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filosofia medieval

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CONCEITO 
⤑ A Filosofia medieval não foi apenas aquela pensada pelos 
intelectuais cristãos. 
Também houve Filosofia medieval entre os pensadores Judeus e 
muçulmanos. 
As três correntes, contudo, tiveram a mesma estrutura 
Intelectual: a de um diálogo entre a respectiva escritura Sagrada 
e o pensamento grego platônico, neoplatônico e aristotélico 
PATRISTICA 
⤑ Com Santo Agostinho de Hipona (354 d.C.- 
430 d.C.). O termo é uma homenagem a líderes cristãos cuja 
literatura floresceu a partir do ano 95 d.C. E que foram 
considerados os “pais” da Igreja. 
Também se refere à Filosofia cristã daqueles primeiros séculos, 
mesmo quando não escrita por líderes religiosos (POLESI, 2014). 
ESCOLÁSTICA 
⤑ Com Santo Tomás de Aquino (1225-1274). 
No estágio final, de transição para a Filosofia moderna – com o 
nominalismo, de Guilherme de Ockham (1285-1349), e a 
escolástica ibérica, de Francisco de Vitória (1483-1546), em 
Salamanca, e Francisco Suárez (1548-1617), em Coimbra –, a 
razão filosófica foi se tornando cada vez mais independente da 
revelação bíblica. 
SANTO AGOSTINHO 
⤑ Aurelius Augustinus, que passaria para a história como Santo 
Agostinho, nasceu em 354, em Tagaste (hoje na Argélia), sob o 
domínio romano. Embora sua mãe fosse cristã, Agostinho não se 
interessou por religião quando jovem. Sentia-se atraído pela 
filosofia romana. Antes dos 20 anos já tinha um filho, de uma 
relação não formalizada. 
Em pouco tempo, abriu uma escola na sua cidade natal. Tornou-se 
professor de retórica, lecionando depois em Cartago, Roma e 
Milão. Nesta cidade, tomou contato com o neoplatonismo e, aos 
32 anos, converteu-se ao cristianismo. 
De volta a Tagaste, decidido a observar a castidade e a 
austeridade, vendeu as propriedades que herdara dos pais e 
fundou uma comunidade monástica, onde pretendia se isolar. Mas, 
sem que planejasse, foi nomeado sacerdote da igreja de Hipona, 
função que manteve até a morte, em 430. Suas obras principais 
são Confissões, Cidade de Deus e Da Trindade. 
Embora tenha vivido nos últimos anos da Idade Antiga - que se 
encerrou com a queda do Império Romano, no ano de 476 -, 
Santo Agostinho (354-430) foi o mais influente pensador 
ocidental dos primeiros séculos da Idade Média (476-1453). A ele 
se deveu a criação de uma filosofia que, pela primeira vez, deu 
suporte racional ao cristianismo. Com o pensamento de Santo 
Agostinho, a crença ganhou substância doutrinária para orientar 
a educação, numa época em que a cultura helenística (baseada no 
pensamento grego) havia entrado em decadência e a nova religião 
conquistava cada vez mais seguidores, mesmo se fundamentando 
quase que exclusivamente na fé e na difusão espontânea. 
Aurélio Agostinho nasceu em Tagasta (hoje Suk Ahras), na 
Argélia. Estudou retórica em Cartago e seguiu várias linhas 
filosóficas, como o maniqueísmo, corrente baseada no conflito 
entre o bem e o mal, e o Ceticismo. 
Sob a influência do bispo de Milão, santo Ambrósio, converteu-se 
ao cristianismo e foi batizado em 387. 
Foi nomeado bispo de Hippo (atual Annaba), na Argélia, onde 
morreu aos 75 anos. 
É considerado o maior teólogo do cristianismo e o maior filósofo 
desde Aristóteles. 
Agostinho realizou a primeira grande sistematização do 
pensamento cristão, incorporando as ideias de Platão ao 
cristianismo. 
Seu sofisticado pensamento serviu como base para toda a 
teologia cristã ocidental. 
