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TUMORES ÓSSEOS Benigno: - Acometimento nas 3 primeiras décadas de vida; - Tende a involuir; - Pouca dor ou nenhuma; Maligno: - Dor: geralmente acorda no meio da noite por dor; - Achado incidental; - Deformidades; - Fraturas patológica; - Potencialmente metastático; Diagnóstico: Primeiro exame de imagem: Radiografia simples; Ressonância Magnética é o exame de escolha para avaliação adicional de tumores ósseos, permitindo adequada caracterização da extensão do tumor. Tomografia computadorizada proporciona melhor avaliação da cortical óssea, reações periosteais e matriz de mineralização, permitindo a caracterização de pequenas calcificações. Tratamento: Ressecção cirúrgica. OSTEOMA O osteoma é definido como uma neoplasia benigna latente (B1), formadora de tecido ósseo benigno, maduro, bem diferenciado, com uma estrutura laminar e de crescimento lento. Aspectos Clínicos: É dividido em três tipos: 1. Osteoma clássico convencional (“exostose de marfim”). Geralmente assintomático, o osteoma clássico convencional acomete a superfície externa dos ossos de formação intramembranosa, preferencialmente ossos do crânio, seios paranasais e maxilares. 2. Osteoma paraosteal (justacortical). O osteoma paraosteal acomete os ossos longos e chatos e se apresenta como uma lesão ossificada séssil localizada na superfície do osso. Nos ossos longos, deve ser diferenciado do osteossarcoma paraosteal tendo em vista seu aspecto densamente ossificado e lobulado. 3. Osteoma medular (enostose). O osteoma intramedular, também chamado de enostose ou ilhota óssea, consiste em nódulos densos e bem delimitados, geralmente assintomáticos e com menos de 2 cm. Apesar de ser considerado uma lesão hamartomatosa sem significância clínica, pode aumentar de tamanho, e, nesses casos, deve ser diferenciado de outros tumores osteoblásticos. A incidência estimada, por tratar-se de uma lesão assintomática na maioria dos casos, é de 0,03% dos tumores ósseos primários. Apresentam maior prevalência no sexo feminino (2:1) e acometem indivíduos em qualquer faixa etária. A síndrome de Gardner é uma entidade hereditária autossômica dominante que se caracteriza por múltiplos osteomas, principalmente nos ossos do crânio, mandíbula e ossos longos, associados a pólipos intestinais, fibromatose e cistos cutâneos. Diagnóstico por Imagem O aspecto radiográfico caracteriza-se por uma lesão densa e opaca, bem delimitada, lobulada e com menos de 2 cm. Os osteomas de localização paraosteal são de tamanho maior, alongados e lobulados. Os principais diagnósticos diferenciais são osteossarcoma paraosteal, osteocondroma séssil, miosite ossificante, displasia fibrosa calcificada e melorreostose. Tratamento Os osteomas em geral são lesões latentes e assintomáticas. O tratamento consiste em acompanhamento clínico, sem necessidade de cirurgia. O tratamento cirúrgico é indicado em pacientes sintomáticos e com lesões maiores, principalmente naquelas de localização nos seios da face. Nos osteomas paraosteais dos ossos longos a cirurgia de ressecção marginal está indicada, incluindo a cortical óssea, devido à dificuldade clinicorradiológica de se diferenciar do osteossarcoma paraosteal, cujo diagnóstico definitivo é feito com o estudo histopatológico da peça ressecada. O prognóstico é bom e raramente há recidiva local. Osteoma osteóide: - Mais em esqueleto apendicular - < 2 cm - Melhora com AINES Osteoblastoma: - Mais em coluna vertebral (em parte dorsal) → esqueleto axial - > 2 cm - Não melhora com medicamento (muita inflamação) - Piora a noite (abaixa o cortisol e aumenta prostaglandina) OSTEOSSARCOMA O osteossarcoma é uma neoplasia maligna agressiva, de origem mesenquimal, caracterizada por formação irregular de osso imaturo, produção de matriz osteoide e células fusiformes estromais malignas. Epidemiologia É o mais comum tumor maligno primário do osso em crianças e adolescentes. É mais comum na fase inicial da vida, podendo acometer qualquer faixa etária. Poucos casos são relatados num segundo pico (bimodal) em pacientes idosos. Nessa neoplasia existe uma leve predileção pelo gênero masculino. Cerca de 20% dos pacientes com osteossarcoma possuem alguma evidência, por imagem, de metástase no momento do diagnóstico. A