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Os trabalhos de Mendel: Di-hibridismo Dois fatores (dois genes) ↪ Relembrando Mendel avaliou 7 características diferentes da ervilha e veri�cou que em todas as sete a geração F2 apresentava uma proporção de 3: 1, então ele decidiu analisar duas características ao mesmo tempo. No exemplo a seguir vamos usar a cor e a forma das sementes. Quanto à cor da semente, o alelo V é o alelo dominante e determina a cor amarela, e o alelo v é recessivo e em dose dupla determina a cor verde. Quanto à forma da semente, já foi assunto da Primeira Lei de Mendel, visto anteriormente (resumo 4). Mendel adotou o mesmo procedimento explicado na aula sobre Monoibridismo: cruzamentos controlados entre plantas de linhagens puras, ou seja, eram plantas que apresentavam dois fatores iguais tanto para a forma, quanto para a cor (VVRR ou vvrr). Após a polinização cruzada arti�cial, observou-se que todas as sementes da F1 eram de cor amarela e formato liso, devendo então ter pelo menos um fator dominante para cada característica. Ele plantou estas sementes e quando as plantas resultantes começaram a produzir as suas �ores, ele deixou que elas se reproduzissem por autofecundação para obter as sementes da geração �lial 2. Ao analisar a F2 ele descobriu uma proporcionalidade de 9: 3: 3: 1. Isso re�ete em 9 sementes, a maioria de sementes amarelas lisas, para 3 amarelas e rugosas, 3 lisas e verdes e apenas 1 verde rugosa. Observou-se também uma outra coisa que fez toda a diferença- sendo mais tarde chamada de Segunda Lei de Mendel- ele notou que em duas classes fenotípicas estas características apareceriam em combinações de uma maneira diferente da geração parental e até mesmo da F1: As sementes rugosas algumas vezes podiam apresentar também a cor amarela e algumas vezes as sementes lisas podiam apresentar também a cor verde. Cruzamento envolvendo dois caracteres I Mendel mais uma vez teve uma interpretação matemática, viu que podíamos multiplicar as proporções isoladas de 3: 1 para dar a proporção 9: 3: 3: 1. Assim, 3 x 3= 9; 3 x 1= 3; 1 x 3= 3 e 1 x 1= 1, o que signi�cava dizer que estas características ou os fatores que as determinavam eram independentes, em outras palavras, embora o fator V e R estivessem juntos em um dos parentais e o fator v e r estivessem juntos no outro parental, eles eram independentes um do outro. Deste modo, durante a reprodução de um indivíduo duplo heterozigoto, como a das plantas F1 que se reproduziram por autofecundação, os fatores “v” e “r” se combinaram ao acaso. Meiose O fator V podia ser passado para a próxima geração com o fator R ou então com r, assim como o fator v podia ser passado junto com o fator R ou r. São quatro combinações diferentes, ou seja, possíveis. E cada uma dessas quatro combinações tinha 25% de chance de ocorrer ou um quarto de chance para cada uma, isso signi�ca que essa proporção de para cada uma dessas14 combinações nada mais é do que o resultado de uma Meiose para dois pares de genes e cada um localizado em um par de cromossomos homólogos diferentes. Neste esquema está representada a migração cromossômica durante a Meiose de um indivíduo duplo heterozigoto: VvRr. Lembrando que a Meiose não era de conhecimento de Mendel. Na célula inicial encontramos dois pares de cromossomos homólogos, cada par carregando um gene com dois alelos diferentes, um dominante (R e V) e outro recessivo (r e v). Nessa representação, os alelos dominantes de ambos os genes estão nos cromossomos representados com a cor verde, que no exemplo com as ervilhas vieram do mesmo genitor parental, e os recessivos estão nos cromossomos representados na cor rosa que vieram da outra planta parental. Como a primeira divisão da Meiose é reducional, os cromossomos homólogos se separam: V se separa do v e o R se separa do v, ao �nal desta primeira divisão da Meiose o número de cromossomos passou de 4 para 2, porém cada cromossomo está duplicado. Na segunda divisão da Meiose, nos dois lados, as cromátides-irmãs se separam nas duas células-�lhas, formando as células que deram origem aos gametas cujas particularidades já foram dadas na aula sobre gametogênese. Se for considerar a Meiose de uma única célula, teremos ao �nal quatro células, mas apenas duas combinações gênicas. 