À medida que a Igreja se tornava a instituição mais poderosa do 
Ocidente, a filosofia de Santo Agostinho definia a cultura de seu 
tempo. 
Educação e catequese praticamente se equivaliam – as escolas 
eram orientadas para a formação de membros do clero, ficando 
em segundo plano a transmissão dos conteúdos tradicionais. 
O conhecimento tinha lugar central na filosofia de Santo 
Agostinho, mas ele se confundia com a fé. 
Diante disso, a educação daquela época – conhecida como 
patrística, em referência aos padres que a ministravam - 
estimulava acima de tudo a obediência aos mestres, a Resignação 
e a humildade diante do desconhecido. 
O objetivo era treinar o controle das paixões para merecer a 
salvação numa suposta vida após a morte. 
Não é por acaso que a obra principal de Santo Agostinho seja 
Confissões, em que narra a própria conversão ao cristianismo 
depois de uma vida em pecado. Trata-se de uma trajetória de 
redefinição de si mesmo à luz de Deus, culminando com a 
redenção. 
O livro descreve a busca da salvação, ao mesmo tempo 
psicológica e filosófica. Tal procura se transformaria numa 
espécie de paradigma da vida terrena para os cristãos e 
vigoraria durante séculos como princípio confessional. 
2 
Santo Agostinho tratou o tema da educação mais de perto em 
duas obras, De Doctrina Christiana e De Magistro, na qual 
apresenta a doutrina do mestre Interior. 
O professor mostra o caminho e o aluno o adota; assim, o saber 
brota de seu interior. 
"A pessoa que ensina não transmite, mas desperta”. 
Para Santo Agostinho, “é desse modo que se conquista A paz da 
alma, e esse é o objetivo final da educação." 
FILOSOFIA PATRÍSTICA 
⤑ Foi uma corrente filosófica e período da filosofia, coincidindo 
com os primeiros séculos da era cristã, em que o 
desenvolvimento filosófico foi realizado por filósofos padres da 
Igreja Católica. 
Tendo em Agostinho de Hipona seu principal filósofo, tinha como 
um de seus principais objetivos a racionalização da fé cristã. 
Agostinho surge como um reformulador da filosofia patrística, 
explorando temas que estavam além das questões do platonismo 
cristão e buscando na razão a justificativa para a fé. 
Explorou a questão do livre-arbítrio, defendendo que a Graça 
Divina seria o elemento garantidor da liberdade humana. 
Formulou ainda a doutrina do pecado original e a Teoria da guerra 
justa. 
No que concerne a sua teoria do conhecimento, contrariando 
Platão, Agostinho defendeu que o testemunho de outras pessoas, 
mesmo quando não nos traz uma informação verdadeira ou 
passível de verificação, podem nos trazer novos conhecimentos. 
Segundo Agostinho, os cristãos deveriam ser filosoficamente e 
pessoalmente pacifistas. Isto significa dizer que os cristãos 
deveriam defender a paz, optando por ela por princípio, sempre 
que possível, mas permite que, quando não for possível 
estabelecer a paz, faça-se a guerra. 
Entendeu que uma postura pacifica perante um mal que apenas 
poderia ser parado pela violência é um pecado, uma vez que 
permite a perpetuação deste mal. nestes casos os cristãos 
deveriam considerar que uma guerra só é justa se seu objetivo 
for a manutenção da paz, havendo um comprometimento 
duradouro com a mesma. 
Ainda, a guerra não pode ser preventiva, mas apenas defensiva, 
com o objetivo de restaurar a paz, nunca de atacar aqueles que 
tem potencial para violar a paz, pois isto seria equivalente a punir 
antes do crime. Uma vez que nenhum humano é capaz de, com 
absoluta certeza, garantir que um crime de fato ocorrerá é 
injusto punir antes que o crime ocorra. Da mesma forma, a 
guerra só é justa quando defensiva 
A FILOSOFIA DE SANTO AGOSTINHO 
Santo Agostinho tinha particular interesse nos estudos sobre 
como conciliar fé e razão. Sendo a mente humana mutável e 
falível, como atingir, a partir dela, a Verdade eterna? 
