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Curso de Direito do Consumidor

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Direito de Defesa do Consumidor 
 
1 
Apresentação do Curso 
 
1. Objetivo: proporcionar ao discente: 
� O amplo domínio das normas de direito do consumidor brasileiro, visando habilitá-lo 
a prevenir e a solucionar conflitos de consumo nas esferas civil, penal e 
administrativa; 
� O entendimento acerca da importância do sistema de consumo na atualidade; 
� A habilidade para identificar a correspondência entre o Direito Consumidor e os 
demais ramos do ordenamento jurídico; 
� A clara identificação da relação de consumo, de seus principais sujeitos e de seu 
objeto, visando capacitá-lo para lidar com problemas e elaborar argumentações 
jurídicas e estratégias de ação compatíveis com as posições de consumidor, 
fornecedor e agente publico. 
2. Material: CDC – Lei nº 8.078/90 e Constituição Federal. 
3. Obra recomendada: Manual de Direito do Consumidor, BENJAMIN, Antonio Herman V. et 
al. São Paulo: RT. 
4. Aulas e avaliações: o curso de Direito do Consumidor tem carga horária semestral, com 
duas aulas semanais e duas provas bimestrais. 
 
Direito do Consumidor 
Aspectos gerais 
1. Conceito: é um ramo do direito que disciplina as relações de consumo, visando proteger 
o consumidor frente ao fornecedor. Trata-se de um microssistema jurídico, com o objetivo de 
regular relações entre fornecedor e consumidor, considerado vulnerável, a partir das 
necessidades sociais e da distribuição de bens e serviços. 
2. Estrutura: o direito do consumidor é formado por normas próprias – previstas na 
Constituição Federal e no CDC, bem como outras leis esparsas – com princípios específicos 
formadores de microssistema jurídico autônomo. 
O CDC se estrutura, ao seu turno, por uma parte introdutória, contendo elementos 
objetivos e subjetivos da relação jurídica de consumo, e esclarecendo no que consiste a 
Política Nacional de Relações de Consumo (princípios, instrumentos e direitos básicos dos 
consumidores em geral), e de uma parte complementar, contendo explicação da relação de 
consumo, a contratação, as proteções contratuais, através de instrumentos de proteção 
processual, penal e administrativa dos consumidores. 
3. CDC: Lei ordinária (não complementar). Motivo - a lei consumerista teve de ser aprovada 
com o trâmite de lei ordinária para evitar maiores demoras. De qualquer modo, trata-se de 
um verdadeiro código, em razão de seu mandamento constitucional e seu caráter 
sistemático. 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
2 
4. Competência Legislativa: União estabelece as normas gerais sobre a proteção ao 
consumidor. Aos Estados e Distrito Federal compete a edição das normas específicas, de 
forma suplementar. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a 
competência legislativa plena, para atender as suas peculiaridades, mas a superveniência de 
lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário 
(art. 24, VIII, e §§ 1º, 2º e 3º da CF). 
5. Importância da Codificação: todos os princípios e regras estão condensados em um 
diploma, elaborado através de um estudo sistemático. No caso do Brasil, o anteprojeto foi 
fruto de estudo efetuado por juristas brasileiros de renome (Antônio Herman Benjamin, 
Kazuo Watanabe, Ada Pelegrini Grinover etc), através da comparação com a normatização 
de outros países. 
6. Objetivo do CDC: caracterizar os elementos subjetivos da relação consumerista 
(partes – fornecedor de um lado, e do outro, a classe consumidora), os elementos 
objetivos (bens de consumo – produtos e serviços), a relação jurídica consumerista 
(delimitar o seu próprio alcance), sendo que com inegável interesse social, visa diminuir as 
desigualdades naturais existentes entre consumidores e fornecedores na relação jurídica 
estabelecida entre eles. 
 
Base constitucional do Direito do Consumidor 
� Artigo 1º - a República Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito que 
tem como fundamentos “a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os 
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e o pluralismo político”. 
� Artigo 5º, inciso XXXII – “O Estado promoverá na forma da lei (...) a defesa do 
consumidor.” - garantia fundamental. A proteção jurídica do consumidor consiste 
em equilibrar a relação, com a proteção do Estado em favor do mais fraco, do 
hipossuficiente, da parte vulnerável. A defesa do consumidor é garantia 
constitucional. 
� Artigo 170, inciso V – princípio da ordem econômica - a ordem econômica é 
fundada na valorização do trabalho humano e livre iniciativa e tem por fim assegurar 
a todos “uma existência digna conforme os ditames da justiça social”, mas desde que 
observados nove princípios específicos, dentre os quais, “a defesa do consumidor”. 
 A ordem econômica é de natureza capitalista, sendo que a livre iniciativa traduz-se 
no sentido de que a exploração do mercado de consumo está nas mãos da iniciativa privada. 
Porém, o capitalismo no Brasil não é absoluto, estando sujeita a vários princípios, entre eles 
a defesa do consumidor. 
� Artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - prazo de 120 
dias para o Congresso Nacional elaborar e implementar em nosso sistema normativo 
um CDC. 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
3 
Conclusão 
Concluindo – CF – elencou o direito do consumidor como fundamental, e 
embora eleja e proteja a livre iniciativa, ela o limita através de vários princípios, 
entre elas a defesa do consumidor. 
A defesa do consumidor é um princípio da ordem econômica nacional (artigo 170, 
inciso V, Constituição Federal), uma garantia fundamental de todo cidadão, cuja proteção é 
uma obrigação seria assumida pelo Estado na forma da lei (artigo 5º, inciso XXXII, 
Constituição Federal). 
Características do CDC 
1) Microssistema jurídico: contém normas civis, administrativas, penais e processuais. 
2) Lei ordinária e não complementar. 
2) Normas de ordem pública e de interesse social: não podem ser dispostas pelas 
partes. 
3) Forte dirigismo contratual, visando impor um equilíbrio no contrato entre 
consumidores e fornecedores. 
4) Forte interesse social, com proteção da classe consumidora, considerada 
hipossuficiente. 
Diferenças entre o CDC e CC 
 Estas características trazem a diferença entre o CDC e o CC. 
� Código Civil – possui normas de direito material, tendo como base a igualdade 
entre as partes, criando os tipos dos vários contratos, com normas de ordem 
privada. 
� CDC – tutela os indivíduos, a coletividade e os interesses difusos, com normas de 
caráter civil, criminal, administrativa e processual; suas normas não podem ser 
derrogadas pelas partes; tem como prerrogativa a vulnerabilidade do consumidor 
diante do fornecedor e não tipifica contratos. 
Diálogo Das Fontes 
É o CDC que dispõe sobre as relações de consumo. Entretanto, nada obsta aplicação 
simultânea de mais de uma lei, no mesmo caso concreto. É o que se chama de diálogo das 
fontes. EX: o STF reconheceu a aplicação do CDC nas atividades bancárias, podendo ser 
aplicadas também, de forma simultânea, as leis que regem o sistema financeiro. 
O objetivo é conciliar as normas jurídicas de diplomas diversos, aplicando-as 
simultaneamente de modo a melhor atender o espírito da CF e do ordenamento jurídico 
como um todo. 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
4 
Diálogo das fontes: tentativa de expressar a necessidade de aplicação coerente das leis de 
direito privado, coexistentes no sistema. O Código Civil e o CDC coexistem, assim, a regra 
geral seria que: sendo a relação entre sujeitos paritários (em situação de igualdade) aplica-
se o Código Civil. Já nas relações jurídicas em que as partes são o consumidor e o 
fornecedor, o primeiro considerado vulnerável, aplica-se o CDC. 
Antinomias: conflito no Código Civil e no CDC, aplica-se a norma mais favorável ao 
consumidor, sujeito de direito vulnerável e merecedor de proteção do ordenamento jurídico.Previsão expressão de aplicação: Art. 7º, do CDC: Os direitos previstos neste código 
não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o 
Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos 
pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos 
princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade 
 
Evolução Histórica das Relações de Consumo 
Período pré-revolução francesa 
. 
Revolução Francesa - séculos XIV e XX - princípios liberais - Estado absteve-se de intervir 
nas relações privadas. Partes livres - Regras do mercado - Princípio da autonomia da 
vontade das partes e da força vinculante das obrigações (pacta sunt servanda). 
 
