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Psicologia Sócio-Histórica

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- -1
PSICOLOGIA SOCIAL
PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA
Bruno Stramandinoli Moreno
- -2
Olá!
Você está na unidade . Conheça aqui os cânones marcados pela diversidade quePsicologia Sócio-Histórica
constituem esta vertente da psicologia social. Aprenda sobre as abordagens teóricas que se entrelaçam em
práticas e intervenções, de modo a criticar a maneira hegemônica de se pesquisar e entender o tecido social em
seus variados campos de atuação. Compreenda ainda algumas questões sobre a produção de subjetividade e pós-
modernidade e também a intersecção existente entre indivíduo cultura e sociedade.
Bons estudos!
- -3
1 A psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em 
psicologia
Para Bock et al (2007), a abordagem designada psicologia sócio-histórica emerge fruto de um movimento
revisional-crítico da produção científica em psicologia social, principalmente quanto a questionamentos
referentes ao grau de comprometimento e contribuição a transformações sociais necessárias e demandadas.
Neste sentido, sua construção não se alicerça numa visão naturalizante. Ao contrário, trata-se de uma
desconstrução deste paradigma. A psicologia sócio-histórica é pontual, justamente, por considerar a necessidade
de posicionar o homem em algum ponto em sua existência - em geral, em um ponto histórico onde haja um
conjunto de forças e situações que, num dado momento, produzem e são produzidas por ele.
Figura 1 - Evoluçao histórica
Fonte: Hennadii H, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: A imagem mostra uma linha do tempo histórica, mostrando a evolução das ferramentas e
máquinas agrícolas.
- -4
Os fundamentos epistemológicos, metodológicos e ontológicos da psicologia social sócio-histórica, segundo Bock 
. (2007, p. 52), decorrem do materialismo histórico e dialético que busca “abordar os fenômenos sociais eet al
psicológicos na sua historicidade”. Para tanto, é importante compreender duas questões:
A
dialéticasubjetividade-
objetividade
é a relação estabelecida e operacionalizada pelo sujeito entre os aspectos
subjetivos e os aspectos objetivos que o circundam e o circunscrevem. Esta
relação entre questões internas (subjetivas) e externas (objetivas) que se
encontram no processo de acesso ao social e do impacto que este gera no sujeito
(movimento dialético).
A formação e
mudança devalores
é a formação humana do indivíduo enquanto ser biológico e social, um dos
grandes debates travados pela psicologia sócio-histórica. A construção de
valores que permeiam suas ações e suas práticas se dá no seio desta interface:
ser humano (biológico + social).
Assim, falar de uma psicologia sócio-histórica é discutir uma concepção de homem sob a ótica do processo
dialético que o produz. Alicerçado nas obras dos psicólogos soviéticos Alexander Luria, Alexei Leontiev e Lev
Semyonovich Vygotsky, o homem era concebido a partir dos processos que os circunscrevem e o circunda e que
produzem e são produzidos por ele.
Assista aí
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2
/38f41fb060db784e60c2e748f8347dae
Uma pessoa é a síntese do particular e do universal, ou seja, sua individualidade se constitui,
necessariamente, na relação objetiva com o seu meio físico, geográfico, histórico e social. que irão,
através de suas ações, desenvolver, o psiquismo humano constituído, fundamentalmente, pelas
categorias: consciência, atividade e afetividade, identidade (BOCK ., 2007, p.52).et al
Isso significa que, para a psicologia sócio-histórica, a concepção de homem está longe de se caracterizar por uma
perspectiva naturalizante, mas está ficada em concebê-lo empiricamente. Ou seja: ele é concebido sob a premissa
de que é produzido e produz o meio que o circunda, circunscrevendo seu psiquismo por meio de mediações
: suas emoções, a linguagem e o pensamento e o comportamento são responsáveis pelaconstitutivas
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subjetivação/objetivação ao mesmo tempo. Assim, o ser humano, é um “ser sócio-histórico, ou seja, ele se
desenvolveu através de ferramentas inventadas e de uma linguagem articulada a fim de transmitir a utilidade
dessas para os seus pares” (BOCK et al., 2007, p.52).
