n. 89 de 11 de Ou- tubro, communieáudo que o juiz de direito da comarca de Porto Seguro recusara a attrlbuição, que fflra-Jhe conferida pela assembléa legislativa da província, de pre- sidir o conselho municipal da instrucçSo publica no mu- nicípio em que se achar. E b mesmo augusto senhor houve por bem. mandar declarar a V. Ex. que questão idêntica foi já resolvida pela imperial resolução de 11 de Outubro de 1862, tomada sobre consulta da secção de justiça do conselho de Estado, cuja cópia remetto a V. Ex., a quem Deos (juarde. — Francisco de Paula de Negreiros Sayão Lobato.—St. presidente da província da Bahia.» « Senhor. — Mandou Vossa Magestade Imperial, por Aviso de 15 do corrente, que a secção de justiça do conselho de Estado consulte com sen pa tecer, sobre a matéria do seguinte officio do presidente da província r do Piauby: M Mm. e Exm. Sr. — Creando a resolução provincial n. 685 de 12 de Setembro de 1859, no ar'. 116, com- inissões de instrucçSo publica nas cidades desta provinda, com excepção da capital, deu a presidência delias aos 154 respectivos juizes de direito. Porém como' o actual da comarca da Parnahyba, bacharel Joaquim de Paula Pessoa de Lacerda, persiste em não aceitar essa attribuição con- ferida pelo poder legislativo provincial, que averba de incompetente, segando .verá V. Ex. do oflicio por copia junto dirigido ao respectivo director geral da instrocçSO publica, consulto a V. Ex. que se digne deClarar-mc o que em tal caso convirá fazer-se, se por ventura enten- der que o Aviso de 30 de Janeiro de 1857 não resolveu cabalmente a respeito. « Deos guarde a V. Ex. — Mm. e Exm. Sr, conselheiro Francisco de Paula de Negreiros Sayão Lobato, ministro e secretario de Estado dos negócios da justiça. — O presi- dente, António de Brilo Souto. Gdyoso. » « Sobre esta questão interpôz o director da respectiva secção da secretaria a seguinte opinião: « Parece-me que com fundamento recusou o juiz de direito da comarca da Parnahyba o lugar de presidente da commissão de insirucção publica da mesma comarca, emprego creado em virtude da lei provincial n. Zi85 de 12 de Setembro de 1859, não só pelo principio consignado nn Aviso de 30 de Janeiro de 18">7, de que as assem- bléas provinciaes não podem augmentar ou diminuir as attribuiçôes dos juizes de direito, facto que neste caso se dá, por isso que o emprego de presidente da dita commissão é privativamente preenchido pelo juiz de di- reito de rada comarca, como pelas seguintes razões: « 1.» Porque é incompatível o exercício simultâneo de ambos os empregos, visto que o juiz de direito por força de seu cargo tem de percorrer os termos de sua comarca em correição e por causa do jury. «2.* Porque, sendo o juiz de direito obrigado a servir, sob pena de desobediência, o lugar de presidente da dita commissão, ficará multas vezes exposto a perder sua antiguidade, para não faltar ao exercício do novo em- prego, ou preferindo o exercício do seu cargo, incorrer nas penas da lei pelas faltas que der como presidente. « V Porque, não compelindo ás assembléas provinciaes legislar sobre a organização judiciaria ^£jabj£priv(legios, 165 dos empregados públicos, essa accumulação de encargos que impõem ao juiz de direito daria em resultado, OH ser o juiz de direito, nos delictos que commettesse como presidente da commissão, processado em tribunal inferior á sua hierarchia (o que repugna), ou processado pelo respectivo tribunal da Relação, não tendo o seu novo emprego privilegio algum, como não têm nenhum dos creados pelas assembléas provinciaes, o que também re- pugna, pois destruiria o principio firmado pelo Aviso de 30 de Janeiro de 1867. « h." Porque, se os empregos de instrucção publica são incompatíveis com o exercício dos lugares de juiz municipal (Av. n. 69 de 7 de Outubro de 1843), razão de mais deve assistir em favor do juiz de direito, que não tem assento permanente em cada um dos termos da comarca. « 5." Porque as mesmas razões que se dão para que o juiz municipal não possa servir emprego alheio á ma- gistratura (Av. n. 11x5 de 29 de Maio de 1849), militão com maior força em prol do juiz de direito, que não pode contar antiguidade, exercendo emprego alheio á sua profissão. « 6.