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Políticas Especiais Autora: Flávia Mello Magrini Tema 01 A Era dos Direitos – Emergência do Estado Moderno seç ões Tema 01 A Era dos Direitos – Emergência do Estado Moderno Como citar este material: MAGRINI, Flávia Mello. Políticas Especiais: A Era dos Direitos – Emergência do Estado Moderno. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 01 A Era dos Direitos – Emergência do Estado Moderno 5 Conteúdo Nessa aula você estudará: • O conceito de Paradigma. • Conjuntura que propiciou a transição entre o paradigma medieval e liberal. • Características do Estado Moderno e as noções de direito ali emergentes. CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro O Direito à Diferença, do autor Álvaro Ricardo de Souza Cruz, editora Arraes, 2009, Livro-Texto n. Roteiro de Estudo: Profª. Flávia Mello MagriniPolíticas Especiais 6 Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Qual o caminho analítico que se deve empreender para compreender os fenômenos sociais? • O que significou a mudança do paradigma medieval para o liberal? • Existe alguma relação entre Direitos e Democracia? • Qual o papel do antropocentrismo na emergência do Estado Moderno? CONTEÚDOSEHABILIDADES LEITURAOBRIGATÓRIA A Era dos Direitos - Emergência do Estado Moderno Para que você tenha subsídios que permitam uma compreensão analítica da realidade social em que vive é necessário que busque os fatores históricos, políticos, sociais, econômicos e culturais que, entrelaçados, compõem sua complexa construção social. Ou seja, não se deve naturalizar a realidade observável em uma dada época e sim compreendê- la enquanto resultado de um processo histórico que envolve diversos fatores. Para tanto, pode-se pensar sob a ótica dos paradigmas. Como exposto por Cruz (2009, p. 2): Paradigmas são realizações cientificas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade praticante de uma ciência. Ou seja, pelo estudo das mudanças de paradigmas é possível analisar as diferentes perspectivas de interpretação que inferem novos significados às realidades sociais. Desta forma, para melhor compreender a atual conjuntura que envolve uma sociedade marcada pelo pluralismo e a luta de minorias pelo direito à diferença – que resulta na construção e institucionalização de políticas especiais – faz-se necessário que você estude 7 LEITURAOBRIGATÓRIA e compreenda as mudanças de paradigmas que historicamente foram se conformando até que se chegasse à configuração atual de Estado e Sociedade. Com este intuito, nesta primeira aula você estudará a emergência do Estado Moderno e a noção de direitos a ele vinculada. Pode-se dizer que existe uma inter-relação entre a emergência da noção de “Direitos do Homem” e a democracia moderna, em outras palavras, ambos teriam sido momentos necessários do mesmo movimento histórico (BOBBIO, 2004). Considerando-se o cenário do processo de constituição e consolidação do Estado democrático de direito, observa- se uma inversão radical nos valores que vigoravam até então. Iniciado com a difusão das teorias jusnaturalistas e contratualistas – que supõem a existência de um “estado de natureza” humana que deságua numa constituição social (e estatal) originada, portanto, na vontade e no consenso dos indivíduos – sua consolidação significou a autonomização dos seres humanos, que passam a ser vistos como iguais e portadores de direitos fundamentais, inalienáveis e invioláveis. Uma concepção individualista substitui a concepção orgânica de sociedade vigente até então, passando, o Estado, a ser composto não mais pelo povo, mas por cidadãos. [...] enquanto os indivíduos eram considerados como sendo originariamente membros de um grupo social natural, como a família (que era um grupo organizado hierarquicamente), não nasciam nem livres, já que eram submetidos à autoridade paterna, nem iguais, já que a relação entre pai e filho é a relação de um superior com um inferior. Somente formulando a hipótese de um estado originário sem sociedade nem Estado, no qual os homens vivem sem outras leis alem das leis naturais (que não são impostas por uma autoridade externa, mas obedecidas em consciência), é que se pode sustentar o corajoso princípio contraintuitivo e claramente anti-histórico de que os homens nascem livres e iguais. (BOBBIO, 2004) Utilizando também como aporte explicativo o estudo dos paradigmas constitucionais empreendido por Cruz (2009), você deverá relacionar esta mudança, acima exposta, à transição entre os paradigmas medieval e o Constitucionalismo Clássico. Conforme você já estudou em outros momentos, a Idade Média foi caracterizada pela vigência do Direito Consuetudinário. Durante este longo período da história da humanidade, não havia qualquer possibilidade de mobilidade social, ou seja, todas as gerações vivenciavam as relações estamentais das gerações anteriores. Os direitos e deveres das pessoas eram, portanto, determinados por sua condição social estabelecida por nascença. Filhos de um servo/vassalo também o seriam por toda a vida e transmitiriam seus direitos e deveres à próxima geração – assim como os filhos de um senhor/suserano. 8 Portanto, como aponta Cruz (2009, p. 4), “a noção de Direito Natural ligava-se à noção de Direito de Nascença”. Este tipo de organização da sociedade medieval era legitimado pelo teocentrismo do período. Por vários séculos, a explicação religiosa, extramundana, justificava a manutenção da ordem social através da vontade divina, excluindo qualquer possibilidade de alterações – sejam elas de qualquer ordem: social, política, econômica ou cultural – por meio da vontade e ação humana. É possível observar diversos fatores que levam ao esgotamento do sistema político, econômico e social da Idade Média em meados do século XIV. Por um lado, o contexto de epidemias – como da peste negra que dizimou significativa parcela da população – de fome e escassez de recursos no qual a população via-se aprisionada, resultou em guerras camponesas contra as explorações feudais. O enfraquecimento dos feudos levou ao renascimento comercial e urbano que, em última instância, contribuíram com a deslegitimação desta ideologia de imutabilidade da ordem social. A partir deste ponto de inflexão, observa-se a emergência de uma nova sociabilidade que ao longo dos próximos séculos irá consolidar uma concepção de Direito moderno. Concepção esta que, norteada pela noção de antropocentrismo – trazida pelo humanismo renascentista e pelo iluminismo francês – subvertem a legitimação do Estado e da Sociedade, colocando os direitos humanos como substrato do poder político (CRUZ, 2009). Ou seja, o peso que antes era de responsabilidade das normas morais, é transferido para as leis. Segundo Bobbio (2004), a agora “era dos direitos” significa a passagem da prioridade dos deveres dos súditos à prioridade dos direitos do cidadão. Esse deslocamento passa a garantir a compatibilidade das liberdades de ação individual; esta, por sua vez, obtém sua legitimidade num processo legislativo que se apoia no princípio da soberania do povo – que é garantido pelos princípios democráticos (HABERMAS, 1997). Este novo período, segundo Cruz (2009), seria marcado pelo Constitucionalismo Clássico – paradigma liberal. Marcado pela positivação constitucional, pela primeira vez na história da humanidade, a lógica das necessidades coletivas cedeu espaço às individuais. Para o autor, a gênese desta inversão estaria nas guerras religiosas. A insatisfação popular com os abusos da Igreja Católica que resultaram em reformas protestantes (e a importância do surgimento da Imprensa neste contexto todo), os movimentos de Contrarreforma e as guerras civis dali resultantes, formam um quadro de instabilidade que culminou com asideias libertárias do século XVIII. A partir de então, todos seriam tratados igualmente pela lei. LEITURAOBRIGATÓRIA 9 Segundo BOBBIO (2004), os direitos do homem seriam resultado de um processo contínuo de construção histórica que, acompanhando as mudanças sociais, serviriam como ferramenta política de aprimoramento da convivência coletiva. Pode-se afirmar, portanto, que no processo de constituição das formas modernas de gestão política e da relação dos homens na vida em sociedade, tanto a democracia quanto a noção de direitos vêm sofrendo profundas metamorfoses históricas. Considerando-se o início do Estado moderno, teorizado pelos contratualistas, como a vinculação de uma democracia restritiva (em que a noção de cidadão encontrava- se circunscrita a pequenos grupos específicos) à positivação do Direito (expressa pelas Declarações, como a Declaração de Direitos do Homem de 1789 e pelas Constituições), têm-se, a partir do século XIX, uma primeira metamorfose: o surgimento de uma democracia representativa, competitiva e de massas, resultado do processo de diferenciação estrutural do tecido social - que culminou mais tarde, século XX, na consolidação dos direitos sociais – consequência do aparecimento de novas demandas de liberdade e de poderes que acompanha o processo de diferenciação. LEITURAOBRIGATÓRIA LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Leia o artigo: Jusnaturalismo e Contratualismo em Hobbes e Locke: Do estado de natureza ao estado político, de Eduardo Martins de Azevedo Vilalon. Revista Jus Humanum, 2011. Disponível em: <http://revistapos.cruzeirodosul.edu.br/index.php/jus_humanum/article/ viewFile/28/18>.Acesso em 2 jan. 2014. Pela leitura deste artigo você poderá aprofundar sua compreensão acerca das teorias jusnaturalistas e contratualistas. http://revistapos.cruzeirodosul.edu.br/index.php/jus_humanum/article/viewFile/28/18 http://revistapos.cruzeirodosul.edu.br/index.php/jus_humanum/article/viewFile/28/18 10 LINKSIMPORTANTES Leia o artigo Gutemberg: A Era da Imprensa, de Adelcio Machado dos Santos. Revista Percepções, 2012. Disponível em: <http://www.uniarp.edu.br/periodicos/index.php/percepcoes/article/ view/25/81>. Acesso em 2 jan. 2014 Este artigo trará importantes contribuições para o seu entendimento sobre a importância do surgimento da imprensa. Acesse o site do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jümper. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/6926.html>. Acesso em 2 jan. 2014. Neste site você terá acesso a diversos textos sobre a Reforma Protestante. Leia o artigo Epistemologia positivista: qual a sua influência hoje?, de Alexandre Magno Dias Silvino. Revista: Ciência e Profissão, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 98932007000200009&lng=pt&nrm=isso>. Acesso em 2 jan. 2014. Neste artigo você encontrará explicações sobre o Positivismo de Auguste Comte. Vídeos Importantes: Assista à entrevista com Celso Lafer sobre Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=vKB9G5Y8Kdo#!>. Acesso em 2 jan. 2014. O vídeo tem como temática a questão dos Direitos Humanos, buscando conceituá-lo, delimitar sua abrangência, apresentar ações e desmistificar alguns pontos que envolvem tal conceito. http://www.uniarp.edu.br/periodicos/index.php/percepcoes/article/view/25/81 http://www.uniarp.edu.br/periodicos/index.php/percepcoes/article/view/25/81 http://www.mackenzie.br/6926.html http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932007000200009&lng=pt&nrm=isso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932007000200009&lng=pt&nrm=isso http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=vKB9G5Y8Kdo#! 11 Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: Nesta aula você estudou os diversos as- pectos envolvidos na emergência do Esta- do Moderno. Como ponto de inflexão, ve- rificou a mudança do paradigma medieval para o liberal. Tendo estes pontos em mente, produza um pequeno texto (no máximo 10 linhas) pro- curando sistematizar as principais caracte- rísticas da Idade Média. Esta atividade será importante para que você consiga ter maior clareza sobre a importância que represen- tam as mudanças que se seguiram. Questão 2: Considere os itens abaixo: I. Representa a imutabilidade das realidades sociais. ( ) II. Abre perspectivas de interpretação que permitem inferir novos significados para os fenômenos sociais. ( ) III. Surge no século XIX como resultado das injustiças sociais. ( ) Sobre a concepção de paradigma, indique ( V ) para as afirmações verdadeiras e ( F ) para as afirmações falsas e assinale abai- xo a alternativa correta: AGORAÉASUAVEZ 12 a) V; V; V. b) F; F; F. c) F; V; F. d) V; F; V. e) F; F; V. Questão 3: O advento do paradigma ________ repre- sentou algo sem paralelo para a humanida- de. Com o _________ trazido pelo huma- nismo renascentista e o iluminismo francês, a lógica das necessidades _______ cedeu espaço às prioridades ________. Assinale a alternativa que contém as pala- vras adequadas para preencher as lacunas das frases acima: a) Liberal; teocentrismo; coletivas; individuais. b) Medieval; antropocentrismo; coletivas; individuais. c) Liberal; antropocentrismo; individuais; coletivas. d) Constitucional; teocentrismo; individu- ais; coletivas. e) Liberal; antropocentrismo; coletivas; individuais. Questão 4: Sobre o paradigma medieval é incorreto afirmar: a) Seu surgimento é resultado da desa- gregação do poder temporal romano, em razão das invasões bárbaras. b) Os direitos e obrigações das pessoas eram determinados por sua condição social e esta era passível de mudança, uma vez que existia grande mobilidade social. c) Era marcado por relações estamentais herdadas de gerações anteriores. d) O Direito Consuetudinário é uma ca- racterística deste paradigma. e) A noção de Direito Natural ligava-se à noção de Direito de Nascença. Questão 5: Considerando a grande importância que as guerras religiosas tiveram para a emer- gência do Estado Moderno estudada nesta aula, sobre o Protestantismo é correto afir- mar: a) Foi resultado da insatisfação popular com os abusos cometidos pela Igreja Católica. Um dos principais fatores que contribuíram para sua rápida difusão foi o aparecimento da Imprensa. AGORAÉASUAVEZ 13 b) Pregava o retorno das missas em latim. c) Procurou intensificar a venda de indulgências como forma de fortalecer o grupo que apoiava o Papa Leão X dentro da Igreja Católica. d) Seus principais elementos foram o Concílio de Trento e a Criação da Companhia de Jesus. e) Foi o responsável pela consolidação do teocentrismo na Europa no século XX. Questão 6: Cruz (2009, p. 1-2), utilizando do romance As Aventuras de Huckleberry Finn (1882) procura explicar a modificação de visão de mundo nas sociedades ao longo do tempo. Explique a afirmação acima. Questão 7: Como aprofundamento do que foi estudado neste tema, os Paradigmas, leia a reportagem Thomas Kuhn: o homem que mudou a forma pela qual o mundo vê a ciência. Disponível em: <http://www1.folha. uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas- kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela- qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml>. Acesso em: 2 jan. 2014. Escreva um texto sucinto explicando as contribuições de Thomas Kuhn com seu conceito de Paradigmas. Questão 8: Segundo Cruz (2009, p. 7), a igualdade dei- xou definitivamente seu aspecto geométri- co, que distinguia os homens em castas, impondo privilégios em razão do nascimen- to, e se estabeleceu na formaaritmética. A partir de então, todos seriam tratados igual- mente pela lei. Considerando o tema tratado nesta aula, leia o trecho citado – extraído do seu Livro- Texto – e explique o significado desta mudança apontada pelo autor. Questão 9: Pesquise artigos na internet sobre o que foi o Petitium of Rights (1629) e explique qual a importância da sua assinatura. Questão 10: Faça um quadro analítico expondo os prin- cipais aspectos que diferenciam os concei- tos de teocentrismo e antropocentrismo. AGORAÉASUAVEZ http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas-kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela-qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas-kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela-qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas-kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela-qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1146722-thomas-kuhn-o-homem-que-mudou-a-forma-pela-qual-o-mundo-ve-a-ciencia.shtml 14 Nesta primeira aula, você estudou as mudanças de paradigmas que historicamente foram se conformando até que se chegasse à configuração atual de Estado e Sociedade. Este movimento foi de suma importância para compreender a emergência do Estado Moderno e a noção de direitos a ele vinculada. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2004. CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. O Direito à Diferença – As ações afirmativas como me- canismo de inclusão social de mulheres, negros, homossexuais e pessoas portadoras de deficiência. Belo horizonte: Arraes Editores, 2009 HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Vol. II. RJ: Tempo Brasileiro, 1997. REFERÊNCIAS 15 Pluralismo: neste texto, o termo foi utilizado como referência à sociedade composta de vários grupos, ou seja, cujo tecido social é heterogêneo e marcado pela diversidade. Minorias: termo utilizado para se referir a determinados grupos sociais em uma dada sociedade. A referência por trás deste conceito não é quantitativa, ou seja, numérica. E sim, expressão da sub-representação política destes grupos. Quando se pensa nas questões de gênero, por exemplo, as mulheres representam mais de 50% da população mundial. Entretanto, enfrentam diversas formas de discriminação em todas as esferas sociais. Teorias Jusnaturalistas e Contratualistas: tendo como expoentes os pensadores: Thomas Hobbes e John Locke, estas teorias são fundamentais – no momento em que surgem – para a gênese do Estado Moderno, pois representam uma teorização de construção do Estado a partir da própria sociedade (é importante ressaltar que se trata de duas teorias distintas que devem ser estudadas em suas peculiaridades – o que não será feito aqui por não ser o foco do trabalho). Os contratualistas, por exemplo, situam a origem da sociedade e a legitimação do poder político num pacto social – o Contrato Social. Direito Consuetudinário: direito baseado nos costumes e tradições de uma sociedade. Relações Estamentais: estamentos são grupos sociais que compõem uma estrutura social em que não há mobilidade social. Seus membros estão, desde o nascimento até o fim da vida, atrelados a eles. GLOSSÁRIO 16 Questão 1 Resposta: Seguem alguns pontos que você não poderá esquecer-se de sistematizar em sua resposta: - Início na Europa no século V com as invasões germânicas e estende-se até o século XV com o renascimento comercial e urbano. - Sociedade estamental – rigidamente hierarquizada. - Economia rural e descentralizada: divisão em Feudos. - Supremacia da Igreja Católica. - Teocracia. Questão 2 Resposta: Alternativa C. O único item correto é o II, que traz a importância dos paradigmas como formas de compreensão das realidades sociais. Questão 3 Resposta: Alternativa E. Como