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1 UNIDADE 
Forma, espaço e ordem 
1 Elementos primários 
 
Esta unidade apresentará os elementos primários da Forma, explicando o conceito de cada um 
deles e contextualizando-os dentro do contexto arquitetônico, visando contribuir para o 
enriquecimento da formação do profissional da área de arquitetura. 
O entendimento desta disciplina se faz necessário para que o estudante disponha de ferramentas 
e saiba utilizá-las em sua vida profissional da melhor maneira possível. O estudante aprenderá 
sobre as formas, cores, texturas e os materiais com os quais é possível trabalhar no âmbito 
profissional para além do básico. De acordo com Paul Klee (1961 apud CHING, 2002, p.1): 
Toda forma pictórica começa com o ponto que se desloca em movimento [...]. O ponto se move [...] 
e a reta nasce – a primeira dimensão. Se a reta se desloca para a forma um plano, obtemos um 
elemento bidimensional. No movimento do plano para espaços, o encontro de planos do surgimento 
ao corpo (tridimensional) [...]. Uma síntese de energias cinéticas que movem o ponto convertendo-
o em reta, a reta convertendo-o em plano e o plano convertendo-o em uma dimensão espacial. 
 
Figura 1 - CroquiFonte: Svjatoslav Andreichyn, shutterstock, 2020. 
#PraCegoVer: na imagem aparece um croqui de uma edificação em plano elevado, com linhas 
predominantemente retas e fachada de vidro. 
 
1.1 Ponto 
Indica uma posição no espaço, é estático, sem comprimento, largura ou profundidade, é 
centralizado e sem direção. Teoricamente, não possui uma forma ou um formato até que seja 
inserido em um campo visual central – organizando os elementos ao seu entorno, ou deslocado – 
criando uma tensão visual com seu campo. 
Como um ponto não tem dimensão para marcar uma posição no espaço, é preciso projetá-lo na 
vertical, onde sua vista em plano é um ponto. Sendo assim, ele conserva a sua característica visual. 
Torres, obeliscos e colunas são exemplos dentro da arquitetura. 
 
1.2 Reta 
Transladando um ponto se tem uma reta que não possui largura nem profundidade, porém tem 
comprimento. A reta visualmente exprime movimento, direção e desenvolvimento, sendo de suma 
importância na formação de uma estrutura visual. Sendo que esta pode ser afeta pela direção da 
reta, onde na vertical traz equilíbrio e na horizontal estabilidade. 
Na arquitetura nem sempre será um elemento visível, a reta pode ser representa por exemplo por 
um eixo entre dois pontos, onde os elementos são simetricamente colocados ao longo de seu 
percurso, sendo a reta uma “linha” imaginaria ligando dois pontos. 
1.3 Plano 
Ao transladar uma reta que não seja em torno de seu próprio eixo, cria-se um plano dotado 
comprimento, largura, formato, orientação, posição e superfície, não contendo profundidade. O 
plano, portanto, é muito importante na arquitetura, pois define os limites de um volume. Esse 
elemento é dividido genericamente em três tipo: plano de base, plano das paredes e plano superior. 
 
 Plano de base 
Este se subdivide em plano de solo – que é a superfície em que a construção se apoia, podendo 
ser assentado ou elevado em relação a ela – e plano de piso – que é a superfície inferior por 
onde caminhamos, podendo ter terraços ou degraus caso se faça necessário, assim como 
possuir diversas paginações, cores e texturas a fim de compor o espaço. 
 Plano das Paredes 
É o plano que molda e delimita o espaço arquitetônico, seja ele externo ou interno. O externo 
protege a construção dos fenômenos climáticos, trazendo privacidade ao seu interior. Já o 
interno modela o formato dos espaços e, enquanto elemento arquitetônico, pode se juntar ao 
plano teto ou ao plano piso, criando uma unidade dentro do ambiente. 
 Plano superior 
Subdivide-se em plano cobertura – como próprio nome já diz é a cobertura exterior da edificação 
que a protegerá das intempéries climáticas. Esse plano ajuda a moldar a construção, pois pode 
ser alinhado à edificação ou ter as laterais sobressalentes. Todas as possibilidades dependem 
da intenção de sensação que se pretende causar com determinada edificação. O plano teto, 
que é o lado de baixo de um piso superior, fica situado no lado interno da construção, podendo 
ser rebaixado ou ressaltado, bem como servir de complemento ao contexto do ambiente quando 
sobre ele se utilizar, por exemplo, cores, texturas e pinturas. 
FIQUE DE OLHO: O estudo dos elementos primários é de grande valia dentro da Expressão 
Plástica, pois é a partir deles que se começa a criar os traços que irão gerar mais para frente a 
arquitetura. Sendo assim, recomendamos a leitura do livro Ponto e linha sobre plano, de Wassily 
Kandinsky. 
1.4 Volume 
Quando um plano translada em uma direção que não seja a sua direção intrínseca temos um 
volume, com comprimento, largura, profundidade, forma, espaço, superfície, orientação e posição. 
Esse elemento é tridimensional e pode tanto ocupar uma massa no espaço, sendo assim um 
volume sólido (como os edifícios, por exemplo), quanto estar delimitado por dois planos: base, teto 
ou parede, assim seria um volume vazio entre os planos. 
 
2 Forma 
Forma é um termo muito abrangente; dentro da arquitetura, é fundamental para a concepção de 
um projeto. Não existe arquitetura sem forma. Forma é luz, cor, textura, por isso é extremamente 
importante o seu estudo: saber como usar, como compor, como tornar um sólido primário uma 
construção arquitetônica que imprima sua identidade e que perdure através do tempo, sendo 
lembrada, estudada e admirada. 
Para isso, trataremos aqui do conceito de forma, suas propriedades e seus tipos, apresentando 
também a sua importância e como ela é aplicada dentro da arquitetura. 
 
2.1 Conceito de forma 
Dentro de um projeto, é usado na estrutura formal de um trabalho, na maneira como são dispostos 
e coordenados os elementos e as partes de uma composição para que se tenha uma imagem 
coerente, definiu Ching (2002). Por se tratar de um elemento tridimensional, a forma possui 
propriedades visuais, como o formato, a textura, a cor e o tamanho. Também abrange propriedades 
que regem a composição de elementos e padrões, sendo elas: posição, orientação e inércia visual 
da forma. Segundo Gomes Filho (2004, p.39): “a forma pode ser definida como a figura ou a imagem 
visível do conteúdo. De um modo mais prático, ela nos informa sobre a natureza da aparência 
externa de alguma coisa. Tudo que se vê possui forma.” 
 
 
2.2 Propriedades visuais 
Dentro das propriedades visuais da forma, o formato é um dos principais aspectos para se 
identificar e classificá-la já que se trata do contorno característico da forma. Dentro da arquitetura, 
ele se volta para os formatos de plano de teto, parede e solo responsáveis por delimitar o espaço, 
para as aberturas das portas e janelas de espaços delimitados e o perfil das formas arquitetônicas. 
O tamanho se refere às suas dimensões – comprimento, largura e profundidade. 
A cor nada mais é do que o fenômeno de luz e percepção visual que auxilia na distinção da forma 
em relação ao ambiente. 
A textura agrega qualidade tátil à forma e também influencia na questão da absorção e reflexão da 
luz em relação a ela. 
As propriedades visuais trazem também propriedades que regem a composição de seus elementos, 
assim como seus padrões, sendo elas: 
 
A posição da forma: que é o posicionamento que ela ocupa em relação ao seu campo visual e 
ou entorno. 
A orientação: que é a direção da forma em relação ao seu plano de solo, ao observador ou 
outras formas. 
A inércia visual: que depende da geometria da forma, como ela estará orientada em relação ao 
seu plano de solo e estabilidade visual. 
Todas essas propriedades da forma dependem das condições em que são observadas a questão 
do ângulo, a incidência ou não de luz, a distância, o entorno, dentre outros fatores que influenciam 
na maneira como a forma é vista. 
Sendo assim, o estudo e a concepção da forma na arquitetura é de alta importância para se criar 
monumentos, grandes edificações com uma forma impactante...A forma deste elemento 
construtivo com toda certeza faz a diferença. 
 
2.3 Figuras primárias 
De acordo com a Escola Gestalt, a mente humana tende a simplificar o meio visual para facilitar a 
sua compreensão. Ching (2002) nos diz ainda que seguimos a tendência de reduzir o tema a 
formatos mais simples e regulares, novamente com a intenção de tornar mais fácil a sua 
compreensão e percepção. 
Na geometria, figuras regulares são círculos e uma série infinita de polígonos, onde os mais 
relevantes são os círculos, os triângulos e os quadrados. 
O círculo é uma curva plana limitada por uma circunferência, sendo a união desta com todas as 
partes internas a ela. É também uma figura centralizada, introvertida e estável. 
O triângulo é uma figura plana formada por três lados e três ângulos internos, e pode ser 
considerado estável se apoiado sobre um de seus lados ou instável caso esteja apoiado sobre um 
de seus vértices. 
O quadrado é uma figura plana formada por quatro lados e quatro ângulos retos. Não possui direção 
dominante, é neutro e estático e representa o puro e racional. Derivando dele, temos os retângulos, 
obtidos através da modificação da altura ou da largura de um quadrado. Quando está em repouso 
sobre um de seus lados, é considerado estável, caso o repouso seja sobre um de seus vértices, 
passa a ser considerado instável. 
 
 
 
 
2.4 Sólidos primários 
As figuras primárias, se colocadas em rotação, criam os chamados sólidos primários: do círculo se 
criam as esferas e cilindros; do triângulo, os cones e as pirâmides; e do quadrado, os cubos. 
As esferas são obtidas através da rotação de um semicírculo em torno de um eixo, sendo 
equidistante do centro em todos os pontos. É concentrada e centralizada, mantendo o seu formato 
circular preservado de qualquer ponto que se olhar para ela. 
Os cilindros são obtidos pela rotação de um retângulo sobre um de seus lados. Podendo ser estável 
quando sobre uma de suas bases circulares ou instável se sobre um de seus lados. 
Através da rotação de um triângulo retângulo sobre um de seus catetos temos o cone, este é estável 
sobre a sua base ou instável se inclinado ou virado de cabeça para baixo. 
Quando há o encontro das faces de um triângulo em um ponto ou vértice temos a pirâmide. Figura 
dura e angular. 
Já o cubo é o resultado da igualdade de dimensões, com seis faces quadradas e doze arestas 
iguais. 
As formas podem ser regulares, que como o próprio nome já diz são formas que estão relacionadas 
de maneira consistente e organizada. As formas irregulares se relacionam de maneira incoerente. 
 
