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POLITICAS ESPECIAIS

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Políticas Especiais
Autora: Flávia Mello Magrini
Tema 01
A Era dos Direitos – 
Emergência do Estado Moderno
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ões
Tema 01
A Era dos Direitos – Emergência do Estado 
Moderno
Como citar este material:
MAGRINI, Flávia Mello. Políticas Especiais: A Era 
dos Direitos – Emergência do Estado Moderno. 
Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera 
Educacional, 2014.
SeçõesSeções
Tema 01
A Era dos Direitos – Emergência do Estado 
Moderno
5
Conteúdo
Nessa aula você estudará: 
•	 O conceito de Paradigma.
•	 Conjuntura que propiciou a transição entre o paradigma medieval e liberal.
•	 Características do Estado Moderno e as noções de direito ali emergentes.
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Introdução ao Estudo da Disciplina 
Caro(a) aluno(a).
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro O Direito à Diferença, do autor 
Álvaro Ricardo de Souza Cruz, editora Arraes, 2009, Livro-Texto n.
Roteiro de Estudo:
Profª. Flávia Mello MagriniPolíticas Especiais 
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Habilidades 
Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:
•	 Qual o caminho analítico que se deve empreender para compreender os fenômenos 
sociais?
•	 O que significou a mudança do paradigma medieval para o liberal?
•	 Existe alguma relação entre Direitos e Democracia?
•	 Qual o papel do antropocentrismo na emergência do Estado Moderno?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
LEITURAOBRIGATÓRIA
A Era dos Direitos - Emergência do Estado Moderno
Para que você tenha subsídios que permitam uma compreensão analítica da realidade 
social em que vive é necessário que busque os fatores históricos, políticos, sociais, 
econômicos e culturais que, entrelaçados, compõem sua complexa construção social. Ou 
seja, não se deve naturalizar a realidade observável em uma dada época e sim compreendê-
la enquanto resultado de um processo histórico que envolve diversos fatores. 
Para tanto, pode-se pensar sob a ótica dos paradigmas. Como exposto por Cruz (2009, p. 2):
Paradigmas são realizações cientificas universalmente reconhecidas que, 
durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma 
comunidade praticante de uma ciência. 
Ou seja, pelo estudo das mudanças de paradigmas é possível analisar as diferentes 
perspectivas de interpretação que inferem novos significados às realidades sociais.
Desta forma, para melhor compreender a atual conjuntura que envolve uma sociedade 
marcada pelo pluralismo e a luta de minorias pelo direito à diferença – que resulta na 
construção e institucionalização de políticas especiais – faz-se necessário que você estude 
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LEITURAOBRIGATÓRIA
e compreenda as mudanças de paradigmas que historicamente foram se conformando até 
que se chegasse à configuração atual de Estado e Sociedade. Com este intuito, nesta 
primeira aula você estudará a emergência do Estado Moderno e a noção de direitos a ele 
vinculada.
Pode-se dizer que existe uma inter-relação entre a emergência da noção de “Direitos do 
Homem” e a democracia moderna, em outras palavras, ambos teriam sido momentos 
necessários do mesmo movimento histórico (BOBBIO, 2004). Considerando-se o cenário 
do processo de constituição e consolidação do Estado democrático de direito, observa-
se uma inversão radical nos valores que vigoravam até então. Iniciado com a difusão das 
teorias jusnaturalistas e contratualistas – que supõem a existência de um “estado de 
natureza” humana que deságua numa constituição social (e estatal) originada, portanto, na 
vontade e no consenso dos indivíduos – sua consolidação significou a autonomização dos 
seres humanos, que passam a ser vistos como iguais e portadores de direitos fundamentais, 
inalienáveis e invioláveis. 
Uma concepção individualista substitui a concepção orgânica de sociedade vigente até 
então, passando, o Estado, a ser composto não mais pelo povo, mas por cidadãos. 
[...] enquanto os indivíduos eram considerados como sendo originariamente 
membros de um grupo social natural, como a família (que era um grupo 
organizado hierarquicamente), não nasciam nem livres, já que eram submetidos 
à autoridade paterna, nem iguais, já que a relação entre pai e filho é a relação 
de um superior com um inferior. Somente formulando a hipótese de um estado 
originário sem sociedade nem Estado, no qual os homens vivem sem outras 
leis alem das leis naturais (que não são impostas por uma autoridade externa, 
mas obedecidas em consciência), é que se pode sustentar o corajoso princípio 
contraintuitivo e claramente anti-histórico de que os homens nascem livres e 
iguais. (BOBBIO, 2004)
Utilizando também como aporte explicativo o estudo dos paradigmas constitucionais 
empreendido por Cruz (2009), você deverá relacionar esta mudança, acima exposta, à 
transição entre os paradigmas medieval e o Constitucionalismo Clássico.
Conforme você já estudou em outros momentos, a Idade Média foi caracterizada pela vigência 
do Direito Consuetudinário. Durante este longo período da história da humanidade, não 
havia qualquer possibilidade de mobilidade social, ou seja, todas as gerações vivenciavam 
as relações estamentais das gerações anteriores. Os direitos e deveres das pessoas eram, 
portanto, determinados por sua condição social estabelecida por nascença. Filhos de um 
servo/vassalo também o seriam por toda a vida e transmitiriam seus direitos e deveres à 
próxima geração – assim como os filhos de um senhor/suserano. 
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Portanto, como aponta Cruz (2009, p. 4), “a noção de Direito Natural ligava-se à noção 
de Direito de Nascença”. Este tipo de organização da sociedade medieval era legitimado 
pelo teocentrismo do período. Por vários séculos, a explicação religiosa, extramundana, 
justificava a manutenção da ordem social através da vontade divina, excluindo qualquer 
possibilidade de alterações – sejam elas de qualquer ordem: social, política, econômica ou 
cultural – por meio da vontade e ação humana.
É possível observar diversos fatores que levam ao esgotamento do sistema político, econômico 
e social da Idade Média em meados do século XIV. Por um lado, o contexto de epidemias – 
como da peste negra que dizimou significativa parcela da população – de fome e escassez 
de recursos no qual a população via-se aprisionada, resultou em guerras camponesas contra 
as explorações feudais. O enfraquecimento dos feudos levou ao renascimento comercial e 
urbano que, em última instância, contribuíram com a deslegitimação desta ideologia de 
imutabilidade da ordem social.
A partir deste ponto de inflexão, observa-se a emergência de uma nova sociabilidade que ao 
longo dos próximos séculos irá consolidar uma concepção de Direito moderno. Concepção 
esta que, norteada pela noção de antropocentrismo – trazida pelo humanismo renascentista 
e pelo iluminismo francês – subvertem a legitimação do Estado e da Sociedade, colocando 
os direitos humanos como substrato do poder político (CRUZ, 2009). 
Ou seja, o peso que antes era de responsabilidade das normas morais, é transferido para as 
leis. Segundo Bobbio (2004), a agora “era dos direitos” significa a passagem da prioridade 
dos deveres dos súditos à prioridade dos direitos do cidadão. Esse deslocamento passa a 
garantir a compatibilidade das liberdades de ação individual; esta, por sua vez, obtém sua 
legitimidade num processo legislativo que se apoia no princípio da soberania do povo – que 
é garantido pelos princípios democráticos (HABERMAS, 1997). 
Este novo período, segundo Cruz (2009), seria marcado pelo Constitucionalismo Clássico 
– paradigma liberal. Marcado pela positivação constitucional, pela primeira vez na história 
da humanidade, a lógica das necessidades coletivas cedeu espaço às individuais. Para o 
autor, a gênese desta inversão estaria nas guerras religiosas. A insatisfação popular com 
os abusos da Igreja Católica que resultaram em reformas protestantes (e a importância 
do surgimento da Imprensa neste contexto todo), os movimentos de Contrarreforma e as 
guerras civis dali resultantes, formam um quadro de instabilidade que culminou com asideias libertárias do século XVIII. A partir de então, todos seriam tratados igualmente pela lei.
LEITURAOBRIGATÓRIA
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Segundo BOBBIO (2004), os direitos do homem seriam resultado de um processo contínuo 
de construção histórica que, acompanhando as mudanças sociais, serviriam como 
ferramenta política de aprimoramento da convivência coletiva. Pode-se afirmar, portanto, 
que no processo de constituição das formas modernas de gestão política e da relação dos 
homens na vida em sociedade, tanto a democracia quanto a noção de direitos vêm sofrendo 
profundas metamorfoses históricas. 
Considerando-se o início do Estado moderno, teorizado pelos contratualistas, como 
a vinculação de uma democracia restritiva (em que a noção de cidadão encontrava-
se circunscrita a pequenos grupos específicos) à positivação do Direito (expressa pelas 
Declarações, como a Declaração de Direitos do Homem de 1789 e pelas Constituições), 
têm-se, a partir do século XIX, uma primeira metamorfose: o surgimento de uma democracia 
representativa, competitiva e de massas, resultado do processo de diferenciação estrutural 
do tecido social - que culminou mais tarde, século XX, na consolidação dos direitos sociais 
– consequência do aparecimento de novas demandas de liberdade e de poderes que 
acompanha o processo de diferenciação. 
LEITURAOBRIGATÓRIA
LINKSIMPORTANTES
Quer saber mais sobre o assunto? 
Então:
Sites
Leia o artigo: Jusnaturalismo e Contratualismo em Hobbes e Locke: Do estado de natureza 
ao estado político, de Eduardo Martins de Azevedo Vilalon. Revista Jus Humanum, 2011.
Disponível em: <http://revistapos.cruzeirodosul.edu.br/index.php/jus_humanum/article/
viewFile/28/18>.Acesso em 2 jan. 2014. 
Pela leitura deste artigo você poderá aprofundar sua compreensão acerca das teorias 
jusnaturalistas e contratualistas.
http://revistapos.cruzeirodosul.edu.br/index.php/jus_humanum/article/viewFile/28/18
http://revistapos.cruzeirodosul.edu.br/index.php/jus_humanum/article/viewFile/28/18
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LINKSIMPORTANTES
Leia o artigo Gutemberg: A Era da Imprensa, de Adelcio Machado dos Santos. Revista 
Percepções, 2012. 
Disponível em: <http://www.uniarp.edu.br/periodicos/index.php/percepcoes/article/
view/25/81>. Acesso em 2 jan. 2014
Este artigo trará importantes contribuições para o seu entendimento sobre a importância do 
surgimento da imprensa.