amplamente estudado nesta aula, o paradigma medieval é substituído pelo liberal, representando uma mudança para uma mentalidade antropocêntrica, centrada no indivíduo. Questão 4 Resposta: A única alternativa incorreta é a B. Durante o período medieval, as relações eram estamentais, ou seja, não havia qualquer possibilidade de mobilidade social. Os “lugares sociais” eram definidos de nascença e herdados das gerações anteriores. GABARITO 17 Questão 5 Resposta: A única alternativa correta é a A. O Protestantismo foi resultado de grande insatisfação com os abusos da Igreja Católica. Questão 6 Resposta: O autor do Livro-Texto demonstra como as ideias contidas no referido romance passam de revolucionárias – por trazerem um negro como protagonista – a racista (alguns anos depois) – por utilizar a expressão niger (crioulo). Este exemplo é muito importante por diversos pontos: demonstra que as sociedades estão em constante transformação e ressignificação de seus valores; que não existe uma verdade absoluta sobre determinado fato; entre outras. Questão 7 Resposta: Em seu texto, você deverá abordar: importância da quebra da ideia de necessário progresso que acompanha a ciência ao longo dos tempos; a importância do entendimento das características e da contextualização dos fenômenos para o seu melhor entendimento. Questão 8 Resposta: Esta mudança observada no conceito de igualdade que o autor traz é ponto primordial observado na mudança do paradigma medieval para o liberal. Você deverá exemplificar utilizando os pontos estudados sobre esta mudança na aula 01. Questão 9 Resposta: Petitium of Rights foi um instrumento jurídico por meio do qual o Parlamento Inglês impunha ao monarca o reconhecimento de direitos e liberdades dos súditos. Este é um exemplo de outros que ocorreram neste mesmo sentido, dando força à consolidação e institucionalização dos direitos individuais no Estado Moderno. Questão 10 Resposta: Teocentrismo - Deus é o centro do universo. - Característico da Idade Média. GABARITO 18 - Igreja Católica: monopólio do conhecimento. - Busca pela salvação espiritual era central no comportamento das pessoas. Antropocentrismo - Homem no centro. - Renascimento; Idade Moderna. - Sentimentos, formas e instituições humanos eram observados e pensados com atenção. GABARITO Políticas Especiais Autora: Flávia Mello Magrini Tema 02 Dos Direitos Sociais ao Direito à Diferença seç ões Tema 02 Dos Direitos Sociais ao Direito à Diferença Como citar este material: MAGRINI, Flávia Mello. Políticas Especiais: Dos Direitos Sociais ao Direito à Diferença. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 02 Dos Direitos Sociais ao Direito à Diferença 5 Conteúdo Nessa aula você estudará: • As configurações sociais do século XIX e suas implicações às noções de Direito. • A importância dos Movimentos Sociais. • Novo Constitucionalismo e o princípio da dignidade humana. Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • • Qual a configuração industrial no século XIX? CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro O Direito à Diferença, do autor Álvaro Ricardo de Souza Cruz, editora Arraes, 2009, Livro-Texto n. Roteiro de Estudo: Profª. Flávia Mello MagriniPolíticas Especiais 6 CONTEÚDOSEHABILIDADES LEITURAOBRIGATÓRIA • A demanda por direitos sociais e econômicos insere-se dentro de qual contexto econômico e social? • Qual o papel dos movimentos sociais para a institucionalização de direitos? • O que muda quando a noção de igualdade passa a estar vinculada ao princípio de dignidade humana? Dos Direitos Sociais ao Direito à Diferença Após todo o estudo e análise sobre a emergência do Estado Moderno empreendidos no tema 1, agora, você estudará os desdobramentos que a noção de Direito adquire ao longo dos séculos XIX, XXe XXI: Direitos Sociais e Econômicos e Direito à Diferença. Para que você compreenda o processo de reivindicações e consolidações de direitos no período em questão, deve ter em mente o pano de fundo sob o qual estas mudanças ocorreram. Como bem ilustra Cruz (2009, p. 7): [...] a despeito dos ideais revolucionários do século XVIII, o fruto desse arquétipo constitucional ao longo do século XIX foi a consolidação de um regime imperialista e uma exploração do homem pelo homem nunca antes vista na história da humanidade. Se por um lado, o progresso tecnológico – trazido pela Segunda Revolução Industrial – e a formação de grandes conglomerados econômicos e financeiros permitiram uma produção em escala sem igual em períodos anteriores. Por outro, as condições de trabalho nunca foram tão degradantes: jornadas de trabalho de 16 a 18 horas por dia; remunerações indignas deixando milhões na faixa de miséria; acidentes de trabalho devido às precárias proteções ao trabalhador; repressão policial a qualquer tentativa de organização de protestos (CRUZ, 2009). 7 LEITURAOBRIGATÓRIA Como resultado deste contexto, observa-se a emergência de lutas sociais do século XIX. A sociedade não deseja mais o suposto absenteísmo estatal – defendido pelo paradigma liberal – e passa a cobrar uma intervenção estatal efetiva no sentido de garantir direitos trabalhistas, previdenciários, entre outros. Para melhor compreender o significado destas lutas sociais, segue afirmação de Alain Touraine (2006) sobre a compreensão das dimensões do conceito de Movimento Social: [...] reservar a ideia de movimento social a uma ação coletiva que coloca em causa um modo de dominação social generalizada. Entendo que uma relação social de dominação só pode suscitar uma ação que mereça o nome de movimento social se atuar sobre o conjunto dos principais aspectos da vida social, ultrapassando as condições de produção em um setor, de comércio ou de troca ou, ainda, a influência exercida sobre os sistemas de informação e de educação. [...] Trata-se de estudar os movimentos que colocam em questão condições particulares, isto é, em domínios socialmente definidos, uma dominação que, em sua natureza e em suas aplicações, tem um impacto geral. Essa afirmação conduz diretamente a uma segunda, a saber, que só há movimento social se a ação coletiva – também ela com um impacto maior do que a defesa de interesses particulares em um setor específico da vida social – se opuser a tal dominação. (TOURAINE, 2006, p. 18) Após vários embates, incluindo momentos de brutal repressão física aos movimentos sociais, e mesmo reação de setores conservadores no campo do Direito, observa-se a consolidação de direitos sociais, trabalhistas e coletivos – tanto nas Constituições, como no ordenamento infraconstitucional (CRUZ, 2009). Essa nova configuração é tipificada por Cruz (2009, p. 10) como o paradigma social do Direito. Segundo o autor, este paradigma: [...] consolidou a perspectiva de tratamento privilegiado do hipossuficiente econômica e socialmente, dando colorações distintas ao princípio da igualdade [...] a igualdade deixa seu aspecto meramente formal, assumindo uma concepção material e inovadora, permitindo a consecução da máxima: “Tratar desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade”. Como visto até agora, historicamente o processo de incorporação e garantia de direitos fundamentais de grupos sociais ocorreu enquanto resultado de pressão destes grupos por sua incorporação pelo Estado – reivindicando a ampliação da cidadania – significando, em última instância, a ressignificação da própria noção de direito. Assim, entende-se que a configuração dos regimes políticos democráticos e a instituição de um Estado de Direito 8 derivaram dos processos de organização e disputa dos grupos sociais pelo acesso ao poder. A luta pela distribuição ou pelo direito a lutar pela distribuição passa a ser, portanto, elementos determinantes na inclusão ou exclusão de setores na proteção e poder oferecido pelo escopo da cidadania (SANTOS, 2005). A ampliação da cidadania não ocorre de maneira imediata, mas, ao contrário, corresponde a uma luta por inclusão política e ao enfrentamento das estratégias de monopólio de poder. O processo de complexificação das sociedades contemporâneas vem promovendo modificações substanciais nos processos de socialização política predominantes. Com a perda da atratividade dos partidos políticos, novos grupos e novas solidariedades de base foram se desenvolvendo no seio destas sociedades, especialmente a partir da segunda metade do século XX. No bojo destas transformações, encontramos vários movimentos de emancipação: feminismo, multiculturalismo, nacionalismo, lutas contra a herança eurocêntrica do colonialismo; a característica distintiva destes movimentos é o seu foco dirigido para um repensar dos paradigmas sociais e culturais preexistentes como parte de uma política de identidade (TORRES, 2003). [...] a cultura tornou-se um conceito estratégico central para definição de identidades e de alteridades no mundo contemporâneo; um recurso para a afirmação da diferença e da exigência do seu reconhecimento e um campo de lutas e contradições. (SANTOS; NUNES, 2003). Assim, esses movimentos defendem o reconhecimento de identidades coletivas, ou, em outras palavras, passam a definir seus objetivos coletivos culturalmente, mesmo que as dependências políticas e desigualdades sociais econômicas também estejam sempre em jogo (HABERMAS, 2002). [...] a preocupação que está na origem das concepções não hegemônicas de democracia é a mesma que está na origem da concepção hegemônica, mas recebe uma resposta diferente. Trata-se de negar as concepções substantivas de razão e as formas homogeneizadoras