Ministério da Educação em consonância sociais, define a política nacional para educação infantil.
 Atualmente, a educação Infantil representa uma etapa crucial no processo de formação integral das crianças. É nessa fase que elas começam a interagir com a sociedade além do convívio familiar. Nesta fase são levadas a desenvolver habilidades básicas necessárias a todos os indivíduos, aprendem a lidar com a linguagem oral e escrita dando início ao processo de letramento. Podemos considerar, nesse contexto, que na medida em que a criança desenvolve capacidade linguística, começa a expressar de outra maneira, nesse instante, os aspectos motores, sociais e emocionais se formam, consequentemente, no desenvolvimento cognitivo.
Através das brincadeiras, dos jogos e do lúdico as crianças vão descobrindo um mundo de novas experiências, de socialização, de aprendizagem, desenvolvendo a autonomia, senso crítico, reflexivo, tornando-se cidadão e sujeitos de sua própria história. Dentre essas possibilidades de oportunizar a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças encontra-se a contação de histórias.
 
2.2 Contação de Histórias
 
A contação de histórias é uma arte que ganha um espaço incalculável como instrumento metodológico no processo de ensino e aprendizagem das crianças, sobretudo, por conter um grande potencial lúdico. Ao contar histórias passa-se a compreensão de várias possibilidades, ou seja, é possível aguçar o imaginário e ao mesmo tempo contribuir para formulação dos pensamentos, tal qual nas escolas que são verdadeiros instrumentos de sabedoria e formação do caráter. Com a globalização deflagrou uma expansão dos recursos imensuráveis, a linguagem falada foi sendo substituída pela tecnologia, contudo, contraditoriamente, surgiu a necessidade do resgate de valores tradicionais, valores inerentes à natureza humana: a proximidade, o contato, o ouvir de histórias, as viagens imaginárias.
Os contos passaram a ganhar força e nas escolas a contação de histórias começou a ser implementada no início da vida escolar. É inegável que o hábito de ouvir histórias desde os primeiros anos de vida contribuiu para que a criança desenvolva sua própria identidade, estabelecendo uma relação de troca entre quem está contando a história e aquele que está ouvindo. “Contar histórias é uma arte porque traz significações ao propor um diálogo entre as diferentes dimensões do ser.” (BUSATTO, 2003, p. 10).
Assim toda contação de histórias visa uma forma de interação cujo o objetivo principal é o de ,estimular a imaginação e também divertir deixando o ouvinte aguçar sua imaginação causando vários tipos de sentimentos sobre aquele enredo.
         	
[...] contar histórias é fermento para o imaginário. Elas nascem no coração e, poeticamente circulando, se espalham por todos os sentidos devaneando, gateando, até chegar ao imaginário. O coração é o grande aliado da imaginação nesse processo de produção de imagens significativas. Com o coração, a gente sente e vê com os olhos internos as imagens que nos fazem bem. (BUSATTO, 2006, p. 58-59).
 
Ao contar uma história, independente dos tipos de ouvintes tais como crianças de várias idades, pode-se atingir objetivos diversos, alguns poderão expor interesses pessoais, outros desenvolver o raciocínio, a sensibilidade e até mesmo formar novos conceitos, aumentando o interesse pela escola, pela aprendizagem, deflagrando a auto identificação, contribuindo para as descobertas de  talentos através de teatros, encenações, que possibilitam uma direção profissional futura.
A história ao ser contada agrada a todas as idades e classes sociais, independentemente de ser na forma escrita ou oral atende a todos. Contar histórias para as crianças permite conquistas, no mínimo, nos planos psicológico, pedagógico, histórico, social, cultural e estético. (SISTO, 2005, p.01). 
 