A maneira como o homem operacionaliza suas trocas com o meio é um exemplo disso. Nos primórdios da vida
em sociedade, a relação do homem com o meio se pautava na e a ação sobre a natureza retirada dos
. Aos poucos, ele começou a trocar também com outros homens, eelementos necessários para a sobrevivência
não mais apenas com a natureza. As relações com o meio começam a ser mediadas por outros elementos
(abstratos), com efeito decisivo nas trocas entre os homens. Surge aí uma mediação mais elaborada, a moeda, a
troca.
Na prática, isso significa que as relações humanas se dão por meio da mediação de grupos sociais aos quais o
homem está inserido, como forma de garantir a sua sobrevivência e mobilizar o indivíduo a aprender diversas
formas de existir (fala, língua, comportamentos, pensamentos, subjetividade, emoções, etc.)
Para os psicólogos soviéticos citados acima, o psiquismo humano se desenvolve no processo de interação social
, que, por sua vez, precisa ser compreendido em sua demarcação histórica e social. Enquanto indivíduos, as
pessoas são, a cada instante, estimuladas a perceber, a sentir e a agir de uma determinada maneira e isso pode
variar sob diversos aspectos, diversas formas e sob diversos fatores. Logo, aquilo que somos e o que nos
determina, enquanto seres humanos, não se alicerça apenas pela condição fisiológica (objetiva), mas também
pelo processo constante de metamorfose.
Para a psicologia sócio-histórica há um psiquismo em processo constante de produção, “um processo constituído
na vida concreta, por meio das ações, vivências, experiências do indivíduo e por meio de suas relações” (BOCK et
., 2007, p.52). Não se trata, no entanto, de um processo natural que ocorre sempre do mesmo jeito e da mesmaal
forma. Se as condições que circunscreviam o homem em cada momento histórico forem revisitadas, seria
possível perceber que as circunstâncias de cada momento eram diferentes entre si. É o chamado processo
, algo que se revela dinâmico e em constante mudança, num movimento que totaliza econtraditório
particulariza o indivíduo. Essas situações estão inseridas e são produzidas em um determinado universo social
que normatiza as experiências sociais e humanas. Logo, o ser humano é um ser , mas também ,humano social
mas também , mas também , mas também , mas também , mas também histórico econômico emotivo reflexivo
, mas também .físico em movimento
Como aponta Bock . (2007), a psicologia sócio-histórica não pretende ser uma psicologia que apenas revela eet al
discorre sobre o que e o que o ser humano. Ela pretende ser uma psicologia enquanto ciênciaé não é
- -6
Assista aí
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que contribua com a transformação da sociedade. A compreensão dos aspectos psicológicos como
constituídos em uma dialética subjetividade-objetividade traz a possibilidade de superar explicações
que apenas justapõem indivíduo e sociedade e permite que, ao se falar do sujeito, fale-se,
necessariamente, da realidade social da qual participa. E compreender que ambos, sujeito e
sociedade estão em um movimento que tem por base as contradições do processo histórico, significa
poder apontar as possibilidades de transformação (BOCK et al., 2007, p.52).
Assim, o modo investigativo se espraia, não na busca por revelar (descobrir algo coberto) mas, sim, por
transformar, o que faz sentido pois se trata de um movimento que pensa sua própria existência, suas
contradições, seus anseios, seus valores e seus significados que orbitam edinamizam interações objetivas-
subjetivas. Isso ocorre porque existe um e um que se definem, mutuamente,significado social sentido pessoal
determinando o quê, quem e como os seres humanos estão e são no meio em que vivem e que produzem.
Figura 2 - Relação dialética
Fonte: Arthimedes, Shutterstock, 2020.
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- -7
#PraCegoVer: A imagem mostra um grande e diversificado grupo de pessoas vistas de cima reunidas em forma
de figuras recortadas formando, no caso, o corpo de um ser humano.
E é aí que reside a condição contraditória, salientada por Bock . (2007, p. 52):et al
Ao mesmo tempo, considerar o indivíduo também como produtor de sentidos recoloca-o em posição
ativa, mesmo que de maneira contraditória. Na verdade, a investigação da articulação entre
significados sociais e sentidos pessoais possibilitada pela atividade, concretiza a investigação da
dialética subjetividade-objetividade.