Revolução Industrial e do aço – urbanização – incremento do consumo – aumento da 
demanda – aumento da produção – substituição da bilateralidade das negociações. 
Desequilíbrio – vulnerabilidade do consumidor (adesão ou aquisição de produto 
desconhecendo a sua qualidade) – problemas decorrentes do desequilíbrio. 
Revolução Tecnológica (pós guerra) – aumento maior da produção – novos problemas 
surgidos e não resolvidos pelo direito civil – necessidade de intervenção estatal (legislações 
específicas e políticas públicas de defesa ao consumidor, bem como jurisdição especializada). 
Quebra dos paradigmas do direito civil (igualdade entre as partes, autonomia de vontade, 
pacta sunt servanda e responsabilidade fundada na culpa). Novos paradigmas (consumidor 
vulnerável, normas de ordem pública e interesse social e responsabilidade objetiva). 
Necessidade do Estado participar de forma mais ativa, principalmente nas questões 
sociais, intervindo com vistas a equalizar relações desiguais 
 Nova era – Revolução da Informática e Globalização – novas regulamentações 
 
Momentos históricos 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
5 
Discurso do presidente John Kennedy ao Congresso Nacional em 15 de março de 
1962. Frase célebre: “consumer by definition, include us all” – Reconhecimento de 04 
direitos básicos ao consumidor: ser ouvido e consultado, segurança; informação e escolha. 
Tais direitos estão incluídos no art. 6º do CDC. 
Proteção ao consumidor garantido nas constituições - Entre os anos 1974 e 1990, 
cerca de trinta países passaram por uma transição rumo à democracia. Novos textos 
constitucionais que passam a conter a proteção ao consumidor e a tutela dos interesses 
difusos. O Brasil também o faz. 
Conferência Mundial do Consumidor 1972 em Estocolmo – no ano seguinte, a 
Comissão das Nações Unidas sobre o Direito do Homem delibera que o ser humano, 
enquanto consumidor, deve gozar dos direitos a ser ouvido e consultado, segurança; 
informação e escolha. 
Organização das Nações Unidas – 1973 - enuncia e reconhece os direitos fundamentais 
do consumidor. 
1985 - Resolução 39/248 - estabelece normas sobre a proteção do consumidor, 
reconhecendo expressamente “que os consumidores se deparam com desequilíbrios em 
termos econômicos, níveis educacionais e poder aquisitivo”. 
Brasil – Ordenações e CC de 1917 – liberalismo econômico – contratos regidos baseados 
na igualdade das partes. 
Décadas de 40 e 60 – leis citando preocupação com o consumidor (Ex. Lei n.º 1221/51 - 
lei de economia popular) Movimentos de defesa do consumidor influenciando a CF de 1988. 
Princípios elencados no texto constitucional – Estado assume a obrigação de defesa do 
consumidor. 
Promulgação da Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, consolida o direito do consumidor 
como ramo jurídico autônomo. 
Modelo legislativo do microssistema - caráter multidisciplinar - trata de questões 
múltiplas - Direitos Constitucional, Civil, Penal, Administrativo, Processual Civil, Processual 
Penal, tendo como pedra de toque a vulnerabilidade do consumidor frente ao fornecedor, 
assim como a sua condição de destinatário final de produtos e serviços. 
Objetivo: constatação de forte desequilíbrio da relação contratual entre fornecedor e 
consumidor – Correção através da tutela legal nos aspectos, civil, comercial, processual, 
penal abarcando a tutela individual, homogênea, coletiva e difusa. Maneiras alternativas de 
resolução de conflitos (PROCON, JEC, arbitragem, compromisso de ajustamento, convenção 
coletiva de consumo). 
 
Relação jurídica de Consumo 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
6 
Conceito: é a relação firmada entre consumidor e fornecedor (elementos subjetivos), que 
tem como objeto a aquisição de um produto ou a utilização de um serviço (elementos 
objetivos), visando à satisfação final e privada do adquirente ou terceiro (elemento 
teleológico). 
Os elementos da relação jurídica de consumo são: 
� As partes (elemento subjetivo): consumidor e fornecedor, considerando o primeiro 
como vulnerável. 
� O objeto (elemento material ou objetivo): é o produto ou serviço. 
� O finalístico ou teleológico: o consumidor deve ser o destinatário final do produto ou 
serviço. Esse elemento não é exigido nas hipóteses de consumidor por equiparação. 
 
Difere da fórmula prevista no Direito das Obrigações e dos Contratos (igualdade 
entre os contratantes). 
Direito do Consumidor – Consumidor (vulnerável, carecedor de proteção estatal) e 
Fornecedor. Considera-se vulnerável porque o consumidor, por ser incapaz de influir na 
cadeia produtiva daquele produto, vê-se obrigado a submeter-se ao poder econômico de sua 
produção, criando desigualdade na relação jurídica. 
O CDC define quem são sujeitos e o objeto da relação consumerista. 
RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO 
É o negócio jurídico no qual o vínculo entre as partes se estabelece pela aquisição ou 
utilização de um produto ou serviço, sendo o consumidor como adquirente na qualidade de 
destinatário final e o fornecedor na qualidade de vendedor. 
 
Consumidor 
“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final” (artigo 2º, caput, CDC). 
Elementos: 1) Pessoas naturais ou jurídicas 2) Que adquire produto ou contrata 
serviço 3) Destinatário final (vulnerabilidade). Consumidor é tanto o adquirente (adquire) 
como o usuário (o que consome ou se beneficia de produto ou serviço). Embora possa haver 
confusão entre ambos, há hipóteses em que o adquirente e o usuário são sujeitos diferentes. 
Ao reconhecer a categoria de usuário, o CDC rompe com o princípio da relatividade dos 
contratos. 
Correntes doutrinárias 
� Teoria minimalista, restrita, finalista ou subjetiva: interpretação restritiva do artigo 
2º, para limitar a aplicação do CDC apenas em favor do “não profissional”, baseado na 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
7 
vulnerabilidade. Consumidor é o destinatário fático e econômico do bem, razão pela 
qual não o adquire para revenda, uso profissional ou assemelhados. Por esta teoria, o 
consumidor é o que adquire\utiliza o bem para si ou a sua família, excluindo a pessoa 
jurídica como consumidora. Entendem os finalistas que se deve tutelar de maneira especial 
um grupo vulnerável, ou seja, em princípio, os não profissionais. Esta teoria inviabiliza que a 
pessoa jurídica seja considerada consumidora, contrariando o disposto no art. 2º do CDC que 
expressamente a elenca como tal. 
� Teoria maximalista, objetiva ou ampliativa: aplicação amplíssima do CDC sob 
enfoque puramente objetivo do artigo 2º, caput, da Lei no. 8.078/90. Consumidor é qualquer 
pessoa física ou jurídica, desde que seja destinatário final do produto ou serviço, isto é, que 
retire do mercado para o fim de utilizá-lo e consumi-lo, pouco importando se o uso destina-
se ou não à atividade empresarial, ou se há ou não o escopo de lucro. 
 Esta teoria prega que a expressão “consumidor” deve ser entendida o mais amplamente 
possível, de forma puramente objetiva, não importando se a pessoa física ou jurídica tem ou 
não finalidade comercial quando adquire ou utiliza produto ou serviço. Consumidor é todo 
destinatário fático,pouco importando se ele é hipossuficiente\vulnerável. Pessoa jurídica 
pode ser consumidora em qualquer hipótese. 
� Teoria Finalista, minimalista temperada ou aprofundada: critério objetivo da 
corrente maximalista analisada no caso concreto, de forma que o não profissional 
(consumidor típico – pessoa física), assim como, o profissional (consumidor atípico – pessoa 
física ou jurídica), integrem a relação de consumo. Teoria construída, em especial, pela 
jurisprudência do STJ. Recebe também o nome de teoria finalista atenuada. 
Critérios utilizados: 1) A extensão do conceito de consumidor é uma medida 
excepcional e 2) necessidade de reconhecimento, no caso concreto, da vulnerabilidade da 
parte que se pretende ser considerada consumidora equiparada. 
Em regra, o consumidor pessoa física, tem presumida a sua vulnerabilidade 
técnica, ou seja, não possui conhecimentos sobre o objeto que está adquirindo e, por isso, 
precisa de proteção; a sua vulnerabilidade jurídica ou científica, que é a falta de 
conhecimentos jurídicos (é falta de conhecimentos quanto a direitos, instrumentos 
contratuais e remédios jurídicos para solucionar eventuais problemas), de contabilidade ou 
de economia, a sua vulnerabilidade econômica, considerando o fornecedor como parte 
economicamente mais forte da relação, pois detém o poder de produção, e a sua 
vulnerabilidade informacional, não tem como conferir se as informações passadas acerca 
do bem\serviço são verdadeiras. 
Já o consumidor profissional e a pessoa jurídica podem demonstrar as suas 
vulnerabilidades técnica, jurídica ou econômica, que, em regra, não serão presumidas. 
Demonstrando, há aplicação do CDC, desde que não utilizem o bem como intermediário, 
devendo o produto ou serviço objeto da relação jurídica esgotarem-se na própria relação, 
jamais ingressando de qualquer forma na cadeia de produção da pessoa jurídica. A ideia é de 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
8 
que o bem é comercializado não para integrar uma cadeia produtiva, mas sim para atender o 
seu consumidor final, não importando a destinação. 
Para essa teoria, o consumidor pode ser o não-profissional comportando as seguintes 
exceções: o profissional de pequeno porte; regimes de monopólio, já que nesse o 
profissional se submete as regras de quem detém o monopólio; e o profissional que está 
agindo fora de sua atividade, como exemplo, uma empresa concessionária de veículos que 
adquire cestas de natal para presentear seus colaboradores. 
 
Conclusão 
� Aquele que adquire o produto ou serviço com o intuito de comercializá-lo, não é 
destinatário final, logo não é consumidor. 
� Regra Geral: não é consumidor quem adquire o serviço ou produto para uso profissional 
(pessoas jurídicas e profissionais liberais,) porquanto embora seja destinatário fático (não 
revenderá o bem), falta-lhe a destinação final econômica, pois o produto ou serviço, ainda 
que indiretamente, será reintroduzido no mercado de consumo, embutindo-se o seu valor no 
preço. 
� Exceção: excepcionalmente, desde que comprovada a vulnerabilidade, embora possa 
haver uso profissional, aplica-se o CDC aos profissionais liberais e pessoas jurídicas que 
adquirem o produto ou serviço para uso profissional. Ex: o dentista que compra uma cadeira 
própria para empregá-la em sua profissão. 
 