O pilar nessas fábulas é abordar diferentes linguagens das crianças possibilitando trabalhar com diversas linguagens, o que é inerente a toda contação de histórias. Sobre isso afirma Fanny Abramovich:
As histórias têm como valor específico o desenvolvimento das  idéias, e cada vez que elas são contadas acrescentam às crianças novos conhecimentos. O ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a mesma história ou outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto! (ABRAMOVICH, 2001, p. 23).
A história contada abraça a capacidade de contribuir para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. Estudos sobre essas práticas metodológicas apontam que a contação de histórias impacta diretamente no desenvolvimento das crianças, por ser uma atividade, educativa, afetiva, e igualmente recreativa, levando-as a aprender com prazer, ampliando horizontes,alimentando a criatividade. Pode influenciar no desenvolvimento da linguagem infantil na medida em que é caracterizada pela interação sociocultural. Esse desenvolvimento das crianças é construído de forma interna através da interação com outras crianças, ou seja, ao contar uma história de forma oral cria-se uma maior interatividade entre as crianças, gerando assim, um ato coletivo o qual todas as formas e pensamentos vão ser compartilhadas através de gestos e plano social.  Contar oralmente uma história “... está relacionado ao reunir, ao criar intimidade, ao ato de entrega coletiva. É um ato agregador de pessoas; é o exercício do encontro - consigo, com os outros, com o universo imaginário, com a realidade, por extensão! (SISTO, 2005, p. 144).
Além disso, a criança desenvolve várias formas importantes de aprendizado tanto físico-motor, devido à manipulação do corpo, quanto da voz em que ouve e repete as histórias. Através da história contada a criança vive o personagem de seu imaginário e, de acordo com o que foi dito anteriormente, a criança passa a fazer coisas inspiradas pelo o que foi ouvido nas histórias narradas, trazendo um desenvolvimento sistemático, ou seja, a criança torna-se capaz de pular, correr, rolar, espreguiçar, deitar, bater palmas, encenar trechos. Também torna-se apta a imitar sons com a boca, com seu corpo.
 
Nessa perspectiva, cabe ao professor narrador, buscar uma forma lúdica de instigar suas crianças a imaginar, a tentar. Outro fator que valem ser  mencionados é que as histórias estimulam as crianças a adquirir a leitura.
 “ Ah! Como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias. Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo…” (ABRAMOVICH, 2001, p. 16).
Importante frisar que o professor (contador) ao escolher uma história deve-se observar quais as características das crianças ouvintes  atentando para que esta seja adequada, que conserve um mistério, um encanto, algo que a torne significativa para suas crianças. Na contação de histórias deve-se atentar para o uso de técnicas eficientes que contemplem a magia das histórias tal qual a dos gestos durante a contação, a utilização da linguagem compatível com o meio ao qual está narrando a história, o tom de voz (moderado),a posição corporal adequada e a transmissão conveniente a história.
 