Acesse o site do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jümper.
Disponível em: <http://www.mackenzie.br/6926.html>. Acesso em 2 jan. 2014. 
Neste site você terá acesso a diversos textos sobre a Reforma Protestante. 
Leia o artigo Epistemologia positivista: qual a sua influência hoje?, de Alexandre Magno 
Dias Silvino. Revista: Ciência e Profissão, 2007. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932007000200009&lng=pt&nrm=isso>. Acesso em 2 jan. 2014. 
Neste artigo você encontrará explicações sobre o Positivismo de Auguste Comte. 
Vídeos Importantes: 
Assista à entrevista com Celso Lafer sobre Direitos Humanos.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=vKB9G5Y8Kdo#!>. 
Acesso em 2 jan. 2014. 
O vídeo tem como temática a questão dos Direitos Humanos, buscando conceituá-lo, 
delimitar sua abrangência, apresentar ações e desmistificar alguns pontos que envolvem 
tal conceito.
http://www.uniarp.edu.br/periodicos/index.php/percepcoes/article/view/25/81
http://www.uniarp.edu.br/periodicos/index.php/percepcoes/article/view/25/81
http://www.mackenzie.br/6926.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932007000200009&lng=pt&nrm=isso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932007000200009&lng=pt&nrm=isso
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=vKB9G5Y8Kdo#!
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Instruções: 
Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções 
das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão 
você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente 
os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de 
resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto 
e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema.
Questão 1:
Nesta aula você estudou os diversos as-
pectos envolvidos na emergência do Esta-
do Moderno. Como ponto de inflexão, ve-
rificou a mudança do paradigma medieval 
para o liberal.
Tendo estes pontos em mente, produza um 
pequeno texto (no máximo 10 linhas) pro-
curando sistematizar as principais caracte-
rísticas da Idade Média. Esta atividade será 
importante para que você consiga ter maior 
clareza sobre a importância que represen-
tam as mudanças que se seguiram.
Questão 2:
Considere os itens abaixo:
I. Representa a imutabilidade das 
realidades sociais. ( )
II. Abre perspectivas de interpretação 
que permitem inferir novos significados 
para os fenômenos sociais. ( )
III. Surge no século XIX como resultado 
das injustiças sociais. ( )
Sobre a concepção de paradigma, indique 
( V ) para as afirmações verdadeiras e ( F ) 
para as afirmações falsas e assinale abai-
xo a alternativa correta:
AGORAÉASUAVEZ
12
a) V; V; V.
b) F; F; F.
c) F; V; F.
d) V; F; V.
e) F; F; V.
Questão 3:
O advento do paradigma ________ repre-
sentou algo sem paralelo para a humanida-
de. Com o _________ trazido pelo huma-
nismo renascentista e o iluminismo francês, 
a lógica das necessidades _______ cedeu 
espaço às prioridades ________. 
Assinale a alternativa que contém as pala-
vras adequadas para preencher as lacunas 
das frases acima:
a) Liberal; teocentrismo; coletivas; 
individuais.
b) Medieval; antropocentrismo; coletivas; 
individuais.
c) Liberal; antropocentrismo; individuais; 
coletivas.
d) Constitucional; teocentrismo; individu-
ais; coletivas.
e) Liberal; antropocentrismo; coletivas; 
individuais.
Questão 4:
Sobre o paradigma medieval é incorreto 
afirmar:
a) Seu surgimento é resultado da desa-
gregação do poder temporal romano, em 
razão das invasões bárbaras.
b) Os direitos e obrigações das pessoas 
eram determinados por sua condição 
social e esta era passível de mudança, 
uma vez que existia grande mobilidade 
social.
c) Era marcado por relações estamentais 
herdadas de gerações anteriores.
d) O Direito Consuetudinário é uma ca-
racterística deste paradigma.
e) A noção de Direito Natural ligava-se à 
noção de Direito de Nascença.
Questão 5:
Considerando a grande importância que 
as guerras religiosas tiveram para a emer-
gência do Estado Moderno estudada nesta 
aula, sobre o Protestantismo é correto afir-
mar:
a) Foi resultado da insatisfação popular 
com os abusos cometidos pela Igreja 
Católica. Um dos principais fatores que 
contribuíram para sua rápida difusão foi o 
aparecimento da Imprensa. 
AGORAÉASUAVEZ
13
b) Pregava o retorno das missas em latim.
c) Procurou intensificar a venda de 
indulgências como forma de fortalecer o 
grupo que apoiava o Papa Leão X dentro 
da Igreja Católica.
d) Seus principais elementos foram 
o Concílio de Trento e a Criação da 
Companhia de Jesus.
e) Foi o responsável pela consolidação 
do teocentrismo na Europa no século XX.
Questão 6:
Cruz (2009, p. 1-2), utilizando do romance 
As Aventuras de Huckleberry Finn (1882) 
procura explicar a modificação de visão de 
mundo nas sociedades ao longo do tempo.
Explique a afirmação acima.
Questão 7:
Como aprofundamento do que foi estudado 
neste tema, os Paradigmas, leia a 
reportagem Thomas Kuhn: o homem que 
mudou a forma pela qual o mundo vê a 
ciência. Disponível em: <http://www1.folha.
uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas-
kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela-
qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml>. Acesso 
em: 2 jan. 2014. Escreva um texto sucinto 
explicando as contribuições de Thomas 
Kuhn com seu conceito de Paradigmas.
Questão 8:
Segundo Cruz (2009, p. 7), a igualdade dei-
xou definitivamente seu aspecto geométri-
co, que distinguia os homens em castas, 
impondo privilégios em razão do nascimen-
to, e se estabeleceu na formaaritmética. A 
partir de então, todos seriam tratados igual-
mente pela lei.
Considerando o tema tratado nesta aula, 
leia o trecho citado – extraído do seu Livro-
Texto – e explique o significado desta 
mudança apontada pelo autor.
Questão 9:
Pesquise artigos na internet sobre o que foi 
o Petitium of Rights (1629) e explique qual 
a importância da sua assinatura.
Questão 10:
Faça um quadro analítico expondo os prin-
cipais aspectos que diferenciam os concei-
tos de teocentrismo e antropocentrismo.
AGORAÉASUAVEZ
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas-kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela-qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas-kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela-qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas-kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela-qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas-kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela-qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml
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Nesta primeira aula, você estudou as mudanças de paradigmas que historicamente 
foram se conformando até que se chegasse à configuração atual de Estado e Sociedade. 
Este movimento foi de suma importância para compreender a emergência do Estado 
Moderno e a noção de direitos a ele vinculada.
Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar 
sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos!
FINALIZANDO
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2004.
CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. O Direito à Diferença – As ações afirmativas como me-
canismo de inclusão social de mulheres, negros, homossexuais e pessoas portadoras de 
deficiência. Belo horizonte: Arraes Editores, 2009
HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Vol. II. RJ: Tempo 
Brasileiro, 1997.
REFERÊNCIAS
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Pluralismo: neste texto, o termo foi utilizado como referência à sociedade composta de 
vários grupos, ou seja, cujo tecido social é heterogêneo e marcado pela diversidade.
Minorias: termo utilizado para se referir a determinados grupos sociais em uma dada 
sociedade. A referência por trás deste conceito não é quantitativa, ou seja, numérica. E sim, 
expressão da sub-representação política destes grupos. Quando se pensa nas questões 
de gênero, por exemplo, as mulheres representam mais de 50% da população mundial. 
Entretanto, enfrentam diversas formas de discriminação em todas as esferas sociais.
Teorias Jusnaturalistas e Contratualistas: tendo como expoentes os pensadores: Thomas 
Hobbes e John Locke, estas teorias são fundamentais – no momento em que surgem – para 
a gênese do Estado Moderno, pois representam uma teorização de construção do Estado a 
partir da própria sociedade (é importante ressaltar que se trata de duas teorias distintas que 
devem ser estudadas em suas peculiaridades – o que não será feito aqui por não ser o foco 
do trabalho). Os contratualistas, por exemplo, situam a origem da sociedade e a legitimação 
do poder político num pacto social – o Contrato Social. 
Direito Consuetudinário: direito baseado nos costumes e tradições de uma sociedade.
Relações Estamentais: estamentos são grupos sociais que compõem uma estrutura social 
em que não há mobilidade social. Seus membros estão, desde o nascimento até o fim da 
vida, atrelados a eles. 
GLOSSÁRIO
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Questão 1
Resposta: Seguem alguns pontos que você não poderá esquecer-se de sistematizar em 
sua resposta:
- Início na Europa no século V com as invasões germânicas e estende-se até o século XV 
com o renascimento comercial e urbano.
- Sociedade estamental – rigidamente hierarquizada.
- Economia rural e descentralizada: divisão em Feudos.
- Supremacia da Igreja Católica.
- Teocracia.
Questão 2
Resposta: Alternativa C. O único item correto é o II, que traz a importância dos paradigmas 
como formas de compreensão das realidades sociais.
Questão 3
Resposta: Alternativa E. Como amplamente estudado nesta aula, o paradigma medieval é 
substituído pelo liberal, representando uma mudança para uma mentalidade antropocêntrica, 
centrada no indivíduo.
Questão 4
Resposta: A única alternativa incorreta é a B. Durante o período medieval, as relações eram 
estamentais, ou seja, não havia qualquer possibilidade de mobilidade social. Os “lugares 
sociais” eram definidos de nascença e herdados das gerações anteriores.
GABARITO
17
Questão 5
Resposta: A única alternativa correta é a A. O Protestantismo foi resultado de grande 
insatisfação com os abusos da Igreja Católica.
Questão 6
Resposta: O autor do Livro-Texto demonstra como as ideias contidas no referido romance 
passam de revolucionárias – por trazerem um negro como protagonista – a racista (alguns 
anos depois) – por utilizar a expressão niger (crioulo). Este exemplo é muito importante 
por diversos pontos: demonstra que as sociedades estão em constante transformação e 
ressignificação de seus valores; que não existe uma verdade absoluta sobre determinado 
fato; entre outras.
Questão 7
Resposta: Em seu texto, você deverá abordar: importância da quebra da ideia de necessário 
progresso que acompanha a ciência ao longo dos tempos; a importância do entendimento 
das características e da contextualização dos fenômenos para o seu melhor entendimento.
