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Direito de Defesa do Consumidor 1 Apresentação do Curso 1. Objetivo: proporcionar ao discente: � O amplo domínio das normas de direito do consumidor brasileiro, visando habilitá-lo a prevenir e a solucionar conflitos de consumo nas esferas civil, penal e administrativa; � O entendimento acerca da importância do sistema de consumo na atualidade; � A habilidade para identificar a correspondência entre o Direito Consumidor e os demais ramos do ordenamento jurídico; � A clara identificação da relação de consumo, de seus principais sujeitos e de seu objeto, visando capacitá-lo para lidar com problemas e elaborar argumentações jurídicas e estratégias de ação compatíveis com as posições de consumidor, fornecedor e agente publico. 2. Material: CDC – Lei nº 8.078/90 e Constituição Federal. 3. Obra recomendada: Manual de Direito do Consumidor, BENJAMIN, Antonio Herman V. et al. São Paulo: RT. 4. Aulas e avaliações: o curso de Direito do Consumidor tem carga horária semestral, com duas aulas semanais e duas provas bimestrais. Direito do Consumidor Aspectos gerais 1. Conceito: é um ramo do direito que disciplina as relações de consumo, visando proteger o consumidor frente ao fornecedor. Trata-se de um microssistema jurídico, com o objetivo de regular relações entre fornecedor e consumidor, considerado vulnerável, a partir das necessidades sociais e da distribuição de bens e serviços. 2. Estrutura: o direito do consumidor é formado por normas próprias – previstas na Constituição Federal e no CDC, bem como outras leis esparsas – com princípios específicos formadores de microssistema jurídico autônomo. O CDC se estrutura, ao seu turno, por uma parte introdutória, contendo elementos objetivos e subjetivos da relação jurídica de consumo, e esclarecendo no que consiste a Política Nacional de Relações de Consumo (princípios, instrumentos e direitos básicos dos consumidores em geral), e de uma parte complementar, contendo explicação da relação de consumo, a contratação, as proteções contratuais, através de instrumentos de proteção processual, penal e administrativa dos consumidores. 3. CDC: Lei ordinária (não complementar). Motivo - a lei consumerista teve de ser aprovada com o trâmite de lei ordinária para evitar maiores demoras. De qualquer modo, trata-se de um verdadeiro código, em razão de seu mandamento constitucional e seu caráter sistemático. Direito de Defesa do Consumidor 2 4. Competência Legislativa: União estabelece as normas gerais sobre a proteção ao consumidor. Aos Estados e Distrito Federal compete a edição das normas específicas, de forma suplementar. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender as suas peculiaridades, mas a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário (art. 24, VIII, e §§ 1º, 2º e 3º da CF). 5. Importância da Codificação: todos os princípios e regras estão condensados em um diploma, elaborado através de um estudo sistemático. No caso do Brasil, o anteprojeto foi fruto de estudo efetuado por juristas brasileiros de renome (Antônio Herman Benjamin, Kazuo Watanabe, Ada Pelegrini Grinover etc), através da comparação com a normatização de outros países. 6. Objetivo do CDC: caracterizar os elementos subjetivos da relação consumerista (partes – fornecedor de um lado, e do outro, a classe consumidora), os elementos objetivos (bens de consumo – produtos e serviços), a relação jurídica consumerista (delimitar o seu próprio alcance), sendo que com inegável interesse social, visa diminuir as desigualdades naturais existentes entre consumidores e fornecedores na relação jurídica estabelecida entre eles. Base constitucional do Direito do Consumidor � Artigo 1º - a República Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito que tem como fundamentos “a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e o pluralismo político”. � Artigo 5º, inciso XXXII – “O Estado promoverá na forma da lei (...) a defesa do consumidor.” - garantia fundamental. A proteção jurídica do consumidor consiste em equilibrar a relação, com a proteção do Estado em favor do mais fraco, do hipossuficiente, da parte vulnerável. A defesa do consumidor é garantia constitucional. � Artigo 170, inciso V – princípio da ordem econômica - a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e livre iniciativa e tem por fim assegurar a todos “uma existência digna conforme os ditames da justiça social”, mas desde que observados nove princípios específicos, dentre os quais, “a defesa do consumidor”. A ordem econômica é de natureza capitalista, sendo que a livre iniciativa traduz-se no sentido de que a exploração do mercado de consumo está nas mãos da iniciativa privada. Porém, o capitalismo no Brasil não é absoluto, estando sujeita a vários princípios, entre eles a defesa do consumidor. � Artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - prazo de 120 dias para o Congresso Nacional elaborar e implementar em nosso sistema normativo um CDC. Direito de Defesa do Consumidor 3 Conclusão Concluindo – CF – elencou o direito do consumidor como fundamental, e embora eleja e proteja a livre iniciativa, ela o limita através de vários princípios, entre elas a defesa do consumidor. A defesa do consumidor é um princípio da ordem econômica nacional (artigo 170, inciso V, Constituição Federal), uma garantia fundamental de todo cidadão, cuja proteção é uma obrigação seria assumida pelo Estado na forma da lei (artigo 5º, inciso XXXII, Constituição Federal). Características do CDC 1) Microssistema jurídico: contém normas civis, administrativas, penais e processuais. 2) Lei ordinária e não complementar. 2) Normas de ordem pública e de interesse social: não podem ser dispostas pelas partes. 3) Forte dirigismo contratual, visando impor um equilíbrio no contrato entre consumidores e fornecedores. 4) Forte interesse social, com proteção da classe consumidora, considerada hipossuficiente. Diferenças entre o CDC e CC Estas características trazem a diferença entre o CDC e o CC. � Código Civil – possui normas de direito material, tendo como base a igualdade entre as partes, criando os tipos dos vários contratos, com normas de ordem privada. � CDC – tutela os indivíduos, a coletividade e os interesses difusos, com normas de caráter civil, criminal, administrativa e processual; suas normas não podem ser derrogadas pelas partes; tem como prerrogativa a vulnerabilidade do consumidor diante do fornecedor e não tipifica contratos. Diálogo Das Fontes É o CDC que dispõe sobre as relações de consumo. Entretanto, nada obsta aplicação simultânea de mais de uma lei, no mesmo caso concreto. É o que se chama de diálogo das fontes. EX: o STF reconheceu a aplicação do CDC nas atividades bancárias, podendo ser aplicadas também, de forma simultânea, as leis que regem o sistema financeiro. O objetivo é conciliar as normas jurídicas de diplomas diversos, aplicando-as simultaneamente de modo a melhor atender o espírito da CF e do ordenamento jurídico como um todo. Direito de Defesa do Consumidor 4 Diálogo das fontes: tentativa de expressar a necessidade de aplicação coerente das leis de direito privado, coexistentes no sistema. O Código Civil e o CDC coexistem, assim, a regra geral seria que: sendo a relação entre sujeitos paritários (em situação de igualdade) aplica- se o Código Civil. Já nas relações jurídicas em que as partes são o consumidor e o fornecedor, o primeiro considerado vulnerável, aplica-se o CDC. Antinomias: conflito no Código Civil e no CDC, aplica-se a norma mais favorável ao consumidor, sujeito de direito vulnerável e merecedor de proteção do ordenamento jurídico.Previsão expressão de aplicação: Art. 7º, do CDC: Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade Evolução Histórica das Relações de Consumo Período pré-revolução francesa . Revolução Francesa - séculos XIV e XX - princípios liberais - Estado absteve-se de intervir nas relações privadas. Partes livres - Regras do mercado - Princípio da autonomia da vontade das partes e da força vinculante das obrigações (pacta sunt servanda). Revolução Industrial e do aço – urbanização – incremento do consumo – aumento da demanda – aumento da produção – substituição da bilateralidade das negociações. Desequilíbrio – vulnerabilidade do consumidor (adesão ou aquisição de produto desconhecendo a sua qualidade) – problemas decorrentes do desequilíbrio. Revolução Tecnológica (pós guerra) – aumento maior da produção – novos problemas surgidos e não resolvidos pelo direito civil – necessidade de intervenção estatal (legislações específicas e políticas públicas de defesa ao consumidor, bem como jurisdição especializada). Quebra dos paradigmas do direito civil (igualdade entre as partes, autonomia de vontade, pacta sunt servanda e responsabilidade fundada na culpa). Novos paradigmas (consumidor vulnerável, normas de ordem pública e interesse social e responsabilidade objetiva). Necessidade do Estado participar de forma mais ativa, principalmente nas questões sociais, intervindo com vistas a equalizar relações desiguais Nova era – Revolução da Informática e Globalização – novas regulamentações Momentos históricos Direito de Defesa do Consumidor 5 Discurso do presidente John Kennedy ao Congresso Nacional em 15 de março de 1962. Frase célebre: “consumer by definition, include us all” – Reconhecimento de 04 direitos básicos ao consumidor: ser ouvido e consultado, segurança; informação e escolha. Tais direitos estão incluídos no art. 6º do CDC. Proteção ao consumidor garantido nas constituições - Entre os anos 1974 e 1990, cerca de trinta países passaram por uma transição rumo à democracia. Novos textos constitucionais que passam a conter a proteção ao consumidor e a tutela dos interesses difusos. O Brasil também o faz. Conferência Mundial do Consumidor 1972 em Estocolmo – no ano seguinte, a Comissão das Nações Unidas sobre o Direito do Homem delibera que o ser humano, enquanto consumidor, deve gozar dos direitos a ser ouvido e consultado, segurança; informação e escolha. Organização das Nações Unidas – 1973 - enuncia e reconhece os direitos fundamentais do consumidor. 