 Consumidor por equiparação 
O CDC, além da definição de consumidor, estendeu a três outras situações o alcance 
de sua proteção. 
1) A “coletividade de consumidores”, prevista no CDC, que dispõe: “Equipara-se a 
consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas 
relações de consumo” (artigo 2º, parágrafo único, CDC). – Reconhecimento de direitos ou 
interesses difusos na categoria dos consumidores. 
2) “Vítimas de acidente de consumo”, prevista no artigo 17, do CDC, pela qual se 
estende o alcance deste diploma, na hipótese de responsabilidade pelo fato do produto ou 
serviço para eventuais vítimas de algum acidente de consumo não propriamente 
consumidoras diretas. É o caso, por exemplo, de alguém atropelado por um automóvel com 
defeito de fabricação. São conhecidos como bystanders, pessoas estranhas à relação 
original, mas que foram prejudicadas, de alguma maneira, por ela. Os equiparados a 
consumidor por serem vitimados são os que não tendo participado da relação de consumo 
sofrem apenas suas consequências danosas. No entanto, as vítimas de acidentes de 
consumo só têm a possibilidade de fazer uso de normas indicadas pelo Código, 
especialmente os artigos 12 a 17 e o art. 101, e não de todas. Este último facilita o acesso à 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
9 
justiça, determinando que a ação pode ser proposta no domicílio do autor, como é a regra 
geral para as ações envolvendo consumidores. 
3) “pessoas expostas às práticas comerciais”, prevista no artigo 29, da Lei nº 8.078/90, 
que amplia a incidência do CDC ao tratar da oferta para “todas as pessoas, determináveis ou 
não, expostas às práticas comerciais”. As práticas comerciais previstas aqui incluem a oferta 
de produtos, a publicidade, as práticas abusivas, a cobrança de dívidas, banco de dados e as 
cláusulas abusivas. 
Todas as pessoas expostas a essas práticas, sejam consumidores strictu sensu ou 
não, sejam determináveis ou não, são equiparadas a consumidor Ex: pessoas sujeitas a 
propaganda abusiva/enganosa. 
 Em todos os casos o conceito de consumidor está calcado na vulnerabilidade. O 
CDC ao admitir a figura do Consumidor por equiparação rompe com a idéia de que os 
contratos só produzem efeitos para as partes que dele participam. 
Fornecedor (art.3º do CDC) 
“Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviço”. 
Conceito: é quem “desenvolve atividade”, exigi-lhe a habitualidade e o profissionalismo 
na atividade fim, excluindo da legislação consumerista os contratos celebrados entre 
consumidores ou entre o consumidor e o comerciante que age fora da sua atividade-fim. 
Pessoa física 
� Profissional liberal 
� Pessoa que atua de forma habitual – profissionalismo. 
� Pessoa que ainda atuando de forma eventual, o faça com fins lucrativos. 
� Prestador de serviço. 
Pessoa jurídica 
� Pessoa jurídica privada 
� Pessoa jurídica pública - empresas públicas, concessionárias de serviço público, e em 
ambos os casos, que operem não por impostos ou taxas, mas por preços públicos ou tarifas. 
� Pessoa Jurídica Nacional 
� Pessoa Jurídica Estrangeira – a responsabilidade recai sobre o importador, sem prejuízo 
do direito de regresso. 
� Entes despersonalizados (massa falida, pessoas jurídicas de fato, camelôs por ex.). 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
10 
� Entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade de prática 
desportiva detentora do mando de jogo (art.3º, da Lei 10.671/03 – Estatuto do Torcedor). 
Observações: 
� Sociedades civis sem fins lucrativos de caráter beneficente e filantrópico: serão 
consideradas fornecedoras quando, por exemplo, prestarem serviços médicos, hospitalares, 
odontológicos e jurídicos a seus associados. 
� Poder Público: será enquadrado como fornecedor de serviço toda vez que, por si ou por 
seus concessionários, atuar no mercado de consumo, prestando serviço mediante a cobrança 
de preço. O mesmo ocorre com concessionários. Ex: Concessionários de serviços públicos de 
telefonia, prestador de serviço de água. 
 
Bens de consumo e bens de produção 
Produto - é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” (artigo 3º, 
parágrafo 1º, CDC). Trata-se de qualquer objeto de interesse em dada relação de consumo, 
e destinado a satisfazer uma necessidade do adquirente,como destinatário final. O termo é 
amplo, abrangendo os bens móveis (exemplos: carros, motos, sofás etc.), os bens imóveis 
(exemplos: apartamentos, terrenos etc.), os bens materiais, isto é, corpóreos, de existência 
física, e os bens imateriais, incorpóreos, isto é, os direitos (exemplo: programas de 
computador). 
Serviço - é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista (§2º do art.3º). Exclui-se expressamente: a) 
os serviços gratuitos; b) as relações trabalhistas. Estas são regidas pela CLT. O STJ 
pacificou a questão no que se refere às relações bancárias - Súmula 297: “O CDC é 
aplicável às instituições financeiras”. 
Observações: 
1) Embora a definição legal de produto seja reduzida, doutrinariamente, dado ao seu 
conceito amplo, ela é estendida além de bens móveis e imóveis; materiais e imateriais, 
abrangendo os consumíveis e inconsumíveis; fungíveis e infungíveis; principais e acessórios; 
novos e usados; duráveis e não duráveis, e amostras grátis quanto aos vícios, defeitos, 
prazos de garantia, etc. 
2) Quanto aos serviços gratuitos, só são excluídos se forem pura ou inteiramente gratuitos. 
Se houver uma remuneração indireta (serviços aparentemente gratuitos), impõe-se a 
incidência do CDC. Ex: transporte coletivo para maiores de 65 anos, estacionamentos 
gratuitos em estabelecimentos comerciais, etc. 
3) A menção da aquisição ou utilização de produtos e serviços de forma puramente 
objetiva, não se fazendo ressalva para a destinação produtiva ou de consumo. Deste modo, 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
11 
o produto ou serviço destinado ao consumo final ou a produção do consumidor, desde que 
adquirida como “comprador final”, estará compreendida na relação de consumo. 
4) Aspectos importantes no que se refere aos serviços: exigência de remuneração direta ou 
indireta; exclusão das relações trabalhistas, tributárias e as de mercado de capitais (não 
confundir com bancárias); inclusão das relações de entidade de previdência privada e seus 
participantes (Súmula 321 do STJ), banco de sangue e doador (REsp 540.922 de 2009), de 
emissora de TV e telespectadores (REsp 436.135), cooperativa de assistência de saúde e 
filiados (REsp519.310); exclusão da relação de locador e locatário (Lei especial); Crédito 
educativo (Lei nº 8.436/1992); serviços notariais; relação entre franqueador e franqueado, 
etc.. 
 
A Política Nacional de Relações de Consumo 
� Introdução: Mandamento constitucional previsto no artigo 5º, inciso XXXII, da 
Constituição Federal. A Política Nacional das Relações de consumo tem por a prestação 
adequada de serviços ao consumidor. 
� Concretização: Capítulo denominado “Política Nacional de Relações de Consumo”, 
prevendo 08 princípios e 05 instrumentos com o escopo de garantir a efetiva execução desse 
programa nacional. A ideia é estabelecer parâmetros que norteiem os atos do Poder Público 
(legislativo, executivo e judiciário), quando do tratamento das relações de consumo. 
� Importância: os princípios se aplicam a todo o sistema dentro do qual se inserem, sendo 
próprios do sistema consumerista a vulnerabilidade, a transparência, a boa-fé, o equilíbrio e 
a confiança. 
� Finalidade: criar uma harmonia das relações de consumo, prevendo direitos aos 
consumidores (respeito à dignidade, saúde, segurança, interesses econômicos) e também 
direitos aos fornecedores (proteção à livre iniciativa, concorrência leal, respeito às marcas 
e patentes, etc.). Nos termos do art. 4º, o objetivo é atendimento das necessidades dos 
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de sua qualidade 
de vida, bem como a transparência e harmonia nas relações de consumo. Há assim a criação 
de princípios a serem observados. 
 
Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo 
1) Princípio da Informação (artigo 4º, “caput”, CDC) também denominado como 
Princípio da Transparência: o consumidor tem direito ao pleno conhecimento de todas as 
circunstâncias necessárias ao consumo seguro e sadio dos produtos e serviços. Tal princípio 
espraia por diversos dispositivos do CDC (artigos 6º, inciso III, 8º, 31, 37, parágrafo 3º, 46, 
54, parágrafos 3º, e 4º), ficando claro que o consumidor tem direito a informação do uso e 
características dos bens de consumo, mormente diante da sua situação de vulnerabilidade. A 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
12 
contratação livre feita pelo consumidor passa necessariamente pelo conhecimento acerca do 
objeto a ser contratado. 
2) Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor (artigo 4º, inciso I, CDC): o 
consumidor é considerado a parte mais frágil da relação por não deter os meios de produção 
na maior parte das relações jurídicas de consumo. O reconhecimento da vulnerabilidade faz 
com as disposições e interpretações tenham por objetivo assegurar a igualdade material. 
Trata-se do princípio mais importante, pois fundamenta a existência da legislação 
consumerista, regendo a interpretação das normas de consumo. 
Espécies de vulnerabilidade: 
� Técnica: é a falta de conhecimentos específicos sobre o bem ou serviço adquirido 
� Jurídica: é a falta de conhecimento jurídico acerca da relação de consumo. 
� Fática: é a supremacia do fornecedor decorrente do seu poder econômico ou do fato de 
ser o titular da prestação de um serviço essencial. 
� Informacional: é a falta de informações necessárias sobre o conteúdo do produto ou 
serviço. 
 
