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Cap 2 Conceitos Básicos relevantes: o caso do Brasil GIAMBIAGI, FÁBIO & ALEM. Finanças Públicas, Campus, 2002. Campus. 2002 Dra. Fernanda Rangel Caixa vs competência Caixa – as despesas são consideradas como tendo ocorrido no momento em que são pagas. Competência – contabiliza as despesas no momento em que são geradas. Se o gov tem uma dívida de 2 bi em março e adia 1 bi para pagar em junho. Isso significa que o caixa vai contabilizar um bi em março, mas pelo conceito de competência, o governo ainda deve 2bi nesse mês. Caixa vs competência No Brasil, a necessidade de financiamento é apurada pelo caixa. Isso é, o quanto eu preciso financiar hoje depende do quanto é meu gasto hoje. A despesa com o juros é apurada pelo conceito de competência. Assim, evita que a dívida nominal exploda quando o governo emite títulos de longo prazo. De um lado, isso visa evitar que o governo emita títulos de longo prazo com pagamentos concentrados no tempo. O déficit seria “baixo durante um tempo, e depois explodiria no momento do vencimento. Caixa vs competência Ao apropriar os juros pelo conceito da competência, o Banco Central torna a despesa do juros regular ao longo do tempo. Acima da linha e abaixo da linha Os resultados fiscais podem ser apurados de duas formas: “Acima da linha”, que corresponde à diferença entre as receitas e as despesas do setor público; “Abaixo da linha”, que corresponde à variação da dívida líquida total, interna e externa. Acima da linha e abaixo da linha Imagina que você viaja de férias e saca todo o dinheiro destinado ao passeio. No meio da viagem o dinheiro acaba e você decide usar o cartão. Você não sabe ao certo com o que gastou em ambos os casos, porque gastos pequenos podem ser esquecidos. Mas se sabe exatamente o tamanho da dívida. A dívida paga com o dinheiro pode ser entendida como acima da linha. A dívida com cartão como abaixo da linha. Acima da linha e abaixo da linha Método acima da linha: estatísticas fiscais desagregadas em variáveis de receita e despesa. Método abaixo da linha: estatísticas fiscais via variação do endividamento público. Acima da linha e abaixo da linha No tocante aos conceitos “acima da linha” e “abaixo da linha”, utilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional, considera-se: I. Ambos são métodos de apuração fiscal, com focos distintos, ora sobre os fluxos, ora sobre os estoques. II. O método “abaixo da linha” representa a medida do fluxo do resultado primário. III. O método “acima da linha” corresponde à diferença entre as receitas e as despesas do setor público. IV. Ambos possuem como ponto de partida os saldos da dívida pública para obter as necessidades de financiamento. Acima da linha e abaixo da linha Está correto o que se afirma em: I e III. II está errado. Abaixo da Linha = estoque. Medida de fluxo do resultado nominal. IV está errado. Só o conceito abaixo da linha. O método de apuração fiscal “acima da linha” representa uma medida de fluxo. (Diferença entre receitas e despesas). O método de apuração fiscal “abaixo da linha” representa uma medida de estoque. (Variação da dívida interna e externa) Acima da linha e abaixo da linha Em outras palavras: acima da linha compara receitas e despesas dos órgãos; abaixo da linha analisa o tamanho do déficit pelo lado do financiamento. O Tesouro usa a apuração “acima da linha”, enquanto o Bacen usa a “abaixo da linha”. Estatística “abaixo da linha” permite analisar como o governo financiou seu déficit. Estatística “acima da linha” permite avaliar as causas dos desequilíbrios, além de outros aspectos qualitativos da política fiscal. O resultado fiscal obtido pelas duas metodologias é comparável e, desta forma, ambas as estatísticas são importantes para a boa condução da política fiscal, devendo ser utilizadas de forma complementar. Acima da linha e abaixo da linha SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL (SRF) – APURA RECEITA DO GOVERNO FEDERAL; SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL (STN) – CONSOLIDA DADOS DA RECEITA E DA EXECUÇÃO DO TESOURO NACIONAL (BC); INSS – DADOS DE RECEITA E DESPESAS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E DO PRÕPRIO ÓRGÃO; SECRETARIA DE POLÍTICA ECONÔMICA (SPE) – CONSOLIDA AS INFORMAÇÕES ACIMA E APRESENTA UM QUADRO DESAGREGADO DAS RECEITAS E DESPESAS DO GOVERNO CENTRAL (FEDERAL+INSS+BC); SECRETARIA ESPECIAL DE CONTROLE DAS EMPRESAS ESTATAIS (SEST) – EXECUÇÃO FINANCEIRA DAS EMPRESAS FEDERAIS. Resultado Nominal Déficit nominal: as despesas ultrapassaram as receitas, incluindo os juros da dívida, correção monetária e cambial. Resultado nominal, porque pode ser déficit ou superávit. Resultado Nominal Sendo o gasto com juros, o PIB a dívida