Para os psicólogos sócio-históricos, é imprescindível a adoção da perspectiva de que a existência humana é uma
existência social, já que ela é mediada por um “processo de consciência fazendo clara referência ao lugar social
ocupado pelo indivíduo e às determinações históricas a que está sujeito” (BOCK, ., p.52). Isso significa dizeret al
que o ser humano é produto de um meio e que, ao mesmo tempo, também o produz. Assim, o ser humano não é
passivo em sua existência, como fruto de forças etéreas ou mesmo divinas. Elas até podem existir, mas passam
pelo crivo das pessoas, dos grupos e do coletivo que as classificam e as hierarquizam.
Fique de olho
Uma maneira interessante de se aprofundar nas raízes da psicologia sócio-histórica, e buscar
suas influências mais práticas é identificar certas premissas e preceitos que norteiam a
fundação da matéria. Ao realizar este exercício, é possível notar que grande parte de suas
orientações remontam à psicologia soviética do começo do século XX e, especialmente, a
autores como Lev Vygotsky, Alexis Leontiev e Alexander Luria.
- -8
2 Indivíduo, cultura e sociedade
Segundo Bock . (2007), discutir a questão dos valores e a inserção histórica do indivíduo no contexto em queet al
vive é trabalhar no intento de se compreender como unidades contraditórias (indivíduo e sociedade), se
interpelam e se produzem. Neste sentido, a psicologia sócio-histórica é uma vertente científica que não aceita o
, mas que se posiciona, pois ao reconhecer a historicidade dos fenômenos que estuda põe à prova,que constata
critica, criva e qualificao indivíduo, e vice-versa.
Isso significa que “o conhecimento e a intenção prática [de pesquisa] em relação ao objeto [de estudo] não se
separam” (BOCK, ., p.53), mas se produzem mutuamente. Assim, falar de indivíduo e sociedade não éet al
possível sem que se discuta como ambos se interpelam, se interferem e se produzem, ou seja, “sobre a maneira
como os indivíduos se implicam ou não com sua própria realidade [sociedade]” (BOCK, ., p.53).et al
A relação estabelecida entre o(s) indivíduo(s) e a sociedade é uma trama de difícil inteligibilidade. Bock .et al
(2007, p.53) indica que se faz necessário buscar compreender “como se formam os valores nos seres humanos,
como eles se dão e orientam o cotidiano das pessoas”. Assim, o trabalho da psicologia sócio-histórica é,
justamente, “esmiuçar como se dão os processos, não só na formação de valores, mas na ”mudança de valores
(BOCK, ., p.53). Os valores são compostos e produzidos, forjados e modificados por diversas histórias (aet al
familiar, a econômica, a política, a ambiental, a laboral, a educativa, a social, etc.). Esta “colcha de retalhos” social
não é fácil de compreender, sem se assumir uma postura crítica, reflexiva e que considere a historicidade em que
uma dada sociedade se encontre.
A vida em sociedade constitui-se, dinamicamente, num emaranhado de imaginários e fantasias, determinações,
contradições e relações de poder que produzem condições alienantes e demandam uma postura capaz de
analisar os meandros e os processos que delimitam as interações sociais entre os indivíduos que a constitui (a
sociedade). 
Mas como distinguir as contradições e alienações que se intermediam as interações humanas no contexto social?
Segundo Bock . (2007), há várias maneiras como:et al
• Perdados vínculos com o real
trata-se de situações alienantes que se tornam prejudiciais, uma vez que tira do indivíduo sua ligação
com o real, com seu cotidiano. 
• Desinteresse ou apatia
•
•
- -9
trata-se de uma situação em que os indivíduos assumem (de modo consciente, mas, em geral, quase
inconsciente) uma postura de indiferença quanto às questões do cotidiano social. Isso se reflete por meio
da negação da própria vida: emoções, sentimentos e afetos, por exemplo. Posturas assim são ruins
porque são uma forma de negar aquilo que define os indivíduos como seres humanos e tudo que se
produz: o social.