Questão 8
Resposta: Esta mudança observada no conceito de igualdade que o autor traz é ponto 
primordial observado na mudança do paradigma medieval para o liberal. Você deverá 
exemplificar utilizando os pontos estudados sobre esta mudança na aula 01.
Questão 9
Resposta: Petitium of Rights foi um instrumento jurídico por meio do qual o Parlamento 
Inglês impunha ao monarca o reconhecimento de direitos e liberdades dos súditos. Este é 
um exemplo de outros que ocorreram neste mesmo sentido, dando força à consolidação e 
institucionalização dos direitos individuais no Estado Moderno. 
Questão 10
Resposta: Teocentrismo
- Deus é o centro do universo.
- Característico da Idade Média.
GABARITO
18
- Igreja Católica: monopólio do conhecimento.
- Busca pela salvação espiritual era central no comportamento das pessoas.
Antropocentrismo
- Homem no centro.
- Renascimento; Idade Moderna.
- Sentimentos, formas e instituições humanos eram observados e pensados com atenção.
GABARITO
Políticas Especiais
Autora: Flávia Mello Magrini
Tema 02
Dos Direitos Sociais ao 
Direito à Diferença
seç
ões
Tema 02
Dos Direitos Sociais ao Direito à Diferença 
Como citar este material:
MAGRINI, Flávia Mello. Políticas Especiais: 
Dos Direitos Sociais ao Direito à Diferença. 
Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera 
Educacional, 2014.
SeçõesSeções
Tema 02
Dos Direitos Sociais ao Direito à Diferença 
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Conteúdo
Nessa aula você estudará: 
•	 As configurações sociais do século XIX e suas implicações às noções de Direito.
•	 A importância dos Movimentos Sociais.
•	 Novo Constitucionalismo e o princípio da dignidade humana.
Habilidades 
Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:
•	 •	Qual	a	configuração	industrial	no	século	XIX?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Introdução ao Estudo da Disciplina 
Caro(a) aluno(a).
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro O Direito à Diferença, do autor 
Álvaro Ricardo de Souza Cruz, editora Arraes, 2009, Livro-Texto n.
Roteiro de Estudo:
Profª. Flávia Mello MagriniPolíticas Especiais 
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CONTEÚDOSEHABILIDADES
LEITURAOBRIGATÓRIA
•	 A demanda por direitos sociais e econômicos insere-se dentro de qual contexto 
econômico	e	social?
•	 Qual	o	papel	dos	movimentos	sociais	para	a	institucionalização	de	direitos?
•	 O	que	muda	quando	a	noção	de	igualdade	passa	a	estar	vinculada	ao	princípio	de	
dignidade	humana?
Dos Direitos Sociais ao Direito à Diferença 
Após todo o estudo e análise sobre a emergência do Estado Moderno empreendidos 
no	tema	1,	agora,	você	estudará	os	desdobramentos	que	a	noção	de	Direito	adquire	ao	
longo dos séculos XIX, XXe XXI: Direitos Sociais e Econômicos e Direito à Diferença.
Para que você compreenda o processo de reivindicações e consolidações de direitos 
no	período	em	questão,	deve	ter	em	mente	o	pano	de	fundo	sob	o	qual	estas	mudanças	
ocorreram. Como bem ilustra Cruz (2009, p. 7):
[...] a despeito dos ideais revolucionários do século XVIII, o fruto desse 
arquétipo	 constitucional	 ao	 longo	 do	 século	 XIX	 foi	 a	 consolidação	 de	 um	
regime	 imperialista	 e	 uma	 exploração	 do	 homem	pelo	 homem	nunca	 antes	
vista na história da humanidade.
Se por um lado, o progresso tecnológico – trazido pela Segunda Revolução Industrial – e 
a	formação	de	grandes	conglomerados	econômicos	e	financeiros	permitiram	uma	produção	
em escala sem igual em períodos anteriores. Por outro, as condições de trabalho nunca 
foram	tão	degradantes:	jornadas	de	trabalho	de	16	a	18	horas	por	dia;	remunerações	indignas	
deixando	milhões	na	faixa	de	miséria;	acidentes	de	trabalho	devido	às	precárias	proteções	
ao	trabalhador;	repressão	policial	a	qualquer	tentativa	de	organização	de	protestos	(CRUZ,	
2009).
7
LEITURAOBRIGATÓRIA
Como resultado deste contexto, observa-se a emergência de lutas sociais do século XIX. 
A	sociedade	não	deseja	mais	o	suposto	absenteísmo estatal – defendido pelo paradigma 
liberal	–	e	passa	a	cobrar	uma	 intervenção	estatal	efetiva	no	sentido	de	garantir	direitos	
trabalhistas, previdenciários, entre outros. 
Para	melhor	 compreender	 o	 significado	 destas	 lutas	 sociais,	 segue	 afirmação	 de	 Alain	
Touraine	(2006)	sobre	a	compreensão	das	dimensões	do	conceito	de	Movimento	Social:
[...]	reservar	a	ideia	de	movimento	social	a	uma	ação	coletiva	que	coloca	em	
causa	um	modo	de	dominação	social	generalizada.	Entendo	que	uma	relação	
social	 de	 dominação	 só	 pode	 suscitar	 uma	 ação	 que	 mereça	 o	 nome	 de	
movimento	social	se	atuar	sobre	o	conjunto	dos	principais	aspectos	da	vida	
social,	 ultrapassando	 as	 condições	 de	 produção	 em	um	 setor,	 de	 comércio	
ou	de	troca	ou,	ainda,	a	influência	exercida	sobre	os	sistemas	de	informação	
e	 de	 educação.	 [...]	 Trata-se	 de	 estudar	 os	 movimentos	 que	 colocam	 em	
questão	 condições	 particulares,	 isto	 é,	 em	 domínios	 socialmente	 definidos,	
uma	dominação	que,	em	sua	natureza	e	em	suas	aplicações,	tem	um	impacto	
geral.	Essa	afirmação	conduz	diretamente	a	uma	segunda,	a	saber,	que	só	há	
movimento	social	se	a	ação	coletiva	–	também	ela	com	um	impacto	maior	do	
que a defesa de interesses particulares em um setor específico da vida social 
–	se	opuser	a	tal	dominação.	(TOURAINE,	2006,	p.	18)
Após	 vários	 embates,	 incluindo	 momentos	 de	 brutal	 repressão	 física	 aos	 movimentos	
sociais,	 e	mesmo	 reação	 de	 setores	 conservadores	 no	 campo	 do	Direito,	 observa-se	 a	
consolidação	de	direitos	sociais,	trabalhistas	e	coletivos	–	tanto	nas	Constituições,	como	no	
ordenamento infraconstitucional	(CRUZ,	2009).
Essa	nova	configuração	é	 tipificada	por	Cruz	 (2009,	p.	10)	como	o	paradigma	social	do	
Direito. Segundo o autor, este paradigma:
[...] consolidou a perspectiva de tratamento privilegiado do hipossuficiente 
econômica e socialmente, dando colorações distintas ao princípio da igualdade 
[...] a igualdade deixa seu aspecto meramente formal, assumindo uma 
concepção	material	e	inovadora,	permitindo	a	consecução	da	máxima:	“Tratar	
desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade”.
Como	visto	até	agora,	historicamente	o	processo	de	 incorporação	e	garantia	de	direitos	
fundamentais	de	grupos	sociais	ocorreu	enquanto	resultado	de	pressão	destes	grupos	por	
sua	 incorporação	 pelo	 Estado	 –	 reivindicando	 a	 ampliação	 da	 cidadania	 –	 significando,	
em	última	instância,	a	ressignificação	da	própria	noção	de	direito.	Assim,	entende-se	que	
a	configuração	dos	regimes	políticos	democráticos	e	a	instituição	de	um	Estado	de	Direito	
8
derivaram	 dos	 processos	 de	 organização	 e	 disputa	 dos	 grupos	 sociais	 pelo	 acesso	 ao	
poder.	A	luta	pela	distribuição	ou	pelo	direito	a	lutar	pela	distribuição	passa	a	ser,	portanto,	
elementos	determinantes	na	inclusão	ou	exclusão	de	setores	na	proteção	e	poder	oferecido	
pelo escopo da cidadania (SANTOS, 2005).
A	ampliação	da	cidadania	não	ocorre	de	maneira	imediata,	mas,	ao	contrário,	corresponde	
a	 uma	 luta	 por	 inclusão	 política	 e	 ao	 enfrentamento	 das	 estratégias	 de	 monopólio	 de	
poder.	O	processo	de	complexificação	das	sociedades	contemporâneas	vem	promovendo	
modificações	substanciais	nos	processos	de	socialização	política	predominantes.	Com	a	
perda da atratividade dos partidos políticos, novos grupos e novas solidariedades de base 
foram se desenvolvendo no seio destas sociedades, especialmente a partir da segunda 
metade do século XX. 
No	 bojo	 destas	 transformações,	 encontramos	 vários	 movimentos	 de	 emancipação:	
feminismo, multiculturalismo, nacionalismo, lutas contra a herança eurocêntrica do 
colonialismo;	a	característica	distintiva	destes	movimentos	é	o	seu	foco	dirigido	para	um	
repensar dos paradigmas sociais e culturais preexistentes como parte de uma política de 
identidade (TORRES, 2003). 
[...]	 a	 cultura	 tornou-se	 um	 conceito	 estratégico	 central	 para	 definição	 de	
identidades	 e	 de	 alteridades	 no	mundo	 contemporâneo;	 um	 recurso	 para	 a	
afirmação	da	diferença	e	da	exigência	do	seu	reconhecimento	e	um	campo	de	
lutas	e	contradições.	(SANTOS;	NUNES,	2003).	
Assim, esses movimentos defendem o reconhecimento de identidades coletivas, ou, em 
outras	palavras,	passam	a	definir	 seus	objetivos	coletivos	culturalmente,	mesmo	que	as	
dependências	políticas	e	desigualdades	sociais	econômicas	também	estejam	sempre	em	
jogo	(HABERMAS,	2002).	