2.5 Transformação da forma 
Todas as outras formas que não são os sólidos primários podem ser obtidas através da 
transformação deles, podendo ser por subtração, quando se tira uma parte do sólido para se ter 
outro de maneira dimensional, onde se altera comprimento ou largura da forma; ou por adição, 
onde se agrega outro elemento à forma já existente. 
A transformação da forma por adição tem algumas vertentes, sendo elas: a tensão espacial, contato 
aresta com aresta, contato face a face e volumes interseccionados. Tendo sua relação com a 
natureza através da forma centralizada, linear, radial, aglomerada ou em malha. 
Nem sempre é necessário que as formas sejam idênticas, quadrado com quadrado por exemplo, 
podemos colidir formas geométricas diferentes para obtermos novas formas. Sendo assim, 
podemos usar um triângulo com um quadrado, onde elas podem se desenvolver subvertendo-se 
uma forma a outra, fundindo as suas diferenças e criando uma nova forma, uma das formas pode 
receber a outra em seu interior, as formas podem conversar uma com a outra preservando suas 
características originas, ou ainda se ligarem através de um terceiro elemento. 
 
2.6 Articulação da forma 
De acordo com Ching (2002), a articulação se refere à maneira como as superfícies de uma forma 
se juntam com o propósito de definir seu formato e volume, podendo se articular diferenciando seus 
planos contínuos através da mudança de cor, material ou textura; por exemplo, desenvolver cantos 
lineares distintos ou remover estes para separar fisicamente os planos ou através da iluminação de 
cantos e arestas, criando contrates de tons. 
 
A arquitetura é entendida, dentre outras definições, como a arte de articular espaços, isso porque 
ela é a responsável por adequar os espaços ao seu uso correto, tanto em função quanto em 
proporção e tamanho, pois de nada adianta ter um amplo espaço se a sua função não o exige, ou 
ter um espaço muito reduzido em relação ao seu uso. 
 
2.7 Arestas e cantos 
Como a articulação de uma forma em grande parte depende da maneira como suas superfícies se 
encontram nos cantos, esse encontro é crucial para a definição de clareza da forma, sua percepção 
pode ser afetada pela questão da luz, assim como pelo ponto de vista. 
Quando dois cantos apenas se tocam, como nas esquinas, sua volumetria é ressaltada. Se houver 
uma abertura em um dos cantos, parecerá que eles estão desviando um do outro. Quando nenhum 
dos cantos se prolonga até seu encontro, é criado um espaço entre eles para o substituir, o que 
degrada a forma, já que permite que os limites sejam ultrapassados. 
Arredondar os cantos traz a continuidade e suaviza a forma, sempre levando em consideração o 
seu raio para que não seja nem insignificante nem deteriore a forma. 
 
2.8 Superfícies articuladas 
A percepção do ser humano em relação a um plano é diretamente influenciada pelas 
propriedades de sua superfície, onde a cor pode destacar ou não o seu formato em relação ao 
campo visual. A cor também afeta a questão de escala e absorção de luz de um plano, assim 
como as texturas. 
Para se ter uma vista real do formato do plano, é necessário observá-lo de frente, pois vistas 
oblíquas distorcem seu real formato. 
Na questão da escala, ter um objeto de tamanho conhecido inserido no plano auxilia na relação 
com o real. De acordo com Ching (2002, p.87): “a cor, a textura e o padrão das superfícies 
articulam a existência dos planos e influenciam o peso visual da forma.” 
Quando falamos em peso visual de uma forma, estamos nos referindo ao impacto visual que essa 
forma causa, como ela se enquadra em relação ao seu entorno, quanto maior o peso visual, mais 
impactante será a edificação, mais ela estará em destaque em relação ao seu entorno. A escala 
exerce grande influência nesta composição. Portanto, é muito importante e ater a essa questão, 
pois nem sempre é a intenção pretendida. 
 
 
 
Figura 2 - Congresso Nacional – BrasiliaFonte: Diego Grandi, shutterstock, 2020 
 
#PraCegoVer: Na imagem temos o Congresso Nacional em Brasília. Um lago à frente, com duas 
edificações verticais ao centro e em cada um dos lados uma meia esfera. Do lado direto da imagem, 
a meia esfera está voltada para cima, e do lado esquerdo está voltada para baixo. 
 
2.9 Forma aplicada à arquitetura 
Na arquitetura, até se chegar à concepção final de um projeto é um longo processo. Saber entender 
e interpretar a questão da forma e a função entre outros elementos é muito importante, pois traz 
confiança, conhecimento e forma um profissional de alto gabarito. 
A forma não se define somente por figuras geométricas, porém entender de geometria é primordial, 
pois na arquitetura ela é muito mais que isso, é o que confere a impressão que a edificação irá 
passar, a intenção do arquiteto ao projetar de determinada maneira. O profissional pode utilizar 
diversas técnicas, formas regulares, irregulares, transformado uma forma em outra por subtração, 
por exemplo, ou por adição. Assim se conferem elementos diferentes ao espaço arquitetônico. 
Ao fazer as transformações da forma, o arquiteto cria novas formas que vão construindo o contexto 
de seu entorno. Sendo assim, cabe ao arquiteto, através de seu conhecimento e de sua criatividade, 
buscar formas que resolvam e atendam às necessidades de um povo, uma época ou um estilo. 
Para isso, o profissional precisa saber interpretar para criar. 
Por que é importantesabermos essas definições de forma? Se são regulares ou não, sólidos 
primários, entre outros conceitos citados... Isso é relevante dentro da arquitetura partindo do 
princípio de que sem forma não se faz arquitetura. O arquiteto deve usar todo conhecimento 
possível para se guiar na hora de projetar, para que a forma não limite à sua criatividade, e sim 
some a ela, conseguindo definir com maior clareza os seus projetos. 
Importa saber exatamente a sensação que se quer passar com a obra, pois arquitetura não é 
somente a construção de uma edificação, ela vai muito além disso. Arquitetura é um estado de 
espirito, envolve sensações ligadas ao emocional que podem remeter tanto a coisas boas quanto 
ruins. Quando entramos em um edifício no qual o plano teto é muito alto, temos a sensação de 
inferioridade diante mesmo. Por outro lado, se o teto é muito baixo, a sensação é de achatamento. 
Assim como as calçadas podem indicar uma direção, também podem trazer a sensação de 
movimento. Tudo depende do que se quer transmitir com essa construção, seja um cômodo interno 
de uma residência ou um ambiente comercial. 
 
 
 
Figura 3 - Taj Mahal – ÍndiaFonte: Yury Taranik, shutterstock, 2020. 
 
#PraCegoVer: Na imagem temos um espelho d’água com vegetação horizontal em suas laterais 
criando um caminho até o monumento Taj Mahal. 
 
3 Conceito de Espaço 
Espaço é o volume da forma ou o vazio existente entre as formas. É a realidade onde se concretiza 
a arquitetura, caracterizando-se como o principal meio para a arquitetura. Sem compreendê-lo em 
sua essência, não se faz arquitetura. É importante conhecer os elementos que definem e delimitam 
os espaços, implicando na qualidade do trabalho. 
 
3.1 Elementos que definem o espaço 
Estes elementos são planos que podem ser horizontais ou verticais, isto referente a forma, onde a 
variação em sua configuração altera o campo visual, gerando tipos específicos de espaço. 
 
 
 
Elementos horizontais 
Os planos horizontais se compreendem em plano de base (rebaixada ou elevada) e plano superior. 
Sendo o plano de base um plano horizontal que se situa como uma figura sobre um fundo 
contrastante definindo um campo de espaço simples, segundo Ching (2002) esse campo pode ser 
reforçado das seguintes maneiras: 
 
 PLANO DE BASE ELEVADO: é um plano horizontal elevado acima do plano de solo com 
superfícies verticais que reforçam a separação entre o seu campo e o do solo circundante. 
Implica mudanças de nível que definem os limites de seu campo e interrompem o fluxo de 
espaço pela sua superfície. Dependendo da escala dessa mudança de nível, pode ter 
continuidade visual e espacial mantida; continuidade visual mantida e espacial interrompida; ou, 
ainda, ter ambas interrompidas. O plano elevado pode ser natural, quando o terreno em si já o 
possui, ou ser construído – utilizado comumente em edificações de templos a fim de enaltecer 
a construção. 
 
 PLANO DE BASE REBAIXADO: é um plano horizontal onde o solo circundante representa uma 
depressão utilizando as superfícies verticais rebaixadas para a definição do volume do espaço. 
Assim como no plano de base elevado, a escala dessa mudança de nível interfere na 
continuidade visual do espaço ao seu redor. 
 
 PLANO SUPERIOR: é um plano horizontal situado acima do nível da cabeça, determinando um 
volume de espaço entre ele e o plano de solo. De acordo com seu tamanho, formato e altura 
que está em relação ao plano de solo, será determinada sua qualidade formal no espaço. 
Quando apoiado sobre pilares ou colunas, ajudam a organizar visualmente as divisas do espaço 
sem impedimento do fluxo. 
 