região anatômica mais afetada por esses tumores, a literatura evidencia o fêmur (metáfise distal) como o sítio mais frequente, seguido pelas metáfises proximais da tíbia e úmero, respectivamente. Contudo, podem ocorrer em qualquer osso do esqueleto humano. - Bimodal: criança (genético), adulto (exposição). Diagnóstico Clínico Clinicamente, esses tumores manifestam-se, no início, por dor local, em geral inespecífica, com ou sem tumor visível associado, podendo variar de semanas a meses. Com a evolução do processo neoplásico, a tumoração tende a ser progressiva. Tumores de maiores volumes podem apresentar neovascularização local. Ocasionalmente, o indivíduo pode apresentar a perda de função do segmento acometido, com pouca ou nenhuma sintomatologia prévia. Nesses casos, pode-se observar uma fratura patológica, variando de 7% a 17%, nas séries de osteossarcomas. A dor, frequentemente encontrada, em geral está presente no processo como forma de alerta, exceto nos casos de fratura patológica. Pode haver uma história de trauma local prévio, contudo não há evidências de que este evento venha a desencadear a lesão. Nenhuma sintomatologia sistêmica tem sido associada à doença. Diagnóstico por Imagem Radiografias simples são necessárias e úteis para identificar o tumor; contudo, não mostram a extensão do acometimento das partes moles nem o envolvimento intraósseo. A aparência radiográfica usual do tumor é de uma lesão agressiva (com reação periosteal) na metáfise do osso longo. As lesões são usualmente radiopacas, mas podem ser radiotransparentes ou mistas (ambas as primeiras numa mesma região). A tomografia computadorizada do local pode adicionar informação sobre o tecido mineralizado, mas a extensão do envolvimento pelo tumor é mais bem avaliada pela ressonância magnética. Tratamento Uma combinação de quimioterapia e cirurgia parece ser a escolha padrão de tratamento do osteossarcoma de alto grau de malignidade. Osteossarcoma - Maligno (agressivo); - Metáfise de ossos longos; - RX → raios de sol (triângulo de codman); - Etiologia: distribuição bimodal (criança → genética e idoso → tempo de exposição à radiação) → Duas curvas (primeira cresce na adolescência e depois nos idosos); Osteos sarcom a Adolescen te e adulto jovem Metáfise osso longo Triângulo de codman e raio de sol Sarcom a de Ewing Criança e adolescen te Pelve, diáfise de osso longo Lesão permeativa, casca de cebola Condro ssarco ma Adulto Pelve e fêmur proximal Cortical espessa SARCOMA DE EWING O sarcoma de Ewing é um tumor ósseo altamente maligno, de origem neuroectodérmica, formado por pequenas células de núcleos redondos, ricas em glicogênio. A etiologia celular é controversa, e o diagnóstico diferencial entre outros tumores de células redondas do osso, como o linfoma e o neuroblastoma metastático, pode ser difícil. A presença do glicogênio intracelular nas biópsias fixadas em álcool, coradas pelo PAS (corante usado pela Patologia para fazer a lâmina com o diagnóstico), assim como a imuno-histoquímica, auxilia muito o diagnóstico. É menos frequente que o osteossarcoma, mas duas vezes mais frequente quando observa-se a faixa etária abaixo dos 10 anos. Corresponde a cerca de 10 a 15% dos sarcomas ósseos abaixo dos 20 anos e 3% de todas as neoplasias malignas pediátricas. Acomete mais as diáfises e metáfises dos ossos longos (fêmur, tíbia, úmero e fíbula), ainda que possa atingir ossos chatos, como a pelve e a escápula. Nesses últimos, o prognóstico costuma ser pior. Trata-se de um tumor muito consumptivo; 80% dos pacientes têm micrometástases e cerca de 25% têm metástases detectáveis na apresentação, pulmonares ou ósseas. Dor, tumefação, febre, sintomas semelhantes aos de virose e fratura patológica são achados frequentes. A radiografia costuma revelar lesão muito permeativa,lítica, destrutiva, com focos de ossificação reativa discretos, além de reação periosteal em “casca de cebola”, descontínua e fina, nem sempre presente. Os quadros clínico e radiológico confundem-se amiúde com a osteomielite aguda hematogênica, devendo-se, necessariamente, fazer a diferenciação em função da conduta, que é muito diferente. Alguns casos de sarcoma de Ewing comparecem ao serviço de referência, infelizmente, drenados como osteomielite, comprometendo o