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Sintetizamos abaixo as alterações legislativas que, no nosso entendimento, possuem mais chances de serem cobradas no próximo Exame da OAB. Bons estudos! ÉTICA PROFISSIONAL Lei nº 14.039/2020 - Acrescentou o art. 3º-A ao EAOAB, dispondo que os serviços profissionais de advogado são, por natureza, também singulares, o que facilita a contratação direta (sem licitação) de advogado pela Administração Pública, bastando apenas a demonstração da notória especialização do profissional. Vejamos a nova redação do art. 3-A do EAOAB: Art. 3º-A. Os serviços profissionais de advogado são, por sua natureza, técnicos e singulares, quando comprovada sua notória especialização, nos termos da lei. Parágrafo único. Considera-se notória especialização o profissional ou a sociedade de advogados cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. Lei nº 13.869/2019 (Nova Lei de Abuso de Autoridade): Duas importantes considerações em relação à Ética Profissional: 1) Acrescentou o art. 7º-B ao EAOAB, estabelecendo que constitui crime a violação a direito ou prerrogativa prevista nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º do Estatuto. As prerrogativas citadas no tipo penal são as seguintes: II. A inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia; III. Comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis; IV. Ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB; V. Não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB (Vide ADIN 1.127-8) e, na sua falta, em prisão domiciliar. Com relação ao inciso II, importante lembrar que o próprio § 6º do art. 7º do EAOAB estabelece que a inviolabilidade não é absoluta, já que “presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes”. XXXII EXAME DA OAB ALTERAÇÕES IMPORTANTES 2) Estabeleceu que é crime de abuso de autoridade (art. 32), negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa (crime de menor potencial ofensivo). De acordo com o EAOAB, o advogado tem dire i to a “examinar , em qualquer ins t ituição responsável por conduzir invest igação, mesmo sem procuração, autos de f lagrante e de invest igações de qualquer natureza, f indos ou em andamento, ainda que conclusos à autor idade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio f ís ico ou digi tal” (art . 7, XIV, do EAOAB). Desse modo, embora não conste no novo art . 7º-B ao EAOAB, a v io lação à prerrogat iva prevista no inciso XIV do caput do ar t. 7º pode conf igurar crime de abuso de autor idade, uma vez que protegida no ar t . 32 da Lei nº 13.869/2019. Nesse caso, deverá ser demonstrado o dolo espec íf ico de prejudicar outrem ou benef iciar a s i mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capr icho ou satisfação pessoal . Lei nº 13.875/19 – Altera o § 2º do art. 63 do EAOAB, reduzindo o prazo de comprovação do exercício profissional de 5 anos para 3 anos para candidatura dos advogados nas eleições para os cargos de Conselheiro Seccional e das Subseções (Esse tema já foi cobrado no XXXI Exame, o que diminui a chance de ser cobrado novamente). DIREITO DO TRABALHO Lei n. 14.010/2020 - instituiu o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) no período da pandemia do coronavírus (Covid-19), sendo que, para a prova da OAB, consideramos o art. art. 3º o tema mais importante para a prova. De acordo com o art. 3º da Lei n. 14.010/2020, os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor da Lei (12 de junho) até 30 de outubro de 2020. EXEMPLO: Andrei t rabalhou na empresa Chocolate Doce Ltda no período de 3 de outubro de 2015 até 5 de setembro de 2018, tendo cumpr ido aviso prévio trabalhado. Ingressou com rec lamação trabalhis ta no dia 10 de outubro de 2020. Nesse caso, houve prescrição? Resposta: Não. O prazo prescr ic ional para ajuizamento da rec lamação trabalhista é de 2 anos , contado a part ir da extinção do contrato de trabalho. Ass im, a pr inc íp io, Andrei teria de ingressar com a ação até o dia 5 de setembro de 2020. No entanto, como houve suspensão do prazo prescr ic ional no per íd io de 10 de junho a 30 de outubro de 2020, não houve o transcurso do prazo prescricional. Importante frisar que tratamos de um exemplo aplicado ao Direito do Trabalho, mas a regra acima explicada também se aplica aos outros ramos do Direito. Lei n. 14.020/2020 – instituiu o Programa Emergencial de manutenção e Renda, disciplinando algumas regras importantes no contrato de trabalho. Vejamos: Curso ou Programa de Qualificação Profissional O art. 17 da lei n. 14.020/2020 estabelece que o curso de qualificação profissional, previsto no art. 476-A da CLT, poderá ser oferecido pelo empregador, durante o período de pandemia, desde que na modalidade não presencial. ATENÇÃO: O curso ou programa de qual if icação profiss ional previs to no ar t. 476-A da CLT tem duração de 2 a 5 meses . Já o curso ou programa de qual i f icação previs to no art . 