1985 - Resolução 39/248 - estabelece normas sobre a proteção do consumidor, reconhecendo expressamente “que os consumidores se deparam com desequilíbrios em termos econômicos, níveis educacionais e poder aquisitivo”. Brasil – Ordenações e CC de 1917 – liberalismo econômico – contratos regidos baseados na igualdade das partes. Décadas de 40 e 60 – leis citando preocupação com o consumidor (Ex. Lei n.º 1221/51 - lei de economia popular) Movimentos de defesa do consumidor influenciando a CF de 1988. Princípios elencados no texto constitucional – Estado assume a obrigação de defesa do consumidor. Promulgação da Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, consolida o direito do consumidor como ramo jurídico autônomo. Modelo legislativo do microssistema - caráter multidisciplinar - trata de questões múltiplas - Direitos Constitucional, Civil, Penal, Administrativo, Processual Civil, Processual Penal, tendo como pedra de toque a vulnerabilidade do consumidor frente ao fornecedor, assim como a sua condição de destinatário final de produtos e serviços. Objetivo: constatação de forte desequilíbrio da relação contratual entre fornecedor e consumidor – Correção através da tutela legal nos aspectos, civil, comercial, processual, penal abarcando a tutela individual, homogênea, coletiva e difusa. Maneiras alternativas de resolução de conflitos (PROCON, JEC, arbitragem, compromisso de ajustamento, convenção coletiva de consumo). Relação jurídica de Consumo Direito de Defesa do Consumidor 6 Conceito: é a relação firmada entre consumidor e fornecedor (elementos subjetivos), que tem como objeto a aquisição de um produto ou a utilização de um serviço (elementos objetivos), visando à satisfação final e privada do adquirente ou terceiro (elemento teleológico). Os elementos da relação jurídica de consumo são: � As partes (elemento subjetivo): consumidor e fornecedor, considerando o primeiro como vulnerável. � O objeto (elemento material ou objetivo): é o produto ou serviço. � O finalístico ou teleológico: o consumidor deve ser o destinatário final do produto ou serviço. Esse elemento não é exigido nas hipóteses de consumidor por equiparação. Difere da fórmula prevista no Direito das Obrigações e dos Contratos (igualdade entre os contratantes). Direito do Consumidor – Consumidor (vulnerável, carecedor de proteção estatal) e Fornecedor. Considera-se vulnerável porque o consumidor, por ser incapaz de influir na cadeia produtiva daquele produto, vê-se obrigado a submeter-se ao poder econômico de sua produção, criando desigualdade na relação jurídica. O CDC define quem são sujeitos e o objeto da relação consumerista. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO É o negócio jurídico no qual o vínculo entre as partes se estabelece pela aquisição ou utilização de um produto ou serviço, sendo o consumidor como adquirente na qualidade de destinatário final e o fornecedor na qualidade de vendedor. Consumidor “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final” (artigo 2º, caput, CDC). Elementos: 1) Pessoas naturais ou jurídicas 2) Que adquire produto ou contrata serviço 3) Destinatário final (vulnerabilidade). Consumidor é tanto o adquirente (adquire) como o usuário (o que consome ou se beneficia de produto ou serviço). Embora possa haver confusão entre ambos, há hipóteses em que o adquirente e o usuário são sujeitos diferentes. Ao reconhecer a categoria de usuário, o CDC rompe com o princípio da relatividade dos contratos. Correntes doutrinárias � Teoria minimalista, restrita, finalista ou subjetiva: interpretação restritiva do artigo 2º, para limitar a aplicação do CDC apenas em favor do “não profissional”, baseado na Direito de Defesa do Consumidor 7 vulnerabilidade. Consumidor é o destinatário fático e econômico do bem, razão pela qual não o adquire para revenda, uso profissional ou assemelhados. Por esta teoria, o consumidor é o que adquire\utiliza o bem para si ou a sua família, excluindo a pessoa jurídica como consumidora. Entendem os finalistas que se deve tutelar de maneira especial um grupo vulnerável, ou seja, em princípio, os não profissionais. Esta teoria inviabiliza que a pessoa jurídica seja considerada consumidora, contrariando o disposto no art. 2º do CDC que expressamente a elenca como tal. � Teoria maximalista, objetiva ou ampliativa: aplicação amplíssima do CDC sob enfoque puramente objetivo do artigo 2º, caput, da Lei no. 8.078/90. Consumidor é qualquer pessoa física ou jurídica, desde que seja destinatário final do produto ou serviço, isto é, que retire do mercado para o fim de utilizá-lo e consumi-lo, pouco importando se o uso destina- se ou não à atividade empresarial, ou se há ou não o escopo de lucro. Esta teoria prega que a expressão “consumidor” deve ser entendida o mais amplamente possível, de forma puramente objetiva, não importando se a pessoa física ou jurídica tem ou não finalidade comercial quando adquire ou utiliza produto ou serviço. Consumidor é todo destinatário fático,pouco importando se ele é hipossuficiente\vulnerável. Pessoa jurídica pode ser consumidora em qualquer hipótese. � Teoria Finalista, minimalista temperada ou aprofundada: critério objetivo da corrente maximalista analisada no caso concreto, de forma que o não profissional (consumidor típico – pessoa física), assim como, o profissional (consumidor atípico – pessoa física ou jurídica), integrem a relação de consumo. Teoria construída, em especial, pela jurisprudência do STJ. Recebe também o nome de teoria finalista atenuada. Critérios utilizados: 1) A extensão do conceito de consumidor é uma medida excepcional e 2) necessidade de reconhecimento, no caso concreto, da vulnerabilidade da parte que se pretende ser considerada consumidora equiparada. Em regra, o consumidor pessoa física, tem presumida a sua vulnerabilidade técnica, ou seja, não possui conhecimentos sobre o objeto que está adquirindo e, por isso, precisa de proteção; a sua vulnerabilidade jurídica ou científica, que é a falta de conhecimentos jurídicos (é falta de conhecimentos quanto a direitos, instrumentos contratuais e remédios jurídicos para solucionar eventuais problemas), de contabilidade ou de economia, a sua vulnerabilidade econômica, considerando o fornecedor como parte economicamente mais forte da relação, pois detém o poder de produção, e a sua vulnerabilidade informacional, não tem como conferir se as informações passadas acerca do bem\serviço são verdadeiras. Já o consumidor profissional e a pessoa jurídica podem demonstrar as suas vulnerabilidades técnica, jurídica ou econômica, que, em regra, não serão presumidas. Demonstrando, há aplicação do CDC, desde que não utilizem o bem como intermediário, devendo o produto ou serviço objeto da relação jurídica esgotarem-se na própria relação, jamais ingressando de qualquer forma na cadeia de produção da pessoa jurídica. A ideia é de Direito de Defesa do Consumidor 8 que o bem é comercializado não para integrar uma cadeia produtiva, mas sim para atender o seu consumidor final, não importando a destinação. Para essa teoria, o consumidor pode ser o não-profissional comportando as seguintes exceções: o profissional de pequeno porte; regimes de monopólio, já que nesse o profissional se submete as regras de quem detém o monopólio; e o profissional que está agindo fora de sua atividade, como exemplo, uma empresa concessionária de veículos que adquire cestas de natal para presentear seus colaboradores. Conclusão � Aquele que adquire o produto ou serviço com o intuito de comercializá-lo, não é destinatário final, logo não é consumidor. � Regra Geral: não é consumidor quem adquire o serviço ou produto para uso profissional (pessoas jurídicas e profissionais liberais,) porquanto embora seja destinatário fático (não revenderá o bem), falta-lhe a destinação final econômica, pois o produto ou serviço, ainda que indiretamente, será reintroduzido no mercado de consumo, embutindo-se o seu valor no preço. � Exceção: excepcionalmente, desde que comprovada a vulnerabilidade, embora possa haver uso profissional, aplica-se o CDC aos profissionais liberais e pessoas jurídicas que adquirem o produto ou serviço para uso profissional. Ex: o dentista que compra uma cadeira própria para empregá-la em sua profissão. Consumidor por equiparação O CDC, além da definição de consumidor, estendeu a três outras situações o alcance de sua proteção. 