Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Políticas Especiais Autora: Flávia Mello Magrini Tema 03 Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita seç ões Tema 03 Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita. Como citar este material: MAGRINI, Flávia Mello. Políticas Especiais: Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 03 Direito à Diferença – Conceituando Desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita. 5 Conteúdo Nessa aula você estudará: • A importância em se delinear os conceitos envolvidos na discussão sobre o direito à diferença. • Contexto brasileiro dos novos movimentos sociais e luta pelo direito à diferença. • A diferença entre discriminação lícita e ilícita. CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro O Direito à Diferença, do autor Álvaro Ricardo de Souza Cruz, editora Arraes, 2009, Livro-Texto n. Roteiro de Estudo: Profª. Flávia Mello MagriniPolíticas Especiais 6 CONTEÚDOSEHABILIDADES Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Existe diferença entre diferença e desigualdade? • No âmbito do Direito, quais seriam formas licitas de discriminação? • A discriminação ilícita é uma forma de desigualdade? • Os conceitos envolvidos na discussão sobre direito à diferença são imutáveis ou fruto de constantes discussões e ressignificações? CONTEÚDOSEHABILIDADES Direito à Diferença – Conceituando desigualdade, Diferença, Discriminação Lícita e Ilícita Você estudou até aqui todo o processo de mutação e configuração das noções de direito que acompanharam o Estado moderno desde sua emergência. Nesta aula, você estudará o direito à diferença, tendo como enfoque os principais conceitos envolvidos nesta temática. Para tanto, será trazida uma discussão sobre a realidade brasileira. A sociedade brasileira é alicerçada sobre um ordenamento social presidido pela organização hierárquica e desigual do conjunto das relações sociais, baseado predominantemente em critérios de classe, raça e gênero (DAGNINO, 2004). Arraigado, portanto, historicamente na cultura do país, este ordenamento produtor e reprodutor de desigualdades sociais resultou na (re)produção de conceitos limitados – ou regulados, para citar Wanderley Guilherme dos Santos (1979)1 – de cidadania, direitos e inclusive política. 1 Wanderley Guilherme dos Santos em sua obra Cidadania e Justiça (1979) utiliza o termo Cidada- nia Regulada para se referir ao conceito de cidadania cujas raízes encontram-se, não num código de va- lores políticos, mas em um sistema de estratificação ocupacional, onde este sistema é definido por norma legal. Ou seja, são as leis, o Estado, o trabalho, que dizem quem é ou não é cidadão. LEITURAOBRIGATÓRIA 7 LEITURAOBRIGATÓRIALEITURAOBRIGATÓRIA O passado colonial-imperial, a subsequente república dos coronéis e depois os líderes populistas levaram ao desenvolvimento de uma cultura política na sociedade latino-americana em que se observa uma “naturalização” das relações sociais entre os cidadãos (ou não cidadãos) e o Estado, ou seja, a relação de dominação expressão em termos de clientelismo e paternalismo passou a ser a norma geral, vista como normal pela própria população (GOHN, 2000, p.225-226). Especialmente nas últimas décadas do século XX, como resultado do contexto de contínua deteriorização das condições sociais e de incapacidade do Estado em responder às demandas sociais, surgem, a partir da década de 1970, movimentos populares com características particulares – os Novos Movimentos Sociais. Estes movimentos incorporam demandas distintas dos movimentos – ditos – tradicionais, indo além das relações de produção como eixo explicativo e orientador tanto dos conflitos como das possíveis soluções. Para Sader (1988), estes novos padrões de ação coletiva observáveis no tecido social brasileiro permitem falar em emergência de novos sujeitos políticos; politizando questões do cotidiano, “inventam” novas formas – e novos campos - de fazer política, efetuando uma espécie de alargamento do espaço da política. [...] debruçando-se mais sobre os problemas cotidianos de seus