2.1. Pessoas físicas – vulnerabilidade presumida. 
2.2. Pessoas jurídicas ou profissionais – para gozarem das disposições do CDC devem 
comprovar a vulnerabilidade. 
 
Vulnerabilidade ≠ hipossuficiência 
Vulnerabilidade = a presunção jurídica referente a estar o consumidor em posição de 
desequilíbrio na relação material de consumo. 
Hipossuficiência = presunção relativa relacionada a direito processual. Provada a 
hipossuficiência, é possível a inversão do ônus da prova. 
3. Princípio do dever ou da Ação Governamental (artigo 4º, incisos II e VI, CDC): O 
Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário) deve intervir no mercado com o objetivo de 
defender a parte mais fraca (o consumidor). Essa proteção do Estado ao consumidor pode se 
dar: 
3.1. Por iniciativa direta – edição de normas cogentes, instituição de órgãos de proteção 
ao consumidor, como, por ex., os PROCONS, que são órgãos públicos destinados à proteção 
do consumidor; 
3.2. Pelo incentivo à criação e desenvolvimento de associações civis 
representativas dos interesses dos consumidores, ADECON, IDEC, BRASILCON. Outro 
exemplo – art. 87 do CDC; 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
13 
3.3. Pela presença do Estado no mercado de consumo, regulando a ordem econômica, 
de forma que a defesa do consumidor seja resguardada de todo e qualquer abuso do poder 
econômico - criações da Secretaria Nacional de Direito Econômico e seus respectivos 
Departamentos de Defesa ao Consumidor e de Defesa da Ordem Econômica, do CADE 
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão regulador do controle e combate aos 
abusos do poder econômico no mercado, conforme regulamenta a Lei no. 8.884/94; 
3.4. Pela intervenção estatal pela garantia dos produtos e serviços com padrões 
adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho: para a 
concretização deste princípio destaca-se que SINMETRO, o CONMETRO e INMETRO, órgãos 
relacionados ao Programa Nacional de Qualidade e Produtividade Industrial lançado pelo 
Governo Federal estimulando a adoção de padrões mundiais de qualidade - Padrão ISO). 
3.5. Intervenção estatal por meio do estudo constante das modificações do 
mercado de consumo (art. 4º, inc. VIII): O CDC é de 1990, tendo várias questões 
surgidos após a sua publicação e que não foram disciplinadas à época. Vide, por ex., o casodo comércio eletrônico. Assim, há uma imposição de constante estudo por parte do Poder 
Público para que aprimore a proteção dispendida ao consumidor, nas novas relações jurídicas 
surgidas. Por exemplo, a criação do Banco de Dados Positivo – Lei nº 12.414/11. 
4. Princípio da Harmonização (artigo 4º, incisos III e V, CDC): a Política Nacional de 
Relações de Consumo tem também como um de seus objetivos a harmonização entre 
consumidores e fornecedores, possibilitando o desenvolvimento tecnológico e econômico 
dos meios de produção e economia em compatibilidade permanente com a defesa do 
consumidor. Não podem ser colocados no mercado novos produtos que ofereçam perigo ao 
consumidor ou que sejam ineficientes. 
 Os fornecedores devem criar meios eficientes de contrato de qualidade e segurança 
dos produtos e serviços. 
 Visando estreitar a relação entre ambos e prevenir litígios, pode-se citar 03 
instrumentos: 
� SAC’S (Serviço de Atendimento ao Consumidor), 
� As Convenções Coletivas de Consumo (os pactos estabelecidos entre as entidades 
civis de defesa dos consumidores e os sindicatos ou associações comerciais ou industriais 
representando setores de fornecedores, que têm por meta definir condições de preço, 
qualidade, garantia, e composição preventiva de conflitos acerca do consumo de 
determinado produto, através de documento escrito levado a registro público em Cartório de 
Títulos e Documentos, conforme trata o Art. 107, do CDC), 
� Recalls (convocações efetuadas pela indústria para a efetivação de reparos de defeitos 
em bens produzidos em série decorrentes de equívocos da linha de produção, evitando o 
surgimento de lides). 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
14 
5. Princípio da Boa-Fé Objetiva (artigo 4º, inciso III, CDC): traduzida no dever das 
partes agirem conforme parâmetros de honestidade e lealdade, estabelecendo equilíbrio nas 
relações de consumo. A boa-fé objetiva contratual, agrega-se aos elementos do contrato 
(partes capazes, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei), surgindo entre as 
partes os deveres de confidencialidade, assistência, informação, lealdade e confiança 
recíprocas. 
6. Princípio do Equilíbrio Contratual (artigo 4º, inciso III, CDC): o contrato não pode 
acentuar as diferenças entre fornecedores e consumidores, mas sim buscar o equilíbrio entre 
as partes, diminuindo a vulnerabilidade destes. O CDC imporá pena de nulidade para as 
cláusulas contratuais que prevejam vantagens manifestamente excessivas ou 
unilateralmente desproporcionais em benefício exclusivo do fornecedor. Vide art. 51 do CDC. 
7. Princípio da Educação e Informação (artigo 4º, inciso IV, CDC): a população deve 
ser constante educada e informada acerca de seus direitos enquanto consumidores e quais 
são os seus instrumentos de proteção. Já os fornecedores devem também ser orientados e 
advertidos para que prestem vassalagem aos direitos dos consumidores. 
8. Princípio da racionalização e melhoria dos serviços públicos (artigo 4º, inciso 
VII, CDC): o Poder Público, assim como a iniciativa privada, deve velar pela qualidade do 
produto ou do serviço prestado, de modo a atender satisfatoriamente os consumidores. 
Desta feita, quando o Poder Público presta ou concede a terceiro determinado serviço, ele 
deve velar pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, 
segurança, durabilidade e desempenho. 
 
Instrumentos 
Previstos no artigo 5º do CDC, se tratam dos meios utilizados para efetivar os princípios 
mencionados. São eles: 
1) Assistência jurídica integral e gratuita (artigo 5º, inciso I, CDC): tem por objeto de 
tutela o consumidor carente, sendo que se manifesta nas Defensorias Públicas. No Estado de 
São Paulo, em comarcas onde elas inexistem, a assistência jurídica é prestada através de 
convênio entre a Defensoria Pública Estadual e a OAB/SP. 
2) Promotorias de Justiça de defesa do consumidor (artigo 5º, inciso II, CDC): o 
Ministério Público é legitimado para a proteção coletiva dos consumidores, desempenhando 
tal mister através de Promotorias de Justiça Especializadas, mediante a instauração de 
inquérito civil e respectiva ação civil pública. O Ministério Público não tem legitimidade 
para mover a ação individual em favor de determinado consumidor, embora possa servir de 
ombudsman, recebendo reclamações e prestando orientações aos particulares em geral. 
3) Delegacias de Polícia especializadas (artigo 5º, inciso III, CDC): o CDC prevê a 
especialização da Polícia Judiciária com a criação de um Delegacia própria para a apuração 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
15 
de crimes contra a economia popular e na apuração de delitos contra as relações de 
consumo. 
4) Juizados Especiais Cíveis (artigo 5º, inciso IV, CDC): com a Lei 9.099/95, houve 
uma enorme ampliação do tão reclamado acesso ao Poder Judiciário, com a multiplicação das 
pequenas demandas, sendo que destas, boa parte decorre de relações de consumo. 
5) Associações de consumidores (artigo 5º, inciso V, CDC): que atuam na defesa de 
seus associados, ou mesmo na defesa coletiva dos consumidores e desempenham 
importante papel, tendo o CDC atribuído legitimação ativa para a propositura de ações civis 
públicas, observados certos requisitos legais. Exemplo: IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa 
do Consumidor. 
 
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 
CONCEITO: são os direitos essenciais do consumidor e estão previstos no art. 6° do CDC. 
Podemos enumerá-los à seguinte forma: 
� Proteção da vida, saúde e segurança; 
� Educação para o consumo; 
� Informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços; 
� Proteção contra publicidade enganosa e abusiva; 
� Proteção contratual; 
� Efetiva indenização; 
� Facilitação no acesso à Justiça; 
� Facilitação de defesa de seus direitos; 
� Qualidade dos serviços públicos 
 
Esse rol de direitos não é taxativo. Trata-se de direitos básicos, que não excluem 
outros direitos, previstos no próprio CDC ou em qualquer outra lei ou tratado internacional. 
 