líquida do setor público a inflação os preços e representa o final do período os preços no período t , onde é a relação dívida PIB constante na presença de inflação nula. Resultado Nominal Para um dado nível de , da relação dívida/PIB, o volume pago com juros nominal é uma função direta das taxas de inflação. O valor dos juros nominais, e a necessidade de financiamento no conceito nominal, ambos em relação ao PIB, é uma função direta da inflação. Resultado Nominal Não é de se estranhar que o déficit público tenha variado tanto durante esses períodos de inflação. Resultado Nominal Conceito de Déficit Primário Déficit primário: Dado pela diferença entre receitas e despesas não financeiras. Tomando como base a expressão da restrição orçamentária, tem-se que o em determinado período t, pode ser representado como: Trata-se de medida importante por duas razões principais: Representa a origem e a fonte de alimentação dos déficits totais e da dívida pública, daí o termo primário. Permite a identificação de focos de desequilíbrio, por meio dos fluxos de receitas e despesas. Déficit primário O déficit primário é medida relevante, considerando-se que para implementar um programa de ajuste fiscal é fundamental: Conhecer o comportamento e a lei da formação das despesas e receitas primárias; Que em última instância irão determinar a trajetória da relação dívida/pib. Déficit primário Permite responder a questões da seguinte natureza: Quais os itens da despesa que crescem inercialmente? Quais as despesas mais suscetíveis a cortes, na hipótese de ajuste fiscal? Qual a situação das contas previdenciárias? Quais os impostos mais sensíveis a variações na atividade econômica? Resultado operacional Déficit operacional: representa a necessidade de financiamento do setor público, e exclui os efeitos da correção monetária e cambial nas despesas e nas receitas. Déficit Operacional DO = Déficit primário + Despesas com juros reais (dívida) Déficit nominal: as despesas ultrapassaram as receitas, incluindo os juros da dívida, correção monetária e cambial. Déficit operacional É uma medida bastante requisitada em períodos de inflação elevada. Este é computado descontando-se da NFSP nominal a parte referente à atualização monetária. De fato, perde-se a noção de que em determinados momentos, a remuneração dos títulos públicos em termos reais pode ser negativa em função da aceleração inflacionária. Nesse caso, a inflação está contribuindo para reduzir a dívida pública. Em 1990, enquanto o déficit nominal brasileiro foi de 29,6% do PIB, o déficit operacional foi de –1,3%, ou seja, houve superávit na ocasião. Com a redução da inflação, a tendência é a aproximação entre os valores do déficit nominal e do déficit operacional. Déficit nominal DN = Déficit operacional + atualização monetária da dívida Déficit orçamentário no período Onde: = taxa de juros reais : dívida pública ao final do período t-1 = Gasto no período t = Receita no período t Déficit vs Dívida Não confundir déficit com dívida. A dívida é um estoque, correspondente ao que o governo deve em consequência de déficits passados. O déficit é um fluxo: quanto o governo toma emprestado em um dado ano. Déficit primário, operacional e nominal DP = Déficit Primário (Gnf – Rnf) (acima da linha) DO = DP + despesas com juros reais (dívida) DN = DO + atualização monetáriada dívida Déficit público D = G – R D: DÉFICIT PÚBLICO G: GASTO PÚBLICO R: RECEITA PÚBLICA Referentes a um determinado período no tempo. Déficit público O Setor Público (assim como qualquer outro agente econômico, uma empresa ou um trabalhador assalariado) tem uma Restrição Orçamentária. Para manter-se em equilíbrio ao longo do tempo: Fluxo da Arrecadação do Governo = Fluxo de Dispêndios Caso contrário, gera-se um Superávit ou Déficit no orçamento. No caso de um SUPERÁVIT, pode acumular POUPANÇA (se INV<POUP) ou EMPRESTAR recursos para o setor privado. No caso de gerar um DÉFICIT, ocorre o inverso - o governo gasta mais que arrecada - gera Necessidade de Financiamento - junto ao setor privado e/ou Banco Central. Necessidade de Financiamento do Governo (NFG) NFG = CG + JG + IG – T (2) Onde: CG: consumo JG: juros da dívida IG: investimento T: receita tributária, líquida de subsídios e transferências, exclusive juros Lembrando: entende-se por Governo para efeitos das Contas Nacionais = Governo Central+ Estados e Municípios Não inclui empresas estatais Necessidade de Financiamento do Governo (NFG) Poupança do governo pode ser definida como: SG = T – (CG – JG) (1) Ao mesmo tempo, tem-se pela equação, que: T – (CG – JG) = IG – NFG (2) Igualando-se (1) a (2): SG = IG – NFG Ou NFG = IG – SG A existência de um déficit não significa que a poupança seja negativa, mas pode estar indicando apenas