1) A “coletividade de consumidores”, prevista no CDC, que dispõe: “Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo” (artigo 2º, parágrafo único, CDC). – Reconhecimento de direitos ou interesses difusos na categoria dos consumidores. 2) “Vítimas de acidente de consumo”, prevista no artigo 17, do CDC, pela qual se estende o alcance deste diploma, na hipótese de responsabilidade pelo fato do produto ou serviço para eventuais vítimas de algum acidente de consumo não propriamente consumidoras diretas. É o caso, por exemplo, de alguém atropelado por um automóvel com defeito de fabricação. São conhecidos como bystanders, pessoas estranhas à relação original, mas que foram prejudicadas, de alguma maneira, por ela. Os equiparados a consumidor por serem vitimados são os que não tendo participado da relação de consumo sofrem apenas suas consequências danosas. No entanto, as vítimas de acidentes de consumo só têm a possibilidade de fazer uso de normas indicadas pelo Código, especialmente os artigos 12 a 17 e o art. 101, e não de todas. Este último facilita o acesso à Direito de Defesa do Consumidor 9 justiça, determinando que a ação pode ser proposta no domicílio do autor, como é a regra geral para as ações envolvendo consumidores. 3) “pessoas expostas às práticas comerciais”, prevista no artigo 29, da Lei nº 8.078/90, que amplia a incidência do CDC ao tratar da oferta para “todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais”. As práticas comerciais previstas aqui incluem a oferta de produtos, a publicidade, as práticas abusivas, a cobrança de dívidas, banco de dados e as cláusulas abusivas. Todas as pessoas expostas a essas práticas, sejam consumidores strictu sensu ou não, sejam determináveis ou não, são equiparadas a consumidor Ex: pessoas sujeitas a propaganda abusiva/enganosa. Em todos os casos o conceito de consumidor está calcado na vulnerabilidade. O CDC ao admitir a figura do Consumidor por equiparação rompe com a idéia de que os contratos só produzem efeitos para as partes que dele participam. Fornecedor (art.3º do CDC) “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviço”. Conceito: é quem “desenvolve atividade”, exigi-lhe a habitualidade e o profissionalismo na atividade fim, excluindo da legislação consumerista os contratos celebrados entre consumidores ou entre o consumidor e o comerciante que age fora da sua atividade-fim. Pessoa física � Profissional liberal � Pessoa que atua de forma habitual – profissionalismo. � Pessoa que ainda atuando de forma eventual, o faça com fins lucrativos. � Prestador de serviço. Pessoa jurídica � Pessoa jurídica privada � Pessoa jurídica pública - empresas públicas, concessionárias de serviço público, e em ambos os casos, que operem não por impostos ou taxas, mas por preços públicos ou tarifas. � Pessoa Jurídica Nacional � Pessoa Jurídica Estrangeira – a responsabilidade recai sobre o importador, sem prejuízo do direito de regresso. � Entes despersonalizados (massa falida, pessoas jurídicas de fato, camelôs por ex.). Direito de Defesa do Consumidor 10 � Entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo (art.3º, da Lei 10.671/03 – Estatuto do Torcedor). Observações: � Sociedades civis sem fins lucrativos de caráter beneficente e filantrópico: serão consideradas fornecedoras quando, por exemplo, prestarem serviços médicos, hospitalares, odontológicos e jurídicos a seus associados. � Poder Público: será enquadrado como fornecedor de serviço toda vez que, por si ou por seus concessionários, atuar no mercado de consumo, prestando serviço mediante a cobrança de preço. O mesmo ocorre com concessionários. Ex: Concessionários de serviços públicos de telefonia, prestador de serviço de água. Bens de consumo e bens de produção Produto - é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” (artigo 3º, parágrafo 1º, CDC). Trata-se de qualquer objeto de interesse em dada relação de consumo, e destinado a satisfazer uma necessidade do adquirente,como destinatário final. O termo é amplo, abrangendo os bens móveis (exemplos: carros, motos, sofás etc.), os bens imóveis (exemplos: apartamentos, terrenos etc.), os bens materiais, isto é, corpóreos, de existência física, e os bens imateriais, incorpóreos, isto é, os direitos (exemplo: programas de computador). Serviço - é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista (§2º do art.3º). Exclui-se expressamente: a) os serviços gratuitos; b) as relações trabalhistas. Estas são regidas pela CLT. O STJ pacificou a questão no que se refere às relações bancárias - Súmula 297: “O CDC é aplicável às instituições financeiras”. Observações: 1) Embora a definição legal de produto seja reduzida, doutrinariamente, dado ao seu conceito amplo, ela é estendida além de bens móveis e imóveis; materiais e imateriais, abrangendo os consumíveis e inconsumíveis; fungíveis e infungíveis; principais e acessórios; novos e usados; duráveis e não duráveis, e amostras grátis quanto aos vícios, defeitos, prazos de garantia, etc. 2) Quanto aos serviços gratuitos, só são excluídos se forem pura ou inteiramente gratuitos. Se houver uma remuneração indireta (serviços aparentemente gratuitos), impõe-se a incidência do CDC. Ex: transporte coletivo para maiores de 65 anos, estacionamentos gratuitos em estabelecimentos comerciais, etc. 3) A menção da aquisição ou utilização de produtos e serviços de forma puramente objetiva, não se fazendo ressalva para a destinação produtiva ou de consumo. Deste modo, Direito de Defesa do Consumidor 11 o produto ou serviço destinado ao consumo final ou a produção do consumidor, desde que adquirida como “comprador final”, estará compreendida na relação de consumo. 4) Aspectos importantes no que se refere aos serviços: exigência de remuneração direta ou indireta; exclusão das relações trabalhistas, tributárias e as de mercado de capitais (não confundir com bancárias); inclusão das relações de entidade de previdência privada e seus participantes (Súmula 321 do STJ), banco de sangue e doador (REsp 540.922 de 2009), de emissora de TV e telespectadores (REsp 436.135), cooperativa de assistência de saúde e filiados (REsp519.310); exclusão da relação de locador e locatário (Lei especial); Crédito educativo (Lei nº 8.436/1992); serviços notariais; relação entre franqueador e franqueado, etc.. A Política Nacional de Relações de Consumo � Introdução: Mandamento constitucional previsto no artigo 5º, inciso XXXII, da Constituição Federal. A Política Nacional das Relações de consumo tem por a prestação adequada de serviços ao consumidor. � Concretização: Capítulo denominado “Política Nacional de Relações de Consumo”, prevendo 08 princípios e 05 instrumentos com o escopo de garantir a efetiva execução desse programa nacional. A ideia é estabelecer parâmetros que norteiem os atos do Poder Público (legislativo, executivo e judiciário), quando do tratamento das relações de consumo. � Importância: os princípios se aplicam a todo o sistema dentro do qual se inserem, sendo próprios do sistema consumerista a vulnerabilidade, a transparência, a boa-fé, o equilíbrio e a confiança. � Finalidade: criar uma harmonia das relações de consumo, prevendo direitos aos consumidores (respeito à dignidade, saúde, segurança, interesses econômicos) e também direitos aos fornecedores (proteção à livre iniciativa, concorrência leal, respeito às marcas e patentes, etc.). Nos termos do art. 4º, o objetivo é atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia nas relações de consumo. Há assim a criação de princípios a serem observados. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo 1) Princípio da Informação (artigo 4º, “caput”, CDC) também denominado como Princípio da Transparência: o consumidor tem direito ao pleno conhecimento de todas as circunstâncias necessárias ao consumo seguro e sadio dos produtos e serviços. Tal princípio espraia por diversos dispositivos do CDC (artigos 6º, inciso III, 8º, 31, 37, parágrafo 3º, 46, 54, parágrafos 3º, e 4º), ficando claro que o consumidor tem direito a informação do uso e características dos bens de consumo, mormente diante da sua situação de vulnerabilidade. A Direito de Defesa do Consumidor 12 contratação livre feita pelo consumidor passa necessariamente pelo conhecimento acerca do objeto a ser contratado. 2) Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor (artigo 4º, inciso I, CDC): o consumidor é considerado a parte mais frágil da relação por não deter os meios de produção na maior parte das relações jurídicas de consumo. O reconhecimento da vulnerabilidade faz com as disposições e interpretações tenham por objetivo assegurar a igualdade material. Trata-se do princípio mais importante, pois fundamenta a existência da legislação consumerista, regendo a interpretação das normas de consumo. Espécies de vulnerabilidade: � Técnica: é a falta de conhecimentos específicos sobre o bem ou serviço adquirido � Jurídica: é a falta de conhecimento jurídico acerca da relação de consumo. � Fática: é a supremacia do fornecedor decorrente do seu poder econômico ou do fato de ser o titular da prestação de um serviço essencial. � Informacional: é a falta de informações necessárias sobre o conteúdo do produto ou serviço. 