1. PROTEÇÃO DA VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA (ART. 6°, I, DO CDC): a segurança deve 
ser entendida de forma mais ampla possível, abrangendo a pessoa e o patrimônio do 
consumidor. Com base neste direito, são previstas várias regras estabelecendo deveres dos 
fornecedores de produtos ou serviços perigosos, entre os quais, a obrigação legal de 
informar na embalagem os riscos que o produto apresenta, ou de não colocá-lo no mercado 
se tais riscos surgirem como superiores ao normalmente esperado; a obrigação legal de 
retirar do mercado produtos que ofereçam riscos à incolumidade dos consumidores ou 
terceiros e de informar autoridades competentes sobre tais riscos; e a obrigação legal de 
indenizar na hipótese de danos causados pelo fato do próprio produto. 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
16 
2. EDUCAÇÃO e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, 
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações (ART 6º, II, DO 
CDC): a educação visa dotar o consumidor de espírito crítico para enfrentar as técnicas de 
venda e as práticas de mercado. O consumidor é detentor do direito de ser educado sobre o 
consumo, razão pela qual recomenda-se a formação do público consumidor, colocando à 
disposição de todos, conhecimentos sobre princípios básicos do CDC, de modo a possibilitar 
uma escolha adequada de bens e serviços. A liberdade de escolha é consequência da 
educação, sendo pode ser vista também como um direito contra a formação de cartéis. Já o 
direito de igualdade nas contratações visa impedir qualquer discriminação pessoal na oferta, 
publicidade ou restrições ao ato de contratação. 
3. INFORMAÇÃO (ART. 6º, III, DO CDC): o consumidor deve sempre ser informado sobre 
os produtos e serviço que deseja contratar. Essa informação só será efetiva quando for clara 
e adequada emrótulos, embalagens e publicidade, alcançando características, composição, 
qualidade, riscos do produto. O direito à informação se estende ao momento anterior a 
contratação e prolonga-se até depois dela. Esta informação origina-se do Estado, das 
associações dos consumidores e dos próprios fornecedores, permitindo uma comparação 
entre produtos e serviços concorrentes. Além deste direito proclamado no art. 6º, o CDC 
regula a informação como oferta (arts. 30 e 31 do CDC); institui deveres de informação para 
depois da contratação (art. 10 do CDC). Destaca-se que a informação deve ser acessível à 
pessoa com deficiência. 
 Este direito à informação correta traz a proibição da publicidade enganosa e abusiva. 
Abusiva: é a publicidade que incite à violência, explore o medo e a superstição, se aproveite 
da deficiência de julgamento e inexperiência da criança, desrespeite os valores ambientais e 
que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à 
sua saúde ou segurança. 
Enganosa: é a publicidade inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, 
mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, 
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados 
sobre produtos e serviços. 
 
4. PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS (ART. 6 º, IV E V, DO 
CDC): A proteção contra práticas e cláusulas abusivas é concretizada através da proteção 
especial prevista em dois artigos: art. 39 (práticas abusivas) e as art. 51 (cláusulas 
abusivas). 
5. POSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS QUE 
ESTABELEÇAM PRESTAÇÕES DESPROPORCIONAIS OU SUA REVISÃO EM RAZÃO DE 
FATOS SUPERVENIENTES QUE AS TORNEM EXCESSIVAMENTE ONEROSAS (artigo 6º, 
V, CDC): a Teoria da Imprevisão –clausula rebus sic stantibus- foi positivada no CDC. 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
17 
6. PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS (ART. 6 º, VI, DO CDC): o objetivo principal é 
a prevenção do dano, visando evitar que o dano ocorra. Pela prevenção tem-se que as 
empresas fornecedoras de produtos e serviços devem pesquisar e certificar-se da qualidade 
e características do produto ou serviço antes de colocá-los no mercado. Ademais, ocorrendo 
danos, os fornecedores devem repará-los, de forma mais ampla possível, abrangendo os 
danos materiais e morais. Ex: SACs (serviços de atendimento aos consumidores) e Recall; 
sanções administrativas, punições penais e civis. 
7. ACESSO À JUSTIÇA (ART. 6 º, VII, DO CDC): abrange o direito de representação e o 
direito de assessoramento e assistência. O CDC facilita o acesso à justiça. Consequência - 
colocar à disposição do público um serviço ágil para responder objetiva e rapidamente às 
consultas populares sobre todos os aspectos relativos ao consumo, especialmente os 
negociais. Já o direito de representação em juízo pode ocorrer através de advogado e das 
defensorias públicas. 
Além da defesa individual, tem-se a defesa no plano coletivo. Quando se tratar da 
defesa coletiva de direitos inclui também as associações de consumidores e o Ministério 
Público. 
8. FACILITAÇÃO DA DEFESA DE DIREITOS (ART. 6 º, VIII, DO CDC): ocorre 
principalmente através de dois mecanismos: da possibilidade de ingresso da ação no local de 
seu domicílio e da possibilidade de inversão do ônus da prova no processo civil, havendo 
verossimilhança das alegações ou hipossuficiência do consumidor. 
9. ADEQUADA E EFICAZ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO (ART. 6 º, X, DO CDC): O poder 
público quando prestador de serviços de consumo, deve oferecer serviços adequados e 
eficazes. Além disso, o art. 22 refere que os serviços públicos essenciais devem ser 
contínuos. Poder Público – prestação de serviços de duas formas: serviços ut singuli - 
reputados como individuais (fornecimento de água, energia elétrica, telefonia), e operando 
com preços públicos, nas quais incide o CDC. Serviços coletivos gratuitos ut universi 
(educação, saúde, segurança pública), em que não há fornecimento propriamente dito, nem 
tampouco relação de consumo. 
 
REGRAS DE EXTENSÃO E SOLIDARIEDADE 
Artigo 7º: Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de 
tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação 
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas 
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, 
costumes e equidade. 
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão 
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo” 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
18 
“Caput” - Havendo regra mais benéfica ao consumidor que não prevista no CDC, ela terá 
plena aplicação. Caso surja aparente conflito de normas, prevalecerá sempre e em qualquer 
hipótese aquela que oferecer maiores vantagens ao consumidor. 
Parágrafo único - haverá solidariedade passiva na cadeia de fornecimento, em caso de danos 
ao consumidor se mais de um fornecedor contribuir para o surgimento da ofensa em 
qualquer grau. Deste modo, independentemente dos graus de contribuição particular de cada 
fornecedor para a origem do dano ao consumidor, todos os responsáveis em qualquer grau 
pelo dano responderão pelo todo da reparação. 
QUALIDADE E SEGURANÇA NAS RELAÇÕES DE CONSUMO 
Objetivo: proteção a vida e a saúde do consumidor. 
Consequência: os artigos 8º, 9º, e 10º normatizam as situações de nocividade e 
periculosidade possíveis na relação de consumo. 
 O CDC: 
� Estabelece regras sobre a mínima qualidade e segurança dos produtos e serviços. 
� Prevê mecanismos de proteção para a atenuação dos riscos com a atividade de consumo. 
� Tutela a vida, a saúde e a segurança dos consumidores, considerados bens jurídicos 
primordiais. 
 
Da proteção da Saúde e da Segurança 
Da previsão periculosidade 
 
 Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão 
riscos à saúde ou segurança dos consumidores (regra), exceto os considerados 
normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição (exceção), obrigando-se 
os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e 
adequadas a seu respeito (obrigação genérica). Parágrafo único. Em se tratando de 
produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, 
através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto (obrigação específica). 
Explicação 
 
1) Regra: produtos e serviços não podem acarretar riscos. 
2) Exceção: riscos normais e previsíveis inerentes a alguns produtos (ferramentas, 
alguns produtos de limpeza, inseticidas, armas etc.). Tem-se aqui a chamada 
periculosidade inerente. 
 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
19 
Consequências 
 
1) Obrigação genérica aos fornecedores: dever de informar em qualquer hipótese, por 
mais conhecido que seja o risco de um produto (Princípio da Transparência ou Informação) 
2) Obrigação específica ao fabricante de produtos industrializados: informação por 
impresso explicativo acompanhando o produto. 
 
Interpretação do dispositivo 
 
 O CDC, embora proíba produtos e serviços causem riscos à saúde e segurança do 
consumidor, aceita a existência daqueles que geram riscos normais e previsíveis, em razão 
de sua própria natureza. Neste caso, o fornecedor ou, então, o fabricante (no caso de 
produto industrializado), devem proceder informações acerca da periculosidade do produto. 
 
 Discussão doutrinária 
 
� Alguns defendem que a regra deve ser interpretada de forma cautelosa, para não 
estendê-la ao absurdo, sendo a obrigação de informação voltada aos riscos anormais e 
imprevisíveis em razão da utilização de produtos e serviços. 
 
� Outros entendem que “em qualquer hipótese”, deve ser dada informações sobre a 
periculosidade e nocividade diante da fixação desse direito como básico e indisponível(artigo 
6º, inciso I, CDC). 
 
Periculosidade potencial (artigo 9º, CDC) 
 
 Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos 
à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a 
respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras 
medidas cabíveis em cada caso concreto. 
 
� Previsão da periculosidade potencial: além da periculosidade inerente, há produtos e 
serviços que revelam um perigo que pode se materializar apenas eventualmente, se 
observadas situações específicas (ex. embalagens de produtos que podem, em determinadas 
situações, explodirem). 
� Obrigação do fornecedor: informar, de forma ostensiva e adequada, a nocividade e 
periculosidade potenciais, sem prejuízo de outras medidas práticas. 
 
Periculosidade excessiva (artigo 10 do CDC) 
 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
20 
 Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou 
serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou 
periculosidade à saúde ou segurança. 
� Impedimento: regra proibindo a colocação no mercado de produto ou serviços com alto 
grau de nocividade ou periculosidade. 
� Elemento subjetivo: sabe ou deve saber. Criação de uma presunção jurídica, sendo que 
mesmo desconhecendo sobre a periculosidade/nocividade, o fornecedor pode sofrer 
consequências (responsabilidade administrativa, civil e penal), se for considerado que ele 
deva conhecer os perigos que seu produto possa vir a causar ao consumidor. 
� Resumindo: o CDC aceita produtos e serviços sem perigo, com periculosidade inerente e 
até com periculosidade potencial, porém não se pode colocar no mercado aqueles que 
possuem periculosidade excessiva (aplicação do art. 6º, I c.c. o art.10, “caput”, do CDC). 
 