E é, justamente, por veredas como esta que a psicologia sócio-histórica tem se posto a trilhar.
Assim, a psicologia sócio-histórica baseia sua produção de conhecimento, , masnão em apenas descrever
também, na esteira de “poder interferir, atuar para que os homens sejam sujeitos, não sejam robôs” (BOCK et al,
2007, p.53). Isso se dá a partir das compreensões e dos entendimentos produzidos pela interrelação praticada
entre indivíduo e sociedade, uma vez que a historicidade inerente à vida em sociedade se procede a saber-se
mais sobre o modo constitutivo “dos fenômenos, ao apontar sua gênese contraditória permite apontar ações de
superação, permite usar o conhecimento de forma posicionada” (BOCK et al, 2007, p.53).
No entanto, a psicologia social (em especial a sócio-histórica) não encara este social apenas como resultado de
uma possível percepção social, nem tampouco de uma análise grupal que tem como referências o crivo dos
fenômenos individuais (LANE, 1987). Segundo a pesquisadora, é justamente na intersecção e no entroncamento
de indivíduos e sociedade que surge e se estabelece o - nada mais coerente do que a válvula motriz quesocial 
impulsiona as descobertas na psicologia-sócio-histórica mobilizar e, por conseguinte, alçar uma psicologia
imbuída em e as intercorrências do povo que a constitui enquanto sociedade.compreender as necessidades
Neste sentido, Bock . (2007, p. 55) afirma queet al
Fique de olho
Um fenômeno social bastante atual, e que representa esta posição de desinteresse à realidade
apresentada pela psicologia sócio-histórica, são os jovens que escolhem não sair de casa, os
Hikikomori. Inicialmente identificados no Japão, este fenômeno se estendeu de forma global.
Existem vários textos acadêmicos que abordam esta questão pelo lado de desinteresse da
realidade, como, por exemplo, os que foram escritos por Mariana Domingues-Castro e Albina
Torres (Hikikomori: revisão sobre um grave fenômeno de isolamento social), Edd Gent (Quem
são os hikikomori, os jovens japoneses que vivem sem sair de seus quartos) e José Paulo Mota
(Influência de fatores socioculturais e da dimensão independência-interdependência no foco
da ansiedade social).
- -10
um elemento caracterizador desse social [demanda] situar cada evento, cada pessoa, cada iniciativa
em seu contexto social. O social não seria simplesmente um acréscimo ao que a Psicologia já sabia
fazer. Tampouco significava uma defenestração do que fora produzido até então. Ele teria que ser
uma fonte de renovação dessa Psicologia, sua capacitação para enfrentar os desafios que a sociedade
lhe propunha e produzir respostas às questões que realidade lhe impunha.
Deste modo, toda a atividade humana é uma atividade social – e não somente aquela que ocorre no âmbito
individual. Isso porque tudo o que o homem faz, ou deixa de fazer, é algo que precisa de algum exercício de
, que o colocará emum dado momento social e histórico. É daí que surgem expressões como contextualização
Toda a psicologia é social.
Para os psicólogos sócio-históricos, tudo que caracteriza o homem enquanto ser humano advém de algo
necessariamente social, até a seleção natural pela qual suas emoções tenham sido crivadas. Isso é fruto de uma
atividade social que vem desde o homem das cavernas. É sob esta lógica que as pessoas ficam felizes ou tristes,
sentem nojo ou vivenciam momentos de ira e amor, pelo simples fato de que a ação do contexto os tenha,
inexoravelmente, selecionado. Assim, ao mesmo tempo que o homem é resultado deste social, este mesmo social
habilita-o “para atuar e transformar sua realidade” (BOCK, ., p.55).et al
- -11
3 O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade
A pós-modernidade se refere a um dado momento sócio-histórico que delimita e produz uma série de práticas
sociais e as mais variadas situações e possibilidades. Trata-se, portanto, de um conjunto de mudanças
importantes nos campos econômico, político, social, cultural e outros que interferem na existência humana e que
são oriundas do estabelecimento de processos desencadeados e resultantes de novas formas de se vivenciar o
tempo e o espaço social.