Para Santo Agostinho, a filosofia antiga, apesar de pagã, seria 
uma preparação da alma, muito útil para a compreensão da 
verdade revelada. Afinal, sem o intelecto o homem é incapaz de 
compreender as Sagradas Escrituras. 
Entretanto, tal como o olho necessita da luz do sol para 
enxergar, o ser humano necessita da luz divina para chegar ao 
conhecimento completo, não sendo suficiente (apesar de 
importante) o uso da razão Intellige ut credas, crede ut intelligas 
(“é preciso compreender para crer, e crer para compreender”) 
e fides praecedit intellectum (“a fé precede a razão”) são 
algumas de suas mais famosas máximas. 
A verdadeira sabedoria, com a qual vem a verdadeira felicidade, 
não se encontra neste mundo, mas tão-somenteem Deus, que é 
o arx philosophiae (ápice da filosofia). Para alcançá-lo, não basta a 
razão, é preciso entregar-se na busca da face incompreensível 
ou inefável de Deus. 
Nossa mente, criada à imagem e semelhança de Deus, possui 
uma centelha divina, a luz natural (lúmen naturale), que nos da 
capacidade de entender as verdades eternas. Todo o homem 
possui a centelha divina. como diz São Paulo: “Não há judeus, nem 
grego, nem escravo, nem homem livre, nem homem, nem mulher: 
todos são um no Cristo Jesus”. 
TEORIA DA ILUMINAÇÃO DE SANTO AGOSTINHO. 
⤑ Tal teoria é proveniente da doutrina da reminiscência De 
Platão, segundo a qual as ideias já residiriam em nossa alma e 
caberia ao filósofo despertá-las. Diante da perfeição de Deus, há 
um problema para esses primeiros teólogos do cristianismo: se 
Deus todo-poderoso, criador de tudo, ele também seria Criador 
do mal? Se Deus criou o mal, como defender sua Bondade 
infinita? Se ele é onipotente, seria ele responsável pela miséria e 
infelicidade do mundo? 
Para Santo Agostinho, o mal não tem realidade Metafísica: todo o 
mal não é mais que a ausência do Bem, a ausência da obra divina. 
Ou, para ser mais Preciso, o mal não é algo que foi criado, não é 
algo físico– o mal é o “não ser”. 
A CIDADE DE DEUS 
⤑ Agostinho (2006) defende que uma sociedade se forma A 
partir do amor de vários indivíduos pelo mesmo objeto. Ele 
exemplifica com os espetáculos: os espectadores ignoram-se 
mutuamente, mas, ao admirarem a performance do ator, 
também passam a nutrir simpatia uns pelos outros. Unida pelo 
amor divino e que dirige sua existência temporal à glória de deus. 
A CIDADE DOS HOMENS 
⤑ Unida pelo amor às coisas temporais, de costas para Deus. 
É por isso que agostinho preocupou-se com a arte de governar, 
pois, para ele, a política deve contemplar o homem em sua 
plenitude constituída de corpo e de alma. 
3 
Portanto, não haverá política verdadeira se esta não estiver 
ligada a deus. nesse contexto, dirigia-se aos que pretendiam 
governar 
A “cidade dos homens” para que não se esquecessem desse 
princípio e, assim, fizessem da cidade terrena uma antecipação 
da “cidade de deus”: a pátria celestial. 
Se os que governam não pensarem na política como uma arte e 
que esta não pode ser pensada sem a presença de deus, não 
haverá concórdia na cidade terrena. Assim, as virtudes não serão 
praticadas e os vícios reinarão há um fim comum a toda 
sociedade, seja qual for, e este fim é, segundo agostinho, a “paz”. 
A paz que as sociedades desejam é pura tranquilidade de fato, 
mas a paz verdadeira é a que satisfaz plenamente as vontades 
de todos tão bem que, ao ser obtida, nada mais se deseja. 