Periculosidade futura (artigo 10, § 1º, CDC) 
 
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no 
mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, 
deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos 
consumidores, mediante anúncios publicitários. 
� Regra: o produto ou serviço com alto grau de periculosidade ou de nocividade, não pode 
ser colocado no mercado. 
� Situação: e se o perigo ou nocividade não for conhecido ao tempo em que o produto foi 
disponibilizado ao mercado de consumo pela ciência posta? 
� Resposta: o fornecedor deverá cumprir duas obrigações: 1) informar as autoridades 
competentes, e 2) informar os consumidores mediante anúncios publicitários (artigo 10, § 
1º, CDC). 
 
Consequências: 
1) Produtos sujeitos à fiscalização ou controle rotineiro: se o produto sujeitar-se a 
controle e fiscalização governamentais, deverá ser retirado de mercado por iniciativa do 
Poder Público. 
2) Recall: se não houver esse controle governamental sobre o produto ou serviço, a 
providência ficará a cargo do próprio fornecedor, que deverá retirar o produto ou serviço 
colocado no mercado. No caso se já terem sido colocados no mercado, os consumidores 
deverão ser convocados para substituição ou reparo do produto ou serviço. Tais providências 
não impedem a responsabilidade caso algum dano venha a ocorrer antes ou depois da 
retirada do produto pela Administração, pelo fabricante, ou do recall, sendo que o fornecedor 
responde pelas despesas. 
 
 O Poder Público também assume o dever jurídico de informar o público consumidor 
sobre a futura periculosidade e nocividade 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
21 
 § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços 
à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios deverão informá-los a respeito”. 
 
Conclusão/Resumo 
1. Art. 6º, inciso I, CDC - direito básico de “proteção da vida, da saúde e da segurança 
contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços 
considerados perigosos ou nocivos”. 
2. Regra: não se pode comercializar produto/serviço que causem periculosidade ou 
nocividade ao consumidor. 
2.1. Exceções: no caso de periculosidades inerente e potencial dos produtos e serviços há o 
dever de informação necessária e adequada (artigos 8º e 9º, CDC). 
3. Periculosidade excessiva: perigos maiores do que vantagens. Os produtos/serviços não 
podem ser colocados no mercado. 
3. Periculosidades ou nocividades futuras: ocorre quando as periculosidades ou 
nocividades são descobertas somente após a colocação do produto ou disponibilização do 
serviço ao mercado de consumo. O Fornecedor é obrigado: a) retirar os produtos para 
adequação das informações; b) informação ao Poder Público sobre a descoberta da 
periculosidade; c) informação ao público consumidor à custa do fornecedor. Isto se se tratar 
de periculosidades inerente ou potencial. Se for excessiva, deve o produto ser retirado do 
mercado. 
 
Responsabilidade Civil no CDC 
Introdução: é a obrigação de indenizar o dano causado a outra pessoa. A responsabilidade 
civil pode ser: 
� Subjetiva: é a derivada de dolo ou culpa. A obrigação somente de indenizar surge se o 
dano houver sido causado de forma dolosa ou culposa. 
� Objetiva: é aquela em que a obrigação de indenizar é independente de dolo ou culpa, 
bastando o nexo causal entre a conduta e o dano experimentado pela vítima. 
 No CDC, a responsabilidade do fornecedor é objetiva, à exceção dos profissionais 
liberais que, no tocante aos serviços prestados, só respondem a título de dolo ou culpa (§4º 
do art.14). 
 
Pressupostos: 1) Objeto (produtos e serviços produzidos em série, sem possibilidade de 
intervenção do consumidor) + 2) Consequência (ocorrência de defeitos) = 3) 
Necessidade de maior proteção. 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
22 
“Teoria do Risco do Negócio”: é a adotada pelo CDC. Surge diante da possibilidade do 
consumidor adquirir produto ou serviço com problemas, sem que tenha ocorrido dolo ou 
culpa do fornecedor + complementação do direito básico a efetiva prevenção e reparação de 
danos patrimoniais e morais suportados em razão da relação de consumo (artigo 6º, inciso 
VI, CDC). Por esta teoria, a responsabilidade do fornecedor prescinde do requisito 
culpa. 
Fundamento: ao explorar a economia de consumo, o fornecedor assume o risco de que 
produção em série poderá colocar no mercado produtos com problemas, devendo 
responsabilizar-se pelos mesmos, diante do lucro por ele auferido. O conceito de 
responsabilidade objetiva em sede de direito do consumidor foi construído e fundamentado 
na dificuldade de efetivar a reparação de danos às vítimas dos acidentes de consumo. Na 
prática, sem a adoção desta responsabilidade, não há como provar que o produto/serviço 
estava com defeito. 
 O desempenho de atividade econômica, por si só, cria o risco de dano ao 
consumidor, de forma que, se concretizado, surge o dever de repará-lo, independentemente 
da comprovação de dolo ou culpa do fornecedor. 
Consequência: o fornecedor se obriga a reparar quaisquer danos sofridos pelo consumidor 
em razão do próprio produto ou serviço, ou seja, pelo fato do produto ou do serviço. O dever 
de reparação surge com o surgimento do dano diante de defeito oriundo de projeto, 
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou 
acondicionamento do produto, ou aparece com o acontecimento do dano resultante de 
informações insuficientes ou inadequadas sobre a utilização e riscos do produto. 
Base: o conceito de responsabilidade objetiva apoia-se em três bases: 
� A existência de um defeito no produto; 
� O efetivo dano sofrido (moral ou material); 
� O nexo de causalidade que liga o defeito do produto à lesão sofrida. 
 
Disposição legal: o CDC dispõe a responsabilidade civil do fornecedor da seguinte 
maneira: 
� Responsabilidade pelo fato do produto (art.12). 
� Responsabilidade pelo fato do serviço (art.14). 
� Responsabilidadepelo vício do produto (arts.18 e 19). 
� Responsabilidade pelo vício do serviço (art.20). 
 
Responsabilidade pelo fato do produto (defeito) e responsabilidade pelo vício do 
produto - Diferenças 
 
Espécies de responsabilização: o regime de responsabilização adotado para as relações 
de consumo rompe com o binômio contratual e extracontratual. Ao invés de classificar a 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
23 
responsabilidade de acordo com a natureza do vínculo, o CDC adota a lógica dos bens 
jurídicos tutelados. A responsabilidade pelo fato do produto deve ser considerada como 
responsabilidade pelos acidentes de consumo (defeito). Assim, a responsabilidade civil nas 
relações de consumo divide-se em responsabilidade por defeito e por vício. 
Diferenças: Será considerada por defeito se houver problemas referentes à insegurança 
(art. 6º, I, do CDC) e responsabilidade pelo vício, se o dano for ao patrimônio (art. 
6º, VI, do CDC). 
A responsabilidade pelo fato é associada à noção de defeito no produto, a 
ocorrência de falha no produto que gera o acidente de consumo e, em consequência, danos 
ao consumidor. Doutra parte, a responsabilidade pelo vício está ligada à ocorrência de falha 
no produto, capaz apenas de lhe diminuir o valor ou funcionalidade, sem afetar a integridade 
física, moral e patrimonial do consumidor. O defeito está associado à segurança do 
consumidor. Já o vício se liga a qualidade do produto. 
 
Defeito: atinge o consumidor em seu patrimônio jurídico pessoal material, moral, estético 
ou de imagem. A responsabilidade pelos fatos do produto ou serviços se apresenta ao 
comerciante como subsidiária, eis que, os obrigados principais são o fabricante, o produtor, o 
construtor e o importador. O comerciante só será responsabilizado quando aqueles não 
puderem ser identificados, quando o produto fornecido não for devidamente identificado, ou 
ainda, quando não conservar os produtos perecíveis adequadamente. 
Vício: recai sobre o próprio produto ou serviço, diminuindo-lhe o valor, ou apresentando-se 
de forma diversa das informações que carrega, ou ainda tornando-o imprestável ao fim a 
que se destina. É uma característica própria e intrínseca do produto ou serviço em si (dano 
in re ipsa, ou seja, inerente a própria coisa). Na responsabilidade pelos vícios do produto o 
comerciante responde solidariamente, juntamente com todos os envolvidos na cadeia 
produtiva e distributiva. 
 
VÍCIO ≠ DEFEITO 
Vício: é a mera inadequação do produto ou do serviço para os fins a que se destina. Ex.: o 
consumidor comprou um eletrodoméstico que não funciona. 
Defeito: diz respeito à insegurança do produto ou do serviço. Ex.: a televisão comprada 
explode e causa danos à integridade do consumidor. 
 Espécies de defeitos: de fabricação, de concepção e de comercialização. 
 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
24 
Dupla ocorrência: às vezes um mesmo problema pode caracterizar o vício, ou causar um 
acidente de consumo, transformando-se em defeito, tudo dependendo das consequências 
decorrentes desse problema do produto ou serviço na vida do consumidor. 
Responsabilidade pelo fato do produto/defeito = direito à indenização 
 
Responsabilidade pelo vício do produto = direito ao conserto, à troca do produto ou ao 
recebimento do dinheiro pago. 
 