Sociólogos como Anthony Giddens (1991) e Zygmunt Bauman (1998) consideram novas maneiras de existir
advindas destas mudanças. Para eles, as relações sociais e as práticas culturais pós-modernas não somente
orientam a existência humana, mas também se apresentam como estratégias que revolucionam as lides sociais
que dinamizam a sociedade contemporânea.
Enquanto momento histórico, o denominado pós-moderno pode ser definido como uma
fase histórica do capitalismo tardio e seu “reflexo” no pensamento - também é representado como
deterioração: deterioro de possibilidades críticas e contestatórias, triunfo final de uma sociedade
capitalista, sem mais capacidade de manter uma oposição política e cultural autêntica (ADELMAN,
2009, p.187).
Harvey (apud OLIVEIRA, 1993) afirma que a pós-modernidade se caracteriza por uma condição de 
. Desta feita, há a uma consequente perda de profundidade, uma espetacularização da vida e,instantaneidade
uma valorização midiática da vida em que
passado não existe como raiz, o futuro inexiste enquanto perspectiva e o presente é uma forma
vivida e material e o aqui e agora toma a consciência forjada. O desenvolvimento das
Fique de olho
A letra da música O silêncio, cantada na voz de Arnaldo Antunes, mostra como os diferentes
modos de ver o mundo produzem diferentes formas de existir e estas formas de existir
produzem modos de ver o mundo, numa relação polifórmica, numa constante interlocução
entremeada de existir.
- -12
telecomunicações possibilitou o surgimento de uma mídia capaz de superar todas as barreiras
espaciais para enfatizar o território da vida (HARVEY, apud OLIVEIRA, 1993, 155).
Em função de sua condição cotidiana, não se pode pensar em apenas um movimento artístico, mas também em
uma , uma vez que a vida humana e social é remodelada. Harvey (apudmudança cultural, política e social
OLIVEIRA, 1993) destaca que esta visão concebe os tempos atuais como tempos de fragmentação da vida: se,
antes, ela era devidamente compartimentalizada (organizada), na pós-modernidade há uma emergência de
pulverização da vida em sociedade que está recheada de mudanças das mais variadas ordens (tecnológicas,
urbanas, econômicas, políticas e sociais) (LAZZARATO, 2016). Fica-se mais velho, fica-se mais dinâmico, mais
ágil, porém mais volátil, intenso, e vazio, mais tenso, mais oscilante, mais fragmentado.
Mas de onde vem esta transformação toda? O que provoca uma mudança tão intensa, tão profunda e tão radical?
Quais forças sociais podem dotar a pós-modernidade de tal condição? Com esta perspectiva de Harvey (apud
OLIVEIRA, 1993), ao se analisar tais forças sociais é possível identificar aquelas que estão no cerne da produção
social como sendo aquelas que mobilizam mudanças de valores e implicam mudanças nas políticas de
.existência
Há, portanto, mais do que uma demarcação objetiva: até aqui foi moderno e, daqui em diante, passa a ser pós-
moderno. Segundo Harvey (apud OLIVEIRA, 1993), um caráter transitório nesta mudança. As implicações
políticas e culturais que delimitam esta mudança de regime estão associadas à uma “baixa qualidade de vida
decorrente de um consumo de massa padronizado, o fracasso de políticas que prometiam desenvolvimento, mas
na verdade promoviam a destruição de culturas locais” (HARVEY, apud OLIVEIRA, 1993, p.157).
Neste sentido, é possível inferir que as maneiras que determinavam a que aexistência social e humana
Modernidade operacionalizou não davam mais conta de produzir os modos de existir suficientemente,
satisfatórios. Isso significa que os fatores que produziam um dado modo de existir, tem implicações e
representam uma maneira ‘nova’ do capitalismo se organizar (reorganizar) através da dispersão e
da mobilidade geográfica e dar respostas flexíveis às relações com a força de trabalho, ao mercado
consumidor e às inovações tecnológicas e institucionais (HARVEY, apud OLIVEIRA, 1993, p.158).