* Porque, se o juiz de direito não pôde accumular o emprego de vereador (Aviso do 1" de Junho de 1837) por força dos arts. 318 e 319 do Código do Processo e art. 3" da Disposição Provisória, também não poderia accumular as funcções de presidente da commisrão de instrucção, por virtude das mesmas razões. « 7.» Finalmente, porque, sendo este magistrado o juiz dos empregados não privilegiados na sua comarca, não deve por interesse da justiça occupar emprego inferior á sua posição hierarehica, como esse que lhe impõe a lei provincial do Piauhy, que não tem foro privilegiado. «Em 27 de Dezembro de 1861—O director, Cândido Mendes de Almeida. Ouvido o conselheiro consultor opinou do seguinte modo: • Os juizes de direito são empregados geraei, e como taes independentes das assembléas provinciaes, que não podem conferir-lhes attribnições de qualidade alguma. 156 segando declarou o Aviso de 30 de Janeiro de 1847. A essa razão capital junião-se todas as que expendeu o Sr. Dr. director da secção e algumas outras que ainda se podião adduzir, e que omitto por escusadas. O procedi- mento do Dr. juiz de direito da comarca da Parnahyba foi, pois, louvável e conforme á dignidade do magistrado. Quanto ao meio de solver a dificuldade por parte do poder executivo (emquanto o poder legislativo geral não revogar a lei piauhyense) me parece fácil. Basta que o governo declare por circular aos juizes de direito que elles não podem aceitar o emprego provincial de presi- dente das commissões de instrucção publica. — Rio, 1* de Janeiro de 1862. — J. M. de Alencar..» • A secção entende que os empregados geraes não são obrigados, sem o preceito de uma lei geral ou do go- verno geral, a aceitar as incumbências que por ventura lhes facão as leis provinciaes, e que podem ser incom- patíveis com o serviço gerai, ou absorver o tempo que a este devem destinar. « A Lei de 3 de Outubro de 1834 no art. 5°, § 7° con- ferio aos presidentes de província a attribuição de com- metter a empregados geraes negócios provinciaes e vlce- versa. « Esse commettimento pôde ter lugar em um ou outro caso, em que não haja inconvenientes e é sempre revo- gável pelo governo geral. Os empregados geraes estão debaixo da acção do governo gera), e dos seus delega- dos nas províncias, os presidentes. Porém, nem o Acto Addicional, nem outra alguma lei collocou os empregados, creados por leis geraes para fins geraes, debaixo da acção das assembléas provinciaes. Seria isso uma fonte de con- fusão e desordem. ■ A um empregado geral, muito sobrecarregado de ser- viço geral, sobrecarrega rião leis provinciaes de serviço provincial, de modo que não poderia satisfazer um e outro, se fosse obrigado a acceitar o provincial, como poderia ser responsável? u A secção entende portanto que o juiz de direito 157 5.* Presidir á revisão e ao sorteio dos jurados (97). I 6.° Instruir os jurados dando-lhes ex- plicações sobre os pontos de direito rela- tivos ao processo e sobre as suas obrigações, sem que manifestem ou deixem entrever sua opinião sobre a prova. I 7.° Regular a policia das sessões, chamando á ordem os que delia se desviarem, impondo silencio áos espectadores, fazendo procedeu regularmente, recusando aceitar um cargo intei- ramente alheio ao seu oflicio de magistrado, c que a assembléa provincial lhe não podia impor, Vossa Mages- tade Imperial, porém, resolverá o mais acertado. (i Sala das conferencias da secção de justiça do conselho de Estado, em Io de Outubro de 1863. — Visconde do