2.1. Pessoas físicas – vulnerabilidade presumida. 2.2. Pessoas jurídicas ou profissionais – para gozarem das disposições do CDC devem comprovar a vulnerabilidade. Vulnerabilidade ≠ hipossuficiência Vulnerabilidade = a presunção jurídica referente a estar o consumidor em posição de desequilíbrio na relação material de consumo. Hipossuficiência = presunção relativa relacionada a direito processual. Provada a hipossuficiência, é possível a inversão do ônus da prova. 3. Princípio do dever ou da Ação Governamental (artigo 4º, incisos II e VI, CDC): O Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário) deve intervir no mercado com o objetivo de defender a parte mais fraca (o consumidor). Essa proteção do Estado ao consumidor pode se dar: 3.1. Por iniciativa direta – edição de normas cogentes, instituição de órgãos de proteção ao consumidor, como, por ex., os PROCONS, que são órgãos públicos destinados à proteção do consumidor; 3.2. Pelo incentivo à criação e desenvolvimento de associações civis representativas dos interesses dos consumidores, ADECON, IDEC, BRASILCON. Outro exemplo – art. 87 do CDC; Direito de Defesa do Consumidor 13 3.3. Pela presença do Estado no mercado de consumo, regulando a ordem econômica, de forma que a defesa do consumidor seja resguardada de todo e qualquer abuso do poder econômico - criações da Secretaria Nacional de Direito Econômico e seus respectivos Departamentos de Defesa ao Consumidor e de Defesa da Ordem Econômica, do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão regulador do controle e combate aos abusos do poder econômico no mercado, conforme regulamenta a Lei no. 8.884/94; 3.4. Pela intervenção estatal pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho: para a concretização deste princípio destaca-se que SINMETRO, o CONMETRO e INMETRO, órgãos relacionados ao Programa Nacional de Qualidade e Produtividade Industrial lançado pelo Governo Federal estimulando a adoção de padrões mundiais de qualidade - Padrão ISO). 3.5. Intervenção estatal por meio do estudo constante das modificações do mercado de consumo (art. 4º, inc. VIII): O CDC é de 1990, tendo várias questões surgidos após a sua publicação e que não foram disciplinadas à época. Vide, por ex., o casodo comércio eletrônico. Assim, há uma imposição de constante estudo por parte do Poder Público para que aprimore a proteção dispendida ao consumidor, nas novas relações jurídicas surgidas. Por exemplo, a criação do Banco de Dados Positivo – Lei nº 12.414/11. 4. Princípio da Harmonização (artigo 4º, incisos III e V, CDC): a Política Nacional de Relações de Consumo tem também como um de seus objetivos a harmonização entre consumidores e fornecedores, possibilitando o desenvolvimento tecnológico e econômico dos meios de produção e economia em compatibilidade permanente com a defesa do consumidor. Não podem ser colocados no mercado novos produtos que ofereçam perigo ao consumidor ou que sejam ineficientes. Os fornecedores devem criar meios eficientes de contrato de qualidade e segurança dos produtos e serviços. Visando estreitar a relação entre ambos e prevenir litígios, pode-se citar 03 instrumentos: � SAC’S (Serviço de Atendimento ao Consumidor), � As Convenções Coletivas de Consumo (os pactos estabelecidos entre as entidades civis de defesa dos consumidores e os sindicatos ou associações comerciais ou industriais representando setores de fornecedores, que têm por meta definir condições de preço, qualidade, garantia, e composição preventiva de conflitos acerca do consumo de determinado produto, através de documento escrito levado a registro público em Cartório de Títulos e Documentos, conforme trata o Art. 107, do CDC), � Recalls (convocações efetuadas pela indústria para a efetivação de reparos de defeitos em bens produzidos em série decorrentes de equívocos da linha de produção, evitando o surgimento de lides). Direito de Defesa do Consumidor 14 5. Princípio da Boa-Fé Objetiva (artigo 4º, inciso III, CDC): traduzida no dever das partes agirem conforme parâmetros de honestidade e lealdade, estabelecendo equilíbrio nas relações de consumo. A boa-fé objetiva contratual, agrega-se aos elementos do contrato (partes capazes, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei), surgindo entre as partes os deveres de confidencialidade, assistência, informação, lealdade e confiança recíprocas. 6. Princípio do Equilíbrio Contratual (artigo 4º, inciso III, CDC): o contrato não pode acentuar as diferenças entre fornecedores e consumidores, mas sim buscar o equilíbrio entre as partes, diminuindo a vulnerabilidade destes. O CDC imporá pena de nulidade para as cláusulas contratuais que prevejam vantagens manifestamente excessivas ou unilateralmente desproporcionais em benefício exclusivo do fornecedor. Vide art. 51 do CDC. 7. Princípio da Educação e Informação (artigo 4º, inciso IV, CDC): a população deve ser constante educada e informada acerca de seus direitos enquanto consumidores e quais são os seus instrumentos de proteção. Já os fornecedores devem também ser orientados e advertidos para que prestem vassalagem aos direitos dos consumidores. 8. Princípio da racionalização e melhoria dos serviços públicos (artigo 4º, inciso VII, CDC): o Poder Público, assim como a iniciativa privada, deve velar pela qualidade do produto ou do serviço prestado, de modo a atender satisfatoriamente os consumidores. Desta feita, quando o Poder Público presta ou concede a terceiro determinado serviço, ele deve velar pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. Instrumentos Previstos no artigo 5º do CDC, se tratam dos meios utilizados para efetivar os princípios mencionados. São eles: 1) Assistência jurídica integral e gratuita (artigo 5º, inciso I, CDC): tem por objeto de tutela o consumidor carente, sendo que se manifesta nas Defensorias Públicas. No Estado de São Paulo, em comarcas onde elas inexistem, a assistência jurídica é prestada através de convênio entre a Defensoria Pública Estadual e a OAB/SP. 2) Promotorias de Justiça de defesa do consumidor (artigo 5º, inciso II, CDC): o Ministério Público é legitimado para a proteção coletiva dos consumidores, desempenhando tal mister através de Promotorias de Justiça Especializadas, mediante a instauração de inquérito civil e respectiva ação civil pública. O Ministério Público não tem legitimidade para mover a ação individual em favor de determinado consumidor, embora possa servir de ombudsman, recebendo reclamações e prestando orientações aos particulares em geral. 3) Delegacias de Polícia especializadas (artigo 5º, inciso III, CDC): o CDC prevê a especialização da Polícia Judiciária com a criação de um Delegacia própria para a apuração Direito de Defesa do Consumidor 15 de crimes contra a economia popular e na apuração de delitos contra as relações de consumo. 4) Juizados Especiais Cíveis (artigo 5º, inciso IV, CDC): com a Lei 9.099/95, houve uma enorme ampliação do tão reclamado acesso ao Poder Judiciário, com a multiplicação das pequenas demandas, sendo que destas, boa parte decorre de relações de consumo. 5) Associações de consumidores (artigo 5º, inciso V, CDC): que atuam na defesa de seus associados, ou mesmo na defesa coletiva dos consumidores e desempenham importante papel, tendo o CDC atribuído legitimação ativa para a propositura de ações civis públicas, observados certos requisitos legais. Exemplo: IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR CONCEITO: são os direitos essenciais do consumidor e estão previstos no art. 6° do CDC. Podemos enumerá-los à seguinte forma: � Proteção da vida, saúde e segurança; � Educação para o consumo; � Informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços; � Proteção contra publicidade enganosa e abusiva; � Proteção contratual; � Efetiva indenização; � Facilitação no acesso à Justiça; � Facilitação de defesa de seus direitos; � Qualidade dos serviços públicos Esse rol de direitos não é taxativo. Trata-se de direitos básicos, que não excluem outros direitos, previstos no próprio CDC ou em qualquer outra lei ou tratado internacional. 1. PROTEÇÃO DA VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA (ART. 6°, I, DO CDC): a segurança deve ser entendida de forma mais ampla possível, abrangendo a pessoa e o patrimônio do consumidor. Com base neste direito, são previstas várias regras estabelecendo deveres dos fornecedores de produtos ou serviços perigosos, entre os quais, a obrigação legal de informar na embalagem os riscos que o produto apresenta, ou de não colocá-lo no mercado se tais riscos surgirem como superiores ao normalmente esperado; a obrigação legal de retirar do mercado produtos que ofereçam riscos à incolumidade dos consumidores ou terceiros e de informar autoridades competentes sobre tais riscos; e a obrigação legal de indenizar na hipótese de danos causados pelo fato do próprio produto. Direito de Defesa do Consumidor 16 2. EDUCAÇÃO e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações (ART 6º, II, DO CDC): a educação visa dotar o consumidor de espírito crítico para enfrentar as técnicas de venda e as práticas de mercado. O consumidor é detentor do direito de ser educado sobre o consumo, razão pela qual recomenda-se a formação do público consumidor, colocando à disposição de todos, conhecimentos sobre princípios básicos do CDC, de modo a possibilitar uma escolha adequada de bens e serviços. A liberdade de escolha é consequência da educação, sendo pode ser vista também como um direito contra a formação de cartéis. Já o direito de igualdade nas contratações visa impedir qualquer discriminação pessoal na oferta, publicidade ou restrições ao ato de contratação. 