de organização da sociedade, reconhecendo a pluralidade humana. No entanto, o reconhecimento da pluralidade humana se dá não apenas a partir da suspensão da ideia de bem comum, como propõe Schumpeter, Downs e Bobbio, mas a partir de dois critérios distintos: a ênfase na criação de uma nova gramática social e cultural e o entendimento da inovação social articulada com a inovação institucional, isso é, com a procura de uma nova institucionalidade da democracia (AVRITZER; SANTOS, 2002). CONTEÚDOSEHABILIDADES 9 Eis uma nova configuração de paradigma, um novo Constitucionalismo que passa a centrar o princípio da igualdade no princípio da dignidade humana, ou seja, a pessoa humana não é tratada mais de forma abstrata, mas como um ser concreto e palpável, considerando suas múltiplas facetas e diferenciações. A preocupação atual volta-se, portanto, às particularidades individuais e coletivas dos diferentes grupos sociais (CRUZ, 2009). O direito à diferença passa a ser peça fundamental desta nova configuração social. LEITURAOBRIGATÓRIA LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Leia o artigo Introdução ao Manifesto Comunista, de Eric Hobsbawm. Disponível em: <http://grabois.org.br/portal/noticia.php?id_sessao=8&id_noticia=10031>. Acesso em 2 jan. 2014. Neste texto, Hobsbawn – renomado intelectual e historiador – faz uma brilhante exposição sobre o contexto, as características e a importância da publicação do Manifesto Comunista. Leia o artigo Na fronteira dos movimentos sociais, de Alain Touraine. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922006000100003>. Acesso em 2 jan. 2014. Este importante teórico, referência nos estudos sobre Movimentos Sociais, traz uma análise muito elucidativa sobre os movimentos sociais nas sociedades pós-industriais. http://grabois.org.br/portal/noticia.php?id_sessao=8&id_noticia=10031 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922006000100003 10 LINKSIMPORTANTES Leia o artigoOs Novos Movimentos Sociais e a Pluralidade do Social, de Ernesto Laclau. Disponível em: <http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_02/rbcs02_04.htm>. Acesso em 2 jan. 2014. O autor analisa as novas formas de conflito social que surgem em outros enfoques que não apenas o mundo do trabalho. Leia o artigo Deliberação, diferença e reconhecimento: da esfera pública “neutra” à participação paritária, de Mariana Prandini Fraga Assis. Disponível em: <http://www.compolitica.org/home/wp-content/uploads/2010/11/Assis_2006.pdf>. Acesso em 2 jan. 2014. Neste artigo, você poderá aprofundar seus estudos acerca da teoria da diferença. Vídeos Importantes: Assista ao vídeo O perigo da história única. Disponível em: <http://www.ted.com/talks/lang/pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_ single_story.html>. Acesso em 2 jan. 2014. Neste vídeo, a romancista Chimamanda Adichie conta a história de como descobriu a sua voz cultural - e adverte que se ouvirmos apenas uma história sobre outra pessoa ou país, arriscamos um desentendimento crítico. Este vídeo traz importante contribuição para o entendimento sobre identidade cultural – essencial para se pensar o direito à diferença. http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_02/rbcs02_04.htm http://www.compolitica.org/home/wp-content/uploads/2010/11/Assis_2006.pdf http://www.ted.com/talks/lang/pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html http://www.ted.com/talks/lang/pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html 11 Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: Após o estudo empreendido até aqui, foi possível aprofundar a sua compreensão acerca das ocorrências históricas que acompanharam as mudanças na noção de Direito desde a emergência do Estado Moderno. O paradigma do Estado Social, localizado neste processo, abarca a noção de Welfare State. Explique, sucintamente, o que é e quais as principais características do Welfare State. Questão 2: Considere os itens abaixo: I. Época da formação de grandes con- glomerados econômicos e financeiros – cartéis, trustes e monopólios. ( ) II. Jornadas de trabalho variando de 16 a 18 horas por dia, acidentes de trabalho, remunerações indignas. ( ) III. O notável progresso tecnológico veio acompanhado de progresso social formidável. A distribuição de renda tirou milhares de trabalhadores da faixa de miséria. ( ) AGORAÉASUAVEZ 12 Em linhas gerais, sobre as características econômicas e sociais do século XIX, indi- que (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as afirmações falsas e assinale abaixo a alternativa correta: a) F; V; V. b) F; F; F. c) V; V; F. d) F; F; V. e) V; V; V. Questão 3: Só garantindo a _________ é que uma so- ciedade ________ pode se compreender também como uma sociedade __________. Assinale a alternativa que contém as pa- lavras adequadas para preencher as lacu- nas das frases acima de acordo com Cruz (2009): a) Liberdade; estamental; democrática. b) Igualdade; pluralista; autocrática. c) Concorrência; pluralista; democrática. d) Igualdade; homogênea; democrática. e) Igualdade; pluralista; democrática. Questão 4: Sobre o novo Constitucionalismo que, se- gundo Cruz (2009), teria alterado sensivel- mente o princípio de igualdade, assinale a alternativa incorreta: a) Corresponde ao paradigma do Estado Social. b) A noção de igualdade deixa de se central no conteúdo e volta-se ao exame dos pressupostos procedimentais que devem ser cumpridos no discurso de produção do Direito. c) É possível verificar uma centralidade do direito de participar de decisões políticas. d) O princípio da igualdade passou a centrar-se no princípio da dignidade humana. e) É mais apropriado definir a igualdade como “tratar os indivíduos como iguais” do que tratar os indivíduos igualmente. Questão 5: De acordo com Cruz (2009), é papel do Di- reito: a) Assim como o Estado, abster-se de questões sociais. b) Garantir a ordem e o status quo das sociedades. AGORAÉASUAVEZ 13 c) Ser instrumento de transformação social para o resgate de direitos ainda hoje não realizados. d) Obedecer aos princípios do Direito Natural, garantindo a manutenção das relações estamentais. e) Garantir a igualdade formal dos indivíduos. Questão 6: Cruz (2009, p. 7) afirma que “O século XIX testemunhou um período sem igual na ex- ploração do homem pelo homem.” Você concorda com esta afirmação? Explique. Questão 7: Tendo em mente o conteúdo estudado até aqui, especialmente o que diz respeito às condições trabalhistas do século XIX e a emergência dos direitos sociais, leia a reportagem Fiscalização flagra trabalho escravo na duplicação de rodovia, em Goiás. Disponível em: <http://g1.globo.com/ goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra- trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia- em-goias.html>. Acesso em: 2 jan. 2014. É possível afirmar que este caso é uma ex- ceção? Discorra sobre o significado desta ocorrência em pleno século XXI. Questão 8: A primeira Constituição a consagrar os di- reitos sociais e econômicos, reivindicados através de intensas lutas sociais no século XIX, foi a Carta Alemã de Weimar (1919). Ela inaugura, portanto, o Constitucionalis- mo Social. Faça uma pesquisa e aponte duas características desta constituição. Questão 9: Leia o artigo Problemas de acessibilidade começam nos aeroportos. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/rio/problemas- d e - a c e s s i b i l i d a d e - c o m e c a m - n o s - aeroportos-6109156>. Acesso em: 2 jan. 2014. O texto retrata um problema enfrentado na realidade social de um grupo específico – as pessoas portadoras de deficiência. Considere outros grupos sociais que compõem o tecido social contemporâneo e responda: Em uma sociedade plural e heterogênea como a contemporânea, é possível que se estabeleçam regras universais que supo- nham uma igualdade formal entre todos os indivíduos? Questão 10: Qual a importância do direito de participar de decisões políticas para o combate às desigualdades sociais? AGORAÉASUAVEZ http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra-trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia-em-goias.html http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra-trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia-em-goias.html http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra-trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia-em-goias.html http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/05/fiscalizacao-flagra-trabalho-escravo-na-duplicacao-de-rodovia-em-goias.html http://oglobo.globo.com/rio/problemas-de-acessibilidade-comecam-nos-aeroportos-6109156 http://oglobo.globo.com/rio/problemas-de-acessibilidade-comecam-nos-aeroportos-6109156 http://oglobo.globo.com/rio/problemas-de-acessibilidade-comecam-nos-aeroportos-6109156 14 Nesta aula, você estudou a consolidação dos direitos sociais e econômicos à partir da contextualização social do século XIX e o movimento que novamente traz mudanças às noções de direito com a incorporação do princípio de dignidade humana e o surgimento dos direitos à diferença que passam a ser discutidos a partir de então. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! AVRITZER, Leonardo, SANTOS, Boaventura de Sousa. Intr: Para ampliar o cânone demo- crático. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (Org.). Democratizar a democracia: os cami- nhos da democracia participativa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002 CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. O Direitoà Diferença – As ações afirmativas como me- canismo de inclusão social de mulheres, negros, homossexuais e pessoas portadoras de deficiência. Belo horizonte: Arraes Editores, 2009 HABERMAS, Jürgen. Direitos humanos – No plano global e no âmbito interno dos Esta- dos. P.IV. In: A Inclusão do Outro – estudos de teoria política. SP: Ed.Loyola, 2002 SANTOS, Boaventura de Sousa; NUNES, João Arriscado. Introdução: Para ampliar o câ- none do reconhecimento, da diferença e da igualdade. In: SANTOS, Boaventura de Sou- sa (Org.). Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. FINALIZANDO REFERÊNCIAS 15 REFERÊNCIAS SANTOS, Boaventura de S. Reinventar la democracia, reiventar el Estado. Buenos Aires: CLASO, 2005. In: TORRES, Carlos Alberto (Org.). Teoria Crítica e Sociologia Política da Educação. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2003 TOURAINE, Alain. Na fronteira dos Movimentos Sociais. Brasília: Sociedade e Estado, v.21, n.1, p. 17-28, jan.-abr. 2006. Segunda Revolução Industrial: ocorrida na segunda metade do século XIX, é marcada pelas inovações tecnológicas que permitiram tanto o aperfeiçoamento da produção – agora em escala – como o escoamento dos produtos. Absenteísmo Estatal: é característico do Liberalismo Clássico (rever discussão sobre emergência do Estado Moderno na aula 01). Pressupõe a não intervenção do Estado nas relações econômicas e sociais. Ordenamento Infraconstitucional: norma jurídica que está hierarquicamente abaixo da Constituição. Elas podem ser primárias: buscam fundamento de validade diretamente na constituição. Como por exemplo: as leis ordinárias complementares e delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções (Art. 59 CF). Ou secundárias: atos normativos da administração pública e buscam fundamento de validade nas normas primárias. (CAMILLO, ,2009). Hipossuficiente: o termo é utilizado para se referir aos sujeitos que, por fatores diversos, são desfavorecidos em determinados contextos. Para melhor entendimento, cabe aqui o termo minorias. GLOSSÁRIO 16 Questão 1 Resposta: Como já estudado, o paradigma do Estado Social é resultado de reivindicações sociais por um posicionamento do Estado em relação às injustiças sociais vividas século XIX e início do século XX. Welfare State, ou Estado de Bem-Estar Social, é um modelo de Estado surgido principalmente na Europa a partir deste paradigma no século XX. Características: - Garantidor de serviços públicos e de proteção à população: Saúde, Educação. - Regulamentação social, política, econômica. Questão 2 Resposta: Alternativa C. O único item falso é o III. Como estudado, o século XIX foi marcado pela concentração de renda e pauperização da sociedade. Questão 3 Resposta: Alternativa E. A igualdade é característica sine qua non para o estabelecimento de uma sociedade democrática e com respeito aos grupos sociais pertencentes a uma sociedade plural. GABARITO Eurocêntrica: o etnocentrismo ocorre quando a análise do outro – de outras realidades sociais - é feita a partir de valores próprios da sociedade em que o indivíduo observador está inserido. Sem considerar as diferenças culturais entre as sociedades, poderá ocorrer a subalternização e inferiorização do diferente. No caso da visão eurocêntrica, a Europa é utilizada como referência. GLOSSÁRIO 17 Questão 4 Resposta: A única alternativa incorreta é a A. Ela traz duas incoerências: o paradigma do Estado Social é característico do século XIX e marcado pelas conquistas sociais por direitos sociais e econômicos e a intervenção estatal como promotor e garantidor destes direitos; e, o princípio da livre concorrência é característico do paradigma liberal, norteado pelo absenteísmo estatal. Questão 5 Resposta: Alternativa C. Como você já estudou, o autor defende que o Direito deve contribuir com a transformação social e o combate às desigualdades. Questão 6 Resposta: Sim. O século XIX apresentou características muito polarizadas: de um lado, um desenvolvimento tecnológico que propiciou um aumento exponencial na produção industrial, e de outro, uma concentração de renda e o estabelecimento de relações trabalhistas e sociais degradantes que ocasionaram a pauperização de milhares de indivíduos. Questão 7 Resposta: Não é uma exceção. É recorrente a publicação de reportagens sobre situações semelhantes vividas por grupos de trabalhadores - nas mais diversas regiões do Brasil e do mundo. A produção de carvão, exploração de cana-de-açúcar e pecuária são os setores em que mais aparecem casos de trabalho escravo no Brasil. Esta realidade demonstra a imensa desigualdade social e mesmo restrição da cidadania que permanecem e se reproduzem até hoje. Para diversos grupos sociais, seus direitos sociais e econômicos (em alguns casos, até civis e políticos) são negados. Questão 8 Resposta: Produto de um contexto histórico pós-Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) – em que a Alemanha saiu derrotada e devastada -, a Constituição de Weimar é um marco no constitucionalismo. - Exerceu influência decisiva sobre as instituições políticas Ocidentais. - Apresentou defesa da dignidade humana, ao complementar os direitos civis e políticos — GABARITO 18 que o sistema comunista negava — com os direitos econômicos e sociais, ignorados pelo liberal-capitalismo. (COMPARATO, Fábio Konder. A Constituição Alemã de 1919. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/educar/redeedh/anthist/alema1919.htm>. Acesso em 2 jan 2014.) Questão 9 Resposta: No contexto contemporâneo, não é possível que se pense de forma universal todas as questões sociais. Há uma pluralidade de indivíduos e grupos sociais que passam por situações específicas que devem ser levadas em consideração para que não lhes sejam negados os mesmos direitos que outros grupos já têm assegurados. Questão 10 Resposta: Pela participação, os indivíduos tornam-se sujeitos políticos e passam a influenciar nas decisões sobre projetos políticos de sociedades. Colocando na arena política questões até então marginalizadas, tornam mais próximo o horizonte de transformação social e combate às desigualdades. GABARITO http://www.dhnet.org.br/educar/redeedh/anthist/alema1919.htm 19 Políticas Especiais Autora: Flávia Mello Magrini Tema 03 Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita seç ões Tema 03 Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita. Como citar este material: MAGRINI, Flávia Mello. Políticas Especiais: Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 03 Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita. 5 Conteúdo Nessa aula você estudará: • A importância em se delinear os conceitos envolvidos na discussão sobre o direito à diferença. • Contexto brasileiro dos novos movimentos sociais e luta pelo direito à diferença. • A diferença entre discriminação lícita e ilícita. CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro O Direito à Diferença, do autor Álvaro Ricardo de Souza Cruz, editora Arraes, 2009, Livro-Texto n. Roteiro de Estudo: Profª. Flávia Mello MagriniPolíticas Especiais 6 CONTEÚDOSEHABILIDADES Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Existe diferença entre diferença e desigualdade? • No âmbito do Direito, quais seriam formas licitas de discriminação? • A discriminação ilícita é uma forma de desigualdade? • Os conceitos envolvidos na discussão sobre direito à diferença são imutáveis ou fruto de constantes discussões e ressignificações? CONTEÚDOSEHABILIDADES Direito à Diferença– Conceituando desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita Você estudou até aqui todo o processo de mutação e configuração das noções de direito que acompanharam o Estado moderno desde sua emergência. Nesta aula, você estudará o direito à diferença, tendo como enfoque os principais conceitos envolvidos nesta temática. Para tanto, será trazida uma discussão sobre a realidade brasileira. A sociedade brasileira é alicerçada sobre um ordenamento social presidido pela organização hierárquica e desigual do conjunto das relações sociais, baseado predominantemente em critérios de classe, raça e gênero (DAGNINO, 2004). Arraigado, portanto, historicamente na cultura do país, este ordenamento produtor e reprodutor de desigualdades sociais resultou na (re)produção de conceitos limitados – ou regulados, para citar Wanderley Guilherme dos Santos (1979)1 – de cidadania, direitos e inclusive política. 