50% das células �lhas apresentaram as duas combinações dominante, formando então destas quatro, 50% V e R e 50% de v e r, entretanto, esta não é a única possibilidade de segregação cromossômica. A outra combinação possível é quando o alelo dominante de uma gene migra com o alelo recessivo do outro gene. Neste tipo de combinação ao �nal da meiose nós teremos novamente quatro células, porém as combinações serão diferentes da combinação anterior. Teremos ao �nal 50% com a combinação Vr e 50% das células com a combinação de vR. Ao juntarmos todas estas possibilidades de segregação cromossômica mostradas até agora, teremos quatro tipos diferentes de células que darão origem a quatro gametas diferentes em igual proporção: 25% de cada tipo, em outras palavras, os genes que determinam a cor são independentes dos genes que determinam a forma das sementes, simplesmente porque eles estão em pares homólogos diferentes. Se eles estivessem presentes no mesmo cromossomo, não teríamos esta proporção de gametas. Combinação de fatores (genes) durante a autofecundação das plantas Se colocarmos em uma tabela de encontros gaméticos estes quatro gametas produzidos pela F1, sendo que a mesma proporção ocorre tanto na Meiose feminina, quanto na Meiose masculina, de chance para cada14 gameta ou 25% , nós teremos então 16 possibilidades de encontros desses gametas, cada uma dada pela multiplicação das probabilidades isoladas de cada gameta: x14 = 1:16. Esta mesma probabilidade ocorre14 para cada encontro gamético. Também podemos veri�car os fenótipos possíveis nestes 16 encontros gaméticos, encontrando a proporção de 9: 3: 3: 1, onde: = amarela lisa;916 = amarela rugosa;316 = verde lisa;316 = verde rugosa.116 Temos também a proporção genotípica, onde os homozigóticos estão marcados de vermelho, a probabilidade delas ocorrerem cada uma é de 1: 16. A possibilidade da combinação dupla da heterozigótica acontecer está marcada de amarelo e no total são 4: 16 e as outras possibilidades de encontros gaméticos, onde cada uma tem possibilidade de 2: 16, estão marcadas uma de cada cor diferente. Cruzamento envolvendo dois caracteres II Para a maioria dos fenótipos mostrados aqui existe mais do que uma possibilidade de genótipo. Por exemplo, nas sementes amarelas e lisas podemos representar o genótipo geral desta maneira: V_R_, pois o tracinho signi�ca que o outro alelo pode ser o dominante ou recessivo, o fenótipo não vai mudar. A mesma coisa ocorre na semente amarela e rugosa. Já para as características recessivas é obrigatório que os alelos estejam em dose dupla, os alelos recessivos. A segunda Lei de Mendel A Segunda Lei de Mendel é conhecida como lei da segregação independente dos fatores e pode ser enunciada da seguinte forma: “Os ‘fatores’ que determinam duas ou mais características diferentes segregam-se, no híbrido, independentemente, combinando-se ao acaso na formação dos gametas”. Nota: a independência dos fatores foi considerada, na época, um princípio geral, mas hoje sabemos que nem todos os genes apresentam segregação independente. Constantes numéricas do Mendelismo As constantes mendelianas são pequenas fórmulas que servem para encontrar resultados rápidos quando se estuda mais do que dois pares de genes. Para se calcular o número de gametas que podem ser produzidos por indivíduos heterozigotos, usamos a pequena Fórmula , onde n é o número de pares de genes2𝑛 em heterozigose (híbridos). Exemplo: Quantos gametas diferentes são formados por um indivíduo com genótipo AaBBCcddEe? Temos apenas três pares de genes em heterozigose, então o número de