3. INFORMAÇÃO (ART. 6º, III, DO CDC): o consumidor deve sempre ser informado sobre os produtos e serviço que deseja contratar. Essa informação só será efetiva quando for clara e adequada emrótulos, embalagens e publicidade, alcançando características, composição, qualidade, riscos do produto. O direito à informação se estende ao momento anterior a contratação e prolonga-se até depois dela. Esta informação origina-se do Estado, das associações dos consumidores e dos próprios fornecedores, permitindo uma comparação entre produtos e serviços concorrentes. Além deste direito proclamado no art. 6º, o CDC regula a informação como oferta (arts. 30 e 31 do CDC); institui deveres de informação para depois da contratação (art. 10 do CDC). Destaca-se que a informação deve ser acessível à pessoa com deficiência. Este direito à informação correta traz a proibição da publicidade enganosa e abusiva. Abusiva: é a publicidade que incite à violência, explore o medo e a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e inexperiência da criança, desrespeite os valores ambientais e que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Enganosa: é a publicidade inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 4. PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS (ART. 6 º, IV E V, DO CDC): A proteção contra práticas e cláusulas abusivas é concretizada através da proteção especial prevista em dois artigos: art. 39 (práticas abusivas) e as art. 51 (cláusulas abusivas). 5. POSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS QUE ESTABELEÇAM PRESTAÇÕES DESPROPORCIONAIS OU SUA REVISÃO EM RAZÃO DE FATOS SUPERVENIENTES QUE AS TORNEM EXCESSIVAMENTE ONEROSAS (artigo 6º, V, CDC): a Teoria da Imprevisão –clausula rebus sic stantibus- foi positivada no CDC. Direito de Defesa do Consumidor 17 6. PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS (ART. 6 º, VI, DO CDC): o objetivo principal é a prevenção do dano, visando evitar que o dano ocorra. Pela prevenção tem-se que as empresas fornecedoras de produtos e serviços devem pesquisar e certificar-se da qualidade e características do produto ou serviço antes de colocá-los no mercado. Ademais, ocorrendo danos, os fornecedores devem repará-los, de forma mais ampla possível, abrangendo os danos materiais e morais. Ex: SACs (serviços de atendimento aos consumidores) e Recall; sanções administrativas, punições penais e civis. 7. ACESSO À JUSTIÇA (ART. 6 º, VII, DO CDC): abrange o direito de representação e o direito de assessoramento e assistência. O CDC facilita o acesso à justiça. Consequência - colocar à disposição do público um serviço ágil para responder objetiva e rapidamente às consultas populares sobre todos os aspectos relativos ao consumo, especialmente os negociais. Já o direito de representação em juízo pode ocorrer através de advogado e das defensorias públicas. Além da defesa individual, tem-se a defesa no plano coletivo. Quando se tratar da defesa coletiva de direitos inclui também as associações de consumidores e o Ministério Público. 8. FACILITAÇÃO DA DEFESA DE DIREITOS (ART. 6 º, VIII, DO CDC): ocorre principalmente através de dois mecanismos: da possibilidade de ingresso da ação no local de seu domicílio e da possibilidade de inversão do ônus da prova no processo civil, havendo verossimilhança das alegações ou hipossuficiência do consumidor. 9. ADEQUADA E EFICAZ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO (ART. 6 º, X, DO CDC): O poder público quando prestador de serviços de consumo, deve oferecer serviços adequados e eficazes. Além disso, o art. 22 refere que os serviços públicos essenciais devem ser contínuos. Poder Público – prestação de serviços de duas formas: serviços ut singuli - reputados como individuais (fornecimento de água, energia elétrica, telefonia), e operando com preços públicos, nas quais incide o CDC. Serviços coletivos gratuitos ut universi (educação, saúde, segurança pública), em que não há fornecimento propriamente dito, nem tampouco relação de consumo. REGRAS DE EXTENSÃO E SOLIDARIEDADE Artigo 7º: Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo” Direito de Defesa do Consumidor 18 “Caput” - Havendo regra mais benéfica ao consumidor que não prevista no CDC, ela terá plena aplicação. Caso surja aparente conflito de normas, prevalecerá sempre e em qualquer hipótese aquela que oferecer maiores vantagens ao consumidor. Parágrafo único - haverá solidariedade passiva na cadeia de fornecimento, em caso de danos ao consumidor se mais de um fornecedor contribuir para o surgimento da ofensa em qualquer grau. Deste modo, independentemente dos graus de contribuição particular de cada fornecedor para a origem do dano ao consumidor, todos os responsáveis em qualquer grau pelo dano responderão pelo todo da reparação. QUALIDADE E SEGURANÇA NAS RELAÇÕES DE CONSUMO Objetivo: proteção a vida e a saúde do consumidor. Consequência: os artigos 8º, 9º, e 10º normatizam as situações de nocividade e periculosidade possíveis na relação de consumo. O CDC: � Estabelece regras sobre a mínima qualidade e segurança dos produtos e serviços. � Prevê mecanismos de proteção para a atenuação dos riscos com a atividade de consumo. � Tutela a vida, a saúde e a segurança dos consumidores, considerados bens jurídicos primordiais. Da proteção da Saúde e da Segurança Da previsão periculosidade Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores (regra), exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição (exceção), obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito (obrigação genérica). Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto (obrigação específica). Explicação 1) Regra: produtos e serviços não podem acarretar riscos. 2) Exceção: riscos normais e previsíveis inerentes a alguns produtos (ferramentas, alguns produtos de limpeza, inseticidas, armas etc.). Tem-se aqui a chamada periculosidade inerente. Direito de Defesa do Consumidor 19 Consequências 1) Obrigação genérica aos fornecedores: dever de informar em qualquer hipótese, por mais conhecido que seja o risco de um produto (Princípio da Transparência ou Informação) 2) Obrigação específica ao fabricante de produtos industrializados: informação por impresso explicativo acompanhando o produto. Interpretação do dispositivo O CDC, embora proíba produtos e serviços causem riscos à saúde e segurança do consumidor, aceita a existência daqueles que geram riscos normais e previsíveis, em razão de sua própria natureza. Neste caso, o fornecedor ou, então, o fabricante (no caso de produto industrializado), devem proceder informações acerca da periculosidade do produto. Discussão doutrinária � Alguns defendem que a regra deve ser interpretada de forma cautelosa, para não estendê-la ao absurdo, sendo a obrigação de informação voltada aos riscos anormais e imprevisíveis em razão da utilização de produtos e serviços. � Outros entendem que “em qualquer hipótese”, deve ser dada informações sobre a periculosidade e nocividade diante da fixação desse direito como básico e indisponível(artigo 6º, inciso I, CDC). Periculosidade potencial (artigo 9º, CDC) Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. � Previsão da periculosidade potencial: além da periculosidade inerente, há produtos e serviços que revelam um perigo que pode se materializar apenas eventualmente, se observadas situações específicas (ex. embalagens de produtos que podem, em determinadas situações, explodirem). � Obrigação do fornecedor: informar, de forma ostensiva e adequada, a nocividade e periculosidade potenciais, sem prejuízo de outras medidas práticas. Periculosidade excessiva (artigo 10 do CDC) Direito de Defesa do Consumidor 20 Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. � Impedimento: regra proibindo a colocação no mercado de produto ou serviços com alto grau de nocividade ou periculosidade. � Elemento subjetivo: sabe ou deve saber. Criação de uma presunção jurídica, sendo que mesmo desconhecendo sobre a periculosidade/nocividade, o fornecedor pode sofrer consequências (responsabilidade administrativa, civil e penal), se for considerado que ele deva conhecer os perigos que seu produto possa vir a causar ao consumidor. � Resumindo: o CDC aceita produtos e serviços sem perigo, com periculosidade inerente e até com periculosidade potencial, porém não se pode colocar no mercado aqueles que possuem periculosidade excessiva (aplicação do art. 6º, I c.c. o art.10, “caput”, do CDC). Periculosidade futura (artigo 10, § 1º, CDC) § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. � Regra: o produto ou serviço com alto grau de periculosidade ou de nocividade, não pode ser colocado no mercado. � Situação: e se o perigo ou nocividade não for conhecido ao tempo em que o produto foi disponibilizado ao mercado de consumo pela ciência posta? � Resposta: o fornecedor deverá cumprir duas obrigações: 1) informar as autoridades competentes, e 2) informar os consumidores mediante anúncios publicitários (artigo 10, § 1º, CDC). Consequências: 1) Produtos sujeitos à fiscalização ou controle rotineiro: se o produto sujeitar-se a controle e fiscalização governamentais, deverá ser retirado de mercado por iniciativa do Poder Público. 