2.3 A importância do lúdico para a infância
A criança inicia o processo de adaptação social tendo como base a ludicidade. A partir daí diferentes métodos são utilizadosa fim de deflagrar o processo de ensino e aprendizagem de maneira satisfatória. Nesse contexto, as brincadeiras, os jogos e contação de histórias funciona como um excelente  recurso metodológico que através do lúdico proporciona uma aprendizagem autêntica e natural.Conforme salienta Fortuna (2000, p. 149): 
A ludicidade é um fazer humano mais amplo, que se relaciona não apenas à presença das brincadeiras ou jogos mas também a um sentimento, atitude do sujeito envolvido na ação, que se refere a um prazer de celebração em função do envolvimento genuíno com a atividade, a sensação de plenitude que acompanha as coisas significativas e verdadeiras.
Rodrigues (2005) assevera que ser criança é construir uma identidade autônoma, é desenvolver e expressar emoções, é manifestar necessidades, desenvolver uma singularidade, aprender a socializar-se numa esfera social mais ampla, é, inclusive ser capaz de estabelecer uma compreensão própria do mundo, utilizar linguagens diferentes para se comunicar. Ser criança é ter direito à educação, ao brincar e ao interagir com a sociedade. 
Podemos considerar que através das brincadeiras, dos jogos e das histórias que escutam, as crianças começam a formar teias de relações entre elas e o mundo que as rodeia. Para elas, o ato de brincar representa um momento de novas descobertas, de experimentações, de formulação de ideias e pensamentos, criação e aprendizado com prazer. 
A contação de histórias é um momento de aprendizagem onde o aspecto lúdico assume a potencialidade de conquistar a atenção e interesse das crianças. Outros aspectos relevante a ser mencionado é que o ato de brincar oportuniza também o desenvolvimento cognitivo e social da criança representando uma fonte de sabedoria e descobertas.
Enquanto brinca a criança  faz de conta, imagina, supera medos, usa a criatividade, o senso crítico desenvolve autonomia. O lúdico tem, enfim, a capacidade de envolvê-las nas atividades, mostrando a forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo da qual fazem parte.  	
De certa forma, partimos do pressuposto que as crianças que ouvem e imaginam as histórias, são leitores, é aí que reside a ludicidade na arte de contar histórias.
Como explicita Villardi (1999, p. 81): “Se a criança brinca, ela também é capaz de descobrir o lado lúdico do livro, encantando-se com as surpresas que lhe estão reservadas a cada virar de página.” Sendo assim, quanto mais cedo a criança tiver contato com livros, melhor; e quanto mais for capaz de ver no livro um grande brinquedo, mais fortes serão, no futuro, seus vínculos com a ludicidade.
3 ANÁLISE DE DADOS
Neste capítulo iremos apresentar os resultados de análise dos conteúdos que foram observados na pesquisa de campo. A seguir apresenta-se as técnicas que foram utilizadas pela professora no período de pesquisa.
Foi realizada a entrevista com a professora Aline, 54 anos,  psicopedagoga, kid coaching e Coaching. Tem o “Curso das Histórias” com técnicas e estratégias (como contar histórias e técnicas)  na sua comunicação com o coaching Flávia Gama.
 Segundo a professora Aline ,ela utiliza para a contação de histórias e elas são contadas diariamente na rodinha, dentro da sala de aula.  A mesma utiliza fantoches, fantasias (chapéu, capas de personagens…), multimídia e vídeo, por achar importante utilizar essa prática de contação de histórias, cita que é fundamental esse momento de contação de histórias para as crianças. As histórias inspiram, levam transformação para a vida das crianças unindo o encantamento, a magia e a alegria…
Aline conta histórias na sala de aula, na biblioteca e na grama do parquinho, utilizando vários ambientes da escola. As crianças ficam encantadas com o mundo das histórias, ficam mais leves e se conectam de forma profunda. Há um projeto que envolve a família: “contador de histórias”, a criança escolhe um livro e tem um prazo de 7 dias úteis para contar a história para seus colegas, nesse projeto conta com o envolvimento da família. Em outro momento  a criança, semanalmente escolhe um livro na biblioteca e leva para a casa onde faz a leitura juntamente com os pais. As literaturas a serem abordadas geralmente são os clássicos e outras histórias que se conectam com o tema a ser estudado. No mês é realizado a contação de histórias 18 vezes, ( às 2°,3°, 5° e 6° feiras)
Existe também um projeto que se chama “troca lê troca” onde são utilizamos livros literários da biblioteca que as crianças utilizam e trocam entre si. Esse projeto é desenvolvido com as turmas do 2° período exclusivamente “....uma ciranda de livros”. Cada semana um livro diferente é trabalhado sobre o formato de atividades, quer dizer, contação de histórias acontece acompanhada da dramatização e no final as crianças recebem uma lembrancinha referente a contação de histórias. Segundo Aline, cada curso tem seus projetos voltados para a literatura infantil. “ Através das histórias a criança se apropria do empoderamento, autoconhecimento, autoconfiança e melhora sua autoestima consideravelmente. Lista-se abaixo algumas atividades observadas durante as visitas:
Atividade 1: A professora propôs que as crianças sentassem em roda e contou a história: “cachinhos dourados”. Logo depois de contar a história ela fez os seguintes questionamentos: 
· Podemos entrar sem sermos convidados na casa das pessoas?
· Como era a cama de cada um deles?
· Como era o prato de cada um deles?
· Como era a cama de cada um deles?
Resultados: Por meio dessas perguntas pode-se observar o desenvolvimento das crianças na forma oral, na interpretação, e de que forma ela identifica as sequências de fatos e perguntas ali propostas. O senso crítico desde cedo é importante para despertar na criança um ponto de vista, a capacidade de dar opiniões e sugestões para cada fábula apreciando valores morais e éticos.
Atividade 2: Em outro dia de observação a professora trabalhou com a história “ Menina bonita do laço de fita”. Levou as crianças para a biblioteca. Logo depois da leitura a professora mostra a capa do livro fazendo questionamento sobre a ilustração. 
Resultados: Espera-se com isso, que as crianças aprendam sobre os valores e características herdados pelos pais, pela família, que compreendam a noção de respeito com o outro e consigo mesmas. 
Com isso, ela pôde ensinar as diferenças que cada criança apresenta. Explorou bastante e citou sobre as características que herdamos dos nossos pais. Levando em conta o respeito e a aceitação de si mesmo e para com o outro.
 