participantes, e menos preocupados em interagir com o Estado expressam a crise das formas tradicionais de fazer política; crise das clássicas organizações centralizadoras (partidos e sindicatos) e crise dos encaminhamentos das esquerdas tradicionais (luta armada, ações clandestinas, disputas eleitorais) (SHERER-WARREN; KRISCHKE, 1987, p.7). Utilizando análise de Kärner (1987) para compreender esta conjuntura, deve-se pensar a ocorrência deste tipo de auto-organização ancorada em dois fenômenos: de um lado, processo crescente de alienação acompanhado de uma perda real de confiança nas organizações políticas tradicionais, e de outro a valorização da ideia de não querer adiar para um futuro distante o sonho de uma sociedade livre e humana – e sim realizá-la na prática da luta cotidiana pela sobrevivência. Estes movimentos trazem para a arena política a necessidade de ampliação da democracia, ao apontarem para a ausência de direitos e cidadania na qual vivem diversos setores da sociedade; politizam necessidades e carências privadas questionando e reivindicando junto à opinião pública valores de justiça social e equidade. Em última instância, trazem implicações à própria concepção de direito, com a máxima de que o direito básico é o direito a ter direitos – no sentido da formulação arendtiana – e que estes não podem ser dados de modo apriorístico; eles se inventam e se ampliam quanto mais múltiplos forem os sujeitos (GOUVEIA, 2004; TELLES, 1994). 8 Este fato conferirá à cidadania uma feição particular, pois, mais tarde - na transição para a democracia – a questão não será apenas a “reapropriação” do Estado pela Sociedade Civil - que a democratização e a instituição de um governo civil necessariamente implicariam – mas numa construção democrática ampliada que esteja aberta à participação da sociedade civil nas decisões de suas diretrizes. Questionando a cultura política Ocidental dominante caracterizada como racionalista, universalista e individualista que, na América Latina combinou-se com outros princípios destinados a garantir a exclusão social e política, esses movimentos passam a reivindicar o direito à afirmação da diferença principalmente como estratégia na luta contra a desigualdade social. Ou seja, a possibilidade de articular a multiplicidade de dimensões que constituem as heterogêneas sociedades latino-americanas. [...] os objetivos dos movimentos sociais contemporâneos às vezes vão além de ganhos materiais e institucionais percebidos; na medida em que esses movimentos sociais afetam as fronteiras da representação política e cultural, bem como a prática social, pondo em questão até o que pode e não pode ser considerado político; finalmente, na medida em que as políticas culturais dos movimentos sociais realizam contestações culturais ou pressupõem diferenças culturais – então devemos aceitar que o que está em questão para os movimentos sociais, de um modo profundo, é uma transformação da cultura política dominante na qual se movem e se constituem como atores sociais com pretensões políticas (ALVAREZ; DAGNINO; ESCOBAR, 2001, p. 26). Sob as mazelas do autoritarismo do regime militar – e tendo como eixo a oposição a ele – portanto, vê-se o surgimento de movimentos substancialmente unificados de auto- organização da sociedade. Fenômeno visto, por alguns analistas, como a fundação efetiva da sociedade civil no Brasil; e, responsável pela emergência de experiências de construção de espaços públicos, em que tanto se debatem temas e interesses até então excluídos de uma agenda pública, como significam espaços deampliação e democratização da gestão estatal (DAGNINO, 2002). Após toda esta análise e discussão, cabe aqui uma primeira indagação: existe alguma diferença conceitual entre “diferença” e “desigualdade” ou ambos podem ser usados indiscriminadamente no mesmo contexto? Com toda certeza, você saberá prontamente apontar a resposta. A diferença é característica intrínseca a sociedades complexas, plurais, multiculturais, e o respeito às especificidades de grupos que os diferem de outros grupos em uma dada sociedade é