2) Recall: se não houver esse controle governamental sobre o produto ou serviço, a providência ficará a cargo do próprio fornecedor, que deverá retirar o produto ou serviço colocado no mercado. No caso se já terem sido colocados no mercado, os consumidores deverão ser convocados para substituição ou reparo do produto ou serviço. Tais providências não impedem a responsabilidade caso algum dano venha a ocorrer antes ou depois da retirada do produto pela Administração, pelo fabricante, ou do recall, sendo que o fornecedor responde pelas despesas. O Poder Público também assume o dever jurídico de informar o público consumidor sobre a futura periculosidade e nocividade Direito de Defesa do Consumidor 21 § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito”. Conclusão/Resumo 1. Art. 6º, inciso I, CDC - direito básico de “proteção da vida, da saúde e da segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos”. 2. Regra: não se pode comercializar produto/serviço que causem periculosidade ou nocividade ao consumidor. 2.1. Exceções: no caso de periculosidades inerente e potencial dos produtos e serviços há o dever de informação necessária e adequada (artigos 8º e 9º, CDC). 3. Periculosidade excessiva: perigos maiores do que vantagens. Os produtos/serviços não podem ser colocados no mercado. 3. Periculosidades ou nocividades futuras: ocorre quando as periculosidades ou nocividades são descobertas somente após a colocação do produto ou disponibilização do serviço ao mercado de consumo. O Fornecedor é obrigado: a) retirar os produtos para adequação das informações; b) informação ao Poder Público sobre a descoberta da periculosidade; c) informação ao público consumidor à custa do fornecedor. Isto se se tratar de periculosidades inerente ou potencial. Se for excessiva, deve o produto ser retirado do mercado. Responsabilidade Civil no CDC Introdução: é a obrigação de indenizar o dano causado a outra pessoa. A responsabilidade civil pode ser: � Subjetiva: é a derivada de dolo ou culpa. A obrigação somente de indenizar surge se o dano houver sido causado de forma dolosa ou culposa. � Objetiva: é aquela em que a obrigação de indenizar é independente de dolo ou culpa, bastando o nexo causal entre a conduta e o dano experimentado pela vítima. No CDC, a responsabilidade do fornecedor é objetiva, à exceção dos profissionais liberais que, no tocante aos serviços prestados, só respondem a título de dolo ou culpa (§4º do art.14). Pressupostos: 1) Objeto (produtos e serviços produzidos em série, sem possibilidade de intervenção do consumidor) + 2) Consequência (ocorrência de defeitos) = 3) Necessidade de maior proteção. Direito de Defesa do Consumidor 22 “Teoria do Risco do Negócio”: é a adotada pelo CDC. Surge diante da possibilidade do consumidor adquirir produto ou serviço com problemas, sem que tenha ocorrido dolo ou culpa do fornecedor + complementação do direito básico a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais suportados em razão da relação de consumo (artigo 6º, inciso VI, CDC). Por esta teoria, a responsabilidade do fornecedor prescinde do requisito culpa. Fundamento: ao explorar a economia de consumo, o fornecedor assume o risco de que produção em série poderá colocar no mercado produtos com problemas, devendo responsabilizar-se pelos mesmos, diante do lucro por ele auferido. O conceito de responsabilidade objetiva em sede de direito do consumidor foi construído e fundamentado na dificuldade de efetivar a reparação de danos às vítimas dos acidentes de consumo. Na prática, sem a adoção desta responsabilidade, não há como provar que o produto/serviço estava com defeito. O desempenho de atividade econômica, por si só, cria o risco de dano ao consumidor, de forma que, se concretizado, surge o dever de repará-lo, independentemente da comprovação de dolo ou culpa do fornecedor. Consequência: o fornecedor se obriga a reparar quaisquer danos sofridos pelo consumidor em razão do próprio produto ou serviço, ou seja, pelo fato do produto ou do serviço. O dever de reparação surge com o surgimento do dano diante de defeito oriundo de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento do produto, ou aparece com o acontecimento do dano resultante de informações insuficientes ou inadequadas sobre a utilização e riscos do produto. Base: o conceito de responsabilidade objetiva apoia-se em três bases: � A existência de um defeito no produto; � O efetivo dano sofrido (moral ou material); � O nexo de causalidade que liga o defeito do produto à lesão sofrida. Disposição legal: o CDC dispõe a responsabilidade civil do fornecedor da seguinte maneira: � Responsabilidade pelo fato do produto (art.12). � Responsabilidade pelo fato do serviço (art.14). � Responsabilidadepelo vício do produto (arts.18 e 19). � Responsabilidade pelo vício do serviço (art.20). Responsabilidade pelo fato do produto (defeito) e responsabilidade pelo vício do produto - Diferenças Espécies de responsabilização: o regime de responsabilização adotado para as relações de consumo rompe com o binômio contratual e extracontratual. Ao invés de classificar a Direito de Defesa do Consumidor 23 responsabilidade de acordo com a natureza do vínculo, o CDC adota a lógica dos bens jurídicos tutelados. A responsabilidade pelo fato do produto deve ser considerada como responsabilidade pelos acidentes de consumo (defeito). Assim, a responsabilidade civil nas relações de consumo divide-se em responsabilidade por defeito e por vício. Diferenças: Será considerada por defeito se houver problemas referentes à insegurança (art. 6º, I, do CDC) e responsabilidade pelo vício, se o dano for ao patrimônio (art. 6º, VI, do CDC). A responsabilidade pelo fato é associada à noção de defeito no produto, a ocorrência de falha no produto que gera o acidente de consumo e, em consequência, danos ao consumidor. Doutra parte, a responsabilidade pelo vício está ligada à ocorrência de falha no produto, capaz apenas de lhe diminuir o valor ou funcionalidade, sem afetar a integridade física, moral e patrimonial do consumidor. O defeito está associado à segurança do consumidor. Já o vício se liga a qualidade do produto. Defeito: atinge o consumidor em seu patrimônio jurídico pessoal material, moral, estético ou de imagem. A responsabilidade pelos fatos do produto ou serviços se apresenta ao comerciante como subsidiária, eis que, os obrigados principais são o fabricante, o produtor, o construtor e o importador. O comerciante só será responsabilizado quando aqueles não puderem ser identificados, quando o produto fornecido não for devidamente identificado, ou ainda, quando não conservar os produtos perecíveis adequadamente. Vício: recai sobre o próprio produto ou serviço, diminuindo-lhe o valor, ou apresentando-se de forma diversa das informações que carrega, ou ainda tornando-o imprestável ao fim a que se destina. É uma característica própria e intrínseca do produto ou serviço em si (dano in re ipsa, ou seja, inerente a própria coisa). Na responsabilidade pelos vícios do produto o comerciante responde solidariamente, juntamente com todos os envolvidos na cadeia produtiva e distributiva. VÍCIO ≠ DEFEITO Vício: é a mera inadequação do produto ou do serviço para os fins a que se destina. Ex.: o consumidor comprou um eletrodoméstico que não funciona. Defeito: diz respeito à insegurança do produto ou do serviço. Ex.: a televisão comprada explode e causa danos à integridade do consumidor. Espécies de defeitos: de fabricação, de concepção e de comercialização. Direito de Defesa do Consumidor 24 Dupla ocorrência: às vezes um mesmo problema pode caracterizar o vício, ou causar um acidente de consumo, transformando-se em defeito, tudo dependendo das consequências decorrentes desse problema do produto ou serviço na vida do consumidor. Responsabilidade pelo fato do produto/defeito = direito à indenização Responsabilidade pelo vício do produto = direito ao conserto, à troca do produto ou ao recebimento do dinheiro pago. Responsabilidade pelo Fato do Produto ou do Serviço 1. Conceito: é a responsabilidade atribuída ao fornecedor ante a ocorrência de um acidente de consumo derivado de um defeito. Trata-se de responsabilidade por acidentes de consumo, com previsão nos artigos 12 a 17 do CDC. 2. Acidente de Consumo: é aquele que atinge o consumidor causando-lhe danos em razão da utilização do produto ou do serviço, que podem ser materiais ou morais, em razão de sua insegurança, quase sempre surgindo em uma fase intermediária do consumo e de forma oculta. O “acidente de consumo” lesa a vida, a saúde, a integridade física ou a segurança de uma ou mais pessoas. Gera, pois, um dano pessoal, e não meramente patrimonial. 