Atividade 3:  Aline contou para as crianças uma história o qual o título é “ Qual é a cor do amor?
No primeiro momento ela levou as crianças para a área verde do parquinho e perguntou a elas; o que é o amor? As crianças foram respondendo de acordo com o conhecimento de cada uma. 
Resultados: Foi trabalhado as diferenças raciais e culturais. As crianças que não importa a cor, costumes e diferenças de cada um, o amor é todas as cores, o amor está em todos os lugares! 
 
Nas três atividades a professora Aline relatou que as crianças ficaram encantadas com as histórias, atentas e curiosas para o desfecho de cada fábula. 
“Contar oralmente uma história está relacionado ao reunir, ao criar intimidade, ao ato de entrega coletiva. É um ato agregador de pessoas; é o exercício do encontro - consigo, com os outros, com o universo imaginário, com a realidade, por extensão! (SISTO, 2005,p. 02)”. 
 
Mediante a observação e a entrevista realizada, ainda que precise ser melhorada, pode-se afirmar que nesta Instituição a contação de histórias é uma prática altamente valorizada e com resultados significativos.  
Contudo, é muito importante o ato de contar histórias. Pois ao ouvir uma história a criança pode refletir em relação ao seu próprio meio de convivência.  Segundo, Janine Rodrigues, “ao ouvir ou ler uma história a criança pode fazer associações das suas próprias vivências. O processo de identificação com as situações presentes nas histórias faz com que a criança desenvolva meios de lidar com suas dificuldades, sentimentos e emoções”.As observações feitas contribuíram para reforçar a ideia de que a contação de histórias pode e deve ser utilizada pedagogicamente para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Infelizmente, sabe-se que essa prática não é uma realidade que se encontra em todas as escolas voltadas para o ensino infantil. No caso da pesquisa realizada, por se tratar de uma Instituição privada podemos intuir que a professora recebe incentivos diversos para implementar a contação de histórias cotidianamente com suas crianças o que, obviamente, lhe confere interesse e êxito em suas atividades.
A pesquisa possibilitou que se concluísse que o lúdico e o mágico da contação de história vai muito além da prática de uma atividade corriqueira, na medida em que se percebeu que as crianças manifestaram sentimentos, imaginação, satisfação, prazer e alegria. 
Entendemos que o lúdico e o mágico da contação de história vai muito além do que formação, envolve sentimento, imaginação, fantasia, esforço e força de vontade. Segundo Busatto (2003), esse caminho didático permitirá ao aluno valorizar a identidade cultural e a respeitar a multiplicidade de culturas e a diversidade inerente a elas. Sendo assim, nada impede que uma professora envolva suas crianças neste mundo cheio de significados e valores para seu futuro.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista que desde que nascemos já somos seres pensantes e que o meio onde vivemos e as experiências que passamos influenciam diretamente na nossa formação humana, a prática da contação de histórias se faz muito importante na faixa etária de 0 a 5 anos por proporcionar às crianças o desenvolvimento do pensamento, imaginação, vocabulário e despertar desde muito cedo o interesse pela  leitura. 
Com o objetivo de investigar se nas escolas a contação de histórias é, de fato considerada uma prática pedagógica, analisando a aptidão dos professores em realizar essa prática e também  saber o que as escolas estão fazendo para que isso aconteça, nossa pesquisa foi baseada em autores que dominam o assunto, em observação direta de uma instituição privada, onde percebeu-se um importante instrumento metodológico utilizado pela professora. 