As condições que caracterizam esta mudança, segundo Han (2015), referem-se à emergência de novos valores
que delimitam e caracterizam a sociedade contemporânea. Neste sentido, em contraposição aos valores
(caracterizadamente sólidos) da modernidade, Harvey (apud OLIVEIRA, 1993) identifica a emergência dos
seguintes valores como demarcações da existência humana neste social na pós-modernidade:
Novidade;
- -13
Fugacidade;
Efemeridade;
Individualismo.
A vida moderna não era orientada por tais valores. No lugar disso, a organização moderna da vida não continha
incertezas e oscilações e, por isso, passava uma sensação de ser mais “segura”, mais “certa” (LATOUR, 1991). A
indústria (por conseguinte, o trabalho), a escola, a igreja, a loja de departamentos, o cinema, o shopping center (a
vida social) e todas as interações sociais provenientes deles demarcavam os valores que cindiam cada
comportamento, cada pensamento e cada papel a ser vivenciado (na família, no trabalho, no hospital, no quartel).
O filósofo Michel Foucault denomina este tempo como como forma de delimitar as açõessociedade disciplinar 
e os modos de existir. O homem moderno, portanto, é um homem disciplinado, controlado bem definido, 
.disciplinadamente
A subjetividade moderna é uma subjetividade bem delimitada de comportamentos, de pensamentos, de
sentimentos de emoções disciplinadas, bem treinadas, que se divide, nos espaços que ocupa, de tal modo que há
uma natureza subjetiva, humana, individualizada. Assim, se o homem moderno é um homem portador de uma
subjetividade bem definida, bem delimitada, cindida em sua individualidade, que tipo de subjetividade é
produzida na pós-modernidade? Quem é o homem pós-moderno?
Neste sentido, a subjetividade advinda desta dinâmica pós-modernista é uma subjetividade que precisa ser
compreendida como o resultado de . Um vortéx que arrasta e coloca o indivíduo numuma relação de forças
dado campo social. Tanto desejo, como necessidade, indivíduo e, por conseguinte, sua subjetividade, são
produtos, construídos de uma sociedade.
Para muitos pensadores desta perspectiva pós-moderna, em especial aqueles que demarcam seu pensamento
nas teorias críticas, a subjetividade seria,
essencialmente fabricada, modelada, recebida e consumida que, por sua vez, ultrapassa os níveis de
produção e do consumo e atinge o próprio inconsciente dos indivíduos. Isto quer dizer que, tudo
aquilo que acontece quando sonhamos, fantasiamos ou nos apaixonamos, são afetos produzidos,
socialmente, pelo capitalismo moderno e estão diretamente relacionados com o modo dos indivíduos
perceberem o mundo, de se ‘modelizarem’ os comportamentos e de se articularem as suas relações
sociais” (CZERMAK & DA SILVA, apud ROSO, 2013, p.131).
- -14
A subjetividade pós-moderna é, assim, uma fragmentação em constante produção.Um ser e estar aqui e ali,
instantâneo. Pensamentos, comportamentos, sentimentos e emoções que conflituam e se sobrepõem a todo
momento. Para Silva (2013), o modelo pós-moderno de produção da subjetividade se caracteriza:
pelo modo como são organizados os pensamentos, os sentimentos, os comportamentos e as formas de se
relacionar, sob a égide do consumo;
pelos equipamentos sociais que se diferenciam dos modernos por meio dos modos, meios, velocidades de fluxo e
“se inscrevem [no] processo de constituição do mundo, em todas as suas dimensões – da planetária à da
subjetividade.
A subjetividade pós-moderna, portanto, é:
Uma subjetividade de dispositivos digitais, de poder, de saber, que circunscreve e produzem um homem
fragmentado, individualista: um resíduo da produção capitalista, neoliberal e focado na visibilidade que suas
ações produzem e refém de uma lógica que o esvazia, mas não o preenche, novamente, e;
Fruto de um modelo que opera por meio do “descentramento das redes de poder, que tornam as relações de força
difusas e legitimam certos discursos e práticas à custa da invalidação de” (SILVA, 2013, p.152) outros sujeitos.