17 da n. 14.020/2020 tem duração de 1 a 3 meses . Estabilidade Provisória Fica reconhecida a garantia provisória no emprego ao empregado que receber o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda em decorrência da redução da jornada de trabalho e do salário ou da suspensão temporária do contrato de trabalho de que trata esta Lei, nos seguintes termos: I - durante o período acordado de redução da jornada de trabalho e do salário ou de suspensão temporária do contrato de trabalho; II - após o restabelecimento da jornada de trabalho e do salário ou do encerramento da suspensão temporária do contrato de trabalho, por período equivalente ao acordado para a redução ou a suspensão; III - no caso da empregada gestante, por período equivalente ao acordado para a redução da jornada de trabalho e do salário ou para a suspensão temporária do contrato de trabalho, contado a partir do término do período da garantia estabelecida na alínea "b" do incisoII do caput do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. A dispensa sem justa causa que ocorrer durante o período de garantia provisória no emprego previsto no caput deste artigo sujeitará o empregador ao pagamento, além das parcelas rescisórias previstas na legislação em vigor, de indenização no valor de: I - 50% (cinquenta por cento) do salário a que o empregado teria direito no período de garantia provisória no emprego, na hipótese de redução de jornada de trabalho e de salário igual ou superior a 25% (vinte e cinco por cento) e inferior a 50% (cinquenta por cento); II - 75% (setenta e cinco por cento) do salário a que o empregado teria direito no período de garantia provisória no emprego, na hipótese de redução de jornada de trabalho e de salário igual ou superior a 50% (cinquenta por cento) e inferior a 70% (setenta por cento); ou III - 100% (cem por cento) do salário a que o empregado teria direito no período de garantia provisória no emprego, nas hipóteses de redução de jornada de trabalho e de salário em percentual igual ou superior a 70% (setenta por cento) ou de suspensão temporária do contrato de trabalho. ATENÇÃO: O inc iso V do art . 17 da Lei n. 14.020/20 passou a estabelecer expressamente que é vedada a dispensa sem justa causa do empregado pessoa com def iciênc ia , durante o per íodo de calamidade públ ica. Desse modo, não é possível a d ispensa sem justa de empregado com def ic iência, mesmo que não tenha havido a suspensão ou redução da jornada no seu contrato de trabalho. Empregados Aposentados Para os empregados que se encontrem em gozo do benefício de aposentadoria, a implementação das medidas de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ou suspensão temporária do contrato de trabalho por acordo individual escrito somente será admitida se o empregador pagar o benefício emergencial ao empregado (art. 12, § 2º). Portanto, se houver suspensão ou redução da jornada de trabalhador aposentado por acordo individual, será o empregador (e não a União) quem deverá arcar com o benefício emergencial. Fato do Príncipe Conforme previsto expressamente no art. 29 da Lei n. 14.011/2020, não se aplica o disposto no art. 486 da CLT (fato do príncipe), na hipótese de paralisação ou suspensão de atividades empresariais determinada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal para o enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus, de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. A Lei nº 13.874/2019 (“Declaração de Direitos de Liberdade Econômica”) - promoveu alterações importante na CLT sobre a CTPS e jornada de Trabalho. CTPS Antes da Lei nº 13.874/19 Depois da Lei nº 13.874/19 A Carteira de Trabalho e Previdência Social era emitida apenas pelas Delegacias Regionais do Trabalho ou, mediante convênio, pelos órgãos A CTPS será emitida pelo Ministério da Economia preferencialmente em meio eletrônico. federais, estaduais e municipais da administração direta ou indireta (art. 14 da CLT) De acordo com o art. 29 da CLT, a CTPS era obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador, que tinha o PRAZO DE 48 HORAS (QUARENTA E OITO HORAS) para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções do Ministério do Trabalho (art. 29, caput, da CLT). O empregador terá o PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS úteis para anotar na CTPS, em relação aos trabalhadores que admitir, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia. • A comunicação pelo trabalhador do número de inscrição no CPF ao empregador equivale à apresentação da CTPS em meio digital, dispensado o empregador da emissão de recibo. • Os registros eletrônicos gerados pelo empregador nos sistemas informatizados da CTPS em meio digital equivalem às anotações a que se refere esta Lei. • O trabalhador deverá ter acesso às informações da sua CTPS no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a partir de sua anotação. Jornada de Trabalho Antes da Lei nº 13.874/19 Depois da Lei nº 13.874/19 O registro dos horários de entrada e saída (cartão de ponto) era obrigatório para empresas com mais de 10 empregados (art. 74, §2º, da CLT). Apenas os estabelecimentos