que embora positiva, a poupança (SG) é inferior ao valor do investimento do governo (IG). NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO NFSP = Variação do endividamento do Setor Público não financeiro junto ao sistema financeiro e ao setor privado, doméstico ou do resto do mundo, segundo os critérios elaborados pelo FMI. O conceito NFSP no Brasil é usualmente medido pelo conceito “abaixo da linha” em que a análise é conduzida a partir da variação da dívida. Dívida Líquida do Setor Público Dívida Líquida do Setor Público é igual a Dívida bruta menos ativos financeiros em poder do setor público menos os créditos do setor público não financeiro e do BACEN junto ao setor financeiro (privado e público), setor privado não financeiro e reservas internacionais em poder do BACEN. Pode-se dizer que a DLSP também é utilizada como base para o cálculo do déficit público “abaixo da linha”. NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO Objetivo da medida: avaliar o impacto do setor público sobre a demanda agregada. Se a dívida líquida aumenta, é porque ocorreu um déficit. A privatização não é considerada receita. Quando a privatização é utilizada para abater a dívida pública, não há impacto sobre as NFSP. NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO A dívida líquida aumenta (cai) quando ocorre um Déficit (Superávit). Vale o contrário? Sempre que ocorre um Déficit, a Dívida Líquida aumenta? O financiamento orçamentário da dívida pública representa a parcela do orçamento que o Governo não consegue cobrir com recursos provenientes da receita tributária (impostos, taxas e contribuições de melhorias). Considerando que algumas despesas têm caráter obrigatório outras são prioritárias, se a retração das despesas discricionárias não for factível na medida da dívida gerada, essa parcela do orçamento será executada, e caso o governo não tenha receitas suficientes, será financiada com recursos de terceiros, ou seja, com endividamento. NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO A privatização tem impacto negativo sobre a variação da dívida líquida do setor público – DLSP, coeteris paribus. Quando ocorre uma privatização destinada ao abatimento de dívida financeira, a dívida líquida do setor público cai. Neste sentido, a situação do setor público “melhora”. No entanto, um indivíduo que vende um apartamento para pagar uma dívida não tem motivos para comemorar. Trata-se do cancelamento simultâneo de um ativo e de um passivo. A privatização não diminui a NFSP ser apenas uma troca de um estoque financeiro de um agente para o outro. Um investimento entra em NFSP NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO Ao contrário de tributos, a Privatização não é considerada Receita do governo. A privatização pode, no entanto, ser utilizada para abater a dívida pública. A privatização tem, neste caso, impacto negativo sobre a variação da DLSP, coeteris paribus. Quando esse é o caso, não há, necessariamente, impacto sobre as NFSP. DDLSP = NFSP - Privatizações + Outros ajustes patrimoniais (OAP) NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO O conceito NFSP no Brasil é usualmente medido pelo conceito “abaixo da linha” em que a análise é conduzida a partir da variação da dívida. Essa informação “Abaixo da linha”, não permite a identificação do motivo de desequilíbrio nas contas. Outros ajustes patrimoniais: afetam a dívida sem estarem ligados à ocorrência de um déficit. Resultado Nominal do Setor Público NFSP = Resultado Primário (+) - Acréscimo de Juros Nominais (+) Ou seja, o Resultado Primário pode ser positivo, mas se a dívida aumenta na forma de aumento nos juros nominais, por exemplo, aumenta o valor da NFSP. NFSP no Brasil NFSP conceito abrangente de déficit público utilizado pelo FMI começou a se utilizado no Brasil nos anos 80. Objetivo do conceito: medir a pressão do setor público não financeiro sobre os recursos financeiros (tanto interno como externos) da econômica, ou sej sçfjiza, sobre a poupança. Nesse sentido, consolidam-se os diversos orçamentos de entidades consideradas governo (exclui transferências intra-governo) e, a partir das NF de cada uma das entidades chega-se à NFSP O que interessa: pressão sobre os recursos financeiros, deduzem-se dos orçamentos as amortizações de capital e os créditos concedidos pelo setor público ao setor privado. círculo virtuoso Aumenta Superávit Primário ->> redução NFSP ->>aumento de investimento círculo virtuoso Eventualmente pode-se esperar também que ocorra o desenvolvimento de um círculo virtuoso Aumenta Superávit Primário -> redução DLSP -> redução NFSP -> redução na taxa de juros -> aumento de investimento -> aumento do produto da economia
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