condição sine qua non para uma sociedade democrática centrada no princípio da dignidade humana. LEITURAOBRIGATÓRIA 9 A desigualdade, por sua vez, estabelece uma relação de ordenamento entre os elementos, trazendo consigo noções de superior/inferior, menor/maior, ou seja, qualificando os grupos. Como explica Cruz (2009, p. 25), existe uma tendência etnocêntrica dos grupamentos humanos em ver com estranheza e, muitas vezes, rejeitar “o outro”, o grupo diferente. Dessa forma, o respeito à diferença é fruto de um esforço continuo de valorização da diversidade social e combate às desigualdades e discriminações. Transpondo todas estas questões ao campo jurídico, vale ressaltar a diferença entre discriminação licita e ilícita trazida por Cruz (2009). Utilizando um conceito de discriminação construído a partir da sistematização das concepções construídas nas Convenções Internacionais sobre a eliminação das formas de discriminação adotada pela ONU, o autor entende discriminação como: [...] toda e qualquer forma, meio, instrumento ou instituição de promoção da distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em critérios como raça, cor da pele, descendência, origem nacional ou étnica, gênero, opção sexual, idade, religião, deficiência física, mental ou patogênica, que tenha o propósito ou efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício em pé de igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer atividade no âmbito da autonomia pública ou privada. (CRUZ, 2009, p.15) Ele ressalta, entretanto, que nem toda forma de discriminação deve ser considerada como promotora de desigualdade. Muitas vezes, discriminar com o intuito de ressaltar uma diferença pode ser indispensável inclusive para a garantia do próprio princípio de isonomia (igualdade garantida sob o principio da dignidade humana). O primeiro conceito diz respeito à discriminação ilícita e o segundo, à discriminação lícita. Para analisar os dois tipos de discriminação, o autor analisa as posturas e decisões administrativas e judiciais. Uma vez que a adequação de normas válidas ao caso concreto é indispensável para a análise sobre a legitimidade de medidas ou ações discriminatórias, a análise de Cruz (2009) consegue tipificar e categorizar ocorrências jurídicas de respeito à diferença. Leia com atenção os capítulos 2 e 3 do seu Livro-Texto para verificar as diversas exemplificações que Cruz (2009) traz sobre o assunto. LEITURAOBRIGATÓRIA 10 LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Leia o artigo Representação Política, Identidade e Minorias, de Iris Marion Young. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ln/n67/a06n67.pdf/>. Acesso em: 2 jan. 2014. A autora traz importantes contribuições para aprofundar o seu entendimento acerca da relação entre direito à diferença e o contexto democrático. Leia o artigo População Carcerária Indígena e o Direito à Diferença: O Caso do Município de Dourados, MS, de Rosely Pacheco, Rafael do Prado e Ezequias Kadwéu. Disponível em: <http://direitogv.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/06_rev14_469-500_-_ rosely_aparecida_stefanes_pacheco_-_scielo.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. O artigo traz uma análise sobre o desrespeito ao direito à diferença dos detentos indígenas no município de Dourados/MS. Leia o artigo Direito Fundamental à Diferença, de Marcelo Torres. Disponível em: <http://www.mp.rs.gov.br/areas/biblioteca/arquivos/revista/edicao_02/ vol1no2art2.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. Este artigo trará importantes contribuições para que você aprofunde seus estudos sobre a fundamentação jurídica ao direito à diferença. http://www.scielo.br/pdf/ln/n67/a06n67.pdf/ http://direitogv.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/06_rev14_469-500_-_rosely_aparecida_stefanes_pacheco_-_scielo.pdf http://direitogv.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/06_rev14_469-500_-_rosely_aparecida_stefanes_pacheco_-_scielo.pdf http://www.mp.rs.gov.br/areas/biblioteca/arquivos/revista/edicao_02/vol1no2art2.pdf http://www.mp.rs.gov.br/areas/biblioteca/arquivos/revista/edicao_02/vol1no2art2.pdf 11 LINKSIMPORTANTES Leia o artigo Contribuição a uma Tipologia das Formas de Desrespeito: Para Além do Modelo Hegeliano-Republicano, de João Feres Jr. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/dados/v45n4/a01v45n4.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. Neste artigo, o autor aborda e analisa criticamente os principais pontos da Teoria do Reconhecimento e sua categorização das formas de desrespeito pelas quais minorias são submetidas. Vídeos Importantes: Assista à entrevista com o pro. Álvaro Ricardo de Souza Cruz. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=it7C_lt1H74>. Acesso em: 2 jan. 2014. Nesta entrevista, o autor do seu livro-texto explica a importância do tema tratado no livro O Direito à Diferença (CRUZ, 2009). Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. AGORAÉASUAVEZ http://www.scielo.br/pdf/dados/v45n4/a01v45n4.pdf http://www.youtube.com/watch?v=it7C_lt1H74 12 Questão 1: Neste tema, você estudou sobre alguns dos principais pontos envolvendo as questões do direito à diferença. Pode verificar tam- bém que os conceitos ali envolvidos estão diretamente ligados a concepções cons- truídas em conferências e convenções da Organização das Nações Unidas (ONU). Explique a origem e importância da ONU no sistema político internacional. Questão 2: A adequação de normas válidas ao caso ______ é absolutamente _______ para a verificação da _______ de medidas ou ações discriminatórias. Assinale a alternativa que contém as pala- vras adequadas para preencher as lacunas das frases acima: a) Concreto; indispensável; legitimidade. b) Concreto; dispensável; ilegalidade. c) Concreto; dispensável; legitimidade. d) Ideal; indispensável; legitimidade. e) Ideal; dispensável; legitimidade. Questão 3: Dentre os exemplos abaixo, assinale a úni- ca alternativa que traz um exemplo de caso em que a discriminação seria legítima: a) A contratação apenas de homens para uma vaga de contabilidade. b) A recusa do empregador em contratar para a função de entregador de pizza a homens que usassem barba. c) Esterilização compulsória de conde- nados reincidentes por crimes que envol- vem torpeza moral e cujas penas seriam reclusão. d) Caso negasse emprego de piloto de avião a um portador de deficiência visual. e) Ao pré-requisito de que aeromoças sejam magras para que sejam contratadas. Questão 4: Considere os itens abaixo: I. Suas relações sociais são organizadas hierarquicamente e de forma desigual. II. O clientelismo e o paternalismo são ca- racterísticas que naturalizam a relação entre Estado e Sociedade. III. O ordenamento social construído his- toricamente no país é responsável pela limitação no conceito de cidadania. Sobre o a realidade social brasileira, indi- que (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as afirmações falsas e assinale abaixo a alternativa correta: AGORAÉASUAVEZ 13 a) F; F; F. b) V; F; V. c) V; V; V. d) F; F; V. e) V; V; F. Questão 5: Considereos itens abaixo: I. É uma tendência etnocêntrica. II. É fruto de um esforço contínuo envolvendo as relações de alteridade. III. Em alguns casos, pode justificar a imposição às coletividades minoritárias de condutas típicas da maioria. Sobre o respeito à diferença, indique (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as afirmações falsas e assinale abaixo a al- ternativa correta: a) V; V; V. b) V; V; F. c) F; V; V. d) F; F; F. e) V; F; V. Questão 6: Leia a reportagem “Vovó, fica quieta deixa para lá, é por isso que eu não gosto de ser preto” – Menino de 11 anos sofre racismo no Recreio dos Bandeirantes. Disponível em: <http://www.geledes.org.br/racismo- preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo- fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que- eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11- sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes>. Acesso em: 2 jan. 2014. Considerando toda a discussão acerca das noções de diferença e desigualdade, faça uma análise crítica da situação a qual trata a notícia. Questão 7: Cruz (2009, p. 29) afirma que a discrimina- ção ilícita seria fruto de preconceitos que estigmatizam pessoas ou coletividades por meio de estereótipos. Você concorda com esta afirmação? Justi- fique. Questão 8: Explique o principio da adequabilidade e sua importância jurídica para a problemá- tica envolvendo a diferença. AGORAÉASUAVEZ http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/17189-vovo-fica-quieta-deixa-para-la-e-por-isso-que-eu-nao-gosto-de-ser-preto-menino-de-11-sofre-racismo-no-recreio-dos-bandeirantes 14 Questão 9: Cruz (2009) analisa a importância de téc- nicas linguísticas no campo jurídico, princi- palmente no que concerne à concretização do texto constitucional. Aponte quais são estas técnicas e explique, sucintamente, cada uma. Questão 10: Existem discriminações que podem ser bené- ficas no combate à desigualdade? Explique. AGORAÉASUAVEZ Neste tema, você estudou as definições de diferença, desigualdade, discriminação licita e ilícita. O entendimento acerca das diferenças conceituais apresentadas é de suma importância para que se compreenda a importância e legitimidade do direito à diferença. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO ALVAREZ, Sonia E; DAGNINO, Evelina; ESCOBAR, Arturo. Introdução – O Cultural e o Político nos Movimentos Sociais Latino-Americanos. In: ALVAREZ, Sonia E.; DAGNINO, Evelina; ESCOBAR, Arturo (Org.). Cultura e Política nos Movimentos Sociais Latino-Ameri- canos (Novas Leituras). Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001 REFERÊNCIAS 15 CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. O Direito à Diferença – As ações afirmativas como me- canismo de inclusão social de mulheres, negros, homossexuais e pessoas portadoras de deficiência. Belo horizonte: Arraes Editores, 2009 DAGNINO, Evelina (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. SP: Paz e Terra/ Unicamp, 2002. DAGNINO, Evelina. Sociedade civil, participação e cidadania: do que estamos falando? In: Políticas de ciudadania y sociedad civil en tiempos de globalización, por Daniel Mato. Caracas: FACES - Universidad Central de Venezuela, 2004. GOHN, Maria da Gloria. Teorias dos Movimentos Sociais – Paradigmas Clássicos e Con- temporâneos. SP: Edições Loyola, 2000. GOUVEIA, Tatiana. Movimentos Sociais e ONGs: dos lugares e dos sujeitos. In: Política & Sociedade: Revista de Sociológica Política/UFSC – v.1 n.5 Florianópolis, 2004 KÄRNEN, Hartmut. Movimentos Sociais: revolução no cotidiano. In: SHERER-WARREN, Ilse; KRISCHKE, Paulo (Org.). Uma revolução no Cotidiano? Novos Movimentos Sociais na América do Sul. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987 SADER, Eder. Quanto Novos Personagens Entraram em Cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da grande São Paulo, 1970-80. RJ: Paz e Terra, 1988. SHERER-WARREN, Ilse; KRISCHKE, Paulo. Apresentação. In: SHERER-WARREN, Ilse; KRISCHKE, Paulo (Org.). Uma revolução no Cotidiano? Novos Movimentos Sociais na América do Sul. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987 TELLES, Vera da Silva. Sociedade civil, direitos e espaços públicos. Revista Pólis, n. 14, 1994. REFERÊNCIAS 16 GABARITO Questão 1 Resposta: A Organização das Nações Unidades (ONU) surgiu como resultado da devastação causada pela II Guerra Mundial (1939 a 1945). A Carta das Nações Unidas foi elaborada pelos representantes de 50 países presentes à Conferência sobre Organização GLOSSÁRIO Sujeitos Políticos: Sujeito é aquele que realiza ou sofre uma ação. Na Ciência Política, o termo sujeito político é utilizado para designar aqueles indivíduos ou grupos que participam da arena decisória, influenciando nas decisões políticas de uma sociedade. Equidade: Este termo pode ser considerado muito próximo do conceito de igualdade; a diferença está no valor de justiça social que é intrínseco ao primeiro. Arendtiana: Termo utilizado para se referir ao legado da importante intelectual Hannah Arendt. Heterogêneas: O termo foi utilizado como sinônimo de diversidade. Agenda Pública: Em uma sociedade, diversos são os temas, problemas e pontos que podem surgir a partir das interações e organizações sociais. Aqueles temas que ganham visibilidade e projeção no espaço público e que poderão se transformar em ações políticas são aqueles que passam a fazer parte da agenda pública. 