prognóstico. Um exame citológico e um bacterioscópico na sala cirúrgica são de valia inestimável, pois apontam para a conduta adequada. A cintilografia é de grande importância na detecção das metástases ósseas, pois o sarcoma de Ewing é dos sarcomas que mais gera metástase em osso. A RM é de grande utilidade na avaliação dos limites do sarcoma e da resposta à quimioterapia. A TC pulmonar na realização de cortes finos detecta pequenas lesões. Anemia, leucocitose e taxas elevadas de desidrogenase láctica (DHL) sugerem lesão agressiva. A queda nos índices de DHL indica boa resposta à quimioterapia. O sarcoma de Ewing é um tumor muito radiossensível e, por muito tempo, a radioterapia foi o tratamento de eleição, associada à quimioterapia. Contudo, o surgimento de sarcomas secundários em locais antes irradiados tornou o método uma exceção. Hoje, protocolos de quimioterapia, cirurgia e, novamente, quimioterapia, são os mais utilizados, ficando a radioterapia para tumores de difícil acesso e ressecção, como coluna e alguns em pelve. São obtidos índices de cura de 80% nas lesões localizadas do esqueleto apendicular, e de 40 a 50% no esqueleto axial. As soluções cirúrgicas biológicas, à semelhança do osteossarcoma, são as mais empregadas. Sarcoma de Ewing: - 5 a 15 anos Mimetiza infecção (sinais flogísticos), diáfise (+ em crianças); DD: osteomielite → epífise (em criança); RX: lesão permeativa (ruído de traça), reação periosteal (casca de cebola); TTO: radioterapia, quimioterapia, ressecção cirúrgica. METÁSTASE Tumor ósseo mais comum. Tumores secundários Principalmente: mama, próstata, pulmão, rim e tireóide Locais mais comuns: coluna, pelve, fêmur proximal, úmero proximal Tratamento mais paliativo, cirúrgico → só duas indicações: risco iminente de fratura e dor óssea intratável clinicamente. ESTADIAMENTO A classificação baseia-se em três fatores: grau (G), local (T) e ausência ou presença de metástases (M). O grau refere-se à intensidade de crescimento da lesão e divide-se em: - G0 – Tumores benignos em geral (B). - G1 (I) – Tumores malignos de baixo grau. São os que crescem devagar, quase não dão sintomas. A radiografia revela destruição e invasão tópica indolente, muitas vezes com osso reacional ao redor. A histologia mostra boa diferenciação celular, com poucas mitoses e matriz distinta; metástases são raras ou aparecem tardiamente. - G2 (II) – Tumores malignos de alto grau. São os que crescem rápido, apresentando sinais e sintomas referidos ao início, de forma explícita. A radiografia mostra destruição tópica de aspecto permeativo, com destruição cortical, reação periosteal e invasão de tecidos vizinhos. A histologia é indiferenciada, com muitas mitoses, células aberrantes e matriz imatura. As metástases são frequentes. O local (T) refere-se a se o tumor está ou não confinado a um espaço anatômico (compartimento) cercado por barreiras naturais. Divide-se em: - T0 – Lesões benignas B1 e B2. São contidas por membrana, cápsula ou osso reacional. - T1 – Lesões malignas contidas em um compartimento (A) e algumas B3 - T2 – Lesões malignas que saíram de seu compartimento original e invadiram outro ao redor (B) e algumas B3 A metástase (M), se estiver ausente, é classificada como M0, ou Ml (III) se estiver presente. Conforme os fatores descritos anteriormente, os tumores benignos são classificados como: - B1 (inativo ou latente) – Tumores assintomáticos, que costumam ser descobertos como achado radiológico ou por uma fratura patológica. A maioria não requer tratamento. - B2 (ativo) – Tumores sintomáticos, com crescimento local lento e dor leve. A radiografia mostra lesão geográfica, com afilamento e/ou expansão cortical. O tratamento usual é a curetagem associada à terapia adjuvante local. - B3 (agressivo) – Lesões benignas que crescem rápido e dão sinais e sintomas muito claros, simulando, muitas vezes, uma lesão maligna. A radiologia revela muita destruição óssea, com expansão acentuada, contudo, na maioria das vezes, contida pelo periósteo. O tratamento pode ser intralesional com adjuvantes locais ou ressecção segmentar e reconstrução quando necessária. Os tumores malignos são classificados da seguinte forma: I (baixo grau), II (alto grau) e III (qualquer grau com metástase). Faz-se também a subdivisão