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Ortopedia e Traumatologia – Bloco 2 Vitória Martins Castro Feitosa Tumores benignos formadores de osso • Osteoma. • Osteoma osteoide. • Osteoblastoma. Osteoma É um tumor formador de tecido os- teoblástico normal. Desenvolvem-se quase ex- clusivamente nos ossos da face, seios parana- sais e mandíbula. O seu tratamento é expectante, pois quase sempre são assintomáticos, normal- mente só é diagnosticado por exames. Não há relatos de malignização → rara- mente precisa de intervenção terapêutica, seja clínica ou cirúrgica. Osteoma osteoide É uma lesão osteoblástica benigna pequena, que se desenvolve em qualquer osso, sendo a diáfise da tíbia e do fêmur os locais mais comuns. Acomete mais adolescentes e adultos jovens. Causa dor persistente, vaga (não consegue de- finir com clareza ao examinador), que piora à noite e melhora com analgésicos e AINES. OBS.: dor óssea do crescimento – não sente durante odia, mas quando deita à noite chora de dor. Melhora facilmente e tem uma característica emocional atre- lada (comum em filhos de pais separados). Tem por obrigação fazer uma radiografia para diferenciar de os- teoma osteoide. RX ou TC mostram um nicho radiotransparente oval ou arredondada com zona reacional de esclerose. Fazer sempre diagnóstico diferencial com os- teoblastoma, abcesso de brodie (radiografia parecida), fratura de estresse e ilhota óssea (área de infarto ós- seo). O tratamento é cirúrgico – fazer curetagem da lesão. Osteoblastoma É semelhante ao osteoma osteoide, porém maior e mais agressivo (não é latente – continua cres- cendo). Acomete mais crianças e adolescentes, mas os ossos mais atingidos são vértebras, ílio, costelas e os- sos das mãos e dos pés. RX ou TC mostram lesões líticas, podendo simu- lar lesões malignas. Deve fazer um diagnostico diferencial com os- teoma, osteoma osteoide, osteomielite e osteossar- coma. O tratamento é cirúrgico, com ressecção de toda a lesão com margens amplas (partes moles sau- dáveis) para evitar recidiva Tumores benignos formadores de cartila- gem • Condromas. • Osteocondromas. • Condroblastomas. • Tumor de células gigantes. Condroma É um tumor formador de cartilagem hialina ma- dura. São lesões radioluzentes nos ossos das mãos, dos pés, costelas, ossos longos (fêmur, tíbia) e articula- ções. Geralmente, são lesões únicas, benignas e la- tentes – assintomático – achados de imagem. O RX e a TC mostram lesões líticas com aspecto algodoento da matriz. O tratamento é com curetagem e autoenxertia. Doença de ollier Também chamada encondromatose múltipla, é caracterizada por múltiplos condromas bilaterais que acometem um ou vários ossos. Se for extenso e unila- teral, é a enfermidade de Ollier. Quando essa encondromatose múltipla é asso- ciada a múltiplos hemangiomas, é chamada de sín- drome de Maffucci. Os ossos afetados ficam encurtados e arquea- dos, o paciente tem baixa estatura, sente dores, tem limitações funcionais importantes. O tratamento é cirúrgico, com curetagem, en- xertia e correção de deformidades/encurtamentos. OBS.: geralmente faz com fixador externo ilizarov, que tem vantagens – fixação boa de ossos osteoporóticos, pode corrigir duas alterações importantes ao mesmo tempo (encurtamento e arqueamento). Osteocondroma Representa 30% de todos os tumores ósseos benignos e 10% dos tumores ósseos em geral. É uma exostose óssea coberta por cartilagem, benigna, latente ou ativa. Parece muito com um osso normal, tem seu próprio núcleo de crescimento, que segue de acordo com a maturidade óssea. Detectado normalmente na infância ou na ado- lescência, sendo fêmur distal e tíbia proximal os locais mais comuns. RX é suficiente para diagnóstico na maioria das vezes. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. A ci- rurgia é muito simples – osteotomia. A malignidade é rara, mas quando acontece vira um condrossarcoma. Indicações cirúrgicas Quando aparece em locais que podem gerar deformidades ósseas por parada de crescimento (pró- ximo à fise de crescimento) → indicação cirúrgica. Por exemplo, um osteocondroma de ulna distal pode pa- ralisar o crescimento na fise. Outra indicação cirúrgica é a malignização, ape- sar de ser rara, pode acontecer. Nesse caso, os pacien- tes sentem muita dor, hiperemia no local, hipersensi- bilidade e continua crescendo. Além disso, a indicação geral é quando inco- moda o paciente ou tem grande risco de fratura. Exostose múltipla Possui grandes deformidades e encurta- mentos de ossos longos. É muito doloroso. Nesse caso, trata cirurgicamente de um por um, fazendo ressecção e depois corrige as deformidades residu- ais. Maiores chances de malignizar. OBS.: cresce até a maturidade esquelética. Condroblastoma – Tumor de Codman É uma lesão cartilaginosa benigna que acomete regiões epifisárias de pacientes com esqueleto ima- turo (<18 anos). Pode ser observado no RX, TC ou RNM como uma lesão lítica de 1 a 4 cm. O tratamento é feito com curetagem e autoen- xertia. Se não for ressecado, continua crescendo e pode gerar fratura óssea, além das deformidades que pode causar. Tumor de Células Gigantes - TCG É um tumor benigno altamente agressivo. Atinge principalmente a região epifisária da tíbia pro- ximal e fêmur distal, sendo mais comum entre 20 e 40 anos. Lesão lítica, insuflativa, que pode evoluir