1 Wanderley Guilherme dos Santos em sua obra Cidadania e Justiça (1979) utiliza o termo Cidada- nia Regulada para se referir ao conceito de cidadania cujas raízes encontram-se, não num código de va- lores políticos, mas em um sistema de estratificação ocupacional, onde este sistema é definido por norma legal. Ou seja, são as leis, o Estado, o trabalho, que dizem quem é ou não é cidadão. LEITURAOBRIGATÓRIA 7 LEITURAOBRIGATÓRIALEITURAOBRIGATÓRIA O passado colonial-imperial, a subsequente república dos coronéis e depois os líderes populistas levaram ao desenvolvimento de uma cultura política na sociedade latino-americana em que se observa uma “naturalização” das relações sociais entre os cidadãos (ou não cidadãos) e o Estado, ou seja, a relação de dominação expressão em termos de clientelismo e paternalismo passou a ser a norma geral, vista como normal pela própria população (GOHN, 2000, p.225-226). Especialmente nas últimas décadas do século XX, como resultado do contexto de contínua deteriorização das condições sociais e de incapacidade do Estado em responder às demandas sociais, surgem, a partir da década de 1970, movimentos populares com características particulares – os Novos Movimentos Sociais. Estes movimentos incorporam demandas distintas dos movimentos – ditos – tradicionais, indo além das relações de produção como eixo explicativo e orientador tanto dos conflitos como das possíveis soluções. Para Sader (1988), estes novos padrões de ação coletiva observáveis no tecido social brasileiro permitem falar em emergência de novos sujeitos políticos; politizando questões do cotidiano, “inventam” novas formas – e novos campos - de fazer política, efetuando uma espécie de alargamento do espaço da política. [...] debruçando-se mais sobre os problemas cotidianos de seus participantes, e menos preocupados em interagir com o Estado expressam a crise das formas tradicionais de fazer política; crise das clássicas organizações centralizadoras (partidos e sindicatos) e crise dos encaminhamentos das esquerdas tradicionais (luta armada, ações clandestinas, disputas eleitorais) (SHERER-WARREN; KRISCHKE, 1987, p.7). Utilizando análise de Kärner (1987) para compreender esta conjuntura, deve-se pensar a ocorrência deste tipo de auto-organização ancorada em dois fenômenos: de um lado, processo crescente de alienação acompanhado de uma perda real de confiança nas organizações políticas tradicionais, e de outro a valorização da ideia de não querer adiar para um futuro distante o sonho de uma sociedade livre e humana – e sim realizá-la na prática da luta cotidiana pela sobrevivência. Estes movimentos trazem para a arena política a necessidade de ampliação da democracia, ao apontarem para a ausência de direitos e cidadania na qual vivem diversos setores da sociedade; politizam necessidades e carências privadas questionando e reivindicando junto à opinião pública valores de justiça social e equidade. Em última instância, trazem implicações à própria concepção de direito, com a máxima de que o direito básico é o direito a ter direitos – no sentido da formulação arendtiana – e que estes não podem ser dados de modo apriorístico; eles se inventam e se ampliam quanto mais múltiplos forem os sujeitos (GOUVEIA, 2004; TELLES, 1994). 8 Este fato conferirá à cidadania uma feição particular, pois, mais tarde - na transição para a democracia – a questão não será apenas a “reapropriação” do Estado pela Sociedade Civil - que a democratização e a instituição de um governo civil necessariamente implicariam – mas numa construção democrática ampliada que esteja aberta à participação da sociedade civil nas decisões de suas diretrizes. Questionando a cultura política Ocidental dominante caracterizada como racionalista, universalista e individualista que, na América Latina combinou-se com outros princípios destinados a garantir a exclusão social e política, esses movimentos passam a reivindicar o direito à afirmação da diferença principalmente como estratégia na luta contra a desigualdade social. Ou seja, a possibilidade de articular a multiplicidade de dimensões que constituem as heterogêneas sociedades latino-americanas. [...] os objetivos dos movimentos sociais contemporâneos às vezes vão além de ganhos materiais e institucionais percebidos; na medida em que esses movimentos sociais afetam as fronteiras da representação política e cultural, bem como a prática social, pondo em questão até o que pode e não pode ser considerado político; finalmente, na medida em que as políticas culturais dos movimentos sociais realizam contestações culturais ou pressupõem diferenças culturais – então devemos aceitar que o que está em questão para os movimentos sociais, de um modo profundo, é uma transformação da cultura política dominante na qual se movem e se constituem como atores sociais com pretensões políticas (ALVAREZ; DAGNINO; ESCOBAR, 2001, p. 26). Sob as mazelas do autoritarismo do regime militar – e tendo como eixo a oposição a ele – portanto, vê-se o surgimento de movimentos substancialmente unificados de auto- organização da sociedade. Fenômeno visto, por alguns analistas, como a fundação efetiva da sociedade civil no Brasil; e, responsável pela emergência de experiências de construção de espaços públicos, em que tanto se debatem temas e interesses até então excluídos de uma agenda pública, como significam espaços de ampliação e democratização da gestão estatal (DAGNINO, 2002). Após toda esta análise e discussão, cabe aqui uma primeira indagação: existe alguma diferença conceitual entre “diferença” e “desigualdade” ou ambos podem ser usados indiscriminadamente no mesmo contexto? Com toda certeza, você saberá prontamente apontar a resposta. A diferença é característica intrínseca a sociedades complexas, plurais, multiculturais, e o respeito às especificidades de grupos que os diferem de outros grupos em uma dada sociedade é condição sine qua non para uma sociedade democrática centrada no princípio da dignidade humana. LEITURAOBRIGATÓRIA 9 A desigualdade, por sua vez, estabelece uma relação de ordenamento entre os elementos, trazendo consigo noções de superior/inferior, menor/maior, ou seja, qualificando os grupos. Como explica Cruz (2009, p. 25), existe uma tendência etnocêntrica dos grupamentos humanos em ver com estranheza e, muitas vezes, rejeitar “o outro”, o grupo diferente. Dessa forma, o respeito à diferença é fruto de um esforço continuo de valorização da diversidade social e combate às desigualdades e discriminações. Transpondo todas estas questões ao campo jurídico, vale ressaltar a diferença entre discriminação licita e ilícita trazida por Cruz (2009). Utilizando um conceito de discriminação construído a partir da sistematização das concepções construídas nas Convenções Internacionais sobre a eliminação das formas de discriminação adotada pela ONU, o autor entende discriminação como: [...] toda e qualquer forma, meio, instrumento ou instituição de promoção da distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em critérioscomo raça, cor da pele, descendência, origem nacional ou étnica, gênero, opção sexual, idade, religião, deficiência física, mental ou patogênica, que tenha o propósito ou efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício em pé de igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer atividade no âmbito da autonomia pública ou privada. (CRUZ, 2009, p.15) Ele ressalta, entretanto, que nem toda forma de discriminação deve ser considerada como promotora de desigualdade. Muitas vezes, discriminar com o intuito de ressaltar uma diferença pode ser indispensável inclusive para a garantia do próprio princípio de isonomia (igualdade garantida sob o principio da dignidade humana). O primeiro conceito diz respeito à discriminação ilícita e o segundo, à discriminação lícita. Para analisar os dois tipos de discriminação, o autor analisa as posturas e decisões administrativas e judiciais. Uma vez que a adequação de normas válidas ao caso concreto é indispensável para a análise sobre a legitimidade de medidas ou ações discriminatórias, a análise de Cruz (2009) consegue tipificar e categorizar ocorrências jurídicas de respeito à diferença. Leia com atenção os capítulos 2 e 3 do seu Livro-Texto para verificar as diversas exemplificações que Cruz (2009) traz sobre o assunto. LEITURAOBRIGATÓRIA 10 LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Leia o artigo Representação Política, Identidade e Minorias, de Iris Marion Young. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ln/n67/a06n67.pdf/>. Acesso em: 2 jan. 2014. A autora traz importantes contribuições para aprofundar o seu entendimento acerca da relação entre direito à diferença e o contexto democrático. Leia o artigo População Carcerária Indígena e o Direito à Diferença: O Caso do Município de Dourados, MS, de Rosely Pacheco, Rafael do Prado e Ezequias Kadwéu. Disponível em: <http://direitogv.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/06_rev14_469-500_-_ rosely_aparecida_stefanes_pacheco_-_scielo.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. O artigo traz uma análise sobre o desrespeito ao direito à diferença dos detentos indígenas no município de Dourados/MS. Leia o artigo Direito Fundamental à Diferença, de Marcelo Torres. Disponível em: <http://www.mp.rs.gov.br/areas/biblioteca/arquivos/revista/edicao_02/ vol1no2art2.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. Este artigo trará importantes contribuições para que você aprofunde seus estudos sobre a fundamentação jurídica ao direito à diferença. http://www.scielo.br/pdf/ln/n67/a06n67.pdf/ http://direitogv.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/06_rev14_469-500_-_rosely_aparecida_stefanes_pacheco_-_scielo.pdf http://direitogv.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/06_rev14_469-500_-_rosely_aparecida_stefanes_pacheco_-_scielo.pdf http://www.mp.rs.gov.br/areas/biblioteca/arquivos/revista/edicao_02/vol1no2art2.pdf http://www.mp.rs.gov.br/areas/biblioteca/arquivos/revista/edicao_02/vol1no2art2.pdf 11 LINKSIMPORTANTES Leia o artigo Contribuição a uma Tipologia das Formas de Desrespeito: Para Além do Modelo Hegeliano-Republicano, de João Feres Jr. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/dados/v45n4/a01v45n4.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. Neste artigo, o autor aborda e analisa criticamente os principais pontos da Teoria do Reconhecimento e sua categorização das formas de desrespeito pelas quais minorias são submetidas. Vídeos Importantes: Assista à entrevista com o pro. Álvaro Ricardo de Souza Cruz. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=it7C_lt1H74>. Acesso em: 2 jan. 2014. Nesta entrevista, o autor do seu livro-texto explica a importância do tema tratado no livro O Direito à Diferença (CRUZ, 2009). Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. AGORAÉASUAVEZ http://www.scielo.br/pdf/dados/v45n4/a01v45n4.pdf http://www.youtube.com/watch?v=it7C_lt1H74 12 Questão 1: Neste tema, você estudou sobre alguns dos principais pontos envolvendo as questões do direito à diferença. Pode verificar tam- bém que os conceitos ali envolvidos estão diretamente ligados a concepções cons- truídas em conferências e convenções da Organização das Nações Unidas (ONU). Explique a origem e importância da ONU no sistema político internacional. Questão 2: A adequação de normas válidas ao caso ______ é absolutamente _______ para a verificação da _______ de medidas ou ações discriminatórias. Assinale a alternativa que contém as pala- vras adequadas para preencher as lacunas das frases acima: a) Concreto; indispensável; legitimidade. b) Concreto; dispensável; ilegalidade. c) Concreto; dispensável; legitimidade. d) Ideal; indispensável; legitimidade. e) Ideal; dispensável; legitimidade. Questão 3: Dentre os exemplos abaixo, assinale a úni- ca alternativa que traz um exemplo de caso em que a discriminação seria legítima: a) A contratação apenas de homens para uma vaga de contabilidade. b) A recusa do empregador em contratar para a função de entregador de pizza a homens que usassem barba. c) Esterilização compulsória de conde- nados reincidentes por crimes que envol- vem torpeza moral e cujas penas seriam reclusão. d) Caso negasse emprego de piloto de avião a um portador de deficiência visual. e) Ao pré-requisito de que aeromoças sejam magras para que sejam contratadas. Questão 4: Considere os itens abaixo: I. Suas relações sociais são organizadas hierarquicamente e de forma desigual. II. O clientelismo e o paternalismo são ca- racterísticas que naturalizam a relação entre Estado e Sociedade. III. O ordenamento social construído his- toricamente no país é responsável pela limitação no conceito de cidadania. Sobre o a realidade social brasileira, indi- que (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as afirmações falsas e assinale abaixo a alternativa correta: AGORAÉASUAVEZ 13 a) F; F; F. b) V; F; V. c) V; V; V. d) F; F; V. e) V; V; F. Questão 5: Considere os itens abaixo: I. É uma tendência etnocêntrica. II. É fruto de um esforço contínuo envolvendo as relações de alteridade. III. Em alguns casos, pode justificar a imposição às coletividades minoritárias de condutas típicas da maioria. Sobre o respeito à diferença, indique (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as afirmações falsas e assinale abaixo a al- ternativa correta: a) V; V; V. b) V; V; F. c) F; V; V. d) F; F; F. e) V; F; V. Questão 6: Leia a reportagem “Vovó, fica quieta deixa para lá, é por isso que eu não gosto de ser preto” – Menino de 11 anos sofre racismo no Recreio dos Bandeirantes. Disponível em: <http://www.geledes.org.br/racismo- preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo- fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que- eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11- sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes>. Acesso em: 2 jan. 2014. Considerando toda a discussão acerca das noções de diferença e desigualdade, faça uma análise crítica da situação a qual trata a notícia. Questão 7: Cruz (2009, p. 29) afirma que a discrimina- ção ilícita seria fruto de preconceitos que estigmatizam pessoas ou coletividades por meio de estereótipos. Você concorda com esta afirmação? Justi- fique. Questão 8: Explique o principio da adequabilidade e sua importância jurídica para a problemá- tica envolvendo a diferença. AGORAÉASUAVEZ http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeiranteshttp://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes 14 Questão 9: Cruz (2009) analisa a importância de téc- nicas linguísticas no campo jurídico, princi- palmente no que concerne à concretização do texto constitucional. Aponte quais são estas técnicas e explique, sucintamente, cada uma. Questão 10: Existem discriminações que podem ser bené- ficas no combate à desigualdade? Explique. AGORAÉASUAVEZ Neste tema, você estudou as definições de diferença, desigualdade, discriminação licita e ilícita. O entendimento acerca das diferenças conceituais apresentadas é de suma importância para que se compreenda a importância e legitimidade do direito à diferença. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO ALVAREZ, Sonia E; DAGNINO, Evelina; ESCOBAR, Arturo. Introdução – O Cultural e o Político nos Movimentos Sociais Latino-Americanos. In: ALVAREZ, Sonia E.; DAGNINO, Evelina; ESCOBAR, Arturo (Org.). Cultura e Política nos Movimentos Sociais Latino-Ameri- canos (Novas Leituras). Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001 REFERÊNCIAS 15 CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. O Direito à Diferença – As ações afirmativas como me- canismo de inclusão social de mulheres, negros, homossexuais e pessoas portadoras de deficiência. Belo horizonte: Arraes Editores, 2009 DAGNINO, Evelina (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. SP: Paz e Terra/ Unicamp, 2002. DAGNINO, Evelina. Sociedade civil, participação e cidadania: do que estamos falando? In: Políticas de ciudadania y sociedad civil en tiempos de globalización, por Daniel Mato. Caracas: FACES - Universidad Central de Venezuela, 2004. GOHN, Maria da Gloria. Teorias dos Movimentos Sociais – Paradigmas Clássicos e Con- temporâneos. SP: Edições Loyola, 2000. GOUVEIA, Tatiana. Movimentos Sociais e ONGs: dos lugares e dos sujeitos. In: Política & Sociedade: Revista de Sociológica Política/UFSC – v.1 n.5 Florianópolis, 2004 KÄRNEN, Hartmut. Movimentos Sociais: revolução no cotidiano. In: SHERER-WARREN, Ilse; KRISCHKE, Paulo (Org.). Uma revolução no Cotidiano? Novos Movimentos Sociais na América do Sul. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987 SADER, Eder. Quanto Novos Personagens Entraram em Cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da grande São Paulo, 1970-80. RJ: Paz e Terra, 1988. SHERER-WARREN, Ilse; KRISCHKE, Paulo. Apresentação. In: SHERER-WARREN, Ilse; KRISCHKE, Paulo (Org.). Uma revolução no Cotidiano? Novos Movimentos Sociais na América do Sul. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987 TELLES, Vera da Silva. Sociedade civil, direitos e espaços públicos. Revista Pólis, n. 14, 1994. REFERÊNCIAS 16 GABARITO Questão 1 Resposta: A Organização das Nações Unidades (ONU) surgiu como resultado da devastação causada pela II Guerra Mundial (1939 a 1945). A Carta das Nações Unidas foi elaborada pelos representantes de 50 países presentes à Conferência sobre Organização GLOSSÁRIO Sujeitos Políticos: Sujeito é aquele que realiza ou sofre uma ação. Na Ciência Política, o termo sujeito político é utilizado para designar aqueles indivíduos ou grupos que participam da arena decisória, influenciando nas decisões políticas de uma sociedade. Equidade: Este termo pode ser considerado muito próximo do conceito de igualdade; a diferença está no valor de justiça social que é intrínseco ao primeiro. Arendtiana: Termo utilizado para se referir ao legado da importante intelectual Hannah Arendt. Heterogêneas: O termo foi utilizado como sinônimo de diversidade. Agenda Pública: Em uma sociedade, diversos são os temas, problemas e pontos que podem surgir a partir das interações e organizações sociais. Aqueles temas que ganham visibilidade e projeção no espaço público e que poderão se transformar em ações políticas são aqueles que passam a fazer parte da agenda pública. 17 Internacional, que se reuniu em São Francisco de 25 de abril a 26 de junho de 1945. Hoje, a ONU atua nos mais diversos temas, promovendo tanto discussões quanto monitoramento e acompanhamento das situações vividas pelas populações do mundo. Para maiores informações, acesse o site da ONU no Brasil. Disponível em: <http://www.onu.org.br/>. Acesso em: 2 jan. 2014. Questão 2 Resposta: Alternativa A. Como estudado, é imprescindível a análise de casos concretos para garantir uma aplicação das normas condizente com a promoção da dignidade humana e redução das desigualdades. Questão 3 Resposta: Alternativa D. Como explica CRUZ (2009), existe a chamada business necessity, ou seja, existem casos em que a discriminação se reveste do caráter da inevitabilidade, em razão de exigências especiais do tipo de atividade, por exemplo. Este é o caso trazido pela alternativa D. Em todos os outros apresentados, a discriminação não é justificada. Questão 4 Resposta: Alternativa C. Conforme estudado, os 3 itens são verdadeiros e correspondem à realidade brasileira: marcada historicamente por um ordenamento social hierarquizado e assimétrico, em que o Estado é visto como benfeitor desta sociedade cuja noção de cidadania ainda passa longe de diversos segmentos da sociedade. Questão 5 Resposta: Alternativa B. De acordo com tudo o que foi estudado até agora, é possível afirmar que a única alternativa falsa é a III. Esta é a única alternativa que traz exemplo de violação ao respeito à diferença. Questão 6 Resposta: A reportagem traz uma denuncia de racismo que, infelizmente, não é exceção na realidade social brasileira. Devido ao histórico de escravidão, à ausência de políticas de reparação às populações negras após a abolição da escravatura, e os resultados catastróficos tanto materiais quanto simbólicos que