A-intracompartimental, ou B-extracompartimental. Muitas lesões malignas de alto grau intracompartimentais (IIA) ab initio aparecem na primeira consulta já como IIB, devido ao seu comportamento agressivo e/ou ao atraso no diagnóstico. Um exemplo típico dessa situação é o osteossarcoma convencional. Ele compromete o tratamento e, algumas vezes, o prognóstico. Grau Localização Metástase IA Baixo - G1 T1 - Intracompartimental M0 IB Baixo - G1 T2 - Extracompartimental M0 IIA Alto - G2 T1 - Intracompartimental M0 IIB Alto - G2 T2 - Extracompartimental M0 III Metástase (qualquer grau) T1 - Intracompartimental M1 (regional ou distante) T2 - Extracompartimental B1 Latente, sem sintomas + achado RX Encondroma, osteocondroma B2 Ativo, com sintomas (dor) Osteoma osteóide B3 Agressivo (destruição importante dos ossos) Tumores de células gigantes EXAMES DE IMAGENS ÚTEIS PARA AVALIAÇÃO DE TUMORES ÓSSEOS Diversos métodos de imagem podem ser utilizados para a avaliação de tumores ósseos, incluindo radiologia convencional, TC, RM e exames de medicina nuclear. No entanto, a radiografia simples permanece sendo o método mais importante para o diagnóstico de tumores ósseos. A radiografia permite caracterizar a distribuição, matriz e agressividade dos tumores ósseos. Muitas lesões ósseas têm achados radiográficos característicos (p. ex., doença de Paget, osteocondromas e displasia fibrosa), outras têm localizações típicas (p. ex., tumor de células gigantes e fibroma não ossificante) e outras acometem faixas etárias específicas (p. ex., granuloma eosinofílico e cisto ósseo). Quando uma lesão clássica de baixa agressividade é identificada na radiografia (p. ex., fibroma não ossificante, ilhota óssea/enostose, cisto ou infarto ósseo e herniação sinovial/pit), exames adicionais não são necessários, a não ser que esteja indicada intervenção cirúrgica. TC ou RM podem ser utilizadas para avaliação pré-operatória e caracterização adicional nos casos em que os achados da radiografia sejam indeterminados ou em lesões agressivas, potencialmente malignas. Após a radiografia simples, a RM é o exame de escolha para avaliação adicional de tumores ósseos, permitindo adequada caracterização da extensão do tumor. A RM tem elevada sensibilidade para avaliação do envolvimento da medula óssea e de partes moles adjacentes. Este método também está mais indicado para pesquisa de lesões em pacientes com suspeita de fratura patológica. No entanto, frequentemente não é possível distinguir entre lesões ósseas benignas e malignas com base apenas nas características do sinal de RM. A TC também pode ser utilizada para avaliação de tumores ósseos. Este método proporciona melhor avaliação da cortical óssea, reações periosteais e matriz de mineralização, permitindo a caracterização de pequenas calcificações, que podem ser importantes para o diagnóstico diferencial. A TC é melhor que a RM para caracterização do nidus central em pacientes com suspeita de osteoma osteoide na radiografia. A TC também pode ser útil para guiar biópsias percutâneas nos casos em que a avaliação por imagem não defina o diagnóstico. Exames de medicina nuclear são frequentemente utilizados nos tumores ósseos, principalmente para pesquisa e avaliação de resposta terapêutica de lesões metastáticasem pacientes com neoplasias malignas conhecidas, por permitirem o rastreamento do corpo inteiro num único exame. A cintilografia óssea é o método mais comumente utilizado, no entanto tem baixa especificidade, permitindo a identificação de lesões osteogênicas benignas e malignas. Quando a cintilografia apresenta lesão única suspeita, avaliação adicional com radiografia, TC, RM e/ou biópsia é necessária para confirmar malignidade. A PET-CT com 18F-FDG tem sido cada vez mais utilizada na prática clínica para a avaliação de pacientes com lesões metastáticas, inclusive ósseas. Este método tem maior sensibilidade que a cintilografia para o diagnóstico de lesões osteolíticas e de alta agressividade. Recentemente, a PET-CT com 18F-Fluoreto também tem sido utilizada para a avaliação de lesões osteogênicas, com maiores sensibilidade e especificidade que a cintilografia óssea. Achados radiográficos Felizmente, os tumores ósseos malignos não são muito comuns. No entanto, todo médico deve ser capaz de