- -15
4 A pesquisa na psicologia sócio-histórica
Se até os anos 1970, a psicologia se desenvolvera quase sempre sem atentar para as necessidades, virtudes e
problemas vividos pela maioria da população brasileira, a partir de então, a pesquisa promovida e produzida sob
a lógica da psicologia social começa a abarcar e dar atenção aos aspectos econômicos, históricos e sociais dos
locais onde as pessoas vivem (BOCK ., 2007). E é nesta seara que as pesquisas em psicologia sócio-históricaet al
emergem.
Diferentemente das práticas de pesquisa das ciências exatas, em que o objeto de estudo é um ente mudo
(FREITAS, 2002), a psicologia sócio-histórica precisa intercambiar com seu objeto de estudo para entendê-lo e
significá-lo. O objeto de estudo das práticas de pesquisa nesta área
não pode ser estudado como um fenômeno da natureza, como coisa. A ação física do homem precisa
ser compreendida como um ato, porém, este ato não pode ser compreendido fora de sua expressão
‘sígnica’, que é por nós recriada (FREITAS, 2002, p.24).
Como aponta Freitas (2002), este posicionamento metodológico vem ao encontro das premissas teóricas que
preconizam os cânones da psicologia sócio-histórica que se valem de uma postura dialética acerca da 
. Neste sentido, só é possível perceber, de fato, um conhecimentocompreensão dos fenômenos humanos
científico, social ou humano, tendo como a contextualização social dos processosprocedimentus operandi
interativos, que oportunizam a vida.
Ou seja, o desenvolvimento científico é resultado de práticas de pesquisa enquanto relação entre sujeitos,
promovida pela mediação de um sobre um outro e vice e versa. A pesquisa, neste sentido, se distancia das
Fique de olho
Existem diversos grupos de pesquisas e práticas investigativas em psicologia sócio-histórica
em andamento no Brasil. No site da International Society for Cultural-historical Activity
 é possível encontrar um mapeamento recente de 36 grupos. Se cruzarmos esteResearch
número com os grupos listados pela Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), há
pelo menos uns 30 grupos de pesquisa que se dedicam, de maneira aprofundada, sobre temas
relacionados à pesquisa em psicologia sócio-histórica. Ou seja, eles não assumem apenas uma
postura contemplativa junto a este objeto de estudo, mas, sim, criam e estruturam suas
metodologias de pesquisa de modo a produzir as suas próprias práticas.
- -16
práticas tradicionais de isenção e neutralidade, modelo que deixa de ser suficiente. Ela deixa de ser empreendida
de modo a a realidade estudada e seu objeto não mais remonta a realidade, mas passa a entender aautopsiar
dinâmica que a constitui. O pesquisador, sob esta perspectiva, provoca alterações, empreende intervenções,
promove mudanças e constrói transformações em âmbito social.
É interessante notar que, se os problemas de ordem social da vida humana se espraiam em áreas como educação,
saúde, segurança, trabalho, política, economia, justiça, direitos humanos, violência, criminalidade, moradia,
urbanização, tecnologia, artes, mídias, etc, não fica difícil de pensar que há uma envergadura bastante grande de
possibilidades de desenvolvimento de pesquisas em psicologia sócio-histórica.
Assista aí
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/8e8b0abce40b060892b94abe192e26be
é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• demonstrar a psicologia na contemporaneidade e seus desafios;
• apresentar e analisar a legislação e a regulamentação da profissão no Brasil;
• introduzir as questões relativas à Psicologia, sua constituição enquanto conhecimento e prática 
profissional;
• apresentar as principais pesquisas na área da psicologia e as diversas áreas de atuação profissional;
• debater a formação e prática profissional da Psicologia na atualidade.
Referências
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SILVA, N. Subjetividade. In: STREY, M.N. et al. : livro-texto. Petrópolis: Vozes,Psicologia social contemporânea
2013.
	Olá!
	1 A psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia
	Assista aí
	Assista aí
	2 Indivíduo, cultura e sociedade
	Perdados vínculos com o real
	Desinteresse ou apatia
	3 O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade
	4 A pesquisa na psicologia sócio-históricaAssista aí
	é isso Aí!
	Referências

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