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Medida provisória- Batista

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Medida provisória
A medida provisória não é lei, apenas tende a ser uma. Apesar disso, ela tem a mesma obrigatoriedade de uma lei durante o período em que está em vigor. Saber disso faz diferença ao pensarmos se uma medida provisória é capaz de revogar uma lei anterior a ela. Por não ter ser lei, a mp não tem força para revogar, mas tem força para suspender a sua eficácia. Durante o período de vigência da mp, leis que versem sobre esse mesmo assunto estarão suspensas. Voltarão, porém, a ter eficácia quando cessar a mp sem que, para isso, haja repristinação. Caso a mp se torne lei, aí sim as leis anteriores estarão revogadas. Vemos, assim, que a mp dá início a um processo legislativo. Enquanto a MP vigora, tramita o projeto de conversão em lei.
De acordo com a redação original do art. 62, CF, em casos de relevância e urgência, o Presidente pode adotar uma medida provisória que vigorará por 30 dias e terá força de lei. Após esses 30 dias, o Congresso deveria convertê-la em lei ou revogá-la expressamente. Por ser sintética, a redação original do artigo dava muita abertura para interpretações divergentes. Com base nisso, o executivo criou um entendimento de que, no silêncio do Congresso, o Presidente poderia prorrogá-la quantas vezes quisesse. Esta era a Teoria das Reedições Sucessivas que, apesar de ter a antipatia da doutrina constitucional, era adotada pelo Supremo.
A emenda consittucional nº 32 regula a edição de medidas provisórias, mas vemos que o executivo não perdeu tanta força. No §1º vemos quais as matérias podem ser reguladas por MP. É vedado às medidas provisórias, por exemplo, regular matéria de lei complementar. 
A leitura do §3º nos dá um entendimento equivocado do que acontece na prática. Ele na realidade prevê que a medida provisória vigora por 60 dias podendo ser prorrogados por mais 60 caso o Congresso não delibere sobre ela. PERDI
No §9º surge a figura de uma comissão mista de deputados e senadores. Sobre elas, devemos fazer um paralelo com as comissões temáticas do Congresso. Quando é feita uma medida provisória, o Congresso tem, a princípio, 120 dias para apreciá-la. Como o período de tempo é muito reduzido, concentra-se em uma só comissão os trabalhos de todas as comissões temáticas. Essa comissão, além de avaliar o conteúdo da medida provisória, também insere o legislativo nesse processo. Os deputados e senadores que tiverem sugestões de emendas ao projeto de lei de conversão as apresentarão à comissão mista e, desse modo, o projeto pode ser aprovado, vetado ou alterado.
Depois da passagem pela comissão mista, o projeto de lei de conversão é encaminhado ao plenário do Congresso e passará por votação. Como é uma iniciativa extraparlamentar, a primeira casa a apreciá-la será a Câmara dos Deputados. Apesar disso não precisar de regulação, a emenda 32 inseriu essa norma no §8º. Não há um quórum específico para a aprovação de um projeto de lei de conversão e, portanto, aplica-se o art. 47. Não faria sentido estabelecer um quórum mais elevado já que, ao se transformar em lei, as medidas provisórias terão força de lei ordinária.
O poder legislativo faz um controle de constitucionalidade preventivo e político através das comissões de constituição e justiça. É preventivo por ser feito sobre uma norma que ainda não existe. O controle de constitucionalidade feito pelo Supremo é repressivo, já que é feito sobre leis já existentes. Isto posto, vemos que a emenda 32 traz uma inovação ao inserir o §5º no art. 62. A partir dele, o presidente edita a medida provisória, mas o Congresso deve fazer um controle repressivo dos requisitos constitucionais para que ela continue vigorando. Caso o Congresso a rejeite, ela perde a vigência. Eles podem rejeitar alegando que não há relevância ou urgência ou que não há interesse da sociedade.
O §6º do art. 62 fala da paralisação de todas as deliberações legislativas para que seja apreciada a medida provisória que entra em regime de urgência. Isso é muito perigoso porque pode ser mais interessante para sociedade que sejam deliberados outros assuntos, como a aprovação de uma emenda constitucional. Por isso, o Congresso criou um entendimento que relativiza o texto constitucional. Eles entendem que a urgência na apreciação de um projeto de lei de conversão só obstrui as sessões ordinárias. Nada impede que se marque uma sessão extraordinária para a apreciação de outros assuntos. Berthier acha esse entendimento acertado já que há matérias mais relevantes a serem deliberadas do que medidas provisórias que são sobre matérias pontuais.
Feita a apreciação pelas duas casas do Congresso, há quatro possibilidades: pode haver a conversão em lei, a rejeição, a perda de eficácia ou o retorno ao Presidente para que ele aprecie possíveis modificações. A diferença entre rejeição e perda de eficácia é a forma como isso ocorre. Em ambos os casos, a MP deixa de vigorar, mas a rejeição é expressa pelo Congresso, enquanto que a perda de eficácia ocorre pela passagem do tempo.
Vemos no §11 como o executivo não perdeu tanto poder quanto pensávamos por causa da edição da emenda 32. Se é editada uma MP contrária a uma lei, esta vai parar de vigorar pelo período de tempo em que aquela estiver em vigor. O §11 determina que caso o Congresso fique omisso durante esses 60 dias, a MP perderá eficácia ou será rejeitada, mas seus efeitos permanecerão. Para que isso não aconteça, é necessário que o Congresso faça um decreto parlamentar declarando expressamente quais efeitos deverão ser anulados. Assim, se o Presidente precisar de uma lei a seu favor imediatamente apenas para que seus efeitos sejam permanentes, ele pode editar uma medida provisória mesmo que ela seja manifestamente inconstitucional.

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