historicamente acompanham essa população, apesar de serem maioria no Brasil, são os mais atingidos pela desigualdade GABARITO http://www.onu.org.br/ 18 social. O que o episodio refletiu, foi o preconceito enraizado na sociedade brasileira que liga os negros à marginalidade, além de subalternizarem este grupo. Desta forma, a diferença (étnico racial), é vista aqui transmutada em desigualdade social. Questão 7 Resposta: Como já estudado, a diferença é marca das sociedades plurais, multiculturais. Por muito tempo, a diferença foi utilizada como fator para justificar desigualdade. Todas as características do outro que são, de alguma forma, diferentes do padrão do grupo (o Eu), tendem a ser estereotipadas e rejeitadas. Nas últimas décadas, entretanto, é possível observar um movimento no sentido de valorização destas diferenças e de combate às desigualdades. Questão 8 Resposta: Na aplicação do Direito, é de suma importância o principio da adequabilidade. Isto representa a adequação de normas válidas ao caso concreto. Com isso, torna-se possível a adequação da aplicação da lei em casos de discriminação que não seriam possíveis se a prerrogativa fosse o principio da universalização. Questão 9 Resposta: Negação: funções de repúdio, exclusão e renuncia indispensáveis à garantia do pluralismo constitucional. Ex.: Legítima a discriminação contra partidos políticos que sustentem organizações paramilitares de caráter intimidatório. Metáfora: Permite uma melhor identificação da legitimidade de uma conduta discriminatória, assim como reforça a retórica judicial estabelecendo analogias e similaridades. Metonímia: Promove um sentido de sucessividade; permite constatar que uma ordem constitucionalnão consegue ser neutra, por exemplo, em face da diversidade de posturas religiosas. Contudo, no campo da aplicação das normas, deve se sujeitar ao principio da adequabilidade. Questão 10 Resposta: Sim. Como Cruz (2009) explica, as discriminações lícitas são aquelas que surgem como forma de garantir o respeito à diferença. GABARITO 19 Políticas Especiais Autora: Flávia Mello Magrini Tema 04 Problemas de Gênero – Reivindicações, Conquistas e Desafios das Mulheres seç ões Tema 04 Problemas de Gênero – Reivindicações, Conquistas e Desafios das Mulheres Como citar este material: MAGRINI, Flávia Mello. Políticas Especiais: Problemas de Gênero – Reivindicações, Conquistas e Desafios das Mulheres. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 04 Problemas de Gênero – Reivindicações, Conquistas e Desafios das Mulheres 5 Conteúdo Nessa aula você estudará: • O que é o conceito de gênero. • Conquistas e reivindicações dos movimentos feministas. • Os principais problemas enfrentados pelas mulheres na atualidade. Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Quais as principais reivindicações do movimento feminista? CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro O Direito à Diferença, do autor Álvaro Ricardo de Souza Cruz, editora Arraes, 2009, Livro-Texto n. Roteiro de Estudo: Profª. Flávia Mello MagriniPolíticas Especiais 6 • A desigualdade de gênero é um problema já superado? • Existem diferenças que devem ser problematizadas dentro da própria categoria “mulher”? • O que significa a dicotomia “público” versus “privado” quando se pensa sob a perspectiva das questões de gênero? CONTEÚDOSEHABILIDADES Problemas de Gênero – Reivindicações, Conquistas e Desafios das Mulheres A partir desta aula, você estudará diferentes as formas de discriminação sofridas por grupos específicos. A primeira delas será a discriminação por gênero. A primeira pergunta que você deve estar se fazendo. Mas o que é gênero? O conceito de gênero foi incorporado pelo feminismo e pela produção acadêmica sobre mulheres nos anos 1970 e, desde então, tem sido interpretado de formas distintas por diferentes correntes do feminismo: [...] o uso ainda hoje mais frequente do conceito é o proposto pelo feminismo da diferença. Este rejeitou pressupostos do feminismo da igualdade, que afirmava que as únicas diferenças efetivamente existentes entre homens e mulheres são biológicas-sexuais, e que as demais diferenças observáveis são culturais, derivadas de relações de opressão e, portanto, devem ser eliminadas para dar lugar a relações entre seres ‘iguais’. Para as teóricas e os teóricos da diferença, o conceito de gênero remete a traços culturais femininos (ou, no polo oposto, masculinos) construídos socialmente sobre a base biológica. Constrói-se assim uma polarização binária entre os gêneros, em que a diferença é concebida como categoria central de análise, fundamental na definição de estratégias de ação. [...] Para o feminismo da diferença, o poder concentrar-se-ia na esfera pública, estando nessa polaridade a origem da subordinação das mulheres. A vertente pós-estruturalista, por sua vez, destaca o caráter histórico das diferenças entre os gêneros e a própria construção social da percepção da diferença sexual. LEITURAOBRIGATÓRIA 7 LEITURAOBRIGATÓRIA Essa corrente chama a atenção, sobretudo, para a necessidade de se romper com a homogeneização interna a cada um destes campos – o feminino e o masculino –, reconhecendo a existência de diversidade no interior de cada um, o que requer que se incorporem à análise outras dimensões das relações sociais, tais como raça, classe e geração (FARAH, 2004, p.1). Ou seja, o conceito de gênero envolve compreender todas as relações de poder criadas socialmente à partir de diferenças biológicas e que estabelecem as identidades “feminino” e “masculino”. Apesar do recente uso do conceito gênero, a luta das mulheres contra as desigualdades as quais estão historicamente submetidas1 é uma realidade que sempre as acompanhou. Diversas ocorrências, assim como importantes figuras femininas em movimentos reivindicatórios (tanto em conquistas específicas à temática de gênero, quanto em conquistas sociais gerais – como a luta pela redemocratização no Brasil) são muitas vezes apagadas, ou colocadas em segundo plano, na história (androcêntrica) oficial2. Como o foco desta aula é a discriminação de gênero, você estudará agora as principais reivindicações e conquistas do movimento feminista, para fundamentar sua análise sobre os desafios até hoje enfrentados na realidade das mulheres. Segundo FRASER (2007), seria possível dividir o movimento feminista em duas “ondas”. A primeira, diria respeito à reivindicação das mulheres por direitos políticos e civis – marcada principalmente pelos movimentos sufragistas – e a segunda, ocorrida após a Segunda Guerra Mundial, abrangeria novos tipos de reivindicações de direitos que ultrapassariam essa busca apenas por uma igualdade formal: elas passariam a lutar pela inclusão da problemática de gênero no debate acerca da justiça social. A “segunda onda” pode ser considerada como um período de ascensão e consolidação dos movimentos feministas. Representa uma nova vertente dos movimentos feministas que ampliava a luta inicial por direitos, abarcando, além das desigualdades políticas, o combate às desigualdades sociais e culturais (PIMENTA, 2010). 1 Dê aqui uma especial atenção ao tema tratado por Cruz (2009) em seu Livro-Texto entre as páginas 53 a 60 – Uma teoria sobre a origem da discriminação por gênero. 2 Dê aqui uma especial atenção ao tema tratado por Cruz (2009) em seu Livro-Texto entre as páginas 53 a 60 – Uma teoria sobre a origem da discriminação por gênero. 8 Seu início coincide com a emergência dos “novos movimentos sociais” a partir dos anos 1960. Como você já estudou, neste período, os movimentos sociais começaram a questionar uma série de exclusões que eram ignoradas na esfera pública: problemáticas de gênero, raça e etnia, entre outras. Nos movimentos feministas, houve uma expansão das reivindicações para além da redistribuição socioeconômica, incluindo questões referentes ao trabalho doméstico, a sexualidade e a reprodução no debate. Neste período começou a se consolidar a percepção de que as diferenças hierárquicas que estabelecem limite de atuação às mulheres são culturalmente construídas. As grandes contribuições das “feministas de segunda onda” foram denunciar o sexismo e o discurso cultural hegemônico - leia-se patriarcal - das estruturas de poder (político, cultural, econômico, entre outros), trazendo à cena pública um dos grandes momentos epistemológicos dos feminismos: “o pessoal é político” (PIMENTA, 2010, p. 22). Assim, expuseram o profundo androcentrismo da sociedade; demonstrando que a cristalização de identidades e atribuições em áreas específicas têm sido historicamente reproduzidas com base na dicotomia entre duas esferas: público e privado (respectivamente de homens e de mulheres). Esta atuação dos movimentos feministas trouxe para a esfera pública discussões – antes confinadas à esfera privada – como a violência contra a mulher, a divisão sexual do trabalho, os direitos sexuais e reprodutivos. Observa-se expressiva presença das mulheres nos movimentos sociais urbanos que versavam em torno da luta pela democratização do regime e nas reivindicações ligadas ao acesso a serviços públicos e à melhoria da qualidade de vida. Uma crescente incorporação das mulheres nas lutas contra o aumento do custo de vida, o abandono dos bairros populares, a dificuldade do acesso à saúde, à educação, o sistema de transporte coletivo deficitário, entre outras demandas. A mobilização das mulheres em torno dessas questões teve importantes reflexos no desenvolvimento
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