3. Defeito: produtos e serviços defeituosos são os que não apresentam a segurança legitimamente esperada, causando danos à vida, saúde ou segurança ocasionado por produto ou serviço. Igualmente é considerado defeito as situações das quais decorrem prejuízo lateral (a pessoa, embora não seja consumidora direta, é atingida pelo acidente de consumo). 4. Ausência de Segurança: inicialmente recorde-se os 02 tipos de periculosidade: a inerente (risco intrínseco do produto ou serviço, referente à sua própria qualidade ou modo de funcionamento) e a adquirida (que se tornam perigosos em razão de um defeito com origem na fabricação, concepção ou comercialização) No caso da periculosidade inerente, a princípio a responsabilidade é excluída. Porém, o fornecedor poderá responder se não informar adequadamente sobre sua utilização e riscos (Art. 8º do CDC). A periculosidade adquirida gera responsabilização objetiva, ou seja, independentemente de culpa. Além disso, os fornecedores são proibidos de introduzir no mercado tais produtos e serviços. Em caso de impossibilidade de prevenir o risco antes de sua inserção no mercado, o fornecedor deverá informar as autoridades, os consumidores e proceder ao recall. 5. Espécies de defeitos: Defeito do Produto: conforme a sua origem divide-se em: concepção, fabricação e comercialização. Direito de Defesa do Consumidor 25 5.1. Defeito de concepção: é decorrente da falha de projetos ou fórmulas, geralmente manifestando-se diante de erro em relação às características finais dos produtos ou serviços de toda uma série. Podem ocorrer no planejamento, no desenvolvimento, na escolha do material utilizado, em relação às técnicas de fabricação bem como ao modo de utilização ou montagem dos componentes. Recai sobre todos os produtos de uma determinada série na cadeia produtiva, sendo que a forma de solução é determinar o recolhimento do produto através de recall (comumente envolvem os defeitos de projeto, formulação e design). 5.2. Defeitos de fabricação: estes recaem apenas em alguns produtos, por falhas no processo produtivo. Eles se se caracterizam por apresentarem imperfeições inadvertidas em relação a alguns produtos de uma série ou produção. Envolvem os defeitos de fabricação, construção, montagem, manipulação e acondicionamento. 5.3. Defeitos de comercialização: abrangem os deveres de informar, acondicionar e embalar o uso correto do produto ou fruição do serviço. Geralmente, decorrem em razão de informações incompletas, obscuras, ausentes, imprecisas, que causam acidentes de consumo motivados por insegurança do produto ou serviço. Trata-se de defeito extrínseco, sendo que para a sua ocorrência, deve gerar um dano, seja este material, moral, individual, coletivo ou difuso. A mera potencialidade do dano não torna o produto defeituoso, mas tão somente viciado (vício de qualidade por inadequação). Defeitos do Serviço: o serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais o modo de seu fornecimento, o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam, e a época em que foi fornecido (§1º do art.10). O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas (§2º do art.14). 6. Sujeitos: em se tratando de acidentes de consumo, o CDC amplia a proteção para proteger qualquer pessoa vitimada (art. 17 do CDC), independentemente desta ter adquirido pessoalmente o produto ou serviço. Tanto o consumidor que adquire o produto, como terceiro que vem a sofrer em decorrência deste defeito, são protegidos. 6.1 Responsáveis: são responsáveis alternativamente: o fabricante (fornecedor que fabrica e coloca no mercado produtos industrializados); o construtor (introduz produtos imobiliários no mercado, através do fornecimento de bens ou serviços); importador(fornecedor presumido, que responde por eventuais danos causados por defeitos de fabricação ou produção de produtos importado) ou o produtor (coloca no mercado produtos não industrializados, de origem natural). Concentra-se a responsabilidade, diante da presunção de terem eles maior capacidade econômica em suportarem a responsabilização e por disporem de maiores condições de influenciar o processo de produção dos produtos O comerciante é responsável solidário (e subsidiário) somente nos casos previstos no art. 13 do CDC. Ele será responsabilizado quando o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados (produto colocado sem qualquer informação); quando o produto fornecido não for devidamente identificado (mercadoria Direito de Defesa do Consumidor 26 vendida sem rótulo), ou ainda, quando não conservar os produtos perecíveis adequadamente (a responsabilidade é exclusiva do comerciante, excluindo a responsabilidade dos demais fornecedores). Responsabilidade solidária: aquele que efetivar o pagamento ao consumidor prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso (parágrafo único do art.13 do CDC). É cabível para o comerciante (salvo na hipótese do art.13, III) e para os demais fornecedores (fabricante, produtor, construtor e importador), devendo ser exercitada em ação autônoma diante da vedação da denunciação da lide (art.88 do CDC). 6.1.1 Responsáveis por serviços - o art. 14 do CDC menciona genericamente o fornecedor de serviços. Assim, caso haja mais de um fornecedor de serviços envolvido, todos poderão ser acionados, sozinhos ou em conjunto. Isso porque a legislação prevê expressamente a solidariedade entre os fornecedores responsáveis, conforme disposto no art. 25, §1º, do CDC: 7. Excludentes de Responsabilidade: a responsabilidade é objetiva, mas pode ser afastada de acordo com previsões do CDC (arts. 12, §3º e 14, §3º, do CDC). São elas: 1) Não colocação do produto do mercado (produto falsificado, roubado, furtado, etc.); 2) Inexistência de defeito (prova deve ser realmente de ausência de defeito, sendo que a mera ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime da responsabilidade -art. 23 do CDC; 3) Culpa exclusiva do consumidor, e 4) Culpa exclusiva de terceiro. 7.1. Excludente doutrinárias: discute-se a possibilidade de exclusão da responsabilidade em caso de: caso fortuito e força maior (devem ser causa direta do dano, não se relacionando com a atividade do fornecedor e, além disso, ser excepcional e inevitável), a observância de normas imperativas (havendo norma jurídica, vinculante imperativa e detalhada sua observância pode acarretar a exclusão de responsabilidade do fornecedor. Para isso, é preciso que o defeito seja decorrente da observância da lei), e os riscos de desenvolvimento (para alguns doutrinadores – posição minoritária – o risco do produto identificado após algum tempo, em razão dos avanços da ciência, deveria excluir a obrigação de indenizar, pois, na interpretação do significado do produto defeituoso, deve se levar em conta a época em que foi colocado em circulação. Todavia, a posição dominante na doutrina é que o fornecedor é sempre o responsável pelos defeitos do produto, ainda que estivesse de acordo com a legislação vigente à época da fabricação). Em todos os casos de excludente de responsabilidade, o ônus da prova é do fornecedor (art. 12, §3º, do CDC). Além das excludentes acima descritas, o fornecedor pode alegar em sua defesa a prescrição. 8. Elementos: por ser considerada responsabilidade objetiva, os requisitos para a configuração são: Direito de Defesa do Consumidor 27 � A existência de um problema, que causa danos ao patrimônio jurídico pessoal do consumidor e que é considerado “defeito” extraído do elemento objetivo da relação de consumo, ou seja, do produto ou serviço disponibilizado pelo fornecedor; � O dano que ultrapassa a esfera do próprio produto ou serviço e atinge o consumidor em seus bens e valores pessoais (não considerado o prejuízo relacionado ao valor pago simplesmente); � O nexo causal entre esse “defeito” e o dano. Essa lesão ao consumidor, decorrente de um defeito, atinge o destinatário do produto ou serviço causando-lhe danos que ultrapassam o conteúdo econômico do contrato, pois acarretam de forma anômala um acidente de consumo, atingindo o consumidor em seu patrimônio jurídico pessoal material, moral, estético ou de imagem. 9. Pontos a serem considerados: visando a apuração do dano, deve-se levar em consideração os seguintes fatores: 9.1 Sua apresentação: deve ser considerado a forma como o produto é disponibilizado no mercado de consumo e o seu conteúdo informacional através da publicidade, embalagem, rótulos e bulas; 9.2. Sua utilização: diante do conceito de periculosidade inerente, deve-se verificar se a utilização do produto ou serviço foi a adequada, para que após seja analisado o grau de insegurança do produto além do normalmente esperado; 9.3. O tempo em que o acidente ocorreu: deve se verificar como o dano ocorreu em correspondência com o que já se conhecia sobre esses riscos ao tempo em que o produto foi colocado no mercado. No caso de periculosidade futura, tem-se que eventuais avanços tecnológicos não caracterizam defeitos nos produtos fabricados antes daquele salto tecnológico se tornar conhecido, conforme dispõe o CDC: “o produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado” (artigo 12, § 2º). Regra em sentido contrário atrapalhaira o processo de desenvolvimento tecnológico. Ex: A morte teria sido evitada se houvesse “air bags”, o fornecedor do veículo não tem qualquer responsabilidade civil. 