Podendo permanecer como parte integrante do mesmo, caso haja uma interrupção no plano de 
solo ou caso a escavação tenha sua profundidade aumentada, o plano rebaixado terá sua relação 
visual diminuída, o que o torna um volume distinto no espaço que traz privacidade, intimidade. Isso 
ocorre, por exemplo, em ambientes internos amplos que têm uma porção de seu espaço rebaixado. 
Outros exemplos na arquitetura são as praças, os anfiteatros e as arenas. 
Subdividido em plano de cobertura e plano de teto (conceituados anteriormente). O primeiro 
complementa e protege a construção, além de ser responsável por moldar os espaços de uma 
edificação, tendo a sua forma determinada pelo material, pela geometria ou pela sua carga 
estrutural. Já o plano de teto pode refletir a forma do sistema estrutural pelo qual está apoiado, do 
piso superior ou do plano de cobertura. Visualmente ativo no espaço quando separado dos demais 
planos, visto que não possui as funções de proteção ou de suportar e transferir grandes cargas 
como o plano de cobertura. 
Arquitetonicamente falando, o plano de teto pode separar ambientes dentro de espaços internos, 
sendo elevado ou rebaixado afim de mudar a escala do local, abranger abertura que permite a 
entrada de luz ou iluminação zenital. Dependendo da maneira que um material é aplicado em sua 
superfície, o plano de teto pode criar movimento que induz à circulação. 
 
 
 
Figura 4 - Representação de um plano elevado na arquiteturaFonte: Fotohunter, shutterstock, 
2020. 
#PraCegoVer: Na imagem temos uma longa escadaria e no topo uma edificação. Trata-se do Salão 
da Harmonia Suprema em Pequim, na China. 
 
Elementos verticais 
Os elementos verticais são mais eficientes quando falamos em definição de um volume isolado no 
espaço, isso porque a sua presença nele é maior em comparação aos planos horizontais. Essa 
colocação é facilmente percebida quando, por exemplo, comparamos uma cobertura com uma 
coluna, onde visualmente a segunda é notada com maior facilidade. Têm como função, por 
exemplo, separar um espaço do outro estabelecendo limites comuns entro o interno e o externo. 
Podem ser formados por um plano único, um plano em L, um pano paralelo, plano em U ou plano 
fechado. 
 
1. Plano único se configura por um único plano vertical que se articula para frente no espaço, logo, 
possui características frontais, como as fachadas dos edifícios, os pórticos de passagem ou 
articulando espaços dentro de um maior que ele. 
 
2. Planos em L são aqueles criados quando há o encontro de dois cantos ao longo de um eixo 
diagonal. Por serem abertos, conseguem ser utilizados de diversas formas e em diferentes 
configurações dentro do espaço. Remetem, arquitetonicamente falando a abrigos e 
delimitações de espaço 
 
3. Planos paralelos são formados por dois planos verticais em paralelo, definindo um campo entre 
si. O espaço entre eles é naturalmente expansivo, visto que não há encontro entre os planos. 
Na arquitetura, estão ligados a espaços que remetam a movimento, direção e circulação, como 
por exemplo as ruas, avenidas, alamedas e bulevares. Dentro das edificações, compreendem 
os corredores e as galerias. 
 
4. Plano em U existe quando há encontro de três planos unidos por suas arestas, possuindo uma 
extremidade aberta que lhe permite visão do campo exterior a ele. Dentro da arquitetura, pode 
formar uma entrada recuada de um edifício ou servir de receptáculo para um elemento que 
possua maior importância na construção. Sua escala sofre diferentes variações, podendo se 
tratar desde um nicho na parede, passando por cômodos de uma residência até um complexo 
de edificações. 
 
5. Plano fechado (plano de fechamento ou quatro planos) acontece quando se juntam quatro 
planos verticais que delimitam o espaço que, devido à sua configuração, é de natureza 
reservada. Com certeza é o plano mais utilizado na arquitetura, desde seu uso histórico para 
formar o campo visual e espacial de edificações sagrada, como os monastérios e santuários, 
até as grandes praças presentes em centros urbanos de todas as épocas. Também é 
extremamente comum em ambientes internos, principalmente em recintos reservados, como 
quartos, banheiros e na organização dos prédios no ambiente urbano. 
 
3.2 Aberturas 
Após entendermos os elementos que definem o espaço e como se apresentam na natureza, é 
importante aprendersobre as aberturas que podem existir nesses elementos, sendo elas as portas 
e as janelas, responsáveis por permitir o acesso aos recintos, assim como o fluxo dentro deles, 
visto que uma sequência interminável de portas atrapalha o fluxo de passagem em corredor, por 
exemplo. As aberturas permitem a entrada de luz e a ventilação natural através das janelas, além 
de permitir uma vista do lado de fora do recinto, criando um elo de ligação no campo visual. 
As aberturas podem estar dentro dos planos, em seus cantos ou entre eles, sendo cada uma delas 
aplicada a fim de se obter um resultado, uma sensação. 
 Aberturas dentro dos planos: totalmente inseridas dentro de outro plano, podendo possuir o 
mesmo formato que ele, criando uma unidade, um padrão; ou ser diferente, destacando a sua 
individualidade. Pode se tratar apenas de uma abertura ou uma reunião de aberturas dispostas de 
maneira organizada ou de modo aleatório, criando movimento. 
 Aberturas em cantos: localizam-se em um canto do espaço e serve para iluminá-lo de maneira 
perpendicular. 
 Abertura entre planos: são aquelas que se estendem do piso ao teto no sentido vertical através 
de um plano de parede no sentido horizontal, ou ainda como claraboias que permitem a entrada 
de luz através do teto. 
 
3.3 Aplicação na arquitetura 
Espaço é o vazio entre as formas. De uma maneira mais compreensível dentro da arquitetura, seria 
o que tem sido modificado pelo homem ao longo da história, com significados próprios ligados à 
cultura, à psicologia e aos sentimentos dos povos que o ocupam. Conforme Ching (2002, p.92): “à 
medida que o espaço começa a ser capturado, encerrado, moldado e organizado pelos elementos 
da massa, a arquitetura começa a existir.” 
Esse conceito confere propósito a uma edificação, que acomoda dentro dela diversas funções que 
cabem ao arquiteto atribuir respeitando o programa de necessidades. Algumas variáveis são 
manipuláveis pelos arquitetos, podendo facilitar este processo, como por exemplo a questão do 
tamanho, que pode ser alterado tanto para mais quanto para menos; sua organização, delimitando 
os acessos, podendo ser comuns ou restritos dependendo do uso; e a utilização de materiais, 
iluminação e temperatura, determinando a maneira como será percebido no campo visual em que 
estiver inserido. 
As colunas, os pilares e os pilotis, elementos verticais, dependendo da forma como são dispostos 
podem, por exemplo, oferecer ao espaço uma continuidade tanto visual quanto espacial, criando 
ritmo e dando movimento à fachada de um edifício. 
A obra arquitetônica primeiramente ocupa o âmbito do intelecto. O arquiteto vai imaginar e criar 
mentalmente o espaço para somente depois passar essa ideia para o papel. Nem sempre sua ideia 
será executada, e quando for pode ter sido alterada milhares de vezes por diversos motivos, como 
adequação ao clima, região, topografia, questões ambientais de custo etc. Por isso tamanha 
importância em conhecer o conceito e as variantes de espaço. 
Sendo assim, compreender todos os conceitos que envolvem o espaço é primordial, assim como 
os elementos que o compõem para que, a partir daí, o arquiteto possa partir para a parte prática de 
concepção do projeto. 
 
 
 
Figura 5 - Representação de elementos verticais organizados de maneira linearFonte: Luciano 
Mortula, shutterstock, 2020. 
 
4 Qualidade do espaço na arquitetura 
A qualidade do espaço na arquitetura vai muito além do que os diagramas são capazes de retratar, 
onde o tamanho, o formato e a localização das aberturas influenciam diretamente as qualidades 
como delimitação do espaço, luz, e vista dentro de um ambiente. Saber manipular essas qualidades 
dentro do espaço é essencial para oferecer harmonia, equilíbrio de cores, texturas e matérias de 
luz e sombra dentro dos ambientes. Cada uma guia o arquiteto para a concepção do seu projeto. 
No grau de delimitação do espaço, as aberturas podem estar situadas totalmente dentro do plano 
delimitado do espaço, mantendo a forma deste inalterada; podem estar ao longo das arestas do 
plano de delimitação, deixando a forma do espaço mais escura, mas mantendo a continuidade 
visual; ou podem estar situadas entre os planos, fazendo com que ele se isole e proporcione 
individualidade. 
Temos na natureza a maior fonte de luz natural que é o sol. Sua irradiação determina e, portanto, 
está diretamente ligada às horas do dia, às estações do ano e à localização no globo terrestre. 
Sabendo disso, é possível optar pelo uso de janelas e claraboias para mediar a quantidade de luz 
solar que se deseja dentro de um ambiente, levando em consideração o tamanho da abertura e a 
sua orientação. Enquanto as aberturas são responsáveis pela quantidade de luz que adentra no 
recinto, a cor e a textura das superfícies afetam a reflexão. 
Outro ponto importante dentro da qualidade do espaço é a vista, a paisagem que será enxergada 
pelo usuário através da abertura. Pequenas aberturas permitem ver a paisagem como se tivesse 
moldura; por outro lado, quando são maiores temos a sensação de amplitude para fora, como se o 
ambiente se estendesse para além de suas paredes. 
 
4.1 Organização dos espaços 
Raramente uma forma cria um espaço isolado. Na arquitetura, os mais comuns e aplicados são os 
espaços compostos por um determinado número de edificações organizadas de maneira coerente 
entre forma e espaço. Os principais esquemas de combinação desses elementos são os espaços 
dentro dos espaços, os intersecionais, os adjacentes e os ligados por um espaço em comum. 
 