Afinal, “uma coisa não é a ventura da cidade e outra a do 
homem, pois toda cidade não passa de homens que vivem unidos” 
(agostinho, 2006). 
A condição fundamental para que a paz seja permanente é a 
ordem. 
Para que um conjunto de partes concorde na busca de um 
mesmo fim, é preciso que cada qual esteja em seu lugar e 
desempenhe sua própria função corretamente. 
Assim: 
A paz do corpo é o equilíbrio bem ordenado dos apetites ou das 
paixões. 
A paz da alma racional é o acordo entre o conhecimento e a 
vontade. 
A paz doméstica é a concórdia dos moradores da mesma 
habitação quanto ao comando e à obediência. 
A paz da cidade é a concórdia da família estendida a todos os 
cidadãos. 
A paz da cidade cristã é uma sociedade ordenada de homens que 
amam a deus e se amam mutuamente em deus. 
Agostinho considera a paz da cidade dos homens uma paz 
aparente, uma desordem. Por essa razão, ainda que seus 
ensinamentos expressem a transitoriedade da cidade terrena e a 
definitiva paz na cidade celestial, ele chamava atenção daqueles 
que não praticavam as virtudes. Assim, promoviam os vícios que 
desqualificam os sentidos da política terrena a justiça é a virtude 
que realiza a ordem, que dá a cada um o que é devido: subordina 
o inferior ao superior, mantém a igualdade entre coisas iguais e 
dá a cada um o que lhe pertence. 
A justiça deriva da lei eterna, que nos ordena conservar a ordem 
e impedir que ela seja perturbada. Essa lei imutável ilumina nossa 
consciência moral como a luz do mestre interior — que é cristo, 
“o verbo que ilumina todo homem” — ilumina nossa inteligência. 
Assim, também há em nós uma lei, chamada “lei natural”, que é 
como a “transcrição” da lei eterna ou divina em nossa alma. 
A exigência fundamental da lei é que tudo esteja ordenado. 
É a justiça que estabelece no homem a ordem pela qual o corpo 
submete-se à alma e essa a deus. 
SANTO AGOSTINHO, HOJE 
⤑ Na atualidade, existem preconceitos de diversos tipos: se 
existem, por um lado, grupos que discriminam minorias, existem 
também, por outro, aqueles que associam “religião” à ignorância. 
A densidade da obra de santo agostinho, rica tanto do ponto de 
vista filosófico quanto do ponto de vista literário, nos mostra 
Que essa associação é absolutamente equivocada. 
SÃO TOMÁS DE AQUINO E A ESCOLÁSTICA 
COMO FORMA DE PODER E O CONTEXTO 
HISTÓRICO 
⤑ Origem: roccasecca (cerca de 1224-1274) 
⤑ Corrente filosófica: escolástica 
⤑ Principais obras: suma teológica; suma contra os gentios; 
contra os erros dos gregos; comentários sobre Aristóteles 
⤑ Frase-síntese: “o objeto das virtudes teológicas é o próprio 
deus, que é a última finalidade de tudo e acima do conhecimento 
da nossa razão. Por outro lado, o objeto das virtudes morais e 
intelectuais é algo compreensível à razão humana” 
Tomás de Aquino nasceu em 1224 ou 1225 perto da cidade de 
Aquino, no reino da Sicília (hoje parte da Itália). 
Foi canonizado em 1323 e nomeado “doutor da igreja” em 1567. 
Santo Tomás de Aquino foi o maior expoente da filosofia 
escolástica. Membro da ordem dos dominicanos e professor da 
universidade de paris, Aquino foi aluno de santo Alberto magno 
(1206-1280). 
Fortemente influenciada por Aristóteles e Averróis, sua filosofia 
é de suma importância para a igreja católica até os dias atuais. 
Durante o concílio de Trento, sua obra foi colocada no altar ao 
lado da bíblia, sendo considerada fundamental para o combate e a 
refutação do protestantismo. Durante a viagem a Roma, onde 
participaria do concílio de Lyon, a convite do papa gregório x, 
Aquino adoeceu, vindo a falecer na abadia de fossanova, em 
1274. 