[...]	a	preocupação	que	está	na	origem	das	concepções	não	hegemônicas	de	
democracia	é	a	mesma	que	está	na	origem	da	concepção	hegemônica,	mas	
recebe uma resposta diferente. Trata-se de negar as concepções substantivas 
de	 razão	 e	 as	 formas	 homogeneizadoras	 de	 organização	 da	 sociedade,	
reconhecendo a pluralidade humana. No entanto, o reconhecimento da 
pluralidade	humana	se	dá	não	apenas	a	partir	da	suspensão	da	ideia	de	bem	
comum,	 como	 propõe	 Schumpeter,	 Downs	 e	 Bobbio,	 mas	 a	 partir	 de	 dois	
critérios	distintos:	a	ênfase	na	criação	de	uma	nova	gramática	social	e	cultural	e	
o	entendimento	da	inovação	social	articulada	com	a	inovação	institucional,	isso	
é,	com	a	procura	de	uma	nova	institucionalidade	da	democracia	(AVRITZER;	
SANTOS, 2002).
CONTEÚDOSEHABILIDADES
9
Eis	uma	nova	configuração	de	paradigma,	um	novo	Constitucionalismo	que	passa	a	centrar	
o	princípio	da	igualdade	no	princípio	da	dignidade	humana,	ou	seja,	a	pessoa	humana	não	
é tratada mais de forma abstrata, mas como um ser concreto e palpável, considerando suas 
múltiplas	facetas	e	diferenciações.	A	preocupação	atual	volta-se,	portanto,	às	particularidades	
individuais	e	coletivas	dos	diferentes	grupos	sociais	 (CRUZ,	2009).	O	direito	à	diferença	
passa	a	ser	peça	fundamental	desta	nova	configuração	social.	
LEITURAOBRIGATÓRIA
LINKSIMPORTANTES
Quer saber mais sobre o assunto? 
Então:
Sites
Leia o artigo Introdução ao Manifesto Comunista,	de	Eric	Hobsbawm.
Disponível em: <http://grabois.org.br/portal/noticia.php?id_sessao=8&id_noticia=10031>. 
Acesso	em	2	jan.	2014.	
Neste	texto,	Hobsbawn	–	renomado	intelectual	e	historiador	–	faz	uma	brilhante	exposição	
sobre	o	contexto,	as	características	e	a	importância	da	publicação	do	Manifesto	Comunista.
Leia o artigo Na fronteira dos movimentos sociais, de Alain Touraine.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922006000100003>. 
Acesso	em	2	jan.	2014.	
Este importante teórico, referência nos estudos sobre Movimentos Sociais, traz uma análise 
muito elucidativa sobre os movimentos sociais nas sociedades pós-industriais. 
http://grabois.org.br/portal/noticia.php?id_sessao=8&id_noticia=10031
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922006000100003
10
LINKSIMPORTANTES
Leia o artigoOs Novos Movimentos Sociais e a Pluralidade do Social, de Ernesto Laclau.
Disponível em: <http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_02/rbcs02_04.htm>. 
Acesso	em	2	jan.	2014.	
O	autor	analisa	as	novas	formas	de	conflito	social	que	surgem	em	outros	enfoques	que	não	
apenas o mundo do trabalho. 
Leia	 o	 artigo	 Deliberação,	 diferença	 e	 reconhecimento:	 da	 esfera	 pública	 “neutra”	 à	
participação	paritária,	de	Mariana	Prandini	Fraga	Assis.
Disponível em: <http://www.compolitica.org/home/wp-content/uploads/2010/11/Assis_2006.pdf>. 
Acesso	em	2	jan.	2014.	
Neste artigo, você poderá aprofundar seus estudos acerca da teoria da diferença. 
Vídeos Importantes: 
Assista ao vídeo O perigo da história única. 
Disponível em: <http://www.ted.com/talks/lang/pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_
single_story.html>.		Acesso	em	2	jan.	2014.	
Neste vídeo, a romancista Chimamanda Adichie conta a história de como descobriu a sua 
voz cultural - e adverte que se ouvirmos apenas uma história sobre outra pessoa ou país, 
arriscamos	 um	 desentendimento	 crítico.	 Este	 vídeo	 traz	 importante	 contribuição	 para	 o	
entendimento sobre identidade cultural – essencial para se pensar o direito à diferença.
http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_02/rbcs02_04.htm
http://www.compolitica.org/home/wp-content/uploads/2010/11/Assis_2006.pdf
http://www.ted.com/talks/lang/pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html
http://www.ted.com/talks/lang/pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html
11
Instruções: 
Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções 
das	questões	deste	Caderno	de	Atividades.	Essas	atividades	auxiliarão	
você	no	preparo	para	a	avaliação	desta	disciplina.	Leia	cuidadosamente	
os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de 
resolução	de	cada	questão.	Lembre-se:	você	pode	consultar	o	Livro-Texto	
e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema.
Questão 1:
Após o estudo empreendido até aqui, foi 
possível	 aprofundar	 a	 sua	 compreensão	
acerca das ocorrências históricas que 
acompanharam	 as	 mudanças	 na	 noção	
de Direito desde a emergência do Estado 
Moderno. O paradigma do Estado Social, 
localizado	neste	processo,	abarca	a	noção	
de Welfare State. Explique, sucintamente, o 
que é e quais as principais características 
do Welfare State.
Questão 2:
Considere os itens abaixo:
I. Época	 da	 formação	 de	 grandes	 con-
glomerados econômicos e financeiros 
– cartéis, trustes e monopólios. ( )
II. Jornadas	de	trabalho	variando	de	16	a	
18	horas	por	dia,	acidentes	de	trabalho,	
remunerações indignas. ( )
III. O notável progresso tecnológico veio 
acompanhado de progresso social 
formidável.	A	distribuição	de	renda	tirou	
milhares de trabalhadores da faixa de 
miséria. ( )
AGORAÉASUAVEZ
12
Em linhas gerais, sobre as características 
econômicas e sociais do século XIX, indi-
que (V) para as afirmações verdadeiras e 
(F) para as afirmações falsas e assinale 
abaixo a alternativa correta:
a) F;	V;	V.
b) F;	F;	F.
c) V;	V;	F.
d) F;	F;	V.
e) V;	V;	V.
Questão 3:
Só	garantindo	a	_________	é	que	uma	so-
ciedade	 ________	 pode	 se	 compreender	
também	como	uma	sociedade	__________.
Assinale a alternativa que contém as pa-
lavras adequadas para preencher as lacu-
nas das frases acima de acordo com Cruz 
(2009):
a) Liberdade;	estamental;	democrática.
b) Igualdade;	pluralista;	autocrática.
c) Concorrência;	pluralista;	democrática.
d) Igualdade;	homogênea;	democrática.
e) Igualdade;	pluralista;	democrática.
Questão 4:
Sobre o novo Constitucionalismo que, se-
gundo Cruz (2009), teria alterado sensivel-
mente o princípio de igualdade, assinale a 
alternativa incorreta:
a) Corresponde ao paradigma do Estado 
Social.
b) A	 noção	 de	 igualdade	 deixa	 de	 se	
central no conteúdo e volta-se ao exame 
dos pressupostos procedimentais que 
devem ser cumpridos no discurso de 
produção	do	Direito.
c) É possível verificar uma centralidade do 
direito de participar de decisões políticas.
d) O princípio da igualdade passou a 
centrar-se no princípio da dignidade 
humana.
e) É mais apropriado definir a igualdade 
como	 “tratar	 os	 indivíduos	 como	 iguais”	
do que tratar os indivíduos igualmente.
Questão 5:
De acordo com Cruz (2009), é papel do Di-
reito:
a) Assim como o Estado, abster-se de 
questões sociais. 
b) Garantir a ordem e o status quo das 
sociedades.
AGORAÉASUAVEZ
13
c) Ser	 instrumento	 de	 transformação	
social para o resgate de direitos ainda 
hoje	não	realizados.
d) Obedecer aos princípios do Direito 
Natural,	 garantindo	 a	 manutenção	 das	
relações estamentais. 
e) Garantir a igualdade formal dos 
indivíduos. 
Questão 6:
Cruz	(2009,	p.	7)	afirma	que	“O	século	XIX	
testemunhou um período sem igual na ex-
ploração	 do	 homem	 pelo	 homem.”	 Você	
concorda	com	esta	afirmação?	Explique.
Questão 7:
Tendo em mente o conteúdo estudado 
até aqui, especialmente o que diz respeito 
às condições trabalhistas do século XIX e 
a emergência dos direitos sociais, leia a 
reportagem Fiscalização flagra trabalho 
escravo na duplicação de rodovia, em 
Goiás. Disponível em: <http://g1.globo.com/
goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra-
trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia-
em-goias.html>.	Acesso	em:	2	jan.	2014.
É possível afirmar que este caso é uma ex-
ceção?	Discorra	sobre	o	significado	desta	
ocorrência em pleno século XXI.
Questão 8:
A	primeira	Constituição	a	consagrar	os	di-
reitos sociais e econômicos, reivindicados 
através de intensas lutas sociais no século 
XIX,	foi	a	Carta	Alemã	de	Weimar	(1919).	
Ela inaugura, portanto, o Constitucionalis-
mo Social. Faça uma pesquisa e aponte 
duas	características	desta	constituição.
Questão 9:
Leia o artigo Problemas de acessibilidade 
começam nos aeroportos. Disponível em: 
<http://oglobo.globo.com/rio/problemas-
d e - a c e s s i b i l i d a d e - c o m e c a m - n o s -
aeroportos-6109156>.	 Acesso	 em:	 2	 jan.	
2014. O texto retrata um problema enfrentado 
na realidade social de um grupo específico 
– as pessoas portadoras de deficiência. 
Considere outros grupos sociais que 
compõem o tecido social contemporâneo e 
responda:
Em uma sociedade plural e heterogênea 
como a contemporânea, é possível que se 
estabeleçam regras universais que supo-
nham uma igualdade formal entre todos os 
indivíduos?
Questão 10:
Qual	a	importância	do	direito	de	participar	
de decisões políticas para o combate às 
desigualdades	sociais?	
AGORAÉASUAVEZ
http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra-trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia-em-goias.html
http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra-trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia-em-goias.html
http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra-trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia-em-goias.html
http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra-trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia-em-goias.html
http://oglobo.globo.com/rio/problemas-de-acessibilidade-comecam-nos-aeroportos-6109156
http://oglobo.globo.com/rio/problemas-de-acessibilidade-comecam-nos-aeroportos-6109156
http://oglobo.globo.com/rio/problemas-de-acessibilidade-comecam-nos-aeroportos-6109156
14
Nesta	aula,	você	estudou	a	consolidação	dos	direitos	sociais	e	econômicos	à	partir	
da	contextualização	social	do	século	XIX	e	o	movimento	que	novamente	traz	mudanças	às	
noções	de	direito	com	a	incorporação	do	princípio	de	dignidade	humana	e	o	surgimento	dos	
direitos	à	diferença	que	passam	a	ser	discutidos	a	partir	de	então.
Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar 
sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos!
AVRITZER,	Leonardo,	SANTOS,	Boaventura	de	Sousa.	Intr:	Para	ampliar	o	cânone	demo-
crático.	In:	SANTOS,	Boaventura	de	Sousa	(Org.).	Democratizar a democracia: os cami-
nhos da democracia participativa.	Rio	de	Janeiro:	Civilização	Brasileira,	2002
CRUZ,	Álvaro	Ricardo	de	Souza.	O Direitoà Diferença – As ações afirmativas como me-
canismo de inclusão social de mulheres, negros, homossexuais e pessoas portadoras de 
deficiência.	Belo	horizonte:	Arraes	Editores,	2009
HABERMAS,	Jürgen.	Direitos	humanos	–	No	plano	global	e	no	âmbito	interno	dos	Esta-
dos. P.IV. In: A Inclusão do Outro – estudos de teoria política.	SP:	Ed.Loyola,	2002
SANTOS,	Boaventura	de	Sousa;	NUNES,	João	Arriscado.	Introdução:	Para	ampliar	o	câ-
none	do	reconhecimento,	da	diferença	e	da	igualdade.	In:	SANTOS,	Boaventura	de	Sou-
sa (Org.). Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de 
Janeiro:	Civilização	Brasileira,	2003.
FINALIZANDO
REFERÊNCIAS
15
REFERÊNCIAS
SANTOS,	Boaventura	de	S.	Reinventar la democracia, reiventar el Estado.	Buenos	Aires:	
CLASO, 2005.
In: TORRES, Carlos Alberto (Org.). Teoria Crítica e Sociologia Política da Educação.	São	
Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2003
TOURAINE,	Alain.	Na fronteira dos Movimentos Sociais.	Brasília:	Sociedade	e	Estado,	
v.21,	n.1,	p.	17-28,	jan.-abr.	2006.
Segunda Revolução Industrial: ocorrida na segunda metade do século XIX, é marcada 
pelas	inovações	tecnológicas	que	permitiram	tanto	o	aperfeiçoamento	da	produção	–	agora	
em escala – como o escoamento dos produtos.
Absenteísmo Estatal:	 é	 característico	 do	 Liberalismo	 Clássico	 (rever	 discussão	 sobre	
emergência	do	Estado	Moderno	na	aula	01).	Pressupõe	a	não	intervenção	do	Estado	nas	
relações econômicas e sociais.
Ordenamento Infraconstitucional:	 norma	 jurídica	 que	 está	 hierarquicamente	 abaixo	
da	Constituição.	Elas	podem	ser	primárias:	buscam	fundamento	de	validade	diretamente	
na	constituição.	Como	por	exemplo:	as	 leis	ordinárias	complementares	e	delegadas,	as	
medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções (Art. 59 CF). Ou secundárias: 
atos	normativos	da	administração	pública	e	buscam	fundamento	de	validade	nas	normas	
primárias. (CAMILLO, ,2009).
Hipossuficiente:	o	termo	é	utilizado	para	se	referir	aos	sujeitos	que,	por	fatores	diversos,	
são	desfavorecidos	em	determinados	contextos.	Para	melhor	entendimento,	cabe	aqui	o	
termo minorias.
GLOSSÁRIO
16
Questão 1
Resposta: Como	já	estudado,	o	paradigma	do	Estado	Social	é	resultado	de	reivindicações	
sociais	por	um	posicionamento	do	Estado	em	relação	às	injustiças	sociais	vividas	século	
XIX	e	início	do	século	XX.	Welfare	State,	ou	Estado	de	Bem-Estar	Social,	é	um	modelo	de	
Estado surgido principalmente na Europa a partir deste paradigma no século XX. 
Características:
-	Garantidor	de	serviços	públicos	e	de	proteção	à	população:	Saúde,	Educação.
-	Regulamentação	social,	política,	econômica.
Questão 2
Resposta: Alternativa C. O único item falso é o III. Como estudado, o século XIX foi marcado 
pela	concentração	de	renda	e	pauperização	da	sociedade.
Questão 3
Resposta: Alternativa E. A igualdade é característica sine qua non para o estabelecimento 
de uma sociedade democrática e com respeito aos grupos sociais pertencentes a uma 
sociedade plural.
GABARITO
Eurocêntrica: o etnocentrismo ocorre quando a análise do outro – de outras realidades 
sociais - é feita a partir de valores próprios da sociedade em que o indivíduo observador 
está inserido. Sem considerar as diferenças culturais entre as sociedades, poderá ocorrer 
a	subalternização	e	inferiorização	do	diferente.	No	caso	da	visão	eurocêntrica,	a	Europa	é	
utilizada como referência.
GLOSSÁRIO
17
Questão 4
Resposta: A única alternativa incorreta é a A. Ela traz duas incoerências: o paradigma do 
Estado Social é característico do século XIX e marcado pelas conquistas sociais por direitos 
sociais	e	econômicos	e	a	intervenção	estatal	como	promotor	e	garantidor	destes	direitos;	
e, o princípio da livre concorrência é característico do paradigma liberal, norteado pelo 
absenteísmo estatal.
Questão 5
Resposta:	Alternativa	C.	Como	você	já	estudou,	o	autor	defende	que	o	Direito	deve	contribuir	
com	a	transformação	social	e	o	combate	às	desigualdades.		
Questão 6
Resposta: Sim. O século XIX apresentou características muito polarizadas: de um lado, um 
desenvolvimento	tecnológico	que	propiciou	um	aumento	exponencial	na	produção	industrial,	
e	 de	outro,	 uma	 concentração	de	 renda	e	 o	 estabelecimento	 de	 relações	 trabalhistas	 e	
sociais	degradantes	que	ocasionaram	a	pauperização	de	milhares	de	indivíduos.
Questão 7
Resposta:	Não	é	uma	exceção.	É	recorrente	a	publicação	de	reportagens	sobre	situações	
semelhantes	vividas	por	grupos	de	trabalhadores	-	nas	mais	diversas	regiões	do	Brasil	e	do	
mundo.		A	produção	de	carvão,	exploração	de	cana-de-açúcar	e	pecuária	são	os	setores	em	
que	mais	aparecem	casos	de	trabalho	escravo	no	Brasil.
Esta	realidade	demonstra	a	 imensa	desigualdade	social	e	mesmo	restrição	da	cidadania	
que	permanecem	e	se	 reproduzem	até	hoje.	Para	diversos	grupos	sociais,	seus	direitos	
sociais	e	econômicos	(em	alguns	casos,	até	civis	e	políticos)	são	negados.
Questão 8
Resposta: Produto	de	um	contexto	histórico	pós-Primeira	Guerra	Mundial	(1914	–	1918)	–	
em	que	a	Alemanha	saiu	derrotada	e	devastada	-,	a	Constituição	de	Weimar	é	um	marco	no	
constitucionalismo.
- Exerceu influência decisiva sobre as instituições políticas Ocidentais.
- Apresentou defesa da dignidade humana, ao complementar os direitos civis e políticos — 
GABARITO
18
que o sistema comunista negava — com os direitos econômicos e sociais, ignorados pelo 
liberal-capitalismo.	(COMPARATO,	Fábio	Konder.	A	Constituição	Alemã	de	1919.	Disponível	
em: <http://www.dhnet.org.br/educar/redeedh/anthist/alema1919.htm>.	 Acesso	 em	 2	 jan	
2014.)
Questão 9
Resposta:	No	contexto	contemporâneo,	não	é	possível	que	se	pense	de	forma	universal	
todas	as	questões	sociais.	Há	uma	pluralidade	de	indivíduos	e	grupos	sociais	que	passam	
por	situações	específicas	que	devem	ser	levadas	em	consideração	para	que	não	lhes	sejam	
negados	os	mesmos	direitos	que	outros	grupos	já	têm	assegurados.
Questão 10
Resposta:	 Pela	 participação,	 os	 indivíduos	 tornam-se	 sujeitos	 políticos	 e	 passam	 a	
influenciar	nas	decisões	sobre	projetos	políticos	de	sociedades.	Colocando	na	arena	política	
questões	 até	 então	marginalizadas,	 tornam	mais	 próximo	 o	 horizonte	 de	 transformação	
social e combate às desigualdades.
GABARITO
http://www.dhnet.org.br/educar/redeedh/anthist/alema1919.htm
19
Políticas Especiais
Autora: Flávia Mello Magrini
Tema 03
Direito à Diferença – Conceituando 
Desigualdade, Diferença, 
Discriminação Lícita e Ilícita
seç
ões
Tema 03
Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, 
Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita.
Como citar este material:
MAGRINI, Flávia Mello. Políticas Especiais: 
Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, 
Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita. 
Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera 
Educacional, 2014.
SeçõesSeções
Tema 03
Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, 
Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita.
5
Conteúdo
Nessa aula você estudará: 
•	 A importância em se delinear os conceitos envolvidos na discussão sobre o direito à 
diferença.
•	 Contexto brasileiro dos novos movimentos sociais e luta pelo direito à diferença.
•	 A diferença entre discriminação lícita e ilícita.
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Introdução ao Estudo da Disciplina 
Caro(a) aluno(a).
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro O Direito à Diferença, do autor 
Álvaro Ricardo de Souza Cruz, editora Arraes, 2009, Livro-Texto n.
Roteiro de Estudo:
Profª. Flávia Mello MagriniPolíticas Especiais 
6
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Habilidades 
Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:
•	 Existe diferença entre diferença e desigualdade?
•	 No âmbito do Direito, quais seriam formas licitas de discriminação?
•	 A discriminação ilícita é uma forma de desigualdade?
•	 Os conceitos envolvidos na discussão sobre direito à diferença são imutáveis ou fruto 
de constantes discussões e ressignificações?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Direito à Diferença– Conceituando desigualdade, 
Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita
Você estudou até aqui todo o processo de mutação e configuração das noções de 
direito que acompanharam o Estado moderno desde sua emergência. Nesta aula, você 
estudará o direito à diferença, tendo como enfoque os principais conceitos envolvidos nesta 
temática. Para tanto, será trazida uma discussão sobre a realidade brasileira.
