Art. 387. O juiz municipal, recebendo a denuncia, se a não achar em conformidade dos ditos artigos, a mandará emendar, tendo o maior escrúpulo em exigir a bem clara e circuinstanciada exposição do facto criminoso, isto é, como, quando, e sobre que géneros e mercadorias se com-metteu o contrabando, e bem assim a (213) Vide o § 6o cm a nota 91 e o § t" em a nota 105. Aos inspectores das alfandegas e administradores de mesas do consulado, e ao da recebedoria da corte com- pete conhecer doa contrabandos apprehendidos em fla- grante, não só para julgar a procedência da apprehensao e ordenar os mais termos do processo até a final execu- ção, na conformidade do Cap. 17 do Regulamento de 22 de Junho de 1886, mas também para a imposição da moita decretada pelo art. 177 do Código Criminal.—Cir- cular de 3 de Outubro de 1844, n. 89, art. 1*. Quando as suas decisões tiverem passado em julgado, esgotados todos o» recursos legaes, o» ditos inspectores e administradores, por oflicios seus, com as certidões da decisão e do valor do contrabando, porão os réos á dis- posição dos juizes municipaes, para, em execução da dita decisão, fazerem eflecliva a liquidação e arrecadação da multa, nos termos dos arts. 423 e seguintes, do Regula- mento de 31 de Janeiro de 1842.—Idem, art. 2*. 304 declaração (pelo menos approximada, e quando fôr possivel) do sen valor, o qual será regulado pelas pautas das alfandegas e consulados. Art. 388. Tomada e autuada a denun- cia, o juiz municipal mandará citar o de- nunciado para a sua primeira audiência, que nunca será a do mesmo dia da ci- tação. Art. 389. Comparecendo o denunciado, o juiz municipal, com citação do promo- tor publico ou do dentínciante, lhe fará os interrogatórios necessários, na confor- midade dos arts. 98 e 99 do Código do Processo Criminal: e quando o mesmo denunciado, respondendo aos interrogató- rios, declarar que tem a allegar defesa e produzir provas, o juiz municipal lhe assignará para isso o prazo de cinco dias, que, por motivo justificado, poderá pro- rogar por outros cinco. Art. 390. No prazo assignado, e que 305 somente correrá depois que o respectivo escrivão tiver dado ao denunciado o traslado da denuncia e dos documentos com que houver sido instruída, apresentará este a sua defesa por escripto, assig-nada por advogado, declarando nesse mesmo acto as testemunhas que tem de produzir, e que não poderão ser substituídas por ■outras. Ârt. 391. A nomeação das testemunhas, tanto do denunciante como do denunciado, será feita de maneira que bem as faça conhecer, para evitar qualquer fraude, de- clarando-se os seus nomes, estado, pro- fissão, domicilio ou residência. Art. 392. Apresentada a defesa do de- nunciado, o juiz, em audiência, fará as. signar uma dilação de dez dias improro- gaveis para a inquirição das testemunhas de ambas as partes; e, finda essa dilação, com as provas, ou sem ellas, se farão os autos conclusos para serem definitivamente c. r. n 20 306 julgados, com a absolvição ou condem— nação do réo. Art. 393. Se o denunciado não tiver comparecido na audiência para que fora citado, ou se, tendo comparecido, renun- ciar á defesa, o processo seguirá á revelia, e o juiz, inquirindo as testemunhas do denunciante, decidirá definitivamente condemnando ou absolvendo o réo (214). Art. 394. Independentemente de de- nuncia, deverá o juiz municipal, ex-officio, conhecer do crime de' contrabando, cuja existência por qualquer maneira lhe vier á noticia. Art. 395. Neste caso, ao processo de. terminado no art. 388 e seguintes pre- cederá um auto em que o juiz municipal fará declarar a notícia que teve da exis- tência do delicto, com as circumstancias (916) As maltas do art 177 do Cod. Crlm., no UM» de contrabando apprebendtdo em flagrante, fazem parte das rendas do Estado, conforme o art. 17, f 1* da Lei de 9 de Dezembro de 1841 e das InstruccOes de 3 de Ou- tubro de 1844. — Pror. de 22 de Janeiro de 1857. 