Na posteridade, muito de seu pensamento, no entanto, foi 
deformado e injustamente associado à ortodoxia e ao 
conservadorismo. 
FILOSOFIA ESCOLÁSTICA 
⤑ O termo escolástico refere-se à produção filosófica que 
aconteceu na idade média, entre os séculos ix e xiii d.C. 
A escolástica está situada em um período de intensidade do 
domínio católico sobre a europa. 
Dada a necessidade de formação em larga escala de sacerdotes 
e da forte implicação cultural e educacional para a fé católica 
4 
promovida pelo império carolíngio, a igreja católica criou escolas e 
universidades para ensinar e formar pensadores e novos 
sacerdotes. Essa criação das escolas motivou o nome do período. 
Depois de oito séculos marcados por uma filosofia voltada para a 
resignação, a intuição e a revelação divina, a idade média cristã 
chegou a um ponto de tensão ideológica que levou à inversão 
quase total desses princípios. O personagem-chave da reviravolta 
foi são Tomás de Aquino (1224/5-1274), o grande nome da 
filosofia escolástica, cujo pensamento privilegiou a atividade, a 
razão e a vontade humana. 
Tomás de Aquino realizou um trabalho monumental numa vida 
relativamente curta. 
Sua obra mais importante, apesar de não concluída, é a suma 
teológica, na qual revê a teologia cristã sob a nova ótica, seguindo 
o princípio aristotélico de que cabe à razão ordenar e classificar 
o mundo para entendê-lo. Eis o princípio operacional do tomismo, 
como é chamada a filosofia inaugurada por Tomás de Aquino. 
Cada ser humano, segundo ele, tem uma essência particular, à 
espera de ser desenvolvida, e os instrumentos fundamentais 
para isso são a razão e a prudência – esse, para Tomás de 
Aquino,era o caminho da felicidade e também da conduta 
eticamente correta.” 
A FILOSOFIA DE SANTO TOMÁS DE AQUINO 
⤑ Uma de suas ideias centrais é a rejeição do absoluto 
antagonismo entre a razão e a fé. 
Para Aquino, existiriam as “verdades da fé”, atingíveis apenas 
por meio da revelação cristã, às quais não poderemos chegar 
através da razão. 
Porém, nem todas as verdades seriam alcançadas desse modo, 
existindo também as “verdades naturais teológicas”. 
Sendo a razão obra de deus, poderíamos alcançar essas 
verdades tanto pela fé como pela razão. 
A fé e a razão seriam, muitas vezes, rios que desembocam num 
mesmo oceano. Cinco vias para demonstrar a existência de deus, 
ancoradas na filosofia aristotélica: 
O primeiro argumento, oriundo da física de Aristóteles, crê que, 
se tudo que move é movido por algo, não pode ser admitida uma 
regressão ao infinito, devendo existir um primeiro motor. Deus, 
assim, é o primeiro motor. 
O segundo argumento, oriundo da metafísica de Aristóteles, 
defende a ideia de que, se perguntássemos a qualquer fenômeno 
do mundo sua causa e continuássemos sucessivamente 
perguntando as “causas de suas causas”, em todos os casos 
chegaríamos a deus. 
O terceiro argumento, baseado nas noções de necessidade e 
contingência de Aristóteles, acredita que, se tudo na natureza 
fosse contingente, passageiro, é preciso que algo do que existe 
seja perene. Deus é o primeiro ser, origem de toda necessidade. 
O quarto argumento, inspirado na metafísica de Aristóteles, 
pensa que, se todas as coisas na natureza têm uma qualidade, 
em maior ou menor grau (tamanho, força etc.), é preciso um 
parâmetro, a perfeição, que é deus, portador de todos os 
atributos e qualidades em máximo grau. 
O quinto argumento pensa que se, como observa Aristóteles, a 
natureza possui um propósito, deve haver uma finalidade para 
toda a criação, caso contrário o universo não tenderia para o 
mesmo fim ou resultado. A causa inteligente do universo é deus. 