A sociedade brasileira é alicerçada sobre um ordenamento social presidido pela organização 
hierárquica e desigual do conjunto das relações sociais, baseado predominantemente em 
critérios de classe, raça e gênero (DAGNINO, 2004). Arraigado, portanto, historicamente na 
cultura do país, este ordenamento produtor e reprodutor de desigualdades sociais resultou 
na (re)produção de conceitos limitados – ou regulados, para citar Wanderley Guilherme dos 
Santos (1979)1 – de cidadania, direitos e inclusive política. 
1 Wanderley Guilherme dos Santos em sua obra Cidadania e Justiça (1979) utiliza o termo Cidada-
nia Regulada para se referir ao conceito de cidadania cujas raízes encontram-se, não num código de va-
lores políticos, mas em um sistema de estratificação ocupacional, onde este sistema é definido por norma 
legal. Ou seja, são as leis, o Estado, o trabalho, que dizem quem é ou não é cidadão.
LEITURAOBRIGATÓRIA
7
LEITURAOBRIGATÓRIALEITURAOBRIGATÓRIA
O passado colonial-imperial, a subsequente república dos coronéis e depois 
os líderes populistas levaram ao desenvolvimento de uma cultura política 
na sociedade latino-americana em que se observa uma “naturalização” das 
relações sociais entre os cidadãos (ou não cidadãos) e o Estado, ou seja, a 
relação de dominação expressão em termos de clientelismo e paternalismo 
passou a ser a norma geral, vista como normal pela própria população (GOHN, 
2000, p.225-226).
Especialmente nas últimas décadas do século XX, como resultado do contexto de contínua 
deteriorização das condições sociais e de incapacidade do Estado em responder às demandas 
sociais, surgem, a partir da década de 1970, movimentos populares com características 
particulares – os Novos Movimentos Sociais. Estes movimentos incorporam demandas 
distintas dos movimentos – ditos – tradicionais, indo além das relações de produção como 
eixo explicativo e orientador tanto dos conflitos como das possíveis soluções. 
Para Sader (1988), estes novos padrões de ação coletiva observáveis no tecido social 
brasileiro permitem falar em emergência de novos sujeitos políticos; politizando questões 
do cotidiano, “inventam” novas formas – e novos campos - de fazer política, efetuando uma 
espécie de alargamento do espaço da política. 
[...] debruçando-se mais sobre os problemas cotidianos de seus participantes, 
e menos preocupados em interagir com o Estado expressam a crise das formas 
tradicionais de fazer política; crise das clássicas organizações centralizadoras 
(partidos e sindicatos) e crise dos encaminhamentos das esquerdas tradicionais 
(luta armada, ações clandestinas, disputas eleitorais) (SHERER-WARREN; 
KRISCHKE, 1987, p.7).
Utilizando análise de Kärner (1987) para compreender esta conjuntura, deve-se pensar 
a ocorrência deste tipo de auto-organização ancorada em dois fenômenos: de um lado, 
processo crescente de alienação acompanhado de uma perda real de confiança nas 
organizações políticas tradicionais, e de outro a valorização da ideia de não querer adiar 
para um futuro distante o sonho de uma sociedade livre e humana – e sim realizá-la na 
prática da luta cotidiana pela sobrevivência.
Estes movimentos trazem para a arena política a necessidade de ampliação da democracia, 
ao apontarem para a ausência de direitos e cidadania na qual vivem diversos setores da 
sociedade; politizam necessidades e carências privadas questionando e reivindicando 
junto à opinião pública valores de justiça social e equidade. Em última instância, trazem 
implicações à própria concepção de direito, com a máxima de que o direito básico é o direito 
a ter direitos – no sentido da formulação arendtiana – e que estes não podem ser dados de 
modo apriorístico; eles se inventam e se ampliam quanto mais múltiplos forem os sujeitos 
(GOUVEIA, 2004; TELLES, 1994).
8
Este fato conferirá à cidadania uma feição particular, pois, mais tarde - na transição para a 
democracia – a questão não será apenas a “reapropriação” do Estado pela Sociedade Civil 
- que a democratização e a instituição de um governo civil necessariamente implicariam – 
mas numa construção democrática ampliada que esteja aberta à participação da sociedade 
civil nas decisões de suas diretrizes. 
Questionando a cultura política Ocidental dominante caracterizada como racionalista, 
universalista e individualista que, na América Latina combinou-se com outros princípios 
destinados a garantir a exclusão social e política, esses movimentos passam a reivindicar o 
direito à afirmação da diferença principalmente como estratégia na luta contra a desigualdade 
social. Ou seja, a possibilidade de articular a multiplicidade de dimensões que constituem 
as heterogêneas sociedades latino-americanas.
[...] os objetivos dos movimentos sociais contemporâneos às vezes vão além 
de ganhos materiais e institucionais percebidos; na medida em que esses 
movimentos sociais afetam as fronteiras da representação política e cultural, 
bem como a prática social, pondo em questão até o que pode e não pode 
ser considerado político; finalmente, na medida em que as políticas culturais 
dos movimentos sociais realizam contestações culturais ou pressupõem 
diferenças culturais – então devemos aceitar que o que está em questão para 
os movimentos sociais, de um modo profundo, é uma transformação da cultura 
política dominante na qual se movem e se constituem como atores sociais com 
pretensões políticas (ALVAREZ; DAGNINO; ESCOBAR, 2001, p. 26).
Sob as mazelas do autoritarismo do regime militar – e tendo como eixo a oposição a 
ele – portanto, vê-se o surgimento de movimentos substancialmente unificados de auto-
organização da sociedade. Fenômeno visto, por alguns analistas, como a fundação efetiva 
da sociedade civil no Brasil; e, responsável pela emergência de experiências de construção 
de espaços públicos, em que tanto se debatem temas e interesses até então excluídos de 
uma agenda pública, como significam espaços de ampliação e democratização da gestão 
estatal (DAGNINO, 2002).
Após toda esta análise e discussão, cabe aqui uma primeira indagação: existe alguma 
diferença conceitual entre “diferença” e “desigualdade” ou ambos podem ser usados 
indiscriminadamente no mesmo contexto?
Com toda certeza, você saberá prontamente apontar a resposta. A diferença é característica 
intrínseca a sociedades complexas, plurais, multiculturais, e o respeito às especificidades 
de grupos que os diferem de outros grupos em uma dada sociedade é condição sine qua 
non para uma sociedade democrática centrada no princípio da dignidade humana.
LEITURAOBRIGATÓRIA
9
A desigualdade, por sua vez, estabelece uma relação de ordenamento entre os elementos, 
trazendo consigo noções de superior/inferior, menor/maior, ou seja, qualificando os grupos. 
Como explica Cruz (2009, p. 25), existe uma tendência etnocêntrica dos grupamentos 
humanos em ver com estranheza e, muitas vezes, rejeitar “o outro”, o grupo diferente. Dessa 
forma, o respeito à diferença é fruto de um esforço continuo de valorização da diversidade 
social e combate às desigualdades e discriminações. 
Transpondo todas estas questões ao campo jurídico, vale ressaltar a diferença entre 
discriminação licita e ilícita trazida por Cruz (2009).
Utilizando um conceito de discriminação construído a partir da sistematização das 
concepções construídas nas Convenções Internacionais sobre a eliminação das formas de 
discriminação adotada pela ONU, o autor entende discriminação como:
[...] toda e qualquer forma, meio, instrumento ou instituição de promoção da 
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em critérioscomo raça, 
cor da pele, descendência, origem nacional ou étnica, gênero, opção sexual, 
idade, religião, deficiência física, mental ou patogênica, que tenha o propósito 
ou efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício em pé de 
igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, 
econômico, social, cultural ou em qualquer atividade no âmbito da autonomia 
pública ou privada. (CRUZ, 2009, p.15)
Ele ressalta, entretanto, que nem toda forma de discriminação deve ser considerada como 
promotora de desigualdade. Muitas vezes, discriminar com o intuito de ressaltar uma 
diferença pode ser indispensável inclusive para a garantia do próprio princípio de isonomia 
(igualdade garantida sob o principio da dignidade humana). O primeiro conceito diz respeito 
à discriminação ilícita e o segundo, à discriminação lícita.
Para analisar os dois tipos de discriminação, o autor analisa as posturas e decisões 
administrativas e judiciais. Uma vez que a adequação de normas válidas ao caso concreto 
é indispensável para a análise sobre a legitimidade de medidas ou ações discriminatórias, 
a análise de Cruz (2009) consegue tipificar e categorizar ocorrências jurídicas de respeito 
à diferença. 
Leia com atenção os capítulos 2 e 3 do seu Livro-Texto para verificar as diversas 
exemplificações que Cruz (2009) traz sobre o assunto.
LEITURAOBRIGATÓRIA
10
LINKSIMPORTANTES
Quer saber mais sobre o assunto? 
Então:
Sites
Leia o artigo Representação Política, Identidade e Minorias, de Iris Marion Young.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ln/n67/a06n67.pdf/>. Acesso em: 2 jan. 2014. 
A autora traz importantes contribuições para aprofundar o seu entendimento acerca da 
relação entre direito à diferença e o contexto democrático.
Leia o artigo População Carcerária Indígena e o Direito à Diferença: O Caso do Município 
de Dourados, MS, de Rosely Pacheco, Rafael do Prado e Ezequias Kadwéu. 
Disponível em: <http://direitogv.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/06_rev14_469-500_-_
rosely_aparecida_stefanes_pacheco_-_scielo.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014.
O artigo traz uma análise sobre o desrespeito ao direito à diferença dos detentos indígenas 
no município de Dourados/MS. 
Leia o artigo Direito Fundamental à Diferença, de Marcelo Torres. 
Disponível em: <http://www.mp.rs.gov.br/areas/biblioteca/arquivos/revista/edicao_02/
vol1no2art2.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014.
Este artigo trará importantes contribuições para que você aprofunde seus estudos sobre a 
fundamentação jurídica ao direito à diferença.
http://www.scielo.br/pdf/ln/n67/a06n67.pdf/
http://direitogv.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/06_rev14_469-500_-_rosely_aparecida_stefanes_pacheco_-_scielo.pdf
http://direitogv.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/06_rev14_469-500_-_rosely_aparecida_stefanes_pacheco_-_scielo.pdf
http://www.mp.rs.gov.br/areas/biblioteca/arquivos/revista/edicao_02/vol1no2art2.pdf
http://www.mp.rs.gov.br/areas/biblioteca/arquivos/revista/edicao_02/vol1no2art2.pdf
11
LINKSIMPORTANTES
Leia o artigo Contribuição a uma Tipologia das Formas de Desrespeito: Para Além do Modelo 
Hegeliano-Republicano, de João Feres Jr.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/dados/v45n4/a01v45n4.pdf>. Acesso em: 2 jan. 