 
 
 Espaço dentro de espaço é quando um maior contém um menor em seu interior. É importante 
ter uma diferença de tamanho, pois caso o espaço menor cresça muito em relação ao maior, 
este perde a sua forma de espaço envolvente. A forma que abrangem esses espaços pode ser 
igual com orientação diferente, a fim de chamar mais atenção; ou eles podem possuir formas 
divergentes para enfatizar um volume livre que pode ter funções diferentes de espaço. 
 Espaços interseccionados acontecem quando se faz a superposição de dois espaços e há o 
surgimento de uma área em comum. Podem esses espaços se fundirem um ao outro ou criar 
um novo espaço que sirva de ligação entre os espaços originais. 
 Nos espaços adjacentes, cada espaço é bem definido, tendo sua própria função e simbologia, 
sua própria continuidade visual diretamente ligada ao plano que pode tanto uni-los quanto 
separá-los. 
 Espaços ligados por um espaço em comum são aqueles conectados por um terceiro elemento 
que os une. Podem ser de igual tamanho e formato, criando um espaço linear por exemplo, ou 
ter o elemento de ligação com formato e tamanho diferentes a fim de criar sequências diferentes. 
A maneira como os espaços são organizados na arquitetura revela a sua importância dentro das 
edificações. Para saber ao certo qual a melhor forma de organizá-los, é importante levar em 
consideração as exigências de cada espaço: se o mais importante é a função ou a forma; se serão 
flexíveis; sua exposição ao lado externo para ventilação, iluminação e vista; privacidade; 
acessibilidade; significado etc. Para isso, são divididos em organizações centralizadas, lineares, 
radiais, aglomeradas ou em malhas, onde cada uma traz ao edifício um significado ligado à maneira 
como está organizado no espaço. 
Uma organização centralizada está diretamente relacionada ao centro, este tipo de edificação é 
dominante em relação ao seu entorno. As lineares são uma sequência repetida de espaços em 
linha que possuem tamanho, forma e função parecidas. A radial é em raio, a partir de um centro do 
qual partem organizações lineares. As aglomeradas são espaços que se agrupam pela função ou 
proximidade e trazem flexibilidade. Por fim, a organização em malha que é aquela em que os 
espaços são organizados a partir de uma malha estrutural, como por exemplo as vigas e as colunas. 
 
5 Ordem 
Os princípios de ordem dentro da arquitetura não são somente as formas geométricas; são, para 
além disso,os recursos visuais que possibilitam, de forma organizada, única e harmoniosa, a 
percepção de formas e espaços. De acordo com Ching (2002, p.320): “ordem sem diversidade pode 
resultar em monotonia e enfado; diversidade sem ordem pode produzir caos. Um sentido de 
unidade com variedade é o ideal.” 
As palavras de Ching (2002) nos induzem à conclusão de que a ordem em que o espaço conduz 
as formas é de grande importância, pois de nada adianta ter a forma perfeita no espaço ideal se 
não souber ordená-lo. Assim, pode-se perder toda a intenção pretendida pelo simples fato de não 
fazer valer o princípio correto de ordem para determinada edificação. 
 
5.1. Princípios 
Os princípios de ordem que auxiliam na organização espacial das formas são o eixo, a simetria, o 
ritmo, o dado, a hierarquia e, por fim, porém não menos importante, a transformação. A partir de 
seu estudo e aplicação, o arquiteto consegue imprimir ao espaço o que desejou em projeto. 
 
 O eixo é primordial na organização de formas e espaços. É um recurso poderoso, dominante e 
regulador, mesmo que exista somente em nossas mentes. Para que mentalmente exista, é 
necessária uma forma ou um espaço em ambos os lados da linha imaginária traçada entre dois 
pontos, ladeada por formas regulares. 
 A simetria está diretamente ligada à existência de um eixo. Chamamos de simétrico um espaço 
quando temos elementos semelhantes dos dois lados da linha imaginária traçada em seu eixo, 
podendo ser bilateral ou radial. 
 A hierarquia reflete o grau de importância das formas e dos espaços a partir de um tamanho 
extremamente maior, um formato único ou uma localização privilegiada. 
 O dado é um referencial para outros elementos, podendo ser um plano ou um volume. É através 
dele que plano e volume se reúnem afim de organizar os espaços. 
 O ritmo pode ser o movimento de nossos olhos ou corpos através de espaços que trazem a 
repetição padronizada de elementos, seja esse padrão encontrado em sua forma, tamanho ou 
características em comum. 
 A transformação é o princípio de que elementos podem ser alterados sem prejuízo de sua 
identidade, e sim para agregar. Pode-se transformar uma forma em outra a partir de um protótipo 
para que atenda às necessidades especificas de um projeto. 
Conforme exposto, a ordem dentro da arquitetura é complexa e de grande valia. A partir da ordem 
podemos transformar elementos agregando valor à sua forma original, impor ritmo a uma 
edificação, usar elementos idênticos ao longo de um eixo, entre outras situações. 
O estudo da ordem nos mostra que esta, junto com a forma e o espaço, complementa e faz a 
arquitetura existir. Alguns exemplos de princípios da ordem na arquitetura são os eixos 
monumentais em grandes cidades, onde uma forma é ligada a outra de menor ou igual importância 
no espaço através de uma linha imaginária, o eixo, podendo em sua extensão ter elementos 
simétricos ou não. 
Ao colocarmos lado a lado uma série de colunas de forma ordenada, criamos o ritmo, dando a 
sensação de movimento ao se percorrer um caminho ladeado por elementos verticais definidores 
de espaço. Como exemplo, temos a entrada da Igreja de Notre Dame, na França. 
A simetria nos traz uma unidade visual quando traçamos uma linha imaginária em seu eixo e, de 
ambos os lados, temos as mesmas formas e tamanhos; recurso bastante utilizado na arquitetura 
de interiores, mais especificamente em designer de mobiliário. 
Todos esses princípios auxiliam na composição arquitetônica de um espaço tanto externo quanto 
interno, propiciando uma arquitetura de qualidade não somente pela aplicação de conceitos, mas 
também oferecendo à construção um viés subjetivo com a oportunidade de desfrutar outras 
sensações. 
 
FIQUE DE OLHO: Como vimos, a arquitetura vai além de meras formas geométricas dispostas no 
espaço visual; ela compreende também o lado subjetivo do ser humano, transmitindo sensações 
e sentimentos através de suas formas. Para entender melhor a subjetividade das formas, 
recomendamos a leitura do livro Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma, de João 
Gomes Filho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 UNIDADE 
ESPAÇO E FORMA 
1 Movimento 
Todo estudo possui um contexto apropriado, com um panorama de elementos, sistemas e 
organizações básicos que compõem uma obra de arquitetura ou um desenho artístico. Estes 
componentes podem ser percebidos e experimentados. Entretanto, nem todos são imediatamente 
perceptíveis, enquanto outros se mostram mais obscuros ao nosso intelecto e sentidos. Conforme 
Ching (2013), alguns talvez sejam dominantes, enquanto outros desempenham um papel 
secundário na organização de uma edificação. Alguns talvez traduzam imagens e significados, 
enquanto outros servem como qualificadores ou modificadores dessas mensagens. 
Falaremos adiante sobre como os elementos e sistemas devem estar relacionados entre si para 
formarem um todo integrado com uma estrutura unificadora ou coerente. Novamente conforme 
Ching (2013), a ordem da arquitetura é criada quando a organização das partes torna visível o seu 
relacionamento com cada uma delas e com a estrutura como um todo. Quando essas relações são 
percebidas como reforçando e contribuindo mutuamente para a natureza singular do todo, temos a 
existência de uma ordem conceitual – uma ordem que pode, inclusive, ser mais duradoura que as 
visões perceptivas transitórias. 
2 Formas que traduzem movimento 
Apresentaremos aqui os elementos primários na busca de formas que traduzam o movimento de 
maneira que, unidas desde o ponto até uma reta unidimensional e de um plano até um volume 
tridimensional (CHING, 2013, p.16) possam representar elementos visuais. Conforme demonstrado 
na Figura 1, quando juntamos elementos no espaço tridimensional, seja um ponto, uma reta ou um 
plano, somos capazes de perceber sua estrutura e até mesmo a presença dos elementos 
primários. 
Quando buscamos nos comunicar por meio da linguagem gráfica com outras pessoas, precisamos 
representar e ilustrar graficamente tudo aquilo que “objetivamos” que o leitor perceba. Para isso, 
utilizamos as formas, sejam elas primárias ou secundárias, como um meio de representação que 
permite compreender movimento e os elementos em projetos de interiores. 
 
Figura 1 - Uso de elementos primários para criar formasFonte: CHING, 2013, p. 2 (Adaptado). 
#PraCegoVer: Na imagem temos as formas primárias representadas por um ponto, seguido de 
retas que se transformam em planos e volumes. 
 
Ching (2013) afirma que os principais geradores da forma são os seguintes elementos: o ponto, 
a reta, o plano e o volume. O ponto é apenas um ponto, a reta possui uma dimensão, o plano 
possui duas dimensões e o volume possui três dimensões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe o Quadro 1: 
 
 
Quadro 1 - Formas criadas a partir de elementos primáriosFonte: CHING, 2013, p. 17 (Adaptado). 
#PraCegoVer: O quadro apresenta três colunas. Na primeira, estão escritos os nomes dos 
conceitos: ponto, reta, plano e volume. A segunda coluna contém a descrição de cada elemento, 
e na terceira coluna há uma representação gráfica de cada um. 
FIQUE DE OLHO: Alguns autores exploram muito o uso das formas em seus livros, como por 
exemplo os arquitetos Francis D. K. Ching e Gildo Montenegro, ambos com diversos livros 
publicados sobre representação gráfica e projetos de arquitetura. Essas obras são excelentes 
referências para você iniciar seu projeto de desenho e qualificar suas técnicas de representação. 
Nesse contexto, antes de iniciarmos nosso estudo mais aprofundado sobre as formas que traduzem 
o movimento, conheceremos os elementos básicos citados no Quadro 1 e que são ensinados por 
Ching (2013) em seu livro Arquitetura: forma, espaço e ordem. 
2.1 Ponto 
O ponto marca uma posição no espaço. Não possui comprimento, largura e tampouco 
profundidade, portanto é estático, centralizado e sem direção. Serve para marcar duas 
extremidades de uma reta, a interseção de duas retas,o encontro de duas retas na quinta de um 
plano ou volume e o centro de um campo. 
Embora não tenha forma, começa a ser percebido dentro de um campo visual. Um ponto pode ser 
projetado verticalmente em uma forma linear, como uma coluna, um obelisco ou uma torre. Esses 
elementos visto em planta é um ponto, portanto, mantém a característica visual de um ponto. 
 