No campo da política, santo Tomás de Aquino dividiu as leis em lei 
natural (visando a preservar a vida), lei positiva (estabelecida pelo 
homem, visando a preservar a sociedade) e lei divina (que conduz 
o homem à vida cristã e ao paraíso, guiando as outras leis). 
Para Aquino, como para Aristóteles, o homem é um animal social 
e político: a família é a primeira associação, e o estado, sua 
ampliação e continuação. 
O estado, assim, deve existir, desde que subordinado, no que diz 
respeito à religião e à moral, à igreja, a qual visa ao bem eterno 
das almas 
Essa foi a concepção dominante da igreja católica, que seria 
depois combatida por maquiavel. 
Santo Tomás de Aquino é o maior expoente do período 
escolástico da teologia e filosofia católica, cujo nome deriva das 
“escolas” monásticas ou catedralícias, nas quais eram ensinadas a 
teologia e as “artes liberais” 
Assim como para agostinho, para Aquino, a lei eterna de deus é 
participada à mente humana como “lei natural”, e o papel de tal 
lei — como de todas — é orientar o homem à sua finalidade e 
felicidade, que é deus. 
Como conteúdo, essa lei é um hábito — que Tomás também 
chama de “sindérese” — dos princípios da vida moral. (no 
aristotelismo e na escolástica, capacidade espiritual inata, 
espontânea e imediata para a apreensão dos primeiros princípios 
da ética, capaz de oferecer intuitivamente uma orientação para 
o comportamento moral. 
Princípios 
⤑ “o bem é o que todos desejam”. Dele deriva o primeiro 
preceito da lei natural: “o bem deve ser feito, e o mal, evitado”. A 
razão prática apreende como bem as coisas para as quais o 
homem tem uma inclinação natural: seguir vivendo, propagar a 
espécie e educar os filhos, buscar a verdade e viver em 
sociedade. 
A virtude é definida por Aquino como “uma boa qualidade da 
mente pela que se vive retamente, da qual ninguém usa mal, 
produzida por deus em nós sem intervenção nossa”. 
Em sentido lato, “virtudes” são aquelas humanas, que se destinam 
aos fins da razão humana e que podem ser obtidas pela 
reiteração dos atos. Para santo Tomás de Aquino a virtude em 
sentido próprio é a “infusa”, inseparável da virtude teologal da 
5 
caridade, com a qual deus incrementa as virtudes humanas ou 
cardeais — prudência, justiça, fortaleza e temperança — para 
o cumprimento do fim último e sobrenatural da vida humana, que 
é o próprio deus virtude cardeal 
Prudência: esta é a virtude pela qual o homem aplica os 
princípios da sindérese (hábito) ou lei natural à situação concreta. 
Por ela, conhecendo a verdade dos princípios e da situação, o 
homem atua com justiça. O querer e o agir devem ser 
conformes à verdade. A prudência não se refere ao fim último, 
mas às vias que a ele conduzem, isto é, ela não decide o que é a 
felicidade, mas apenas como chegar lá. A unidade viva de 
sindérese e prudência é o que chamamos de “consciência”. 
Just iça: esta é a constante e perpétua vontade de dar a cada 
um o seu direito. A matéria da justiça é a operação exterior, 
enquanto esta, ou a coisa que por ela usamos, é proporcionada à 
outra persona, à qual estamos ordenados pela justiça. A justiça 
legal é a mais preclara (notável) entre todas as virtudes morais, 
na medida em que o bem comum é preeminente sobre o bem 
singular de uma pessoa considerada individualmente. A justiça 
particular também sobressai entre as outras virtudes morais por 
duas razões: a primeira se toma pelo sujeito, porque se acha na 
parte mais nobre da alma, na vontade; a segunda razão deriva de 
parte do objeto, porque o justo comporta-se bem a respeito de 
outro, e, assim, a justiça é, de certo modo, um bem de outro. 