Responsabilidade pelo Fato do Produto ou do Serviço 
1. Conceito: é a responsabilidade atribuída ao fornecedor ante a ocorrência de um acidente 
de consumo derivado de um defeito. Trata-se de responsabilidade por acidentes de consumo, 
com previsão nos artigos 12 a 17 do CDC. 
2. Acidente de Consumo: é aquele que atinge o consumidor causando-lhe danos em razão 
da utilização do produto ou do serviço, que podem ser materiais ou morais, em razão de sua 
insegurança, quase sempre surgindo em uma fase intermediária do consumo e de forma 
oculta. O “acidente de consumo” lesa a vida, a saúde, a integridade física ou a segurança de 
uma ou mais pessoas. Gera, pois, um dano pessoal, e não meramente patrimonial. 
3. Defeito: produtos e serviços defeituosos são os que não apresentam a segurança 
legitimamente esperada, causando danos à vida, saúde ou segurança ocasionado por 
produto ou serviço. Igualmente é considerado defeito as situações das quais decorrem 
prejuízo lateral (a pessoa, embora não seja consumidora direta, é atingida pelo acidente de 
consumo). 
4. Ausência de Segurança: inicialmente recorde-se os 02 tipos de periculosidade: a 
inerente (risco intrínseco do produto ou serviço, referente à sua própria qualidade ou modo 
de funcionamento) e a adquirida (que se tornam perigosos em razão de um defeito com 
origem na fabricação, concepção ou comercialização) 
No caso da periculosidade inerente, a princípio a responsabilidade é excluída. 
Porém, o fornecedor poderá responder se não informar adequadamente sobre sua 
utilização e riscos (Art. 8º do CDC). 
A periculosidade adquirida gera responsabilização objetiva, ou seja, 
independentemente de culpa. Além disso, os fornecedores são proibidos de introduzir 
no mercado tais produtos e serviços. Em caso de impossibilidade de prevenir o risco 
antes de sua inserção no mercado, o fornecedor deverá informar as autoridades, os 
consumidores e proceder ao recall. 
5. Espécies de defeitos: 
Defeito do Produto: conforme a sua origem divide-se em: concepção, fabricação e 
comercialização. 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
25 
5.1. Defeito de concepção: é decorrente da falha de projetos ou fórmulas, geralmente 
manifestando-se diante de erro em relação às características finais dos produtos ou serviços 
de toda uma série. Podem ocorrer no planejamento, no desenvolvimento, na escolha do 
material utilizado, em relação às técnicas de fabricação bem como ao modo de utilização ou 
montagem dos componentes. Recai sobre todos os produtos de uma determinada série na 
cadeia produtiva, sendo que a forma de solução é determinar o recolhimento do produto 
através de recall (comumente envolvem os defeitos de projeto, formulação e design). 
5.2. Defeitos de fabricação: estes recaem apenas em alguns produtos, por falhas no 
processo produtivo. Eles se se caracterizam por apresentarem imperfeições inadvertidas em 
relação a alguns produtos de uma série ou produção. Envolvem os defeitos de fabricação, 
construção, montagem, manipulação e acondicionamento. 
5.3. Defeitos de comercialização: abrangem os deveres de informar, acondicionar e 
embalar o uso correto do produto ou fruição do serviço. Geralmente, decorrem em razão de 
informações incompletas, obscuras, ausentes, imprecisas, que causam acidentes de consumo 
motivados por insegurança do produto ou serviço. Trata-se de defeito extrínseco, sendo que 
para a sua ocorrência, deve gerar um dano, seja este material, moral, individual, coletivo ou 
difuso. A mera potencialidade do dano não torna o produto defeituoso, mas tão somente 
viciado (vício de qualidade por inadequação). 
Defeitos do Serviço: o serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o 
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, 
entre as quais o modo de seu fornecimento, o resultado e os riscos que razoavelmente dele 
se esperam, e a época em que foi fornecido (§1º do art.10). O serviço não é considerado 
defeituoso pela adoção de novas técnicas (§2º do art.14). 
6. Sujeitos: em se tratando de acidentes de consumo, o CDC amplia a proteção para 
proteger qualquer pessoa vitimada (art. 17 do CDC), independentemente desta ter adquirido 
pessoalmente o produto ou serviço. Tanto o consumidor que adquire o produto, como 
terceiro que vem a sofrer em decorrência deste defeito, são protegidos. 
6.1 Responsáveis: são responsáveis alternativamente: o fabricante (fornecedor que 
fabrica e coloca no mercado produtos industrializados); o construtor (introduz produtos 
imobiliários no mercado, através do fornecimento de bens ou serviços); importador(fornecedor presumido, que responde por eventuais danos causados por defeitos de 
fabricação ou produção de produtos importado) ou o produtor (coloca no mercado produtos 
não industrializados, de origem natural). Concentra-se a responsabilidade, diante da 
presunção de terem eles maior capacidade econômica em suportarem a responsabilização e 
por disporem de maiores condições de influenciar o processo de produção dos produtos 
O comerciante é responsável solidário (e subsidiário) somente nos casos 
previstos no art. 13 do CDC. Ele será responsabilizado quando o fabricante, o construtor, o 
produtor ou o importador não puderem ser identificados (produto colocado sem qualquer 
informação); quando o produto fornecido não for devidamente identificado (mercadoria 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
26 
vendida sem rótulo), ou ainda, quando não conservar os produtos perecíveis adequadamente 
(a responsabilidade é exclusiva do comerciante, excluindo a responsabilidade dos demais 
fornecedores). 
Responsabilidade solidária: aquele que efetivar o pagamento ao consumidor prejudicado 
poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua 
participação na causação do evento danoso (parágrafo único do art.13 do CDC). É cabível 
para o comerciante (salvo na hipótese do art.13, III) e para os demais fornecedores 
(fabricante, produtor, construtor e importador), devendo ser exercitada em ação autônoma 
diante da vedação da denunciação da lide (art.88 do CDC). 
6.1.1 Responsáveis por serviços - o art. 14 do CDC menciona genericamente o 
fornecedor de serviços. Assim, caso haja mais de um fornecedor de serviços envolvido, todos 
poderão ser acionados, sozinhos ou em conjunto. Isso porque a legislação prevê 
expressamente a solidariedade entre os fornecedores responsáveis, conforme disposto no 
art. 25, §1º, do CDC: 
7. Excludentes de Responsabilidade: a responsabilidade é objetiva, mas pode ser 
afastada de acordo com previsões do CDC (arts. 12, §3º e 14, §3º, do CDC). São elas: 1) 
Não colocação do produto do mercado (produto falsificado, roubado, furtado, etc.); 
2) Inexistência de defeito (prova deve ser realmente de ausência de defeito, sendo que a 
mera ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e 
serviços não o exime da responsabilidade -art. 23 do CDC; 3) Culpa exclusiva do 
consumidor, e 4) Culpa exclusiva de terceiro. 
7.1. Excludente doutrinárias: discute-se a possibilidade de exclusão da responsabilidade 
em caso de: caso fortuito e força maior (devem ser causa direta do dano, não se 
relacionando com a atividade do fornecedor e, além disso, ser excepcional e inevitável), a 
observância de normas imperativas (havendo norma jurídica, vinculante imperativa e 
detalhada sua observância pode acarretar a exclusão de responsabilidade do fornecedor. 
Para isso, é preciso que o defeito seja decorrente da observância da lei), e os riscos de 
desenvolvimento (para alguns doutrinadores – posição minoritária – o risco do produto 
identificado após algum tempo, em razão dos avanços da ciência, deveria excluir a obrigação 
de indenizar, pois, na interpretação do significado do produto defeituoso, deve se levar em 
conta a época em que foi colocado em circulação. Todavia, a posição dominante na doutrina 
é que o fornecedor é sempre o responsável pelos defeitos do produto, ainda que estivesse 
de acordo com a legislação vigente à época da fabricação). 
Em todos os casos de excludente de responsabilidade, o ônus da prova é do 
fornecedor (art. 12, §3º, do CDC). Além das excludentes acima descritas, o fornecedor 
pode alegar em sua defesa a prescrição. 
8. Elementos: por ser considerada responsabilidade objetiva, os requisitos para a 
configuração são: 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
27 
� A existência de um problema, que causa danos ao patrimônio jurídico pessoal do 
consumidor e que é considerado “defeito” extraído do elemento objetivo da relação de 
consumo, ou seja, do produto ou serviço disponibilizado pelo fornecedor; 
� O dano que ultrapassa a esfera do próprio produto ou serviço e atinge o consumidor em 
seus bens e valores pessoais (não considerado o prejuízo relacionado ao valor pago 
simplesmente); 
� O nexo causal entre esse “defeito” e o dano. 
Essa lesão ao consumidor, decorrente de um defeito, atinge o destinatário do 
produto ou serviço causando-lhe danos que ultrapassam o conteúdo econômico do contrato, 
pois acarretam de forma anômala um acidente de consumo, atingindo o consumidor em seu 
patrimônio jurídico pessoal material, moral, estético ou de imagem. 
9. Pontos a serem considerados: visando a apuração do dano, deve-se levar em 
consideração os seguintes fatores: 
9.1 Sua apresentação: deve ser considerado a forma como o produto é disponibilizado no 
mercado de consumo e o seu conteúdo informacional através da publicidade, embalagem, 
rótulos e bulas; 
9.2. Sua utilização: diante do conceito de periculosidade inerente, deve-se verificar se a 
utilização do produto ou serviço foi a adequada, para que após seja analisado o grau de 
insegurança do produto além do normalmente esperado; 
9.3. O tempo em que o acidente ocorreu: deve se verificar como o dano ocorreu em 
correspondência com o que já se conhecia sobre esses riscos ao tempo em que o produto foi 
colocado no mercado. No caso de periculosidade futura, tem-se que eventuais avanços 
tecnológicos não caracterizam defeitos nos produtos fabricados antes daquele salto 
tecnológico se tornar conhecido, conforme dispõe o CDC: “o produto não é considerado 
defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado” (artigo 12, 
§ 2º). Regra em sentido contrário atrapalhaira o processo de desenvolvimento tecnológico. 
Ex: A morte teria sido evitada se houvesse “air bags”, o fornecedor do veículo não tem 
qualquer responsabilidade civil. 
10. Prazo para a ação: prescreve em 05 anos a ação da reparação pelos danos causados 
por “acidente de consumo”, iniciando-se a contagem a partir do conhecimento do dano e de 
sua autoria (art.27). Trata-se de prazo prescricional, pois é nítido o caráter condenatório 
da pretensão à reparação do dano. 
Com relação a outras ações, que não causam riscos à saúde ou segurança do 
consumidor, mas que eventualmente o consumidor pode mover, paira discussão acerca do 
prazo. A corrente majoritária é de que o art. 27 do CDC refere-se só à ação de 
responsabilidade pelo fato do produto ou serviço (acidentes de consumo), aplicando-se para 
outras situações, os prazos prescricionais previstos no Código Civil e em Leis Especiais. 
 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
28 
Vício 
Elementos de estudo: o vício do produto ou serviço; o dano, o nexo de causalidade e o de 
imputação. 
1. Vício: decorre de uma obrigação ex lege (independe de termo expresso) de garantia de 
qualidade, abrangendo inclusive aspectos referentes à informação sobre características, 
composição e uso do produto e do serviço. Ela não pode ser nem afastada e nem diminuída 
pelo fornecedor (art. 24 e 25 do CDC). Trata-se de inadequações, ocultas ou aparentes, que 
atingem o produto ou serviço, na sua qualidade, quantidade ou nas informações, tornando-
os impróprios ou inconvenientes ao consumo a que se destinam ou diminuindo o seu valor 
(art.18 do CDC). 
1.1. Fundamentos: Teoria da qualidade - bom desempenho dos produtos e serviços, de 
acordo com as legítimas expectativas do consumidor. Princípio da garantia - o fornecedor 
deve assegurar o perfeito estado do produto ou serviço 
1.2 Manifestação: a esfera patrimonial do consumidor é atingida, acarretando a perda da 
utilidade e/ou valor do produto ou serviço. Assim, ele se concretiza por: impropriedade, 
diminuição do valor, inadequação, diferenças de quantidade e ausência ou 
desconformidade de informação. 
1.2.1. Impropriedade: são impróprios ao uso e consumo os produtos (art. 18, § 6º, I e II 
do CDC),com as seguintes características: prazo de validade vencido, deteriorados, 
alterados; adulterados, avariados, falsificados, fraudados, nocivos à saúde, perigosos, 
contrários as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação. 
1.2.2. Serviços impróprios (art. 20, §2°, do CDC): são os inadequados para os fins que 
razoavelmente deles se espera e os que não atendem as normas regulamentares de 
prestação. 
1.2.3. Diminuição do seu valor: pode se dar tanto em relação à necessidade de 
substituição de partes do produto ou em relação ao descumprimento do dever de informar. 
1.2.4. Inadequação (art. 18, § 6º, III, do CDC): a ausência de correspondência entre a 
finalidade do uso e as características do produto ou serviço. Para a caracterização da 
inadequação são analisados diversos fatores, dentre eles: natureza do produto; estado da 
técnica; informações prestadas pelo fornecedor; finalidade a que esse destina. Nota-se que 
 “A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e 
serviços não o exime de responsabilidade” (art.23). Além disso, tanto os produtos e serviços 
serão considerados inadequados se não possuírem a durabilidade legitimamente esperada 
pelo consumidor (Art. 4º, II, d, do CDC). 
1.2.5. Diferença de quantidade (art. 19 do CDC): Exclusivamente para os produtos há o 
vício de quantidade, sempre que houver disparidade entre o anunciado e o conteúdo efetivo. 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
29 
1.2.6. Disparidade ou ausência de informação (art. 18, caput): pode ser dar tanto em 
relação à disparidade entre o anunciado e o conteúdo efetivo, quanto a outras situações que 
induzam o consumidor em erro, quanto é o caso dos produtos “maquiados”. 
2. Dano: é a impossibilidade de usufruir do produto ou do serviço de acordo com as 
legítimas expectativas do consumidor. 
3. Nexo de imputação: é o vínculo que se estabelece entre o vício e a atividade 
desenvolvida pelo fornecedor para a atribuição do dever de indenizar. 
4. Nexo de causalidade: é a relação de causa e efeito entre o dano produzido e o vício. 
 
