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1 Laís Flauzino | FISIOPATOLOGIA | 4°P MEDICINA 1M3 – Procedimentos E Exames Do Sistema Hemolinfopoiético Mais um pouco sobre as neoplasias na população infanto juvenil: o Do ponto de vista clínico-evolutivo, as neoplasias em pacientes pediátricos tendem a apresentar menor período de latência, quase sempre se desenvolvem rapidamente (especialmente o pool de células das leucemias agudas e linfomas não Hodgkin que chegam a duplicar em 48-72 horas) e são tumores agressivos e invasivos. o Por outro lado, na maioria dos casos, respondem melhor à quimioterapia do que adultos, visto que a maior parte dos quimioterápicos possui mecanismos de ação relacionados ao bloqueio ou interrupção do ciclo celular e indução da apoptose. NEOPLASIAS DO SISTEMA HEMOLINFOPOIÉTICO: o As leucemias são as neoplasias mais comuns em oncologia pediátrica, correspondendo a aproximadamente 25-33% de todas as doenças malignas em paciente com menos de 15 anos de idade. o A leucemia linfocítica aguda (LLA) é responsável por aproximadamente 75% dos casos. o A leucemia mieloide aguda (LMA) representa cerca de 20% dos casos e a leucemia mieloide crônica (LMC) corresponde a menos de 5% dos pacientes. o Os linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin, em conjunto, correspondem ao terceiro maior grupo de neoplasias infanto-juvenis – em torno de 10- 15% dos casos. No entanto, em alguns países da África, especialmente aqueles situados abaixo do Saara, são as neoplasias malignas mais prevalentes, provavelmente devido à alta prevalência de infecção pelo vírus Epstein-Baar naquela região e sua associação com as referidas neoplasias. Procedimentos e exames do sistema hemolinfopoietico: o Exames para análise do funcionamento da medula óssea ou achados de exames de rotina o Avaliação da qualidade e quantidade das células já presentes no sangue periférico: amostra sanguínea – hemograma. o Avaliaçao citológica das células presentes na medula óssea: amostra obtida por punção da medula óssea – mielograma o Avaliaçao histológica da medula óssea: tecido obtido por biópsia da medula óssea. Obtenção das amostras: Como são realizados os procedimentos: O que esperar quando se faz um exame de medula óssea: o Um exame da medula óssea (biópsia da medula óssea) consiste na remoção de uma pequena amostra da medula do interior dos ossos para exame laboratorial. o A medula óssea é a parte esponjosa que se encontra no interior de alguns dos ossos maiores, como o osso da coxa, do externo, da pelve e da coluna. o A medula óssea contém células estaminais que se desenvolvem e se tornam células sanguíneas, sendo depois libertadas p0ara corrente sanguínea. o Os exames da medula óssea são realizados por diversos motivos. o Estes incluem a averiguação do motivo para uma contagem anormal de células sanguíneas, que pode ser superior ou inferior ao normal. Antes de realizar o exame: o O departamento de hematologia do hospital irá contactá-lo para lhe fornecer os detalhes da sua marcação e irá enviar-lhe quaisquer informações necessárias por escrito. o Terá de assinar um formulário de autorização antes do procedimento. o Um enfermeiro ou médico irão acompanhá-lo e pode fazer todas as perguntas que quiser. o Se estiver a tomar medicamentos anticoagulantes, como varfarina, dabigatrana, rivaroxabana, tinzaparina, clopidogrel ou aspirina, poderá ter de interrompê-los durante algum tempo antes de realizar o procedimento. o Deve informar o médico caso já tenha tido uma reação alérgica a qualquer anestesia local. o Pode comer e beber normalmente antes do procedimento. Como se realiza o exame da medula óssea? o O exame demora normalmente entre 20 e 40 minutos. o É realizado por um médico ou enfermeiro especializado, que lhe irá explicar o procedimento à medida que esse se desenrola. o A medula óssea é normalmente retirada da parte posterior do osso da anca. o Terá de se deitar de lado, com os joelhos encostados ao peito. o A área será limpa e a anestesia local será injetada na parte da anca onde vai ser inserida a seringa de extração. o A anestesia local pode provocar uma sensação de picada ou dor inicialmente, durante alguns segundos. 