Dois pontos: descrevem uma linha que se une. Conferem à reta um comprimento 
finito ou uma trajetória que pode ser mais longa. Dois pontos estabelecidos no espaço 
por colunas ou formas centralizadas podem definir um eixo, um recurso ordenador 
utilizado na história da arquitetura para organizar as formas e os espaços edificados. 
Em planta, podem representar um portal, um local de passagem de um lugar para 
outro. Se forem estendidos verticalmente, definem um plano de entrada e um acesso 
perpendicular a ele. 
2.2 Reta 
Uma reta é um ponto estendido. Possui comprimento, mas não possui largura ou profundidade. 
Enquanto um ponto é estático, uma reta é um ponto em movimento, expressando visualmente 
direção, movimento e crescimento. É o elemento essencial na formação de qualquer construção 
visual. Pode servir para unir, sustentar, descrever arestas de planos ou dar formato a elas. Ainda, 
para destacar a superfície dos planos. 
Embora tenha apenas uma dimensão, precisa possuir alguma espessura para se tornar visível. 
Mesmo uma simples repetição de elementos de mesma natureza ou semelhantes, pode ser 
considerada uma reta. A orientação de uma reta, afeta sua função em uma construção visual, 
enquanto pode ser estado de equilíbrio com a forca da gravidade, simbolizar a condição humana, 
se for vertical, uma reta horizontal pode representar estabilidade, o horizonte, um corpo em 
repouso. 
Podemos observar na arquitetura, elementos retilíneos como colunas, obeliscos e torres. Estes 
elementos podem definir ainda, um volume transparente no espaço. Considere a Mesquita de 
Selim, na Turquia. Elementos retilíneos verticais também podem desempenhar funções 
estruturais, como é o caso do Pórtico das Cariátides, no Partenon de Atenas (421-405 a.C.); a 
Ponte Salginatobel, na Suíça (1929-1930); ou a Vila Imperial de Katsura, no Japão (século 
VXII). 
Uma reta pode ainda ser um elemento de arquitetura sugerido, como é o caso dos eixos 
reguladores de muitos desenhos urbanos, em que uma reta é estabelecida por dois pontos no 
espaço, distantes em relação ao modo como estão distribuídos. É o caso da Villa Aldobrandini, na 
Itália (1598-1903). Edificações também podem ter formas lineares, como é o caso do Alojamento 
dos Graduandos da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos (1974). Edificações lineares têm 
a vantagem de se adaptarem mais facilmente às condições topográficas de um terreno. As retas 
podem ainda ser uma malha estrutural, elementos retilíneos de uma fachada e a representação de 
pilares e vigas. Temos como exemplos o Edifício Seagram, em Nova York (1956-1958); a Crown 
Hall, Escola de Arquitetura e Desenho Urbano de Chicago (1956) e a Prefeitura de Säynätsalo, na 
Finlândia (1950-1952). 
Elementos retilíneos definindo planos: a união de duas retas paralelas tem a 
capacidade de descrever visualmente um plano. Uma série de retas paralelas, 
repetidas, reforça nossa percepção do plano. Uma série de colunatas que sustentam 
uma parede acabam por si formando um plano. Observe, por e xemplo, o Altes 
Museum, em Berlim (1823-1830) ou a Basílica Palladiana, em Vicenza (1546). Ambos 
são uma fileira de colunas que sustentam um entablamento. O uso de muitos 
elementos retilíneos define planos. Elementos retilíneos de treliças e pérgulas podem 
ajudar a proteger espaços externos, enquanto elementos retilíneos verticais e 
horizontais podem, juntos, definir um volume de espaço. 
 
 
2.3 Plano 
Uma reta estendida em uma direção que não seja a sua direção intrínseca se torna um plano. Um 
plano possui comprimento e largura, mas não tem profundidade. Para que possamos ver um plano 
no seu formato verdadeiro, devemos vê-lo de frente. As propriedades complementares de um plano 
(cor, padrão e textura superficiais) afetam seu peso e sua estabilidade visual. O plano pode definir 
limites ou fronteiras de um volume, por isso é um elemento chave no projeto de arquitetura. 
Na arquitetura, temos os planos de cobertura, plano de paredes e plano base. Quando os planos 
se unem, temos a tridimensionalidade de um espaço com características que o delimitam. O plano 
do solo sustenta todas as ordens da arquitetura, pois é o plano do solo, de caráter topográfico, onde 
toda forma de edificação se ergue sobre ele. Exemplos interessantes sobre planos de solo podem 
ser o Templo Mortuário da Rainha Hatshepsut, no Egito (1511-1480 a.C.) ou a antiga cidade inca 
de Machu Picchu (1500 d.C.). 
2.4 Volume 
Um plano que é deslocado em uma direção que não é sua direção intrínseca se torna um volume. 
O volume possui largura, comprimento e profundidade, ou seja, as três dimensões. Se analisarmos 
um volume, podemos encontrar todos os conceitos vistos até o momento. A forma é a principal 
característica de um volume. Ela é estabelecida pelos planos, que descrevem limites do volume. 
Um volume tridimensional pode ser sólido (cheio) ou vazio. 
Na arquitetura, os volumes podem ser considerados como uma porção de espaço contido e definido 
em planos de paredes, piso, teto ou cobertura, ou como uma quantidade de espaço ocupado pela 
massa de uma edificação. 
Agora que já conhecemos os principais elementos que traduzem a forma, veremos a seguir o 
conceito de Forma enquanto tradutor de movimento. Perceba que direcionamos nossos estudos às 
figuras simples, primárias, geométricas e trouxemos exemplos mais complexos de formas 
arquitetônicas. Procure ampliar seus estudos e observar nos projetos como os conceitos estudados 
se aplicam. 
3 Forma 
Anteriormente analisamos os principais elementos utilizados em uma composição, iniciando pelos 
elementos primários explicados por Ching. Agora estudaremos a Forma enquanto termo 
abrangente que possui diversos significados e um contexto de formato, tamanho, textura e cor. 
Quando pensamos em forma, podemos relacionar ao formato de algo conhecido, como uma pessoa 
humana, um copo ou mesmo uma edificação, certo? Nas artes e nos projetos, utilizamos esse 
termo para referir a estrutura formal de um trabalho, ou seja, a maneira como estão dispostos 
elementos e partes de uma composição de modo a produzir uma imagem coerente e identificável 
(CHING, 2013). O arquiteto citado afirma que a forma pode ser uma estrutura interna ou um perfil 
externo que confere unidade a um todo. É uma ideia de massa ou volume tridimensional, a 
configuração e disposição das linhas, dos contornos e assim por diante. A forma pode, ainda, 
apresentar um contorno (formato), um tamanho (dimensão física), uma cor (fenômeno de luz e 
percepção visual) e uma textura (qualidade visual). As formas, podem possuir propriedades que 
determinam o padrão e a composição dos elementos. Observe esse fenômeno no Quadro 2. 
 
 
 
Quadro 2 - Propriedades que determinam o padrão e a composição dos elementosFonte: 
CHING, 2013, p. 35 (Adaptado) 
 
#PraCegoVer: O quadro apresenta três colunas. Na primeira, estão escritos os nomes dos 
conceitos: posição, orientação e inércia visual. A segunda coluna contém a descrição de cada 
elemento, e na terceira coluna há uma representação gráfica de cada um. 
 
Essas propriedades descritas nada mais são do que as condições sobre as quais olhamos e que, 
aparentemente, traduzem o movimento das formas. Elas variam conforme a nossa perspectiva 
ou ângulo de visão, a distância que estamos de um objeto, as condições de iluminação que 
permitem maior ou menor clareza em relação ao objeto ou o campo visual que circunda nossa 
capacidade de ver e de identificar os elementos de composição. 
Primeiramente percebemos as figuras simples, e posteriormente os demais formatos da imagem. 
Veja no Quadro3 as formas consideradas regulares e as consideradas irregulares dentro do 
processo de formação de formas: 
 
 
 
Quadro 3 - Formas regulares e formas irregularesFonte: CHING, 2013, p. 48 (Adaptado). 
 
#PraCegoVer: O quadro apresenta duas colunas. A da direita contém representações gráficas que 
exemplificam as explicações da coluna da esquerda, que descreve: formas regulares; regulares 
transformadas dimensionalmente; formas irregulares e, por último, formas irregulares contidas em 
uma forma regular (ou o contrário). 
 
Perceba que as formas ainda podem ser compreendidas como transformações dos sólidos 
primários, variações geradas pela manipulação de uma ou mais dimensões ou pela adição e 
subtração de elementos. Essa transformação da forma, gerando movimento e dinâmica aos sólidos, 
é muito comum na arquitetura, pois possibilita a transformação da arquitetura de simples elementos 
primários para composições espaciais dinâmicas. Assim, é importante ter conhecimento sobre as 
transformações da forma, de maneira a perceber como formas simples e de geometrias básicas 
transformam e movimentam a percepção do desenho. 
No próximo tópico, abordaremos a forma representada por meio de valores tonais a importância 
das hachuras para gerar solidez e ilusão de sombreamento ou presença da luz em formas 
geométricas. Esses conhecimentos poderão ser aplicados em formas simples ou complexas, 
permitindo a movimentação da forma e a percepção de elementos que a Arquitetura busca 
representar. 
 