com mais de 20 empregados são obrigados a registrar o horário de entrada e saída de seus empregados (art. 74, §2º, CLT). Não havia previsão do registro de ponto por exceção. Fica permitida a utilização de registro de ponto por exceção à jornada regular de trabalho, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. Em outras palavras, se houver acordo com o empregado, é possível registrar apenas as horas extras (art. 70, §4º, da CLT). DIREITO PENAL Lei nº 13.968/2019 – Altera o art. 122 do CP, passando a prever a figura da automutilação no crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio. Além disso, outras três inovações são importantes: a) o crime do art. 122 passou a ser crime formal, ou seja, independentemente do resultado, a mera instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio ou automutilação será considerada conduta típica; b) Se houver lesões graves à vítima na tentativa do suicídio ou da automutilação, a pena será de 1 a 3 anos, e se resultar morte, a pena será de 2 a 6 anos; c) acrescentou os parágrafos 6º e 7º ao art. 122, estabelecendo que, se o crime for praticado contra menor de 14 anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio (art. 121), se resultar morte ou lesão corporal (art. 129 do CP). Lei nº 13.964/19 - Denominada de Pacote Anticrime, introduziu diversas alterações no Código de Processo Penal, no Código Penal e em leis extravagantes. Vejamos as principais modificações: Inseriu o art. 91-A ao CP, que passou a prever um novo efeito extrapenal para os crimes com pena máxima superior a 6 anos, como forma de tentar combater a corrupção. O efeito extrapenal previsto é a perda dos bens do condenado incompatíveis com os valores de seus rendimentos, mesmo que esses bens não estejam diretamente relacionados com a prática do crime. Modificou o art. 116 do CP, acrescentado mais duas hipóteses de causas impeditivas da prescrição: III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. Acrescentou o inciso VII ao § 2º do art. 157 do CP, deixando expresso que no crime de roubo praticado com o emprego de arma branca, a pena será aumentada de 1/3 até metade. Além disso acrescentou o § 2º-B, prevendo que, havendo violência ou grave ameaça com o emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, a pena do crime de roubo será dobrada. Como ficou o crime de roubo? Roubo com arma branca – Causa de aumento da pena de 1/3 até a metade. Roubo com arma de fogo – Causa de aumento da pena de 2/3 Roubo com arma de fogo de uso restrito – Pena em dobro. Alterou o art. 171 do CP, passando a estabelecer que o estelionato (art. 171 do CP) será, como regra geral, crime de ação penal condicionada à representação, salvo quando a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II -criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Alterou diversos dispositivos e acrescentou novas disposições ao art. 112 da LEP, que trata da Progressão de Regime, conforme esquematizado no quadro abaixo: Antes da Lei nº 13.964/19 Depois da Lei nº 13.964/19 O requisito objetivo para a progressão da pena era estabelecido em fração, nos seguintes termos: • Infrações comuns: 1/6 da pena • Primário que praticou crime hediondo ou equiparado: 2/5 da pena • Reincidente (específico ou não) que praticou crime hediondo ou equiparado: 3/5 da pena. O requisito objetivo passou a ser estabelecido em percentual, da seguinte forma: Primário que praticou infração comum sem violência ou grave ameaça: 16% da pena. Primário que praticou infração comum com violência ou grave ameaça: 20% da pena. Reincidente que praticou infração comum sem violência ou grave ameaça: 25 % da pena. Reincidente que praticou infração comum com violência ou grave ameaça: 30% da pena. Primário que praticou crime hediondo sem resultado morte: 40% da pena. Primário que praticou crime hediondo com resultado morte: 50% da pena, sendo vedado livramento condicional. Reincidente específico que praticou crime hediondo ou equiparado sem resultado morte: 60% da pena. Reincidente específico que praticou crime hediondo ou equiparado com resultado morte: 70% da pena. Primário ou reincidente que praticou crime de organização criminosa destinada a prática de crimes hediondos ou equiparado: 50% da pena vedado o livramento condicional. Primário ou reincidente que praticou o crime de milícia privada (art. 288-A do CP): 50% da pena. Acrescentou o § 5º, dispondo que não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, o que já era posicionamento majoritário do STF e do STJ. Acrescentou o parágrafo § 6º, que passou a estabelecer que “o cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente”. Promoveu alterações importantes no art. 1º da Lei nº 8.072/90 a respeito dos crimes considerados hediondos: Antes da Lei nº 13.964/19 Depois da Lei nº 13.964/19 O inciso II previa apenas o latrocínio (resultado morte) como crime hediondo. Passou a prever as seguintes modalidades de roubo como crimes hediondos: a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, V); b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito; ATENÇÃO: roubo com arma branca não é hediondo. c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); O inciso III previa apenas a extorsão com resultado morte como crime hediondo (art. 158, § 2º, do CP) Passou a prever que é considerado crime hediondo a extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º). Portanto, com a nova redação, o sequestro relâmpago passou a ser considerado crime hediondo. Nenhuma espécie de furto era considerada crime hediondo. Acrescentou o inciso IX ao art. 1º da Lei nº 8.072/90, dispondo que o furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A) é crime hediondo. Alterou o § 1º do art. 17 da Lei nº 8.429/92, que passou a autorizar a celebração de acordo de não persecução cível nas ações de improbidade administrativa, o que já encontrava amparo na jurisprudência do STJ. Acrescentou o § 6º ao art. 1º da Lei nº 9.613/98, que passou a permitir a utilização da ação controlada e da infiltração de agentes para os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores. Ação controlada Infiltração de agentes Ação controlada: Trata-se exemplo de flagrante retardado e ocorre quando há o retardamento da intervenção da autoridade policial ou administrativa para que a prisão seja realizada posteriormente, no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. É importante destacar que a ação controlada será previamente comunicada ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. Infiltração de agentes: Prevista inicialmente no art. 10 e seguintes da lei n. 12.850/2013 (organizações criminosas), significa a inserção proposital e dissimulada de agente policial com o fim de obter provas eficazes para combater o crime. Lei nº 13.894/2019 - Promoveu três alterações importantes na Lei Maria da Penha: a) Acrescentou o inciso III ao § 2º do art. 9º, estabelecendo que, entre as medidas que o juiz deve assegurar à mulher em situação de violência doméstica e familiar, está também o encaminhamento à assistência judiciária, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente (obs.: A assistência jurídica será prestada pela Defensoria Pública) b) Alterou o art. 11, estabelecendo que a autoridade policial também deve, no atendimento à mulher em situação de violência doméstica, informar à ofendida os direitos a ela conferidos e os serviços disponíveis, o que inclui o direito de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. c) Modificou o inciso II do art. 18 para deixar claro que, se o juiz receber o pedido de medida protetiva poderá, entre as medidas protetivas, determinar o encaminhamento da ofendida à assistência judiciária, o que abrange o direito de ajuizar ações de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. Lei nº 13.869/2019 (Lei de Abuso de Autoridade) - Revogou a Lei nº 4.898/65, passando a disciplinar os crimes de abuso de autoridade. Vejamos os principais pontos da Nova Lei. Sujeito Ativo: agentes públicos em sentido amplo, ou seja, aos servidores dos três Poderes, incluindo a Administração Pública Direta, Indireta e Fundacional, mesmo que em exercício transitório ou sem remuneração, sob qualquer forma de investidura ou vínculo. Dolo Específico: Todos os tipos penais previstos na lei de abuso de autoridade exigem dolo específico do agente, ou seja, que ele tenha uma das seguintes finalidades: a) prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, b) por mero capricho ou satisfação pessoal. Atenção: o § 2º do art. 1º da Lei nº 13.869/2019 é expresso no sentido de que a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. Ação Penal: todos os crimes previstos na Lei nº 13.869/2019 são crimes de ação penal pública incondicionada. Efeitos da condenação: a condenação terá efeitos automáticos e não automáticos. Efeitos automáticos Efeitos não automáticos I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime II - inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; III - perda do cargo, do mandato ou da função pública. Obs.: Esses efeitos devem ser motivados na sentença e são aplicados apenas aos reincidentes em crime de abuso de autoridade. Crimes mais importantes: Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maiorde idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa (crime de menor potencial ofensivo). Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa (crime de menor potencial ofensivo). Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido (exemplo: “carteirada” para entrar em show). Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. PROCESSO PENAL Lei nº 13.869/2019 (abuso de autoridade) - Alterou o art. 2º da Lei nº 7.960/1989 (prisão temporária), passando-se a exigir que mandado de prisão contenha o período de duração da prisão temporária, indicando o dia em que o preso será solto. Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, por imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva. Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime) – Introduziu diversas alterações no Código de Processo Penal. Vejamos as principais: Inseriu o art. 14-A no CPP - De acordo com o novo artigo, havendo investigação criminal por uso de força letal, consumada ou tentada, mesmo em hipótese de excludente de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito) o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. Acrescenta o art. 28-A ao CPP, prevendo expressamente o acordo de não persecução penal. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL Os requisitos para o acordo de não persecução penal são os seguintes: a) Não deve ser caso de arquivamento (MP entende que é caso de denúncia) b) Confissão formal e circunstancialmente (o investigado precisa trazer elementos que convençam o MP) c) Infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 anos Hipóteses em que o acordo de não persecução penal não pode ser aplicado: I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. O acordo de não persecução deve prever as seguintes condições, ajustadas cumulativa e alternativamente: I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. De acordo com o § 3º, o acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. Já o § 4º dispõe que, para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. De acordo com o § 12, a celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. Ou seja, não caracteriza reincidência, mas deve constar em registro para fins de observância do prazo de 5 anos, tempo necessário para concessão de um novo acordo de não persecução penal. Registra-se, por fim, que, se o membro do MP não concordar com o acordo de não persecução penal, embora presentes os requisitos para tanto, permite-se o encaminhamento para o órgão de revisão do MP, com a aplicação das mesmas regras do art. 28 do CPP. Altera da redação do art. 283 do CPP, para deixar claro, com base na última decisão do STF no final de 2019, de que não é possível a prisão antes do trânsito em julgado da decisão, salvo no caso de prisão em flagrante e também de prisão cautelar. Altera o art. 311 do CPP, para deixar claro que não é possível a aplicação da prisão preventiva de ofício pelo magistrado. Desse modo, o juiz, seja na fase executiva ou na fase judicial, somente pode determinar a prisão preventiva a requerimento das autoridades competentes (Ministério Público, querelante, assistente ou por representação da autoridade policial). Altera do § 2º do art. 313 do CPP, deixando expresso o posicionamento da jurisprudência majoritária, de que não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. Modifica a redação do art. 316 do CPP, dispondo que a revogação da prisão preventiva poderá ser feita de ofício pelo juiz, além do que acrescenta o parágrafo único ao artigo 316 pra dispor que, decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. DIREITO CIVIL Lei nº 13.874/19 (Declaração de Direitos de Liberdade Econômica) –Introduziu modificações no art. 50 do 50 CC (desconsideração da personalidade jurídica) e no art. 113 do CC (interpretação do negócio jurídico). DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ANTES DA LEI N º 13.874/19 DEPOIS DA LEI N º 13.874/19 O art. 50 do CC não trazia o conceito de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, para fins de desconsideração da personalidade jurídica. O art. 50 do CC passou a definir o que é desvio de finalidade e confusão patrimonial. • Desvio de finalidade: é a utilização dolosa (não pode por “culpa”) da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. • Confusão patrimonial: ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto o de valor proporcionalmente insignificante; e III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. Não havia previsão expressa no código civil sobre a desconsideração inversa da personalidade jurídica. O §3º do art. 50 do CC, ao dispor que o disposto no caput e nos § 1º e § 2º também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica, passou a prever a desconsideração inversa de personalidade jurídica. INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO ANTES DA LEI N º 13.874/19 DEPOIS DA LEI N º 13.874/19 O art. 113 do CC estabelecia que os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Foram acrescentados 2 parágrafos ao art. 113 do CC, estabelecendo que: § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; III - corresponder à boa-fé; IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração. § 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. Lei nº 13.811/2019 (Direito Civil) – Altera o art. 1.520 do Código Civil vedando, em qualquer hipótese, o casamento de pessoa menor de 16 anos de idade Antes da Lei nº 13.811/2019 Depois da Lei nº 13.811/2019 Era possível o casamento de pessoa menor de 16 anos de idade, em caso de gravidez. Não é mais possível o casamento de pessoa menor de 16 anos de idade DIREITO EMPRESARIAL Lei nº 13.966/2019 – Dispõe sobre o sistema de franquia empresarial, revogando a Lei nº 8.955/94. Abaixo, sintetizamos as alterações mais importantes sobre a nova Lei de Franquias: Além de não caracterizar relação de emprego, deixa expresso que a franquia não caracteriza relação de consumo (art. 1º, caput, da Lei nº 13.966/19); Prevê expressamente que a franquia pode ser adotada por empresa privada, empresa estatal ou entidade sem fins lucrativos, independentemente do segmento em que desenvolva as atividades (art. 1º, § 1º, da Lei nº 13.966/19); Estabelece, no art. 2º, novos requisitos mínimos para a Circular de Oferta e Franquia. Vejamos os principais: (...) IX - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e o que elas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte: a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca, de outros objetos de propriedade intelectual do franqueador ou sobre os quais este detém direitos ou, ainda, pelos serviços prestados pelo franqueador ao franqueado; b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial; c) taxa de publicidade ou semelhante; d) seguro mínimo; XVII - indicação da existência ou não de regras de transferência ou sucessão e, caso positivo, quais são elas; XVIII - indicação das situações em que são aplicadas penalidades, multas ou indenizações e dos respectivos valores, estabelecidos no contrato de franquia; XIX - informações sobre a existência de cotas mínimas de compra pelo franqueado junto ao franqueador, ou a terceiros por este designados, e sobre a possibilidade e as condições para a recusa dos produtos ou serviços exigidos pelo franqueador; XX - indicação de existência de conselho ou associação de franqueados, com as atribuições, os poderes e os mecanismos de representação perante o franqueador, e detalhamento das competências para gestão e fiscalização da aplicação dos recursos de fundos existentes; XXI - indicação das regras de limitação à concorrência entre o franqueador e os franqueados, e entre os franqueados, durante a vigência do contrato de franquia, e detalhamento da abrangência territorial, do prazo de vigência da restrição e das penalidades em caso de descumprimento; XXII - especificação precisa do prazo contratual e das condições de renovação, se houver; XXIII - local, dia e hora para recebimento da documentação proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, quando se tratar de órgão ou entidade pública. Lei nº 13.874/2019 (“Declaração de Direitos de Liberdade Econômica”) – Passou a prever a possibilidade da Sociedade Unipessoal Limitada (art. 1.052, parágrafo único, do CC). ANTES DA LEI N º 13.874/19 DEPOIS DA LEI N º 13.874/19 Apenas exista a possibilidade de empresa unipessoal no caso da EIRELI (Requisitos: pessoa natural pode constituir uma única EIRELI e o capital deve ser superior a 100 vezes o salário- mínimo). Passou-se a permitir a Sociedade Unipessoal Limitada (art. 1.052, parágrafo único, do CC) PROCESSO CIVIL Lei nº 13.894/19 - Altera o Código de Processo Civil estabelecendo regras importantes no caso de vítimas de violência doméstica. Acrescentou a alínea “d” ao inciso I do art. 53, criando uma nova regra de competência para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável, dispondo que também é competente “o domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)”. Entendemos, inclusive, que, apesar da posição topográfica inferior, essa regra deve prevalecer sobre as demais alíneas do inciso I. Acrescentou o parágrafo único ao art. 698, dispondo que o Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas ações de família em que figure como parte vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Acrescentou o inciso III ao art. 1.048, inserindo mais uma hipótese de tramitação preferencial do processo, qual seja, quando se tratar de processo que trata de violência doméstica. ECA Lei nº 13.824/2019 (ECA) – Alterou o art.132 do ECA para dispor que os conselheiros tutelares poderão ser reconduzidos ao cargo de forma ilimitada. Antes da Lei nº 13.824/2019 Depois da Lei nº 13.824/2019 Era possível a recondução dos conselheiros tutelares ao cargo apenas uma vez. A recondução pode ser feita de forma ilimitada. Lei nº 13.812/2019 (ECA) – Realizou uma pequena modificação no Estatuto da Criança e do Adolescente, alterando o art. 83 do ECA, para estender a aplicação da norma também para os adolescentes menores de 16 anos. Antes da Lei nº 13.812/2019 Depois da Lei nº 13.812/2019 O art. 83 do ECA estabelecia que nenhuma criança poderia viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, salvonas seguintes situações: a) quando se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana e b) a criança estivesse acompanhada de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau (irmãos, tios e sobrinhos), comprovado documentalmente o parentesco; de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. A Lei nº 13.812/2019 alterou o art. 83 do ECA apenas para estender a aplicação da norma também para os adolescentes menores de 16 anos. Desse modo, antes da Lei nº 13.812/2019, o art. 83 do ECA era aplicado apenas às crianças. Após a Lei, o artigo passou a ser aplicado também aos adolescentes