para fratura patológica. É de difícil tratamento e pode exigir cirurgias extensas, inclusive com artrodese e endopróteses. Normalmente, termina em amputação. Em até 3% pode ter metástase e os riscos de recidiva são muito altos. Lesões pseudotumorais Radiologicamente é muito semelhante a um tu- mor, apesar de não ter características tumorais. • Cisto ósseo unicameral. • Cisto ósseo aneurismático. • Tumor marrom do hiperparatiroidismo. Cisto ósseo unicameral É uma lesão benigna de cavidade única, apa- rece na infância e adolescência e atinge principal- mente a metáfise proximal do úmero e do fêmur. O tratamento é expectante na maioria dos ca- sos (raramente é cirúrgico). Normalmente desaparece com a maturidade óssea, então é uma lesão que o mé- dico pode acompanhar com RX periódicas (a cada 6 a 8 meses). Se o paciente tiver sintomas, faz a cirurgia, mas geralmente é assintomático. Cisto ósseo aneurismático É uma lesão benigna agressiva, que acomete crianças, adolescentes e adultos jovens. O diagnóstico é feito por RX, TC ou RNM. O tratamento cirúrgico é agressivo (pode cres- cer e gerar uma fratura patológica), com margens am- plas ou ressecção de ossos descartáveis (costela, fíbula média/proximal, por exemplo). Tumor Marrom do Hiperparatireoidismo São lesões osteoclásticas causadas por distúr- bios hormonais (PTH). É acompanhado de hipercalce- mia e hipofosfatemia. Trata a lesão de base (paratireoidectomia) e faz proteção óssea, medicamentos antirreabsortivos (alendronato). Tumores malignos Osteossarcoma É um tumor maligno primário de alta agressivi- dade. Acomete indivíduos na 2ª década de vida (10-20 anos), com leve predomínio no sexo masculino. Mais frequente em regiões metafisárias dos os- sos longos e são mais agressivas quando no esqueleto axial. O diagnóstico pode ser feito pelo RX (imagem em raios de sol), TC ou RNM, além da dosagem de FA e DHL. O tratamento não responde à radioterapia. Portanto, faz quimioterapia neoadjuvante (para regre- dir o tamanho do tumor), seguida de cirurgia para re- tirada do tumor com posterior quimioterapia adju- vante. Quando o tumor ainda é pequeno, pode fazer a ressecção de todo o tumor e das partes moles envol- ventes (exceto artérias e nervos, que se tiverem envol- vidos precisa amputar) seguida da colocação de uma endoprótese (é temporária, para melhorar a qualidade de vida, e não dá para substituir quando se desgasta, tem que fazer amputação). Condrossarcoma Tumor ósseo maligno com diferenciação emcartilagem hialina pura, é altamente agressivo. Segundo em incidência em relação aos sacor- mas, atinge indivíduos a partir da 4ª década de vida. Podem ser primários ou secundários (osteo- condroma que evoluiu). O tratamento é cirúrgico com margens amplas. Sarcoma de Ewing É o terceiro em incidência dentre os sarcomas (2º em crianças). Tumor agressivo de leve prevalência em homens e raro nas pessoas negras, acomete diáfi- ses ou metáfises de ossos longos (principalmente a tí- bia). Pode simular um quadro de osteomielite aguda, pois pode ter hiperemia, calor, febre, dor que não alivia fácil. Tem uma imagem em casca de cebola que parece muito com a imagem da pandiafisite. A di- ferença é que o sarcoma tem uma evolução mais lenta. O tratamento depende ou não da presença de metástase, semelhante ao osteossarcoma (quimio ne- oadjuvante, cirurgia e quimio adjuvante), mas res- ponde também à radioterapia. Então, se após a 2ª ses- são de quimio adjuvante, ainda tem tumor, pode fazer a rádio. Nesse estágio, nor- malmente, não tem outra opção a não ser amputar. E mesmo assim, o risco de metástase é muito alto e o prognóstico em 5 anos é muito ruim (a maioria morre). Lesões metastáticas São os tumores malignos mais comuns, devido ao aumento da sobrevida dos pacientes com câncer. Cerca de 50% dos tumores, dá metástase óssea. Os sí- tios primários mais comuns são mama, próstata, pul- mão, tireoide e rim. OBS.: na mulher, o tumor primário mais comum é o de mama, enquanto no homem é o de próstata. Mas, se não souber a origem, é mais provável ser de pulmão ou rim, pois a sintomatologia é mais tardia. A demora no diagnóstico é a principal causa de mau prognóstico, o que aumentou devido à pandemia. As vértebras, costelas, pelve e fêmur proximal são os ossos mais acometidos. É o terceiro tumor mais comum, mas o pri- meiro a aparecer sintomas. Existem três situações: paciente com câncer conhecido, com múltiplas metástases; dor óssea in- tensa e radiografias normais; e sem antecedentes de câncer, com lesão óssea destrutiva. Os principais exames para o diagnóstico de me- tástase óssea são RX, TC, RNM e cintilografia óssea. O tratamento depende do sítio primário (trata ele primeiro) e trata as lesões com potencial de fratu- ras ou com compressão neural. Mieloma múltiplo Neoplasia óssea primária mais comum, com proliferação monoclonal de plasmócitos. São lesões osteolíticas, dor óssea, hipercalce- mia, gamopatia e depósito de imunoglobulinas em vá- rios órgãos. O diagnóstico normalmente se dá por RX, ele- troforese de proteínas, proteinúria de Bence Jones, mielograma e biópsia óssea. O tratamento é medicamentoso (evitar fratu- ras osteoporóticas – alendronato e corticoide) e por proteção óssea (fixa antes). Tem sobrevida baixa. Lesões em saca bocado
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