4 Texturas 
 
Texturas podem ser descritas como a utilização das superfícies das formas em busca de 
tratamento. Na representação gráfica de formas simples, a utilização de tonalidades gráficas nos 
permite melhorar a comunicação. Por meio do uso de cores e texturas, podemos estabelecer a 
ordem das imagens visando ampliar a nossa percepção da espacialidade do desenho enquanto 
nos deslocamos no espaço projetado. 
A forma como percebemos a tridimensionalidade de um espaço projetado depende muito de como 
os raios solares (ou seja, a luz) incide sobre este espaço. É pela representação da luz que podemos 
perceber a escultura e a forma daquilo que queremos comunicar ao leitor. O objetivo deste tópico 
é mostrar a você, aluno, os princípios fundamentais que regem a composição das formas e linhas 
que auxiliam a transmitir a impressão de textura nos objetos. 
Embora nos projetos de arquitetura a representação tonal seja com o uso de linhas, ela nos permite 
representar as características de luz, de texturas diversas, de volumes que não podem ser descritos 
pela representação habitual. A seguir, apresentaremos as informações necessárias para lhe auxiliar 
nesse processo de aprimoramento dos desenhos tridimensionais com valorização tonal. 
4.1 Valores tonais e a ordem da geometria 
É por meio dos sombreamentos, texturas ou hachuras que podemos identificar formas e imagens 
para que nossa visão seja estimulada por padrões de intensidade de luz e cor e, assim, possa 
formar a imagem mental do projeto. Embora um projeto não utilize efetivamente o uso de cores, 
com uma simples lapiseira ou um lápis podemos simular a presença da luz nas formas 
geométricas. 
Com a identificação da presença de luz, podemos perceber mentalmente tons claros ou tons 
escuros e, assim, identificar características específicas de um objeto: os contornos da edificação, 
tamanhos e profundidades de elementos, tonalidades e arestas. Quando olhamos para uma 
edificação, por exemplo, percebemos que ela possui saliências, entrâncias, elementos mais 
próximos ou mais distantes. Assim, quando buscamos representar essa imagem vista pelo olho na 
forma gráfica, precisamos representar no desenho as tonalidades, linhas e contornos da forma mais 
realista possível. Aos olhos do leitor ou observador, essa imagem deve ser formada mentalmente, 
além de gerar a correta representatividade de volumes, objetos ou contrastes observáveis. (CHING, 
2011). 
Podemos utilizar materiais simples para a representatividade tonal em projetos de arquitetura. Os 
materiais mais utilizados por arquitetos são canetas nanquins e lápis com espessuras maiores, 
como os lápis 6B. Com o uso destes materiais, o desenhista consegue sombrear superfícies, 
desenvolvendo hachuras paralelas, hachuras cruzadas e hachuras com movimentos circulares ou 
pontilhadas. Independentemente de como será hachurado, haverá tonalidades diferentes, valores 
e superfícies sombreadas também diferentes. 
No desenho artístico, as hachuras são muito utilizadas. Chamamos de “hachura” a técnica artística 
de criar efeitos de sombras, efeitos tonais a partir do desenho de linhas, sejam elas paralelas ou 
cruzadas. O conceito principal é a quantidade de linhas utilizadas, a espessura do traço e o 
espaçamento entre as linhas – isso determina o sombreamento do projeto, ou da imagem, 
enfatizando a sua forma e gerando uma ilusão volumétrica, presença de cor ou o efeito da luz sobre 
o objeto dando a noção de tonalidade. 
Um tom é expresso pelas áreas que são iluminadas e sombreadas sobre a superfície do desenho. 
É muito importante observar que o espaçamento entre as linhas é fundamental. Quanto mais 
próximas as linhas, mais teremos a noção de ausência de luz, enquanto linhas mais distantes 
representam menos cor e parecem áreas mais iluminadas. Os valores de tons também dependem 
de como são justapostos, incluindo texturas, granulações e direcionamento da aplicação da 
hachura. 
As composições podem ser desenvolvidas em programas gráficos. Ferramentas CAD podem 
contribuir em composições de projetos, permitindo a representação gráfica de texturas e espaços 
com ferramentas rápidas e eficientes. Ainda assim, é recomendado observar diferentes imagens 
tridimensionais de projetos e perceber a diferença entre o desenho feito em ferramentas CAD e o 
manual. 
4.2 Representação de tonalidades com hachuras 
Estudaremos agora as técnicas de sombreamento que podemos utilizar para representar os valores 
tonais. Segundo Ching (2011), todas essas técnicas exigem uma gradação crescente ou camadas 
sobrepostas de riscos ou pontos para que se possa representar o efeito visual desejado. Seja qual 
for a técnica de sombreamento utilizada, é importante estar alerta ao tom que se deseja representar 
e, ainda, é recomendado testar em desenhos diversos para aprimorar a técnica e a correta força 
aplicada no pulso. 
Ching, em seu livro Representação gráfica em Arquitetura (2011), expõe uma infinidade de 
ilustrações e apresenta quatro formas para criar valores tonais. O autor esclarece onde se pode 
aplicar diferentes tipos de hachuras, sejam elas paralelas ou cruzadas, pontilhadas ou cruzadas. 
A seguir, são apresentados os quatro meios de criação de valores tonais segundo o autor: 
 
Hachuras paralelas: São uma série de linhas relativamente paralelas. Os riscos podem ser de 
diferentes tamanhos, desenhados com o auxílio de equipamentos ou à mão livre. Nesse caso, 
para controlar a luminosidade são utilizadas apenas técnicas de espaçamento e densidade dos 
traços. 
 
Hachuras cruzadas: Utilizam traços em diferentes direções para criar os valores tonais. Da 
mesma forma que a paralela, os traços podem ser longos ou curtos, à mão livre ou com réguas e 
em papeis ásperos ou macios. Na prática, é sugerida a combinação das duas técnicas. 
 
Hachura com movimentos circulares: Conforme o próprio nome diz, essa técnica utiliza traços 
circulares em diferentes direções para criar a tonalidade da textura. 
 
Pontilhismo ou pontilhado: Essa técnica é desenvolvida somente com pontos de diferentes 
tamanhos. Pode ser realizada com canetas de diferentes espessuras caso se queira representar 
diferentes valores de iluminação. 
O uso da hachura proporciona um efeito visual de tridimensionalidade ao objeto, parecendo ser 
uma esfera. Entretanto, tenha cuidado para não perder o fundo branco do papel, pois cobrir 
inteiramente a superfície causa a perda de profundidade do desenho. No livro Representaçãográfica em Arquitetura (2011), Ching expõe muitas informações sobre o desenho de arquitetura, 
principalmente com exemplos práticos e muito didáticos sobre o uso da luz e da sombra e como 
representá-los em projetos arquitetônicos. 
Na técnica de texturas por pontilhado é feito um sombreado com pontos muito pequenos e 
constantes. É preciso muita habilidade para controlar o tamanho e o espaçamento dos pontos. Para 
essa técnica, a sugestão é o uso de caneta nanquim com ponta fina e papeis macios. Usamos 
pontilhados para estabelecer os valores de luz e sombra em desenhos puramente tonais que não 
possuem linhas. A figura a ser recoberta é desenhada apenas com pontos de diferentes tamanhos 
e espessuras. Como não existem linhas para delimitar o contorno da forma, é a intensidade dos 
pontos que orienta a silhueta e os limites espaciais do desenho, podendo, assim, mostrar sua forma. 
Conforme mencionado, essa técnica exige muita habilidade e observação do projetista ou 
desenhista. 
É possível, ainda, representar muitas texturas de materiais construtivos ou materiais encontrados 
na natureza com a combinação de diferentes técnicas de hachuras. Você pode utilizar linhas 
paralelas e pontilhismo, por exemplo, para representar a textura de um concreto moldado, ou ainda, 
linhas paralelas em diferentes direções para representar a textura de um tijolo. As possibilidades 
são muitas e podem ser feitas de maneira a qualificar todos os tipos de projeto. 
Para utilizar a técnica de pontilhismo, é indicado primeiramente cobrir toda a área do desenho com 
pontos para uniformizar e demarcar onde serão feitos os traços mais fortes por meio de um tom 
mais leve. Depois, deve-se estabelecer o valor tonal de cada forma (é possível ir aumentando o 
número de pontos de maneira metódica até que os tons mais escuros sejam definidos e 
estabelecidos conforme o resultado que se pretende atingir). 
FIQUE DE OLHO: Francis D. K. Ching (ou simplesmente Ching, como é conhecido) nasceu em 
1943, cresceu no Havaí e é um importante autor de livros sobre temáticas gráficas na Arquitetura 
e no Design. Seus livros são influentes e amplamente utilizados em todas as áreas do Design. 
Ching é professor emérito da Universidade de Washington e atualmente faz parte do corpo docente 
da Universidade de Ohio, onde ensina técnicas de desenho. Todos os livros do autor são 
fundamentais no processo de amadurecimento dos alunos das áreas de design, arquitetura e 
engenharias, pois apresentam de forma muito diádica as principais técnicas construtivas, as formas 
gráficas de representação, um dicionário visual de arquitetura e muito mais! 
Até aqui, abordamos as principais técnicas de hachuras em que se aplica valores de tonalidade, ou 
seja, de luz e sombra a diferentes tipos de desenho. Você aprendeu a desenvolvê-las com o uso 
de canetas nanquins ou de lápis e lapiseiras em figuras geométricas simples, bem como as 
principais diferenças entre elas para poder aplicar nos seus projetos de arquitetura. 
Nas próximas unidades, serão demonstradas essas técnicas de hachuras e diferenças tonais em 
projetos de arquitetura. Assim, você será capaz de aplicar as técnicas em cortes, vistas e 
perspectivas arquitetônicas. É recomendado exercitar inicialmente as técnicas de hachuras em 
figuras simples para aprimorar o seu desempenho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 UNIDADE 
COR E INDIVÍDUO 
1 Conceito de cor 
O conceito de cor é muito amplo e diverge de autor para autor em alguns aspectos. Neste estudo, 
traremos o conceito genérico de cor, cores primárias, secundárias, terciárias e o disco cromático 
das cores. Também abordaremos sua aplicação dentro da arquitetura e as sensações que 
diferentes cores causam no ser humano. 
A cor se trata da manifestação que a luz refletida ou absorvida sobre uma superfície transmite aos 
olhos. O espectro de luz visível pelo ser humano está compreendido entre 400 e 700 nanômetros. 
Estes são os estímulos eletromagnéticos que estão contidos na luz branca, que absorve, refrata, 
ou reflete os raios luminosos que incidem sobre ele. Quando falamos em “branco” estamos nos 
referindo à sobreposição de todas as cores, ou seja, quando o objeto reflete toda a luz que recebeu. 
Já o “preto” é a absorção total da luz, onde não há nada refletido. 
A cor não é algo que tenha existência física, e sim apenas uma sensação que se tem quando 
nossos olhos decodificam a luz. Pois cada objeto, quando atingido pela luz, absorve uma parte dela 
e reflete o restante. Assim, a parte que não é refletida de volta é captada e interpretada por nós 
como a cor do objeto em questão. 
 