reconhecê-los e de estabelecer um diagnóstico diferencial útil. Primeiramente, como se reconhece um tumor maligno e como é possível diferenciá-lo de um processo benigno? Pode não ser muito simples, isso quando não é impossível. Que critérios da radiologia convencional são úteis para determinar se o achado é maligno ou benigno? Classicamente são descritos quatro aspectos de uma lesão que devem ser examinados: · Destruição cortical · Periostite · Orientação ou eixo da lesão · Zona de transição Gostaria de discutir cada um desses critérios e mostrar por que apenas o último – a zona de transição – é considerado preciso em uma taxa superior a 90%. É importante reconhecer que esses são critérios empregados para radiografia simples e que, em muitos casos, não se aplicam à TC ou à RM. Destruição cortical Lesões fibro-ósseas benignas e lesões cartilaginosas podem apresentar alterações que dão a falsa impressão de destruição cortical nas radiografias convencionais ou em TC. Além disso, processos benignos, como infecção e granuloma eosinofílico, podem causar destruição cortical extensa e mimetizar um tumor maligno. Por tais motivos, a destruição cortical é, ocasionalmente, uma característica enganosa. Destruição da cortical sempre remete a lesão maligna, mas a lesão também deve preencher outros critérios de um processo maligno, como uma ampla zona de transição. Periostite A reação periosteal ocorre de maneira inespecífica sempre que o periósteo sofre irritação, seja ela provocada por tumor maligno ou benigno, infecção ou traumatismo. A formação de calo ósseo em uma fratura, na verdade, é apenas uma reação periosteal do tipo mais benigno. Podem ocorrer dois tipos de reação periosteal: benigna ou agressiva, com base mais no momento em que surge a irritação que no fato de se tratar de um processo maligno ou benigno que causa a periostite. Um tumor benigno de crescimento lento, por exemplo, causa periostite espessa, ondulada, uniforme ou densa, porque é uma reação irritativa crônica de baixo grau, que dá tempo ao periósteo de produzir um novo osso espesso e remodelá-lo para um córtex de aspecto mais normal. Um tumor maligno provoca reação periosteal de alto grau e mais aguda e, por isso, o periósteo não tem tempo para consolidar. O periósteo tem aspecto lamelar (como as camadas de uma cebola), amorfa ou ainda como “espículas em raios de sol”. Orientação ou eixo da lesão Este é um determinante insatisfatório para diferenciar lesões benignas de agressivas e raramente ajuda a definir em que categoria a lesão deve ser classificada. Diz-se que se uma lesão cresce no eixo longitudinal de um osso longo, em vez de ser circular, é benigna. Há tantas exceções a essa regra que ela não é útil. Por exemplo, o sarcoma de Ewing, uma lesão extremamente maligna, geralmente tem seu eixo ao longo da diáfise de um osso longo. Por outro lado, muitos defeitos corticais fibrosos são circulares, mas totalmente benignos. Sendo assim, o eixo não é útil na avaliação, de benignidade e malignidade. Zona de transição Este é sem dúvida o indicador mais confiável para diferenciar lesões benignas de malignas em radiografias convencionais. Infelizmente, também apresenta algumas desvantagens. Zona de transição é a fronteira entre a lesão e o osso normal. É chamada “estreita” se for tão bem definida, que pode ser desenhada com uma caneta de ponta fina. Se for imperceptível e não puder ser claramente descrita, é chamada “ampla”. Obviamente, existem todos os tons de cinza entre uma e outra, mas a maioria das lesões pode ser caracterizada como tendo uma zona de transição estreita ou ampla. Se a lesão tiver uma borda esclerótica, naturalmente, tem uma zona de transição estreita. Se uma lesão tiver uma zona de transição estreita, um processo benigno deve ser considerado o mais provável. São raras as exceções a esta regra. Se a lesão tiver uma zona de transição ampla, ela é agressiva, ainda que não necessariamente maligna. Como acontece com a periostite agressiva, muitas lesões benignas, bem como lesões malignas, podem causar uma zona de transição ampla. Alguns desses mesmos processos podem causar periostite agressiva e, assim, mimetizar um tumor maligno e ter uma zona de transição ampla (i. e., infecção e granuloma eosinofílico). Eles têm aspecto