menores de 16 anos. Para não deixar nenhuma dúvida, vamos resumir como ficou: Viagem nacional no ECA. > Adolescentes maiores de 16 anos: Podem Viajar desacompanhados. > Crianças e Adolescentes menores de 16 anos: Não podem viajar desacompanhados de ao menos um dos pais ou responsável, salvo: a) quando se tratar de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana e b) a criança ou adolescente estiver acompanhada de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau (irmãos, tios e sobrinhos), comprovado documentalmente o parentesco; de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD) A LGPD foi citada expressamente no edital do XXXII Exame nas matérias de Administrativo, de Trabalho e Processo do Trabalho, mas ela pode ser cobrada também em Direito Civil e Eca, por isso resolvemos trazer os principais pontos da lei em um item isolado. Objeto de Proteção da Lei: a LGPD se preocupa com a proteção do “tratamento dos dados” pessoais, considerados todos os dados capazes de identificar uma pessoa, tanto na forma direta quanto na forma indireta. Tratamento de dados: “toda operação realizada com dados pessoais, como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração”. Titular do direito: a lei protege apenas as pessoas físicas. Dados fornecidos pelas empresas não são protegidos pela lei! Exemplo: A empresa XYZ Ltda procura uma agência de marketing e fornece diversos dados empresariais na contratação dos serviços. Nesse caso, os dados fornecidos pela XYZ Ltda não são protegidos pela LGPD. Quem pode ser responsabilizado pela LGPD: pessoas jurídicas de direito público ou privado e as pessoas físicas, com finalidade econômica, que fizerem tratamento dos dados pessoais (coleta, armazenamento, utilização, etc.). Preste atenção: pessoa física, sem finalidade econômica, não pode ser responsabilizada pela LGPD! Exemplo: João pretende fazer um evento, sem fins econômicos, para divulgar o trabalho da sua entidade beneficente. Para tanto, coleta dados pessoais de dezenas de pessoas, para informa-las sobre a realização e data do evento. Nesse caso, por coletar dados pessoais, João NÃO poderá ser responsabilizado pela LGPD, caso esses dados não sejam devidamente protegidos. Situações em que não se aplica a LGPD: Quando o tratamento de dados for: I. realizado por pessoa natural para fins exclusivamente particulares e não econômicos; II. realizado para fins exclusivamente: a) jornalístico e artísticos; ou b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7º e 11 da Lei (deve-se garantir, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis); Exemplo: Emissora de televisão que coletou dados pessoais para fazer uma reportagem ou para a realização de um programa artístico. III - realizado para fins exclusivos de: a) segurança pública; b) defesa nacional; c) segurança do Estado; ou d) atividades de investigação e repressão de infrações penais; ou Exemplo: dados pessoais coletados para subsidiar uma investigação sobre tráfico de drogas. IV - provenientes de fora do território nacional e que não sejam objeto de comunicação, uso compartilhado de dados com agentes de tratamento brasileiros ou objeto de transferência internacional de dados com outro país que não o de proveniência, desde que o país de proveniência proporcione grau de proteção de dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei. Exemplo: Empresa estrangeira que coletou dados pessoais no seu site, mas não realizou compartilhamento dos dados com agentes de tratamento no Brasil. Principais responsáveis pelos dados pessoais: a) Controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais. Exemplo: empresa que coleta diretamente dados dos seus clientes por meio de formulários eletrônicos ou em papel. b) Operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador. Exemplo: Empresa de marketing contratada para fazer propaganda na internet para os clientes da empresa controladora. Dados sensíveis: são dados que exigem uma proteção especial, porque, se utilizados indevidamente, podem levar o titular dos dados sofrer discriminação. De acordo com a lei, dado sensível é informação pessoal “sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural”. Dados anonimizados (art. 12): os dados anonimizados não serão considerados dados pessoais, salvo quando o processo de anonimização ao qual foram submetidos for revertido, utilizando exclusivamente meios próprios, ou quando, com esforços razoáveis, puder ser revertido. A determinação do que seja razoável deve levar em consideração fatores objetivos, tais como custo e tempo necessários para reverter o processo de anonimização, de acordo com as tecnologias disponíveis, e a utilização exclusiva de meios próprios. Exemplificando: Os dados criptografados pelo WhatsApp, por exemplo, são resguardados com tecnologia de ponta, por isso não são considerados dados pessoais para a LGPD. Entretanto, se os dados criptografados puderem ser revertidos sem muito esforço, aí serão considerados dados pessoais. Estudos em saúde pública (Art. 