É consensual entre os educadores e pesquisadores da área de educação infantil que que nesta fase do ensino básico, a oralidade é muito importante para enriquecer a comunicação e expressão da criança, e o ato de contar histórias pode ser uma ferramenta preponderante para esse momento. Professores criativos, e que tenham hábito de contar histórias contribuem muito para o desenvolvimento dos alunos, pois, as histórias despertam nas crianças a curiosidade, enriquecimento de vocabulário, imaginação, interesse pela leitura.
Este trabalho de pesquisa possibilitou que fosse percebido não só a importância da contação de histórias em salas de aula, mas também, que o profissional da educação infantil deve se colocar como ser atuante, criativo e inovador. Como ressalta Abramovich (2001, p.15):  “...é essencial que o professor tenha domínio sobre as histórias, contos e fábulas que lê, importante que ao narrar, transmita emoção e as formas que a ilustração apresenta”.
Através deste trabalho, espera-se poder contribuir para novas descobertas, bem como, para o aperfeiçoamento de contação de histórias no ensino infantil, de modo que se possa maximizar o desenvolvimento de uma educação pedagógica inovadora, voltada para o mundo mágico da leitura.
REFERÊNCIAS
 ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
_____________. Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5 ed. São Paulo: Scipione, 2001.
 BUSATTO, Cléo. Contar e encantar – pequenos segredos da narrativa. Petrópolis: Vozes, 2003.
_________. Cléo. A Arte de contar histórias no século XXI: tradição e ciberespaço. Petrópolis: Vozes, 2006 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996.
CASTRO. Gisely Moreira. Contação de histórias na educação infantil. Disponível em:< https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/pedagogia/contacao-de-historias-na-/56729> Acesso em: 31 de outubro de 2019.
 
FORTUNA, Tânia Ramos. Sala de Aula é Lugar de Brincar? In: XAVIER, M.L. M. e 
DALLA ZEN, M. I. H. (org) Planejamento em destaque: análises menos convencionais. Porto Alegre: Mediação, 2000. (Cadernos de Educação Básica, 6). 147-164.
PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993
LÁZARO, A.; BEAUCHAMP, J. A Escola e a formação de leitores. In: AMORIM, G. (Org.). Retratos da leitura no Brasil. São Paulo: Imp. Oficial/Instituto Pró-Livro, 2008. p. 73-94.
 
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SISTO, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. Positivo. 2ª Ed. Curitiba Série: Práticas educativas, 2005.
 
VIGOTSKI, L.S. Pensamento e linguagem. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999
 
 
VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler: formando leitores para a vida inteira. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.
ANEXO:  QUESTIONÁRIO
1- Qual o seu nome
2- Qual a sua idade?
3- Qual a sua formação?
4- Utiliza a contação de histórias nas salas de aula?8- Acha importante a prática para o desenvolvimento da criança?
5- De que forma é utilizada?
6- Quais recursos são utilizados na sala de aula em relação a contação de histórias?
7- Considera importante utilizar essa prática pedagógica?
9-  	Possui algum local específico para a contação de histórias?
10-  Percebe o envolvimento e interesse das crianças em relação a contação de histórias?
11- A família trabalha junto a escola nesse aspecto da contação de histórias?
12- Quais são as literaturas abordadas na contação de histórias?
13- Quantas vezes no mês é realizada a contação de histórias?
14- Já participou de algum treinamento destinado aos professores sobre contação de histórias?
15- Já foi realizado algum projeto na escola sobre contação de histórias?
16-Quando ocorrem as práticas desses projetos todos da escola se envolvem, ou só alguns professores?

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