radiográfico agressivo porque geralmente são lesões de ação rápida e agressivas. A zona de transição geralmente é mais fácil de caracterizar que a periostite, além de estar sempre evidente para ser avaliada, enquanto muitas lesões, benignas ou malignas, não apresentam periostite. Por esse motivo, a zona de transição é o indicador mais importante para diferenciar lesões benignas de malignas. Uma vez decidido que determinada lesão provavelmente é maligna, o diagnóstico diferencial é bastante simples. Em primeiro lugar, a lista de tumores ósseos malignos é relativamente curta, e, em segundo lugar, a maioria dos tumores ocorre em determinadas faixas etárias. Jack Edeiken, um dos radiologistas mais proeminentes dos últimos tempos, avaliou 4 mil tumores ósseos malignos e descobriu que poderiam ser diagnosticados corretamente em 80% dos casos empregando como único critério a idade do paciente. Basicamente, ele divide os tumores em décadas de vida nas quais os tumores geralmente afetam o paciente. Por exemplo, osteossarcoma e sarcoma de Ewing são os únicos tumores malignos primários dos ossos que se desenvolvem na infância; depois dos 40 anos de idade, são comuns apenas doença metastática, mieloma e condrossarcoma. Embora certamente existam discrepâncias, elas são raras, essas diretrizes com base na idade do paciente são extremamente úteis. Faixa etária de pacientes com tumor ósseo maligno. Tumores Osteossarcoma Osteossarcoma é o tumor ósseo primário maligno mais comum. Ocorre quase exclusivamente em crianças e adultos jovens (com menos de 30 anos – distribuição bimodal, idosos também podem ter devido a exposição do osso aos RX). Estas lesões são habitualmente destrutivas, com óbvia esclerose pela formação de osso novo no tumor ou esclerose reativa. Ocasionalmente, entretanto, um osteossarcoma é inteiramente lítico. Osteossarcoma parosteal Um tipo de osteossarcoma que deve ser distinguido do osteossarcoma central é o osteossarcoma parosteal. Um osteossarcoma parosteal se origina no periósteo e se desenvolve fora do osso. Muitas vezes, envolve toda a diáfise sem romper o córtex. Ocorre em uma faixa etária mais avançada que os osteossarcomas centrais e não é tão agressivo nem tão letal, desde que não se estenda até a porção medular do osso. O tratamento utilizado consiste simplesmente na retirada do tumor do osso no qual se originou. Entretanto, as taxas de recorrência têm se mostrado tão altas que atualmente são realizadas excisões em bloco. Quando um osteossarcoma parosteal invade o córtex do osso adjacente, é considerado tão agressivo quanto um osteossarcoma central e deve receber tratamento semelhante, isto é, com amputação ou cirurgia radical. É importante que o radiologista avalie alesão para verificar se houve invasão do córtex adjacente e auxiliar na determinação do tratamento e prognóstico. Para isso, TC ou RM são mais eficientes. A localização mais comum para o surgimento de um osteossarcoma parosteal é a parte posterior do fêmur, próximo ao joelho. Sarcoma de Ewing O sarcoma de Ewing clássico é uma lesão permeativa (vários orifícios pequenos) na diáfise de um osso longo de uma criança. Entretanto, apenas cerca de 40% desses tumores ocorrem na diáfise, com o restante sendo metafisário, diafisário e em ossos chatos. Tendem a ocorrer principalmente em crianças e adolescentes, embora um número significativo possa se desenvolver em pacientes na terceira década de vida, especialmente nos ossos chatos. Embora na maioria das vezes tenha aspecto permeativo, pode provocar a formação de osso novo reativo, que pode conferir à lesão um aspecto parcialmente esclerótico ou “irregular”. Frequentemente, os sarcomas de Ewing mostram um tipo de periostite em “casca de cebola”, mas também podem apresentar reação periosteal do tipo “espículas em raios de sol” ou de caráter amorfo. Raramente um sarcoma de Ewing apresenta periostite de aspecto benigno (espessa, uniforme ou ondulada). Quanto mais novo, maior probabilidade de ser osteomielite, se paciente mais velho com quadro arrastado, é sarcoma. Não tem VHS nem PCR elevado. Condrossarcoma Condrossarcomas têm aspecto muito variável, o que muitas vezes dificulta o diagnóstico. Ocorrem mais frequentemente em pacientes com mais de 40 anos. Condrossarcomas raramente se