2 Laís Flauzino | FISIOPATOLOGIA | 4°P MEDICINA o Poderá necessitar de mais de uma injeção para garantir que a área está suficientemente anestesiada. o Em seguida, é inserida uma seringa de extração na área anestesiada, até à medula óssea, é retirada uma amostra da medula óssea através de sucção. o Poderá ter uma sensação de puxar nas costas e, por vezes, uma dor aguda pela perna, mas passa quase imediatamente. o O médico irá verificar as amostras. o Poderão ter de inserir a seringa mais de uma vez para obter uma boa amostra. o Poderá também ser necessária a realização de uma biópsia com trofina. o É utilizada para exames médicos importantes, que não são possíveis com as amostras normais de medula óssea. o Realiza-se da mesma forma, mas remove um pequeno núcleo de medula óssea intacto. o Tal pode provocar uma sensação de “puxar” ou de acumulação de pressão, mas passa rapidamente. o Depois do exame, o enfermeiro ou médico irão aplicar um penso na anca, no local onde foi realizado o exame. o O exame da medula óssea pode ser desconfortável, apesar de a anestesia local minimizar o desconforto. o Alguns hospitais podem oferecer Entonox (gás e ar) como analgésico adicional durante os exames. o O seu enfermeiro ou médico estarão sempre consigo, por isso pode dizer-lhes como se sente. Depois de realizar o exame: o A anestesia local desaparece após cerca de uma hora e poderá começar a sentir algum desconforto no local do exame. Este deverá desaparecer completamente após alguns dias. o Analgésicos ligeiros de venda livre, como o paracetamol, são normalmente suficientes para lidar com este problema. https://www.youtube.com/watch?v=8PQZ81TBSuo E o que está faltando avaliar relacionado ao sistema? o Hematopoietico e linfoide o Hematolinfopoetico o Hemolinfopoietico Avaliação dos linfonodos: o Se visível e palpável: avaliação clínica de suas características (tamanho, localização, isolado, mobilidade, consistência, sensibilidade, formato) o Se não visíveis podem ser avaliados por exames de imagem (TC e PET-CT). O corpo humano possui cerca de 600 linfonodos Exames laboratoriais: o PAAF – punção aspirativa por agulha fina – citológico o Biópsia do linfonodo. Anátomo-patológico (podendo ser core-biopsy ou excisional) Sinais de malignidade: o Linfonodos reacionais (benignos) costumam ser elípticos, menores que 2cm, consistência mais endurecida, por vezes pétrea, podem estar coalescido e aderidos, costumam ser indolores e tem forma mais arredondada. Entretanto, todas essas características não são suficientes para defini-los. o Alterações ao US que sugerem malignidade são: forma arredondada, hilo ausente, necrose intranodal, calcificações, edema nos tecidos moles, vascularização periférica. Análises das amostras quando hipótese de doenças da oncohematologia: o Análise histológica e histoquímica, imunofenotipagem e demais tecnologias avançadas como as análises biomoleculares. o Análise de citogenética do câncer (Cariótipo encontrado por indução da replicação celular da amostra), além de RT-PCR e hibridização in situ por fluorescência (FISH). o Além de outras técnicas moleculares possíveis (geralmente em centros maiores de pesquisa e hospitais universitários) e específicas também para avaliar marcadores nos genes, avaliação de oncogenes e genes supressores de tumor, proteínas relacionadas a esses genes, enzimas defeituosas, perfil proteico, nucleotídeo presente ou ausente, ligações cruzadas, local do DNA que não foi reparado, etc. Sobre a citogenética: o A citogenética aplicada à clínica, se iniciou nas leucemias, com a descoberta em 1960 do cromossomo Philadelphia (Ph), um marcadorda leucemia mieloide crônica. o Hoje, tem permitido a detecção de alterações cromossômicas como fator diagnóstico, a classificação citogenética das neoplasias hematológicas, a caracterização de diferentes estágios do desenvolvimento neoplásico, a avaliação da remissão, agudização e do prognóstico destas enfermidades e de diversos genes envolvidos nestes processos. Citogenética do cancer: https://www.youtube.com/watch?v=8PQZ81TBSuo 3 Laís Flauzino | FISIOPATOLOGIA | 4°P MEDICINA Exames cariótipo e FISH: Citogenética é a ciência do cromossomo. Cromo = cor; ssomo = corpúsculo – corpúsculos que se coram e que vemos no microscópio durante a divisão da célula. Na espécie humana existem 46 cromossomos. 