híbridos é 3. Assim, o número de gametas seria , ou seja, 8 gametas diferentes23 podem ser formados por este indivíduo. Síntese: n = número de pares de genes em heterozigose = númerode gametas que podem ser2𝑛 produzidos por indivíduos heterozigotos Ao exemplo, n = 3 pares híbridos (Aa, Cc e Ee) = 8 gametas diferentes.23 Para calcularmos o número de diferentes fenótipos na geração F2, usamos a mesma fórmula anterior ( ). Essas fórmulas são2𝑛 sempre feitas com base em um par de gene. Neste outro exemplo, vamos considerar a cor da semente (Vv) , então para este um par temos duas cores possíveis, amarelo ou verde, logo, temos dois fenótipos possíveis, que é de onde vem a base 2. Síntese: n = 1 par; = 2 fenótipos.21 Assim, para dois pares (VvRr), temos quatro fenótipos possíveis: amarelo liso, amarelo rugoso, verde liso ou verde rugoso. Síntese: n = 2 pares; = 4 fenótipos.22 Podemos fazer isto para quantos pares quisermos. Para calcularmos o número de diferentes genótipos na geração F2, usamos a base 3 elevada à n ( ), porque para um par de3𝑛 genes (Vv) temos três genótipos diferentes (VV, Vv e vv). Para dois pares (VvRr) temos que é igual a 9.32 Síntese: n = 2 pares; = 9 genótipos.32 Neste exemplo, se voltarmos à tabela apresentada anteriormente com o resumo dos genótipos possíveis na F1, encontraremos esses 9 diferentes genótipos. Para saber o total de combinações genotípicas possíveis na F2, usamos 4 elevado a n ( ), pois para um par de4𝑛 genes (Vv) é possível observar esses quatro encontros gaméticos na F2: VV, Vv, Vv, vv. Para mais pares, temos: , dois pares de genes = 16 encontros42 gaméticos; , três pares de genes = 64 encontros43 gaméticos; , quatro pares de genes = 256 encontros44 gaméticos. E assim por diante. Se quisermos saber quantos tipos diferentes de genótipos homozigotos são formados na F2, novamente temos a fórmula e, desta vez, também2𝑛 recorremos a um par de alelos para entendermos o porquê usamos a base 2. Para um par de alelos, temos dois genótipos possíveis (VV e vv), por isso a base 2. Para dois pares de genes alelos (VV, vv, RR e rr) temos 2, por causa da base, elevado a 2, por causa dos dois pares de genes, totalizando quatro genótipos homozigotos possíveis. Síntese: n = número de pares de alelos n = 2 pares = 4 genótipos homozigotos possíveis22 (VVRR, VVrr, vvRR, vvrr) Agora, se quisermos saber quantos tipos diferentes de genótipos heterozigotos são formados na F2. Neste caso, o cálculo é um pouco diferente, pois temos apenas um tipo de genótipo heterozigoto na F2 quando estudamos apenas um gene com dois alelos, neste exemplo, seria o (Vv). E sabemos que 1 elevado a qualquer expoente sempre teremos como resultado o número 1 e isto não resolve nossa questão. Por isso, precisamos calcular de uma maneira alternativa. Usamos a fórmula . A base 33𝑛 − 2𝑛 ocorre, porque temos três genótipos diferentes quando consideramos um gene com dois alelos: VV, Vv e vv, então diminuímos pelo número de homozigotos que são dois (VV e vv). Assim, para dois pares: n = número de pares de alelos em heterozigose = 9 - 4 = 5 tipos diferentes de32 − 22 genótipos heterozigotos. Para três pares: = 27 - 8 = 19 tipos diferentes33 − 23 de genótipos heterozigotos. Para saber o total de genótipos heterozigotos formados na F2, usamos o mesmo raciocínio anterior. Neste caso, se simplesmente pegarmos a base 2 e elevarmos ao número de genes em heterozigose, não teremos o verdadeiro valor como para as outras situações apresentadas inicialmente de , assim,2𝑛 precisamos usar a fórmula ,4𝑛 − 2𝑛 sendo 4 o total de genótipos possíveis na F2 (ver o Quadrado de Punnett para a Primeira Lei de Mendel- resumo 4) e 2 o total de genótipos heterozigotos encontrados em um gene com dois alelos. O 2 resultante dessa subtração, logicamente, são os genótipos homozigotos. Então, para dois pares: = 16 - 4 = 12.42 − 22 Para três pares: = 64 - 8 = 56.43 − 23
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