 
Figura 1 - Espectro eletromagnéticoFonte: Af Udaix, shutterstock, 2020. 
#PraCegoVer: Na imagem temos o espectro de eletromagnético onde está compreendido o que é 
visível ao ser humano de 400 a 700 nanômetros com olho, à direita, que “vê” as cores azul, verde, 
amarelo, laranja e vermelho. 
 
Dentro do estudo das cores, temos as suas propriedades que são a matiz, a saturação e o valor de 
luminosidade que fazem grande diferença dentro do entendimento do conceito de cor e da sua 
aplicação. Matiz é a cor pura e tem relação com a sua tonalidade, é a cor em si, sem a adição de 
preto ou branco. O valor de luminosidade se refere ao grau de luz ou brilho que a cor tem, sendo 
determinada pela proximidade com o branco ou o preto. Assim, é considerada de alto brilho quando 
está mais perto do branco e mais escura quando está mais próxima do preto. A saturação se refere 
à definição de quão “viva” a cor é. Quanto mais próxima do cinza, menos saturada, e quanto mais 
perto de seu matiz original, maior será a saturação. 
 
1.1 Cores primárias, secundárias e terciárias 
No estudo das cores, temos o chamado círculo cromático, que é dividido em cores primárias, 
secundárias e terciárias a fim de facilitar o estudo e a compreensão da cor. Com ele em mãos, 
abre-se um leque de possibilidades para a combinação e a intenção que se quer transmitir em um 
ambiente ou em uma obra de arte. 
As cores primárias ou cores puras são aquelas que não podem ser obtidas através da mistura de 
outras cores, ou seja, é através da mistura delas que obtemos as demais cores. São cores primárias 
o amarelo, o vermelho e o azul. 
As cores secundárias são as obtidas através da mistura das cores primarias. O laranja é obtido 
quando misturamos amarelo e vermelho. O violeta é a mistura de vermelho e azul. E o verde é 
obtido pela mistura do azul com o amarelo. 
Quando misturamos uma cor primária com uma cor secundária obtemos as cores terciárias. 
Vermelho com roxo resulta em uma cor semelhante ao vinho. Ao se misturar o vermelho com o 
laranja, surge o vermelho alaranjado. Amarelo com verde resulta no amarelo esverdeado e assim 
por diante. 
1.2 Harmonização das cores 
As cores, independentemente de serem utilizadas na arquitetura, nas artes plásticas, em 
computação gráfica etc., são sempre combinadas umas com as outras. Essa combinação é 
chamada de harmonização. Para que uma combinação seja harmoniosa, é necessário conhecer o 
círculo cromático e, a partir dele, criar a harmonia, ou seja, colocar juntas as cores que se 
relacionam dentro do círculo. 
A harmonia pode ser conseguida por uma combinação monocromática que, ao contrário do que se 
pensa, não precisa ser feita exclusivamente em escala de cinza. Uma combinação monocromática 
consiste em usar a mesma cor em diferentes tons. Ou seja: pegar uma cor primária e adicionar o 
branco, depois novamente pegar a cor pura e adicionar o preto; assim se cria uma palheta 
monocromática. 
A analogia que origina as cores análogas é quando uma cor primária é combinada com duas cores 
vizinhas a ela no círculo cromático. Utilizando-se uma cor como a dominante e as adjacentes para 
enriquecer a harmonia. 
As cores complementares são as que estão dispostas num ângulo simétrico de 180 graus no círculo 
cromático. Essa é uma harmonia de contrates. Escolhe-se uma cor dominante e se emprega a sua 
complementarpara dar destaque, por exemplo: usar uma cor de fundo e a outra para destacar algo 
de maior importância. 
2 Psicologia das cores 
Consiste no estudo das cores no âmbito subjetivo e emocional. Trata-se da sensação que cada cor 
ou combinação traz ao homem quando aplicada sobre a superfície dos objetos, das casas etc. 
Cores e sentimentos não são uma combinação ao acaso, e sim algo que está intrínseco no ser 
humano por questões culturais e regionais, algo que desde a infância esteve presente. Não existe 
cor sem significado, e este é atribuído de acordo com o contexto em que está inserido. 
Segundo Heller (2013), cada cor atua de uma maneira de acordo com a ocasião. O mesmo 
vermelho pode ter efeito erótico ou brutal, nobre ou vulgar. O mesmo verde pode atuar de maneira 
salutar, venenosa ou calmante. O amarelo pode ser caloroso ou irritante. 
Isso ocorre porque nenhuma cor existe por si só. As cores são cercadas por diversas outras, e para 
cada efeito se intervém diferentes cores. Isso é chamado de acorde cromático, que não é uma 
combinação de cores, e sim um conjunto infinito delas que definem o efeito principal ou esperado 
de cada cor. 
2.1 Significado das cores 
O efeito que uma cor pode causar depende de uma infinidade de questões referentes à 
subjetividade do ser humano. Essas sensações podem ser de proximidade, distância, calor, frio, 
ansiedade, irritabilidade, fome, prazer, e cada cor causa um efeito diferente. A lista de sensações 
causadas pelo conjunto de cores é extremamente extensa. Falar das sensações que cada cor pode 
causar é praticamente impossível; portanto, neste estudo iremos nos ater às sensações causadas 
somente pelas cores primárias. 
AZUL: Essa cor é considerada “predileta” pela maioria da população, independentemente do 
sexo. Isso é facilmente entendido, visto que essa cor está associada a sensações boas, pois 
remete ao céu, à tranquilidade, serenidade e harmonia. Dificilmente será ligada a algum 
sentimento negativo. O azul é considerado uma cor fria, pois quanto mais distante do vermelho, 
mais fria a cor se torna. Essa referência ao frio está diretamente ligada às experiências humanas 
sobre o gelo e a neve, por exemplo, que possuem tons azulados e são coisas materialmente frias. 
 
VERMELHO: Essa cor é supostamente a primeira cor que os recém-nascidos enxergam. Por 
esse motivo, a grande maioria das crianças associa o vermelho à sua cor favorita, assim como 
pela sua associação aos alimentos de sabor doce. Considerada também a cor da paixão, também 
está ligada à excitação a à euforia. Trata-se de uma cor quente e está relacionada aos 
sentimentos humanos – nervosos, apaixonados ou envergonhados a face fica vermelha. 
Enquanto o azul está ligado ao gelo, o vermelho está ligado ao fogo. 
 
AMARELO: É uma cor contraditória, simboliza o ouro e a riqueza, assim como a luz. Porém, 
devido à sua instabilidade, não é apreciada pela maioria das pessoas. Quanto mais perto do 
branco se torna radiante, porém próximo ao preto se torna uma cor muito forte. Associada à 
alegria, mas também à irritabilidade. Sendo assim, é uma cor quente e subjetivamente ambígua. 
 
Conforme exposto, as cores dificilmente são usadas de maneira isolada, e sim em conjunto, onde 
a composição pode alterar a sensação de determinada cor. Por exemplo, se em um acorde 
cromático o azul estiver associado ao branco e a um cinza claro em igual proporção, poderá remeter 
à inteligência, mas caso essa associação seja com cinza mais escuro, branco e verde em 
proporções menores, remeterá à distância. Portanto, o acorde cromático utilizado é um grande 
influenciador no significado que as cores passam. 
2.2 Cores quentes e frias 
Dentro da psicologia das cores, estas são separadas entre quentes e frias. Na arquitetura, 
comumente vemos estas definições ao se descrever um ambiente no âmbito da subjetividade, o 
que torna relevante ter conhecimento sobre os conceitos, quais são essas cores e quais as 
sensações que trazem ao ser humano ao serem aplicadas. 
Cores quentes, como o próprio nome já diz, estão ligadas ao sol, ao calor e ao fogo. São elas o 
vermelho, o laranja e o amarelo. Trata-se de cores que estimulam e são ligadas à vivacidade, ao 
dinamismo e ao movimento. São mais comuns em ambientes grandes para despertar a sensação 
de proximidade e aconchego. 
Já as cores frias estão ligadas ao distanciamento e ao frio. Remetem paz, tranquilidade, serenidade 
e introspecção. São elas o azul, o verde e o violeta. Possuem presença mais marcante em 
ambientes privados, como quartos, que necessitam passar tranquilidade para o descanso de seus 
usuários. 
 
 
2.3 Aplicação prática na arquitetura 
Na arquitetura, assim como a forma e o espaço, a cor também é de grande importância em sua 
concepção, visto que uma cor aplicada em uma superfície pode trazer sensações contraditórias ao 
usuário e, se não aplicada da maneira correta, descaracteriza a obra. Pois de nada adianta ter 
pensado e estudado a forma, adequando-a ao espaço, utilizado várias ferramentas de organização 
espacial, princípios de ordem e ao final empregar uma cor que não condiz com o todo. 
As sensações que uma cor pode trazer ao ser humano estão diretamente ligadas à cultura, umas 
gradam mais que outras, porém todas são de grande valia para a arquitetura se utilizadas 
adequadamente. Quando queremos que um ambiente passe uma sensação aconchegante, 
obviamente empregaremos cores quentes, como vermelho ou laranja; caso a intenção seja um 
local mais sombrio, utilizaremos cores frias, como azul ou violeta. 
Não podemos esquecer que as cores não são empregadas sozinhas, por isso é importante pensar 
nas cores que forem aplicadas juntamente com elas porque irão interferir na sua percepção. Muito 
se fala em acorde cromático e harmonia das cores, e isso dentro da arquitetura é indispensável, 
pois a falta de conhecimento pode causar um tremendo caos visual que poderá gerar irritação e 
incômodo aos ocupantes de um determinado ambiente. Saber fazer uso destas ferramentas 
norteará o arquiteto. 
As cores, quando aplicadas devidamente, são harmoniosas e passam a sensação pretendida. Por 
exemplo, caso se queira diminuir o campo visual de um plano de teto muito elevado, o mais 
recomendado é fazer o uso de uma cor mais escura do que as que estão presentes nas paredes. 
Caso se queira ampliar este campo visual, o indicado e fazer ao contrário. 
FIQUE DE OLHO: Para enriquecer seu repertório recomendo a leitura do livro A cor no processo 
criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a teoria Goethe, de Lilian Ried Miller Barros. 
 