22 são pares iguais (autossomos) e 2 são sexuais. Cromossomo Filadelfia – leucemia mieloide crônica. Colchicina – bloqueia o fuso mitótico, a célula para na metáfase. https://www.youtube.com/watch?v=LPCAmMLxMj4 ESTADIAMENTO: S ISTEMA TNM: Descreve a extensão anatômica da doença e tem por base a avaliação de três componentes: T – a extensão do tumor primário N – a ausência ou presença e a extensão de metástase em linfonodos regionais M – a ausência ou presença de metástase à distância OUTROS ESTADIAMENTOS : o A maioria dos tipos de câncer tem sua própria versão desse sistema de classificação (TNM), logo as letras e os números não significam sempre o mesmo para cada tipo de câncer. Por exemplo, em alguns tipos, as categorias T descrevem o tamanho do tumor principal, enquanto em outros, eles descrevem o tamanho do tumor principal, enquanto em outros, eles descrevem quão profundamente o tumor se desenvolveu, ou se o tumor cresceu nas estruturas adjacentes. o Nem todos os cânceres são estadiados usando o sistema TNM. Alguns tipos de câncer crescem e se disseminam de forma diferente. Por exemplo, muitos canceres em ou ao redor do cérebro não são estadiados usando o TNM, já que esses tumores costumam se disseminar para outras partes do cérebro e não para os linfonodos ou outras partes do organismo. Outros sistemas de estadiamento são usados frequentemente para a doença de Hodgkin e outros linfomas, assim como para alguns tipos de câncer infantil. o Por exemplo: como classificar a extensão de uma leucemia pelo TNM? ESTADIAMENTO DE NEOPLASIAS DO S ISTEMA HEMOLINFOPOET ICO : Sistema de estadiamento Britânico-Americano-Francês (FAB): Na década de 1970, um grupo de especialistas francês, americanos e britânicos dividiram a leucemia mieloide aguda em subtipos, M0 a M7, com base no tipo de célula em que a leucemia se desenvolve e o grau de maturidade das células. Sistema de estadiamento da Organização Mundial da Saúde: O sistema de estadiamento Britânico-Americano- Francês embora seja útil, não leva em consideração muitos dos fatores que hoje afetam o prognóstico do paciente. O sistema da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualizado recentemente em 2016/17, inclui alguns desses fatores para obter um melhor estadiamento da leucemia mieloide aguda. Sistema de estadiamento Lugano E St Jude: O sistema de estadiamento utilizado para descrever a extensão do linfoma não-Hodgkin em adultos é o sistema de estadiamento Lugano, que é baseado no antigo sistema de Ann Arbor. O sistema de estadiamento utilizado para o linfoma não Hodgkin em crianças é o sistema de estadiamento St. Jude. OMS 2016: A classificação da OMS mantém a estrutura e filosofia da classificação FAB, mas evoluiu até uma abordagem que incorpora agora conhecimentos fornecidos nas mais recentes tecnologias de biologia molecular e genética. Integra os novos conhecimentos adquiridos, com os de caráter morfológico, de imunofenotipagem, patologia molecular, bem como clínica e alguns aspectos de etiologia, sublinhando a importância dos critérios genéticos e de biologia molecular. Apesar de ainda se utilizar a classificação FAB, a classificação da OMS é mundialmente aceita e uma referência incontornável em investigações científicas e clínicas. Existe uma classificação de câncer infantil? https://www.youtube.com/watch?v=LPCAmMLxMj4 4 Laís Flauzino | FISIOPATOLOGIA | 4°P MEDICINA