13): Na realização de estudos em saúde pública, os órgãos de pesquisa poderão ter acesso a bases de dados pessoais, que serão tratados exclusivamente dentro do órgão e estritamente para a finalidade de realização de estudos e pesquisas e mantidos em ambiente controlado e seguro, incluindo, sempre que possível, a anonimização ou pseudonimização dos dados, bem como considerem os devidos padrões éticos relacionados a estudos e pesquisas. A divulgação dos resultados ou de qualquer excerto do estudo ou da pesquisa em nenhuma hipótese poderá revelar dados pessoais. Além disso, não é permitida, em circunstância alguma, a transferência dos dados a terceiro. Exemplo: Imagine um órgão de pesquisa que está realizando estudo e testes de vacina contra a COVID na população brasileira. O órgão poderá armazenar os dados pessoais das pessoas testadas, devendo, sempre que possível, utilizar a anonimização ou pseudonimização dos dados. Em nenhuma hipótese o órgão poderá revelar dados pessoais das pessoas que se submeteram aos testes, nem divulgar os dados a terceiros. Dados pessoais de criança e adolescente (art. 14): o tratamento de dados de criança e adolescente precisa do consentimento de um dos pais ou do responsável legal, salvo para contatar os pais ou o responsável legal, utilizados uma única vez e sem armazenamento,ou para sua proteção, e em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro sem o consentimento por um dos pais ou responsável legal. Exemplo: Ana, com 10 anos de idade, se perde em um parque de diversão. Nesse caso, o parque poderá pegar os dados da criança para entrar em contato com o responsável legal, mas os dados fornecidos pela criança poderão ser utilizados apenas para essa finalidade e não poderão ser armazenados pela empresa. Requisitos para tratamento de dados pessoais: necessidade de concordância da pessoa titular dos dados, devendo a finalidade de coleta de dados ser expressa. O consentimento deve ser dado por escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular. Exceções: Principais situações que dispensam o consentimento: a) Para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador; b) Pela administração pública, para o tratamento e uso compartilhado de dados necessários à execução de políticas públicas previstas em leis; c) Para a realização de estudos por órgão de pesquisa; d) Quando necessário para a execução de contrato ou de procedimentos preliminares relacionados a contrato do qual seja parte o titular, a pedido do titular dos dados; e) Para o exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral f) Para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro g) Para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária. h) Para a proteção do crédito. Direitos do Titular (art. 18): quem forneceu os dados pessoais tem o direito de ter confirmação da existência do tratamento, acesso, correção, portabilidade, eliminação dos dados utilizados sem consentimento, além da revogação do consentimento. O titular tem o direito de saber qual a finalidade específica do tratamento, a forma e duração, o contato do controlador, se há uso compartilhado e quais as responsabilidades dos agentes que realizam o tratamento. Revogação do consentimento (art. 8º § 5º): o consentimento pode ser revogado a qualquer momento mediante manifestação expressa do titular, por procedimento gratuito e facilitado, ratificados os tratamentos realizados sob amparo do consentimento anteriormente manifestado enquanto não houver requerimento de eliminação. Transferência internacional de dados (art. 33): a transferência somente pode ocorrer para países que proporcionem proteção dos dados conforme previsto na LGPD ou em nas situações específicas previstas no próprio artigo. Tratamento de dados pessoais pelo Poder Público (art. 23): O tratamento de dados pessoais pelas pessoas jurídicas de direito público deverá ser realizado para atendimento de sua finalidade pública, devendo fornecer informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os procedimentos e as práticas utilizadas para a execução do tratamento de dados, em veículos de fácil acesso, preferencialmente em seus sítios eletrônicos. Regras importantes: a) Os serviços notariais e de registro exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público, terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas de Direito Público, devendo fornecer acesso aos dados por meio eletrônico para a administração pública, na persecução do interesse público. b) Empresas públicas e sociedades de economia mista que atuam em regime de concorrência (atividade econômica), terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas de direito privado particulares, nos termos desta Lei. c) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, quando estiverem operacionalizando políticas públicas e no âmbito da execução delas, terão o mesmo tratamento dispensado aos órgãos e às entidades do Poder Público. www.oabnamedida.com.br
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