3 Cor e forma na arquitetura 
A cor não é aplicada ao acaso em qualquer objeto aleatório. Na arquitetura, para ter significado ela 
será aplicada em formas arquitetônicas de maneira ordenada em um espaço. Do mesmo jeito que 
a concepção de uma forma arquitetônica é pensada, estudada e tem variantes, na aplicação da cor 
nessas formas ocorre o mesmo. 
Obviamente, não se trata de pintar uma edificação de uma cor qualquer e está pronto. Pelo 
contrário, é necessário o conhecimento da cor aplicada, do acorde cromático e de suas variações 
para gerar uma harmonia e ter impresso nessa forma o que foi pretendido na sua concepção. 
Temos que levar em consideração principalmente a incidência de luz sobre a superfície para não 
ter um resultado desagradável. 
3.1 Forma 
Para melhor compreender a aplicação de cores nas formas, vamos definir rapidamente o que são 
formas. Dentro de arquitetura, são a estrutura formal de um trabalho, ou seja, é um elemento 
tridimensional que possui formato, textura, cor e tamanho e com propriedades visuais, como 
posição, orientação e inércia visual. 
Pode ser um único elemento ou um conjunto deles. Para se chegar à forma final, esta passa por 
processos de transformação que podem ser por adição, subtração ou alteração de dimensão. Ao 
ser inserida no espaço, também se tem maneiras para fazer isso, que podem ser centralizadas, 
lineares, radiais, aglomeradasou em malhas. Tudo irá depender do contexto arquitetônico 
pretendido. 
 
 
3.2 Aplicação de cor a forma 
Falaremos agora do estudo da aplicação das cores em uma forma arquitetônica. A incidência de 
luz em uma superfície altera a percepção que temos de determinada cor. Sendo assim, a posição 
da forma em relação ao sol, assim como o posicionamento das aberturas, deve ser previamente 
estudada de acordo com os princípios de conforto ambiental. Somente após esta definição é que 
se pode pensar nas cores a serem aplicadas à edificação. Isso tanto em seu exterior quanto em 
seu interior. 
Essa escolha não pode ser aleatória, levando somente a posição solar em consideração. Esta é a 
primeira parte a se pensar, mas o formato e o tamanho da forma também são relevantes quando 
se pensa em aplicar cor no exterior da edificação, pois será uma quantidade maior de combinação 
de cores. Nessa combinação, o impacto visual é muito grande, então se deve estudar e escolher o 
acorde cromático correto para uma boa harmonização. 
Se a pretensão for de que a edificação passe a sensação de proximidade, que seja atraente e 
quente aos olhos, deve-se usar o acorde de cores com vermelho. Caso se deseje uma sensação 
mais tranquila, passiva e que passe confiança, o recomendado é o acorde de cores derivadas do 
azul. 
Para os ambientes internos se segue a mesma linha de raciocínio. Normalmente as cores frias são 
usadas em ambientes voltados ao repouso e descanso, onde se faz necessária tal sensação, como 
nos quartos por exemplo. Já as cores quentes têm seus usos em ambientes residenciais um pouco 
mais restrito, pois as sensações causadas remetem ao fogo e à excitação, paixão e irritabilidade. 
Assim, quando usadas em ambientes com grandes dimensões, empregam a ele uma certa 
proximidade devida a essa sensação de calor, fazendo com que se torne mais confortável. 
Em contrapartida, em locais que se exige que as pessoas permaneçam atentas, alegres e vibrantes 
(como em redes de fast-food, por exemplo) são comumente utilizados o vermelho e o amarelo. O 
vermelho “acelera o coração” e instiga a entras na lanchonete. Além disso, estimula o apetite e 
fornece a sensação de poder e de domínio do ambiente comercial. Não por acaso é empregado 
junto do amarelo, pois este representa a felicidade, a amizade e a confiabilidade. 
Portanto, podemos perceber a real importância das cores nos ambientes, sejam eles internos ou 
externos, residenciais ou comerciais. As possibilidades derivadas das cores são infinitas, basta ao 
profissional possuir o conhecimento necessário para utilizar isso de maneira apropriada. 
4 A arquitetura e o indivíduo 
A arquitetura está diretamente ligada à psicologia. Uma forma, um espaço, as cores e as texturas, 
não são meramente matérias físicas, estão além disso. A arquitetura tem ligação com o lado 
subjetivo, ou seja, com os sentimentos. Uma forma simples e pura em um espaço não é arquitetura 
se não transmitir algo ao ser humano. A arquitetura é a arte em que o ser humano vive e transita, 
onde ele é a peça fundamental. A arquitetura é a arte do ser humano. 
Não podemos considerar essa arte como meramente ilustrativa, constituída somente da parte 
material. Ela é totalmente relacionada às emoções e às sensações do ser humano que a habita. 
Portanto, falaremos um pouco mais dessa relação entre o espaço e o indivíduo dentro da 
arquitetura. 
4.1 Espaço 
Conceitualmente, consiste no volume de uma forma ou do vazio criado entre elas. É onde tudo 
acontece, e nele estão inseridos os contextos da arquitetura. É no espaço que a arquitetura 
acontece. Porém, para se tornar um espaço para o ser humano, precisa haver ligação entre eles. 
Seja através de um tempo, de uma cultura ou de uma religião, o espaço cria uma relação de 
existência e de pertencimento com o indivíduo que o habita. 
Tem caraterísticas e métricas de composição para transmitir as mais variadas sensações e 
emoções. Entender o conceito e os princípios e saber ordená-los é o que permite ao arquiteto criar 
espaços propícios a serem habitados e vivenciados por todos. 
4.2 Indivíduo 
O indivíduo se trata de cada ser humano, dotado de emoções, sentimentos, vivências, culturas e 
histórias das mais variadas. Cada qual ao seu modo e à sua maneira, com as suas verdades e os 
princípios que determinam o seu jeito de viver e conviver em sociedade. Uma diversidade que 
coexiste em um mesmo espaço-tempo e que se relaciona com o meio em que vive. 
Devido à pluralidade da humanidade, é muito importante levar em consideração o estudo do espaço 
correlacionado ao indivíduo, pois dependendo de sua localização geográfica, ele terá modos 
diferentes de ver, sentir e encarar as coisas. Seja pela cultura, pela religião ou por algo que está 
em seu subconsciente. Saber analisar de maneira subjetiva o ser humano permite melhorar o 
conhecimento sobre o seu estilo de vida, e assim poder projetar um espaço que atenda às suas 
necessidades tanto físicas como mentais. 
4.3 O indivíduo e o espaço 
Apesar de ser um assunto de grande importância para a sociedade em um geral, principalmente 
no âmbito da arquitetura, este é um tema pouco tratado nas literaturas da área: a correlação 
existente entre o espaço e o ser humano que o habita. 
`` O homem e suas extensões constituem um sistema inter-relacionado. É um erro agir como 
se os homens fossem uma coisa e sua casa, suas cidades, sua tecnologia, ou sua língua, 
fossem algo diferente. (CHING, 2002, p.166-167). `` 
A arquitetura e a psicologia têm seus estudos específicos. Enquanto o foco da psicologia é o 
indivíduo e estuda algo ligado ao subjetivo do homem, a arquitetura estuda formas, cores e espaços 
que esse indivíduo irá ocupar. Porém, ambas se encontram quando a arquitetura se volta para a 
subjetividade do ser humano, importando-se tanto com a estética e a funcionalidade quanto com a 
percepção e as consequências que isso desencadeará no indivíduo. Neste ponto, arquitetos e 
psicólogos se completam enquanto profissionais de áreas diferentes. 
Ao projetar uma edificação, o arquiteto precisa se ater à forma, à estética e à funcionalidade sem 
se esquecer que este espaço será habitado, seja a fim de trabalho ou moradia. Então, o espaço 
tem que atender às necessidades de seus usuários. 
Relacionando a psicologia arquitetônica às residências, a casa precisa se tornar um lar. Assim, 
deve possuir boa estética e ser funcional, mas, acima de tudo, tem que ser adequada aos seus 
moradores. Para ser um lar, ela deve transmitir o subjetivo: ir além das paredes, penetrar o 
subconsciente e se tornar o local onde as necessidades de cada indivíduo (ou grupo) é entendida 
e atendida. 
Em um ambiente coorporativo, o espaço precisa atender à necessidade de um grupo de pessoas 
com um conjunto de subjetividades, onde cada ser humano é único. Assim, é necessário entender 
a individualidade, porém é impossível criar um espaço de trabalho que atenda às necessidades 
pessoais de cada um. Portanto, nesses ambientes se deve atender às necessidades coletivas, 
voltadas ao trabalho, pensando sempre no indivíduo: oferecer a ele conforto em termos de 
temperatura, ergonomia e ainda fazer com ele se sinta bem no local de trabalho, confortável não 
só fisicamente, mas também mentalmente para que possa ter um bom desempenho. 
O arquiteto tem uma infinidade de ferramentas que o auxiliam nessas questões. Assim, ao fazer o 
seu uso de maneira adequada se chega ao resultado desejado, criando espaços humanizados para 
o convívio coletivo. 
FIQUE DE OLHO: A título de curiosidade, para ampliar a sua visão e o seu conhecimento sobre 
a relação da arquitetura com a psicologia, recomento a leitura do artigo Psicologia e 
arquitetura: em busca do locus interdisciplinar, de Gleice Azambuja Elali. 
5 Estruturas e vedações de volumes 
A arquitetura, mesmo que envolvendo toda a parte psicológica e a relação interpessoal com o ser 
humano, parte do princípio da concepção de formas construtivas, advindas de diversos

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