Fortaleza: sua essência não é se expor a qualquer risco, mas 
entregar-se, de maneira razoável, ao verdadeiro valor do real. A 
autêntica fortaleza supõe uma valoração justa das coisas, tanto 
das que se arrisca como das que se espera proteger ou ganhar. 
O bem do homem é a realização de si conforme a razão, e o bem 
da razão vem da prudência. A justiça quer realizar esse bem. A 
fortaleza e a temperança o conservam (com primazia da 
fortaleza). 
Temperança: o sentido da temperança é realizar a ordem no 
interior do homem, com absoluta ausência de egoísmo. Dela brota 
a tranquilidade do espírito. A tendência natural ao prazer sensível 
que se obtém na comida, na bebida e no deleite sexual manifesta 
as forças naturais mais potentes que atuam na conservação do 
homem. Essas energias vitais, que se puseram no ser para 
conservar no indivíduo e na espécie a natureza, dão as três 
formas originais do prazer e destroem a ordem interior quando 
se desordenam. Disso resulta que as funções mais específicas da 
temperança sejam a abstinência e a castidade (ordenação do 
comer, do beber, da sexualidade segundo a razão). Quando a 
exigência natural do homem de vingar uma injustiça desemboca 
em desatada cólera, é destruído o que deveria ser edificado à 
base de mansidão e doçura. Inclusive a natural ânsia de conhecer 
pode degenerar, sem temperança, em ansiedade ou em mania 
patológica. Santo Tomás de Aquino chama essa depravação de 
“curiosidade” e a temperança que a modera, de “estudiosidade”. 
castidade, sobriedade, humildade e mansidão, junto com a 
estudiosidade, são formas da temperança. 
Luxúria, desenfreio, soberba e uma cólera irracional, junto com a 
curiosidade, são formas da destemperança. Política: para Aquino 
(2011), o homem é um “animal sociável e político”: desprovido de 
instrumentos que lhe garantam automaticamente a 
sobrevivência, mas dotado de razão para buscar os meios da 
existência, ele não pode, sozinho, encontrar tudo que necessita. 
Portanto, a vida social lhe é natural. 
A política é a arte de dirigir a multidão à consecução do bem 
comum — e não meramente um jogo de luta pelo poder —, 
para a qual é imprescindível a presença de um governante que 
saiba harmonizar os interesses presentes na sociedade, 
subordinando-os aos interesses mais gerais. 
Tomás de Aquino reconhece à sociedade o direito de destituir o 
governanteinstituído ou de lhe refrear o poder, caso abuse 
tiranicamente dele. Ao tirano, cujo governo só se sustenta pelo 
temor, deus não permite que reine por muito tempo. 
Para compreender este “princípio da rebelião”, destacamos os 
dois princípios estabelecidos no tratado da lei: o primeiro, de que 
uma lei humana é injusta, contradiz-se à lei natural (Aquino, 2016); 
o segundo afirma que a autoridade política pertence ao povo (ou 
a seus representantes). 
Santo Tomás de Aquino apresenta as três condições exigidas 
para uma boa vida da multidão: 
• A unidade da paz. 
• O procedimento virtuoso dos cidadãos, isto é, a ação 
em conformidade com o bem moral que se expressa na 
lei natural. 
• A abundância do necessário para o viver bem. 
SANTO TOMÁS DE AQUINO, HOJE 
⤑ Atualmente, são inúmeros os debates acerca das relações 
entre fé e ciência. Alguns, por um lado, propugnam a separação 
absoluta dos dois campos, pois, como disse Mário sérgio cortella, 
se, em ciência, é preciso ver para crer, em religião, é preciso 
crer para ver. Por outro lado, outros, como os deístas*, 
acreditam que é necessário não existir contradição entre os dois 
campos para, assim, a fé ser confiável. A obra de santo Tomás 
de Aquino, pregando algumas convergências entre fé e razão, 
pode iluminar esse debate. 
* sistema que aceita a existência de deus, mas não acredita na 
autoridade de igrejas ou de práticas religiosas. Doutrina que tem a 
razão como base para garantir a existência de deus, negando a 
influência da religião ou da igreja.

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