17 Internacional, que se reuniu em São Francisco de 25 de abril a 26 de junho de 1945. Hoje, a ONU atua nos mais diversos temas, promovendo tanto discussões quanto monitoramento e acompanhamento das situações vividas pelas populações do mundo. Para maiores informações, acesse o site da ONU no Brasil. Disponível em: <http://www.onu.org.br/>. Acesso em: 2 jan. 2014. Questão 2 Resposta: Alternativa A. Como estudado, é imprescindível a análise de casos concretos para garantir uma aplicação das normas condizente com a promoção da dignidade humana e redução das desigualdades. Questão 3 Resposta: Alternativa D. Como explica CRUZ (2009), existe a chamada business necessity, ou seja, existem casos em que a discriminação se reveste do caráter da inevitabilidade, em razão de exigências especiais do tipo de atividade, por exemplo. Este é o caso trazido pela alternativa D. Em todos os outros apresentados, a discriminação não é justificada. Questão 4 Resposta: Alternativa C. Conforme estudado, os 3 itens são verdadeiros e correspondem à realidade brasileira: marcada historicamente por um ordenamento social hierarquizado e assimétrico, em que o Estado é visto como benfeitor desta sociedade cuja noção de cidadania ainda passa longe de diversos segmentos da sociedade. Questão 5 Resposta: Alternativa B. De acordo com tudo o que foi estudado até agora, é possível afirmar que a única alternativa falsa é a III. Esta é a única alternativa que traz exemplo de violação ao respeito à diferença. Questão 6 Resposta: A reportagem traz uma denuncia de racismo que, infelizmente, não é exceção na realidade social brasileira. Devido ao histórico de escravidão, à ausência de políticas de reparação às populações negras após a abolição da escravatura, e os resultados catastróficostanto materiais quanto simbólicos que historicamente acompanham essa população, apesar de serem maioria no Brasil, são os mais atingidos pela desigualdade GABARITO http://www.onu.org.br/ 18 social. O que o episodio refletiu, foi o preconceito enraizado na sociedade brasileira que liga os negros à marginalidade, além de subalternizarem este grupo. Desta forma, a diferença (étnico racial), é vista aqui transmutada em desigualdade social. Questão 7 Resposta: Como já estudado, a diferença é marca das sociedades plurais, multiculturais. Por muito tempo, a diferença foi utilizada como fator para justificar desigualdade. Todas as características do outro que são, de alguma forma, diferentes do padrão do grupo (o Eu), tendem a ser estereotipadas e rejeitadas. Nas últimas décadas, entretanto, é possível observar um movimento no sentido de valorização destas diferenças e de combate às desigualdades. Questão 8 Resposta: Na aplicação do Direito, é de suma importância o principio da adequabilidade. Isto representa a adequação de normas válidas ao caso concreto. Com isso, torna-se possível a adequação da aplicação da lei em casos de discriminação que não seriam possíveis se a prerrogativa fosse o principio da universalização. Questão 9 Resposta: Negação: funções de repúdio, exclusão e renuncia indispensáveis à garantia do pluralismo constitucional. Ex.: Legítima a discriminação contra partidos políticos que sustentem organizações paramilitares de caráter intimidatório. Metáfora: Permite uma melhor identificação da legitimidade de uma conduta discriminatória, assim como reforça a retórica judicial estabelecendo analogias e similaridades. Metonímia: Promove um sentido de sucessividade; permite constatar que uma ordem constitucional não consegue ser neutra, por exemplo, em face da diversidade de posturas religiosas. Contudo, no campo da aplicação das normas, deve se sujeitar ao principio da adequabilidade. Questão 10 Resposta: Sim. Como Cruz (2009) explica, as discriminações lícitas são aquelas que surgem como forma de garantir o respeito à diferença. GABARITO 19
Compartilhar