Instituto Ciências da Vida (ICV) Departamento de Farmácia Homeopatia (FCO022GV) Professor Dr. João Eustáquio Antunes Pesquisa em Homeopatia Ana Cristina Ribeiro Bernardo Letícia Guedes Morais Gonzaga de Souza Lucas Ferreira Escala Governador Valadares – Minas Gerais Novembro de 2020 1. INTRODUÇÃO A homeopatia figura como opção terapêutica há mais de dois séculos em países por todo o mundo, sendo baseada em quatro pilares básicos: a cura pela similitude, a administração de doses infinitesimais, a experimentação em indivíduos sadios e o medicamento único. Entretanto, por estar fundamentada em conceitos diferentes daqueles adotados pela racionalidade científica moderna, ainda é vista com preconceito. O emprego da homeopatia fundamenta-se na administração de substâncias que, no indivíduo sadio, apresentam sintomas semelhantes àqueles de indivíduos doentes. Assim, para se tornar um medicamento homeopático a substância deve ser obrigatoriamente submetida a protocolos específicos de experimentação em humanos, tendo seus efeitos patogenéticos descritos (TEIXEIRA, 2011). A partir de revisões da literatura e ensaios clínicos controlados randomizados publicados observa-se que os efeitos da homeopatia não são exclusivamente efeitos placebo, sendo identificados efeitos específicos, reforçando a plausibilidade da homeopatia diminuindo as dúvidas a respeito da eficácia e efetividade clínica da homeopatia. Embora os métodos e reprodutibilidade dos ensaios mais antigos sejam criticados por pesquisadores de outras áreas, as pesquisas atuais apresentam evolução nesse quesito, conseguindo ser facilmente reproduzidas e demonstrando resultados favoráveis à homeopatia (WAISSE, 2017). No Brasil a homeopatia foi introduzida oficialmente em 1840 pelo francês Benoit Mure e sua difusão nas classes populares ocorreu à margem dos órgãos oficiais de saúde, que tentavam bloquear a oficialização da prática por influência da elite socioeconômica que dominava o meio acadêmico. Na década de 1970 com a crise do modelo médico hegemônico a homeopatia ganhou destaque como alternativa terapêutica, porém até os tempos atuais poucos municípios brasileiros possuem consultas homeopáticas na rede do Sistema Único de Saúde. Nota-se que os usuários do SUS têm a percepção da homeopatia como algo natural com proximidade filosófica às práticas tradicionais populares e religiosas, e marginalizada com relação à medicina hegemônica (MONTEIRO, 2007). O princípio da similitude pode ser empregado com qualquer substância, natural ou sintética, sendo alternativa terapêutica ao princípio dos contrários empregado pela medicina convencional podendo ser empregado em diversas doenças. A depressão é uma das doenças em que mais se buscam alternativas terapêuticas, devido às falhas terapêuticas na alopatia associadas ao baixo índice terapêutico de alguns fármacos e principalmente do alto índice de recidivas da doença mesmo após o tratamento (CARDINALLI ADLER et al., 2007). 2. OBJETIVO Descrever a pesquisa homeopática acerca da depressão por meio da explanação de dois artigos científicos. 3. DESENVOLVIMENTO 3.1. PESQUISA HOMEOPÁTICA A homeopatia é um método terapêutico dependente de estudos, para apropriada individualização e cura do paciente. Neste sentido, a pesquisa homeopática é uma importante ferramenta para a prática baseada em evidências, uma vez que as intervenções em saúde devem ser avaliadas quanto à efetividade e segurança (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA). A pesquisa clínica homeopática deve atender critérios de qualidades, além daqueles impostos aos ensaios clínicos randomizados. Os critérios específicos para estudos homeopáticos estão contidos no Reporting Data on Homeophatic Treatments (RedHot) e incluem: (1) tipo de homeopatia, (2) descrição dos participantes, (3) descrição dos medicamentos utilizados, (4) descrição das consultas, (5) descrição dos clínicos, (6) descrição das cointervenções, (7) descrição da intervenção controle e (8) descrição dos eventos adversos e agravações (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA). Os estudos homeopáticos podem ser encontrados em bases de dados creditadas, como Medline, Lilacs e HomeoIndex, as quais contém mais de 10.556 documentos relacionados à homeopatia. Vários ensaios clínicos randomizados que valorizam o tratamento homeopático em comparação ao placebo têm sido publicados, como o de Mácias-Cortés et al. (2015). Revisões sistemáticas também têm sido produzidas, demonstrando resultados favoráveis em comparação ao placebo (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA). 3.2. PROTOCOLO PARA ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, DUPLO-SIMULADO, DUPLO-CEGO, CONTROLADO POR PLACEBO A depressão é uma condição que pode ser vivenciada em qualquer etapa da vida por diferentes indivíduos. Macías-Cortés, Aguilar-Faisal e Asbun-Bojalil (2013) abordam o tratamento homeopático e alopático para a depressão moderada a severa em mulheres em perimenopausa e pós-menopausa. Considerando o uso difundido da homeopatia no tratamento da depressão e a ausência de ensaios clínicos da sua eficácia no público anteriormente citado, o objetivo do trabalho é avaliar a eficácia e a segurança do tratamento homeopático individualizado versus placebo ou fluoxetina em mulheres na perimenopausa e pós-menopausa com depressao moderada a severa. Para o alcance do objetivo, os autores desenharam um estudo randomizado, controlado, duplo-cego e duplo-simulado para realização em um período igual a seis semanas. O local do estudo definido foi o serviço ambulatorial de homeopatia do Hospital Juárez de México e 189 mulheres foram incluídas. Foi acordado que a evolução da depressão seria avaliada por meio da Escala de Avaliação de Hamilton, Inventário de Depressão de Beck e Escala de Greene. Ainda, bem como taxas de resposta, remissão e segurança. À época, autores declararam que o estudo seria o primeiro ensaio da homeopatia clássica a avaliar eficácia do tratamento homeopático individualizado utilizando potências centesimais versus placebo ou fluoxetina em mulheres na perimenopausa e pós-menopausa com depressão. Além disso, foi afirmado que o estudo seria uma tentativa de lidar com obstáculos da pesquisa homeopática devido a necessidade de prescrições individuais. Em 2015, os mesmos autores publicaram os resultados obtidos. Após um tratamento de seis semanas, o grupo homeopático foi mais eficaz do que o placebo na Escala de Hamilton. além de ter taxa de resposta significativa. Ainda, o grupo homeopático obteve superioridade em relação ao placebo e fluoxetina na Escala Climatéria de Greene. Ante ao exposto, autores concluíram que o tratamento homeopático e a fluoxetina são antidepressivos seguros e eficazes para mulheres climatéricas, sendo que o tratamento homeopático melhora os sintomas da menopausa. 3.3. RELATO DE CASO O relato de caso apresentado por RUDGE DE OLIVEIRA (2019), aborda o tratamento homeopático em uma paciente idosa, com sintomatologia de depressão, em um consultório particular localizado no interior de São Paulo. As consultas foram realizadas