Alternativas ao Consumidor 
Abrangência: em relação ao vício do produto e do serviço somente o consumidor em 
sentido estrito (art. 2º, caput, do CDC) possui proteção. No entanto, em nome da facilitação 
dos direitos do consumidor a responsabilidade é atribuída solidariamente a todos os 
fornecedores da cadeia produtiva. (arts. 18, 19 e 20 do CDC). 
Opções: conforme o art. 18 do CDC são elas: 
� O abatimento proporcional do preço (Ação quanti minoris); 
� A substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os 
aludidos vícios; 
� A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos (ação redibitória). 
Caso especial 
Vícios de quantidade: o consumidor possui estas alternativas e, ainda, a complementação 
do peso ou medida (art. 19, II, do CDC). 
 
Vício do serviço 
Previsto no artigo 20, do CDC, que dispõe: 
“O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem 
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem 
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
� A reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível. A reexecução dos 
serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do 
fornecedor” (§1º do art.20); 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
30 
� A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos (ação redibitória); 
� O abatimento proporcional do preço (Ação quanti minoris). 
Tratando-se de obrigações personalíssimas, o inciso primeiro fica prejudicado, 
restando somente as demais possibilidades. 
 
Garantias 
O CDC prevê dois tipos de garantia: 1) a legal e 2) a contratual. 
1. Garantia Legal: é prevista no CDC, tratando-se de um dever jurídico que independe de 
termo expresso. Todos os produtos vendidos têm garantia legal, independentemente de o 
fornecedor ou fabricante informarem, sendo imperativa, obrigatória, total, incondicional 
e inegociável. Por ser uma disposição de ordem pública, seu descumprimento gera 
nulidade das cláusulas eventualmente pactuadas. 
 A garantia legal é uma obrigação imposta pela lei ao fornecedor na relação de 
consumo, não podendo ser contratualmente dispensada de forma válida. 
1.1. Prazos: Vícios aparentes e de fácil constatação: a) 30 dias - produtos não 
duráveis (exs: produtos não duráveis - alimentos; serviços não duráveis - decoração de 
festas) e b) 90 dias para duráveis (exs: produtos duráveis - livro, automóvel; serviços 
duráveis - construção civil, reparos em produtos), respectivamente, sob pena de decaírem 
(art.26 do CDC), iniciando-se o prazo de decadência na data do fornecimento final que se dá 
pela entrega efetiva do produto ou prestação efetiva do serviço 
 Vícios ocultos (vícios que por sua natureza somente podem ser conhecidos mais 
tarde, com certo tempo ou uso, e que não emergem claramente das primeiras 
experimentações): os prazos de exercício do direito do consumidor à reparação são os 
mesmos prazos para produtos ou serviços não duráveis e duráveis (respectivamente, trinta e 
noventa dias), iniciando-se a contagem no momento em que o vício se evidenciar. 
 Estes prazos são decadenciais. 
 
Prazos suspensivos da decadência 
 A lei prevê a suspensão desses prazos em duas hipóteses: 
� Instauração do inquérito civil: nesse caso, o prazo permanece suspenso até o 
Ministério Público encerrar o referido inquérito. O encerramento do inquérito civil pode se 
dar: a) com o seu arquivamento; b) com a propositura da ação civil pública; c) com o termo 
de ajustamento de conduta. 
Direito de Defesa do Consumidor 
 
31 
� Reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o 
fornecedor, até a resposta negativa correspondente, que deve ser formalmente 
transmitida: em tal situação, a suspensão perdura até a resposta por escrito do fornecedor. 
O consumidor tem o ônus da prova de que fez a reclamação, por escrito ou verbalmente, ao 
fornecedor. 
 1.2. Características: O art. 24 dispõe que “a garantia legal de adequação do produto ou 
serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do 
fornecedor”. A norma tem como escopo a proteção da legítima confiança depositada pelo 
consumidor na adequação do produto ou serviço. É uma garantia que nasce com o produto 
ou serviço e só pode ser reclamada após a efetivação da relação de consumo. É total. 
Todos devem garantir que o produto ou serviço seja adequado ao seu uso. Isso explica a 
solidariedade de todos os fornecedores da cadeia produtiva e não só daquele fornecedor que 
contrata com o consumidor. 
1.3. Obrigações do fornecedor: o CDC obriga o fornecedor a reparar o problema 
apresentado no prazo máximo de 30 dias. O prazo é concedido ao fornecedor para substituir 
a parte viciada do produto, se o vício assim o permitir sem maiores prejuízos ao consumidor. 
 Caso não repare o vício no prazo de 30 dias, é possível o ajuizamento de ação 
judicial. No vício de quantidade não há falar-se em prazo de 30 dias para sanar a 
irregularidade, podendo o consumidor ajuizar uma das quatro ações judiciais mencionadas. 
O CDC só prevê o vício de quantidade do produto, mas por analogia aplica-se também aos 
vícios de quantidade do serviço. 
2. Garantia contratual: é prevista no art.50 do CDC, sendo aquela dada por escrito pelo 
próprio fornecedor, sendo denominada de termo de garantia e pode surgir com a celebração 
do contrato ou advir de um adendo contratual. 
2.1 Características: é complementar à garantia legal, todavia, não é obrigatória. O 
fornecedor pode concedê-la ou não, mas, ao concedê-la, a garantia passa a integrar a oferta, 
obrigando-se a honrá-la.

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