desenvolvem em crianças, embora, ocasionalmente, possam ser encontrados a partir da degeneração maligna de um osteocondroma. Pode ser extremamente difícil diferenciar histologicamente um condrossarcoma de baixo grau de um encondroma. O diagnóstico de condrossarcoma geralmente conduz a excisão radical e terapia, embora seja discutível (e um tanto controverso) se um condrossarcoma de baixo grau é um tumor maligno. Por esse motivo, um diagnóstico de “possível condrossarcoma” deve ser reservado para lesões dolorosas, ou que mostrem características agressivas definidas, como periostite e destruição. A verdade é que nem radiologistas, nem patologistas conseguem distinguir de maneira confiável encondroma do condrossarcoma de baixo grau. A RM pode ser muito útil para estabelecer a distinção entre encondroma benigno e condrossarcoma. Se houver massa de tecidos moles ou edema, é pouco provável tratar-se de um encondroma. Histiocitoma fibroso maligno Histiocitomas fibrosos malignos (HFM), anteriormente denominados fibrossarcomas, são tumores malignos líticos que não produzem matriz osteoide ou condroide. Normalmente não apresentam osso novo reativo, portanto quase sempre têm aspecto lítico, que pode assumir qualquer forma, podendo ser permeativo, com aspecto de roído de traças, ou uma área razoavelmente definida de lise. A faixa etária para manifestação de fibrossarcomas é bastante ampla, mas eles tendem a predominar na quarta década de vida. Esse é um dos poucos tumores malignos que, de vez em quando, apresentam sequestro ósseo. Tumor maligno de células gigantes Acredita-se que aproximadamente 15% dos tumores de células gigantes são malignos, no entanto, isso se baseia em sua taxa de recorrência, e não na existência de doença metastática, que é rara. Infelizmente, não parece haver um meio de prever se um tumor de células gigantes se tornará maligno. Radiologicamente, os tumores de células gigantes benignos e malignos têm aspecto idêntico. Histologicamente, tumores de células gigantes benignos e malignos têm o mesmo aspecto. Se ocorrer metástase (geralmente para o pulmão), o tumor é considerado pela maioria dos oncologistas como maligno. Contudo, isso é muito raro. Tumores de células gigantes malignos tendem a ocorrer principalmente durante a quarta década de vida. Linfoma primário do osso Essa neoplasia, anteriormente denominada sarcoma de células reticulares, tem aspecto radiológico idêntico ao sarcoma de Ewing, isto é, um padrão permeativo ou em “roído de traças”. Um linfoma primário do osso tende a ocorrer em uma faixa etária acima do sarcoma de Ewing, e, enquanto o sarcoma de Ewing tipicamente apresenta sintomas sistêmicos, os pacientes com linfoma primário do osso frequentemente são assintomáticos. Acredita-se ser o único tumor maligno que pode envolver uma grande quantidade de osso, embora o paciente permaneça assintomático. Doença metastática Lesões metastáticas devem ser incluídas em qualquer diagnóstico diferencial de uma lesão óssea em paciente com mais de 40 anos de idade. Podem ter praticamente qualquer aspecto. Podem simular uma lesão benigna ou um tumor ósseo primário agressivo. Pode ser difícil, se não impossível, avaliar a origem do tumor com base no aspecto do foco metastático, embora alguns tenham um aspecto razoavelmente característico. As metástases podem ser classificadas em líticas ou blásticas, o que muda a possível abordagem terapêutica para a lesão. Metástase lítica Mieloma Como as metástases, um mieloma somente deve ser considerado em pacientes com mais de 40 anos de idade, embora alguns radiologistas empreguem 35 anos como limite inferior de idade para casos de mieloma. Tipicamente, o mieloma tem aspecto permeativo difuso, que pode mimetizar um sarcoma de Ewing ou linfoma primário do osso. Por causa dos critérios de idade, no entanto, sarcoma de Ewing e mieloma não estão incluídos no mesmo diagnóstico diferencial. Raramente, se apresenta com vários focos de esclerose, que se assemelham a doença metastática difusa. O mieloma é uma das únicas lesões que não é tipicamente hipercaptante na cintigrafia óssea, portanto exames radiológicos são realizados no lugar da cintigrafia óssea quando há evidências clínicas de mieloma múltiplo.
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