10. Prazo para a ação: prescreve em 05 anos a ação da reparação pelos danos causados por “acidente de consumo”, iniciando-se a contagem a partir do conhecimento do dano e de sua autoria (art.27). Trata-se de prazo prescricional, pois é nítido o caráter condenatório da pretensão à reparação do dano. Com relação a outras ações, que não causam riscos à saúde ou segurança do consumidor, mas que eventualmente o consumidor pode mover, paira discussão acerca do prazo. A corrente majoritária é de que o art. 27 do CDC refere-se só à ação de responsabilidade pelo fato do produto ou serviço (acidentes de consumo), aplicando-se para outras situações, os prazos prescricionais previstos no Código Civil e em Leis Especiais. Direito de Defesa do Consumidor 28 Vício Elementos de estudo: o vício do produto ou serviço; o dano, o nexo de causalidade e o de imputação. 1. Vício: decorre de uma obrigação ex lege (independe de termo expresso) de garantia de qualidade, abrangendo inclusive aspectos referentes à informação sobre características, composição e uso do produto e do serviço. Ela não pode ser nem afastada e nem diminuída pelo fornecedor (art. 24 e 25 do CDC). Trata-se de inadequações, ocultas ou aparentes, que atingem o produto ou serviço, na sua qualidade, quantidade ou nas informações, tornando- os impróprios ou inconvenientes ao consumo a que se destinam ou diminuindo o seu valor (art.18 do CDC). 1.1. Fundamentos: Teoria da qualidade - bom desempenho dos produtos e serviços, de acordo com as legítimas expectativas do consumidor. Princípio da garantia - o fornecedor deve assegurar o perfeito estado do produto ou serviço 1.2 Manifestação: a esfera patrimonial do consumidor é atingida, acarretando a perda da utilidade e/ou valor do produto ou serviço. Assim, ele se concretiza por: impropriedade, diminuição do valor, inadequação, diferenças de quantidade e ausência ou desconformidade de informação. 1.2.1. Impropriedade: são impróprios ao uso e consumo os produtos (art. 18, § 6º, I e II do CDC),com as seguintes características: prazo de validade vencido, deteriorados, alterados; adulterados, avariados, falsificados, fraudados, nocivos à saúde, perigosos, contrários as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação. 1.2.2. Serviços impróprios (art. 20, §2°, do CDC): são os inadequados para os fins que razoavelmente deles se espera e os que não atendem as normas regulamentares de prestação. 1.2.3. Diminuição do seu valor: pode se dar tanto em relação à necessidade de substituição de partes do produto ou em relação ao descumprimento do dever de informar. 1.2.4. Inadequação (art. 18, § 6º, III, do CDC): a ausência de correspondência entre a finalidade do uso e as características do produto ou serviço. Para a caracterização da inadequação são analisados diversos fatores, dentre eles: natureza do produto; estado da técnica; informações prestadas pelo fornecedor; finalidade a que esse destina. Nota-se que “A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade” (art.23). Além disso, tanto os produtos e serviços serão considerados inadequados se não possuírem a durabilidade legitimamente esperada pelo consumidor (Art. 4º, II, d, do CDC). 1.2.5. Diferença de quantidade (art. 19 do CDC): Exclusivamente para os produtos há o vício de quantidade, sempre que houver disparidade entre o anunciado e o conteúdo efetivo. Direito de Defesa do Consumidor 29 1.2.6. Disparidade ou ausência de informação (art. 18, caput): pode ser dar tanto em relação à disparidade entre o anunciado e o conteúdo efetivo, quanto a outras situações que induzam o consumidor em erro, quanto é o caso dos produtos “maquiados”. 2. Dano: é a impossibilidade de usufruir do produto ou do serviço de acordo com as legítimas expectativas do consumidor. 3. Nexo de imputação: é o vínculo que se estabelece entre o vício e a atividade desenvolvida pelo fornecedor para a atribuição do dever de indenizar. 4. Nexo de causalidade: é a relação de causa e efeito entre o dano produzido e o vício. Alternativas ao Consumidor Abrangência: em relação ao vício do produto e do serviço somente o consumidor em sentido estrito (art. 2º, caput, do CDC) possui proteção. No entanto, em nome da facilitação dos direitos do consumidor a responsabilidade é atribuída solidariamente a todos os fornecedores da cadeia produtiva. (arts. 18, 19 e 20 do CDC). Opções: conforme o art. 18 do CDC são elas: � O abatimento proporcional do preço (Ação quanti minoris); � A substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; � A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos (ação redibitória). Caso especial Vícios de quantidade: o consumidor possui estas alternativas e, ainda, a complementação do peso ou medida (art. 19, II, do CDC). Vício do serviço Previsto no artigo 20, do CDC, que dispõe: “O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: � A reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível. A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor” (§1º do art.20); Direito de Defesa do Consumidor 30 � A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos (ação redibitória); � O abatimento proporcional do preço (Ação quanti minoris). Tratando-se de obrigações personalíssimas, o inciso primeiro fica prejudicado, restando somente as demais possibilidades. Garantias O CDC prevê dois tipos de garantia: 1) a legal e 2) a contratual. 1. Garantia Legal: é prevista no CDC, tratando-se de um dever jurídico que independe de termo expresso. Todos os produtos vendidos têm garantia legal, independentemente de o fornecedor ou fabricante informarem, sendo imperativa, obrigatória, total, incondicional e inegociável. Por ser uma disposição de ordem pública, seu descumprimento gera nulidade das cláusulas eventualmente pactuadas. A garantia legal é uma obrigação imposta pela lei ao fornecedor na relação de consumo, não podendo ser contratualmente dispensada de forma válida. 1.1. Prazos: Vícios aparentes e de fácil constatação: a) 30 dias - produtos não duráveis (exs: produtos não duráveis - alimentos; serviços não duráveis - decoração de festas) e b) 90 dias para duráveis (exs: produtos duráveis - livro, automóvel; serviços duráveis - construção civil, reparos em produtos), respectivamente, sob pena de decaírem (art.26 do CDC), iniciando-se o prazo de decadência na data do fornecimento final que se dá pela entrega efetiva do produto ou prestação efetiva do serviço Vícios ocultos (vícios que por sua natureza somente podem ser conhecidos mais tarde, com certo tempo ou uso, e que não emergem claramente das primeiras experimentações): os prazos de exercício do direito do consumidor à reparação são os mesmos prazos para produtos ou serviços não duráveis e duráveis (respectivamente, trinta e noventa dias), iniciando-se a contagem no momento em que o vício se evidenciar. Estes prazos são decadenciais. Prazos suspensivos da decadência A lei prevê a suspensão desses prazos em duas hipóteses: � Instauração do inquérito civil: nesse caso, o prazo permanece suspenso até o Ministério Público encerrar o referido inquérito. O encerramento do inquérito civil pode se dar: a) com o seu arquivamento; b) com a propositura da ação civil pública; c) com o termo de ajustamento de conduta. Direito de Defesa do Consumidor 31 � Reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor, até a resposta negativa correspondente, que deve ser formalmente transmitida: em tal situação, a suspensão perdura até a resposta por escrito do fornecedor. O consumidor tem o ônus da prova de que fez a reclamação, por escrito ou verbalmente, ao fornecedor. 1.2. Características: O art. 24 dispõe que “a garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor”. A norma tem como escopo a proteção da legítima confiança depositada pelo consumidor na adequação do produto ou serviço. É uma garantia que nasce com o produto ou serviço e só pode ser reclamada após a efetivação da relação de consumo. É total. Todos devem garantir que o produto ou serviço seja adequado ao seu uso. Isso explica a solidariedade de todos os fornecedores da cadeia produtiva e não só daquele fornecedor que contrata com o consumidor. 1.3. Obrigações do fornecedor: o CDC obriga o fornecedor a reparar o problema apresentado no prazo máximo de 30 dias. O prazo é concedido ao fornecedor para substituir a parte viciada do produto, se o vício assim o permitir sem maiores prejuízos ao consumidor. Caso não repare o vício no prazo de 30 dias, é possível o ajuizamento de ação judicial. No vício de quantidade não há falar-se em prazo de 30 dias para sanar a irregularidade, podendo o consumidor ajuizar uma das quatro ações judiciais mencionadas. O CDC só prevê o vício de quantidade do produto, mas por analogia aplica-se também aos vícios de quantidade do serviço. 2. Garantia contratual: é prevista no art.50 do CDC, sendo aquela dada por escrito pelo próprio fornecedor, sendo denominada de termo de garantia e pode surgir com a celebração do contrato ou advir de um adendo contratual. 2.1 Características: é complementar à garantia legal, todavia, não é obrigatória. O fornecedor pode concedê-la ou não, mas, ao concedê-la, a garantia passa a integrar a oferta, obrigando-se a honrá-la.
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