2014. 
Neste artigo, o autor aborda e analisa criticamente os principais pontos da Teoria do 
Reconhecimento e sua categorização das formas de desrespeito pelas quais minorias são 
submetidas.
Vídeos Importantes: 
Assista à entrevista com o pro. Álvaro Ricardo de Souza Cruz. 
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=it7C_lt1H74>. Acesso em: 2 jan. 2014. 
Nesta entrevista, o autor do seu livro-texto explica a importância do tema tratado no livro O 
Direito à Diferença (CRUZ, 2009).
Instruções: 
Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções 
das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão 
você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente 
os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de 
resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto 
e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema.
AGORAÉASUAVEZ
http://www.scielo.br/pdf/dados/v45n4/a01v45n4.pdf
http://www.youtube.com/watch?v=it7C_lt1H74
12
Questão 1:
Neste tema, você estudou sobre alguns dos 
principais pontos envolvendo as questões 
do direito à diferença. Pode verificar tam-
bém que os conceitos ali envolvidos estão 
diretamente ligados a concepções cons-
truídas em conferências e convenções da 
Organização das Nações Unidas (ONU). 
Explique a origem e importância da ONU 
no sistema político internacional. 
Questão 2:
A adequação de normas válidas ao caso 
______ é absolutamente _______ para 
a verificação da _______ de medidas ou 
ações discriminatórias. 
Assinale a alternativa que contém as pala-
vras adequadas para preencher as lacunas 
das frases acima:
a) Concreto; indispensável; legitimidade.
b) Concreto; dispensável; ilegalidade.
c) Concreto; dispensável; legitimidade.
d) Ideal; indispensável; legitimidade.
e) Ideal; dispensável; legitimidade.
Questão 3:
Dentre os exemplos abaixo, assinale a úni-
ca alternativa que traz um exemplo de caso 
em que a discriminação seria legítima:
a) A contratação apenas de homens para 
uma vaga de contabilidade.
b) A recusa do empregador em contratar 
para a função de entregador de pizza a 
homens que usassem barba.
c) Esterilização compulsória de conde-
nados reincidentes por crimes que envol-
vem torpeza moral e cujas penas seriam 
reclusão.
d) Caso negasse emprego de piloto de 
avião a um portador de deficiência visual.
e) Ao pré-requisito de que aeromoças 
sejam magras para que sejam contratadas.
Questão 4:
Considere os itens abaixo:
I. Suas relações sociais são organizadas 
hierarquicamente e de forma desigual.
II. O clientelismo e o paternalismo são ca-
racterísticas que naturalizam a relação 
entre Estado e Sociedade.
III. O ordenamento social construído his-
toricamente no país é responsável pela 
limitação no conceito de cidadania. 
Sobre o a realidade social brasileira, indi-
que (V) para as afirmações verdadeiras e 
(F) para as afirmações falsas e assinale 
abaixo a alternativa correta:
AGORAÉASUAVEZ
13
a) F; F; F.
b) V; F; V.
c) V; V; V.
d) F; F; V.
e) V; V; F.
Questão 5:
Considere os itens abaixo:
I. É uma tendência etnocêntrica.
II. É fruto de um esforço contínuo 
envolvendo as relações de alteridade.
III. Em alguns casos, pode justificar a 
imposição às coletividades minoritárias 
de condutas típicas da maioria. 
Sobre o respeito à diferença, indique (V) 
para as afirmações verdadeiras e (F) para 
as afirmações falsas e assinale abaixo a al-
ternativa correta:
a) V; V; V.
b) V; V; F.
c) F; V; V.
d) F; F; F.
e) V; F; V.
Questão 6:
Leia a reportagem “Vovó, fica quieta deixa 
para lá, é por isso que eu não gosto de ser 
preto” – Menino de 11 anos sofre racismo 
no Recreio dos Bandeirantes. Disponível 
em: <http://www.geledes.org.br/racismo-
preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-
fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-
eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-
sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes>. 
Acesso em: 2 jan. 2014. 
Considerando toda a discussão acerca das 
noções de diferença e desigualdade, faça 
uma análise crítica da situação a qual trata 
a notícia.
Questão 7:
Cruz (2009, p. 29) afirma que a discrimina-
ção ilícita seria fruto de preconceitos que 
estigmatizam pessoas ou coletividades por 
meio de estereótipos. 
Você concorda com esta afirmação? Justi-
fique.
Questão 8:
Explique o principio da adequabilidade e 
sua importância jurídica para a problemá-
tica envolvendo a diferença.
AGORAÉASUAVEZ
http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes
http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeiranteshttp://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes
http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes
http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes
14
Questão 9:
Cruz (2009) analisa a importância de téc-
nicas linguísticas no campo jurídico, princi-
palmente no que concerne à concretização 
do texto constitucional. Aponte quais são 
estas técnicas e explique, sucintamente, 
cada uma.
Questão 10:
Existem discriminações que podem ser bené-
ficas no combate à desigualdade? Explique.
AGORAÉASUAVEZ
Neste tema, você estudou as definições de diferença, desigualdade, discriminação 
licita e ilícita. O entendimento acerca das diferenças conceituais apresentadas é de suma 
importância para que se compreenda a importância e legitimidade do direito à diferença. 
Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar 
sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos!
FINALIZANDO
ALVAREZ, Sonia E; DAGNINO, Evelina; ESCOBAR, Arturo. Introdução – O Cultural e o 
Político nos Movimentos Sociais Latino-Americanos. In: ALVAREZ, Sonia E.; DAGNINO, 
Evelina; ESCOBAR, Arturo (Org.). Cultura e Política nos Movimentos Sociais Latino-Ameri-
canos (Novas Leituras). Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001
REFERÊNCIAS
15
CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. O Direito à Diferença – As ações afirmativas como me-
canismo de inclusão social de mulheres, negros, homossexuais e pessoas portadoras de 
deficiência. Belo horizonte: Arraes Editores, 2009
DAGNINO, Evelina (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. SP: Paz e Terra/
Unicamp, 2002.
DAGNINO, Evelina. Sociedade civil, participação e cidadania: do que estamos falando? 
In: Políticas de ciudadania y sociedad civil en tiempos de globalización, por Daniel Mato. 
Caracas: FACES - Universidad Central de Venezuela, 2004.
GOHN, Maria da Gloria. Teorias dos Movimentos Sociais – Paradigmas Clássicos e Con-
temporâneos. SP: Edições Loyola, 2000.
GOUVEIA, Tatiana. Movimentos Sociais e ONGs: dos lugares e dos sujeitos. In: Política & 
Sociedade: Revista de Sociológica Política/UFSC – v.1 n.5 Florianópolis, 2004 
KÄRNEN, Hartmut. Movimentos Sociais: revolução no cotidiano. In: SHERER-WARREN, 
Ilse; KRISCHKE, Paulo (Org.). Uma revolução no Cotidiano? Novos Movimentos Sociais 
na América do Sul. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987
SADER, Eder. Quanto Novos Personagens Entraram em Cena: experiências, falas e lutas 
dos trabalhadores da grande São Paulo, 1970-80. RJ: Paz e Terra, 1988.
SHERER-WARREN, Ilse; KRISCHKE, Paulo. Apresentação. In: SHERER-WARREN, Ilse; 
KRISCHKE, Paulo (Org.). Uma revolução no Cotidiano? Novos Movimentos Sociais na 
América do Sul. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987
TELLES, Vera da Silva. Sociedade civil, direitos e espaços públicos. Revista Pólis, n. 14, 
1994.
REFERÊNCIAS
16
GABARITO
Questão 1
Resposta: A Organização das Nações Unidades (ONU) surgiu como resultado da 
devastação causada pela II Guerra Mundial (1939 a 1945). A Carta das Nações Unidas foi 
elaborada pelos representantes de 50 países presentes à Conferência sobre Organização 
GLOSSÁRIO
Sujeitos Políticos: Sujeito é aquele que realiza ou sofre uma ação. Na Ciência Política, o 
termo sujeito político é utilizado para designar aqueles indivíduos ou grupos que participam 
da arena decisória, influenciando nas decisões políticas de uma sociedade.
Equidade: Este termo pode ser considerado muito próximo do conceito de igualdade; a 
diferença está no valor de justiça social que é intrínseco ao primeiro. 
Arendtiana: Termo utilizado para se referir ao legado da importante intelectual Hannah 
Arendt.
Heterogêneas: O termo foi utilizado como sinônimo de diversidade.
Agenda Pública: Em uma sociedade, diversos são os temas, problemas e pontos que 
podem surgir a partir das interações e organizações sociais. Aqueles temas que ganham 
visibilidade e projeção no espaço público e que poderão se transformar em ações políticas 
são aqueles que passam a fazer parte da agenda pública.
17
Internacional, que se reuniu em São Francisco de 25 de abril a 26 de junho de 1945. Hoje, 
a ONU atua nos mais diversos temas, promovendo tanto discussões quanto monitoramento 
e acompanhamento das situações vividas pelas populações do mundo. Para maiores 
informações, acesse o site da ONU no Brasil. Disponível em: <http://www.onu.org.br/>. 
Acesso em: 2 jan. 2014. 
Questão 2
Resposta: Alternativa A. Como estudado, é imprescindível a análise de casos concretos 
para garantir uma aplicação das normas condizente com a promoção da dignidade humana 
e redução das desigualdades.
Questão 3
Resposta: Alternativa D. Como explica CRUZ (2009), existe a chamada business necessity, 
ou seja, existem casos em que a discriminação se reveste do caráter da inevitabilidade, em 
razão de exigências especiais do tipo de atividade, por exemplo. Este é o caso trazido pela 
alternativa D. Em todos os outros apresentados, a discriminação não é justificada.
Questão 4
Resposta: Alternativa C. Conforme estudado, os 3 itens são verdadeiros e correspondem 
à realidade brasileira: marcada historicamente por um ordenamento social hierarquizado 
e assimétrico, em que o Estado é visto como benfeitor desta sociedade cuja noção de 
cidadania ainda passa longe de diversos segmentos da sociedade.