307 exigidas no art. 387; e inquirirá sobre elle até três testemunhas que verifiquem essa existência, sem o que não proseguirá. CAPITULO xm. Do procciío de responsabilidade dos empregados alo privilegiados. Art. 396. O juiz de direito conhecerá dos crimes de responsabilidade dos empregados públicos não privilegiados por meio de queixa ou denuncia do promotor publico (215), de qualquer cidadão, ou de estrangeiro em causa própria, e bem assim ex-offiçio, nos termos do art. 157 do Código do Processo Criminal, e quando (215) As autoridades judiciarias, sempre que reconhe- cerem casos de responsabilidade, formai áõ culpa a quem a tiver, sendo de sua competência; e não sendo, remet- teráõ ao promotor publico OH seu adjunto as provas que sirvão para fundamentar a denuncia, participando esta remessa á autoridade a quem competir a formação da culpa. Se, porém, o promotor ou seu adjunto não officiar nos prazos dos §§ 1*, 2* e 3°, applicar-se-ha a disposi- ção do 8 S°- Art. 15, § T da Lei n. 2033 de 20 de Se- tembro de 1871. Vide nota 96 ao Cod. do Proc. 308 lhe fôr ordenado por autoridade superior (216). Art. 397. A queixa ou denuncia somente será admittida, sendo apresentada com as formalidades especificadas no art. 152 do Código do Processo Criminal. Art. 398. Logo que se apresentar uma (216) Os juizes de direito são obrigados a tomar co- nhecimento dos crimes de responsabilidade de empregado públicos não privilegiados, ainda que não recebão ordem do governo para isso, nem tenhão denuncia de taes cri- mes, bastando, para cumprimento do seu dever, que qual- quer autoridade lhes remeitn documentos que provem a existência dos factos qualificados criminosos.—Av. de 3 de Junho de 1850. O Ood. do Proc. Crim. e o Begul. de 31 de Janeiro de 1842, quando tratáo dos crimes de responsabilidade dos empregados públicos e forma do respectivo processo, nada dispondo quanto á questão—se em um mesmo pro- cesso podem ser comprenendidos diversos foncdonarios pú- blicos quando forem co-réos,—em contrario ao que se acha estabelecido acerca dos processos por crimes communs, é claro que se deve seguir a regra que se observa para estes processos e crimes, convindo portanto que em um mesmo processo de responsabilidade sejão comprenendidos os funccionarios públicos, que, como autores ou compli- ces, tiverem parte no crime, que dér lugar ao mesmo processo. —Av. de 5 de Junho de 1862. Os Avs. de 11 de Julho de 1842, 5 de Março de 1849, n. 244 de 4 de Junho de 1862 e o de 23 de Junho de 1866, todos estabelecem que a suspensão por acto administra- tivo subsiste em quanto não houver sentença passada em julgado. 309 queixa ou denuncia legal e regularmente fonnalisada, o juiz de direito a mandará autuar, e ordenará por seu despacho que o denunciado seja ouvido por escripto, salvo verificando-se algum dos casos em que o não deve ser, conforme o art. 160 do Código do Processo Criminal (217). Art. 399. Para esta audiência expedirá ordem ao mesmo denunciado, directamente ou por intermédio do juiz municipal respectivo, acompanhada da queixa ou denuncia, e documentos, com declaração dos nomes do açcusador e das testemunhas, afim de que responda no prazo impro-rogavel de quinze dias (218). Art. 400. Dada resposta do accusado, ou sem cila, nos casos de a não ter dado (217) Vide nota ao art. 160 do Código do Processo. (218) O prazo marcado no art. 399 do Reg. de 31 de Janeiro de 1842 não pode ser prorogado por ter o em- pregado de responder a mais de uma queixa ou denun- cia, devendo em taes casos contar-se o de quinze dias para responder a cada uma delias.—Av. de 23* de De- zembro de 1652. Vide nota ao art 152 do Cod. do Píoe. 310 em tempo, ou de não dever ser ouvido, j na forma