Questão 5
Resposta: Alternativa B. De acordo com tudo o que foi estudado até agora, é possível 
afirmar que a única alternativa falsa é a III. Esta é a única alternativa que traz exemplo de 
violação ao respeito à diferença.
Questão 6
Resposta: A reportagem traz uma denuncia de racismo que, infelizmente, não é exceção 
na realidade social brasileira. Devido ao histórico de escravidão, à ausência de políticas 
de reparação às populações negras após a abolição da escravatura, e os resultados 
catastróficos tanto materiais quanto simbólicos que historicamente acompanham essa 
população, apesar de serem maioria no Brasil, são os mais atingidos pela desigualdade 
GABARITO
http://www.onu.org.br/
18
social. O que o episodio refletiu, foi o preconceito enraizado na sociedade brasileira que liga 
os negros à marginalidade, além de subalternizarem este grupo. Desta forma, a diferença 
(étnico racial), é vista aqui transmutada em desigualdade social.
Questão 7
Resposta: Como já estudado, a diferença é marca das sociedades plurais, multiculturais. 
Por muito tempo, a diferença foi utilizada como fator para justificar desigualdade. Todas 
as características do outro que são, de alguma forma, diferentes do padrão do grupo (o 
Eu), tendem a ser estereotipadas e rejeitadas. Nas últimas décadas, entretanto, é possível 
observar um movimento no sentido de valorização destas diferenças e de combate às 
desigualdades.
Questão 8
Resposta: Na aplicação do Direito, é de suma importância o principio da adequabilidade. Isto 
representa a adequação de normas válidas ao caso concreto. Com isso, torna-se possível 
a adequação da aplicação da lei em casos de discriminação que não seriam possíveis se a 
prerrogativa fosse o principio da universalização.
Questão 9
Resposta: Negação: funções de repúdio, exclusão e renuncia indispensáveis à garantia 
do pluralismo constitucional. Ex.: Legítima a discriminação contra partidos políticos que 
sustentem organizações paramilitares de caráter intimidatório.
Metáfora: Permite uma melhor identificação da legitimidade de uma conduta discriminatória, 
assim como reforça a retórica judicial estabelecendo analogias e similaridades. 
Metonímia: Promove um sentido de sucessividade; permite constatar que uma ordem 
constitucionalnão consegue ser neutra, por exemplo, em face da diversidade de posturas 
religiosas. Contudo, no campo da aplicação das normas, deve se sujeitar ao principio da 
adequabilidade.
Questão 10
Resposta: Sim. Como Cruz (2009) explica, as discriminações lícitas são aquelas que 
surgem como forma de garantir o respeito à diferença. 
GABARITO
19
Políticas Especiais
Autora: Flávia Mello Magrini
Tema 04
Problemas de Gênero – 
Reivindicações, Conquistas e 
Desafios das Mulheres
seç
ões
Tema 04
Problemas de Gênero – Reivindicações, 
Conquistas e Desafios das Mulheres
Como citar este material:
MAGRINI, Flávia Mello. Políticas Especiais: 
Problemas de Gênero – Reivindicações, 
Conquistas e Desafios das Mulheres. Caderno de 
Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 
2014.
SeçõesSeções
Tema 04
Problemas de Gênero – Reivindicações, 
Conquistas e Desafios das Mulheres
5
Conteúdo
Nessa aula você estudará: 
•	 O que é o conceito de gênero.
•	 Conquistas e reivindicações dos movimentos feministas.
•	 Os principais problemas enfrentados pelas mulheres na atualidade.
Habilidades 
Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:
•	 Quais as principais reivindicações do movimento feminista?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Introdução ao Estudo da Disciplina 
Caro(a) aluno(a).
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro O Direito à Diferença, do autor 
Álvaro Ricardo de Souza Cruz, editora Arraes, 2009, Livro-Texto n.
Roteiro de Estudo:
Profª. Flávia Mello MagriniPolíticas Especiais 
6
•	 A desigualdade de gênero é um problema já superado?
•	 Existem diferenças que devem ser problematizadas dentro da própria categoria 
“mulher”?
•	 O que significa a dicotomia “público” versus “privado” quando se pensa sob a perspectiva 
das questões de gênero?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Problemas de Gênero – Reivindicações, Conquistas e 
Desafios das Mulheres
A partir desta aula, você estudará diferentes as formas de discriminação sofridas por 
grupos específicos. A primeira delas será a discriminação por gênero. 
A primeira pergunta que você deve estar se fazendo. Mas o que é gênero? 
O conceito de gênero foi incorporado pelo feminismo e pela produção acadêmica sobre 
mulheres nos anos 1970 e, desde então, tem sido interpretado de formas distintas por 
diferentes correntes do feminismo:
[...] o uso ainda hoje mais frequente do conceito é o proposto pelo feminismo da 
diferença. Este rejeitou pressupostos do feminismo da igualdade, que afirmava 
que as únicas diferenças efetivamente existentes entre homens e mulheres 
são biológicas-sexuais, e que as demais diferenças observáveis são culturais, 
derivadas de relações de opressão e, portanto, devem ser eliminadas para dar 
lugar a relações entre seres ‘iguais’. Para as teóricas e os teóricos da diferença, 
o conceito de gênero remete a traços culturais femininos (ou, no polo oposto, 
masculinos) construídos socialmente sobre a base biológica. Constrói-se assim 
uma polarização binária entre os gêneros, em que a diferença é concebida como 
categoria central de análise, fundamental na definição de estratégias de ação. 
[...] Para o feminismo da diferença, o poder concentrar-se-ia na esfera pública, 
estando nessa polaridade a origem da subordinação das mulheres. A vertente 
pós-estruturalista, por sua vez, destaca o caráter histórico das diferenças entre 
os gêneros e a própria construção social da percepção da diferença sexual. 
LEITURAOBRIGATÓRIA
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Essa corrente chama a atenção, sobretudo, para a necessidade de se romper 
com a homogeneização interna a cada um destes campos – o feminino e o 
masculino –, reconhecendo a existência de diversidade no interior de cada 
um, o que requer que se incorporem à análise outras dimensões das relações 
sociais, tais como raça, classe e geração (FARAH, 2004, p.1).
Ou seja, o conceito de gênero envolve compreender todas as relações de poder criadas 
socialmente à partir de diferenças biológicas e que estabelecem as identidades “feminino” 
e “masculino”.
Apesar do recente uso do conceito gênero, a luta das mulheres contra as desigualdades 
as quais estão historicamente submetidas1 é uma realidade que sempre as acompanhou. 
Diversas ocorrências, assim como importantes figuras femininas em movimentos 
reivindicatórios (tanto em conquistas específicas à temática de gênero, quanto em conquistas 
sociais gerais – como a luta pela redemocratização no Brasil) são muitas vezes apagadas, 
ou colocadas em segundo plano, na história (androcêntrica) oficial2.
Como o foco desta aula é a discriminação de gênero, você estudará agora as principais 
reivindicações e conquistas do movimento feminista, para fundamentar sua análise sobre 
os desafios até hoje enfrentados na realidade das mulheres. 
Segundo FRASER (2007), seria possível dividir o movimento feminista em duas “ondas”. A 
primeira, diria respeito à reivindicação das mulheres por direitos políticos e civis – marcada 
principalmente pelos movimentos sufragistas – e a segunda, ocorrida após a Segunda 
Guerra Mundial, abrangeria novos tipos de reivindicações de direitos que ultrapassariam 
essa busca apenas por uma igualdade formal: elas passariam a lutar pela inclusão da 
problemática de gênero no debate acerca da justiça social. 
A “segunda onda” pode ser considerada como um período de ascensão e consolidação 
dos movimentos feministas. Representa uma nova vertente dos movimentos feministas que 
ampliava a luta inicial por direitos, abarcando, além das desigualdades políticas, o combate 
às desigualdades sociais e culturais (PIMENTA, 2010). 
1 Dê aqui uma especial atenção ao tema tratado por Cruz (2009) em seu Livro-Texto entre as 
páginas 53 a 60 – Uma teoria sobre a origem da discriminação por gênero.
2 Dê aqui uma especial atenção ao tema tratado por Cruz (2009) em seu Livro-Texto entre as 
páginas 53 a 60 – Uma teoria sobre a origem da discriminação por gênero.
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Seu início coincide com a emergência dos “novos movimentos sociais” a partir dos anos 
1960. Como você já estudou, neste período, os movimentos sociais começaram a questionar 
uma série de exclusões que eram ignoradas na esfera pública: problemáticas de gênero, 
raça e etnia, entre outras. 
Nos movimentos feministas, houve uma expansão das reivindicações para além da 
redistribuição socioeconômica, incluindo questões referentes ao trabalho doméstico, a 
sexualidade e a reprodução no debate. 
Neste período começou a se consolidar a percepção de que as diferenças 
hierárquicas que estabelecem limite de atuação às mulheres são culturalmente 
construídas. As grandes contribuições das “feministas de segunda onda” foram 
denunciar o sexismo e o discurso cultural hegemônico - leia-se patriarcal - 
das estruturas de poder (político, cultural, econômico, entre outros), trazendo 
à cena pública um dos grandes momentos epistemológicos dos feminismos: “o 
pessoal é político” (PIMENTA, 2010, p. 22).
Assim, expuseram o profundo androcentrismo da sociedade; demonstrando que a 
cristalização de identidades e atribuições em áreas específicas têm sido historicamente 
reproduzidas com base na dicotomia entre duas esferas: público e privado (respectivamente 
de homens e de mulheres). Esta atuação dos movimentos feministas trouxe para a esfera 
pública discussões – antes confinadas à esfera privada – como a violência contra a mulher, 
a divisão sexual do trabalho, os direitos sexuais e reprodutivos. 
Observa-se expressiva presença das mulheres nos movimentos sociais urbanos que 
versavam em torno da luta pela democratização do regime e nas reivindicações ligadas ao 
acesso a serviços públicos e à melhoria da qualidade de vida. Uma crescente incorporação 
das mulheres nas lutas contra o aumento do custo de vida, o abandono dos bairros 
populares, a dificuldade do acesso à saúde, à educação, o sistema de transporte coletivo 
deficitário, entre outras demandas. A mobilização das mulheres em torno dessas questões 
teve importantes reflexos no desenvolvimento

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